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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83
D. José Policarpo ouviu vários relatos, mas preferiu mudar padres de paróquia a bani-los do meio eclesiástico p14
Indicadores económicos na iminência de empurrar taxas do banco central para novo mínimo histórico p20/21
Inquérito aos maiores bancos nacionais revela que empréstimos às PME tiveram menos restrições p21
“Número dois” do Partido Democrático foi encarregado de formar o próximo Governo italiano p25
Padres denunciados por abusos sexuais mantidos no activo
Retoma adiada na zona euro levará BCE a baixar taxas de juro
Financiamento da banca às PME teve ligeira melhoria
Napolitano escolhe Enrico Letta para formar governo
Decisão do TC precipitou prisão de Isaltino MoraisPresidente da Câmara de Oeiras perdeu mais dois recursos, mas foi a rejeição pelo Tribunal Constitucional de um outro que o levou à cadeia. Advogados alegam que prisão é ilegal e apresentaram requerimento para o libertar Portugal, 12/13 e Editorial
25 DE ABRIL55 PERSONALIDADESDIZEM O QUE DEVIA MUDAR Destaque, 2 a 11 e Editorial
MIGUEL MANSO
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Maria tinha dez meses quando foi capa do PÚBLICO nos 25 anos do 25 de Abril. Agora conta-nos a sua história
ICE DO ADNER DADO
QUÍMICAANOS
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
25 DE ABRIL
Adolfo Luxúria CanibalMúsico
Acabaria com a sua excessiva depen-
dência dos partidos políticos, que
detêm o papel quase exclusivo de
representação da vontade popular:
1. Grupos de cidadãos não organiza-
dos em partido político poderiam ser
eleitos para a Assembleia da Repú-
blica; 2. Os deputados eleitos repre-
sentariam os cidadãos dos círculos
eleitorais que os elegeram e não o
partido político que integram.
Reforçaria a democracia directa,
tirando aos cidadãos o papel de re-
féns indefesos dos ciclos eleitorais: 1.
O partido que forma Governo estaria
limitado ao cumprimento do progra-
ma de Governo que eleitoralmente
apresentou, sendo deposto em caso
de incumprimento; 2. Dependeria
de referendo a adopção de qualquer
medida que não estivesse prevista no
programa de Governo eleitoralmente
aprovado.
Alexandre QuintanilhaProfessor na Universidade do Porto
Dois aspectos essenciais para aumen-
tar a nossa confi ança nas instituições
e tornar a nossa sociedade mais di-
nâmica e justa:
1. Que o jornalismo fosse menos
“de opiniões” e mais “de investi-
gação”. A maioria dos meios de
comunicação está a preencher os
seus “espaços” com comentadores
individuais ou com debates entre
personalidades. Suponho que com
o objectivo de que todas as opiniões
possam ser ouvidas. Seria mais in-
teressante que a informação fosse
aprofundada e fi dedigna.
2. Que exigíssemos uma maior res-
ponsabilização a todos os cidadãos.
O que só seria possível com um sis-
tema de justiça mais transparente e
efi ciente; com meios de comunica-
ção mais independentes dos grandes
grupos fi nanceiros; com códigos de
honra exigidos e respeitados por to-
das as profi ssões; e com uma meri-
tocracia a sério.
Ana BacalhauCantora
Eu, sozinha, não conseguiria melho-
rar grande coisa. Isso é que é inte-
ressante na democracia. Precisa do
colectivo, mais do que do individual.
Melhor dizendo, o primeiro impulso
para a congregação parte do indiví-
duo, mas a fi nalidade será sempre o
trabalho em equipa. Por isso é que
é tão importante o contributo de
todos para a sua manutenção. Por
isso é que é tão perigosa a ideia do
salvador, que chega e resolve os pro-
blemas. Nenhum indivíduo poderá
representar bem todos os indivíduos.
Ao contrário, um conjunto de pesso-
as apostadas em trabalhar juntas já
estará mais bem preparado para re-
presentar o maior número de indiví-
duos possível. O ideal seria que todos
obrigássemos este individualismo
que ainda vive na nossa sociedade
a socializar e a aprender a trabalhar
em equipa, para o bem comum.
Ana Luísa AmaralPoeta, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Bastaria justiça! Quando a separação
de poderes é vista como um entrave
à governação; quando as soluções
propostas para aliviar a crise pas-
sam por empobrecer a classe média
e aqueles que vivem já no limiar da
pobreza; quando os direitos dos in-
vestidores são postos à frente dos
direitos daqueles que trabalharam
toda uma vida; quando quem rou-
bou ou defraudou o Estado e os seus
concidadãos não é punido; quando
os direitos previstos pela Constitui-
ção, como o direito à educação ou à
saúde, estão a ser desmantelados, eu
pergunto: mas que democracia? Não
me parece que se trate de “melho-
O que melhoraria na democracia portuguesa?
39 anos depois do 25 de Abril, a qualidade da democracia portuguesa está em debate. O PÚBLICO foi ouvir 55 personalidades representativas da sociedade sobre a situação do país. Esta é a avaliação que fazem, dada através das ideias que apresentam sobre como melhorar a democracia portuguesa. Inquérito organizado por São José Almeida
personalidades propõem mudanças para Portugal
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 3
rar” a democracia portuguesa, mas
de a salvar de uma espécie de “fascis-
mo social”, como diz Boaventura de
Sousa Santos. Bastaria justiça, esse
princípio básico que engloba direi-
tos, respeito, legalidade e igualdade.
Que ela se faça.
Ana VidigalArtista plástica
Millôr Fernandes escreveu:
“Realmente voto não enche bar-
riga, mas chega aquele momento
em que o pessoal já comeu o sufi -
ciente.”
Para melhorar (inclusive a dita
democracia) recomendo um antiá-
cido.
Ana ZanattiActriz e escritora
Ir à fonte de todas as coisas, que so-
mos nós, e fazer uma profunda aná-
lise de consciência, para distinguir o
essencial do acessório, porque é do
essencial que vimos a abdicar.
Olhar menos para a esquerda e pa-
ra a direita e mais para a frente, para
o progresso do espírito. Uma demo-
cracia que assenta apenas em valores
que se transaccionam nos mercados
fi nanceiros está condenada a ruir.
Reforma profunda no sistema
educativo, desde a infância, para
criar cidadãos conscientes da sua
responsabilidade individual em to-
dos os sectores da vida, com sólida
formação moral, que possam vir a
ocupar com dignidade e isenção os
seus lugares na família, no trabalho,
na sociedade, na política.
Uma classe política mais culta, in-
formada e humanizada. Com mais
amor a Portugal e menos à sua auto-
promoção.
António Marinho e PintoPresidente da Ordem dos Advogados
Aumentaria o grau de participação
dos cidadãos nos processos decisó-
rios relativos às grandes questões
do estado e da sociedade e, conco-
mitantemente, diminuiria as com-
petências dos titulares dos poderes
representativos. Ou seja: restringiria
o âmbito e a extensão da democracia
representativa em benefício da de-
mocracia participativa, criando um
novo equilíbrio entre a participação
dos cidadãos e o exercício do poder
pelos seus representantes.
O desenvolvimento estrondoso
das tecnologias da comunicação,
permite, hoje, auscultar, quase em
tempo real, a vontade soberana do
povo e, por isso, ele deve ser chama-
do, mais frequentemente, a pronun-
ciar-se sobre as grandes questões do
estado e da sociedade.
Nem a democracia participativa
deve esvaziar a representativa, nem
esta pode continuar a ser praticada
tal como o tem sido até agora. Uma
relação mais equilibrada entre elas
fortalecerá ambas.
António Mega FerreiraEscritor
A lista seria longa, o espaço é curto.
Duas prioridades: prazos eleitorais
e justiça. Mesmo sem entrarmos em
debates sobre o sistema de represen-
tação (candidaturas independentes,
círculos uninominais, autarquias,
etc., etc.), há algo de mais imediato
a que é preciso atender: prazos para
realização de eleições (90 dias é pré-
histórico) e para posse de novo Go-
verno (30 dias é pré-moderno). Em
Portugal, as crises governamentais
são prenúncio de catalepsia institu-
cional. Quanto à justiça: um prazo
médio de 1096 dias para resolução
de um processo (a média europeia
é de 147 dias) é um absurdo; a pos-
sibilidade de inviabilizar, através de
recursos, a execução das penas é um
escândalo. Diminuir a burocracia e
simplifi car o processo não chega: re-
ver todo o sistema de garantias dos
direitos dos arguidos pode ser arris-
cado — mas é necessário.
Boaventura Sousa SantosSociólogo catedrático jubilado da Universidade de Coimbra
É necessário refundar a democracia,
ir aos fundamentos. O primeiro é a
visão e o projecto de país. É urgente
nos dominada pelos partidos. Não há
hoje em dia nenhuma boa razão que
impeça a realização de referendos
populares com grande regularida-
de, recorrendo ao voto electrónico,
combinando a possibilidade de se vo-
tar nas juntas de freguesia, em casa
através de computadores pessoais ou
até com o telemóvel. Grupos de ci-
dadãos deveriam ter a possibilidade
de propor consultas populares, sem
que estas tivessem que ser aprovadas
pela Assembleia da República. É re-
corrente, e até tacitamente aceite, a
quebra de compromissos eleitorais.
A ideia dos nossos representantes
democráticos como uma espécie de
paizinhos que sabem o que é melhor
para nós, não faz sentido.
2. Uma democracia socialmente
mais coesa, com a adopção de polí-
ticas que contrariem a concentração
de riqueza e em que o Estado atenue
efectivamente a inevitável desigual-
dade de oportunidades entre os ci-
dadãos, em áreas como a saúde e a
educação.
Diogo Ramada CurtoHistoriador
Melhoraria a distribuição da riqueza,
multiplicaria as formas de participa-
ção política, quebraria o monopólio
dos profi ssionais da política, torna-
ria transparente o fi nanciamento dos
partidos, lutaria por uma sociedade
sem discriminações de classe, raça,
credo e género, criaria quotas para
a representação das mulheres, salva-
guardaria o serviço nacional de saú-
de e a protecção aos idosos, tornaria
mais acessível a leitura de livros, con-
tinuaria a rede de bibliotecas, daria
melhores condições aos museus e
aos arquivos, dignifi caria por todos
os meios a função dos professores,
sobretudo do básico e do secundário,
investiria mais na pesquisa científi ca
e na criação artística e musical, tra-
taria os emigrantes como parte inte-
grante do que somos, estabeleceria
relações de franca igualdade com as
antigas colónias, sem derrapar em
mitos paternalistas, e não esqueceria
os ideais da Primeira República ridi-
cularizados pelo Estado Novo.
Dulce Maria CardosoEscritoraResponsabilizaria de forma efectiva
os governantes. A existência de elei-
ções livres não faz com que os cida-
dãos sejam responsáveis por más go-
vernações nem pressupõe que sejam
delas vítimas. Uma democracia que
não penalize os que governam mal,
que não puna os que o fazem por
negligência ou dolo, determina que —
mais cedo ou mais tarde — se defenda
e se imponha uma ditadura.
Eugénia de VasconcellosPoeta
Para que a democracia tenha signi-
fi cado e exista, as acções têm de ter
consequências previsíveis. As insti-
tuições têm de ter poder real e ética
de conduta. Se nós, indivíduo e socie-
dade, confi amos no poder e na ética
das instituições sentimo-nos repre-
sentados por elas e representantes
delas. Quando não nos revemos nos
órgãos de soberania, nas empresas e
nas comunidades, quando a opacida-
de das decisões remete para a aleato-
riedade e o compadrio, ou para uma
lógica de lucro sem ganho humano,
excluímo-nos tanto como somos ex-
cluídos do tecido social que assim
ainda mais se fragiliza. Perdem-se as
expectativas de ser, produzir, intervir
e ter. Perde-se a noção do valor da
vida. Perde-se a esperança. É preci-
so acreditar. Acreditar é o primeiro
passo para fazer.
Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas
A sua dimensão participativa. Consi-
dero que sem uma constante inter-
venção cívica teremos sempre uma
democracia anémica. Sem dúvida
que é importante continuar a valo-
rizar a componente representativa,
tanto mais que também esta está a
ser, cada vez mais, desvalorizada. A
forma mais segura de evitar a absten-
ção eleitoral é manter os cidadãos
motivados a cooperarem, a seu nível,
na governação do país.
