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1. Ficha para Identificação – Produção Didático-Pedagógica:
Título: Superando as dificuldades em leitura e escrita
Autora: Romy Galiusi Zanardi
Disciplina
Educação Especial
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Escola Estadual Professor Léo Kohler – Ensino Fundamental – Séries Finais Rua: Ataulfo Alves, 910.
Município da Escola
Terra Boa-PR
Núcleo Regional de Educação
Cianorte-PR
Professor(a) Orientador(a)
Dra. Tânia dos Santos Alvarez da Silva
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Relação Interdisciplinar
Todas as Disciplinas do Currículo Fundamental
Resumo
É na ação pedagógica que se irão constituir e revelar os desafios do processo de ensino e aprendizagem. Dia a dia vemos aumentar os índices de alunos considerados com problemas de aprendizagem. Acreditamos que o estudo a ser desenvolvido neste projeto de implementação é relevante, uma vez que, no cotidiano escolar constata-se um número significativo de alunos com problemas de aprendizagem que envolve leitura e escrita e que na maioria das vezes, esses alunos não são atendidos nas suas reais necessidades. Sendo assim, oportunizaremos aos professores e pedagogos da Escola Estadual Professor Léo Kohler de Terra Boa- PR, conhecimentos sobre fatores que interferem na aprendizagem da leitura e da escrita através de um
curso de extensão. Abordaremos assuntos como: fundamentos básicos da neurociência; os estilos de aprendizagem e os fatores que interferem na dificuldade de aprendizagem; dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita e a consciência fonológica. Por meio do estudo desses temas buscaremos possibilitar um movimento de repensar a prática pedagógica à luz de novos conhecimentos visando remover ou amenizar as barreiras do processo ensino-aprendizagem dos educandos.
Palavras-chave
Neurociência; Aprendizagem; Dificuldade de leitura e escrita; Consciência fonológica; Praticas pedagógica.
Formato do Material Didático
Caderno Temático
Público Alvo
Professores e Pedagogos
2 APRESENTAÇÃO
O presente Caderno Temático é parte integrante das atividades do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – Turma 2016, e foi
elaborado como um instrumento para implementar a proposta de Intervenção
na Escola Estadual Professor Léo Kohler- Terra Boa, estado do Paraná,
sendo esta, uma das etapas do programa. Este caderno tem por base subsidiar
os professores fornecendo-lhes possibilidade de repensar a prática pedagógica
à luz de novos conhecimentos visando remover, ou amenizar as barreiras do
processo ensino-aprendizagem dos educandos, uma vez que vemos aumentar
o índice de alunos com problemas em relação à leitura e escrita.
Para o desenvolvimento desse tema apresentamos subsídios
teóricos contemplando assuntos como: fundamentos básicos da neurociência;
como o cérebro aprende; os estilos de aprendizagem, os fatores que interferem
na dificuldade de aprendizagem; a diferença entre aluno mal alfabetizado e
com dificuldades de aprendizagens; processos de aprendizagem de leitura e
escrita e a consciência fonológica. Esperamos com este material, indicar
possíveis caminhos aos docentes em sua prática pedagógica com estratégias e
intervenções adequadas visando remover, ou amenizar as barreiras do
processo ensino-aprendizagem dos educandos.
3. Neurociência na Educação.
Aprendemos com a cognição, mas sem dúvida alguma, aprendemos pela emoção, o desafio é unir
conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem. Marta Relvas
A neurociência compreende estudos sobre o sistema nervoso em toda a
sua complexidade. Esse campo de estudos visa desvendar o funcionamento da
estrutura encefálica, seu desenvolvimento e eventuais alterações que possa
sofrer, bem como, realiza a observação das atividades mentais e como os
estímulos cerebrais modulam as emoções e as reações comportamentais.
De acordo com os estudos de Relvas (2012), o que somos, fazemos,
pensamos e desejamos é resultado do funcionamento do sistema nervoso e
sua interação com o corpo, juntamente com a história de vida de cada um, a
cultura, a sociedade, e a genética. Esse conjunto de fatores faz de nós o que
somos, individualmente, como seres humanos, e como animais racionais.
