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Estagio - Fernando Bez - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais
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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES URI - CAMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR
FERNANDO CARLOS BEZ
JANSEM BALBINOT
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.
ERECHIM
2005
1
FERNANDO CARLOS BEZ
JANSEM BALBINOT
CÂMBIO – MECANISMOS AUXILIARES NA PREVENÇÃO DE OSCILAÇÕES
CAMBIAIS
COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.
Trabalho de Conclusão de Curso, realizado na empresa Comil – Carrocerias e Ônibus Ltda, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração - Comércio Exterior da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, sob a orientação do Prof. Msc. Adroaldo Lazzarotto.
ERECHIM
2005
2
AGRADECIMENTOS
Agradecemos, em primeiro lugar, a Deus por nos dar forças para superar todos
os desafios durante este período de estudos tão importante para nossa
formação acadêmica.
Também agradecemos aos nossos pais que sempre acreditaram e nos
apoiarem em nossos sonhos, mesmo os mais loucos, e nos ensinaram que é
possível realizá-los, além de nos mostrarem que trabalho duro, perseverança e
honestidade são as ferramentas ideais para atingirmos nossas metas.
Nossos agradecimentos e desculpas as namoradas pela compreensão do
tempo que ficamos longe preocupados com a realização deste trabalho.
Ao orientador, Prof. Msc. Adroaldo Lazzaroto, pela orientação, dedicação e
confiança necessária para a realização deste estudo.
À empresa Comil – Carrocerias e Ônibus, pela oportunidade e apoio para a
realização desta etapa do trabalho.
Aos Srs. João Carlos Martinewski da Corretora de Câmbio ONNIX e Ney César
Martini, do Banco Santander, por nos repassarem valiosas informações para a
realização deste.
Às demais pessoas, que de uma ou de outra maneira, apesar de não citadas
aqui, deram crédito e acreditaram em nosso trabalho. Nossos agradecimentos
a todos.
3
“É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco
de perder tudo, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que
não lutam, mas também não vencem; que não conhecem a dor da derrota, mas
não têm a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final
da jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-
se ante Ele por terem simplesmente passado pela Vida.”
Robert Nesta Marley
4
Lista de Figuras
Figura 1: Estrutura do Mercado Cambial...........................................................17
Figura 2: Gráfico de variação da taxa de câmbio de dezembro/2004 até
novembro/2005................................................................................................. 51
Figura 3: Gráfico da variação da Taxa PTAX nas datas de negociação...........52
5
Lista de Tabelas
Tabela 1: Relatório de venda de 514 ônibus da Comil para o Qatar.................49
Tabela 2: Especificação de datas e valores negociados de acordo com Tabela
...........................................................................................................................49
Tabela 3: Negociação com valores previstos pela empresa.............................76
Tabela 4: Simulação da operação realizada com Trava de Câmbio.................77
Tabela 5: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do ACC .................78
Tabela 6: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do pagamento.......78
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ......................................................................................................... 9
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ........................................................................ 11 1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 12 1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 12
1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 12 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 14
2.1 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................ 14 2.2 EXPORTAÇÃO ................................................................................................ 15 2.3 MERCADO DE CÂMBIO ................................................................................ 15
2.3.1 Quanto à origem e ao destino da moeda ...................................................... 18 2.3.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio ............................................................... 19 2.3.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações ............................................ 20 2.3.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira ....................................................... 22 2.3.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio ............................................. 23 2.3.6 Quanto aos mercados legais de câmbio ....................................................... 24 2.3.7 Instrumentos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais ...................... 25 2.3.8 Incentivos à Exportação - Mecanismos de Financiamento à Exportação ...... 31 2.3.8.1 Financiamentos na fase Pré - Embarque ................................................ 31 2.3.8.2 Financiamentos na fase Pós-Embarque .................................................. 33 2.3.8.3 Operações de desconto cambiais ........................................................... 34
2.4 CONTRATO DE CÂMBIO ............................................................................... 35 2.4.1 Tipos de Contrato de Câmbio ...................................................................... 36 2.4.2 Alteração do Contrato de Câmbio ............................................................... 36 2.4.3 Liquidação do Contrato de Câmbio ............................................................. 37 2.4.4 Contratos de Câmbio na Exportação ........................................................... 38 2.4.5 Recebimento Antecipado na exportação ...................................................... 39 2.4.6 Cancelamento de Contrato de Câmbio na exportação .................................. 40 2.4.7 Câmbio Simplificado na exportação ............................................................ 41 2.4.8 Modalidades de Pagamento na Exportação .................................................. 41 2.4.8.1 Pagamento Antecipado .......................................................................... 42 2.4.8.2 Remessa sem Saque .............................................................................. 42 2.4.8.3 Cobrança Documentária ........................................................................ 43 2.4.8.4 Carta de Crédito .................................................................................... 44
2.5 TAXA DE CÂMBIO ......................................................................................... 45 2.5.1 Taxa PTAX do BC ...................................................................................... 45 2.5.2 Spread ........................................................................................................ 45
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 47 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................. 47 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA ........................................................................ 47 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 47
4 ANÁLISE DE CASO DE EXPORTACÃO REALIZADA PELA COMIL .............. 48 5 ANÁLISE DOS MECANISMOS DE PROTEÇÃO E FINANCIAMENTO DISPONÍVEIS NO MERCADO ................................................................................. 54
5.1 COMO FUNCIONA O MERCADO DE CÂMBIO ........................................... 54 5.1.1 Histórico do mercado cambial ..................................................................... 54 5.1.2 Operações de câmbio .................................................................................. 55
7
5.1.3 Corretoras de Câmbio ................................................................................. 56 5.3 OPÇÕES DE HEDGE E DERIVATIVOS ......................................................... 57
5.3.1 Contratos Futuros........................................................................................ 57 5.3.1.1 Swaps cambiais ..................................................................................... 58 5.3.1.2 NDF ( Non-deliverable forward) ........................................................... 59 5.3.2 Contratos de opções .................................................................................... 61 5.3.2.1 Opção de Call (compra) e Put (venda) ................................................... 61
5.4 FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES ....................................................... 63 5.4.1 Adiantamento sobre contrato de câmbio – ACC .......................................... 66 5.2.2 BNDES Exim Pré-Embarque ...................................................................... 68 5.2.3 BNDES Exim Pré – Embarque Especial ...................................................... 69 5.2.4 BNDES Exim Pós-Embarque ...................................................................... 71 5.2.5 Adiantamento sobre cambiais entregues - ACE ........................................... 72 5.2.6 Proex – Programa de Financiamento às Exportações ................................... 73
6 ANÁLISE E PROPOSTA PARA OPERAÇÕES FUTURAS ................................... 75 6.1 SIMULAÇÕES DA NEGOCIAÇÃO REALIZADA ......................................... 76
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82 APÊNDICES .............................................................................................................. 84 ANEXOS .................................................................................................................. 107
8
INTRODUÇÃO
A busca incessante por riquezas vem transformando o mundo da economia
global. A cada dia que passa, observa-se economias adotando políticas que,
por muitas vezes, são contra seus próprios princípios, levando seu país a uma
completa estagnação financeira e o empobrecimento de seu povo.
Dentro desse contexto, o Brasil tende a manter sua estabilidade econômica
adquirida ao longo dos anos, com uma política econômica restritiva, na qual a
moeda estrangeira se mantém desvalorizada à algum tempo e as taxas de
juros são as maiores praticadas em todo mundo, onde estas diretrizes vem aos
poucos ditando as novas regras da chamada globalização no Brasil.
Diante desse cenário e com as constantes mudanças na economia
mundial, cada vez mais é de extrema importância para todas as empresas que
negociam seus produtos no mercado externo, estarem atentas às mudanças
que estes fatores causam no câmbio e as conseqüências que estas podem
causar à sua empresa. Na empresa Comil, esta situação não é diferente. Com
o elevado percentual de produtos vendidos para o mercado externo, as
variações sofridas pelo câmbio influenciam de maneira significativa os
resultados obtidos pela empresa.
Com esta situação apresentada, o grupo se propôs a analisar uma
negociação realizada e buscar mecanismos que auxiliem a empresa a prevenir-
se de possíveis oscilações cambiais que venham a ocorrer.
No decorrer do trabalho, num primeiro momento será analisada uma
negociação já realizada pela empresa Comil nos últimos tempos, para que
sirva de base para as análises que serão feitas posteriormente. Após estas
análises, o grupo buscou no mercado as opções de mecanismos que este
oferece para que a empresa possa se prevenir das possíveis oscilações que o
mercado cambial venha a oferecer. Após conhecer estes mecanismos,
analisou-se quais os benefícios que estes poderiam trazer para a empresa.
Com esta análise, o grupo busca oferecer a empresa quais as melhores
opções destes mecanismos para que a mesma possa utilizar.
9
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA
ORGANIZAÇÃO
O desenvolvimento econômico da ultima década, a alta tecnologia aplicada
nos meios de produção e a globalização, fazem com que cada vez mais as
empresas expandam seus mercados para além das fronteiras do próprio país.
No Brasil, as políticas governamentais de incentivo às exportações, atraem
os produtores a venderem para o mercado externo, em busca de melhores
resultados financeiros, conquista de novos mercados e também buscar novas
tecnologias para utilizar no seu processo de fabricação.
Com esse aumento das exportações, as formas de pagamento e o
fechamento do câmbio são de vital importância para o bom desempenho das
empresas. A globalização trouxe ao governo Brasileiro a perda da autonomia
sobre a sua moeda, onde que, com o modelo de câmbio flutuante, faz com o
governo não controle as oscilações sobre o seu câmbio.
Dentro desse mercado competitivo e globalizado está a Comil, empresa do
setor metalúrgico criada em 2 de janeiro de 1986, situada na cidade de
Erechim, norte do Rio Grande do Sul, e que conta atualmente com mais de
1800 funcionários. A empresa hoje tem uma participação no mercado brasileiro
em torno de 10% e exportou no último ano 800 unidades, entre as suas linhas
de ônibus. Essas exportações lhe trouxeram um montante de mais de R$
88.000.000,00, o que faz com que o fechamento do câmbio seja um dos
aspectos mais importantes em suas negociações, visto o total de vendas para
o exterior do último ano.
As condições macroeconômicas não têm beneficiado o mercado de ônibus
nos últimos meses. Além do dólar, cuja trajetória descendente de preço tem
diminuído o faturamento e afetado as margens das vendas externas e
exportações, os juros básicos internos próximos de 20% a.a. não favorecem o
crescimento da atividade econômica, inibindo o crescimento das vendas no
mercado brasileiro, pelo menor ritmo de renovação das frotas e necessidades
de expansões.
O reflexo direto destas condições adversas no mercado de carrocerias para
ônibus no Brasil tem sido uma retração acentuada das vendas internas, e um
direcionamento ainda maior para o exterior.
10
A atual taxa de câmbio no Brasil se encontra em patamar muito perigoso,
porque está extremamente sobrevalorizada. Neste sentido, a política de
combate à inflação, que tira vantagens do atual câmbio, acaba comprometendo
as futuras exportações e o saldo da balança comercial. Ora, as exportações
têm sido a alavanca do crescimento econômico atual. Assim, o combate à
inflação, via um câmbio sobrevalorizado, acaba comprometendo o potencial de
crescimento. Neste contexto, efetivamente, o lastro do crescimento Brasileiro,
assim como de outros países, tem sido o comércio externo. No entanto, outro
aspecto preocupa neste raciocínio. As importações não estão crescendo
significativamente, em relação ao tamanho da sobrevalorização da moeda. Isto
estaria significando menos investimentos por parte dos nossos industriais,
menos capacitação tecnológica e, portanto, potencialmente menos
possibilidade de crescimento futuro da economia e das próprias exportações.
Nestas condições, em nossa capacidade produtiva estando esgotada, o que é
o caso, o resultado final será uma estagnação econômica nos próximos anos.
Para evitá-la, seria necessário recuperar a taxa de câmbio, ou seja,
desvalorizar o real. Em isto não ocorrendo, 2006 poderá ser muito mais difícil
do que se imagina.
Neste contexto, um dos mecanismos para desvalorizar o real, além da
atuação do Banco Central Brasileiro na ponta compradora de dólares,
reforçando de quebra suas reservas internacionais, é a redução da taxa de
juros (SELIC). O governo brasileiro começou a fazer este movimento em
setembro. Porém, o mesmo depende de muitos fatores. Em primeiro lugar, o
comportamento da inflação interna. Qualquer movimento de retomada
inflacionária tende a frear o recuo dos juros, pois os mesmos servem de
inibidores ao investimento e, portanto, ao aquecimento da economia. Por outro
lado, temos os fatores externos. Dentre eles, os juros internacionais. Neste
momento preocupa a tendência de aumento dos juros nos EUA. Em o mesmo
continuando, a atração de capitais internacionais será maior por parte da
economia estadunidense, esvaziando parcialmente países como o Brasil. Não
podemos nos manter sem tais investimentos. Assim, o Brasil tenderá a
compensar a alta dos juros nos EUA com novas altas da taxa SELIC,
revertendo prematuramente o movimento de baixa agora iniciado. Nos últimos
anos, fomos muito mais auxiliados pela economia global do que propriamente
11
pela realidade local. Ou seja, houve uma forte oferta de recursos externos que
encontraram taxas de juros, junto aos países ricos, muito baixas (da ordem de
0,5% ao ano). Isto levou este capital a buscar os países emergentes,
particularmente aqueles com juros elevados, caso do Brasil. Ora, neste
momento, os juros mundiais começam a subir e a alavanca externa tende a
diminuir ou desaparecer. Paralelamente, apesar da estabilidade econômica,
ainda não conseguimos criar condições sustentáveis para uma economia
interna forte que possa substituir o apoio externo.
Outro fator que pode influenciar as oscilações cambiais é o momento
político vivido pelo país atualmente. Todo tempo se houve falar em
empeachment do Presidente, queda do Ministro da Fazenda, e outros
escândalos que podem sem dúvida alguma exercer influência sobre a taxa de
câmbio. Estes fatores políticos estão totalmente ligados à estabilidade
econômica do país, uma vez que, com a incerteza do cenário político e a
possibilidade de mudança nas pessoas que comandam a economia do Brasil
façam com que investidores retirem seus capitais do país, aumentando a taxa
de câmbio.
Com o atual cenário econômico e político que se desenha e as constantes
variações cambiais, cada vez mais é de vital importância para as empresas que
atuam no comércio exterior estarem atualizadas e serem profundas
conhecedoras de todos os mecanismos e suportes que possam lhe auxiliar nas
tomadas de decisões quando no momento de realizar qualquer negociação e
decidir sobre o fechamento do câmbio.
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
Diante desse cenário e conhecendo algumas negociações anteriores
realizadas pela empresa Comil Carrocerias e Ônibus Ltda., tem-se a seguinte
situação de pesquisa: Quais são os mecanismos que podem auxiliar a empresa
a tomar decisões, prevenindo-se de possíveis variações cambiais?
12
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Identificar os mecanismos para a prevenção de possíveis oscilações
cambiais e analisá-los de forma que possam ser utilizados pela empresa Comil
em negociações futuras.
1.3.2 Objetivos Específicos
• Analisar uma negociação com o fechamento de câmbio realizado
pela empresa;
• Identificar e descrever os principais mecanismos que o mercado
oferece para as empresas se prevenirem de oscilações cambiais;
• Analisar os mecanismos encontrados de acordo com a necessidade
da empresa;
• Apresentar à empresa opções de mecanismos que lhe dêem maior
segurança e retorno financeiro nas contratações de câmbio.
1.4 JUSTIFICATIVA
Dentro de um contexto geral, o referido estágio tem várias justificativas para
a sua realização. Para os alunos e estagiários que realizaram, o referido
estágio se justifica em primeiro lugar por ser requisito para a obtenção do
diploma de bacharel em Administração - Comércio Exterior. Em segundo lugar,
e não menos importante, ele se justifica por ter exigido dos estagiários,
empenho e muita pesquisa para a realização do estudo desejado e também por
servir de experiência mais prática de como funciona o mercado de câmbio,
preparando-os para o mercado que irá se apresentar após estarem formados.
O referido estágio justifica-se também por possibilitar à empresa onde o
mesmo foi realizado, um maior conhecimento sobre as diversas opções que o
mercado oferece no momento de realizar o fechamento do câmbio, opções
estas que ajudam a empresa a se prevenir de possíveis oscilações que
possam vir a ocorrer no mercado cambial, visto que a empresa exporta em
13
torno de 35% da sua produção e recebe estas vendas em moeda estrangeira
que precisa ser trocada ao ingressar no país.
Para todos os leitores que vierem a ler este estágio, o mesmo servirá de
aporte técnico sobre o mercado de câmbio, visto que o mesmo irá desenvolver
uma pesquisa e apresentar as diversas opções de mecanismos que o mercado
oferece para as empresas se prevenirem de possíveis oscilações cambiais.
À Universidade, este servirá de método de avaliação do aprendizado que
os estagiários obtiveram durante a realização do curso, e também como
material de pesquisa para outros trabalhos que venham à ser realizados nesta
área.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
Ao longo deste capítulo serão apresentadas teorias conceituais, na
visão de diversos autores, o que permitirá o melhor entendimento dos assuntos
que englobam a administração das organizações e regem o comércio
internacional.
A revisão da literatura permite entre outros propósitos levantar soluções alternativas para tratar de uma problemática. Permite, por exemplo, levantar dados e informações contextuais para dimensionar e qualificar a problemática em estudo, levantar métodos e instrumentos de análise e assegurar ao seu autor que o trabalho tem alguma originalidade. Do ponto de vista mais acadêmico, conforme Demo (1991), permite ainda conhecer quadros de referência alternativos, atualizar-se na polêmica teórica elaborar precisão conceitual e investigar na consciência critica. (ROESCH. 1999, p. 105).
2.1 GLOBALIZAÇÃO
Cada vez mais vem se falando em globalização, um termo muito conhecido
por todos que se tornou comum em todas as organizações. Para Sandroni
(2002), a globalização é o termo que designa o fim das economias nacionais e
a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos
transportes.
Chama-se globalização o crescimento da interdependência de todos os
povos e países da superfície terrestre. Ouve-se falar também em “aldeia
global”, pois parece que o planeta está ficando menor e todos se conhecem,
assistem a programas semelhantes na televisão e ficam sabendo no mesmo
dia o que ocorre no mundo inteiro. Um exemplo se dá na indústria de
automóveis, que fabrica um mesmo modelo de carro em montadoras de três
países diferentes e os vende em outros cinco países. As empresas não ficam
mais restritas a um país, seja como vendedora ou produtora.
Para Sandroni (2002), a globalização é o termo que designa o fim das
economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios
de comunicação e dos transportes.
Com essa globalização, as empresas viram-se obrigadas a realizar
negócios não somente no mercado interno, mas também a importar matéria-
prima ou produtos para a sua produção e também à exportar seus produtos
para outros países. Os negócios internacionais resultantes das importações e
15
exportações brasileiras desencadeiam um processo dinâmico, oriundo de
reflexos das negociações internacionais e fruto das políticas econômicas do
Brasil.
Contudo, para que esta forma de negociação possa funcionar, foram
criadas normas. Ratti (2001), explica que as normas de Comércio Internacional
são aquelas que se aplicam uniformemente a mais de um país, visando a
facilitação dos negócios internacionais. São disciplinadas através de acordos
entre dois ou mais países ou criadas a partir de organismos internacionais
como a Organização das Nações Unidas (ONU), Câmara Internacional de
Comércio (CCI) ou Organização Mundial de Comércio (OMC).
Para Sandroni (2002), comércio internacional é intercâmbio de bens e
serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão
internacional do trabalho. Seu desenvolvimento depende basicamente do nível
dos termos de intercâmbio, que se obtém comparando o poder aquisitivo de
dois países que mantenham comércio entre si.
2.2 EXPORTAÇÃO
”Exportação é a remessa de bens de um país para outro. Em um sentido
amplo, poderá compreender, além dos bens propriamente ditos, também os
serviços ligados à essa exportação”. (RATTI, 2001, p. 348)
Segundo Labatut (1994), exportação é uma remessa que compreende uma
saída de mercadorias de um determinado território aduaneiro e que gera em
contrapartida uma entrada de divisas.
2.3 MERCADO DE CÂMBIO
Não se pode entender como realizar uma negociação sem antes saber um
pouco como funciona o mercado cambial e os trâmites legais que este envolve.
De acordo com GAROFALO FILHO (2004, p. 307), mercados de câmbio são
mercados em que se realizam compras e vendas de moedas estrangeiras.
“Mercado de câmbio é aquele que envolve a negociação de moedas
estrangeiras e as pessoas interessadas em movimentar essas moedas. No
Brasil as operações de câmbio não podem ser praticadas livremente e devem
16
ser conduzidas através de um estabelecimento bancário autorizado a operar
em câmbio.” (FORTUNA, 2005, p. 377)
De acordo com Fortuna (2005, p. 377), pelo sistema brasileiro, as divisas
são monopólio do estado, que é representado pelo banco central o qual
estabelece as condições pelas quais um banco pode operar em câmbio:
• Os bancos deverão comprovar que desfrutam de linhas de crédito
concedidas por banqueiros estrangeiros até determinados limites que
lhes permitam sacar a descoberta;
• Os bancos podem comprar e vender moedas estrangeiras livremente ao
longo do dia, mas ao final do dia, o saldo de sua conta em moedas
estrangeiras deverá situar-se dentro dos limites permitidos de posições
compradas e vendidas.