Para que se efective a interven-
ção sociopolítica, impõe-se não dar
um debate sobre o que queremos ser
como comunidade cívica, cultural e
política. A cultura autoritária domi-
nante está a tentar convencer os por-
tugueses de que o 25 de Abril foi uma
aberração e que não merecíamos ter
saído do jugo salazarista. Segundo, é
preciso recuperar a soberania, o que
pode ser feito por duas vias: apro-
fundando a democracia europeia ou
saindo do euro. Neste momento, o
euro é o nosso modo de nem sermos
europeus nem podermos ser outra
coisa. Para recuperar a soberania,
é necessária uma classe política ca-
paz de governar ao serviço dos por-
tugueses. Medida de emergência: a
demissão do Governo. Temos um
Governo dominado por um minis-
tro que governa o país ao serviço dos
alemães. Medida de fundo: uma as-
sembleia constituinte para fortalecer
a democracia representativa com a
democracia participativa, blindar o
país contra tutelas externas não de-
mocráticas, estabelecer um sistema
político e administrativo sujeito ao
controlo dos cidadãos.
Catarina FurtadoEmbaixadora de Boa Vontade do UNFPA e presidente da Associação Corações com Coroa
Muitas das coisas a melhorar podem
não depender exclusivamente de
nós. A Europa, tal como vem sendo
construída, defendida e fundamenta-
da nos seus princípios, vai acentuar
cada vez mais a desigualdade e as de-
magogias sobre o carácter dos povos.
Sou optimista e lutadora, no entanto,
temo pelo futuro das gerações. Não
acredito que, se não mudarmos o
paradigma económico, alguma coi-
sa se altere do ponto de vista social
e político. Somos um povo amável,
solidário e aventureiro e poderíamos
contribuir para a nossa democracia
se fi zéssemos um esforço acentuado
na Educação com base na promoção
dos Direitos Humanos, uma educa-
ção de raiz, escolar, assente na igual-
dade de oportunidades e de género
e na não-discriminação. Contrariar
a dimensão mais caritativa de apoio
imediato, que tem sido política e so-
cialmente valorizada, e apostar na
prevenção e na acção construtiva pa-
ra uma mudança de mentalidades
com uma abordagem de intervenção
cívica e empoderadora.
David MarçalBioquímico
1. Uma democracia mais directa e me-
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
25 DE ABRIL
apenas relevo retórico à missão da
designada sociedade civil, mas criar-
lhe, de facto, condições mobiliza-
doras e facilitadoras deste desem-
penho. Sem dúvida que os partidos
políticos são imprescindíveis à con-
cretização do regime democrático,
mas não o esgotam. Até eles teriam
a ganhar com uma maior participa-
ção organizada dos portugueses. É
urgente insufl ar mais cidadania à
nossa democracia.
Filipe VargasActor
Nós, portugueses, somos uma maio-
ria melhor que a minoria que nos re-
presenta e temos de saber usar esse
poder. Para isso, devemos começar
por voltar a ganhar a consciência da
importância de cada um na socie-
dade (com a nossa voz e trabalho,
cumprindo obrigações e exigindo
retorno) e fazer crescer o nosso po-
der, cuidando do papel educativo
(e não delegável) da família (seja
lá qual for a sua forma ou feitio),
implicando-nos mais nas nossas
comunidades (reactivando, e não
enfraquecendo, a relação entre os
eleitores e suas juntas de freguesia),
agindo de forma concreta em cada
localidade (o sucesso dos orçamen-
tos participativos é disto um bom
exemplo), fortalecendo a autonomia
regional (descentralizando, por que
não?) e intervindo a nível nacional
com movimentos de cidadãos ca-
pazes de criar hipóteses reais de
democracia directa.
Gastão CruzPoeta
A qualidade da democracia depende
da qualidade da sociedade em que
ela existe. Se essa sociedade for pou-
co culta e pouco educada, não saberá
evitar que políticos arrivistas, aven-
tureiros, alcancem lugares de topo,
utilizando-os em proveito próprio e
de uma minoria que lhes é afecta, e
brutalizando a população indefesa.
Só a educação e a cultura poderão
contribuir para “melhorar a demo-
cracia”. Porém, os oportunistas, uma
vez no poder, tudo fazem para que o
esclarecimento das maiorias votan-
tes não ocorra.
Mas a pergunta é sobre a democra-
cia portuguesa. No tempo presente,
ela foi tomada de assalto (por meio
de mentiras e falsas promessas) por
um bando de medíocres mas pertina-
zes serventuários dos poderosos.
É um tempo de monstros. Melho-
rar a democracia portuguesa? Os
monstros não vão deixar. Tentarão
não deixar…
Gonçalo M. TavaresEscritor
1. “O cantor”
Um pássaro foi atingido com um
tiro na asa direita e passou por isso
a voar na diagonal.
Mais tarde foi atingido na asa es-
querda e viu-se obrigado a deixar de
voar, utilizando apenas as duas patas
para andar no chão.
Mais tarde foi atingido por uma
bala na pata esquerda e passou por
isso a andar na diagonal.
Uma outra bala atingiu-o, semanas
depois, na pata direita, e o pássaro
deixou de poder andar.
A partir desse momento dedicou-
se às canções.”
Muitas pessoas estão a transfor-
mar-se em cantores — mas não por
vontade própria. E isto é a primeira
parte de uma tragédia.
2. Em 2013, nada tira mais liberda-
de do que o desemprego. A História
mostrou, infelizmente vezes de mais,
como a taxa de desemprego e a de-
mocracia estão ligadas.
“O desempregado com fi lhos”
“Disseram-lhe: só te oferecemos
emprego se te cortarmos a mão.
Ele estava desempregado há muito
tempo; tinha fi lhos, aceitou.
Mais tarde foi despedido e de novo
procurou emprego.
Disseram-lhe: só te oferecemos
emprego se te cortarmos a mão que
te resta.
Ele estava desempregado há muito
tempo; tinha fi lhos, aceitou.
Mais tarde foi despedido e de novo
procurou emprego.
Disseram-lhe: só te oferecemos
emprego se te cortarmos a cabeça.
Ele estava desempregado há muito
tempo; tinha fi lhos, aceitou.”
(de “O Senhor Brecht”)
Irene PimentelHistoriadora
Em situação de crise global, é bom
regressar aos clássicos que defi niram
a sociedade civil e política e deline-
aram o Estado de Direito. Foi o caso
de John Locke (1632-1704), segundo
o qual todo o poder político legíti-
mo deriva apenas do consentimen-
to dos governados que confi am as
suas “vidas, liberdades, e posses” à
comunidade, tornada política. Mais
tarde, outros fi lósofos defi niram a se-
paração de poderes, acrescentando
ao legislativo e executivo, o judicial.
Continuo adepta de uma democracia
representativa, aceitando delegar em
instituições democráticas o poder
que não exerço directamente. Mas
urge aprofundar o Estado democrá-
tico e o funcionamento da socieda-
de civil, de modo a que os partidos
voltem a representar os que neles
delegam. Por outro lado, face ao
abuso do poder, não haverá direito
de resistência civil? É que, como diz
Locke, a comunidade política pode
ser dissolvida sempre que o detentor
do poder desrespeita a lei, perdendo
assim o direito a ser obedecido.
Isabel Allegro de MagalhãesCatedrática UNL, membro do Graal
Não reconheço hoje em Portugal
democracia representativa. Se um
Governo retira garantias adquiridas,
futuro, voz, à maioria na base da pi-
râmide social, e protege o topo: o re-
gime treme. (Na Hungria já vacilou:
newstatesman.com/austerity-and-
its-discontents/2013/04/hungary-no-
longer-democracy.) No mínimo, falta
respeito pelos cidadãos e a Consti-
tuição: por cada pessoa como sujei-
to da sua história e participante do
destino comum; faltam mulheres e
homens competentes, experientes,
dos partidos e da sociedade civil or-
ganizada, que na AR e Governo dêem
prioridade aos mais frágeis e travem
os desvios; falta um PR a impedir as
sucessivas agressões ao regime, não
um mero “Residente da República”
(C. Albino). E perante o estado do
mundo: há que aprender (toda a so-
ciedade) a centrar mais a vida na ale-
gria do que não custa dinheiro: afec-
tos, imaginação, solicitude, silêncio,
riso, arte, pensamento, natureza.
Isabel Hub FariaProfessora catedrática aposentada
Melhor democracia quer dizer mais
ética, mais formação, melhor infor-
mação, mais conhecimento, menos
capelinhas, mais representativida-
de e mais instrução explícita para o
exercício pleno da liberdade indivi-
dual e da cidadania.
Na altura em que são “os merca-
dos” que mandam, melhorar a de-
mocracia signifi caria mais e melhor
regulação do sistema bancário, de
modo a que os “maus negócios” da
banca privada não pudessem ser
transformados em dívida pública.
O incumprimento injustifi cado dos
programas eleitorais deveria ser su-
fi ciente para obrigar a mudanças no
Governo ou de Governo.
Melhorar a democracia implica in-
centivar a democracia participativa,
abrir a agenda política e promover a
discussão de assuntos que, sendo do
interesse da população, raramente
são alvo de atenção dos partidos.
Uma outra ideia para melhorar a
democracia portuguesa seria prati-
cá-la “à portuguesa”: “Ou há demo-
cracia ou…!!!”
Januário Torgal FerreiraBispo das Forças Armadas e de Segurança
Ao contrário do “ninguém fi ca para
trás”, a sociedade portuguesa padece
de uma gravíssima injustiça social.
Se uma sociedade democrática tem
como responsabilidade ser inclusi-
va, a saúde deste corpo doente só se
restabelecerá atribuindo a cada um
o que lhe pertence, a começar pelos
mais esbulhados. Na resistência à di-
tadura, exigiu-se a distribuição, com
equidade e justiça social, dos frutos
do trabalho. Urgiu-se o respeito pelas
pessoas, em tantas circunstâncias,
reduzidas a meros objectos. Não vale
tudo para salvar o “clube” ou para
despoluir o patriotismo manchado.
As destruições de emprego, da indus-
trialização, do crescimento econó-
mico, da classe média, de direitos e
de deveres são “crimes”, dos quais
os “últimos” não foram constituídos
réus. Mais um motivo para lhes ser
paga a dívida do prometido. Neste
mundo em que se passou “da poesia
da revolução à prosa da segurança
social” (Marcel Gauchet), “quem vive
na miséria tem direito a receber ime-
diatamente o necessário” ( João Paulo
II, 1 de Janeiro de 1998). A única ar-
ma de Abril foi a razão do direito! O
desconsolo de uma esperança adiada
gerou um “dia inteiro e limpo”.
João BotelhoCineasta
Hoje, não sei mais se o meu país é
uma democracia ou um caso de lou-
cura. É um belo sítio mal frequenta-
do, citando o escritor. O alheamento
e a importância dos cidadãos face às
tropelias dos pequenos e grandes
poderes aproximam-se de uma ideia
única, a náusea. Portugal transfor-
mou-se num reino de intermediá-
rios sem escrúpulos e de mercearias
gigantescas (as duas ou três pessoas
mais ricas deste país são merceei-
ros). Os patos são bravos, os gover-
nantes são incompetentes e sobre-
tudo incultos.
Por que não o controlo do enri-
quecimento excessivo de ex-gover-
nantes visitando as suas off -shores,
por que não deixar cair na falência
os bancos fraudulentos, por que não
investir prioritariamente na agricul-
tura (couves e batatas, em vez de eu-
caliptos, carneiros, vacas e porcos,
em vez de campos de golfe vazios) e
nas pescas, nos recursos infi ndáveis
do nosso mar (peixe fresco e algas
fazem tão bem à saúde!) e sobretudo
na investigação e na educação? Que
decadência, meus senhores! Era
difícil mas sabia tão bem dividir as
orações de Os Lusíadas, ou resolver
uma raiz quadrada aos dez anos. E
ler, ler, ler.
Se os nossos governantes alguma
vez tivessem lido um clássico, seriam
mais humanos e, sobretudo, mais de-
mocratas.
Jorge BuescuProfessor de Matemática, FCUL
Tinha 9 anos na altura do 25 de Abril.