Relvas (2015a) aponta que a neurociência é uma ferramenta que
contribui para a prática pedagógica, uma vez que, é necessário que o professor
tenha uma base científica. É preciso que o professor entenda que existe a
biologia, a fisiologia e a anatomia no cérebro que aprende. Esse conhecimento
é fundamental para que o professor possa compreender melhor os processos
que envolvem o ensino e a aprendizagem. Quanto mais entender esse cérebro
e como este aprende, melhor poderá educar seu aluno. Por isso, “o professor
conhecer a biologia do cérebro nas dimensões cognitivas, afetivas, emocionais
e motoras é fazer um grande aliado que a neurociência traz na contribuição da
educação”. Ainda para Relvas, a neurociência pode auxiliar o professor no
entendimento estrutural, funcional, patológico do comportamento humano no
que diz respeito à memoria, humor, a atenção, ao sono. (Relvas, 2015)
Ainda sobre os educadores terem um respaldo teórico sobre o
funcionamento do cérebro entendendo as diferenças cognitivas entre os alunos
pode ser entendida como:
Os professores precisam estar capacitados para compreender e
atender as diferenças cognitivas dos alunos de acordo com os
princípios da neurociência, pois o conhecimento do sistema nervoso,
fisiológico e patológico ajuda a melhorar as práticas educativas visando
à diminuição das dificuldades de aprendizagem. (ESCRIBANO1, 2007
apud GROSSI et al, 2014)
As escolhas das estratégias que os professores utilizam são essenciais,
uma vez que exige que o professor tenha habilidade e sensibilidade de
perceber a diversidade existente no contexto da sala de aula, tornando se um
desafio para ele preparar sua prática pedagógica para levar o conhecimento a
todos os alunos e assim, promover a aprendizagem alcançando a todos.
Nesse sentido, Soares (2003) afirma que uma vez que o educador deve
ter conhecimento do funcionamento cerebral e reconhecer que cada aluno tem
suas especificidades e aprende de uma maneira diferente. Essa diferença
envolve um tempo diferente para consolidade a aprendizagem. Com esse
entendimento, o professor terá dado o primeiro passo para desenvolver suas
aulas, explorando os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos e
utilizando variadas estratégias pedagógicas, ressignificando sua prática
docente.
Nosso cérebro por ser flexível é capaz de mudar de acordo com os
estímulos que recebe do ambiente. A neuroplasticidade pode auxiliar esse
processo de aprendizagem, uma vez que permite que o cérebro se reorganize
para se desenvolver compensando os possíveis desvios e deficiências, criando
novos caminhos para a aprendizagem.
Segundo Relvas (2015) a plasticidade cerebral é a denominação
utilizada para a capacidade que o cérebro tem de adaptar suas habilidades de
organização estrutural, próprias do seu funcionamento. Essas alterações
estruturais são decorrentes de respostas às experiências e de como o cérebro 1 ESCRIBANO, C. López. Contribuciones de La Neurociencia al diagnóstico y tratamiento educativo de La
dislexia de La dislexia desarrollo. Revista de Neurología, 2007; 44(3): 173-180.
se adapta as condições mutantes e estímulos repetitivos. De acordo com
Relvas a “plasticidade é o ponto culminante da nossa existência e do nosso
desenvolvimento, da qual depende todo o processo de aprendizagem”.
(Relvas, 2015, p.52).
Os estilos de aprendizagem, os fatores que interferem na dificuldade de
aprendizagem.
Frequentemente o termo dificuldade de aprendizagem é mal
interpretado pelos professores, em parte devido às várias definições que lhe
foram atribuídas, neste sentido Zorzi (2004), chama atenção para o fato.