Com isso, e segundo o que diz Ratti (2001), o fato de não se aceitar
moedas estrangeiras em pagamento das exportações, nem a moeda nacional
em pagamento das importações, constitui a base de um mercado onde são
compradas e vendidas as moedas dos diversos países.
Enfim, um mercado cambial ou de divisas é um mercado onde são
compradas e vendidas as moedas dos diferentes países, pois não são aceitas
moedas estrangeiras em pagamento das exportações, nem moeda nacional em
pagamento das importações.
Além de exportadores e importadores, o mercado cambial é composto das
bolsas de valores, dos bancos, dos corretores e todos aqueles que efetuam
transações com o exterior, de acordo com o que mostra a figura abaixo.
No mercado cambial iremos encontrar dois grupos:
• Grupo Vendedor: exportadores, turistas, tomadores de empréstimos,
vendedores de serviços e especuladores.
• Grupo Comprador: importadores, turistas, compradores de serviços,
compradores de títulos e especuladores.
• Os bancos atuam como intermediários entre os dois grupos acima,
centralizando a compra e venda de divisas.
• Os corretores de câmbio atuam como intermediários entre os bancos e as
partes interessadas, encarregando-se de procurar as melhores taxas e
condições para seus clientes. O Banco Central do Brasil é o órgão executor da
17
política cambial brasileira, é ele quem autoriza os bancos comerciais a
operarem no mercado cambial.
Figura 1: Estrutura do Mercado Cambial.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Como pode ser observado na figura acima, existe a figura do corretor de
câmbio, que segundo Fortuna (2005, p. 377), é o intermediário das operações
de câmbio, funcionando como contato entre clientes e os bancos autorizados a
operar em câmbio. Os corretores só trabalham no mercado de taxas livres
(dólar comercial), e tem como principal função, procurar no mercado o melhor
negócio com as melhores taxas para seu cliente efetuar o fechamento do
câmbio.
Assim sendo, a operação cambial envolve os seguintes agentes:
• exportador, que vende a moeda estrangeira;
• Banco autorizado pelo Banco Central a realizar operações de
câmbio;
• corretora de câmbio, caso seja requerida pelo vendedor da
moeda estrangeira.
18
Corretores de Câmbio
Segundo a legislação vigente, não é obrigatória a intervenção de corretor
nas operações de câmbio, embora muitas empresas prefiram conduzir suas
transações através do corretor, tendo em vista a qualidade e a rapidez dos
serviços prestados por esses profissionais.
De acordo com Vieira (2004, p. 38), os corretores de câmbio atuam como
intermediários entre os bancos autorizados a operar em câmbio e as empresas
que atuam no comércio exterior, efetuando suas operações diretamente com
clientes. Segundo ele, a principal atribuição do corretor é a de procurar no
mercado cambial quais as melhores taxas e condições para seus clientes e
aproximar as partes interessadas para que os negócios efetivamente sejam
realizados. É importante salientar que, quando houver a intervenção de uma
Sociedade Corretora, está deverá também assinar o contrato de câmbio,
assumindo solidariamente a responsabilidade pela condução dos negócios, de
acordo com as regras do Banco Central do Brasil.
As operações de câmbio que se relacionam com o estabelecimento
operador tem as seguintes operações como sendo as mais comuns:
• Compra
Recebimento de moeda estrangeira contra entrega de moeda nacional.
• Venda
Entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de moeda nacional.
• Arbitragem
Entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de outra moeda
estrangeira.
Este mercado de câmbio que será objeto de estudo durante a realização
deste trabalho, se divide em vários sub-mercados, dependendo de vários
setores que serão abordados em seguida.
2.3.1 Quanto à origem e ao destino da moeda
Quando diz respeito à origem e destino das moedas, o mercado de câmbio
está dividido em Mercado Primário e Mercado Secundário de Câmbio.
19
De acordo com o que diz Garofalo Filho (2004, p. 307), Mercado de Câmbio
Primário compreende as operações que implicam transferências de valores em
moedas estrangeiras entre residentes e não-residentes no país. São, portanto,
as operações que alteram – para maior ou para menor – as disponibilidades de
moedas estrangeiras no país.
E na visão de outro autor, mercado primário de câmbio é o mercado onde
são realizadas operações cambiais entre bancos e seus clientes não-
bancários. (RATTI, 2001)
Já o Mercado Secundário de Câmbio cuida das operações que decorrem
das operações primárias, isto é, são derivadas. No Brasil, o mercado optou por
utilizar a expressão derivativas, mais parecida com o original inglês derivative.
(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)
Este Mercado Secundário de Câmbio também divide-se em alguns
segmentos que o completam. Um deles é o Mercado Interbancário, que de
acordo com Ratti (2001), trata-se do mercado onde são realizadas apenas
operações entre bancos. Neste mercado são realizadas operações de compra
e venda de câmbio entre bancos e entre os bancos e o banco central.
(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)
2.3.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio
Quando se trata de mercado de câmbio e que tem referência com o tipo de
taxa de câmbio utilizada, o mercado de câmbio se divide da seguinte forma:
• Mercado de câmbio de taxas administradas
“Nesse tipo de mercado as taxas de câmbio sofrem incisiva interferência
das autoridades monetárias do país. Para que isso seja possível, o governo –
ou seu banco central – deve ser comprador de todo excedente de moeda
existente no mercado e vendedores de toda a moeda demandada.”
(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)
• Mercado de câmbio de taxas flutuantes ou livres
Segundo Ratti (2001), não existem paridades monetárias e as taxas cambiais
flutuam livremente, embora possam estar sujeitas a sofrer intervenções da
parte de autoridades monetárias, em caso de flutuações exageradas.
20
“Nesse tipo de mercado, as características principais são: o governo não define as taxas de câmbio, nem se responsabiliza pelos excessos de oferta ou demanda. Com isso, caso haja um excesso de oferta de moeda estrangeira, as taxas podem cair – como no Brasil entre 1994 e 1998 – ou subir, na hipótese de haver um grande crescimento de demanda, como sentimos no Brasil a partir de 1999 e pelo menos até 2003” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309).
• Mercado de câmbio com bandas de flutuação
“A política de bandas constitui um modelo que pode ser interpretado como
uma variação do modelo de taxas administradas, ou como uma variação do
modelo de taxas flutuantes.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309)
2.3.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações
As operações de câmbio podem ser negociadas para imediata liquidação
ou para liquidação em um tempo futuro. As expressões ”mercado a termo” e
“mercado futuro” têm, de forma genérica, o mesmo sentido: configuram
operações contratadas para liquidação a prazo, ou seja, não são operações
que se liquidem a vista.
Estas operações são qualificadas como segue abaixo:
• Mercado de câmbio futuro
Segundo Garofalo Filho (2004, p. 310), este mercado refere-se às
“Operações realizadas em mercados organizados de bolsa, em que há datas
fixas de vencimento dos contratos, lotes padrão e marking to market.”
De acordo com Ratti (2001), este mercado também “Compreende as
operações futuras de câmbio, essas operações vêm a ser a compra ou a venda
de divisas estrangeiras – a uma taxa cambial determinada por ocasião da
contratação – e que serão entregues em data futura. São realizadas por
exportadores, importadores, investidores em moeda estrangeira, etc.”
Para qualquer data futura específica, o cliente contrata hoje com o Banco
uma taxa futura prefixada de câmbio (calculado pelas condições de mercado)
para venda ou compra de dólares, sem qualquer desembolso inicial.
21
Se o cliente fechar a compra da taxa futura e o dólar subir além da taxa
contratada, o Banco cobrirá a diferença.
Essa operação equivale a contratar por um valor fixo a compra ou venda de
dólar em uma data futura específica. Não há a entrega física dos dólares e não
há vínculo com o fechamento de câmbio. Há apenas um ajuste da diferença,
que ocorre, no vencimento em R$, entre o cliente e o Banco.
Com esse produto, o cliente sabe antecipadamente quanto vai pagar ou
receber em R$.
De acordo com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F, 2005), Contratos
Futuros são instrumentos negociados em Bolsa de Valores, segundo uma
padronização de quantidade, qualidade, data de vencimento e local de entrega.
A forma padronizada facilita a negociação, reduzindo as variáveis a serem
consideradas no momento da sua comercialização.
Também, segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), Contratos
futuros, da mesma forma que forwards, firmam preço de um ativo para ser
liquidado em data vindouro, entretanto apresentam mecânicas operacionais
diferentes: enquanto nos forwards, as liquidações acontecem nas datas
previstas, nos futuros ocorrem ajustes diários e, dependendo da posição do
contratante serão realizados acréscimos ou reduções, em função das
diferenças relativas entre os valores assumidos pelos contratos dia após dia
até a data final combinada.
� Contrato de Câmbio Travado ou ”Trava de Câmbio”
Segundo Vieira (2004, p. 55), contrato de câmbio travado, ou “trava de
câmbio”, é uma operação que ocorre quando o exportador efetua um contrato
de câmbio de exportação para liquidação em uma data futura com determinada
instituição financeira autorizada a operar em câmbio pelo Banco Central do
Brasil, porém não recebe o adiantamento correspondente ao valor em moeda
nacional, onde permanecerá aplicado no banco.
O exportador tem a opção de contratar o câmbio por antecipação,
isto é, antes de embarcar a mercadoria, fixando a taxa cambial que
vai prevalecer para a operação, que funciona da seguinte forma: o
exportador fecha o câmbio com o banco antes de embarcar a
22
mercadoria, mas não recebe em troca o valor equivalente em reais.
Em vez disso, venderá ao banco, para liquidação futura, os dólares
oriundos da exportação. No momento em que se faz a trava, fixa-se
a taxa de conversão da moeda estrangeira, o que significa que o
exportador perderá a correção cambial do período. (FORTUNA,
2005,p. 416)
De acordo com o Banco do Nordeste (2005), neste tipo de contrato, o
exportador “trava” ou fixa a taxa de câmbio que quer receber quando o
importador pagar a mercadoria vendida. Estes contratos de câmbio de
exportação são fechados sem a concessão de ACC ou ACE, permitindo ao
cliente fixar a taxa de câmbio para conversão da moeda estrangeira e ganhar
uma remuneração até a liquidação do contrato.
• Mercado de câmbio a termo
De acordo com Garofalo Filho (2004, p. 312), este mercado “Refere-se ao
mercado no qual são cursadas operações de balcão (portanto, excluem-se
aquelas de mercados futuros organizados de bolsas) com a característica
taylor made, o que significa que prazos, preços, taxas e garantias são
livremente firmados entre as partes contratantes.”
• Mercado de câmbio à vista, ou spot, ou pronto, ou disponível
“Neste mercado são efetuadas as operações “prontas” de câmbio, que são
operações de compra ou de venda de divisas para entrega imediata. Essa
“entrega imediata” refere-se a prazo de até dois dias úteis (business days),
contados da data da operação.” (RATTI, 2001)
Estas operações, segundo o que diz Garofalo Filho (2004, p. 312), “[...] são
contratadas para imediata liquidação, porém, na praxe do mercado e nas
operações com o próprio Banco Central, essa liquidação ocorre no segundo dia
útil após a contratação, também chamado D+2.”
2.3.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira
O mercado cambial também possui divisões relacionadas à forma como ela
é entregue ou paga. Neste quesito, o mercado de câmbio se divide em:
23
• Mercado de câmbio manual
“Refere-se às operações que envolvem a compra e a venda de moedas
estrangeiras em espécie, isto é, quando a troca se efetua com moedas
metálicas ou cédulas de outros países.” (FORTUNA, 2005, p. 379 )
“Trata-se do mercado em que são conduzidas as operações em espécie, em que uma das moedas é a nacional e a(s), estrangeira(s). Na maioria das vezes, trata-se do câmbio de viajantes e envolve cédulas, moedas metálicas e traveller’s checks. Tais operações podem ser realizadas em bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e hotéis.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 312).
• Mercado de câmbio sacado
Segundo Fortuna (2005, p. 379), ele ocorre quando, na troca, existem
documentos ou títulos representativos da moeda. Nesse tipo de operações, as
trocas de processam pela movimentação de uma conta bancária em moeda
estrangeira.
“O mercado de câmbio sacado compreende o grosso das operações cambiais pelos estabelecimentos bancários, ou seja, a compra e venda de divisas estrangeiras, representadas por depósitos, letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento, valores mobiliários,etc. A concretização dessas operações ocorre mediante movimentação (débito ou crédito) nas contas de depósito que os bancos mantêm junto a seus concorrentes no exterior.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 313).
2.3.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio
Como em praticamente todos os segmentos, o mercado de câmbio também
possui operações que ocorrem dentro da legalidade e outras não tão “legais”
assim.
• Mercado legal/ oficial de câmbio
De acordo com Garofalo Filho (2004), é uma designação genérica do
mercado de câmbio em que as operações são regulamentadas pela autoridade
e executada exclusivamente por agentes autorizados por ela.
• Mercado paralelo de câmbio
“O mercado paralelo de câmbio, ou mercado negro, ou simplesmente
black, surgiu em decorrência do monopólio de câmbio do BC e sua tendência é
24
deixar desatendida a demanda da sociedade em relação à moeda estrangeira”
(GAROFALO FILHO, 2004, p. 314).
2.3.6 Quanto aos mercados legais de câmbio
Quando este mercado de câmbio está legalmente constituído, ele se divide
em:
• Mercado de câmbio de taxas flutuantes
O mercado de câmbio de taxas flutuantes é destinado para legitimar um
segmento de mercado que até então era considerado ilegal, enquadrando
neste segmento as operações de compra e venda de câmbio a clientes, gastos
com cartão de crédito no exterior, transferências unilaterais, a movimentação
na CC-5 e outras operações entre instituições financeiras. (FORTUNA,2005, p.
378)
De acordo com Vieira (2004, p. 28), no mercado de taxas flutuantes, que
também é conhecido como “câmbio turismo”, são realizadas as operações
relativas à compra e venda de moeda estrangeira para o turismo internacional,
as contribuições a entidades associativas, as doações, heranças e legados, as
aposentadorias e pensões, a manutenção de residentes e os tratamentos de
saúde.
“Trata-se de um segmento de mercado de câmbio criado em 1989, pelo BC no Brasil, quando ainda vivíamos sob a égide do modelo cambial de taxas reais fixas e do monopólio de câmbio. Esse segmento foi criado para propiciar alguma distensão, dentro do modelo em vigor, capaz de amenizar as restrições impostas aos residentes no Brasil, porém sem aumentar os compromissos do BC à moeda estrangeira. A intenção também era tirar do mercado paralelo de câmbio operações consideradas legítimas pela sociedade (viagens internacionais, manutenção de parentes, entre outras).” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 315).
• Mercado de câmbio de taxas livres
Este tipo de mercado, segundo a definição de Fortuna (2005, p. 378), é
destinado às operações de câmbio em geral, enquadrando-se neste segmento
as operações comerciais de exportação/importação e as operações financeiras
de empréstimos e investimentos externos bem como o retorno ao exterior da
remuneração destas operações.
25
“Uma das principais alterações introduzidas na ocasião foi a criação do “mercado oficial”, baseado em taxas fixas, lembrando que o mercado de taxas flutuantes (“turismo”), que surgiu em 1989, também era “oficial”. Mas o “livre” herdou as operações do mercado antes chamado “oficial”, aquele baseado em taxas nominais fixas.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 316).
De acordo com Vieira (2004, p. 28), este mercado também é conhecido
como “câmbio comercial”, é o mercado no qual são realizadas quase todas as
operações de câmbio necessárias para a viabilização do comércio exterior no
Brasil. Neste mercado também são realizadas as operações do governo,
também as operações decorrentes das transferências financeiras, relativas a
investimentos de estrangeiros no país.
“Nesse mercado, passaram a ser conduzidas: a grande maioria das exportações executando apenas as de pedras preciosas e jóias, conduzidas no “flutuante”; as importações (exceto as de pequena monta pagas por cartão de crédito), e as principais movimentações das contas de capital e financeiras, a título de investimento, financiamentos e empréstimos.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 317).
2.3.7 Instrumentos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais
2.3.7.1 Mercados de câmbio derivativos
“Refere-se ao conjunto de operações em moedas estrangeiras ou referidas
a elas, sem troca de posições entre residentes e não-residentes. Em outras
palavras, são operações que não alteram a quantidade de moeda estrangeira
em contas de residentes no Brasil.” (GAROFALO FILHO, 2004)
A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 2005), diz que contratos
derivativos têm esse nome porque seu valor está referido a – ou deriva de –
algum produto, ativo financeiro ou outro objeto qualquer negociado nos
mercados “spot”. Operando contratos futuros, um exportador pode,
antecipadamente, garantir a relação R$/US$, assegurando sua receita em
reais, independentemente das oscilações do mercado até o vencimento da
operação.
Contratos futuros de dólar (assim como também os contratos futuros de
juros) são instrumentos poderosos para uma eficiente gestão de riscos de uma
empresa exportadora. No contexto de um regime de flutuação das taxas de
câmbio, o exportador está sempre sujeito ao risco de ocorrência de uma
eventual apreciação cambial (valorização do real frente ao dólar) por ocasião
26
do ingresso dos dólares em pagamento das suas vendas externas. Numa
situação como esta, ele poderá realizar uma operação de hedge, para proteger
o valor real de seu fluxo de caixa. Para tanto, ele poderá recorrer a uma
corretora de mercadorias para vender dólares a futuro, com uma data de
vencimento próxima àquela em que receberá os dólares efetivos de sua
exportação. Com esta operação ele fixa antecipadamente uma taxa de câmbio
apropriada. Na data do recebimento dos dólares, ocorrendo a temida
apreciação do valor do real frente ao dólar, o exportador liquidará sua posição
vendida a futuro, que havia sido estabelecida originalmente a uma taxa de
câmbio menos valorizada. Assim, a perda incorrida com o impacto da variação
do câmbio sobre a sua receita, terá sido virtualmente compensada com os
ganhos que ele obterá no mercado futuro de dólar.
Os mercados de derivativos oferecem inúmeras outras possibilidades
vantajosas de proteção contra riscos (hedge) para o exportador. Tais
operações devem ser realizadas sempre por meio de uma corretora de
mercadorias, que tem maior conhecimento das opções que o mercado oferece.
O mercado possui diferentes formas de chamar estes produtos, mesmo
eles tendo o mesmo sistema quando da realização destas operações.
Basicamente, as operações estão situadas dentro de dois diferentes grupos. A
seguir estão descritos alguns conceitos sobre as possibilidades de produtos
para a proteção contra risco cambial que o mercado oferece.
a) Opções de Hedge
De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Opções de hedge, são feitas
em bolsas ou em balcão.”
“Representa uma operação de proteção a uma posição assumida e
que esteja em aberto, isto é, estratégia de proteção financeira usada
para compensar investimentos de risco, potenciais perdas ou ganhos
excessivamente arriscados. Um hedge perfeito é aquele que elimina
a possibilidade de ganhos ou perdas futuras. Em câmbio pode ser
conhecido como: operação de câmbio a prazo, realizada com a
finalidade de proteção contra alterações causadas pelas variações
na cotação de uma moeda. Mecanismo utilizado por operadores do
27
mercado de commodities para se resguardar de uma flutuação de
preços.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 129).
De acordo com Pioneer Corretora (2005), hedge pode ser definido como
um conjunto de medidas protetoras, implementadas de forma a minimizar (ou
controlar dentro de níveis aceitáveis) as perdas potenciais devido a flutuações
não antecipadas do mercado.
A seguir estão descritos alguns dos produtos que o mercado de hedge
oferece aos exportadores ou importadores ou até mesmo especuladores do
mercado cambial:
� Forward
Segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), entende-se por contrato
a termo ou forward, um vendedor e um comprador fixam hoje o preço de certo
ativo que deverá ser liquidado em um prazo determinado ou data de exercício.
Por liquidar deve ser entendido que o comprador pagará o combinado e o
vendedor, por sua vez, entregará o ativo negociado. Outra maneira é feita por
acerto em moeda. Pelo jargão do mercado, a parte que é compradora tem uma
posição longa e a vendedora, uma posição curta.
� NDF: Non deliverable forward
“Operação a termo, de balcão, realizado no País ou no exterior, com regras
similares às operações de futuro de dólar em bolsa, com depósito inicial de
margem, porém sem ajustes diários” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 320).
Também, segundo informações recebidas do Banco Real (2005), esta
operação consiste na realização de um acordo entre o cliente e o banco de
compra ou venda de uma quantidade determinada de moeda estrangeira em
uma data futura, por uma taxa pré-definida. Não há desembolso de caixa no
início da operação e no vencimento a liquidação é realizada pela diferença da
taxa contratada na operação e a taxa da liquidação efetiva da moeda.
� Swaps cambiais
28
Swaps cambiais são operações que envolvem a troca de indexadores, no
caso de câmbio a mais comum é a troca do indexador dólar (variação cambial)
por DI (taxa de juros Selic), negociadas entre partes, sendo o mais usual que
uma delas seja um banco. Normalmente, não exigem depósitos de margem ou
ajuste, baseando-se em créditos recíprocos entre as partes contratantes.