A minha politização foi feita com fi -
guras do calibre de Mário Soares,
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 5
Sá Carneiro, Freitas do Amaral ou
Álvaro Cunhal. Homens a quem,
concordando-se mais ou menos
com o respectivo ideário político,
é forçoso reconhecer uma estatura
política excepcional. O que tinham
em comum? Uma educação e forma-
ção extraordinárias. Eram homens
extraordinariamente bem prepara-
dos para a vida cultural, intelectual,
profi ssional e cívica. Personalidades
intensas e complexas cujo interesse
não se esgotava na política mas a ela
decidiram dedicar-se de corpo e al-
ma, com espírito de missão.
É com tristeza que verifi co que,
quatro décadas depois, estas quali-
dades foram hoje substituídas pelo
sucesso na navegação em estruturas
partidárias mais ou menos medío-
cres.
Joana VasconcelosArtista plástica
Eu melhoraria tudo na democracia
portuguesa. Faria um reset.
João Lobo AntunesNeurocirurgião
A justiça no sentido mais amplo do
conceito. De facto, aprendemos ra-
pidamente as regras da democracia.
Mais difícil tem sido aprender a viver
em democracia e a justiça é uma con-
dição de liberdade. Qualquer demo-
cracia, acima de tudo, exige justiça.
Refi ro-me não só ao seu exercício
célere e exemplar no domínio que
lhe é próprio, mas que atenda tam-
bém à igualdade de oportunidades
na educação, ao acesso equitativo na
saúde, à vigilância das desigualdades
sociais e da pobreza, à protecção dos
velhos e dos que não têm emprego,
ao cuidado da terra e do ambiente. É
indispensável ainda garantir justiça
na governação da República e a co-
ragem de assumir uma solidariedade
responsável que obriga à revisão de
modelos sociais caducos, quando
não irresponsáveis.
Só a justiça pode moldar a consci-
ência moral de um povo que é afi nal
uma construção colectiva indispen-
sável para enfrentar com convicção e
energia as crises com que a moderni-
dade irá, repetidamente, desafi á-la.
João Maria de Freitas BrancoFilósofo
Adicionar liberdade positiva (a social,
estar livre do medo da fome).
Reforma eleitoral para que as elei-
ções deixem de ser uma fraude e o
seu resultado a paradoxal negação
da D. Garantir que o programa exe-
cutado corresponda ao programa
eleitoral votado. Criar para tal o Con-
selho de Defesa do Cidadão Eleitor
constituído por “homens bons” elei-
tos e indigitados pelas instituições
estruturantes da D.
Fim do monopólio das direcções
partidárias na escolha dos depu-
tados (possibilidade de listas no-
minais), fi m da partidocracia que
gerou uma casta contaminada de de-
fi cientes morais que, sem elevação
ético-política, tem governado o país,
impedindo a participação cívica e as
autênticas alternativas.
Criação de instrumentos jurídico-
políticos efi cazes no combate siste-
mático à corrupção.
Mais participação cívica.
José Mouraz-LopesJuiz conselheiro no Tribunal de Contas, presidente da Associação Sindical dos Juízes
Asseguradas as garantias primárias de
um estado democrático e social, im-
porta que a democracia evolua para
uma maior participação dos cidadãos
na efectiva defi nição das políticas e
no controlo efectivo da actividade pú-
blica. Assim, importa ponderar:
— Um sistema social que quebre a
espiral de desigualdade e incentive
a maternidade enquanto factor de
crescimento e de renovação.
— Um sistema político que amplie
a participação dos cidadãos, através
da alteração do sistema eleitoral per-
mitindo a eleição de deputados em
lista uninominal, exigente na trans-
parência e na meritocracia da activi-
dade política, ampliando a respon-
sabilidade no exercício de funções
públicas.
— Um sistema de justiça simplifi ca-
do e efi caz, dotado de recursos e de
garantias de independência, que per-
mita que as decisões judiciais sejam
efectivadas no tempo devido.
Lara LiCantora
Começando por uma ponta da meada
redonda e densa, sente-se a falta do
que deveria ser o material do núcleo:
a Educação, a que deve ser intrínseca
a decência, quer dizer, ética.
Sendo a ponta da meada o que se
deve ir puxando para desenrolar o
assunto e chegar ao centro, torna-se
o problema bicudo: como fazer pas-
sar a Educação começando desde o
princípio até ao tal núcleo, o emissor
da energia que sustenta esta coisa?
Não sendo em meada doente
electrizante a decência, parece in-
dispensável falar nela para que o fi o
pense que está relativamente lavado
e macio. O núcleo lá está, a emitir
informação clara sobre como, com
o maior vigor e extraordinário esfor-
ço, impoluto, tem lutado contra as
maiores adversidades.
A sujidade tornou-se transversal
à meada e todas as camadas de fi o
estão em tal estado que a Educação
não consegue inscrever-se e ingres-
sar na meada.
Além de uma boa escolaridade,
a Educação é indispensável a quem
vota em quem todos deve servir, go-
vernando.
Sobre como melhorar a demo-
cracia portuguesa, chegada a este
ponto a meada: é possível, em de-
mocracia?
Lídia JorgeEscritora
Agora que a sociedade portuguesa
tem as veias abertas, é legítimo per-
guntar se aquilo de que enferma a
Democracia Portuguesa provém da
imperfeição das suas instituições ou
da debilidade dos seus intérpretes.
Não escondo que me inclino muito
mais para a segunda hipótese do que
para a primeira. Está à vista de to-
dos, de forma muito cruel, como a
debilidade de carácter se encontra na
base da indiferença política. Os me-
canismos que permitem o acesso dos
indiferentes ao poder deveriam ser
modifi cados. A questão da represen-
tatividade deveria ser revista. E a dis-
cussão premente, sobre uma relação
de independência entre o poder polí-
tico e o esmagador poder fi nanceiro,
coração do futuro do mundo, tem
de encontrar entre nós intérpretes à
altura. Nesse campo, e no estado de
selvajaria em que nos encontramos,
semelhante combate vai precisar não
só de heróis mas de leis.
Luís de SousaInvestigador ICS-UL e presidente da Transparência e Integridade, Associação Cívica
Alteraria por completo o modo de
fazer política e de pensar o Estado:
menos arte-&-manhas, mais ciência
de Governo; menos preocupação
pela conquista, exercício e manu-
tenção de poder, mais preocupa-
ção com a resolução de problemas
estruturantes; menos programas,
mais planos estratégicos; menos
mandar, mais consultar; menos im-
pressionismo, mais método; menos
“fazer obra”, mais smart spending;
menos leis, mais implementação;
menos monopólios de poder, mais
pluralismo; menos discricionarieda-
de, mais responsabilidade; menos
culto do sucesso, mais civilização;
menos captura do Estado, mais res
publica; menos sentido de mercado,
mais sentido de Estado; menos aus-
teridade, mais reorganização e op-
timização; menos jobs for the boys,
mais competência e mérito; menos
corrupção, mais ética.
Manuel Aires MateusArquitecto
Democracia centra a ideia de comu-
nidade, colectivo, comum. Somos
nós e não “eus”, é aceitar o estado
de todos e para todos, é aceitar os
outros. Melhorar a democracia é me-
lhorarmo-nos, é investir na cultura e
na educação, é criar uma maior cons-
ciência, exigência e capacidade em
cada um, para melhor gerirmos ou
em melhores delegarmos.
Democracia na sua relação com a
Arquitectura é aceitar o espaço co-
mum, o urbano ou a paisagem, de
todos, como central e não como re-
sultante, ou sobrante da realização
ou interesses de alguns. É concentrar
a atenção no colectivo, no que nos
une, onde estabelecemos relações
ou criamos identidade.
Manuel ClementeBispo do Porto
Somos nós todos, enquanto socieda-
de, que temos de melhorar. Socieda-
de signifi ca reconhecimento mútuo,
vizinhança, companheirismo, co-
responsabilidade. E temos de fazê-lo
num tempo novo, que traz grandes
oportunidades e grandes desafi os,
ligados a dois factores que parecem
contraditórios: globalização e indi-
vidualização.
A globalização abre espaços e hori-
zontes largos e imediatos, mas tanto
possibilita deslocações rápidas co-
mo nos sujeita a domínios que não
controlamos, extravasando a polí-
tica tradicional. A individualização
retém-nos mais na pretensão singu-
lar, imediatamente transposta para
qualquer geografi a real ou mediática,
com menos dependência e proximi-
dade concreta.
Daí a importância de desenvolver-
mos conjuntamente a solidariedade
e a subsidiariedade, quer ganhando
consciência e responsabilidade pelo
todo, quer arriscando participações
práticas e locais, onde nos possamos
exercitar como “cidadãos” propria-
mente ditos, com nome e fi gura. Nós
e os outros, nós com os outros, todos
para todos.
Para a democracia portuguesa isto
signifi ca, além do mais: informação
correcta, persistente e pedagógica
da parte de quem dispõe de mais da-
dos; diálogo e mútua escuta da parte
dos intervenientes sociais, culturais,
económicos e políticos; conhecimen-
to recíproco e habitual de eleitos e
eleitores; solidariedade e participa-
ção concretas, que unam o local e o
geral, o particular e o público.
Manuel Sobrinho SimõesCientista
Procuraria que Portugal não desco-
lasse da Europa nem do euro. Ape-
sar das limitações do regionalismo
europeu vitimado pela cupidez do
capitalismo fi nanceiro e pela fragi-
lidade das lideranças, não antevejo
futuro para a nossa democracia fo-
ra desse espaço. Procuraria ajudar
a evolução no sentido de um fede-
ralismo mitigado, com união bancá-
ria e federalismo fi scal. Apostaria na
criação de uma área privilegiada de
trocas comerciais com os EUA, Cana-
dá, Austrália, etc. e procuraria atrair
a Turquia e o Norte de África. Por
cá, temos de acabar com as propos-
tas publicitárias, avaliar e reforçar
as instituições públicas e melhorar
o funcionamento dos partidos em
termos de representação e de partici-
pação. Não vai ser fácil porque somos
uma sociedade de altíssimo contexto
(primos, cunhados, organizações se-
cretas e semi-secretas, corporações)
a sofrer os efeitos de uma partido-
cracia esclerosada com classes di-
rigentes cada vez menos capazes e
exemplares. Para além de possíveis
alterações formais (não sei o sufi cien-
te para opinar sobre a Constituição e
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
25 DE ABRIL
o regime semipresidencialista), con-
tinua a ser fundamental apostar na
educação — sem melhorar a literacia
e numeracia dos cidadãos, não vamos
lá — e prestar uma atenção redobrada
à questão geracional.
Margarida MartinsPresidente da Abraço
Promover uma cidadania activa, in-
centivando a participação da popula-
ção em associações. O reforço destas
organizações é fundamental para a
conquista de uma sociedade mais jus-
ta, igualitária e solidária. Sublinho, a
título de exemplo, a importância das
comissões de moradores, de onde
poderão sair propostas de melhor
gestão dos bairros onde vivem. Penso
que é urgente dar voz efectiva às as-
sociações, pois estas refl ectem reais
necessidades. Acredito, no entanto,
que, para que haja cidadania activa,
deverá estar garantido o acesso à
educação, saúde e conhecimento.
Maria de Fátima BonifácioHistoriadora e membro do conselho científi co da Fundação Francisco Manuel dos Santos
Melhoraria os políticos, governantes
e deputados. No plano da educação,
recomendaria a muitos deles a repe-
tição das suas licenciaturas, um ano
sabático em universidades estrangei-
ras e, em alguns casos mais afl itivos,
aconselhava mesmo a repetição do
curso dos liceus. Depois impunha o
Português como língua ofi cial obri-
gatória, banindo do Parlamento ver-
sões corrompidas da língua pátria
que agridem os nossos ouvidos e
deseducam o público. No plano da
ética, liquidava pela raiz os incon-
táveis casos de promiscuidade e ir-
responsabilidade — desrespeito pela
coisa pública e pelo bem comum —
que gangrenam a nossa democracia
e afastam muita gente boa e útil da
política. Não hesitaria em introduzir
cursos sobre a diferença entre o bem
e o mal em horários pós-laborais.