Dizemos que um estudante está com dificuldades de aprendizagem, quando
passa a não conseguir ler, escrever, calcular ou desempenhar outras
atividades escolares, com sucesso, independentemente, deste, ter ou não
potencial normal ou superior para aprender. A visão desse não aprendizado do
estudante muitas vezes é visto pelo professor como o estudante não saber
aproveitar os conhecimentos passados por ele. Assim o problema da não
aprendizagem é apontado como sendo de total responsabilidade dos
educandos. Fatores como: o tipo de metodologia utilizada na sala de aula;
currículo escolar que é oferecido aos alunos; a falta de prática de alguns
professores; conteúdos e exercícios inadequados; as questões orgânicas;
cognitivas; afetivas/emocionais; econômico/ social /culturais podem influenciar
no processo da aquisição de aprendizagens bem como causar transtornos,
primeiramente na criança, na família e depois para a escola.
Zorzi aponta alguns aspectos relevantes que conduzem à dificuldade
de aprendizagem:
1. [...] ordem motivacional que dizem respeito ao envolvimento cognitivo/afetivo com a aprendizagem, principalmente de natureza escolar. Muitas crianças com um potencial de aprendizagem favorável podem apresentar baixo desempenho acadêmico pelo fato de não verem razão para investir naquilo que a escola e/ou a família apresentam como importante. São crianças cuja motivação não está orientada para o sucesso acadêmico. 2. [...] dificuldades pontuais que revelam dúvidas específicas e não um transtorno de aprendizagem. [...] erros ortográficos
específicos os quais podem ser superados assim que o conhecimento necessário seja a ela oferecido. 3. [...] Transtornos emocionais primários (ansiedade, depressão, fobias e psicoses) trazem desequilíbrio no plano relacional quanto acadêmico. 4. Transtornos Globais do desenvolvimento (TGD) afetam aspectos cognitivos, sociais/relacionais, comunicativos e motores, como deficiências mentais, autismo, de alterações de natureza sindrômica e de déficits neurológicos variados tendem, frequentemente, a comprometer a aprendizagem. 5. [...] crianças que não aprendem por apresentarem dificuldades ou mesmo falta de interesse. Também nos deparamos com outras cujo problema reside, fundamentalmente, na falta de oportunidades para aprender e não em suas capacidades para tanto. 6. [...] a forte influência que a própria escola exerce sobre a aprendizagem na medida em que pode criar situações favoráveis ou desfavoráveis para tanto. As propostas pedagógicas podem ser atraentes ou não para os alunos, podem ser motivadoras ou até mesmo afastarem o interesse da criança (ZORZI, 2004).
Para Blin (2005) sem subestimar o efeito de fatores externos à
escola, variadas pesquisas sobre a eficácia do ensino têm demonstrado a
influência dos professores e da maneira como conduzem a ação pedagógica,
não somente sobre a forma como se dá a aprendizagem dos alunos, mas
também sobre o modo com que se comportam em aula. O conhecimento dos
processos associados ao ato de aprender e uma prática didática capaz de
facilitá-los pode minimizar grande parte dos problemas e dos rótulos colocados
nos alunos com “dificuldades de aprendizagem".
A psicomotricidade como estratégia para o enfrentamento da
desatenção.
Desde os primórdios, quando o homem organizou seu o pensamento por
meio de registros gráficos, a escrita sofreu alterações e, progressivamente, se
tornou cada vez mais relevante para a inserção desse indivíduo nas relações
sociais, na difusão de ideias e informações. O domínio insuficiente da
linguagem escrita, impossibilita e dificulta a autonomia intelectual. Estudos
mostram que muitas dificuldades relacionadas à escrita podem ser oriundas de
uma disfunção psicomotora, uma vez que para a escrita são necessárias certas
habilidades motoras como a coordenação motora fina, o esquema corporal, a
lateralização, a discriminação auditiva e visual e a organização espaço-
temporal.
Baseado nessa premissa Fonseca (2005) salienta que, antes de
aprender a matemática, o português, os ensinamentos formais, o corpo tem
que estar organizado, com todos os elementos psicomotores estruturados.
Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço terá
maiores dificuldades para sentar-se adequadamente numa cadeira, concentrar-
se segurar num lápis com firmeza e reproduzir num papel o que elaborou em
pensamento. Ainda neste sentido o autor ressalta que o professor das classes
de alfabetização precisa conhecer e estar atento ao funcionamento dos órgãos
sensoriais no que se refere ao processo de ensinar e aprender na
alfabetização, uma vez que, a psicomotricidade na sua ação educativa e
terapêutica, pretende atingir a organização neuropsicomotora dos aprendizes.
Nas várias fases da vida, desde o nascimento à velhice, o corpo humano
está sempre em modificação. Pela ação do corpo o ser humano se move,
sente, experimenta, atua, se relaciona, percebe, compreende e descobre
sensações variadas e novas. Tudo está devidamente armazenado nesse corpo
que revela, pelos gestos, conhecimentos do homem em transformação.
Estamos em constante movimento psicomotor. Há movimentos psicomotores
que já foram automatizados por nosso cérebro como; caminhar, correr, dirigir
entre outros. Dentro deste contexto, a psicomotricidade pode servir como
auxílio, através da estimulação e exploração real do mundo, para o ser humano
se desvendar por completo.
A Associação Brasileira de Psicomotricidade define a psicomotricidade
como a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo
em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, sendo
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. A psicomotricidade é sustentada
por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Portanto,
“[...] a psicomotricidade é o corpo, a ação e emoção” (ALVES, 2007, p. 137).
A psicomotricidade contribui para a formação global do indivíduo por
meio de atividades que incluem desde a diversão até a capacidade de criar,
interpretar e dialogar com o mundo (LIMA, A.S; BARBOSA S.B, 2007).
Recomenda-se que as atividades psicomotoras sejam requisitos básicos no
programa das séries iniciais, pois podem prevenir dificuldades de
aprendizagem na escrita.
A psicomotricidade, presente no período preparatório da alfabetização é
considerada um dos pré-requisitos fundamentais para o desenvolvimento da
leitura, escrita e aritmética. Isso porque, se a criança não tiver essas
habilidades desenvolvidas poderá apresentar dificuldades para diferenciar
letras, posicionar-se corretamente para a escrita, realizar a construção e
estabelecer a relação número/quantidade, noção espacial e temporal.
Amaral e Barbosa (2009) enfatizam que a relação entre o processo de
alfabetização e a psicomotricidade é muito intensa a ponto de uma servir de
base para a outra. No campo de estudos que nos interessa, a
psicomotricidade serve de base para os primeiros aprendizados na
alfabetização.
Neste sentido Negrine destaca que a criança na fase da alfabetização é
toda movimento. Em seus estudos,
[...] têm demonstrado a existência de estrita relação entre a capacidade de aprendizagem escolar da criança e sua possibilidade de desempenho neuromuscular. Este desenvolvimento neuromuscular é adquirido através da experiência em atividades físicas”. O que para as crianças se caracteriza como brincadeiras de correr, chutar, pular, pegar, arremessar são consideradas pela psicomotricidade como movimentos neuromusculares que servirão de base para que a criança aprenda a segurar no lápis, folhar o caderno, definir sua lateralidade, diferenciar as formas das letras, etc. (NEGRINE, 1995 apud AMARAL; BARBOSA, 2009).
A prática psicomotora diz respeito a diferentes aquisições da criança e
não apenas aos problemas específicos na aprendizagem da leitura e escrita.
Para Wallon (GALVÃO, 1995) os aspectos psicomotores, estão diretamente
relacionados ao desenvolvimento intelectual do aprendiz. Os primeiros
movimentos da criança, voltados para a concretização de uma ação objetiva
sobre o objeto, definem o caráter cognitivo do movimento e seu papel
fundamental na formação da inteligência humana. A psicomotricidade pode
ser uma aliada para o processo de alfabetização uma vez que, proporciona à
criança condições satisfatórias para um bom desempenho escolar, levando em
conta que é necessário que ela manipule adequadamente os objetos que a
cercam. Segundo Oliveira (1992) a inteligência pode ser considerada uma
adaptação motora e intelectual, resultante da interação com o meio ambiente.
