Falácias na interpretação de dados históricos e sociais cirineu

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FALÁCIAS NA FALÁCIAS NA INTERPRETAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE

DADOS HISTÓRICOS E DADOS HISTÓRICOS E SOCIAISSOCIAIS

Robert W.D. Boyce

A História, como uma disciplina acadêmica, sente-se desconfortável ao sentar-se com as ciências sociais.

História econômica (científica)

História política, intelectual e internacional ou diplomática (história tradicional)

A maioria do trabalho histórico transita por fronteiras até certo ponto artificiais.

A divisão imposta pelos organismos de financiamento público reflete uma diferença básica com respeito à metodologia que divide a profissão.

Os que se dedicam à história econômica e social (história científica, quantitativa, cliométrica, ou nova história), com raras exceções associam-se deliberadamente com as ciências sociais.

Historiadores do tipo tradicional, por outro lado, não se sentem bem ou se mostram hostis à idéia de que suas atividades sejam uma forma de ciência e, de modo geral, preferem se ligar, por sua vez, às humanidades.

MANCHESTER CITY

Historiador científico procura concentrar-se nas coletividades de pessoas e de acontecimentos recorrentes

Historiador científicoferramentas matemáticas e estatísticasraramente se aventura além da história econômica, social ou demográfica.

Historiadores tradicionaisindivíduos e acontecimentos específicos, desenvolvimentos políticos, intelectuais e sociais, revoluções, guerras, migrações, partidos políticos, governos, Estados, costumes, crenças e invenções, nascimentos, amor, casamento,morte, poderosos e pobres, famosos e infames, criadores e destruidores e no mais das vezes, grupos, em vez de indivíduos singulares.

O campo de trabalhoexcepcionalmente amplo. Na verdade, a única restrição que seria aceita é que esse campo deveria possuir alguma significância social.

Sendo assim, poderíamos ser tentados a concluir que a Historia (tradicional) é, na verdade, uma ciência social ou até mesmo, devido ao fato de percorrer todas as ciências sociais, uma disciplina qualitativa par excellence.

O registro da história é tão velho quanto os próprios registros escritos.

Como disciplina acadêmica, ela apareceu apenas no final do século dezoito, ou começo do século dezenove, junto com a secularização do pensamento e o surgimento das ciências sociais modernas.

História científicadevido a seu compromisso com fontes manuscritas tomou-os massivos, pedantes e praticamente impenetráveis ao leitor comum.

Final do século dezenove houve uma forte reação contra essa forma de positivismo e contra o pressuposto de que o curso da história seria determinado por leis identificáveis.

Os historiadores passaram a insistir, sempre mais, na especificidade de sua atividade.

O passado poderia ser compreendido não por dedução ou indução lógica, mas através de um processo de empatia com respeito ao assunto.

Verstehen: "entrar para dentro" dos fatos

Wissen: mera descrição fatual das aparências externas.

Uma intensa disputaepistemólogos e estudiosos do método históriconatureza de toda explicação histórica é essencialmente semelhante à empregada nas ciências sociais (ou naturais).

Se nós explicamos ... a primeira divisão da Polônia em 1772 mostrando que ela não poderia resistir ao poder somado da Rússia, Prússia e Áustria, então nós estamos tacitamente empregando alguma lei universal trivial, como: "Se entre dois exércitos que estão igualmente bem armados e comandados, um possui uma tremenda superioridade em homens, então o outro nunca vencerá. Tal lei poderá ser descrita como uma lei da sociologia do poder militar.

Esse distanciamento teoria/ leis gerais é devido, em parte, mas apenas em parte, a uma relutância dos historiadores de serem considerados como os soldados de infantaria, ou trabalhadores do campo, coletando dados e compilando exemplos para que outros possam construir sobre eles suas generalizações.

Mesmo quando seu assunto é, primariamente, algo físico (uma casa rural, um esporte, um exército,uma epidemia) ou uma coisa abstrata (crença, ideologia, ritual) ou um acontecimento especifico (guerra, conferência,eleição) a questão que requer explicação é a lógica de um empreendimento humano especifico, levado a cabo por um indivíduo ou um grupo de indivíduos.

O trabalho do historiador tem uma estreita semelhança com as atividades de um magistrado que investiga ou de um legista, cuja tarefa é também explicar motivos, razões ou causas de uma ação humana especifica, e que é, igualmente, levada a efeito através da construção de um quadro detalhado das circunstâncias que envolvem o indivíduo, ou o grupo, implicados no acontecimento.

POMPÉIAPOMPÉIA

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POMPÉIA

Embora esse método não se fundamente em leis, nem procure construir novas leis, ele depende de critérios rigorosos de evidência e métodos lógicos de interpretação. É pragmático e indutivo, implica teste de hipóteses e registro explícito e cuidadoso das fontes. De tempos em tempos, ele é até mesmo muito bem escrito. E sendo que possui todas essas características, ele merece um lugar ao lado, se não dentro, das ciências sociais.

Falácias do historiadorFalácias do historiador

“Mesmo quando seus tópicos de pesquisa criam a impressão de um

detalhismo estreito, os historiadores são, normalmente, generalistas”.

A falácia da falsa dicotomiaou o que se poderia chamar mais

diretamente de falácia da supressão da dimensão central de um fato.

“Antonio Conselheiro, herói ou bandido... “

Livro de anotaçõesDo Antonio ConselheiroApreendido em Canudos

Historiadores altamente respeitados suplementaram sua renda editando textos para alunos com títulos como:

“A Mente Medieval- Fé ou Razão”“Jean Monnet - Gênio ou

Manipulador?”O problema com todas esses

proposições é, certamente, que elas sugerem uma dicotomia entre dois termos que não são, na verdade, nem mutuamente exclusivos, nem coletivamente exaustivos.