Maria do Carmo FonsecaDirectora do Instituto de Medicina Molecular e professora da Fac. de Medicina da Univ. de Lisboa
Nos últimos anos, muito por culpa
própria mas também por efeitos ex-
teriores, Portugal está a viver um pe-
ríodo de enormes difi culdades que,
não em termos inéditos, poderão pôr
em causa os próprios fundamentos
da democracia. As últimas sondagens
de opinião são um indicador violen-
tíssimo: 77% dos inquiridos conside-
raram o Governo como “mau” ou
“muito mau”, mas 61% diziam que
nenhum partido da oposição faria
melhor. Dar receitas sobre como
melhorar a democracia portuguesa
é falar de como melhorar a cultura
de exigência dos portugueses. Urge
consolidar uma ainda frágil cultura
de valores éticos, de transparência,
e de valorização do mérito. A nossa
sociedade continua mal adaptada à
inovação criativa. Investir no conhe-
cimento não pode ser um mero cha-
vão inconsequente. Não existem à
venda soluções “prontas para usar”.
Há que defi nir metas estratégicas e
ser consistente na acção, no dia-a-dia
das vidas de todos nós.
Miguel RealEscritor, ensaísta, fi lósofo
Nomeação pela Assembleia da Repú-
blica e pelo Presidente da República
de um Senado Provisório, sem po-
der legislativo, constituído por meia
centena de portugueses acima de to-
da a suspeita, os melhores nas suas
actividades e profi ssões, presidido
por Viriato Soromelho-Marques ou
João Lobo Antunes, que estabeleces-
se uma Carta do Futuro a 20 Anos
para Portugal, um plano sábio, com
objectivos, metas, instrumentos,
que, paralelo à política partidária e
institucional, pudesse fazer renascer
a esperança aos portugueses, convic-
tos de que dentro de duas dezenas de
anos Portugal seria um país europeu
“normal”, isto é, inserido numa po-
sição económica, social, fi nanceira,
demográfi ca, científi ca, cultural me-
diana face à dos quadros estatísticos
da Comunidade Europeia.
Nuno Artur SilvaAutor e produtor
A justiça. A única área de poder da
sociedade portuguesa onde o 25 de
Abril parece não ter acontecido. Há
uma profunda reforma por fazer
nas estruturas do poder judicial.
Sem ela, não há condições para que
haja de facto justiça para todos e
um efi caz combate à corrupção.
O sistema partidário e eleitoral.
É preciso ligar os partidos aos cida-
dãos e romper o bloqueio instalado
dos caciques, dos jotas e das claques
militantes.
A educação e a cultura como prio-
ridades estratégicas. Se é verdade
que a educação foi uma das áreas de
maior desenvolvimento da democra-
cia portuguesa, é absolutamente ne-
cessário que esse investimento não
se interrompa e seja alargado. E a cul-
tura, que nunca foi prioridade, deve
passar a sê-lo, no seu entendimento
mais amplo e transversal. Ligada à
educação, à economia, à estratégia
internacional e à qualidade de vida
dos cidadãos.
Nuno JúdicePoeta, professor catedrático da FSCH, Univ. Nova de Lisboa
Os dirigentes. A democracia perdeu
a capacidade de se ver representada
por uma elite com formação política
e com o conhecimento do que é a re-
lação directa do eleito com o eleitor.
Isto começou com a perseguição a
quantos iam adquirindo enverga-
dura política por uma imprensa de
escândalo a que se somaram alguns
jornais considerados sérios que, por
razões de concorrência, entraram
nesse jogo. Progressivamente, quem
tinha competência e capacidade
para se dedicar à política foi aban-
donando essa cena, deixando o es-
paço a amadores que, pelo simples
domínio de uma retórica despida
de ideias e de projecto, acederam
à direcção dos partidos e dos ór-
gãos de poder. Estamos portanto
a ser governados por instrumentos
de interesses nacionais (poucos) e
internacionais (muitos) sem que se
veja uma saída para este vazio.
Paulo Corte-RealPresidente da ILGA
Democracia não é equivalente a di-
tadura da maioria, bem pelo contrá-
rio — e é por isso que é fundamental
que exista e se aplique efectivamente
uma Constituição que salvaguarde,
nomeadamente, direitos fundamen-
tais de minorias e princípios constitu-
tivos do regime democrático.
Para isso, há desde logo uma fa-
lha que se tem tornado evidente: não
existe a possibilidade de demitir a
pessoa que exerce o cargo de Pre-
sidente da República, quando esta
pessoa não zele adequada e atem-
padamente pelo cumprimento da
Constituição.
E também em termos de respeito
pelas minorias, há um enorme traba-
lho a fazer — e aqui destaco o reco-
nhecimento legal da parentalidade
exercida por casais do mesmo sexo,
sobretudo, aliás, por uma questão
de atenção ao bem-estar de crianças
concretas, que a lei tem a especial
obrigação de proteger.
Pedro Bacelar de VasconcelosConstitucionalista
Para que serve um Presidente que
discursa, nomeia, empossa, promul-
ga, veta, viaja, convoca o povo para
decidir, mas ele próprio nem decide
nem governa? Não se vê razão para
não acabar com essa excrescência
antidemocrática que é a eleição por
sufrágio universal de um Presidente
da República que até podia demitir o
Governo ou convocar eleições, mas
só o faz quando “a maioria” o con-
sente! Para quê tão grande aparato
e investimento? Porque não elegê-lo
no Parlamento a cuja maioria, de fac-
to, já obedece? Jorge Sampaio bem
teria sido o remate digno e elegante
da história de uma instituição que,
depois da democracia atingir a maio-
ridade, apenas sobrevive para iludir
a sua própria irrelevância, para en-
gendrar intrigas e desresponsabili-
zar os eleitos. Claro que, do mesmo
passo, convém diminuir o número de
deputados e exigir-lhes prestação de
contas pelo uso que, em consciência,
fi zerem do seu mandato.
Raquel FreireCineasta e activista
Apostaria na educação para a cida-
dania, empoderando as pessoas.
Dando-lhes ferramentas para a pro-
moção da dignidade humana na sua
diversidade, dos valores humanistas
e feministas, da multi e intercultura-
lidade, do aprofundamento da de-
mocracia e da construção de uma
sociedade livre, justa, sustentável,
solidária e fraterna. Faria uma revo-
lução do Estado patriarcal, colonial,
heterocentrado, autoritário e puniti-
vo, corrigindo os desvios da Demo-
cracia representativa, reforçando a
Democracia participativa e criando
formas de Democracia directa. Como
abrir as candidaturas para todos os
órgãos, nacionais, locais e europeus,
a movimentos cívicos e a cidadãos
em condições semelhantes às dos
partidos; e criar espaços de gestão
comunitária com a concessão dos
recursos e competências às comuni-
dades auto-organizadas. Eles dizem
crise. Nós dizemos revolução.
Rui Cardoso MartinsEscritor
Uma pergunta simples mas de res-
posta infi nita. Com revisões cons-
tantes. Não “ajustamentos”, a men-
tira estúpida do Governo PSD/CDS,
que não percebe Portugal. Como se
diz cá em casa, quanto mais se bate
no fundo, mais ele desce. A queda
é rápida quando se despreza a de-
mocracia (afi nal, há uma resposta
simples): “Portugal é uma República
soberana, baseada na dignidade da
pessoa humana e na vontade empe-
nhada na construção de uma socie-
dade livre, justa e solidária” (Art. 1.º
da Constituição). Não se suspende
a soberania e a dignidade para pa-
gar juros impossíveis, destruindo o
trabalho. Em dois anos, por exem-
plo, aumentou muito o número de
gravidezes não vigiadas. Quantos
mortos e problemas nos esperam?
E se o número de pobres explodiu, o
de nascimentos encolheu. Seria um
bom recomeço acabar com isto.
Rui HortaCoreógrafo e bailarino
Portugal tem um gigantesco poten-
cial por cumprir, algo não sabemos
aproveitar, pois falta-nos a quali-
fi cação e a distância crítica para
entender um mundo que, pleno
de oportunidades, é cada vez mais
complexo. É essencial um pacto de
regime entre todos os partidos, pa-
ra uma mudança radical ao nível da
cultura e da educação, tornando-as
pilares do discurso político.
Não existe democracia num país
que separa cada vez mais os pobres
dos ricos, destruindo a classe média.
É fundamental uma discussão pro-
funda e aberta a toda a sociedade,
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 7
sobre o Estado Social que queremos
e podemos ter, numa óptica de defe-
sa e melhoria do S. N. de Saúde, da
justiça e da protecção social.
É urgente discutir com toda a so-
ciedade a alteração da nossa lei elei-
toral, para que os movimentos de ci-
dadãos, as estruturas não partidárias
e a sociedade civil em geral possam
intervir nas decisões. Os partidos são
indispensáveis, mas a a democracia
não se esgota neles. O Parlamento
deve abrir-se a formas de pensar di-
vergentes.
São José LapaActriz
Portugal é uma república soberana
baseada na dignidade da pessoa hu-
mana e na vontade popular e em-
penhada na construção de uma
sociedade livre, justa e solidária (2
de Abril de 1976). Constituição da
República Democrática Portuguesa.
Em 2013, Portugal não é uma repú-
blica soberana, ela é refém de um
conjunto de países e de especula-
dores que lhe retiram a sua autono-
mia política; a dignidade humana é
violentamente contrariada por um
tremendo desequilíbrio social, um
abismo entre 1% da população pos-
suidora da riqueza nacional para a
restante população onde 1 milhão
de portugueses em meros dois anos
perderam os seus empregos e se en-
contram sem meios de subsistência;
a vontade popular realizada através
das últimas eleições democráticas
acentuou exponencialmente a abs-
tenção... falta cumprir os princípios
da Constituição.
Sérgio AiresSociólogo, presidente da EAPN Europa – Rede Europeia Anti-Pobreza
A Democracia nunca estará total-
mente concretizada enquanto to-
dos os cidadãos não se sentirem to-
talmente incluídos nas sociedades
onde vivem. Democracia e pobreza
são incompatíveis. A juventude e a
história da Democracia portuguesa
ainda não lhe permitiram alcançar
a sua plenitude. É ainda uma Demo-
cracia onde elites e oligarquias estão
demasiado presentes.
Para uma melhor democracia é
fundamental investir tudo na fun-
dação de uma cidadania plena. Pa-
ra isso, é fundamental melhorar as
formas de governação a todos os
níveis. A boa governação é aquela
que entende que o Estado não se
confunde com o Governo, que a le-
gitimidade democrática se renova e
garante todos os dias pela forma co-
mo se governa, e onde a participação
e co-responsabilização de todos é a
única forma de garantir uma efecti-
va igualdade de oportunidades — a
principal riqueza e sustento de uma
Democracia.
Teresa VillaverdeCineasta
Momento difícil para se falar da nos-
sa democracia porque ela vive agora
uma fase antropofágica, uma fase em
que se come a si própria e a uma ve-
locidade muito alta, parecendo não
haver uma garantia dentro dela para
travar esse processo.
Às vezes acontece um casamento
em que um dos cônjuges maltrata o
outro, sou contra que o casamento
seja razão para autorizar o que mal-
trata a destruir o outro para sem-
pre. Neste momento, acho que a
nossa democracia foi sequestrada.
Quem dirige o país não entende que
a sua função primordial, haja o que
houver e custe o que custar, tem
que ser a defesa do bem-estar da
população. Neste momento, é um
pouco como se houvesse alguém
que não sabe nem guiar nem as
regras do trânsito, mas que guia a
toda a velocidade numa auto-estra-
da em contramão, e não se pode
mandar parar essa pessoa porque
é fi lha de um rei ou de um deus, e
algures uma lei cega diz que é proi-
bido pará-la e ponto.
Tiago Torres da SilvaEscritor, encenador
A democracia é o melhor sistema
que conheço mas também o mais
desafi ante. Aquele em que o indiví-
duo tem maior responsabilidade.
Por isso mesmo, sucessivos gover-
nos democráticos descuram a edu-
cação e a cultura, na esperança de
que todos nós nos mantenhamos
de alma míope e coração cego. Na
minha opinião, a grande melhoria
a fazer na democracia seria investir
nestes dois mundos mágicos que au-
mentam a capacidade de discerni-
mento dos povos. Para isso, teriam
os sucessivos governos de ter cora-
gem de ver a sua actividade escru-
tinada por um povo esclarecido,
interveniente, vivo!