Para que essa adaptação aconteça é necessário que o indivíduo explore de
forma adequada os objetos existentes ao seu redor, desde muito antes das
exigências escolares, como utilizar um lápis.
Fávero, (2004), confirma em seus estudos que a aquisição da escrita
envolve um grau maior de dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está
ausente e envolve a tomada de decisões acerca do que vai ser escrito e como
será escrito. Para a criança escrever e gerar uma informação, ela precisa
organizá-la mentalmente de forma coerente, escrevê-la e ainda, revisar o que
foi escrito. É necessário diferenciar as letras dos demais signos e determinar
quais são as letras que devem ser empregadas. Além disso, a escrita
pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades como
a espacial e temporal são essenciais para que essa atividade ocorra de
maneira satisfatória. Ainda podemos ressaltar, de acordo com Fávero, que,
o desenvolvimento psicomotor não é o único fator responsável pelas dificuldades de aprendizagem, mas um dos que podem desencadear ou agravar o problema. As dificuldades de aprendizagem relacionadas à escrita alteram o rendimento escolar. Crianças com dificuldades de escrita podem apresentar disfunção nas habilidades necessárias para uma aprendizagem escolar efetiva, e estes fatores podem ser acentuados pelos déficits psicomotores (FÁVERO
2, 2009 apud
PEREIRA; CALSA, 2007).
Ainda sobre a aprendizagem da leitura e da escrita a criança deverá
obedecer tempo e sucessão das letras, dos sons e das palavras, fato este que
destaca a influência da estruturação temporal para a adaptação escolar e para
a aprendizagem. (Fonseca, 1983).
4. A consciência fonológica e os processos de aprendizagem de leitura e
escrita.
2 FÁVERO, Maria Tereza M. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem da escrita. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual de Maringá, 2004.
Para que o processo de ensino e aprendizagem se efetive e tenha êxito
é necessário desenvolver habilidades cognitivas que levarão o educando ao
domínio da leitura e da escrita. Porém, as atividades as quais as crianças serão
expostas precisam contemplar pré-requisitos para a aquisição da leitura e
escrita. Esses pré-requisitos se vinculam precisamente ao desenvolvimento da
consciência fonológica e da língua oral. Sem o desenvolvimento dessas
habilidades linguísticas não é possível alcançar a competência e autonomia em
leitura e escrita. (CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2002).
A consciência fonológica, segundo Capovilla & Capovilla (2002) diz
respeito à habilidade em discriminar e manipular os segmentos da fala. Para os
autores, a consciência fonológica se apresenta como o requisito fundamental
para aquisição da leitura e escrita. Objetivamente tal habilidade diz respeito à
consciência dos segmentos sonoros que compõem as palavras que ouvimos e
falamos.
Segundo Capovilla & Capovilla (2002), para que o aluno alcance o
domínio da leitura e escrita, o professor precisa completar as lacunas
existentes na oralidade das crianças. Só essa intervenção a conduzirá para a
consolidação da alfabetização. As crianças nos anos iniciais de vida, no
período correspondente à educação infantil, devem desenvolver as sub-
habilidades da consciência fonológica, a saber: consciência de palavras,
consciência silábica, consciência de rimas e aliterações e como último nível a
ser alcançado a consciência fonêmica. Segundo Zorzi (2009), quanto mais
precoce for à exposição da criança às atividades e brincadeiras que permitem
manipular os sons da fala, maiores serão as possibilidades de o aprendiz
alcançar sucesso na alfabetização.
