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ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
DIREITO EMPRESARIAL I
2011
Professor Marlon Corrêa
Atualmente, o estabelecimento empresarial esta regulamentado no NCC, nos arts 1142 a 1149. Pode ser conceituado como o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos, organizados de forma funcional pelo empresário, para a exploração de sua empresa.
Oscar Barreto Filho, ainda sob a vigência da teoria dos Atos de Comercio, definiu o estabelecimento comercial como o complexo de bens corpóreos e incorpóreos que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada atividade mercantil.
O Conjunto de bens reunidos para a execução da atividade empresarial é denominado “estabelecimento empresarial”;
Envolve o conjunto de bens materiais (mercadorias, instalações, máquinas, etc.) e imateriais (tecnologia, marcas), adicionados a uma organização racional, implicando em aumento de valor, por estarem sendo utilizados dessa determinada forma – Esse valor adquirido é maior que a mera soma das partes;
CONCEITO
O estabelecimento empresarial, portanto, é maior que o conjunto de bens que nele estão compreendidos; Quando o estabelecimento é descentralizado, ele pode assumir valores diferentes em cada respectivo local;
Da parte corpórea (material) do conjunto de bens, cuida o direito civil e o direito penal; Da parte incorpórea (imaterial) do conjunto de bens, podem cuidar o direito penal, o direito civil - o direito comercial, cuidará fundamentalmente do aspecto incorpóreo dos bens constituintes do estabelecimento;
CONCEITO
A reunião organizada e funcional dos bens necessários para o
exercício da atividade empresarial é um
elemento indispensável na caracterização e valoração
do estabelecimento empresarial.
Segundo Fabio Coelho, o empresário, ao organizar o estabelecimento empresarial, agrega um sobrevalor aos bens reunidos, isto é, enquanto esses bens permanecerem articulados em função da empresa, o conjunto alcançará, no mercado, um valor superior á simples soma de cada um deles em separado. Esse sobrevalor, agregado ao estabelecimento empresarial, é também chamado de aviamento ou fundo de comercio.
Oscar Barreto Filho define o aviamento como o resultado de um conjunto de fatores pessoais, materiais e imateriais que conferem a dado estabelecimento in concreto a aptidão de produzir lucros. Pode-se concluir-se que o aviamento corresponde ás perspectivas da rentabilidade da empresa nele explorada pelo empresário.
O “ponto” é o local específico onde a atividade comercial se desenvolve – dependendo deste local, poderá haver acréscimo substantivo do seu valor;
Importante: Estando em imóvel de sua propriedade a proteção ao ponto se dará através normas que tutelam a propriedade do direito civil, já se estiver em imóvel alheio, locado, a proteção será aquela feita pela locação empresarial (Art. 51 da lei 8.245/1991);
PROTEÇÃO AO PONTO
Se a locação de prédio não residencial obedecer a determinados requisitos, a lei o autoriza a pleitear a renovação compulsória do contrato;
Para ter direito a renovação compulsória, deverá obedecer as seguintes requisitos:
a) O locatário deverá ser empresário (individual ou membro de sociedade empresária) - estão, portanto excluídos dessa prerrogativa, os profissionais liberais, as associações civis, as fundações, dentre outros não caracterizados como empresários;
PROTEÇÃO AO PONTO
b) a locação ter sido contrato por tempo determinado (no mínimo 5 anos) – admitindo-se as renovações sucessivas e amigáveis;
c) o locatário deve estar explorando o mesmo ramo da atividade por, no mínimo 3 anos, até a data da consequente proposição de ação renovatória;
É denominado garantia de inerência no ponto, por considera-se o valor agregado pelo uso do ponto por um tempo razoável – o empresário, assim, terá condições de permanecer no mesmo local;
PROTEÇÃO AO PONTO
A respectiva “ação renovatória”, deverá ser ajuizada entre 1 ano a 6 meses anteriores ao término do contrato (Art. 51, §5º da lei 8.245/1991);
O direito de inerência, se for incompatível com o garantia constitucional da garantia da propriedade privada, cedera em nome desta garantia constitucional – o locatário impedido de usar seu direito, poderá ser indenizado em razão do valor que acresceu ao bem;
PROTEÇÃO AO PONTO
O locador, poderá então suscitar exceção de retomada, com base nas seguintes previsões legais:
a) insuficiência da proposta de renovação do locatário (Art. 72, II da lei 8.245/1991): a proposta não poderá ser inferior aos valores de mercado do respectivo imóvel;
PROTEÇÃO AO PONTO
b) proposta melhor de terceiro (Art. 72, III da lei 8.245/1991): se houver proposta melhor de terceiro, o locador deverá concordar em pagar o equivalente para que se efetive a renovação – o locatário poderá ser indenizado pela perda do ponto (Art. 52, §3º da lei 8.245/1991);
c) reforma substancial do prédio (Art. 52, I da lei 8.245/1991): se for obrigado a fazê-lo por determinação do poder público ou por sua própria iniciativa para valorizá-lo – se não iniciar em 3 meses será devida indenização;
PROTEÇÃO AO PONTO
d) Uso do próprio locador (Art. 52, II da lei 8.245/1991): a lei restringirá ao locador explorar no prédio a mesma atividade anteriormente explorada pelo locatário;
e) transferência de estabelecimento comercial, existente a mais de 1 ano, de ascendente, descendente, ou cônjuge, desde que atue em ramo do diverso daquele do locatário (Art. 52, II da lei 8.245/1991);
PROTEÇÃO AO PONTO
O contrato de alienação dever ser celebrado por escrito e arquivado na junta comercial (Art. 1144 do CC);
A alienação do estabelecimento é sujeita a anuência dos credores – o empresário deverá colher a concordância por escrito dos credores ou notificá-los de sua intenção que, em caso de silêncio destes por 30 dias, configurará anuência tácita (Art. 1145 do CC);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Poderá ser dispensado dessa obrigação o alienante que comprove continuar solvente mesmo após a respectiva alienação;