A Música, o Teatro, a Poesia, a Dan-
ça, o Cinema deveriam ser tratados
não como luxo desnecessário mas
como motor de desenvolvimento, co-
mo prioridade absoluta na expectati-
va de aumentar a consciência cívica e
fazer-nos parte de um todo mais fra-
terno, mais solidário e mais justo!
Valter Hugo MãeEscritor
Indubitavelmente deitaria mão à
promiscuidade entre interesses pú-
blicos e privados. O modo como os
cargos públicos são ocupados por
gente com todo o tipo de compro-
misso nas mais variadas empresas
privadas é obsceno. É obsceno que,
quase invariavelmente, depois do
Governo, aqueles que aparente-
mente desempenharam uma mis-
são ocupem altas chefi as e consul-
torias, estabelecendo um leva e traz
insuportável, agredindo princípios
de confi dencialidade e honestidade
comercial a todos os níveis.
Enquanto não tivermos políticos
sem vínculos privados e sem favo-
recimentos feitos a fi lhos, primos e
primas, sobrinhos aos mil e mais tios
e tias, não temos democracia. Ape-
nas a sua aparência.
Vasco AraújoArtista plástico
Perguntar o que se melhoraria na de-
mocracia é o mesmo que perguntar
o que se melhoraria no Amor, a res-
posta é sempre subjectiva e ambígua,
mas de certeza que uma das respos-
tas mais imediatas é a sinceridade. O
exercício da sinceridade exige uma
reinvenção da amizade, ética e da
forma de viver do ser humano, como
se a liberdade e a verdade residissem
inteiras na força da sinceridade.
Ora como podemos cuidar de nós
se não construirmos uma ética assen-
te na sinceridade, só ela, enquanto
transformação do sujeito, permite
o acesso à verdade. A existir um eco
qualquer na nossa vida, que seja um
abrir do coração, e não uma aborre-
cida e monótona repetição do narci-
sismo vigente.
Vera ManteroCoreógrafa e bailarina
Não há democracia possível sem
igualdade de oportunidades. Não
há verdadeira democracia sem
uma educação liberal de qualidade
para todos. Sem sabermos pensar
e entender o que nos rodeia somos
engolidos por todas as propagandas
e manipulações (e não teremos fer-
ramentas para construir uma vida
e um país). Não há democracia que
se veja sem informação a sério. Os
média não podem estar nas mãos
daqueles que querem que a popu-
lação não perceba nada: políticos,
negócios e banca. Não há democra-
cia nenhuma enquanto não houver
justiça efi caz e célere e enquanto to-
da a gente continuar a fazer asnei-
ras (que dão cabo das nossas vidas)
e a sair sem um arranhão. Não se
melhora a democracia portuguesa
sem melhorar a europeia, é preci-
so poder votar para a Comissão Eu-
ropeia e para o Conselho Europeu.
Não há melhor democracia em ge-
ral enquanto o poder não regressar
às mãos daqueles que são democra-
ticamente eleitos, enquanto como
agora o verdadeiro poder continuar
nas mãos da fi nança e dos grandes
bancos globais. A política tem que
estar por lei totalmente divorciada
dos negócios e da fi nança. O resto
não cabe aqui.
Virgílio CasteloActor
Introdução de círculos uninominais
de deputados à Assembleia da Re-
pública já, e levantamento do sigilo
bancário para todos os responsá-
veis políticos (de presidentes de
junta de freguesia a presidentes da
República) de 1974 até agora, e para
vigorar daqui em diante. O objecti-
vo seria obrigar todas estas pessoas
a investir 10% das suas economias
na compra de dívida pública por-
tuguesa a juros baixos.
Virgínia FerreiraSocióloga, Fac. Economia e Centro de Estudos Sociais Univ Coimbra, activista na defesa dos direitos à igualdade de género1. Tornava-a mais inclusiva e parti-
cipada — o que faz a democracia é a
operacionalização da representação
substantiva dos interesses colecti-
vos nos processos decisórios que
os afectam.
2. Tornava-a mais transparente —
o antídoto para a corrupção, causa
da deslegitimação do nosso regime
democrático, é mais transparência e
prestação de contas na administra-
ção da res publica.
3. Tornava-a mais justa e iguali-
tária — actuais cortes agravam de-
sigualdades sociais, num país que é
já dos mais desiguais, no qual uma
justiça inoperante contemporiza
com a desigualdade.
4. Desmercadorizava-a — o direito
ao mercado livre deve perder a pri-
mazia que tem tido entre os direitos
individuais reconhecidos.
Assim, a democracia deixaria de
ser, em Portugal, um conjunto de
procedimentos formais reprodutor
das desigualdades sociais.
Y. K. CentenoEscritora e professora catedrática (aposentada) da Universidade Nova de Lisboa
Se há diferença, na nossa democra-
cia, quanto ao entendimento geral do
que é a Democracia — trazida até ao
Ocidente por Platão no desenho de
uma sociedade justa —, faltará muito
para melhorar.
A minha refl exão prende-se ain-
da com os conceitos de Liberdade,
Igualdade, Fraternidade, estruturan-
tes de um século XVIII que para mim
é o século I da nova Era.
Mas impõe-se:
1. Recuperar a Ética quanto à digni-
dade de carácter, à honestidade inte-
lectual, ao respeito mútuo, liberdade
e correspondente responsabilidade,
na intervenção social e política.
2. Recuperar a Estética: embora
Platão expulse o poeta da cidade per-
feita, a dimensão do Belo amplia, na
sua criação e contemplação, uma ac-
tividade e um sentimento que devem
ser repartidos dando condições de
acesso a toda a sociedade.
3. Por fi m: valorizar a Educação e
a Cultura, nos seus espaços próprios,
fomentando uma contínua existência
e desenvolvimento.
8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
25 DE ABRIL
Terá sido “por volta dos seis
anos” que a menina aca-
rinhada como “o bebé do
PÚBLICO” viu, pela primeira
vez, a sua fotografi a na capa
evocativa do 25.º aniversário
da Revolução de 25 de Abril. Depois
disso, já folheou “algumas vezes” o
exemplar que o pai guarda com zelo
numa capa de plástico. Do dia em
que a despiram sobre uma espuma
fl oral de cravos vermelhos, um de-
les na mão direita, Maria Oliveira
Sobral Lopes não guarda memó-
rias — tinha dez meses de idade.
Mas guarda um conselho: “Não te
deixes deslumbrar com elogios, e
usa a liberdade para tomar decisões
boas, sem magoar os outros.”
“Só na escola primária comecei a
perceber o que era a revolução — Sa-
lazar, por exemplo, era um utensílio
de cozinha que a avó usava para fa-
zer bolos”, conta Maria, agora com
14 anos, longos cabelos castanhos
que brilham e esvoaçam, em tarde
de sol e vento num jardim de Lisboa.
Mantém o sorriso tímido, os olhos
doces e o rosto sereno com que en-
frentou a câmara de Miguel Silva.
A edição do PÚBLICO que teve Ma-
ria como capa (título: “a revolução
hoje”) foi planeada e realizada, do
princípio ao fi m, pelos jornalistas,
fotógrafos e designers gráfi cos do jor-
nal nascidos a partir de 1970, com
raras excepções ditadas pela actu-
alidade. A entrada para o Especial,
primeira secção de um total de 80
páginas, abria assim: “25 anos de-
pois do 25 de Abril, há novas tensões
sociais em crescendo. Que afectam
todo o mundo ocidental. A crise do
capitalismo global, o declínio do
Estado-providência e o desempre-
go estrutural. E à esquerda não há
alternativa ao sistema neoliberal.”
Os textos seguintes, centrados no
país, identifi cavam “as razões para
uma nova ruptura”, mostravam “os
caminhos que eventuais revolucio-
nários trilhariam para conquistar o
poder”; e interrogavam “25 jovens
com as mesmas idades dos homens
que fi zeram a Revolução. (…) Para sa-
ber quais são as suas causas”. Quan-
to ao resto do mundo, noticiava-se
os funerais das vítimas do massacre
no liceu de Columbine, nos Estados
Unidos, e o Novo Conceito Estratégi-
co da NATO, que permitia agir sem
mandato da ONU, numa altura em
que alastrava a guerra nos Balcãs.
Enviados a Díli davam conta de um
êxodo incessante de Timor-Leste an-
tes da independência; um outro, na
Albânia, fazia (para a revista desse
domingo) o retrato de “um país go-
vernado pelas máfi as”.
A escolha de Maria, fi lha de José
Miguel Pessoa de Amorim Sobral
Lopes, na altura gráfi co no jornal,
foi justifi cada por um colectivo de
editorialistas deste modo: “Porque
é à geração dela que queremos pas-
sar testemunho de uma revolução
que, tendo apenas 25 anos, num país
com mais de 800, é ainda uma crian-
ça, e porque queremos olhar para
o futuro sem esquecer o passado.”
Deixaram também esta pergunta:
“Será que se limitará a receber o nos-
so testemunho ou vai querer ser, ela
própria, uma revolucionária?”
“Não me vejo como revolucioná-
ria, se isso signifi car ser uma radi-
cal”, assegura Maria, sem hesitação.
“É bom sentir que sou livre. Não sou
daquelas pessoas que estão sempre
Margarida Santos Lopes
A revoluçãode MariaEla tinha dez meses quando a enfeitaram de cravos para assinalar, na capa do PÚBLICO, um quarto de século do 25 de Abril. O que se segue são histórias de uma jovem e do pai que a inspirou; de uma imagem e do fotógrafo que a captou
a queixar-se e a culpar os outros.
É certo que há quem tenha poder
e não o esteja a exercer bem, mas
acredito que encontrar uma solução
para os nossos problemas não cabe
apenas aos governantes. Não estou a
par dos programas dos partidos, mas
acho que é preciso coragem para se
ser político — um bom político, não
aquele que prejudica os mais fracos,
sem opções e alternativas. Na aula
de Geografi a, o professor disse-nos
que quando há défi ce democrático
a tendência é para favorecer as clas-
ses dirigentes. E um amigo meu, que
é bastante activista, sugeriu que os
políticos fossem voluntários durante
um ano — bastava um ano sem rece-
berem salário — para avaliar quem
está, realmente, empenhado em mu-
dar a sociedade.”
E Maria continua, voz fi rme: “Se
eu tivesse de qualifi car alguém de
revolucionário, seria o meu pai. Ele
tem imensas ideias boas. Defende,
entre outras coisas, que os lares de
idosos deveriam estar ao lado de
infantários. As pessoas mais velhas
têm muita experiência e paciência;
em troca disso, as crianças ajuda-
riam a diminuir-lhes a solidão.”
Um conto de fadasMaria frequentou, até ao 5.º ano de
escolaridade, o Colégio Moderno,
fundado pelo pai do ex-Presidente da
República Mário Soares, em 1935/36,
e com alunos ilustres como o líder
comunista Álvaro Cunhal e o irre-
verente realizador João César Mon-
teiro (que haveria de ser expulso).
“Foi aqui que comecei a ouvir falar
da revolução, como um conto de fa-
das”, relata a jovem, com eloquente
ingenuidade. “Salazar era o mau da
fi ta, a liberdade era a princesa e o po-
vo era o príncipe. Só que nem todos
fi caram felizes. Tenho amigos com
familiares que foram perseguidos
depois de cair o antigo regime.”
“O que aconteceu em 1974 foi uma
coisa boa”, acredita Maria. “Não vivi
antes da revolução, mas imagino que
devia ser difícil não poder falar com
medo de ser preso. Por outro lado,
se calhar, alguns também abusaram
da liberdade e, por isso, é que há
tanta gente egoísta. É cada um por si.
Estou consciente de que sou privile-
giada, porque tenho apoio da família
e amigos. Não me falta nada. O per-
curso escolar é bom. De 1 a 5 valores,
não tenho menos de 4. Sou tão boa a
Português como a Matemática. Mas
também sei que já não basta empe-
nhar-me e querer algo. Quando ouço
notícias sobre a taxa de desemprego,
sempre a subir, reparo que nem tudo
depende da minha vontade. Ainda
não decidi, por isso, que curso supe-
rior seguir. Sinto-me inclinada para
escolher Medicina, mas há hospitais
a fechar. Já pensei em Enfermagem,
Hoje, com 14 anos, Maria Oliveira Sobral Lopes diz: “O mais importante, para mim é, um dia, poder sentir que mudei a minha vida e a vida de alguém”
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 9
Numa edição singular, em 1999, repórteres e gráficos do PÚBLICO nascidos a partir de 1970 passaram a Maria um “testemunho de liberdade e democracia”
MIGUEL MANSO
mas depois vi na televisão enfermei-
ros a emigrar. Quero viver e traba-
lhar em Portugal, mas as duas coisas
parecem incompatíveis. Aspiro a ser
independente, não viver em casa da
mãe ou do pai, mas o país manda
embora as pessoas mais inovadoras
e criativas. Sair deixou de ser escolha
individual e tornou-se obrigação.”