Vale ressaltar que a aprendizagem da leitura e da escrita depende da
descoberta da relação grafo-fonêmica (relação entre letras e sons). Essa
tomada de consciência por parte dos alunos é alcançada através de uma
reflexão consciente sobre sua língua, e o papel do professor é mediar o aluno a
compreender e a dominar um conjunto complexo de propriedades estruturais e
funcionais da língua.
De acordo com Zorzi (2009), desde que o aluno possua habilidade para
identificar, auditivamente os fonemas, este também terá mais facilidade para
compreender a natureza alfabética da escrita, dando inicio ao processo de
assimilação de correspondência grafema-fonema.
A aprendizagem da língua escrita resulta de um processo consciente por
parte do educando. Tal aprendizagem pressupõe o acesso do aprendiz a um
ensino sistematizado. Tal ensino precisa tornar transparente ao aprendiz os
mecanismos que envolvem a representação gráfica da fala, ou seja, precisa
explicitar a relação existente entre os segmentos sonoros que compõem a fala
e os símbolos gráficos que os representam. (GALUCH; SILVA; HANKE, 2015).
Discutir apropriação de língua escrita exige ainda refletir sobre a
importância desse conteúdo para a conquista da autonomia intelectual pelo
aprendiz. O domínio insuficiente do sistema de escrita é inegavelmente um
obstáculo para a conquista dessa almejada autonomia.
5. Diferença entre aluno mal alfabetizado e com dificuldades de
aprendizagens.
O termo dificuldade de aprendizagem suscita dúvidas entre professores.
Há diferentes interpretações sobre esse fenômeno. É possível identificar que
um estudante está com dificuldades de aprendizagem, quando ele exibe
insucesso para ler, escrever, calcular ou desempenhar, outras atividades
escolares. É comum que professores interpretem as dificuldades de
aprendizagem como uma resistência do aluno em aproveitar os conhecimentos
transmitidos em sala de aula. Por tal entendimento, o problema da não
aprendizagem é atribuído aos educandos.
As dificuldades de aprendizagem podem ser interpretadas como
obstáculos temporários que a criança pode transpor com o auxílio de
estratégias adequadas oferecidas por seu professor. Já, o transtorno ou
distúrbio de aprendizagem tem natureza neurobiológica. Contudo, a despeito
de sua origem orgânica o distúrbio também requer intervenção pedagógica. A
ação pedagógica intencional é o caminho para o enfrentamento de dificuldades
e distúrbios de aprendizagem. Segundo estudos realizados por Zorzi (2004),
muitas crianças apontadas como tendo dificuldades de aprendizagem não
possuem atitudes e hábitos em relação à leitura. Nessas situações, a criança
revela pseudodistúrbios de aprendizagem. Ou seja, suas dificuldades resultam
de ensino inadequado ou ausência de aprendizagem por motivos diversos. Do
ponto de vista orgânico, essas crianças não exibem problemas. Os
pseudodistúrbios compõem a maioria dos casos investigados pelas escolas.
3.4 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS Atividades a serem desenvolvidas nos encontros:
1º e 2º encontros: Neurociência na Educação
Nesses encontros serão abordados os fundamentos básicos da neurociência;
como o cérebro aprende, a princípio através de explanação com slides no
PowerPoint.
Exibição do vídeo: Neurociências e Aprendizagem: Como o Cérebro
Aprende apresentado pelo Dr. Clay Brites.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=23I4yU-jCGM> Acesso em
10/11/2016
Leitura e discussão dos artigos:
Contribuições de neurociências à formação de professores: mediando
transtornos e dificuldades de aprendizagem.
A neurociência na formação de professores: um estudo da realidade brasileira
3º encontro: Os estilos de aprendizagem, os fatores que interferem na
dificuldade de aprendizagem.
Explanação do tema proposto através de slides no PowerPoint. Leitura e
discussão dos textos:
Os distúrbios de aprendizagem e os distúrbios específicos de leitura e da
escrita.
Aprender a ler e a escrever: indo além dos métodos.