(GAROFALO FILHO, 2004)
“Um swap contratado, isto é, troca de indexadores, por exemplo,
sofre uma variação cambial por variação de juros domésticos (dólar x
DI), pode ser registrado na Bolsa (BM&F). Nessa hipótese, as partes
depositam margem de garantia e a Bolsa encarrega-se da liquidação
das operações” (GAROFALO FILHO, 2004,p.).
Segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), o termo swap é utilizado
sem tradução e, no mercado financeiro, significa troca de posições entre dois
investidores. Por exemplo, um investidor deseja trocar a variação do dólar
americano pela variação do euro, outro deseja trocar uma aplicação em renda
fixa por outra de renda variável etc. O que leva os investidores a alterarem
suas posições são as expectativas quanto às variações dos papéis no futuro.
Assim, no caso da permuta dólar/euro, o possuidor da moeda americana
poderia estar imaginando que o euro subiria mais e, por sua vez, o detentor da
moeda européia acreditaria no inverso, a maior subida do dólar. O swap é
combinado por certo prazo e, atingido o limite, há um acerto de contas entre os
contratantes.
De acordo com o que diz a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 20005),
os swaps são transações puramente financeiras, Nesses contratos, as partes
envolvidas trocam, por exemplo, a natureza do fluxo financeiro de uma
operação de uma tarifa flutuante para uma fixa, sem troca de ativos.
b) Mercado de Opções
O mercado de opções compreende as operações em pregão, relativas à
negociação dos direitos outorgados aos titulares de opção de compra de ações
e opção de venda de ações. Este tipo de negociação tem, obrigatoriamente,
estar vinculado à Bolsa de Valores ou BM&F.
Opções são contratos onde um lado adquire direitos, podendo exerce-los
ou não, e o outro assume compromissos relacionados com os direitos, devendo
29
cumpri-los caso sejam solicitados. Para equilibrar a situação, a parte que aceita
os compromissos cobra um prêmio como recompensa.
A seguir estão descritos algumas opções de produtos que o mercado
oferece dentro do mercado de opções:
� Forfaiting
Segundo o que diz Fortuna (2005, p. 424), trata-se de uma cessão de
crédito, através da qual, com a intermediação de um banco, um exportador
pode vender suas mercadorias a prazo e receber à vista. O mercado de
forfaiting funciona como uma espécie de desconto de notas promissórias. É
uma forma de ter um funding (captação) contra venda de uma cambial (saque).
� Factoring
São operações de desconto de saques cambiais semelhantes às de forfaiting, mas envolvendo operações de menor valor (varejo). Também são conduzidas sem direito de regresso no caso de inadimplência do importador. O risco da operação é transferido, pelo banco, às empresas especializadas em factoring no exterior, os factor, que assim, assumem o risco sobre o importador e, na realidade, não atuam como instituições financeiras, mas, apenas, como prestadores de garantia. (FORTUNA, 2005 ,P. 425)
� Securitização das Exportações
De acordo com Fortuna (2005, p. 429), a definição básica pode ser:
”Emissão de um título no mercado internacional com lastro em vendas futuras
ao exterior”. Esse mecanismo foi criado na forma de captação de recursos no
exterior com estabelecimento de vínculo a exportações, através do qual o
exportador poderá comprometer o seu fluxo futuro de exportações, com o
objetivo de obter financiamento no exterior a custos muito mais baixos.
� Desconto de Warrant
Outra opção no mercado de derivativos, é um empréstimo obtido através do
desconto do mercado interno dos certificados de garantia de depósitos da
mercadoria, os Warrant, em armazém para exportação. (FORTUNA, 2005)
� Export Notes
30
De acordo com o que diz Fortuna (2005, p. 425), é como são
conhecidos os contratos de cessão de crédito de exportação, em que o
exportador cede ao tomador, através de um título, os direitos creditícios de
uma operação a ser realizada no futuro.
� Debêntures Cambiais
“São títulos emitidos no mercado interno por empresas exportadoras, com
cláusula de variação cambial, prazo mínimo de três anos e valor nominal de
face igual ou múltiplo do equivalente em reais a US$ 1 milhão.”(FORTUNA,
2005,P.428)
� PUT
Segundo informações recebidas do Banco Real (2005), este produto
consiste em uma opção de vender dólares em uma data futura a um preço
determinado. O comprador de PUT paga um prêmio para ter esse direito. O
comprador deste título tem a obrigação de comprar dólares pelo preço
determinado caso o comprador exerça seu direito e recebe um prêmio pela
obrigação.
� CALL
Na modalidade de Call, ou compra de uma Opção de compra, uma vez
determinado o “Strike”, o cliente se protege de qualquer oscilação superior ao
“Strike”, exercendo efetivamente a Opção de compra, isto é, recebe do Banco
toda a diferença que existir entre o Ptax (indexador utilizado) e o “Strike”
estabelecido. Se a oscilação for inferior ao “Strike”, simplesmente não é
exercido o direito desta compra. (Banco Real, 2005)
� Zero Cost Collar – Exportador
Este produto, segundo informações recebidas do Banco Real (2005),
consiste em estabelecer um intervalo entre duas taxas de câmbio no qual o
exportador admite uma variação de preço do dólar.
31
2.3.8 Incentivos à Exportação - Mecanismos de Financiamento à
Exportação
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC,
2005), com todas as dificuldades encontradas por toda a cadeia produtiva em
geral, nada melhor do que poder se utilizar dos incentivos oferecidos pelo
governo para aumentar as exportações. O principal propósito dos
financiamentos às exportações é tornar o produto brasileiro mais competitivo
no mercado internacional.
Para ter sucesso no concorrido mercado internacional, os exportadores se
valem de sistemas de financiamento às exportações que tornam as condições
financeiras para a compra de seus produtos e serviços mais atrativas.
Em uma operação de financiamento à exportação o crédito pode ser
concedido na fase de produção da mercadoria, denominando-se crédito pré-
embarque (ou financiamento à produção exportável). Se, por outro lado, o
crédito se der na fase de comercialização da mercadoria, estaremos falando de
crédito pós-embarque.
Em consonância com a praxe internacional, no Brasil são consideradas
exportações financiadas aquelas cujos prazos de pagamento são superiores a
180 (cento e oitenta) dias.
Existem vários tipos de financiamento, tanto pré-embarque quanto pós-
embarque. Abaixo estão os mais utilizados:
2.3.8.1 Financiamentos na fase Pré - Embarque
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC, 2005), é o tipo de financiamento que se destina a custear a produção
dos produtos destinados aos mercados internacionais. Sua função é possibilitar
a aquisição de insumos, matérias-primas e outros recursos para a produção.
� ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATO DE CÂMBIO – ACC
Segundo o que diz Vieira (2005, p. 107), o Adiantamento sobre contrato de
câmbio consiste na antecipação parcial ou total dos valores em moeda nacional
equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada pelo banco. É a
32
antecipação do preço da moeda estrangeira que o banco negociador das
divisas concede ao exportador.
A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 2005), diz que o ACC é um
adiantamento feito por instituição financeira ao exportador, tendo em vista a
perspectiva de exportação. O exportador se compromete a entregar ao banco
financiador, após o embarque da mercadoria, as respectivas divisas. Pode ser
conceituado ainda como a antecipação, à empresa exportadora, do contra -
valor em moeda nacional de uma exportação, cujo embarque e seu respectivo
pagamento pelo importador ocorrerão em futuro próximo. Numa analogia com o
mercado interno, o ACC pode ser comparado a um desconto de pedido de
venda em carteira.
De acordo com o Banco Central do Brasil ( RMCCI), 2005), o adiantamento
sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do
preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura,
podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes.
No caso de exportação, o valor do adiantamento deve ser consignado no
próprio contrato de câmbio, mediante averbação do seguinte teor: "Para os fins
e efeitos do artigo 75 (e seus parágrafos) da Lei 4.728, de 14.07.1965, averba-
se por conta deste contrato de câmbio o adiantamento de R$ _______".
No contrato de câmbio não são suscetíveis de alteração o comprador, o
vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em moeda nacional, o código
da moeda estrangeira e a taxa de câmbio.
� BNDES - EXIM
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
concede financiamento à produção exportável por meio do Programa BNDES-
Exim, disponibilizando instrumentos de financiamento competitivos com os
similares oferecidos no mercado internacional.
• BNDES - EXIM PRÉ-EMBARQUE
De acordo com Vieira (2004, p. 113), trata-se de um financiamento com
fundos do BNDES, cujos recursos são captados nom mercado internacional,
33
com o objetivo de viabilizar as exportações na fase pré-embarque de produtos
manufaturados nacionais, especialmente produtos com longo ciclo de
fabricação, para poder suprir os custos de produção.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC,
2005), trata-se de financiamento à produção de bens para exportação,
mediante abertura de crédito fixo, em operações realizadas por meio de
instituições financeiras credenciadas. O BNDES pode financiar a produção de
até 100% do valor da exportação e o prazo de pagamento é de até 30 meses,
incluída a carência, de acordo com o ciclo de produção.
• BNDES - EXIM PRÉ-EMBARQUE ESPECIAL
Trata-se de financiamento ao exportador para parte dos recursos
necessários à produção de bens a serem exportados, sem vinculação a
embarques específicos. É concedido por meio de instituições financeiras
credenciadas, mediante a abertura de crédito fixo.
De acordo com Vieira (2004, p. 110), é um financiamento destinado às
empresas exportadoras na fase pré-embarque da mercadoria destinada ao
exterior, constituídas sob as leis brasileiras que tenham sede e administração
no país.
2.3.8.2 Financiamentos na fase Pós-Embarque
São os financiamentos que se destinam a custear a comercialização
externa dos bens e serviços exportáveis.
� ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES - ACE
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2005), diz
que ACE é um adiantamento feito por uma instituição financeira ao exportador,
tendo em vista o efetivo embarque de mercadorias exportadas. Reduz os
custos financeiros para o exportador brasileiro, possibilitando competitividade
34
negocial junto ao importador estrangeiro, na medida em que concede melhores
prazos e reduz custos, em condições compatíveis com as praticadas pelo
mercado internacional.
De acordo com Vieira (2004, p. 109),neste tipo de operação a contratação
do câmbio é efetuada após o embarque da mercadoria, e o contravalor em
moeda nacional é destinado para financiar a comercialização do produto que
está sendo exportado.
� BNDES - EXIM PÓS–EMBARQUE – Supplier’s Credit
Segundo Vieira (2004, p. 118), é um mecanismo de financiamento
gerenciado pelo BNDES e destinado a viabilizar a comercialização de bens e
serviços no exterior através de refinanciamento, mediante o desconto de títulos
de crédito ou através da cessão sobre o direito de receber as cartas de crédito.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC, 2005), é um refinanciamento à exportação de bens e serviços, na fase
pós-embarque. O BNDES concede financiamento de até 100% do valor
exportado, e o prazo de pagamento é de até 12 anos.
� PROGRAMA DE FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES - PROEX
Segundo relato do Banco Central do Brasil (2005), o PROEX foi criado pelo
Governo Federal em 1991, com o objetivo de proporcionar às exportações
brasileiras condições de financiamento equivalentes às do mercado
internacional. Ao longo dos anos o PROEX se firmou como uma das principais
fontes de financiamento do comércio exterior brasileiro. Seu principal
instrumento legal é a Lei nº 10.184, de 12 de fevereiro de 2001.
2.3.8.3 Operações de desconto cambiais
� SUPPLIER’S CREDIT
Nesta modalidade, o financiamento é concedido por um banco
ao exportador, mediante desconto das cambiais representativas de
vendas a prazo, O exportador vende a prazo e as divisas também
35
vão ingressar, futuramente, nos respectivos vencimentos. O
exportador permanece responsável, junto ao banqueiro financiador,
pelo pagamento da cambial de exportação, quer na condição de
sacador quer na qualidade de endossante. (FORTUNA, 2005, p.
423)
� BUYER’S CREDIT
Segundo Fortuna (2005, p. 423) nesta modalidade, o financiamento é
concedido diretamente ao importador estrangeiro. Existe um banco no exterior
financiando a operação ao importador.
2.4 CONTRATO DE CÂMBIO
Toda a explanação que segue sobre contrato de câmbio teve origem em
pesquisa realizada no site do Banco Central do Brasil e dentro deste, foi
utilizada a RMCCI (Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais
Internacionais), sendo que este é o regulamento que rege todo o mercado de
câmbio no Brasil.
A RMCCI relata que: Contrato de câmbio é o instrumento específico
firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são
estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a
operação de câmbio.
As operações de câmbio são registradas no Sisbacen,
A liquidação, o cancelamento e a baixa de contrato de câmbio não elidem
responsabilidades que possam ser imputadas às partes e ao corretor
interveniente, nos termos da legislação e regulamentação vigentes, em função
de apurações que venham a ser efetuadas pelo Banco Central do Brasil.
O Contrato de Câmbio deve conter os seguintes dados:
• nome do banco autorizado a contratar o câmbio;
• nome do exportador;
• valor da operação;
• taxa de câmbio negociada;
36
• prazo para liquidação;
• nome do corretor de câmbio, se houver;
• comissão do corretor de câmbio;
• nome do importador;
• dados bancários do exportador;
• condições de financiamento, etc.
2.4.1 Tipos de Contrato de Câmbio
São os seguintes os tipos de contratos de câmbio e suas aplicações:
a) tipo 1: destinado à contratação de câmbio de exportação de
mercadorias ou de serviços;
c) tipos 3 e 4: transferências financeiras, sendo as compras tipo 3 e as
vendas tipo 4, destinados à contratação de câmbio referente a operações de
natureza financeira, importações financiadas sujeitas a registro no Banco
Central do Brasil e as de câmbio manual;
d) tipos 7 e 8: alteração de contrato de câmbio, sendo as compras tipo 7 e
as vendas tipo 8;
e) tipos 9 e 10: cancelamento de contrato de câmbio, sendo as compras
tipo 9 e as vendas tipo 10, usados, também, por adaptação, para a realização
das baixas da posição cambial.
2.4.2 Alteração do Contrato de Câmbio
Entre as alterações admitidas nos contratos de câmbio, devem ser
necessariamente registradas no Sisbacen e formalizadas aquelas relativas aos
seguintes elementos:
a) prazo para entrega dos documentos da exportação;
b) prazo para liquidação do contrato de câmbio;
c) cláusulas e declarações contratuais;
d) forma de entrega da moeda estrangeira;
e) natureza da operação;
f) pagador/recebedor no exterior, nos contratos não vinculados a operações
comerciais;
37
g) prêmio/bonificação;
h) prazo das cambiais.
2.4.3 Liquidação do Contrato de Câmbio
A liquidação de contrato de câmbio ocorre quando da entrega de ambas as
moedas, nacional e estrangeira, objeto da contratação ou de títulos que as
representem.
A liquidação pronta é obrigatória nos seguintes casos:
a) operações de câmbio de compra de natureza financeira que não estejam
sujeitas à registro no Banco Central do Brasil/ Departamento de Combate a
Ilícitos Financeiros e Supervisão de Câmbio e Capitais Internacionais;
b) operações de câmbio simplificado de exportação ou de importação;
c) compras ou vendas de moeda estrangeira em espécie ou em cheques
de viagem;
d) compra ou venda de ouro - instrumento cambial.
As operações de câmbio contratadas para liquidação pronta devem ser
liquidadas:
a) no mesmo dia, quando se tratar:
I-de compras e de vendas de moeda estrangeira em espécie ou em
cheques de viagem; ou
II-de operações ao amparo da sistemática de câmbio simplificado de
exportação.
b) em até dois dias úteis da data da contratação, nos demais casos,
excluídos os dias não úteis nas praças das moedas envolvidas (dias não úteis
na praça de uma moeda e/ou na praça da outra moeda).
O cancelamento de contrato de câmbio ocorre mediante consenso das
partes e é formalizado por meio de novo contrato, no qual as partes declaram o
desfazimento da relação jurídica anterior, com a observância aos princípios de
ordem legal e regulamentar aplicáveis.
Nos casos em que não houver consenso para o cancelamento, podem os
bancos autorizados a operar em câmbio proceder à baixa do contrato de
câmbio de sua posição cambial, observadas as exigências e os procedimentos
regulamentares aplicáveis a cada tipo de operação.
38
2.4.4 Contratos de Câmbio na Exportação
Segundo Cavalcanti (1995), “Contrato de câmbio de exportação é um
instrumento legal e oficial, padronizado pelo Banco Central, no qual se
identificam as características completas da operação, tendo o vendedor
(exportador) o compromisso de entregar a moeda estrangeira ao comprador
(banco) no prazo pactuado, e este a obrigação de efetuar o pagamento ao
vendedor em moeda nacional, ajustado através da precificação da taxa de
câmbio livremente pactuada entre as partes”.
As exportações brasileiras de mercadorias e de serviços sujeitam-se ao
ingresso no País da moeda estrangeira correspondente, mediante celebração e
liquidação de contrato de câmbio em banco autorizado a operar no mercado de
câmbio, no País, ressalvados os casos específicos previstos na legislação e
regulamentação em vigor.
As operações de câmbio a que se refere o item anterior são liquidadas
mediante a entrega da moeda estrangeira ou do documento que a represente
ao banco com o qual tenha sido celebrado o contrato de câmbio.
O recebimento do valor em moeda estrangeira decorrente da exportação
deve ocorrer mediante crédito do correspondente valor em conta, no exterior,
de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, no País,
Os contratos de câmbio podem ser celebrados para liquidação pronta ou
futura, prévia ou posteriormente ao embarque da mercadoria ou da prestação
dos serviços, limitado ao prazo máximo de 570 dias entre a contratação e a sua
liquidação.
As operações de câmbio podem ser contratadas prévia ou posteriormente
à data do embarque das mercadorias ou da prestação dos serviços, observado
que:
a) se contratação prévia: a antecipação máxima admitida é de 360 dias;
b) se contratação posterior: o prazo máximo admitido para contratação e
liquidação é de 210 dias, sendo que, caso esse prazo máximo vença em dia
não-útil, será considerado o dia útil seguinte.
As operações de exportação, sob o aspecto cambial, podem ser efetuadas:
• sem cobertura cambial: não há remessa de divisas do exterior para
pagamento da mercadoria. Exemplos:
39
- remessas de mercadorias para participação em feiras e exposições no
exterior, até o limite de U$ 5.000. É necessário a comprovação da participação
no certame;
- remessas de mercadorias para complementação ou correção de
embarque, tais como: quebra, avaria, indenização por defeito de fábricas, etc;
- animais reprodutores;
- material destinados a testes, exames ou pesquisas, com finalidade
industrial ou científica, etc
• com cobertura cambial: ocorre o pagamento proveniente do exterior devido
à remessa da mercadoria.
As exportações com cobertura cambial deverão estar vinculadas, no
SISCOMEX, a um contrato de câmbio.
2.4.5 Recebimento Antecipado na exportação
Caracteriza-se como recebimento antecipado de exportação a aplicação
de recursos em moeda estrangeira na liquidação de contratos de câmbio de
exportação, anteriormente ao embarque das mercadorias ou da prestação dos
serviços.
Relativamente aos valores ingressados no País a título de recebimento
antecipado de exportação, deve ocorrer no prazo máximo de 360 dias,
contados da data da contratação do câmbio, independentemente de se tratar
de recebimento antecipado com contratação de câmbio para liquidação pronta
ou de câmbio contratado para liquidação futura, liquidado anteriormente ao
embarque da mercadoria ou da prestação do serviço:
a) o embarque da mercadoria ou a prestação do serviço;
b) a conversão pelo exportador, mediante anuência prévia do pagador no
exterior, em investimento direto de capital ou em empréstimo em moeda e
registrados, no Banco Central do Brasil, nos termos da Lei 4.131, de
03.09.1962, modificada pela Lei 4.390, de 29.08.1964, e regulamentação
pertinente.
40
2.4.6 Cancelamento de Contrato de Câmbio na exportação
São livremente cancelados, por acordo entre as partes, os contratos de
câmbio de exportação sem mercadoria embarcada ou sem que tenha ocorrido
a prestação do serviço, observada a incidência do encargo financeiro de que
trata a Lei 7.738, de 09.03.1989.
Na regularização de contratos de câmbio por cancelamento relativos a
mercadorias não embarcadas ou a serviço que não tenha sido prestado devem
ser observados, nos casos de falência do exportador ou de intervenção ou de
liquidação extrajudicial do banco comprador da moeda estrangeira,
Na hipótese de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou de o serviço
já ter sido prestado, a regularização do contrato de câmbio de exportação
mediante seu cancelamento deve atender a uma das seguintes condições:
a) caso o devedor estrangeiro tenha obrigações para com o exportador
nacional em montante igual ou superior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares
dos Estados Unidos ou seu equivalente em outras moedas): comprovação,
pelo exportador, do início de ação judicial de cobrança contra o devedor no
exterior, independentemente do valor do cancelamento;
b) caso o devedor estrangeiro não tenha obrigações para com o exportador
nacional em montante igual ou superior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares
dos Estados Unidos ou seu equivalente em outras moedas): declaração ao
banco, pelo exportador, atestando tal condição;
c) nos casos em que ocorra o retorno ao País da mercadoria exportada,
esteja o correspondente desembaraço vinculado ao registro da exportação no
Siscomex;
d) nos casos de redução do preço da mercadoria embarcada, haja
anuência do Departamento de Operações de Comércio Exterior - Decex, do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior -MDIC.