Relendo excertos da edição de
1999, Maria dá conta de progressos,
como um maior acesso das mulheres
ao mercado de trabalho, o surgimen-
to de novas tecnologias e o princípio
de mais tolerância (embora ainda en-
vergonhada) à diferença, sobretudo
no que toca à homossexualidade. O
caminho a percorrer é longo, ela re-
conhece. “Não se pode entregar às
pessoas uma frigideira com azeite
sem os ovos para fazerem omeletes.
Não gosto do que vejo à minha volta.
Vários colegas deixaram de poder ir a
visitas de estudo porque os pais deles
não têm dinheiro. Há mães que não
conseguem alimentar os fi lhos.”
“Penso às vezes numa entrevista
que fi z, para um trabalho da esco-
la, ao meu avô materno”, continua.
“Ele formou-se em Direito. No ser-
viço militar obrigatório, dava assis-
tência jurídica em Luanda, Angola,
durante a guerra colonial. Ao falar
comigo, lamentou: ‘Perdi três anos
da minha vida para nada; só sofre-
mos.’ E nem sequer foi ferido. Eu
quero contribuir para a mudança,
não desperdiçar oportunidades. O
mais importante, para mim é, um
dia, poder sentir que mudei a minha
vida e a vida de alguém.”
Maria, que leu Alice Vieira e So-
phia de Mello Breyner na infância e
é “obrigada” a estudar Os Lusíadas,
prefere Stephanie Meyer (autora da
saga Crepúsculo), Aprilynne Puke
(O Beijo dos Elfos e Feitiço), Nicholas
Sparks (Diário de Uma Paixão) e J. K.
Rowling (Harry Potter), como a maio-
ria dos adolescentes. “Adoro histó-
rias com vampiros, fi cção científi ca
e romances que fazem chorar — sim,
sou sentimental. O pai insistiu em
que eu pegasse em José Saramago,
porque ele adorou A Viagem do Ele-
fante e Ensaio sobre a Cegueira, mas
a leitura era complicada.”
Sobre música a garota aprimora-
da em jeans, sweat-shirt deslizando
sobre o ombro, blusão e ténis — uma
parte desta vaidade sustentada por
uma mesada de 20€ — deixa claro:
“Não pertenço ao clube de fãs de
Justin Bieber. Os meus favoritos são
Mumford & Sons, The Script, Ma-
roon 5, Ed Sheeran, entre outros.”
Os veteranos Zeca Afonso ou Sér-
gio Godinho não fazem parte da
sua playlist, tal como os mais jovens
cantores e bandas portugueses, que
desconhece.
Um pai heróiFilha de um casal divorciado, Ma-
ria não poupa elogios ao pai. “Ele
tem atitudes que às vezes não espe-
ramos, mas são as correctas. Se eu
tiver fi lhos, é assim que gostaria de
os educar. Ele diz: ‘Vai, experimenta,
aceita o que és. Abre e ouve o teu
coração.’ Sempre foi permissivo, e
nunca quebrei a sua confi ança. Às
vezes, quando eu e o meu irmão
éramos miúdos, e o pai estava com
amigos, nós podíamos ir explorar o
lugar das nossas brincadeiras, mas
bastava ele assobiar e nós aparecía-
mos – esse era o sinal. Ele via-nos e
fi cava descansado.”
“Tenho muito orgulho no traba-
lho que ele está a desenvolver, em
prisões, com pessoas que comete-
ram crimes graves, mas que estão a
cumprir o castigo”, sublinha Maria,
aludindo à iniciativa ricoxete.com,
que fabrica almofadas com qualida-
des terapêuticas, a partir de caro-
ços de cereja e de azeitona. “Estas
pessoas ganharam oportunidade de
aprender e obter sustento para as
suas famílias. O pai ajuda-me a ser
responsável. Dou passos pequenos,
e peço permissão. Vou a concertos
(o último foi ao Rock’in Rio, o ano
passado) mas sob vigilância, porque
ainda não sou adulta, mas sempre
me senti livre.”
Na companhia do fi lho Manuel,
de 11 anos, que foi buscar à porta
da escola, para o fi m-de-semana que
todos passam juntos a cada quinze-
na, é a vez de Zé Miguel (como ele
gosta de ser tratado) contar como
foi. “A ideia que tenho é a de que,
no jornal, andavam à procura de
uma criança para ser fotografada e
alguém veio ter comigo a perguntar
se não me importava que fosse a Ma-
ria. Eu aceitei. Sobre uma cama de
cravos, espetados num rectângulo
daquela espuma de cor verde para
fi xar fl ores, deitámos uma menina
bem-disposta. Correu lindamente, e
ela portou-se muito bem. O mais in-
crível é que, no dia em que a foto da
minha fi lha saiu na capa, na mesma
edição, foi publicado [na página 76]
um anúncio a participar o funeral da
minha avó Maria Elvira.”
O pai de Maria tinha 10 anos no
dia da Revolução. “Estava na esco-
la e mandaram-nos para casa, com
ordem para não sairmos à rua”, lem-
bra. “Os meus pais eram neutros, po-
liticamente, mas recebiam visitas,
como o historiador Cláudio Torres,
que é comunista. Eu, gaiato e curio-
so, ouvia conversas, com sussurros
sobre a PIDE. Quando se deu o 25 de
Abril, pensei: ‘As prisões vão encher-
se de pides; agora é a vez de eles se-
rem presos. Mas não foi assim. No
dia seguinte, tudo parecia normal.
Ninguém matou ninguém.”
“Foi gira, a liberdade, embora com
ela chegasse também um inferno”,
diz Zé Miguel, que não completou o
10.º ano de escolaridade, embora te-
nha concluído vários cursos técnicos
e profi ssionais. “No Liceu D. Pedro
V, as drogas duras disseminaram-se
a toda a velocidade. Nem os meus
pais, nem os professores, nem a so-
ciedade estavam preparados. Hoje,
eu pergunto à minha fi lha se lá na
escola dela fumam charros e ela diz
que sim. E eu digo-lhe: ‘Se queres
fumar, pedes-me um cigarro, não
tentes isso às escondidas.’ Quero
que os meus fi lhos sejam coerentes
e tenham a mente aberta. Se disse-
rem que não, têm de saber explicar
imediatamente a razão.”
“Foram mais de dez anos de cal-
vário – dos 16 aos 28 anos – e a sofrer
duplamente, porque ia trabalhar a
ressacar”, vai revelando. “Um dia
dei-me um ultimato: ‘Se continuas
assim é a tua desgraça, e morres sem
ter fi lhos; tens de dar o salto, é agora
ou nunca.’ Peguei num carrito que
tinha e segui até Estugarda, para me
encontrar com um amigo alemão.
Foram 48 horas a conduzir sem con-
sumir. Chorei durante metade do
percurso. Desintoxicado em 15 dias,
graças a saunas e banhos turcos, re-
gressei a Portugal, mas ainda andei
oito anos nos Narcóticos Anónimos.
Todos os dias, a qualquer hora, em
diferentes pólos. Não mais tive re-
caídas. Não bebia nada que pudesse
alterar o meu estado de espírito. Co-
nheci a mulher que seria a mãe dos
meus fi lhos quando ela, estudante
universitária, tinha 18 anos, menos
dez do que eu. Para ter qualidade
de vida, todas as manhãs, às 11h, eu
entrava com a Maria na piscina de
um ginásio ao pé de casa.”
O jardim das cerejeirasQuando saiu do PÚBLICO, em Lis-
boa, Zé Miguel abdicou do subsídio
de desemprego e formou-se, no Por-
to, em condução defensiva. Nessa
qualidade, vangloria-se de ter ensi-
nado Elizabete Jacinto “a conduzir
camiões para o rali Paris-Dakar”. Se-
guiu-se uma breve carreira de actor
no Teatro Trigo Limpo, em Tondela,
em digressão por várias povoações,
com a peça Num Abril e Fechar de
Olhos. Trabalhou, depois, como em-
pregado de mesa num restaurante e
tentou, sem êxito, gerir um bar.
“Estava há um ano quase sem fa-
zer nada — pratiquei a arte marcial
tai chi e ioga, tive aulas de tango e
abordei a técnica da cientologia”,
continua o pai de Maria. “Uma noi-
te, apercebi-me de que os meus dois
fi lhos disputavam um saco que a mi-
nha mãe fi zera e lhes oferecera. Pen-
sei: ‘Se estas crianças gostam disto,
é porque isto é bom.’ As crianças,
creio eu, não se enganam.”
10 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
“Eu era pequenina”, precisa Ma-
ria, “quando a avó Luísa trouxe um
saquinho do estrangeiro. Ela tentou
fazer um igual, e ia guardando os
caroços das cerejas que comíamos.
Quando fi cou pronto, colocou-o no
microondas, seguindo as instruções
do que tinha comprado na sua via-
gem. E percebemos, eu e o meu ir-
mão, que quem dormisse com aquilo
fi cava mais quentinho. Por isso es-
távamos sempre a reclamá-lo. Isso
chamou a atenção do pai.”
Em 2007, Zé Miguel criou a ricoxe-
te.com (escreve com “x” e não com
“ch” porque, explica, “é mais fácil pa-
ra os estrangeiros pronunciarem”). O
nome do que ele designa por “projec-
to”, porque “é mais dinâmico do que
uma empresa”, tem a ver com o tra-
jecto pessoal: “Se não vou por aqui,
vou por ali; ora bato numa parede,
ora bato noutra, mas resisto.”
Num folheto que acompanha as
almofadas que comercializa, cada
uma contendo “1500 caroços de ce-
reja ou seja 350 gramas”, lê-se que
“substitui o tradicional saco de água
quente, sendo ideal para relaxa-
mento muscular, massagens, alívio
de dores, nas costas ou no pescoço,
menstruais ou de menopausa, de
amamentação ou de osteoporose”.
Outra qualidade é a de “reduzir a
factura de consumo de electricida-
de”, já que “um a três minutos no
microondas é sufi ciente para dormir
uma noite inteira sem necessidade
de ligar o aquecedor”.
“Foi um ano de planeamento”, es-
pecifi ca Zé Miguel. “Até as medidas
das almofadas, 25x14,5cm, foram
calculadas de modo a resultarem no
chamado ‘golden number’ ou núme-
ro dourado, simbolizado pela letra
grega phi, porque eu queria congre-
gar tudo de positivo no Universo.”
Com o dinheiro resultante da
venda da casa onde habitava com
a ex-mulher, e evitando requerer fi -
nanciamento externo, o pai de Maria
mudou-se para Caxias. Registou a
patente, comprou tecido de algodão,
e encomendou dez toneladas de ca-
roços de cereja à Sérvia, na antiga
Jugoslávia. Não havia quantidade su-
fi ciente em Portugal. Depois passou
a importar de Espanha.
A mão-de-obra necessária para
fazer 10 mil almofadas é onerosa cá
fora. “Decidi ir bater à porta das pri-
sões, onde as tarefas são pagas tendo
como referência o salário mínimo
nacional. Fui bem recebido e agora
até sou conhecido como ‘O senhor
do caroço’ ou ‘do tremoço’”, diverte-
se. Com a ajuda de uma betoneira,
“onde apenas se misturam água e
25 DE ABRIL
brita, sem produtos químicos”, re-
clusos no Estabelecimento Prisional
de Sintra, lavam, tratam e secam os
caroços ao sol. As almofadas, “100%
naturais, recicláveis, biodegradáveis
e hipoalergénicas”, são cosidas por
mulheres na cadeia de Tires, em du-
as máquinas de costura que Zé Mi-
guel comprou e colocou na prisão.