Exibição do Vídeo: Como diferenciar DIFICULDADES e DISTÚRBIO de
Aprendizagem- Luciana Brites
Transmitido ao vivo em 13 de mar de 2015 por Neuro Saber. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=FhWN8wFbK4g&t=31s> Acesso em
07/12/2016
4º encontro: A psicomotricidade como estratégia para o enfrentamento da
desatenção.
Explanação do tema proposto através de slides no PowerPoint, leitura e
discussão do texto:
Intervenção psicomotora em crianças com dificuldades de aprendizagem.
5º e 6º encontros: A consciência fonológica e os processos de
aprendizagem de leitura e escrita.
Explanação do tema proposto através de slides no PowerPoint,
leitura e discussão do texto:
Tese: Intervenção em consciência Fonológica em crianças com
dificuldade em leitura e escrita.
Vídeos:
1-Consciência Fonológica - Fase Pré-fonológica e Fase Fonológica
Publicado em 27 de julho de 2016
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9Qr-YxfnYE8 > Acesso em
07/12/2016
2- Dicas da Fono: Atividades para estimular a escrita (parte II) -
Consciência Fonológica
Publicado em 20 de out de 2016 por Paula Moura
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hAFv1U9XnxI> Acesso em
07/12/2016
3- Transtornos Específicos de Aprendizagem: Estratégias Para o
Acompanhamento Educacional.
Publicado em 25 de outubro de 2011 pela Profª Drª Gisele Germano
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RVIqc9GpnQc&t=2s>
Acesso em 07/12/2016
7º encontro: Diferença entre aluno mal alfabetizado e com dificuldades de
aprendizagens.
Dinâmica de sensibilização: Disbicicleticos
Dani é uma criança que não sabe andar de bicicleta. Todas as outras
crianças do seu bairro já andam de bicicleta; os da sua escola já andam de
bicicleta; os da sua idade já andam de bicicleta. Foi chamado um psicólogo
para que estude seu caso. Fez uma investigação, realizou alguns testes
(coordenação motora, força, equilíbrio e muitos outros; falou com seus pais,
com seus professores, com seus vizinhos e com seus colegas de classe) e
chegou a uma conclusão: esta criança tem um problema, tem dificuldades para
andar de bicicleta. Dani é disbiciclético.
Agora podemos ficar tranqüilos, pois já temos um diagnóstico. Agora
temos a explicação: o garoto não anda de bicicleta porque é disbiciclético e é
disbiciclético porque não anda de bicicleta. Um círculo vicioso tranqüilizador.
Pesquisando no dicionário, diríamos que estamos diante de uma tautologia,
uma definição circular. "Por qué la adormidera duerme? La adormidera duerme
porque tiene poder dormitivo". Pouco importa, porque o diagnóstico, a
classificação, exime de responsabilidade aqueles que rodeiam Dani. Todo o
peso passa para as costas da criança. Pouco podemos fazer. O garoto é
disbiciclético! O problema é dele. A culpa é dele. Nasceu assim. O que
podemos fazer?
Pouco importa se na casa de Dani seus pais não tivessem tempo para
compartilhar com ele, ensinando-o a andar de bicicleta. Porque para aprender
a andar de bicicleta é necessário tempo e auxílio de outras pessoas.
Pouco importa que não tenham colocado rodinhas auxiliares ao começar a
andar de bicicleta. Porque é preciso ajuda e adaptações quando se está
começando. Pouco importa que não haja, nas redondezas de sua casa, clubes
esportivos com ciclistas com quem ele pudesse se relacionar, ou amigos
ciclistas no bairro que o motivassem. Porque, para aprender a andar de
bicicleta não pode faltar motivação e vontade de aprender. E pessoas que
incentivem!
Pouco importa, enfim, que o garoto não tivesse bicicleta porque seus
pais não puderam comprá-la. Porque para aprender a andar de bicicleta é
preciso uma bicicleta. (Felizmente, os pais de Dani, prevendo a possibilidade
de seu filho ser disbiciclético, preferiram não comprar uma bicicleta até
consultar um psicólogo).