4. No caso de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou a prestação do
serviço, o cancelamento do respectivo contrato de câmbio de exportação deve
ser efetuado em até 210 dias da data do embarque da mercadoria ou da
prestação do serviço.
41
2.4.7 Câmbio Simplificado na exportação
Ao amparo desta seção, os bancos autorizados a operar no mercado de
câmbio, no País, podem dar curso a operações de câmbio simplificado
decorrentes de vendas de mercadorias e de serviços ao exterior, por pessoa
física ou jurídica, até o limite, por operação, de US$ 20.000,00 (vinte mil
dólares dos Estados Unidos) ou o seu equivalente em outras moedas.
As operações de câmbio simplificado estão dispensadas de:
a) apresentação pelo exportador, ao banco autorizado a operar no mercado
de câmbio, dos documentos comprobatórios da operação comercial; e
b) vinculação, pelo banco comprador da moeda estrangeira, do contrato de
câmbio a RE, a RES ou a DSE.
O registro das operações no Sisbacen é efetuado no mesmo dia da
liquidação do contrato de câmbio.
2.4.8 Modalidades de Pagamento na Exportação
Nas transações internacionais, tanto o exportador como o importador
procuram evitar os riscos de natureza comercial a que estão sujeitos. Para
isso, ao remeter a mercadoria ao exterior, o exportador deve tomar algumas
precauções para receber o pagamento. Por sua vez, o importador também
necessita de segurança quanto ao devido recebimento da mercadoria, nas
condições acertadas com o exportador.
Portanto, definir com clareza a forma de pagamento que deverá ser
observada em uma operação de exportação é de fundamental relevância para
ambas as partes. Assim, a escolha da modalidade de pagamento normalmente
é feita de comum acordo entre o exportador e o importador e depende,
basicamente, do grau de confiança comercial existente entre as partes,
devendo atender simultaneamente aos interesses do exportador e do
importador.
Segundo Vieira (2004, p. 67), quando o exportador decidir ingressar no
mercado internacional, deve saber que este fato requer que seja concedido
prazo e condições de pagamento compatíveis com a mercadoria que se deseja
exportar. Portanto, a escolha da modalidade de pagamento é condição vital
para assegurar o sucesso desejado da transação comercial, pois qualquer uma
42
das modalidades escolhidas determina o risco da operação, e a forma pela
qual será efetuado o pagamento pelo importador.
As principais modalidades de pagamento utilizadas no comércio
internacional são:
2.4.8.1 Pagamento Antecipado
Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB, 2005), neste tipo de
modalidade de pagamento, o importador remete previamente o valor da
transação, após o que, o exportador providencia a exportação da mercadoria e
o envio da respectiva documentação. Do ponto de vista cambial, o exportador
deve providenciar, obrigatoriamente, o contrato de câmbio, antes do embarque,
junto a um banco, pelo qual receberá reais em troca da moeda estrangeira,
cuja conversão é definida pela taxa de câmbio vigente no dia. Esta modalidade
de pagamento não é muito freqüente, pois coloca o importador na dependência
do exportador.
De acordo com Vieira (2004), podemos entender como pagamento
antecipado na exportação a aplicação de recursos em moeda estrangeira na
liquidação do de contrato de câmbio cuja contratação tenha ocorrido antes do
embarque da mercadoria. Esta antecipação pode ser feita pelo importador ou
por qualquer pessoa jurídica no exterior, inclusive por instituições financeiras.
2.4.8.2 Remessa sem Saque
Para Vieira (2004), esta modalidade de pagamento somente deve ser
utilizada pelo exportador quando este tiver total confiança no importador e
no país deste, pois os documentos originais são remetidos diretamente ao
importador, possibilitando o desembaraço da mercadoria na alfândega que
providencia o envio das divisas através de seu banco de acordo com o
prazo pactuado. Sendo assim, o risco para o importador é nulo e muito
grande para o exportador, pois a mercadoria será entregue ao importador
sem nenhuma garantia de pagamento.
De acordo com o Banco central do Brasil (2005),”O importador recebe diretamente do exportador os documentos de embarque, sem
43
o saque; promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e, posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva diretamente para o exportador. Esta modalidade de pagamento é de alto risco para o exportador, uma vez que, em caso de inadimplência, não há nenhum título de crédito que lhe garanta a possibilidade de protesto e início de ação judicial. No entanto, quando existir confiança entre o comprador e o vendedor, possui algumas vantagens, entre as quais: • agilidade na tramitação de documentos; • isenção ou redução de despesas bancárias.”
2.4.8.3 Cobrança Documentária
De acordo com Vieira (2004, p. 72) “Essa é a modalidade de pagamento
em que o exportador, após o embarque da mercadoria, emite uma letra de
câmbio também denominada “saque” ou “cambial”, que será entregue ao banco
Banco Remetente (Remitting Bank) brasileiro juntamente com os demais
documentos de embarque, os quais serão remetidos imediatamente ao Banco
Cobrador (Collecting Bank) no exterior, sendo que o pagamento será efetuado
pelo importador a prazo ou à vista, conforme tiver sido convencionado entre as
partes.”
Ao contrário das duas modalidades anteriores, a cobrança documentária é
caracterizada pelo manuseio de documentos pelos bancos.
Os bancos intervenientes nesse tipo de operação são meros cobradores
internacionais de uma operação de exportação, cuja transação foi fechada
diretamente entre o exportador e o importador, não lhes cabendo a
responsabilidade quanto ao resultado da cobrança documentária.
O exportador embarca a mercadoria e remete os documentos de embarque
a um banco, que os remete para outro banco, na praça do importador, para que
sejam apresentados para pagamento (cobrança à vista) ou para aceite e
posterior pagamento (cobrança a prazo).
Para que o importador possa desembaraçar a mercadoria na alfândega, ele
necessita ter em mãos os documentos apresentados para cobrança. Portanto,
após retirar os documentos do banco, pagando à vista ou aceitando (assina,
manifestando concordância) a cambial para posterior pagamento, o importador
estará apto a liberar a mercadoria.
De acordo com Vieira (2004, p. 72) “Essa é a modalidade de pagamento em que o exportador, após o embarque da mercadoria, emite uma letra de câmbio também denominada “saque” ou “cambial”, que será entregue ao Banco Remetente (Remitting Bank)
44
brasileiro juntamente com os demais documentos de embarque, os quais serão remetidos imediatamente ao Banco Cobrador (Collecting Bank) no exterior, sendo que o pagamento será efetuado pelo importador a prazo ou à vista, conforme tiver sido convencionado entre as partes.”
2.4.8.4 Carta de Crédito
De acordo com Vieira (2004, p. 74), é uma modalidade de pagamento com
bastante uso, porque oferece maiores garantias tanto para o exportador quanto
para o importador. Pode ser definida como uma ordem de pagamento
condicional, emitida por um banco, emitida por um banco, a pedido do
importador, que fará jus ao recebimento do valor do crédito, cumprindo todas
as exigências estipuladas por ela, onde o exportador tem a garantia do
pagamento de dois ou mais bancos e o importador tem a certeza de que a só
haverá pagamento se suas exigências forem atendidas.
A carta de crédito, também conhecida por crédito documentário, é a
modalidade de pagamento mais difundida no comércio internacional, pois
oferece maiores garantias, tanto para o exportador como para o importador.
É um instrumento emitido por um banco (o banco emitente), a pedido de
um cliente (o tomador do crédito). De conformidade com instruções deste, o
banco compromete-se a efetuar um pagamento a um terceiro (o beneficiário),
contra entrega de documentos estipulados, desde que os termos e condições
do crédito sejam cumpridos.
Por termos e condições do crédito, entende-se a concretização da
operação de acordo com o combinado, especialmente no que diz respeito aos
seguintes itens: valor do crédito, beneficiário e endereço, prazo de validade
para embarque da mercadoria, prazo de validade para negociação do crédito,
porto de embarque e de destino, discriminação da mercadoria, quantidades,
embalagens, permissão ou não para embarques parciais e para transbordo,
conhecimento de embarque, faturas, certificados, etc.
Segundo o Banco Central do Brasil (2005), a Carta de Crédito é uma ordem
de pagamento condicionada, ou seja, o exportador só terá direito ao
recebimento se atender a todas as exigências por ela convencionadas.
45
2.5 TAXA DE CÂMBIO
Segundo a Corretora de Câmbio Renova (2005), taxa de câmbio é o preço
da moeda estrangeira medido em unidades ou frações da moeda nacional. A
taxa de câmbio reflete o custo de uma moeda em relação à outra, dividindo-se
em taxa de compra e venda.
A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de
moeda estrangeira. Por exemplo: se 1 dólar = 2,30 reais, isso significa que
estamos quantificando em real o valor da moeda americana. Por outro lado, do
ponto de vista do estrangeiro, significa que 1 real vale 0,4347 dólar.
O Banco Central do Brasil (2005), diz que, no contrato, o exportador
compromete-se a entregar determinada quantia de moeda estrangeira,
decorrente de sua operação de exportação, devendo a instituição, em
contrapartida, entregar o equivalente em moeda nacional, dentro de
determinadas condições.
De acordo com Fortuna (2005, p. 388), a formação das taxas de
câmbio no mercado de câmbio, a moeda estrangeira é uma
mercadoria, e como tal, está sujeita às forças de oferta e procura., a
taxa cambial é a relação de valor entre duas moedas, ou seja,
corresponde ao preço da moeda de um determinado país em relação a
outra de outro país.
2.5.1 Taxa PTAX do BC
Segundo Fortuna (2005, p. 391), taxa PTAX é a taxa média de venda
(compra) do dólar comercial ponderada em valor, apurada pelo BC ao final de
cada dia e que serve como referência para os negócios com dólar.
2.5.2 Spread
Segundo a Corretora de Câmbio Renova (2005), Spread significa a
diferença entre a taxa de compra (a menor) e a de venda (a maior), onde está
representa o ganho do banco com a negociação da moeda.
46
Este capítulo abordou alguns conceitos e análises teóricas, para fins de
maior conhecimento das literaturas bibliográficas de diversos autores e ainda
atualização da polêmica teórica dos mesmos, onde o mesmo servirá de
embasamento teórico para a realização do estágio II.
47
3 METODOLOGIA
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O tipo de pesquisa realizada foi do tipo exploratória e descritiva, onde o
grupo pesquisou em livros, revistas, sites e também através de entrevistas com
especialistas na área de câmbio( bancos e corretoras de câmbio) e também foi
descritiva pois foram relatados os resultados obtidos nas pesquisas realizadas.
O grupo analisou o histórico de uma operação de câmbio realizadas pela
empresa Comil. Após, realizou-se um estudo dos mecanismos que o mercado
oferece às empresas para estas se prevenirem de possíveis oscilações
cambiais.
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA
• Pesquisa em livros específicos da área de câmbio, tais como
Consolidação das Normas Cambiais, Regulamento de Câmbio, e outras
literaturas afins;
• Pesquisas em artigos de revistas especializadas em câmbio;
• Entrevistas com profissionais que atuam em bancos e corretoras de
câmbio indicadas pela empresa e pelo professor orientador;
• Pesquisas em sites governamentais e privados, sobre as normas que
regem o mercado de câmbio e os serviços oferecidos por empresas
públicas ou privadas;
• Entrevistas com profissionais da área de Comércio Exterior da empresa
onde foi realizado o estágio.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados foram analisados de forma a comparar os mecanismos que a
empresa Comil já utiliza no fechamento de seus câmbios e os mecanismos que
o mercado oferece, de modo que com está comparação pode-se identificar
quais são os mais indicados para serem sugeridos à empresa.
48
4 ANÁLISE DE CASO DE EXPORTACÃO REALIZADA PELA COMIL
Para que se possa desenvolver um trabalho com informações importantes
e que possam ser realmente utilizadas pela empresa em futuras negociações,
e necessário que se entenda como a empresa vem negociando atualmente.
Para que isso ocorra, nada melhor do que se fazer um levantamento de
informações sobre algumas negociações realizadas anteriormente, tais como
recebimento dos pedidos, embarque das mercadorias, fechamento do cambio,
e outras informações relevantes sobre estas negociações.
Para que isso fosse possível, o grupo buscou junto ao setor de exportação
da empresa, documentos e datas sobre negociações realizadas. A partir destas
informações, procurou-se analisar de forma concisa os dados que estas
continham, principalmente analisando a forma de pagamento e as datas de
realização de todas as etapas da negociação, buscando com isso analisar qual
teria sido o melhor momento para ter realizado o fechamento do cambio.
A principal estratégia adotada pela empresa até o momento quanto à forma
de receber suas negociações em moeda estrangeira, é a pratica de ACC em
praticamente todas as vendas para o exterior. A empresa costuma contratar
ACC para poder financiar a sua produção, recebendo antecipadamente a
moeda que os seus importadores normalmente pagam esta mercadoria após
ter sido produzida e embarcada. Os contratos de ACC são firmados com os
bancos e a empresa recebe em reais o dinheiro que ela necessita para
produzir.
Quando o valor dos contratos de venda para o exterior for baixo, a
empresa costuma juntar as exportações feitas durante um mês e fechar um
único ACC no final do mês. Já se o valor do contrato de venda for alto, a
empresa tem por costume realizar o ACC alguns dias antes do embarque da
mercadoria.
Abaixo segue uma comparação de uma negociação realizada pela
empresa no último ano. Está operação foi escolhida por representar um valor
de destaque com relação às exportações realizadas pela Comil.
49
Tabela 1: Relatório de venda de 514 ônibus da Comil para o Qatar
Data Embarque
Tipo Ônibus
Quant. Emb. Valor Unit. (US$)
Valor Total (US$)
Data Pagamento
4/jul Urbano 165 $32.000,00 $5.280.000,00 2/set 18/jul Urbano 129 $32.000,00 $4.128.000,00 16/set 25/jul Urbano 105 $32.000,00 $3.360.000,00 23/set 1/out Urbano 15 $32.000,00 $480.000,00 30/nov 1/out Rodoviário 100 $55.000,00 $5.500.000,00 30/nov
Total 514 $18,274,800.00 Fonte: Autores com informações fornecidas pela empresa(2005)
A tabela acima demonstra as datas, valores e prazos da negociação de
venda feita para o cliente Mowasalaf, situado no Qatar. Esta negociação foi a
maior exportação realizada pela Comil até o momento, onde o cliente adquiriu
514 ônibus dos modelos urbano e rodoviário, totalizando um montante de US$
18,274,800.00.
A tabela a seguir demonstra mais detalhadamente como foi realizada toda
a operação.
Tabela 2: Especificação de datas e valores negociados de acordo com Tabela 1
Tipo Ônibus Quant. Emb.
Valor Unit. (US$)
Valor Total (US$) Data Neg.
Taxa Cambial Prev. Neg.
Urbano 165 $32.000,00 $5.280.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 129 $32.000,00 $4.128.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 105 $32.000,00 $3.360.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 15 $32.000,00 $480.000,00 15/dez R$ 2,80
Rodoviário 100 $55.000,00 $5.500.000,00 15/dez R$ 2,80
Total 514 $18.748.000,00
Continuação da tabela 2
Total Data Neg. Data ACC Taxa Cambial ACC Total Data ACC Dif. Taxa Cambial R$ 14.784.000,00 29/jun R$ 2,3541 R$ 12.429.648,00 -15,93% R$ 11.558.400,00 13/jul R$ 2,3474 R$ 9.690.067,20 -16,16% R$ 9.408.000,00 20/jul R$ 2,3514 R$ 7.900.704,00 -16,02% R$ 1.344.000,00 26/set R$ 2,2575 R$ 1.083.600,00 -19,38%
R$ 15.400.000,00 26/set R$ 2,2575 R$ 12.416.250,00 -19,38%
R$ 52.494.400,00 Total Geral R$ R$ 43.520,269,20 Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa (2005)
Como pode ser observado na tabela acima, a operação toda se inicia no
final do ano de 2004, quando o cliente formalizou a compra de 514 ônibus da
empresa Comil. Neste momento, o cálculo do preço de venda destes ônibus
com a margem de lucro esperado pela mesma foi baseado em taxa de câmbio
com o dólar em R$ 2,80. Desde o fechamento da negociação até a data do
50
primeiro embarque se passaram mais de seis meses, e as mudanças na taxa
de câmbio foram de números expressivos. ( ANEXO A )
Todos os embarques desta negociação foram realizados contratos de ACC,
em média 05 dias antes do embarque, devido a necessidade de caixa que a
empresa tinha para poder produzir a venda que havia sido efetuada, pois ela só
iria receber do importador 60 dias após o embarque.
No momento da negociação, a taxa de câmbio estava em R$ 2,80 e no
momento em que a empresa efetuou o primeiro carregamento de 165 ônibus
do modelo Urbano, na data de 04/07/2005, quando a empresa contratou o ACC
essa taxa estava em R$ 2,3541, com uma redução de 15,93% do valor
negociado. Já por aí, pode-se perceber que a empresa perdeu valores altos
com esta negociação. ( ANEXO B )
No segundo embarque, realizado no dia 18/07/2005, foram embarcados
129 ônibus do modelo Urbano, e foi contratado ACC na data de 13/07/2005, à
uma taxa de câmbio de R$2,3474, com uma redução de 16,16% do valor
negociado.
No dia 25/07/2005 foi realizado o terceiro embarque de 105 ônibus
urbanos, e o ACC foi contratado no dia 20/07/2005, à uma taxa de R$ 2,3514,
tendo com isso uma redução de 16,02%.
No quarto e último embarque, realizado no dia 01/10/2005, foram
embarcados 15 ônibus modelo Urbano e 100 ônibus modelo Rodoviário, à uma
taxa cambial de R$ 2, 2575, e uma redução de 19,38% com relação ao valor
negociado com o cliente.
Analisando a venda como um todo e a forma de negociação utilizada nesta,
percebe-se que o único tipo de mecanismo utilizado para tentar minimizar os
riscos com a variação cambial foram contratos de ACC. Com isso, a empresa
teve uma perda final média de 17,37% sobre o esperado que era de R$
52.494.400,00. Assim sendo, a empresa recebeu um valor total de R$
43.520.269,20, tendo um prejuízo de R$ 8.974.130,80.
O principal motivo para tantas perdas nesta negociação foram as
oscilações cambiais que aconteceram diariamente durante o decorrer do
processo. A seguir está um gráfico que demonstra o quanto o dólar oscilou
neste tempo.
51
Variação Taxa Ptax Dólar de 15/12/2004 à 15/11/2005
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
15/1
2/04
15/1
/05
15/2
/05
15/3
/05
15/4
/05
15/5
/05
15/6
/05
15/7
/05
15/8
/05
15/9
/05
15/1
0/05
Datas
Tax
a C
amb
ial
Figura 2: Gráfico de variação da taxa de câmbio de dezembro/2004 até novembro/2005 Fonte: Autores com base nos dados do Banco Central do Brasil
Conforme pode ser observado, durante o período em que ocorreu todo o
processo de negociação, desde a confirmação do pedido até a data atual, pois
o último negociado ainda não foi pago ao banco, a taxa cambial praticamente
só oscilou pra um dos lados, ou seja, para baixo, desvalorizando o Dólar e
valorizando o Real.
Essa desvalorização do dólar frente ao Real vem prejudicando inúmeras
empresas exportadoras, especialmente no último ano. Essa escalada do dólar
se deve principalmente à estratégia da política econômica adotada pelo
Governo Brasileiro, que procura atrair capital estrangeiro através de uma taxa
de juro que é a mais alta do mundo e está em 19% a.a., o que faz com que
hoje tenhamos sobra de dólares no mercado e um superávit de mais de R$ 39
bilhões de reais na balança comercial. Outro fator é a baixa do dólar no
mercado mundial, dada com a valorização do euro.
Por outro lado, com esta política restritiva de juros altos e valorização do
câmbio, acaba provocando estagnação na economia, pois apesar da inflação
permanecer baixa, o custo do dinheiro para quem quer investir é muito alto.
O gráfico à seguir também mostra mais especificamente a variação do Real
frente ao Dólar principalmente nas datas que tiveram alguma interferência na
negociação aqui analisada.
52
Variação Taxa PTAX nas datas de negociação
2,1992,2583
2,4656
2,35222,34822,3549
2,7508
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
15/1
2/20
04
29/6
/200
5
13/7
/200
5
20/7
/200
5
26/7
/200
5
26/9
/200
5
14/1
1/20
05
Datas
Ta
xa
ca
mb
ial
em
R$
Figura 3: Gráfico da variação da Taxa PTAX nas datas de negociação
Fonte: Autores com base nos dados do Banco Central do Brasil
Conforme pode ser observado no gráfico acima, pode-se considerar que,
ao final de toda a negociação, a empresa deixou de perder mais ainda. Como a
última negociação de ACC foi negociada no dia 26/09/2005, 05 dias antes da
mercadoria ser embarcada. Visto que o cliente irá pagar esta mercadoria 60
dias após o embarque, a taxa de câmbio atual está em R$2,199, e no
,momento da negociação do ACC estava em R$ 2,2575, pode-se considerar
que as perdas poderiam ter sido ainda maiores se a empresa não tivesse
negociado ACC.
Com tudo, pode-se constatar que o prejuízo que a empresa teve somente
com esta negociação, pode afetar de maneira negativa as suas possibilidades
de investimento e até mesmo de cumprir com suas obrigações. Levando em
conta que a empresa teve no ano que passou um montante de mais de 800
ônibus negociados para o exterior, e sabendo também que a taxa de câmbio
praticamente só caiu, pode-se concluir que estes prejuízos tenham sido
maiores.