O orçamento inicial foi de cerca de
20.000 euros. Cada almofada custa
22,5€, mas, se for enviada pelo cor-
reio, o preço, com portes, ascende
a 27,61€. “O volume de negócios é
residual”, reconhece o empresário,
mesmo que se tenha internaciona-
lizado. “Vendo para o Brasil, África
do Sul, Rússia e outros países, mas
ainda não esgotei o primeiro stock.
Tenho um armazém cheio de almo-
fadas. Não me preocupa, porque não
quero ser muito rico, ter uma casa
de luxo ou um carro de milhões. Os
meus produtos não são perecíveis.
Eu vou vendendo e vou vivendo.”
Às almofadas térmicas, que ven-
ceram o 2º Prémio de Design Social
num concurso em Tallin (Estónia),
Zé Miguel juntou, em 2010, um novo
elemento com as mesmas proprie-
dades: o Oliveira. Trata-se de um bo-
neco feito com caroços de azeitonas,
tendo como cliente-alvo as crianças.
Posteriormente, a Fundação Sara-
mago adoptou o Oliveira, depois de
ter cativado a atenção de Pilar del
Río, a viúva do Nobel da Literatura
1996. Está agora à venda na Casa dos
Bicos, em Lisboa, e em Lanzarote,
residência-biblioteca nas Ilhas Caná-
rias, onde o escritor viveu 18 anos.
Há duas semanas, o dono da rico-
xete.com enviou um boneco ao neto
de Manoel de Oliveira, com o pedido
explícito de que o faça chegar ao cine-
asta de 105 anos. O próximo destina-
tário será o Papa Francisco. “Eu acho
que ele vai achar piada”, confi a.
O caminho da liberdadeHá um país que marcou Zé Miguel e
Miguel Silva, o repórter que fotogra-
fou Maria: a Dinamarca, onde am-
bos trabalharam, o segundo para
a organização não-governamental
Humana-People to People, depois de
um curso de instrutor de desenvolvi-
mento e acção humanitária em Áfri-
ca. “Há muito frio e pouca luz, mas
ali tudo funciona bem”, destaca.
“Na Dinamarca, o poder respeita
a sociedade e a sociedade respeita o
poder — o que a revolução não con-
seguiu em Portugal”, aponta o fotó-
grafo de 42 anos que, ao serviço da
ONG, esteve em Moçambique e na
Roménia, depois de deixar o PÚBLI-
CO. “Os nórdicos gostam do nosso
sol e da nossa comida, mas não que-
rem investir aqui porque há muita
burocracia e a justiça é lenta.”
“Naturalmente que valeu a pena o
25 de Abril, porque nos deu a liber-
dade”, sublinha Miguel Silva, lem-
brando que “o pai lavou pratos no
exílio”, e lastimando que, na Madei-
ra, de onde a sua família é oriunda,
“ainda se vive numa ditadura onde
as pessoas votam, porque toda a
gente tem alguém a trabalhar para
o governo de Alberto João Jardim”.
Na Dinamarca, realça, “chegar com
dois minutos de atraso é como come-
ter um crime. Há um grande investi-
mento na educação. As pessoas são
realmente dedicadas ao trabalho —
não bebem álcool à hora do almoço
para não afectar o rendimento — e
são muito competentes. Não têm
a cultura do deixa-andar nem a da
ostentação — esta é como se fosse
pecaminosa”.
Aos 18 anos, Zé Miguel foi também
até uma localidade nas proximida-
des de Copenhaga, no âmbito de um
intercâmbio de jovens, semelhante
ao actual programa Erasmus, através
dos Serviços de Emprego Europeus,
quando a sua mãe, agora reformada
e com 71 anos, era ali funcionária.
“Comprei uma viagem de Inter-rail
e precisei de um visto, porque ainda
havia fronteiras, e era preciso cam-
biar moeda”, explica. “Fui integrado
num grupo de várias nacionalidades,
para tomar conta de alunos numa
escola que fi cou aberta porque os
pais decidiram, nas férias, restau-
rar praças e jardins, e precisavam
de manter os fi lhos ocupados, de
preferência em contacto com outras
culturas. Havia ali uma sala para as
crianças aprenderem a disciplina de
Gestão Doméstica, que ensinava a
cozinhar, a lavar roupa e louça. Ex-
traordinário! Não me espanta que a
Dinamarca seja considerado o país
onde o grau de felicidade é maior.”
Zé Miguel amargura-se com “a fra-
ca qualidade” dos dirigentes portu-
gueses. “A maioria dos deputados é
formada em Direito; talvez porque
saem das universidades 4000 ad-
vogados por ano. Não faria mais
sentido se deputados e ministros
tivessem licenciaturas em História
ou em Ciência Política? Estes tipos
é que pertencem à ‘geração rasca’,
para usar a expressão do Vicente
[ Jorge Silva, primeiro director do
PÚBLICO, usada num editorial, em
1994, motivado por uma imagem em
que um rapaz despiu as calças nu-
ma manifestação contra as políticas
educativas].”
Miguel e Zé Miguel, reconhecen-
do que são hoje “pessoas muito dife-
rentes” graças ao conhecimento de
outros povos que o 25 de Abril per-
mitiu, coincidem na descrição de co-
mo foi o dia em que Maria se tornou
capa do jornal. “A ideia foi minha”,
rejubila o repórter que agora traba-
lha para o semanário Sol. “Creio que
gastei uns dois ou três rolos – ainda
não era o tempo do digital. Demorei
cerca de meia hora a preparar a me-
nina e uma hora e tal a fotografar. O
pai brincava com a fi lha e ela nunca
fez birras nem chorou. Tinha de ser
tudo espontâneo, sem encenação,
para ser simbólico e nada ordinário.
Demorámos mais tempo porque era
necessário preservar a intimidade
da bebé, não a deixando demasiado
exposta. Na última etapa, não havia
cravos sufi cientes e tivemos de usar
Photoshop para os duplicar.“
O fotógrafo não sabe explicar
como lhe surgiu a ideia de colocar
Maria sobre uma espuma de cravos
semelhante às que as fl oristas usam
para garantir a retenção da água e
a fi xação dos arranjos. “Terei sido
infl uenciado por uma cena de Ame-
rican Beauty?”, em que pétalas de
rosa caem, sedutoramente, sobre
a actriz Mena Suvari, cogita Miguel.
Isso não era possível porque este fi l-
me, de Sam Mendes, teve estreia em
1999… mas em Setembro.
“São coisas que acontecem e não
se explicam”, conclui Zé Miguel.
“Aos 8 anos a Maria escreveu uma
redacção que se chamava ‘O Jardim
das Oliveiras’. Aproveitei o texto e
mudei o título para ‘O Jardim das
Cerejeiras’, e o texto [num livrinho
bilingue, sobre a ‘marca/conceito,
o produto e a Maria’] acompanha
agora cada embalagem das almofa-
das. Quem diria que eu haveria tam-
bém de fazer bonecos com caroços
de azeitonas? Já eu tinha os fl yers
prontos para a promoção, quando
ela, aos 10 anos, me apresenta ou-
tra composição, ‘As cerejas da dona
Amilda’, e não resisti a fazer tudo de
novo para incluir o que ela escreveu.
É tão bonito!”
(…) — Porquê Amilda, porquê cere-
jas, porque não cravos?
O que a dona Rosa não sabia é que o
coração de dona Amilda era como um
cravo, um cravo da liberdade, que lhe
dava a liberdade de escolher cerejas,
talvez para lhe lembrar a infância,
quando punha um brinco de cerejas
nas orelhas para mordiscar pelo ca-
minho. (…)
O editorial de 25 de Abril de
1999 tem este fi nal: “Os herdeiros
de Abril, que muitos acusam de
adormecidos, cinzentos, desinte-
ressantes, acomodados, afastados
das verdadeiras preocupações dos
cidadãos, mostram (…) que talvez
tenham guardado o melhor tesouro:
a liberdade de escolher o seu cami-
nho sem temer represálias.”
P.S. – No fi nal da reportagem, se-
guindo o conselho citado no início
deste artigo, “Usa a liberdade sem
magoar os outros”, Maria pediu para
ler o texto antes de ser publicado.
Queria ter a certeza de que não
magoara ninguém.
Sobretudo a mãe.
Zé Miguel, pai de Maria, tinha 10 anos no dia da Revolução. “Estava na escola e mandaram-nos para casa”, lembra
MIGUEL MANSO
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 11
“Quatro homens da brigada
de Inácio Afonso espan-
caram-no várias vezes até
desmaiar, com um dos
mais temíveis instrumen-
tos de tortura usados pela
polícia política: ‘uma espiral de aço
que dava a volta completa ao cor-
po, aderindo à carne.’ As agressões
sucederam-se nos cinco dias em que
esteve sob interrogatório contínuo,
impedido de dormir. Batiam-lhe em
todo o corpo, sem preocupações de
não deixar marcas, até mesmo na
cara, com estalos e murros que lhe
partiram os dentes.”
A tortura vivida por Nuno Teo-
tónio Pereira é contada no livro da
jornalista Joana Pereira Bastos, Os
Últimos Presos do Estado Novo, Tor-
tura e Desespero em Vésperas do 25 de
Abril. A obra contém os relatos crus
de alguns dos 130 presos políticos à
data do 25 de Abril de 1974. Muitos
nunca tinham conseguido falar so-
bre a experiência da prisão, sobre
os métodos de tortura usados nos
interrogatórios da PIDE no reduto
sul da cadeia de Caxias e sobre essa
“inquietação permanente” que ainda
corrói os dias de todos eles. Alguns
morreram sem falar.
Nos 48 anos de ditadura foram
presos mais de 15 mil homens e mu-
lheres, de diferentes origens sociais e
de diversos movimentos de oposição
ao regime. Carlos Coutinho conta: “O
que se sabe hoje que é feito aos presos
em Abu Ghraib ou em Guantánamo
foi o que nos fi zeram a nós.” Luís Moi-
ta “não se sente herói nem cobarde.
Apenas humano e frágil”. Conceição
Moita ainda estremece com uma mo-
eda, uma caneta ou umas chaves a
embaterem no tampo de uma mesa.
Tinha um “cansaço até ao fundo da
alma”. José Lamego evita falar, fi ca
exausto “como se não dormisse há
vários dias”. Rafael Galego diz que,
“tal como o amor, o ódio também se
cultiva. Dizem que passar por cima
destas coisas traz paz de espírito”.
Mas não quer “paz de espírito”. Ál-
varo Pato tem muitas noites em que
não consegue dormir e ainda se sente
em Caxias quando ouve um bebé a
chorar: “É desgraçado.” José Manuel
Tengarrinha tem pesadelos e, com o
“trauma da prisão, o cabelo caiu-lhe”.
“Ainda não tinha 30 anos.”
Não havia apelidos sonantes que
poupassem os presos na fase fi nal
do regime. Nuno Teotónio Pereira,
com tratamento mais brando noutras
detenções, foi brutalmente agredido.
Sucumbiu à tortura e falou. Hoje, aos
91 anos, o arquitecto ainda não sente
paz: “É a nódoa da minha vida.”
O livro demonstra como a sobre-
vivência obrigou os ex-presos a em-
purrar lembranças para o fundo da
consciência numa luta entre a me-
mória e o esquecimento. Ficaram
até hoje insónias, pesadelos, ansie-
dade, depressão. Alarmes que ecoam
da privação do sono, do método da
“estátua”, da sujeição a mudanças
súbitas de temperatura ou efeitos de
luz, das gravações de gritos e cho-
ros de bebés para alimentar medos
e alucinações. Foram devolvidos à
liberdade na madrugada de 27 de
Abril. “Não criaram associações nem
organizaram encontros. Não deram
entrevistas, não escreveram biogra-
fi as, nem contaram as suas histórias.
Alguns vieram a morrer, muitos anos
mais tarde, em silêncio.”
“A história da Revolução e da con-
quista da liberdade não se escreveu
apenas em quartéis militares. Tam-
bém foi feita na rua, clandestina mas
obstinadamente, à custa da coragem
de milhares de pessoas que arriscaram
a vida, os laços familiares e a sanidade
mental para ajudar a derrubar a dita-
dura”, escreve Joana Pereira Bastos,
num livro que faltava ao 25 de Abril.