Não havendo essas precauções, a venda poderá ser declarada ineficaz e o adquirente poderá perdê-la em favor da massa falida (Art. 129, VI da lei 11.101/2005);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Pode ser firmado cláusula de não transferência de passivo, em que o alienante compromete-se com o adquirente em ressarci-lo por obrigações inerentes ao estabelecimento, especialmente aquelas que estiverem sub judice – o credor poderá ainda assim demandar o adquirente que, por sua vez, terá direito de regresso contra o alienante;
O credor trabalhista tem seu direito protegido, ante o alienante do estabelecimento (Art. 448 da CLT) – o credor tributário também possui proteção específica (Art. 133 do CTN);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Em caso de adquirir o estabelecimento perante leilão judicial promovido em processo de recuperação judicial, o adquirente não responde pelas obrigações do alienante, visto não ser considerado seu sucessor no estabelecimento empresarial;
Não sendo autorizado em contrato, o alienante não poderá estabelecer-se em idêntico ramo de atividade empresarial e concorrendo com o adquirente, a não ser que esteja autorizado em contrato;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
O Contrato de compra e venda é denominado de trespasse – “passa-se o ponto”;
Nesse contrato, o estabelecimento empresarial, de um empresário, envolvendo o complexo de bens corpóreos e incorpóreos que sustentam e possibilitam o negócio, passa a integrar o patrimônio de outro empresário;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
É importante diferenciar alienação da mudança do controle de quotas sociais, fundamentalmente para se verificar a ocorrência ou não da sucessão empresarial;
No trespasse pode ou não ocorrer a sucessão – na mudança do controle societário não ocorrerá;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
A SUCESSÃO O Objetivo de se precisar o instituto é
essencialmente proteger os direitos dos credores;
Sucessor é “o adquirente do estabelecimento, quando a obrigação do alienante se encontrava regularmente contabilizada. Independentemente de regular inscrição, o adquirente é sempre sucessor do alienante, em relação às obrigações trabalhistas e fiscais ligadas ao estabelecimento” (COELHO, 2009);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
A SUCESSÃO Quando estiver caracterizada a sucessão, os
credores poderão acionar o novo adquirente do estabelecimento para garantirem seus créditos;
Antes da entrada em vigor do novo código civil, a regra era a de que o adquirente não se tornava sucessor do alienante;
NCC: o adquirente do estabelecimento responde por todas as obrigações relacionadas ao negócio anteriormente explorado em determinado local – as despesas precisam estar regularmente contabilizadas – o alienante fica obrigado solidariamente pelo prazo de 1 ano (Art. 1146 do CC);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
A SUCESSÃO As regras acima não se aplicam as
obrigações tributárias e trabalhistas, relacionadas aos direitos dos respectivos credores;
As regras internas (do trespasse), contudo suprem os direitos de regresso de parte a parte;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
A SUCESSÃO Em casos de débitos fiscais, há duas
possibilidades a se considerar: a) no caso de o alienante não mais explorar qualquer atividade econômica, o adquirente passa a ter responsabilidade direta adquiridas pela atividade originalmente explorada no respectivo estabelecimento e b) no caso de o alienante continuar a explorar atividade econômica, o adquirente responde de forma subsidiária pelos débitos fiscais;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
A SUCESSÃO A sucessão em âmbito tributário somente
se caracteriza se o adquirente continuar a explorar idêntica atividade daquela que era explorada pelo alienante, caso contrário não responde nem de maneira direta, nem subsidiariamente;
O contrato de trespasse deve ser registrado na junta comercial e publicado na imprensa oficial (Art. 1144 do CC), para ter efeitos mediante terceiros;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
TRESPASSE E LOCAÇÃO EMPRESARIAL O adquirente de imóvel situado em prédio locado,
deverá negociar tanto com o locatário, quanto com o locador (Art. 13 da lei 8.245/91 e Art. 1148 do CC);
A anuência do locador poderá ser tácita ou expressa (Art. 9º, II da lei 8.245/91);
Havendo justa causa, o locador poderá rescindir o contrato nos 90 dias que se seguirem a publicação do contrato de alienação;
Uma vez autorizado pelo locador, a cessão ou sub-rogação da locação, o adquirente poderá utilizar-se dos prazos contratuais anteriores do alienante para efeito de ajuizamento de ação renovatória;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
CLÁUSULA DE NÃO-RESTABELECIMENTO Durante o andamento do negócio, o
alienante passou a dominar informações sobre o negócio que são cruciais para a manutenção da respectiva clientela;
O adquirente ao pagar pelo estabelecimento, também o fez em razão do seu aviamento (sobrevalorização);
É comum nos contratos de trespasse, de cessão de participação societária, de locação de espaço em shopping center, na rescisão de franquia, a inserção de cláusula proibitiva de restabelecimento do alienante;
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
CLÁUSULA DE NÃO-RESTABELECIMENTO Há limitações: o alienante não pode ficar
impedido de explorar atividades não concorrentes, ficar obrigado por tempo indeterminado ou sem limitações geográficas claras;
Não havendo cláusulas expressas ou que determinem o contrário, o alienante fica proibido de concorrer com o adquirente, pelo prazo de 5 anos (Art. 1147 do CC);
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
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