53
Assim sendo, se analisarmos somente a negociação aqui destacada,
podemos considerar que a empresa poderia ter tido perdas ainda maiores se
não tivesse contratado ACC em todas elas. Como pode ser observado nos
gráficos e tabelas apresentadas, mesmo tendo prejuízos muito grandes, a
empresa poderia ter aumentado ainda mais seu prejuízo, visto que, se
considerarmos as datas de negociação dos ACCs comparadas com as datas
em que se iria receber do importador, em todas elas o valor recebido na data
do fechamento do ACC é maior que a data de recebimento do importador.
54
5 ANÁLISE DOS MECANISMOS DE PROTEÇÃO E FINANCIAMENTO
DISPONÍVEIS NO MERCADO
Neste capítulo será relatado como funciona todo o mercado de câmbio, sua
estrutura, seus interventores, corretores de cambiais e também as opções de
mecanismos de prevenção contra riscos cambiais e também possibilidades de
financiamento.
5.1 COMO FUNCIONA O MERCADO DE CÂMBIO
As operações de comércio exterior são operações comerciais efetuadas
entre países diferentes, implicando pagamentos ou recebimentos feitos em
moeda estrangeira, com isso nas transações com o exterior, o exportador
depara-se com a possibilidade de riscos cambiais, ou seja, uma mudança na
taxa de câmbio que pode afetar a quantia a ser recebida em reais. Desse
modo, a empresa Comil deve ficar atenta para os aspectos cambiais de uma
exportação.
5.1.1 Histórico do mercado cambial
Antes de se falar dos produtos propriamente ditos, tentaremos entender em
embasamentos teóricos e históricos o por quê das variações das taxas de
cambio entre as diferentes moedas usadas no comercio mundial. Em 1944, foi
realizada uma conferencia monetária pelas Nações Unidas, na cidade de
Bretton Woods, nos EUA, de onde resultou o Acordo de Bretton Woods, acordo
este que estabeleceu o FMI e definiu taxas de cambio fixas entre as moedas.
Porém, em 1976, o FMI revisou esta política e baseou as taxas de câmbio de
acordo com a oferta e demanda desta nos mercados internacionais. Estas
mudanças começaram a ter efeito em 1978, onde os países membros foram
encarregados de encorajar o crescimento econômico e a estabilidade da
moeda, o que resultou em um mercado de moedas voláteis e em constante
variação. Desde então, a volatilidade da taxa de cambio tornou-se um
importante elemento nas decisões de negociações para as empresas que
atuam no comercio internacional.
55
5.1.2 Operações de câmbio
Usualmente, as vendas ao exterior são cotadas em dólares, porém outras
moedas conversíveis, como o euro, o iene, a libra esterlina, também podem ser
utilizadas. Mas, como a empresa Comil está registrada e possui suas
atividades no Brasil, ela receberá o pagamento em reais.
Toda vez que é realizada uma transação comercial ou financeira com
residentes no exterior é necessária uma operação cambial, que consiste na
troca entre a moeda nacional e a estrangeira. As vendas ao exterior são
efetuadas por meio de Contrato de Câmbio entre o exportador – vendedor da
moeda estrangeira – e um banco autorizado a operar com câmbio – comprador
da moeda estrangeira.
Estas operações cambiais acontecem diariamente no mercado de câmbio,
e também as taxas de moedas conversíveis variam praticamente todos os dias
em relação ao Real. Este capítulo irá tratar diretamente das opções de
produtos ou serviços que o mercado oferece quanto a derivativos ou outros que
as empresas possam utilizar para prevenirem-se destas possíveis variações
cambiais. Para realizar o levantamento destes produtos, o grupo buscou junto à
instituições financeiras e corretoras de câmbio, quais estão sendo os
mecanismos mais utilizados e que vem dando melhores resultados e, alem
destes, quais são as outras opções oferecidas.
As empresas têm diferentes formas de lidar com esta incerteza imposta
pelas oscilações nas taxas de câmbio. A mais típica é usar os mercados
financeiros para proteger-se contra os riscos causados por estas variações.
Outra alternativa para as empresas é a escolha de ajustar seus preços para
cada mercado, seguindo as variações que o câmbio sofre.
Um outro modelo de proteção e que vem sendo muito utilizado nos últimos
tempos, é a empresa se utilizar de estratégias operacionais como hedge de
longo prazo contra as taxas de câmbio voláteis, que sem dúvida alguma é o
caso das taxas de câmbio praticadas no Brasil, que sofrem seguidas e
imprevisíveis variações no valor de sua moeda com relação as moedas
estrangeiras.
Operações de hedge são operações de proteção de preço realizadas nos
mercados de derivativos, por intermédio dos quais o exportador pode minimizar
os riscos de variação cambial adversa ou de uma flutuação não prevista das
56
taxas de juros, a que ele está normalmente exposto no seu cotidiano de
negócios.
Neste mercado, surge uma série de produtos chamados derivativos, cuja
aplicação é de fundamental importância para a construção de sistemas que
minimizem os riscos presentes quando há variação de preços.
5.1.3 Corretoras de Câmbio
Para que as operações anteriormente possam ser utilizadas pelas
empresas, elas tem que se valer dos serviços dos bancos ou de corretoras de
câmbio que possuam um título patrimonial da Bolsa.
Sabendo da possibilidade e necessidade de utilização de corretoras de
câmbio para poder negociar estas opções no mercado, o grupo buscou
informações junto à uma Corretora de Câmbio e à um Banco com uma forte
atuação junto ao Mercado de Câmbio.
O corretor de câmbio deve estar habilitado pelo Banco Central e
credenciado ao SISBACEN, pois é justamente ele que tem ao acesso ao
mesmo.
Existem dois tipos de Corretoras de Câmbio. A Corretora de Câmbio e a
Corretora de Valores e Câmbio. A primeira, basicamente só atua no mercado
de compra e venda de moeda estrangeira. Já as Corretoras de Valores e
Câmbio, são corretoras associadas à BM&F, detentora de um título patrimonial
da Bolsa e está credenciada para intermediar negócios de compra e venda de
contratos de derivativos (futuros, termo, opções ou swaps), que são
diariamente transacionados na BM&F. O exportador que busca proteger o valor
real da receita esperada com a comercialização externa de seus produtos,
poderá contratar uma corretora de câmbio com títulos da BM&F, que se
encarregará de operacionalizar a apropriada operação de hedge na Bolsa.
Operações de proteção do caixa da empresa - via swaps ou derivativos de
taxas de juros - também poderão ser realizadas na BM&F, com a
intermediação de uma corretora de mercadorias.
57
5.3 OPÇÕES DE HEDGE E DERIVATIVOS
A seguir serão apresentados e descritos as principais opções de hedge
existentes no mercado cambial. Como hedge, que significa cerca em inglês,
entendemos todos os mecanismos derivativos de contratos futuros e de opções
disponíveis para reduzir o risco de uma oscilação cambial.
Como esse mercado oferece inúmeras opções de produtos que poderiam
ser contratados pela empresa para se proteger de oscilações cambiais, o grupo
optou por descrever quatro deles, por entender que diante do cenário que a
empresa está inserida, são os que a mesma poderia se utilizar.
Dentro dos contratos futuros, analisou-se os mecanismos de Trava de
Câmbio, Swap e NDF ( Non Deliverable Forward) e nos contratos de opções
foram analisados os mecanismos de Call e Put.
5.3.1 Contratos Futuros
Como descritos na revisão de literatura, contratos futuros são instrumentos
negociados em Bolsa de Valores, segundo uma padronização de quantidade,
qualidade, data de vencimento e local de entrega. A forma padronizada facilita
a negociação, reduzindo as variáveis a serem consideradas no momento da
sua comercialização.
São utilizados, principalmente, para reduzir os riscos nas transações de
longo prazo. Para ilustrar a utilização de contratos futuros, suponha que um
determinado exportador esteja firmando um contrato a termo pelo período de
um ano. A redução significativa no risco da transação ocorre quando o
exportador compra um novo contrato futuro para cada mês do ano do contrato
a termo. Assim, ele tem uma base sólida para a formação do preço final de
venda, com a garantia de ter o que entregar, a um valor previamente conhecido
e sem necessidade de exigir o pagamento de um prêmio alto, reduzindo o
preço final pago pelo consumidor. É importante ressaltar que o propósito
principal desses contratos é exercer o papel de hedge financeiro nas
transações, ou seja, proteger a empresa das oscilações no preço do ativo, e
não de oferecer uma fonte de energia.
Estes contratos consistem na contratação de operações de câmbio para
recebimento de exportações com liquidação futura da moeda estrangeira e/ou
da moeda nacional. A taxa de câmbio é determinada por ocasião do
58
fechamento do contrato de câmbio, mas a entrega da moeda estrangeira e/ou
dos Reais ocorrerá em data futura.
A data para entrega dos reais pode ocorrer a qualquer momento, desde o
fechamento do contrato de câmbio até a data de liquidação da moeda
estrangeira, a critério do cliente, devendo ser definida quando do fechamento
do contrato de câmbio Contratação de operações de câmbio, com liquidação
futura da moeda estrangeira e/ou da moeda nacional. Ou seja, a taxa de
câmbio é determinada no fechamento do contrato de câmbio, mas a entrega da
moeda ocorrerá em uma data futura.
As operações de câmbio futuro são alternativas eficientes de hedge
cambial. Além disso, proporcionam um melhor gerenciamento do fluxo de caixa
das empresas, uma vez que elimina o risco de descasamento entre a PTAX
utilizada na liquidação do swap e a efetiva taxa de câmbio contratada para a
remessa dos recursos.
A seguir estão descritos as principais e mais utilizadas opções de contratos
futuros disponíveis no mercado.
5.3.1.1 Swaps cambiais
O Swap é um instrumento que proporciona a troca de rentabilidade entre
dois parâmetros distintos, atualizados pelas suas respectivas taxas ou índices.
A diferença (ajuste) entre os ativos e passivos atualizados é liquidada na data
de vencimento da operação, ou seja, não há troca de principal. Tem o objetivo
de proteger seu capital (prover hedge) contra variações na taxa cambial, de
juros e/ou índice de preços.
Na estrutura de hedge, um swap é contratado entre o Banco e o cliente.
Esse swap é registrado na CETIP e consiste em uma troca da variação de dois
indexadores sobre um valor inicial em reais. Os indexadores mais comuns são
taxa prefixada em reais, variação do dólar, mais um cupom e variação do CDI.
Podem utilizar este tipo de instrumento as empresas que tenham ativos ou
passivos atrelados a taxas de juros pré ou pós fixadas, taxas de câmbio ou
índices de preço, estando assim expostas a um resultado futuro incerto ou
59
indesejado e, que por conta disso, desejem efetuar a troca desses
indexadores.
Não há fluxo de caixa inicial. No vencimento, a diferença entre as curvas do
indexador ativo e do passivo resultam em um ajuste em reais a ser pago ou
recebido pelo cliente. Com isso, não há desembolso de caixa no inicio da
operação, apenas ajuste na liquidação.
A liquidação antecipada parcial ou total é possível, utilizando taxas de
mercado na data.
As principais vantagens para os que pretendem utilizar o swap, é que ele é
uma alternativa de hedge sem necessidade de caixa disponível e também tem
a possibilidade de compensar eventuais perdas na operação no balanço.
As tributações que incorrem sobre esta operação são:
• Em caso de ajuste positivo para o cliente, há incidência de 20% de IR na
fonte.. O referido IR na fonte é considerado mera antecipação do devido
na declaração de ajuste anual para pessoas jurídicas tributadas com
base no lucro real, presumido ou arbitrado e definitivo para as pessoas
físicas e optantes pelo Simples.
• Incidência de 4,65% de PIS/COFINS sobre os ajustes positivos para as
pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as demais pessoas
jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a 3,65%.
• Incidência de 0,38% de CPMF sobre valor investido.
Para que se possa compreender um pouco mais como funciona este
mecanismo, segue um exemplo:
- O exportador tem um ativo a receber decorrente de uma exportação no valor
de um milhão de dólares, vencendo em 60 dias e seu caixa está aplicado em
CDI. Utilizando um swap CDI x USD, o cliente pode eliminar o risco decorrente
da variação cambial no período.
5.3.1.2 NDF ( Non-deliverable forward)
Esta operação consiste na realização de um acordo entre o exportador e o
banco de compra ou venda de uma quantidade determinada de moeda
estrangeira em uma data futura, por uma taxa pré-definida. Não há desembolso
de caixa no início da operação e no vencimento a liquidação é realizada pela
60
diferença da taxa contratada na operação e a taxa da liquidação efetiva da
moeda.
O principal objetivo do NDF (Non-deliverable forward) é prover hedge para
variações da taxa R$/US$. O cliente compra ou vende uma quantidade
determinada de moeda estrangeira em uma data futura, por uma taxa pré-
fixada.
Não há desembolso no inicio da operação, e no vencimento, a liquidação é
realizada pela diferença da taxa negociada e a taxa da liquidação da moeda
(definida no início da operação).
O contrato de NDF é registrado na CETIP e não há a entrega física da
moeda.
Como principais vantagens pode-se citar:
• É ideal para a eliminação ou redução do impacto da variação da taxa
cambial sobre os resultados da empresa;
• Tem boa liquidez para antecipações totais ou parciais;
• Pode ocorrer a liquidação parcial ou total da operação antes do
vencimento, podendo ser feita a mercado;
• Possibilita ao exportador provisionar o seu fluxo de caixa referente à
essa operação.
A tributação que incide sobre este tipo de operação é a seguinte:
� IR de 20% sobre os ganhos líquidos, recolhido no mês seguinte ao do
vencimento (cliente pessoa jurídica com prejuízo no balanço fica
desobrigado do recolhimento de IR).
� Além da tributação acima (e dos respectivos reflexos na apuração do
resultado das pessoas jurídicas), haverá a incidência de 4,65% de
PIS/COFINS (3% de COFINS e 1,65% de PIS) sobre os ajustes
positivos, para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as
demais pessoas jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a 3%
(COFINS) e 0,65% (PIS).
� Há também a incidência de CPMF (0,38%) sobre o valor investido e as
liquidações deverão obrigatoriamente transitar pela conta corrente do
investidor.
61
5.3.2 Contratos de opções
A principal diferença entre os contratos futuros e os contratos de opções é
que estes conferem ao comprador um direito futuro, mas não uma obrigação.
Analogamente, o vendedor do contrato de opção tem uma obrigação futura,
caso a efetuação da opção seja solicitada pelo comprador.
Contratos de opções são ferramentas poderosas e devem ser utilizados
para uma variedade de proteções contra os riscos de mercado. Deve-se levar
em conta também que se tratam de ferramentas mais complexas e mais caras,
exatamente porque não há necessidade de se exercer o que foi negociado.
As Opções são instrumentos que garantem ao comprador, mediante o
pagamento de um prêmio, um direito futuro sobre um certo ativo, mas não uma
obrigação, e ao seu vendedor, uma obrigação futura, caso esta seja exercida
pelo comprador da Opção.
As Opções podem ser de Compra (também conhecidas como Call) ou de
Venda (conhecidas como Put). As Opções podem ser contratadas como
Opções Flexíveis, registradas na BM&F, ou como Swaps com opção de
arrependimento, registrados na CETIP. Ambas as formas produzem o mesmo
resultado financeiro.
5.3.2.1 Opção de Call (compra) e Put (venda)
O exportador ou investidor compra uma opção de compra (call) e vende
uma opção de venda (put), travando um preço para compra de dólares no
vencimento, como em um NDF (Non-Deliverable Forward). A liquidação é feita
em reais com base na PTAX.
Como o prêmio da call que o cliente compra é igual ao prêmio da put que
vende, o custo inicial se restringe ao CPMF, que incide sobre o prêmio pago
pelo cliente na compra da call.
No vencimento, como o strike da call e da put é o mesmo, ou o cliente
exerce a call ou é exercido na put, com resultado financeiro idêntico ao de um
Swap.
A grande vantagem é que o IR não é retido na fonte. É pago no balanço.
62
As principais características é que a call da estrutura é registrada na BM&F
e a put no Cetip (como um swap com cláusula de arrependimento).
O prazo mínimo é de 30 dias e a antecipação é possível, porém muito
onerosa pela incidência de IOF.
Para poder ter acesso a esse tipo de operação, o exportador está sujeito ao
limite de crédito exigido pelo banco que participa da negociação, sendo que
esse limite varia de acordo com prazo, volume e indexadores utilizados.
As principais vantagens para o exportador são:
• Eliminação do risco cambial para o exportador;
• O exportador não necessita de limite de crédito para efetuar a operação;
• O exportador pode escolher o strike conforme a estratégia da empresa;
• O exportador fixa o custo deste hedge no momento inicial, protegendo-
se contra uma variação cambial.
As operações com opções podem ser registradas na Cetip ou na BM&F,
sendo que a tributação ocorre de forma diferenciada entre as duas câmaras de
compensação. A tributação que incide sobre as operações de Call e de Put são
as seguintes:
� Operações feitas na BM&F: IR de 20% sobre os ganhos líquidos,
recolhido no mês seguinte ao do vencimento (pessoa jurídica com
prejuízo no balanço fica desobrigado do recolhimento de IR). IOF de
15% sobre o rendimento (resgate-prêmio) somente para compra de
opção. Exceção para calls com strike maior que o primeiro futuro de
dólar na BM&F, com limitador maior que o strike capitalizado a 0,05% ao
dia (ou sem limitador) e com prazo superior a 30 dias, liquidadas no
vencimento.
� Operações feitas na Cetip: Em caso de ajuste positivo para o
exportador, há a incidência de 20% de IR na fonte, como sendo
operação de swap. Existem exceções à incidência do IR. O referido IR
na fonte é considerado mera antecipação do devido na declaração de
ajuste anual para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real,
presumido ou arbitrado e definitivo para as pessoas físicas e optantes
pelo Simples.
� Poderá ocorrer a incidência de 4,65% de PIS/COFINS sobre os ajustes
positivos para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as
63
demais pessoas jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a
3,65%.
� Há também incidência de 0,38% de CPMF sobre o valor investido e as
liquidações deverão obrigatoriamente transitar pela conta corrente do
exportador.
5.4 FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES
Como o objetivo do grupo é buscar no mercado opções para melhorar os
resultados financeiros da empresa, o grupo também buscou saber quais são as
opções de financiamentos oferecidos pelo governo para promover as
exportações.
Com todas as dificuldades encontradas por toda a cadeia produtiva em
geral e também pela empresa Comil, nada melhor do que poder se utilizar dos
incentivos oferecidos pelo governo para aumentar as exportações e financiar o
processo produtivo. O principal propósito dos financiamentos às exportações é
tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. Se a
empresa tem um produto de boa qualidade, semelhante aos melhores do
mundo, e não consegue ser competitivo, uma das razões pode estar no
financiamento. Muitas vezes, a decisão de compra de um bem ou serviço, pode
ser determinada pelas condições de pagamento.
O financiamento à exportação pode ser concedido na fase de produção da
mercadoria, é o chamado crédito pré-embarque ou após o embarque da
mercadoria, chamado pós-embarque. Quanto ao beneficiário do crédito
(tomador), a exportação, financiada com recursos de agentes financeiros, pode
ser classificada em: Suppliers Credit (Crédito ao Fornecedor) ou Buyers Credit
(Crédito ao Comprador). O financiamento Suppliers Credit, na prática, é um
refinanciamento, pois o vendedor, utilizando o crédito que recebe, financia o
comprador. O Buyers Credit é um financiamento, onde o crédito é fornecido
diretamente ao importador. Ao vender sua mercadoria, o exportador fica
aguardando o pagamento, ao longo do prazo pactuado ou, então, pode receber
à vista do agente financiador e este se torna credor do importador. São
consideradas exportações financiadas aquelas com prazos de pagamento
64
superiores a 180 dias. O prazo de pagamento da exportação de bens
compreende, na maioria das vezes, o espaço de tempo entre a data de
embarque da mercadoria e a data de vencimento da última parcela do
pagamento.
Nas exportações financiadas, os exportadores e os agentes financeiros
devem obter, da parte dos importadores, garantias que assegurem a entrada
no país do valor em moeda estrangeira da exportação e dos encargos
incidentes no financiamento.
Toda exportação financiada acarreta cobrança de juros. Usualmente os
juros são cobrados com base na taxa Libor (taxa interbancária de Londres). A
amortização da exportação financiada se dá pelo pagamento do principal e dos
juros em parcelas iguais e consecutivas, sempre com a mesma periodicidade.
A carência (vencimento da primeira parcela), geralmente, é limitada a 180
dias a partir da data de embarque do produto.
Para ter sucesso no concorrido mercado internacional, os exportadores se
valem de sistemas de financiamento às exportações que tornam as condições
financeiras para a compra de seus produtos e serviços mais atrativas. Muitas
vezes, a decisão de compra pode ser determinada pelas condições creditícias
da operação, tendo em vista a similaridade das ofertas apresentadas quanto
aos demais aspectos.
Os governos, atentos a esta realidade, e cientes da importância do
comércio exterior, desenvolvem seus próprios sistemas de apoio creditício às
exportações. Os sistemas governamentais (ou semi-governamentais) de
financiamento e seguro são denominados genericamente de Export Credit
Agencies (ECAs), ou Agências de Crédito às Exportações. Alguns exemplos
são o Eximbank estadunidense, o ECGD inglês, a COFACE francesa e a
Hermes alemã.