A falácia das posições adversárias

A falácia das posições adversárias traz alguma semelhança com a falácia da falsa dicotomia, as reflete uma decisão consciente no procedimento: o pressuposto de que se chegará mais rapidamente à verdade se cada historiador adotar uma posição oposta.

Caso na história da Guerra Fria.

Os historiadores ocidentais trabalhavam com o pressuposto de que os poderes ocidentais eram inocentes com respeito a todas as intenções agressivas da URSS e culpados, no máximo, por se equivocarem, enquanto que a União Soviética procurava constante e agressivamente estender sua dominação territorial.

O ponto de vista Oposto de que os Estados Unidos eram um poder imperialista e que a Guerra fria deveria ser explicada quase que exclusivamente pelos esforços dos EUA em conseguir uma hegemonia global.

Deve-se dizer, contudo, que é muito provável que nenhuma das posições pode ser correta.

A falácia da causa supérflua

Aqui o erro está em explicar um acontecimento referindo-se ao motivo de um ou outro agente que pode-se demonstrar ter existido, mas que tem pouca ou nenhuma influência concreta sobre o resultado.

Decisão do governo britânico de retornar ao padrão ouro em 1925

A falácia das causas necessárias e suficientes

Os historiadores sentem-se mal com a idéia de serem meros contadores de histórias e estão ansiosos em instilar rigor em seu trabalho.

Freqüentemente rotulam suas explicações como causas necessárias e suficientes, subjacentes e imediatas. Eles normalmente descrevem seu trabalho como analítico e não como (meramente) narrativo.

Textos escolaresobjetivo é mostrar que grandes acontecimentos, como a Rev Francesa, I e II Guerrasorigens complexas economia, cultura, tecnologia, democracia, clima etco enfoque é inerentemente falho.

Iremos descobrir que muitos dos

fatores estavam presentes antes que o acontecimento ocorresse e em nada influenciaram para explicar por que o evento específico deu-se naquela ocasião

A falácia da narrativa anacrônica (presentismo)

O erro é ler o passado como se ele não fosse mais do que um palco para o presente.

No contexto britânico, o exemplo mais notório é a interpretação como se toda a história política da Inglaterra fosse pouco mais que a história dos liberais, lutando para erradicar a tirania da autoridade arbitrária e da tradição.

A Falácia reducionistaOs historiadores são obrigados a dizer

verdades seletivas e com isso seus modelos causais podem ser reducionistas em determinado sentido, mas alguns modelos causais são mais reducionistas que outros.

A forma comum dessa falácia é identificar um único elemento na explicação e reivindicar, sem razão necessária, que ele é a chave de toda a "história".

A falácia da causa mecanicistaEsta é uma prática errônea, que

implica em separar os componentes de um complexo causal e analisá-los separadamente, e até mesmo avaliar separadamente sua influência causal, como se eles fossem elementos discretos, determinados por forças discretas, e não como sendo dinamicamente relacionados entre si.

Motivo do aparecimento de regimes autoritários e democráticos entre as Guerras, na Europa

A falácia do fato ocultoO erro consiste em acreditar que

fatos de significância especial são aqueles que são obscuros e que, se descobertos, deverão merecer um lugar especial na explicação dos acontecimentos em foco.

Na história internacional é o resultado do recente interesse da espionagem e na subversão como fatores que expliquem assuntos Internacionais.

Máquina ENIGMA para decifrar sinais alemães vencer a campanha do Norte da África e na Batalha do Atlântico.

Enganar os Alemães sobre a importância do desembarque do Dia D em 1944.

Em 1944/45 quando os espiões soviéticos noticiaram o desenvolvimento de uma bomba atômica nos Estados Unidos.

A falácia da evidência relativizadaDo mesmo modo que outras ciências

a história também tem seus partidários do Pós modernismo.

Os pós-modernistas enxergam os textos e a base do nosso entendimento do passado, como construções opacas, através das quais nenhum passado real pode ser trazido à luz e cujo sentido depende dos

preconceitos do leitor individual.

Formação da “terceira força”: Inglaterra + Europa continental + África colonial

Tentativa de deter o crescimento industrial alemão e dividir o território (França)

Compromisso de em favor de uma unidade européia (Inglaterra)

A falácia da evidência desproporcional

Problema comum do historiadordesigualdade da evidência acessível.

Historiadores políticos se defrontam, frequentemente, com o problema.

Instituições do Estado geram e preservam muito mais evidência que os indivíduos singulares, grupos ou organizações que entram em contato com elas

O Estado gera muito mais documentos do que as pessoas e grupos que são afetados pelas leis e regulamentos que são estudados mais tarde.

A falácia da evidência seletivaSurge conscientemente da tentativa sincera do

historiador de aplicar um modelo ou provar uma teoria.

Um exemplo é a crescente re-interpretação da política externa americana em 1920.

Até 1960, as versões históricas oficiais afirmavam que os Estados Unidos foram forçados a sair de seu tradicional compromisso de isolamento por causa da II Guerra.

Em meio à crise provocada pela guerra do Vietnã, a geração mais jovem de historiadores questionaram esse ponto de vista dominante com uma nova e ambiciosa interpretação da história dos Estados Unidos de acordo com a qual o país foi impelido por sua dinâmica interna para uma expansão externa, desde o início das Treze Colônias.

Passos na análise histórica

1. Assegure-se que, no delineamento de suas questões, está dando espaço a todas as respostas possíveis.

2. Avalie se a lógica de sua análise está aberta à acusação de arbitrariedade ou circularidade e, se necessário, mude-a.

3. Revise suas fontes e sua maneira de lidar com a evidência, tendo o cuidado de remover fontes de distorções; revise a possibilidade de ampliar o espectro e as fontes de evidência.

OBRIGADO!!

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