Podemos estender a qualquer outra deficiência em que o diagnóstico
médico ou psicológico possa ser utilizado como desculpa para nos eximirmos
de responsabilidades. Se classificamos a criança como disfásica, disléxica,
discalcúlica, disgráfica, deficiente visual ou auditiva, mental ou motora,
disártrica ou simplesmente disbiciclética, estamos fazendo algo mais do que
"colocar um nome" no que pode acontecer com uma criança. Estamos criando
expectativas naqueles que a cercam.
Por isso, eu sugiro que antes de comprar uma bicicleta para seu filho ou
sua filha, comprove que não sejam disbicicléticos. Vá que aconteça
imediatamente após a compra dar-se conta de que se jogou dinheiro fora?
Emilio Ruiz Rodriguez Psicólogo (Espanha)
Disponível em:
<http://www.estouautista.com.br/index.php/2010/08/27/disbicicleticos/ > Acesso
em 07/12/2016
Explanação do tema proposto através de slides no powerpoint. Leitura e
discussão do texto:
Bases neurais que envolvem o processamento da leitura e da escrita.
Distúrbios de aprendizagem e professores: implicações na prática
pedagógica.
Exibição dos Vídeos:
1. Educação em rede - Superando dificuldades de aprendizagem
Publicado em 4 de junho de 2013
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=0sGXl85-Lkk > Acesso em
24/11/20162. Como diferenciar DIFICULDADES e DISTÚRBIO de
Aprendizagem. (Transmitido ao vivo em 13 de março de 2015 pela
comunidade Neuro Saber) Luciana Brites
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FhWN8wFbK4g> Acesso
em 10/11/2016
8º encontro: Repensando a prática pedagógica, a partir das reflexões
possibilitadas pelos estudos.
Dinâmica: O poder da linguagem: dinâmica (curso de Avaliação
Psicoeducacioonal no Contexto Escolar 31/05/ 2008, Sandra M. Novisk e Yara
C. R. Silva)
Não te amo mais Clarice Lispector
Não te amo mais. Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que Nada foi em vão. Sinto dentro de mim que Você não significa nada. Não poderia dizer jamais que Alimento um grande amor. Sinto cada vez mais que
Já te esqueci! E jamais usarei a frase: EU TE AMO! Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais...
Obs.: Agora leia de baixo para cima.
Leitura e discussão dos textos:
Aprendizagem da linguagem escrita: reflexões sobre a mediação docente.
A superação dos problemas de leitura e escrita nas Séries iniciais do ensino fundamental: contribuições da Neuropsicologia.
3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, T.C; BARBOSA, A.M. Psicomotricidade e Alfabetização: as contribuições do movimento na lectoescrita. PUCPR. 2009. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2087_1628.pdf> Acesso em 04 nov. 2016.
BLIN, Jean-François. Classes difíceis: ferramentas para prevenir e administrar os problemas escolares. Porto Alegre: Artmed, 2005.
CYSNE, K. Tese: Intervenção em consciência Fonológica em crianças com dificuldade em leitura e escrita. Lisboa, FCSH, 2012.
ESTEVES. M. C. Estratégias de leitura no contexto escolar. Caderno PDE, 2013. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_uem_port_artigo_marcia_cristina_esteves.pdf> Acesso em 10 nov. 2013.
FÁVERO, Maria Teresa Martins CALSA, Geiva Carolina. Intervenção psicomotora em crianças com dificuldades de aprendizagem. Maringá: UEM, 2012
GALVÃO, Isabel. Henri Wallon - uma concepção dialética do desenvolvimento
infantil. Petrópolis: Vozes, 2000.
GALUCH T, M; Silva, T.S.A; HANKE, J.G.M. Aprendizagem da linguagem escrita: reflexões sobre A mediação docente. UEM, 2015.
GARBIM, T.S; GALUCH T, M; SILVA, T.S.A. A superação dos problemas de
leitura e escrita nas Séries iniciais do ensino fundamental: contribuições
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