Atualmente observa-se, principalmente nos países desenvolvidos, maior
participação do setor privado nas operações de financiamento às exportações.
Isto tem permitido a alguns países a substituição de parte da oferta de
financiamento das ECAs pela oferta de seguros por aquelas agências.
Em uma operação de financiamento à exportação o crédito pode ser
concedido na fase de produção da mercadoria, denominando-se crédito pré-
embarque (ou financiamento à produção exportável). Se, por outro lado, o
65
crédito se der na fase de comercialização da mercadoria, estaremos falando de
crédito pós-embarque.
A distinção entre crédito pré e pós-embarque se faz necessária devido a
uma série de fatores. Entre eles cabe destacar que, após o embarque da
mercadoria, a confiança do financiador ou segurador é muito maior do que na
fase de produção. Isto tem reflexos na decisão sobre a concessão ou não do
crédito, na taxa de juros a ser aplicada, no prazo a ser concedido para
pagamento, etc.
Outra distinção que precisa ser feita diz respeito a quem é o beneficiário do
crédito. Quando o crédito é destinado ao fornecedor da mercadoria, usa-se o
termo supplier’s credit, o qual, embora não usado normalmente em português,
poderia ser traduzido simplesmente como crédito ao fornecedor. O
financiamento supplier’s credit, na verdade, é um refinanciamento, pois o
vendedor, utilizando o financiamento que recebe, financia o comprador. Diz-se
então que o vendedor está sendo refinanciado. Já se o crédito é fornecido
diretamente ao importador, utiliza-se a denominação buyer’s credit, que
significa crédito ao comprador.
À primeira vista pode não parecer importante saber se o crédito foi dado ao
vendedor ou ao comprador de determinada mercadoria ou serviço. No entanto,
imagine que se trata de uma exportação de Botswana para a Alemanha. Muito
provavelmente, no caso do crédito ser concedido ao vendedor em Botswana
(supplier’s credit), a taxa de juros será elevada e o prazo encurtado, sempre
visando à diminuição de custos e riscos por parte do financiador ou segurador.
Já se crédito for dado ao importador alemão (buyer’s credit), é bastante
provável que os juros e o prazo oferecidos possam ser mais atraentes.
O financiamento à exportação funciona de modo semelhante a qualquer
financiamento no mercado interno, observadas suas características próprias. O
exportador embarca a mercadoria e fica aguardando o ingresso paulatino da
divisa, ao longo do prazo pactuado ou, então, recebe à vista do agente
financiador e este se torna credor do importador.
Em consonância com a praxe internacional, no Brasil são consideradas
exportações financiadas aquelas cujos prazos de pagamento são superiores a
180 (cento e oitenta) dias.
66
A conceituação adequada do prazo de pagamento da exportação é
importante para diversos mecanismos de financiamento de exportação. O
prazo de pagamento da exportação de bens compreende, na maioria das
vezes, o espaço de tempo entre a data de embarque da mercadoria e a data de
vencimento da última parcela do principal.
Nas exportações financiadas, os exportadores e os agentes financeiros
devem obter, da parte dos importadores, garantias que assegurem o
tempestivo ingresso no País do valor em moeda estrangeira da exportação e
dos encargos incidentes no financiamento.
Como existem vários tipos de financiamento, tanto pré-embarque quanto pós-
embarque, a seguir será feita um explanação dos tipos mais utilizados no
mercado.
5.4.1 Adiantamento sobre contrato de câmbio – ACC
As operações de ACC e ACE são as modalidades de financiamento ao
exportador brasileiro mais conhecidas entre os profissionais que atuam nas
áreas de câmbio e comércio exterior, e representam os maiores volumes de
negócios do mercado brasileiro, e também, até o momento, é o único tipo de
operação de financiamento realizado pela empresa.
As duas operações tendem a reduzir os custos financeiros para o
exportador brasileiro. O adiantamento possibilita competitividade negocial junto
ao importador estrangeiro, na medida em que concede melhores prazos e
reduz custos, em condições compatíveis com as praticadas pelo mercado
internacional.
O baixo custo de captação representa um diferencial dos adiantamentos e
um dos principais fatores de estímulo à busca desses mecanismos pelo
exportador. Outra vantagem é que a alíquota de IOF é reduzida a zero.
Para solicitar o adiantamento, o exportador se dirige a uma instituição
autorizada a operar em câmbio. Na maior parte das vezes essas operações
são feitas de forma casada, com o exportador solicitando de uma só vez o ACC
e o futuro ACE. Isto não impede, entretanto, que as operações sejam
solicitadas cada uma a seu tempo.
67
A diferença do ACC em relação às demais opções de financiamento é que,
além do pagamento, o exportador tem que comprovar que exportou o valor
demandado. Tal comprovação se dá por meio da vinculação de Registros de
Exportação – RE ao Contrato de Câmbio celebrado previamente. Caso isso
não ocorra, o exportador arcará com cobrança de Imposto sobre Operações
Financeiras – IOF, da diferença entre a taxa de juros pactuados e a taxa SELIC
(Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, do Banco Central do Brasil –
BACEN), de juros de mora e outros custos previstos no contrato.
O assunto é regulamentado pelo BACEN, sendo que qualquer empresa
exportadora direta ou indireta pode se beneficiar do ACC, estando
contemplados, portanto, as trading companies, as cooperativas e até mesmo
os consórcios. Todo produto exportável pode ser amparado pelo ACC, desde
que não haja regulamentação específica do BACEN proibindo ou gerando
qualquer tipo de limitação.
Pode também ser objeto de amparo a exportação indireta, prevista pela Lei
nº 9.529, de 10 de dezembro de 1997. Exportação indireta é a venda, pelo
próprio fabricante, de insumos que integrem o processo industrial
(transformação, montagem, beneficiamento, renovação e acondicionamento)
de bens destinados à exportação. A empresa exportadora final, adquirente dos
referidos insumos, deve apor aceite no título representativo da venda e declarar
no verso deste, juntamente com o fabricante, que os insumos serão utilizados
em quaisquer dos processos referidos.
O prazo de pagamento do ACC pode alcançar 360 dias. Porém, tendo em
conta a liberdade de atuação dentro das normas estabelecidas, os prazos
negociados com os bancos podem ser menores, dependendo de vários fatores,
tais como o ciclo produtivo do bem em questão e o risco da operação.
O risco da operação é calculado levando-se em conta o exportador, o
importador e seu respectivo país e o prazo de embarque, bem como a
modalidade e o prazo de pagamento.
Os custos do ACC, cobrados sob a forma de juros, normalmente no
momento da liquidação do contrato de câmbio, são arbitrados a partir da taxa
LIBOR (London Interbank Offered Rate).
68
5.2.2 BNDES Exim Pré-Embarque
Trata-se de financiamento à produção de bens para exportação, mediante
abertura de crédito fixo, em operações realizadas por meio de instituições
financeiras credenciadas.
O BNDES pode financiar a produção de até 100% do valor da exportação e
o prazo de pagamento é de até 30 meses, incluída a carência, de acordo com o
ciclo de produção.
São diversos os tipos de instituições que podem requerer este
financiamento. Tais como: pessoas jurídicas constituídas pelas leis brasileiras,
que tenham sede e administração no Brasil, incluindo trading companies e
empresas comerciais exportadoras, que se enquadrem em um dos itens
abaixo:
• micro, pequenas e médias empresas (empresas com faturamento anual
até R$ 60 milhões);
• grandes empresas com faturamento anual até 100 milhões;
• grandes empresas do setor de bens de capital exclusivamente em
operações vinculadas a financiamento no Programa Pós-Embarque;
Como qualquer outra operação de financiamento, esta operação também
tem seus custos. Todos os custos relacionados à uma operação de BNDES –
Exim constam a seguir.
A taxa de juros cobrada equivale ao custo financeiro adicionado ao spread
básico e ao spread do agente:
a)Custo Financeiro
• micro, pequenas e médias empresas: variação do dólar norte–americano
acrescida da LIBOR ou TJLP, a critério do cliente;
• grandes empresas: TJLP + mínimo de 20% da colaboração financeira em
Cesta de Moedas; ou Libor + mínimo de 20% da colaboração financeira em
Cesta de Moedas.
b) Spread Básico:
• 1% para operações com MPME’s;
69
• 2% para operações com grandes empresas do segmento de bens de capital,
cujos principais produtos, objeto do financiamento, sejam classificados sob a
NCM 73 e 82 a 90; � 2,5% para as demais empresas apoiáveis.
c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da
operação e o cliente. No caso de operação garantida pelo FGPC (conhecido
como Fundo de Aval), de até 4% a.a.;
d) Outros Encargos: o BNDES poderá estabelecer outros encargos
financeiros, a seu exclusivo critério.
Se houver interesse por parte do contratante do financiamento, este poderá
estabelecer garantias para a negociação. Estas garantias são negociadas entre
a instituição financeira credenciada pelo BNDES e o contratante. Micro,
pequenas e médias empresas poderão solicitar garantia pelo Fundo de
Garantia para a Promoção da Competitividade - FGPC.
Os interessados em obter o financiamento deverão dirigir-se à instituição
credenciada de sua preferência para negociar a operação. São credenciadas
pelo BNDES mais de 170 instituições financeiras, entre bancos comerciais,
bancos múltiplos, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento e
financeiras.
5.2.3 BNDES Exim Pré – Embarque Especial
É um tipo de financiamento ao exportador para financiar parte dos recursos
necessários à produção de bens a serem exportados, sem vinculação a
embarques específicos. É concedido por meio de instituições financeiras
credenciadas, mediante a abertura de crédito fixo.
A parcela financiada pelo BNDES levará em conta o acréscimo estimado
das exportações em relação aos 12 meses anteriores.
O prazo é de até 12 meses, podendo ser estendido para 30 meses, em
determinados casos.
70
Podem contratar esse tipo de financiamento as empresas de qualquer porte
(pessoas jurídicas constituídas pelas leis brasileiras, que tenham sede e
administração no Brasil), exportadoras de bens, excluídas trading companies e
empresas comerciais exportadoras.
A taxa de juros cobrada equivale ao custo financeiro adicionado ao spread
básico e ao spread do agente:
a) Custo Financeiro:
• micro, pequenas ou médias empresas e grandes empresas com receita
operacional bruta anual ou anualizada de até R$ 100 milhões: variação do
dólar norte–americano acrescida da LIBOR ou TJLP, a critério do cliente;
• empresas de grande porte com receita operacional bruta anual ou anualizada
acima de R$ 100 milhões: TJLP e Cesta de Moedas do BNDES ou LIBOR e
Cesta de Moedas do BNDES. A utilização da Cesta de Moedas do BNDES
será definida em função do valor da operação.
b) Spread Básico: 20% ao ano, podendo ser reduzido de acordo com o
porte do cliente e o percentual de realização do incremento de
exportação, conforme abaixo:
• sobre a parcela do saldo devedor de principal correspondente ao
incremento de exportação realizado:
• 1,0% a.a., para as operações de micro, pequenas ou médias
empresas;
• mínimo de 2,5% a.a., para as operações de grandes empresas do
setor de bens de capital, cujos principais produtos objeto do
financiamento sejam classificados sob a NCM 73 e 82 a 90; e
• mínimo de 3,0% a.a., para as operações de grandes empresas
atuantes nos demais segmentos.
• sobre a parcela do saldo devedor de principal correspondente ao incremento
de exportação não realizado.
c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da
operação e o cliente. No caso de operação garantida pelo FGPC (conhecido
como Fundo de Aval do BNDES), de até 4% a.a.;
71
d) Outros Encargos: o BNDES poderá estabelecer outros encargos
financeiros, a seu exclusivo critério.
O interessado deve dirigir-se à instituição credenciada de sua preferência
para negociar a operação.
5.2.4 BNDES Exim Pós-Embarque
É o financiamento que se destina a custear a comercialização externa dos
bens e serviços exportáveis.
A dilatação do prazo de pagamento propicia facilidade aos importadores
dos produtos e aumenta a competitividade. Muitas vezes, principalmente nos
casos de concorrência, a oferta de financiamento para a comercialização
externa representa o diferencial necessário para a realização do negócio.
É comum os importadores de produtos manufaturados brasileiros serem
extremamente dependentes de condições mais favoráveis de pagamento, em
especial os localizados em países em desenvolvimento.
O financiamento propicia condições ao adquirente de utilizar o próprio bem
ou serviço comprado para gerar receita que será utilizada em seu pagamento.
É um refinanciamento à exportação de bens e serviços, na fase pós-
embarque. O BNDES concede financiamento de até 100% do valor exportado,
e o prazo de pagamento é de até 12 anos.
Empresas de qualquer porte (pessoas jurídicas constituídas pelas leis
brasileiras, que tenham sede e administração no Brasil), exportadoras de bens
e/ou serviços, incluindo trading companies e empresas comerciais
exportadoras.
A taxa de desconto cobrada equivale ao custo financeiro adicionado do
spread básico e do spread do agente (em operações indiretas), ou do spread
de risco (operações diretas)
a) Custo Financeiro: LIBOR vigente na data de embarque, correspondente ao
prazo do financiamento;
b) Spread Básico: definido em função das características da operação;
c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da
operação e o cliente.
72
d) Outros Encargos: (estabelecidos em função das características da
operação):
• comissão de administração (do banco mandatário) de até 1% flat sobre
o valor descontado;
• comissão de compromisso de até 0,5% ao ano, incidindo sobre os
valores que serão comprometidos pelo Banco, pela emissão do
Certificado de Compromisso, ou na hipótese de o cronograma de
liberação da operação ser superior a 12(doze) meses;
5.2.5 Adiantamento sobre cambiais entregues - ACE
Como já dissemos, as operações de ACE, juntamente às de ACC,
representam os maiores volumes de negócios do mercado brasileiro de crédito
às exportações.
O ACE é um adiantamento feito por uma instituição financeira ao
exportador, tendo em vista o efetivo embarque de mercadorias exportadas.
Reduz os custos financeiros para o exportador brasileiro, possibilitando
competitividade negocial junto ao importador estrangeiro, na medida em que
concede melhores prazos e reduz custos, em condições compatíveis com as
praticadas pelo mercado internacional.
Para solicitar o adiantamento, o exportador se dirige a uma instituição
autorizada a operar em câmbio. Nesta fase, além do contrato de câmbio como
lastro da operação, já existem os documentos representativos da venda, entre
os quais a Letra de Câmbio ou Saque. O ACE, numa comparação com o
mercado interno, assemelha-se a um desconto de duplicata mercantil.
O baixo custo de captação representa um diferencial dos adiantamentos e
um dos principais fatores de estímulo à busca desse mecanismo pelo
exportador.
Valem para o ACE as mesmas vantagens elencadas para o ACC. A origem
dos recursos é a mesma, e repetem-se as regras para exportadores e produtos
amparados. Da mesma forma, as penalidades aplicáveis para as operações
inadimplentes de ACE são as mesmas do ACC.
73
A análise de risco e a definição dos juros cobrados são semelhantes às do
ACC, com tendência de redução dos custos, uma vez que já ocorreu o
embarque da mercadoria e a conseqüente entrega dos documentos
representativos. Os tipos de garantias e respectivos níveis exigíveis para o
ACE também são similares aos do ACC, sem perder de vista que o saque de
exportação emitido contra o importador atenua a exigência de garantias
complementares.
Durante muitos anos, os prazos máximos tanto para ACC quanto para ACE
foram de 180 dias. A partir de 18/08/99, o ACC passou a poder ser fechado até
360 dias antes do embarque. Já o ACE manteve seu prazo máximo em 180
dias, limitado ao prazo de pagamento dos saques de exportação.
Na maior parte das vezes essas operações são feitas de forma casada,
com o exportador solicitando de uma só vez o ACC e o futuro ACE. Isto não
impede, entretanto, que as operações sejam solicitadas cada uma a seu
tempo. Portanto, pode haver contratação de ACE independentemente de ter
sido negociado anteriormente um ACC.
5.2.6 Proex – Programa de Financiamento às Exportações
O PROEX foi criado pelo Governo Federal em 1991, com o objetivo de
proporcionar às exportações brasileiras condições de financiamento
equivalentes às do mercado internacional. Ao longo dos anos o PROEX se
firmou como uma das principais fontes de financiamento do comércio exterior
brasileiro.
O Programa apóia a exportação de bens, assim como a de serviços, como,
por exemplo, serviços de engenharia.
Os recursos do PROEX provêm do Tesouro Nacional, e são previstos
anualmente no Orçamento Geral da União. O Programa opera por meio das
modalidades de Financiamento e de Equalização de Taxas de Juros. Em
qualquer das modalidades o exportador recebe, à vista, o valor da exportação.
Diferentemente do BNDES-Exim, o PROEX só está disponível na fase Pós-
Embarque.
74
O PROEX é operacionalizado pelo Banco do Brasil S.A., na qualidade de
Agente Financeiro da União.
O enquadramento de uma operação no PROEX é solicitado por meio do
preenchimento do Registro de Operação de Crédito – RC no Sistema Integrado
de Comércio Exterior - Siscomex. Previamente, pode ser demandada carta de
credenciamento junto ao Banco do Brasil S.A., válida para que o exportador
confirme ao importador que dispõe de financiamento, principalmente nos casos
de participação em concorrência internacional.
Os prazos de pagamento de financiamento ou de equalização de taxas de
juros variam de 2 meses a 10 anos, conforme indicado para cada produto
relacionado no Anexo à Portaria MDIC nº 374, citada anteriormente.
As exportações podem ser realizadas individualmente ou em “pacote”.
Entende-se por “pacote” de exportação a venda, numa única transação, de
produtos de natureza conexa, porém com prazos de pagamento distintos.
O prazo de pagamento do “pacote” de exportação é ditado pela mercadoria
ou conjunto de mercadorias de maior prazo, quando o valor a um deles
atribuído representa parcela igual ou superior a 60% do valor da exportação.
Para os demais casos, prevalece a média ponderada dos prazos, em função do
valor de cada mercadoria.
O PROEX não financia nem paga equalização de taxas de juros sobre valor
de comissão de agente.
75
6 ANÁLISE E PROPOSTA PARA OPERAÇÕES FUTURAS
Este capítulo irá tratar diretamente da proposta que dentro da análise feita
melhor se enquadra nas necessidades da empresa. Nesta análise, destacou-se
a opção da empresa em realizar as negociações utilizando-se do mecanismo
de Trava de Câmbio, que é objeto de estudo deste capítulo.
Neste mecanismo, o exportador tem a opção de contratar por antecipação,
isto é, antes de embarcar a mercadoria, fixando a taxa cambial que vai
prevalecer para a operação.
Se o exportador obtiver do banco com o qual contratou o câmbio um ACC,
poderá utilizá-lo no seu capital de giro normal ou mesmo em aplicações
financeiras, cuja receita compense a perda cambial que pode ocorrer durante a
operação.
Porém, há outro tipo de operação que poderá ser mais vantajosa. Trata-se
do câmbio travado, que funciona da seguinte forma: o exportador fecha o
câmbio com o banco antes de embarcar a mercadoria, mas não recebe em
troca o valor equivalente em reais. Em vez disso, venderá ao banco para
liquidação futura os dólares oriundos da exportação.
Em outras palavras, como normalmente o exportador pede o adiantamento
para financiar seu giro, caso ele dispense os recursos financeiros do ACC, o
banco poderá pagar-lhe um prêmio pela não utilização.
No momento em que se faz a trava, fixa-se a taxa de conversão da moeda
estrangeira, que significa que o exportador perderá a correção cambial do
período. Porém se as taxas pagas pelo banco são superiores à desvalorização
cambial ou às taxas de aplicação financeira durante o mesmo período, será
mais vantajoso para o exportador fechar o câmbio e travar o recebimento dos
reais para um a data futura, recebendo do banco um prêmio pela operação,
prêmio este que é, inclusive, isento do Imposto de Renda.
Eventualmente a trava poderia fixar-se em algum indexador para correção
do prêmio. A empresa teria então uma trava pós-fixada, tendo como indexador,
por exemplo, a própria correção cambial.
Os bancos, ao comprarem o câmbio para liquidação futura, utilizam-se de
duas linhas externas de pré-financiamento de exportação, vendendo as divisas
para o mercado pronto, ou seja, para a entrega em 48 horas úteis, a um outro
banco.
76
6.1 SIMULAÇÕES DA NEGOCIAÇÃO REALIZADA
Como um dos objetivos do trabalho é analisar as opções do mercado sobre
mecanismos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais, a seguir será
apresentado algumas simulações da negociação que foi relatada no capítulo 4.
As simulações que seguem relatam o caso prático da Comil com
comparações e análises feitas se a empresa tivesse optado por realizar a
negociação com Trava de Câmbio.
Num primeiro momento, será apresentada a negociação da forma que a
empresa previu se não tivesse ocorrido nenhuma variação cambial.
Tabela 3: Negociação com valores previstos pela empresa
Negociação Prevista
Tipo Ônibus Valor Total
(USD) Data Neg. Taxa Cambial Prev.
Neg. Total Data Neg. Urbano $5.280.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 14.784.000,00 Urbano $4.128.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 11.558.400,00 Urbano $3.360.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 9.408.000,00 Urbano $480.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 1.344.000,00
Rodoviário $5.500.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 15.400.000,00
Total Geral: $18.748.000,00 Total Geral R$ R$ 52.494.400,00 Fonte: Autores com base nos dados fornecidos pela empresa Comil (2005)
A tabela anterior demonstra claramente a percepção da empresa no momento
em que foi fechada a negociação com o cliente. Quando a empresa estipulou
seu preço de venda para o exterior, a taxa de câmbio que ela usou como base
para este preço foi de R$ 2,80, ou seja, ela esperava receber no momento em
que fechasse o câmbio o valor acima mencionado por dólar. Com isto, ela teria
um faturamento total de R$ 52.494.400,00, e teria também a sua margem de
lucro estipulada.
A próxima tabela demonstra essa negociação com uma simulação feita se
a empresa tivesse contratado uma negociação utilizando-se do mecanismo de
Trava de Câmbio.
77
Tabela 4: Simulação da operação realizada com Trava de Câmbio
Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)
Na tabela anterior, o grupo fez uma simulação de como teria sido está
negociação se caso a empresa tivesse optado por realizar um Trava de
Câmbio, que na data em que foi fechada a venda, o dólar estava em R$ 2,75.
Como pode-se observar, e também com base na tabela 3, quando a
empresa fechou o negócio, ela previa receber o dólar a R$ 2,80, sendo que a
taxa do dia estava em R$ 2,75. Assim sendo, se ela tivesse travado o câmbio
com a taxa do dia, ainda assim teria uma oscilação do previsto de -1,79%, e
deixado de receber R$ 937.400,00.
Mesmo o grupo não tendo dados do percentual de lucro calculado sobre o
preço de venda, acredita-se que a mesma não teria tido prejuízo com a
negociação se utilizasse a Trava de Câmbio nesta.
Na próxima tabela está demonstrado a simulação da negociação com
fechamento do câmbio na data do ACC.
Negociação simulada com Câmbio Travado
Tipo
Ônibus Valor Total
(USD) Data Trava
Taxa TRAVADA Total Data Trava
Prev x Trava
Dif. Prev. X Trava
Urbano $5.280.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 14.520.000,00 -1,79% -R$ 264.000,00
Urbano $4.128.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 11.352.000,00 -1,79% -R$ 206.400,00
Urbano $3.360.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 9.240.000,00 -1,79% -R$ 168.000,00
Urbano $480.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 1.320.000,00 -1,79% -R$ 24.000,00
Rodov. $5.500.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 15.125.000,00 -1,79% -R$ 275.000,00
Total $18.748.000,00 Total R$ 51.557.000,00 -R$ 937.400,00
78
Tabela 5: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do ACC
Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)
A simulação anterior mostra o resultado que a empresa teve fechando o
câmbio das datas mencionadas do ACC, assim como a diferença em
percentual com relação se a mesma tivesse travado o câmbio conforme
previsto na tabela 4.
Na tabela a seguir será demonstrado a simulação da negociação com
fechamento do câmbio na data do pagamento.
Tabela 6: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do pagamento
Negociação com Ptax Data Pagamento
Tipo Ônibus
Valor Total (USD)
Data Pag.
Taxa Cambial
Pag. Total Venc. Pag x Trava Dif. Pag.. X Trava
Urbano $5.280.000,00 2/set R$ 2,34 $12.370.512,00 -14,80% -R$ 2.149.488,00 Urbano $4.128.000,00 16/set R$ 2,29 $9.468.393,60 -16,59% -R$ 1.883.606,40 Urbano $3.360.000,00 23/set R$ 2,27 $7.621.152,00 -17,52% -R$ 1.618.848,00 Urbano $480.000,00 30/nov R$ 2,22 $1.064.976,00 -19,32% -R$ 255.024,00 Rodov $5.500.000,00 30/nov R$ 2,22 $12.202.850,00 -19,32% -R$ 2.922.150,00
Total $18.748.000,00 Total R$ 42.727.883,6 -R$ 8.829.116,40
Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)
A simulação acima mostra o resultado que a empresa teria fechando o
câmbio das datas mencionadas do pagamento, assim como a diferença em
percentual com relação se a mesma tivesse travado o câmbio conforme
previsto na tabela 4.
A taxa cambial na data de pagamento de 30 de novembro, é fictícia,
estipulada de acordo com a previsão do mercado financeiro.
Negociação com Dólar Ptax Data ACC (REAL COMIL)
Tipo Ônibus
Valor Total (USD)
Data ACC
Taxa Cambial
ACC Total Data ACC ACC x Trava Dif. ACC. X Trava
Urbano $5.280.000,00 29/jun R$ 2,35 R$ 12.429.648,00 -14,40% -R$ 2.090.352,00 Urbano $4.128.000,00 13/jul R$ 2,35 R$ 9.690.067,20 -14,64% -R$ 1.661.932,80 Urbano $3.360.000,00 20/jul R$ 2,35 R$ 7.900.704,00 -14,49% -R$ 1.339.296,00 Urbano $480.000,00 26/set R$ 2,26 R$ 1.083.600,00 -17,91% -R$ 236.400,00 Rodov. $5.500.000,00 26/set R$ 2,26 R$ 12.416.250,00 -17,91% -R$ 2.708.750,00
Total $18.748.000,00 Total R$ 43.520.269,20 -R$ 8.036.730,80
79
Com as análises apresentadas anteriormente, podemos concluir que a
opção de travar o câmbio na data da negociação com a taxa do dia que estava
em R$ 2,75, torna-se atraente para a empresa, visto que a mesma ficou
exposta as variações cambiais que ocorreram no período. Com isto a empresa
teria deixado de receber R$ 937.400,00. comparado com o preço previsto na
negociação, onde a taxa era R$ 2,80.
Assim sendo, utilizando-se deste mecanismo, pode-se deixar de ganhar
ainda mais, mas em casos como o apresentado, a Trava de Câmbio teria sido
uma ótima opção, pois a empresa não teria ficado exposta as possíveis
oscilações cambiais.
80
CONCLUSÃO
Estar atento às mudanças econômicas no mundo determina o grau de
sucesso de uma empresa, onde os vencedores de ontem não garantem mais
seu sucesso no amanhã.
Neste mercado cada vez mais competitivo, heterogêneo e fragmentado, a
análise contínua do ambiente em que a empresa atua em relação ao ambiente
global é de fundamental importância para a identificação da real necessidade
financeira da mesma.
As opções que o mercado cambial disponibiliza às empresas que negociam
seus produtos no exterior e recebem seus pagamentos em outra moeda, surge
como uma das ferramentas mais utilizadas por estas quando o assunto é
mecanismos que possam auxiliá-las na prevenção das possíveis oscilações
que venham a ocorrer na taxa de câmbio.
A análise da operação de venda realizada pela empresa para o cliente do
Qatar, possibilitou que se atingisse o primeiro dos objetivos que era
exatamente analisar uma operação e a forma como foi procedido quando do
fechamento do câmbio.
Outro objetivo proposto foi o de identificar e descrever os principais
mecanismos oferecidos pelo mercado para as empresas se prevenirem do
risco de possíveis variações cambiais, objetivo este que foi atingido com a
análise feita no capítulo 5.
Com a análise feita no capítulo 5 e posteriormente no capítulo 6, atingiu-se
o terceiro objetivo proposto que era de se analisar as opções oferecidas e
adapta-las à necessidade da empresa.
Com esta análise, conseguiu-se enfim atingir o principal objetivo que era o
de sugerir à empresa, entre os mecanismos disponibilizados, o que melhor se
adequaria à ela, que é utilizar a Trava de Câmbio nas suas operações futuras.
Para nós acadêmicos, o estudo mais aprofundado deste assunto foi de
fundamental importância para a nossa formação, pois possibilitou a aquisição
de importantes conhecimentos para aplicarmos na nossa profissão de
administradores, frente ao concorrido mercado de trabalho.
É pertinente salientar ainda que, todos os obstáculos encontrados durante
esta trajetória transformaram-se em desafios a serem vencidos. O maior de
81
todos eles, sem dúvida, foi o pouco conhecimento que o grupo possuía sobre o
assunto quando iniciou a realização do estágio. Outra dificuldade encontrada
foi a falta de empresas especializadas na área de câmbio em nossa cidade, o
que fez com que o grupo tivesse que se deslocar à um grande centro para
conseguir ter acesso a estas informações.
Finalizando, a equipe considera-se satisfeita, pois durante a realização do
estágio conseguiu atingir os objetivos que foram propostos, estudando como a
empresa realiza atualmente suas negociações com câmbio e buscando
alternativas para que a mesma reduza os riscos de perdas com a variação
cambial, conseguindo com isso entender realmente como funciona o mercado
cambial e as interfaces que o envolvem.
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DORNIER , Philippe Pierre. [et al.] Logística e Operações Globais, Texto e
Casos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 16 ed. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2005.
GAROFALO FILHO, Emilio. Dicionário de Comércio Exterior e Câmbio. 6.
ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
LABATUT, Ênio Neves. Política de Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1994.
NICOLETTI, Antonio Maximiano. Conhecimentos Elementares de Comércio
Exterior e Câmbio. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1995.
RATTI,Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 10. ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2001.
ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 9 ed. São Paulo: Best Seller, 2002.
VIEIRA, Aquiles. Teoria e Prática Cambial: exportação e importação. São
Paulo: Aduaneiras, 2004.
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Matemática. Disponível em: http:// www.bienasbm.ufba.br, acesso em
14/11/2005.
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14/11/2005.
83
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em 08/10/2005.
Brasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Disponível
em: http:// www.aprendendoaexportar.gov.br, acesso em 08/10/2005.
Bolsa de Mercadorias & Futuros. Disponível em: http://www.bmf.com.br,
acesso em 14/10/2005.
Renova, Corretora de Câmbio. Disponível em: http://
www.renovacambio.com.br, acessado em 13/11/2005.
Pioneer, Corretora de Câmbio. Disponível em: http://
www.pioneercorretora.com.br, acesso em 22/10/2005.
84
APÊNDICES
Apêndice A – Solicitação de estágio
Apêndice B – Plano de estágio
85
APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DE ESTÁGIO
86
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES
URI – CAMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO: HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR
TURMA: 2001
SOLICITAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
Identificação do Estagiário
Nome do Acadêmico: Fernando Carlos Bez
Carteira de Identidade: 1076540176
CPF: 81048602087
Endereço: Rua Jacó Luiz Busata No.: 62
Complemento: Bairro: Três Vendas
Cidade: Erechim U. F.: RS
CEP: 99700-000
Telefone Residencial: (54) 321 - 9937 Celular: (54) 9991 -
6585
Telefone Comercial: (54) 519 - 0320 Fax:
mesmo
E-mail: fer.bez@gmail.com
Identificação do Estagiário
Nome do Acadêmico: Jansem Balbinot
Carteira de Identidade: 8070917664
CPF: 94999830078
Endereço: Av. Caldas Júnior No.: 837
Complemento: Bairro: Três Vendas
Cidade: Erechim U. F.: RS
87
CEP: 99700-000
Telefone Residencial: 54) 522 - 7272 Celular: (54) 9133-0985
Telefone Comercial: (54) 519 - 0320 Fax:
mesmo
E-mail: jansem.balbinot@gmail.com
Identificação da Empresa
Nome Fantasia: Comil Carrocerias e Ônibus Ltda
Razão Social: Comil Carrocerias e Ônibus Ltda
CNPJ: 00.940.956/0001-73 Insc. Est.:
039/0081884
Endereço: Rua Alberto Parenti No.: 1382
Complemento: Bairro: Distrito Industrial
Cidade: Erechim U.F.: RS
CEP: 99700-000
Telefone: (54) 520 - 8700 FAX: : (54) 321 - 3314
E-mail: recrutamento@comilonibus.com.br
Nome da Pessoa que Assina pela Empresa: Grassiela Assmann
Cargo da Pessoa que Assina pela Empresa: Supervisora de RH -
Administração de pessoal
Nome do Orientador na Empresa: Josi Ines Bruch
Cargo do Orientador na Empresa: Psicóloga RH - Desenvolvimento
Sugestão de três Professores Orientadores:
1 – Msc. Adroaldo Lazzaroto
2 – Adriana Storti
3 – Leandro Langoski
Observações:
- Se possível anexar um breve currículo do orientador na empresa;
- Preencher, se possível, todos os dados solicitados;
- Entregar digitado e em 4 (quatro) vias (entregar na Trade).
88
APÊNDICE B – PLANO DE ESTÁGIO
89
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES URI - CAMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR
FERNANDO CARLOS BEZ
JANSEM BALBINOT
PLANO DE ESTÁGIO II
COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.
ERECHIM
2005
90
FERNANDO CARLOS BEZ
JANSEM BALBINOT
CÂMBIO – MECANISMOS AUXILIARES NA PREVENÇÃO DE OSCILAÇÕES
CAMBIAIS
COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.
Projeto de estágio II, encaminhado pelos alunos Fernando Carlos Bez e Jansem Balbinot, realizado na empresa Comil – Carrocerias e Ônibus Ltda, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração-Comércio Exterior, sob a orientação do Prof. Msc. Adroaldo Lazzarotto.
ERECHIM
2005
91
SUMÁRIO
1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE .....................................3
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIETNTE E CARACTERÍSTICAS
DA ORGANIZAÇÃO............................................................................................3
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA.......................................................................4
1.3 OBJETIVOS..................................................................................................4
1.3.1 Objetivo Geral...........................................................................................4
1.3.2 Objetivos Específicos..............................................................................4
1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................5
2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................6
3 METODOLOGIA ............................................................................................14
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA...............................................................14
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA.....................................................................14
3.3 ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................14
4 CRONOGRAMA............................................................................................15
5 ORÇAMENTO................................................................................................15
REFERÊNCIAS.................................................................................................16
92
1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE
Neste capítulo será abordado o tema principal do referido projeto de
estágio. Em primeiro lugar, será feito um breve relato do atual cenário
econômico e político, e como a empresa Comil está inserida neste ambiente.
Após, será definida a questão principal de estudo deste estágio, levando em
consideração a situação problemática encontrada na empresa. Com isso, serão
definidos os objetivos que o presente busca atingir com o estudo que será
realizado. Por fim, serão apresentadas as justificativas para a realização deste.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA
ORGANIZAÇÃO
O desenvolvimento econômico da ultima década, a alta tecnologia aplicada
nos meios de produção e a globalização, fazem com que cada vez mais as
empresas expandam seus mercados para além das fronteiras do próprio país.
No Brasil, as políticas governamentais de incentivo às exportações, atraem
os produtores à venderem para o mercado externo, em busca de melhores
resultados financeiros, conquista de novos mercados e também buscar novas
tecnologias para utilizar no seu processo de fabricação.
Com esse aumento das exportações, as formas de pagamento e o
fechamento do câmbio são de vital importância para o bom desempenho das
empresas. A globalização trouxe ao governo brasileiro a perda da autonomia
sobre a sua moeda, onde que, com o modelo de câmbio flutuante, faz com o
governo não controle as oscilações sobre o seu câmbio.
Dentro desse mercado competitivo e globalizado está a Comil, empresa do
setor metalúrgico criada em 2 de janeiro de 1986, situada na cidade de
Erechim, norte do Rio Grande do Sul, e que conta atualmente com mais de
1800 funcionários. A empresa hoje tem uma participação no mercado brasileiro
em torno de 10% e exportou no último ano 800 unidades, entre as suas linhas
de ônibus. Essas exportações lhe trouxeram um montante de mais de R$
139.000.000,00, o que faz com que o fechamento do câmbio seja um dos
aspectos mais importantes em suas negociações, visto o total de vendas para
o exterior do último ano.
Com o atual cenário econômico e político e as constantes variações
cambiais, cada vez mais é de vital importância para as empresas que atuam no
93
comércio exterior estar atualizadas e serem profundas conhecedoras de todos
os mecanismos e suportes que possam lhe auxiliar nas tomadas de decisões
quando no momento de realizar qualquer negociação e decidir sobre o
fechamento do câmbio.
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
Diante desse cenário e conhecendo algumas negociações anteriores
realizadas pela empresa Comil Carrocerias e Ônibus Ltda., tem-se a seguinte
situação de pesquisa: Quais são os mecanismos que podem auxiliar a empresa
a tomar decisões, prevenindo-se de possíveis variações cambiais?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Identificar os mecanismos para a prevenção de possíveis oscilações
cambiais e analisá-los de forma que possam ser utilizados pela empresa Comil
em negociações futuras.
1.3.2 Objetivos Específicos
• Analisar uma negociação realizada pela empresa;
• Identificar e descrever os principais mecanismos que o mercado
oferece para as empresas se prevenirem de oscilações cambiais;
• Analisar os mecanismos encontrados de acordo com a necessidade
da empresa;
• Apresentar à empresa opções de mecanismos que lhe dêem maior
segurança e retorno financeiro nas contratações de câmbio.
1.4 JUSTIFICATIVA
Dentro de um contexto geral, o referido estágio tem várias justificativas para
a sua realização. Para os alunos e estagiários que irão realizá-lo, o referido
94
estágio se justifica em primeiro lugar por ser requisito para a obtenção do
diploma de bacharel em Administração - Comércio Exterior. Em segundo lugar,
e não menos importante, ele se justifica por exigir dos estagiários empenho e
muita pesquisa para realizar o estudo desejado e também por servir de
experiência mais prática de como funciona o mercado de câmbio, preparando-
os para o mercado que irá se apresentar após estarem formados.
O referido estágio justifica-se também por possibilitar à empresa onde o
mesmo está sendo realizado, um maior conhecimento sobre as diversas
opções que o mercado oferece no momento de realizar o fechamento do
câmbio, opções essas que ajudam a empresa a se prevenir de possíveis
oscilações que possam vir à ocorrer no mercado cambial, visto que a empresa
exporta cerca de 35% da sua produção e recebe estas vendas em moeda
estrangeira que precisa ser trocada ao ingressar no país.
Para todos os leitores que vierem a ler este estágio, o mesmo servirá de
aporte técnico sobre o mercado de câmbio, visto que o mesmo irá desenvolver
uma pesquisa e apresentar as diversas opções de mecanismos que o mercado
oferece para as empresas se prevenirem de possíveis oscilações cambiais.
À Universidade, o referido estágio servirá de método de avaliação do
aprendizado que os estagiários obtiveram durante a realização do curso, e
também como material de pesquisa para outros trabalhos que venham à ser
realizados nesta área.
95
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Mercados de Câmbio
De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, mercados de câmbio são
mercados em que se realizam compras e vendas de moedas estrangeiras.
“O fato de não se aceitar moedas estrangeiras em pagamento das
exportações, nem a moeda nacional em pagamento das impostações, constitui
a base de um mercado onde são compradas e vendidas as moedas dos
diversos países”. (RATTI, 2001)
2.1.1 Quanto à origem e destino das moedas
2.1.1.1 Mercado Primário de Câmbio
“Compreende as operações que implicam transferências de valores em
moedas estrangeiras entre residentes e não-residentes no país. São, portanto,
as operações que alteram – para maior ou para menor – as disponibilidades de
moedas estrangeiras no país” (GAROFALO FILHO, 2004).
“É o mercado onde são realizadas operações cambiais entre bancos e seus
clientes não-bancários” (RATTI, 2001).
2.1.1.2 Mercado Secundário de Câmbio
“São operações que decorrem das operações primárias, isto é, são
derivadas. No Brasil, o mercado optou por utilizar a expressão “derivativas”,
mais parecida com o original inglês derivative” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.1.2.1 Segmentos Mercado Secundário de Câmbio
2.1.1.2.1.1 Mercado Interbancário
96
“Trata-se do mercado onde são realizadas apenas operações entre bancos”
(RATTI, 2001).
“Operações de compra e venda de câmbio entre bancos e entre os bancos
e o banco central” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.1.2.1.2 Mercados De Bolsas
“Mercados organizados de derivativos onde são compradas e vendidas
moedas a futuro, ou na forma de opções e swaps” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.1.2.1.3 Opções de Hedge
De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Opções de hedge, são feitas
em bolsas ou em balcão.”
“Representa uma operação de proteção a uma posição assumida e que
esteja em aberto, isto é, estratégia de proteção financeira usada para
compensar investimentos de risco, potenciais perdas ou ganhos
excessivamente arriscados. Um hedge perfeito é aquele que elimina a
possibilidade de ganhos ou perdas futuras. Em câmbio pode ser
conhecido como: operação de câmbio a prazo, realizada com a
finalidade de proteção contra alterações causadas pelas variações na
cotação de uma moeda. Mecanismo utilizado por operadores do
mercado de commodities para se resguardar de uma flutuação de
preços.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 129).
2.1.1.2.1.4 Operações em Moeda Nacional
“Referenciadas em moeda estrangeira, principalmente fundos cambiais,
export notes, títulos governamentais” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio
2.1.2.1 Mercado de câmbio de taxas administradas
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“Nesse tipo de mercado as taxas de câmbio sofrem incisiva interferência
das autoridades monetárias do país. Para que isso seja possível, o governo –
ou seu banco central – deve ser comprador de todo excedente de moeda
existente no mercado e vendedores de toda a moeda demandada”
(GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.2.2 Mercado de câmbio de taxas flutuantes ou livres
“Não existem paridades monetárias e as taxas cambiais flutuam livremente,
embora possam estar sujeitas a sofrer intervenções da parte de autoridades
monetárias, em caso de flutuações exageradas” (RATTI, 2001).
“Nesse tipo de mercado, as características principais são: o governo não define as taxas de câmbio, nem se responsabiliza pelos excessos de oferta ou demanda. Com isso, caso haja um excesso de oferta de moeda estrangeira, as taxas podem cair – como no Brasil entre 1994 e 1998 – ou subir, na hipótese de haver um grande crescimento de demanda, como sentimos no Brasil a partir de 1999 e pelo menos até 2003” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309).
2.1.2.3 Mercado de câmbio com bandas de flutuação
“A política de bandas constitui um modelo que pode ser interpretado como
uma variação do modelo de taxas administradas, ou como uma variação do
modelo de taxas flutuantes” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações
“As operações de câmbio podem ser negociadas para imediata liquidação
(ou “pronta”) ou para liquidação em um tempo futuro. As expressões ”mercado
a termo” e “mercado futuro” têm, de forma genérica, o mesmo sentido:
configuram operações contratadas para liquidação a prazo, ou seja, não são
operações que se liquidem à vista, ou de “pronto””(GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.3.1 Qualificação das operações
98
2.1.3.1.1 Mercado de câmbio futuro
“Refere-se às operações realizadas em mercados organizados de bolsa,
em que há datas fixas de vencimento dos contratos, lotes padrão e marking to
market” (GAROFALO FILHO, 2004).
“Compreende as operações futuras de câmbio, essas operações vêm a ser
a compra ou a venda de divisas estrangeiras – a uma taxa cambial
determinada por ocasião da contratação – e que serão entregues em data
futura. São realizadas por exportadores, importadores, investidores em moeda
estrangeira etc” (RATTI, 2001).
2.1.3.1.2 Mercado de câmbio a termo
De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Refere-se ao mercado no qual
são cursadas operações de balcão (portanto, excluem-se aquelas de mercados
futuros organizados de bolsas) com a característica taylor made, o que significa
que prazos, preços , taxas e garantias são livremente firmados entre as partes
contratantes.”
2.1.3.1.3 Mercado de câmbio à vista, ou spot, ou pronto, ou disponível
“Neste mercado são efetuadas as operações “prontas” de câmbio, que são
operações de compra ou de venda de divisas para entrega imediata. Essa
“entrega imediata” refere-se a prazo de até dois dias úteis (business days),
contados da data da operação” (RATTI, 2001).
“As operações à vista são contratadas para imediata liquidação, porém, na
praxe do mercado e nas operações com o próprio Banco Central, essa
liquidação ocorre no segundo dia útil após a contratação, também chamado
D+2” (GAROFALO FILHO, 2004).
99
2.1.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira
2.1.4.1 Mercado de câmbio manual
“Trata-se do mercado em que são conduzidas as operações em espécie, em que uma das moedas é a nacional e a(s), estrangeira(s). Na maioria das vezes, trata-se do câmbio de viajantes e envolve cédulas, moedas metálicas e traveller’s checks. Tais operações podem ser realizadas em bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e hotéis.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 312).
2.1.4.2 Mercado de câmbio sacado
“O mercado de câmbio sacado compreende o grosso das operações cambiais pelos estabelecimentos bancários, ou seja, a compra e venda de divisas estrangeiras, representadas por depósitos, letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento, valores mobiliários,etc. A concretização dessas operações ocorre mediante movimentação (débito ou crédito) nas contas de depósito que os bancos mantêm junto a seus concorrentes no exterior.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 313).
2.1.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio
2.1.5.1 Mercado legal/ oficial de câmbio
“Designação genérica do mercado de câmbio em que as operações são
regulamentadas pela autoridade e executada exclusivamente por agentes
autorizados por ela” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.5.2 Mercado paralelo de câmbio
“O mercado paralelo de câmbio, ou mercado negro, ou simplesmente
black, surgiu em decorrência do monopólio de câmbio do BC e sua tendência é
deixar desatendida a demanda da sociedade em relação à moeda estrangeira”
(GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.6 Quanto aos mercados legais de câmbio
2.1.6.1 Mercado de câmbio de taxas flutuantes
100
“Trata-se de um segmento de mercado de câmbio criado em 1989, pelo BC no Brasil, quando ainda vivíamos sob a égide do modelo cambial de taxas reais fixas e do monopólio de câmbio Esse segmento foi criado para propiciar alguma distensão, dentro do modelo em vigor, capaz de amenizar as restrições impostas aos residentes no Brasil, porém sem aumentar os compromissos do BC à moeda estrangeira. A intenção também era tirar do mercado paralelo de câmbio operações consideradas legítimas pela sociedade (viagens internacionais, manutenção de parentes, entre outras).” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 315).
2.1.6.2 Mercado de câmbio de taxas livres
“Uma das principais alterações introduzidas na ocasião foi a criação do “mercado oficial”, baseado em taxas fixas, lembrando que o mercado de taxas flutuantes (“turismo”), que surgiu em 1989, também era “oficial”. Mas o “livre” herdou as operações do mercado antes chamado “oficial”, aquele baseado em taxas nominais fixas.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 316).
“Nesse mercado, passaram a ser conduzidas: a grande maioria das exportações executando apenas as de pedras preciosas e jóias, conduzidas no “flutuante”; as importações (exceto as de pequena monta pagas por cartão de crédito), e as principais movimentações das contas de capital e financeiras, a título de investimento, financiamentos e empréstimos.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 317).
2.1.7 Mercados de câmbio derivativos
“Refere-se ao conjunto de operações em moedas estrangeiras ou referidas
a elas, sem troca de posições entre residentes e não-residentes. Em outras
palavras, são operações que não alteram a quantidade de moeda estrangeira
em contas de residentes no Brasil” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.7.1 Operações que envolvem troca de moeda entre residentes
“Mercado interbancário de câmbio: mercado no qual as instituições
financeiras autorizadas a operar em câmbio trocam de posições entre si. São,
fundamentalmente, operações entre bancos, a partir da moeda estrangeira
movimentada no mercado primário” (GAROFALO FILHO, 2004).
101
2.1.7.2 Operações referidas em moeda estrangeira, sem envolver
movimentação de moeda no exterior – Em Bolsas
2.1.7.2.1 Futuro de taxa de câmbio (dólar dos EUA e Euro)
“Mercado operado em lotes de 50 mil (dólares ou euros), em múltiplos de
cinco lotes, com vencimentos no último dia útil de cada mês. A liquidação se
dará no primeiro dia útil do mês consecutivo, com base na PTAX de venda
(taxa média das operações de um dia apurada pelo Banco Central) relativa ao
último dia útil do mês anterior, o vencimento” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.7.2.2 Opções sobre dólar
“Mercado que se inicia quando há um “lançador” de uma opção de compra
ou venda da taxa de câmbio do dólar. Os demais componentes do mercado
poderão, a seguir, ficar em posições compradas ou vendidas na opção
lançada. No mercado futuro, a própria Bolsa define as datas de liquidação e a
abertura dos negócios” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.7.2.3 Swaps cambiais
“Um swap contratado, isto é, troca de indexadores, por exemplo, variação
cambial por variação de juros domésticos (dólar x DI), pode ser registrado na
Bolsa (BM&F). Nessa hipótese, as partes depositam margem de garantia e a
Bolsa encarrega-se da liquidação das operações” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.7.3 Operações referidas em moeda estrangeira, sem envolver
movimentação de moeda no exterior – Em balcão
102
2.1.7.3.1 NDF: Non delivery forward
“Operação a termo, de balcão, realizado no País ou no exterior, com regras
similares às operações de futuro de dólar em bolsa, com depósito inicial de
margem, porém sem ajustes diários” (GAROFALO FILHO, 2004).
2.1.7.3.2 Swaps cambiais
“Operações que envolvem a troca de indexadores, no caso de câmbio a
mais comum é a troca do indexador dólar (variação cambial) por DI (taxa de
juros Selic), negociadas entre partes, sendo o mais usual que uma delas seja
um banco. Normalmente, não exigem depósitos de margem ou ajuste,
baseando-se em créditos recíprocos entre as partes contratantes” (GAROFALO
FILHO, 2004).
103
3 METODOLOGIA
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O tipo de pesquisa a ser realizada será do tipo exploratória e descritiva,
onde o grupo vai pesquisar em livros, revistas, sites e também através de
entrevistas com especialistas na área de câmbio(bancos e corretoras de
câmbio) e também será descritiva pois serão relatados os resultados das
pesquisas obtidos nas pesquisas realizadas.
O grupo irá analisar o histórico das operações de câmbio realizadas pela
empresa Comil. Após, será realizado um estudo dos mecanismos que o
mercado oferece às empresas para estas se previnirem de possíveis
oscilações cambiais.
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA
• Pesquisa em livros específicos da área de câmbio, tais como
Consolidação das Normas Cambiais, Regulamento de Câmbio, e outras
literaturas afins;
• Pesquisas em artigos de revistas especializadas em câmbio;
• Entrevistas com profissionais que atuam em bancos e corretoras de
câmbio indicadas pela empresa;
• Pesquisas em sites governamentais e privados sobre as normas que
regem o mercado de câmbio e os serviços oferecidos por empresas
públicas ou privadas;
• Elaboração de questionários à serem utilizados no momento das
entrevistas que serão feitas;
• Entrevistas com os profissionais da área de Comércio Exterior da
empresa onde está sendo realizado o estágio.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados serão analisados de formar a comparar os mecanismos que a
empresa Comil já utiliza no fechamento de seus câmbios e os mecanismos que
o mercado oferece, de modo que com está comparação possamos identificar
quais são os mais indicados para serem sugeridos à empresa.
104
4 CRONOGRAMA
ATIVIDADES/HORAS Jul-05 Ago-05 Set-05 Out-05 Nov-05 Dez-05 Total SEMANAS 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Horas
Reunião com professores 2 2 Definição da Empresa 2 1 3 Solicitação de Estágio 1 1 Elaboração projeto de estágio II 2 6 3 11 Visitas e conversas na empresa 2 2 2 2 2 2 2 2 16 Revisão bibliográfica e coleta de dados 6 5 5 8 8 8 42 Visitas à Bancos e Corretoras 4 4 8 Análise dos dados e elaboração do estágio 4 8 8 8 88 8 8 8 8 8 8 8 100 Entrega Relatório Parcial 1 1 Entrega Relatório final 2 2 4 Bancas 1 1
Correção / Entrega Relatório Final 8 6 14
TOTAL/HORAS 203 Tabela:4.1
Fonte: Autores
105
5 ORÇAMENTO
Atividade Custo Despesa com Viagens R$ 350,00 Fotocópias/ Impressões R$ 250,00 Ligações telefônicas R$ 200,00 Alimentação R$ 100,00 Total R$ 900,00
Quadro 5.1- Orçamento
Fonte: Autores
106
REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAROFALO FILHO, Emilio. Dicionário de Comércio Exterior e Câmbio. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 2004.
NICOLETTI, Antonio Maximiano. Conhecimentos Elementares de Comércio
Exterior e Câmbio. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1995.
RATTI,Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 10. ed. São Paulo: Aduaneiras,
2001.
107
ANEXOS
ANEXO A – E-mails recebidos
ANEXO B – Relatório de Embarque de ônibus para o Qatar
108
ANEXO A – E-MAILS RECEBIDOS
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De: Marlonn Mangia Chança <mchanca@bmf.com.br> Para: fer.bez@gmail.com Data: 03/10/2005 16:46 Assunto: Máquinas - Hedge - RS
Responder | Responder a todos | Encaminhar | Imprimir | Adicionar remetente à lista de contatos | Colocar esta mensagem na Lixeira | Reportar phishing | Mostrar original
Solicitação - Internet:
Olá, estou desenvolvendo meu trabalho de conclusão de curso de Comércio Exterior na empresa Comil Carrocerias e Onibus Ltda, www.comilonibus.com.br, na área de Câmbio, tendo como foco Mecanismos que auxiliem a empresa a se precaver contra possíveis oscilações cambiais. Caso possuem material ou possam me ajudar onde buscar informações sobre estes mecanismos, fico Grato. Obrigado.
Resposta:
Prezado Sr. Fernando Carlos Bez,
Agradecemos a sua consulta à Sala do Exportador do Rio Grande do Sul.
Estamos enviando em anexo, conforme sua solicitação, nosso passo a passo de exportação com as informações necessárias para o Sr. cursar uma operação de exportação.
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Operações de hedge são operações de proteção de preço realizadas nos mercados de derivativos da Bolsa, por intermédio das quais o exportador pode minimizar os riscos de variação cambial adversa ou de uma flutuação não prevista das taxas de juros, a que ele está normalmente exposto no seu cotidiano de negócios.
O que vem a ser um mercado de derivativos?
Contratos derivativos têm esse nome porque seu valor está referido a - ou deriva de - algum produto, ativo financeiro ou outro objeto qualquer negociado nos mercados "spot". Por exemplo, na BM&F são negociados contratos futuros, contratos a termo e contrato de opções sobre diversos produtos financeiros e agropecuários (como dólar, taxa de juros, ouro, soja, açúcar e álcool, entre outros), constituindo o chamado mercado de derivativos da Bolsa. Operando contratos futuros, um exportador pode, antecipadamente, garantir a relação R$/US$, assegurando sua receita em reais, independentemente das oscilações do mercado até o vencimento da operação.
Contratos futuros de dólar (assim como também como os contratos futuros de juros) são instrumentos poderosos para uma eficiente gestão de riscos de uma empresa exportadora. No contexto de um regime de flutuação das taxas de câmbio, o exportador está sempre sujeito ao risco de ocorrência de uma eventual apreciação cambial (valorização do real frente ao dólar) por ocasião do ingresso dos dólares em pagamento das suas vendas externas. Numa situação como esta, ele poderá realizar uma operação de hedge na Bolsa, para proteger o valor real de seu fluxo de caixa. Para tanto, ele poderá recorrer a uma corretora de mercadorias da BM&F para vender dólares a futuro na Bolsa, com uma data de vencimento próxima àquela em que receberá os dólares efetivos de sua exportação. Com esta operação ele fixa antecipadamente uma taxa de câmbio apropriada. Na data do recebimento dos dólares, ocorrendo a temida apreciação do valor do real frente ao dólar, o exportador liquidará sua posição vendida a futuro na BM&F, que havia sido estabelecida originalmente a uma taxa de câmbio menos valorizada.
110
Assim, a perda incorrida com o impacto da variação do câmbio sobre a sua receita, terá sido virtualmente compensada com os ganhos que ele obterá no mercado futuro de dólar.
Os mercados de derivativos oferecem inúmeras outras possibilidades vantajosas de proteção contra riscos (hedge) para o exportador. Tais operações devem ser realizadas sempre por meio de uma corretora de mercadorias, Instituição credenciada e fiscalizada pela BM&F, para operar num mercado regulamentado e supervisionado pelo CVM.
O papel das corretoras de mercadorias
Uma corretora de mercadorias associada à BM&F é uma empresa detentora de um título patrimonial da Bolsa e por estar credenciada para intermediar negócios de compra e venda de contratos de derivativos (futuros, termo, opções ou swaps), que são diariamente transacionados na BM&F. O exportador que busca proteger o valor real da receita esperada com a comercialização externa de seus produtos, poderá contatar uma corretora de mercadorias da BM&F, que se encarregará de operacionalizar a apropriada operação de hedge na Bolsa. Operações de proteção do caixa da empresa - via swaps ou derivativos de taxas de juros - também poderão ser realizadas na BM&F, com a intermediação de uma corretora de mercadorias.
As corretoras de mercadorias também estão qualificadas para prestar assessoramento a seus clientes em tudo o que se relacionar com os mercados de derivativos, indicando aos exportadores as operações mais adequadas às suas necessidades específicas. Assim, muito mais do que apenas intermediar uma operação na Bolsa, a corretora poderá ajudar na determinação da alternativa operacional mais eficiente para a empresa exportadora. A corretora também acompanha dia a dia a posição de seu cliente no mercado, indicando os melhores momentos para uma eventual reversão da posição ou para sua ampliação. Todos os demais aspectos relacionados às operações com derivativos - como as garantias exigidas pela Bolsa, os custos operacionais, a marcação a mercado das posições, etc, - são detalhadamente informados pelas corretoras aos seus clientes.
Além do suporte que podem oferecer aos exportadores nos mercados de derivativos, as corretoras de mercadorias normalmente são especializadas na prestação de serviços específicos a determinados tipos de clientes, cabendo a estes identificar a corretora que melhor poderá atender sua demanda específica. Por exemplo, algumas corretoras de mercadorias têm longa tradição nos negócios de intermediação de câmbio, podendo oferecer ao exportador um serviço especializado nessa área. Isto inclui uma estrutura profissional qualificada, capaz de orientar e executar qualquer atividade relacionada a operações de câmbio e comércio e exterior, proporcionando ainda assessoria técnica na orientação quanto às tendências do mercado e oportunidades em operações de comercialização externa. Consultoria especializada em procedimentos de importação e exportação, confecção de contratos de câmbio de acordo coma legislação em vigor, preenchimento de registros, licenças, etc são outros serviços que também podem ser oferecidos pelas corretoras de mercadorias que mantêm carteira de câmbio, ou seja, aquelas que detêm expertise em operações de câmbio e de comércio exterior.
Contratando uma corretora de mercadorias
O exportador interessado em conhecer mais detalhes sobre o funcionamento dos mercados de derivativos pode ir diretamente ao site da BM&F www.bmf.com.br, onde encontrará ampla descrição de todos os contratos derivativos, além de informações sobre os demais serviços oferecidos pela Bolsa aos participantes do mercado. O portal da BM&F também informa sobre as corretoras associadas da Bolsa, os membros de compensação e sobre outros participantes credenciados, tais como armazéns gerais, fundidores de ouro, bancos custodiantes etc. No portal, o exportador encontrará ainda dados estatísticos sobre os diversos mercados operados na Bolsa, com informações sobre preço, contratos negociados, posições em aberto etc.
O link: http://www.bmf.com.br/caers/pages/corretoras.asp - disponibiliza a relação de corretoras de mercadorias associadas à BM&F.
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Fontes de pesquisa: www.bmf.com.br ; www.exporta.rs.gov.br
Estamos à sua disposição para novas consultas. Atenciosamente,
Sala do Exportador do Rio Grande do Sul Web-site: www.exporta.rs.gov.br Call Center: 0800-77-00 970 Exoneração de Responsabilidade: http://www.bmf.com.br/caers/pages/exoneracao.asp <<PassoaPassoExportação - RS.doc>>
PassoaPassoExportação - RS.doc115K Download
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: Marlonn Mangia Chança <mchanca@bmf.com.br> Para: fer.bez@gmail.com Data: 17/10/2005 17:42 Assunto: Máquinas - Hedge - RS - (Informações Adicionais)
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Prezado Sr. Fernando Carlos Bez,
O Sr. poderá obter maiores informações acessando os links abaixo relacionados:
Derivativos Financeiros: http://www.bmf.com.br/2004/pages/faq1/FAQ1.asp?area=financeiro - disponibiliza informações sobre: Contrato futuro; Preço futuro; Negociação do preço futuro na BM&F; Membros de compensação; Custódia fungível; Ajuste diário; Arbitragem; PU; Contrato-padrão; Hedge de venda e de compra; Margem de garantia; Opção de compra e de venda; Spread; Volatilidade; Liquidação física e financeira; dentre outras.
Mercados: http://www.bmf.com.br/2004/pages/institucional1/mercados1.asp - disponibiliza informações sobre: Mercado futuro; Mercado a termo; Opções sobre disponível; Opções sobre futuro; Opções flexíveis; Swaps; Disponível (a vista ou spot); Operações estruturadas; Outros derivativos de balcão.
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Fonte de pesquisa: www.bmf.com.br
Estamos à sua disposição para novas consultas. Atenciosamente,
Sala do Exportador do Rio Grande do Sul
Web-site: www.exporta.rs.gov.br
Call Center: 0800-77-00 970
Exoneração de Responsabilidade: http://www.bmf.com.br/caers/pages/exoneracao.asp
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Pierina <pierinaferrari@comilonibus.com.br> para mim
Ocultar opções 08:37 (23 minutos atrás)
De: Pierina <pierinaferrari@comilonibus.com.br> Responder a: pierina.ferrari@comilonibus.com.br Para: Fernando Bez <fer.bez@gmail.com> Data: 07/11/2005 08:37 Assunto: Re: Câmbio
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Taxa prevista para cambio NA COTAÇÃO DAS UNIDADES EM 2005 US$2.80
NCM 87021001 -- Pierina Ferrari COMIL CARROCERIAS E ONIBUS LTDA Rua Alberto Parenti, 1382 - Distrito Industrial 99700-000 - Erechim/RS - Brasil Fone: 0xx54 5208792
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De: Roberta <bozzo@pioneercorretora.com.br> Responder a: Roberta <bozzo@pioneercorretora.com.br> Para: Fernando Bez <fer.bez@gmail.com> Data: 17/10/2005 10:57 Assunto: Re: Câmbio
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Olá Fernando, Para sua pesquisa, acredito que acessando nosso site (www.pioneercorretora.com.br) você encontrará as informações de que precisa, principalmente os mecanismos de proteção (Derivativos). Atenciosamente, Roberta Bozzo Relationship Officer Pioneer Corretora de Câmbio Tel: (11) 3113-1011 / 3117-0811 (Ramal 4154) e-mail: bozzo@pioneercorretora.com.br
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ANEXO B – RELATÓRIO DE EMBARQUE DE ÔNIBUS PARA O QATAR
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