[Nuno Teotónio Pereira partilhou a cela com o meu pai e mais três presos, em Caxias. O meu pai, Luís Guerra, faria hoje 63 anos. Este texto é para todos. R.B.G.]
Rita Brandão Guerra
Relatos inéditos do terror nas cadeias da ditadura, no livro Os Últimos Presos do Estado Novo, de Joana Pereira Bastos
O que se sabe hoje que é feito aos presos em Abu Ghraib ou em Guantánamo foi o que nos fizeram a nósCarlos CoutinhoEx-preso político em Caxias
As comemorações do 39.º aniversário do 25 de Abril decorrem num misto de indignação e
festa. Manifestações, chuvas de cravos, Grândolas e assembleias populares. Hoje é dia de sair à rua. O 25 de Abril será celebrado por todo o país, mas Lisboa promete ser o epicentro. O desfile está agendado para as 15h da Praça Marquês de Pombal até ao Rossio. A manifestação no Porto começa uma hora antes, da Rua do Heroísmo à Praça da Liberdade. Os largos de Lisboa serão hoje, como em 74, os lugares predilectos para as concentrações populares. Depois da manifestação, a Associação 25 de Abril (A25A) convida todos os lisboetas a cantar Grândola, vila morena.
Será às 18h30, no Largo do Carmo, para relembrar a detenção de Marcelo Caetano por Salgueiro Maia. Ao lado, o Largo Camões será palco de uma reflexão aberta. Se quiser participar, uma boa hora para aparecer será pelas 19h, altura em que está prevista uma chuva de cravos que deverá inundar o largo. Filipa Dias Mendes
O 25 de Abril voltaa sair à rua C
ravos, liberdade e Grândola,
vila morena mereceram
destaque nas respostas
de 84 alunos do 9.º ano
quando se lhes perguntou
o que sabiam sobre o 25
de Abril de 1974. Do povo falaram
muitos, de Salazar, alguns, da Guerra
Colonial, muito poucos. A baralhar
as ideias destes jovens de 14 a 16 anos
está a implantação da República
e o fi m da ditadura militar… que
derrubou o Estado Novo.
Três turmas de 9.º ano aceitaram
dizer ao PÚBLICO o signifi cado do
25 de Abril de 1974. Sem aviso prévio
e sabendo-se de antemão que este
tema do programa ainda não tinha
sido dado nas aulas, desafi aram-
se alunos da Escola Secundária de
Bocage (Setúbal) e da Escola Secun-
dária da Cidadela (Cascais) a, em 15
minutos, escreverem o que sabiam
sobre a data que hoje se assinala.
Contou-se com a ajuda da profes-
sora Nazaré Oliveira e do professor
Paulino Spínola, ambos a leccionar
História. Ela há 27 anos, ele há 38.
“No 25 de Abril, o regime ditatorial
foi derrubado e substituído pelo regi-
me democrático. Após o 25 de Abril,
a Junta de Salvação Nacional tomou
algumas medidas: extinção da polícia
política, abolição da censura, liber-
tação de todos os presos políticos e
permissão do regresso dos exilados”,
Duarte (E.S. de Bocage)
“Eles têm uma ideia e a maior
parte das vezes não é errada, mas
há defi ciências de pormenor. E al-
guns são ‘trapalhões’”, diz Nazaré
Oliveira, enquanto mostra os textos
dos alunos de Setúbal. Choca-a prin-
cipalmente as poucas referências à
Guerra Colonial. “Não têm em conta
o que é mais importante para mim,
que é a Guerra Colonial. Sou uma
jovem ‘culturalmente feita em Áfri-
ca’. Vim de Moçambique em Julho
de 1974”, recorda.
“Estamos a sentir uma certa ili-
teracia cultural e histórica. Porque
os programas de ensino não estão
bem feitos e porque os pais não fa-
lam com os fi lhos sobre estas ques-
tões”, diz a professora, e pergunta
que pais são estes. “Terão entre 45
e 55 anos. O que é que se passa com
eles, que não falam aos fi lhos do sig-
nifi cado da Grândola, vila morena?
Que não explicam por que é que o
25 de Abril é feriado? Que não falam
com os fi lhos quando há determina-
dos incidentes, como o da bandeira
nacional ao contrário? Porque não
se aproveita pequenos momentos
do dia-a-dia para um exercício de
pedagogia activa?”
“O 25 de Abril de 1974 foi, na mi-
nha opinião, uma revolução que te-
ve início ao som da música de Zeca
Afonso. Chamada a Revolução dos
Cravos, esta foi para a liberdade [li-
bertação] dos portugueses [da] dita-
dura militar de António O. Salazar”,
Tomás (E.S. da Cidadela)
O professor Paulino Spínola, da
Escola Secundária da Cidadela,
lembra que “os miúdos só falam
desta matéria no 6.º ano, quando
têm 11/12 anos” e “não sentem que
o assunto tenha que ver com eles,
não se interessam, habituaram-se a
viver em liberdade”.
Para este professor, “a Revolução
dos Cravos que todos apontam pare-
ce ser uma ‘revolução romântica’, e
da ‘revolução’ cada vez mais fi cam os
‘cravos’ e a Grândola, vila morena”.
Da leitura dos textos dos alunos fi -
xou-se no que escreveram João e Gui-
lherme. Um diz que “existem muitas
pessoas que não consideram esta da-
ta como um motivo de celebração,
mas de luto”; outro “sabe que o 25 de
Abril foi de mudança, mas o ‘espero
que tenha sido para melhor’ denota
sombras”. “E estes sentires do 25 de
Abril preocupam-me.”
Jovens do 9.º ano conhecem os símbolos mas confundem os factos históricos
Rita Pimenta
A Guerra Colonial foi referida por muito poucos dos 84 alunos do 9.º ano inquiridos. Todos falaram de cravos
Ver texto completo e manuscritos dos alunos emwww.publico.pt
A inquietação permanente dos últimos presos políticos
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
Isaltino Morais foi detido pela PJ à saída do seu gabinete na Câmara de Oeiras
Acórdão do Tribunal Constitucional ditou a prisão de Isaltino Morais
O presidente da Câmara de Oeiras,
Isaltino Morais, perdeu nos últimos
oito dias mais dois recursos, um na
Relação de Lisboa e outro, ontem
mesmo, no Supremo Tribunal de
Justiça. Mas não foi por isso que a
Polícia Judiciária o foi prender, on-
tem à hora do almoço, à saída do
seu gabinete de autarca.
A ordem de detenção ficou a
dever-se à rejeição pelo Tribunal
Constitucional, no dia 13 do mês pas-
sado, de um outro dos mais de 40
recursos e reclamações que Isaltino
já apresentou no processo em que
foi condenado, em Julho de 2010, a
dois anos de prisão por três crimes
de fraude fi scal e um de branquea-
mento de capitais.
Mas ontem à tarde, já com as por-
tas do Palácio de Justica de Oeiras fe-
chadas, um novo requerimento dos
seus advogados, desta vez a pedir
a libertação do autarca, deu entra-
da na secretaria do tribunal. A sua
prisão é “ilegal”, alega o advogado
Rui Elói, tal como fez, então com
sucesso, logo que o seu cliente foi
detido, para ser libertado 24 horas
depois, em Setembro de 2011
O cerco tinha vindo a apertar-se
nos últimos meses e a esperança de
Isaltino começara a esmorecer. Mas
a sucessão de derrotas que averbara
no julgamento dos seus sucessivos
recursos, requerimentos e reclama-
ções não bastara para o convencer
de que a emissão do mandado de
detenção estaria iminente.
Pelo menos para o exterior fez
tudo o que pôde por mostrar que
a normalidade reinava na sua vida
e na Câmara de Oeiras. De acordo
com alguns dos seus colaboradores,
mostrava-se ultimamente obcecado
em convencer toda a gente sobre a
sua alegada inocência e não foi por
acaso que aceitou, pela primeira
vez, no princípio de Abril, dar uma
entrevista (à RTP) sobre a sua situ-
ação e, na semana passada, fazer
novas proclamações de inocência
à agência Lusa.
Nesta última declaração afi rmou
Quinze meses após a juíza decidir que os crimes não prescreveram, chegou anteontem a Oeiras o acórdão do TC que há um mês pôs fi m aos recursos dessa decisão. Isaltino foi preso no dia seguinte
mesmo: “Sou um optimista. Senão
já me tinha suicidado.” Aquilo que
nestas derradeiras tentativas de
ganhar apoios não conseguiu, co-
mo não o conseguiu em tribunal,
foi explicar a origem dos quase 1,2
milhões de euros que depositou na
Suiça entre 1993 e 2002.
Alheia à estratégia do arguido e
considerando irrelevantes para o
caso os recursos, pelo menos dois,
que o mesmo ainda tinha penden-
tes, a juíza Marta Gomes assinou ao
fi m da manhã de ontem o despacho
que ordena a sua detenção. Pouco
mais de uma hora depois, dois agen-
tes da PJ dirigiram-se discretamen-
te ao gabinete do autarca nos Paços
do Concelho de Oeiras e levaram-
no para o estabelecimento prisional
daquela polícia, em Lisboa. Isaltino
ter-se-á limitado a ordenar aos seus
colaboradores: “Cancelem tudo!”
Da prisão da PJ, o detido deverá
ser transferido para a cadeia on-
de fi cará a cumprir a pena a que
foi condenado — a menos que os
tribunais venham a dar razão aos
requerimentos e recursos que apre-
sentou, ou venha a apresentar. A sua
transferência, segundo o presidente
do Sindicato Nacional do Corpo da
Guarda Prisional, Jorge Alves, não
poderá, contudo, acontecer antes
de terça-feira, dia em que acaba a
greve dos guardas ontem iniciada.
A rapidez e a discrição com que o
mandado de captura foi ontem exe-
cutado indiciam que, ao contrário
do que sucedeu em Setembro de
2011, quando o autarca foi preso pe-
la primeira vez, a operação foi agora
objecto de concertação entre dife-
rentes entidades e cuidadosamente
preparada. Pouco depois de concre-
tizada a detenção, a Procuradoria-
Geral da República emitiu uma no-
ta em que anunciou a condução do
arguido à “zona prisional da PJ”. O
Ministério Público, do qual a PGR é
o órgão superior, vinha mostrando,
nos últimos meses, uma impaciência
cada vez maior face à não execução
da pena a que Isaltino foi condena-
do, já que, no seu entendimento, a
sentença transitou em julgado no
fi nal de 2011, altura em que devia
ter regressado à prisão.
No curto despacho ontem emiti-
do, a juíza de Oeiras explica os fun-
damento da sua decisão. O acórdão
do Tribunal da Relação de Lisboa
que condenou o arguido a dois anos
de prisão em 13 de Julho de 2010
transitou em julgado, afi rma, em 19
de Setembro de 2011. Três meses de-
pois, a 14 de Dezembro de 2011, o
mesmo Tribunal da Relação revogou
um despacho do Tribunal de Oeiras,
determinando que fosse apreciada
a alegação do arguido de que duas
das três fraudes fi scais pelas quais
foi condenado tinham prescrito.
Analisada a questão, o tribunal
indeferiu o pedido de declaração
de prescrição em 30 de Janeiro de
2012. Esta decisão foi alvo de recur-
so por parte de Isaltino Morais, sen-
do depois confi rmada pela Relação.
Chegada aqui, a juíza, sem detalhar
os passos do recurso depois inter-
posto pelo arguido para o Tribunal
Constitucional, afi rma que o apen-
so referente a esse recurso “desceu
agora do Tribunal da Relação” e que
o despacho de 30 de Janeiro de 2012
— que indeferiu a questão da pres-
crição — “já transitou em julgado”.
Assim sendo, escreve a juíza, “na-
da obsta à execução da decisão con-
denatória”. Pelo exposto, conclui,
“determina-se a emissão de manda-
dos de detenção do arguido Isaltino
Afonso Morais, a fi m de assegurar
o cumprimento da pena na qual foi
condenado”.
O apenso a que se refere a magis-
trada contém o acórdão do Tribunal
Constitucional que, no dia 13 do mês
passado, rejeitou o recurso através
do qual o autarca pretendia ver anu-
lada a decisão da Relação que con-
fi rmou a não prescrição das fraudes
fi scais. Este acórdão “baixou” no
mesmo dia à Relação e a 12 deste
mês o Tribunal Constitucional certi-
fi cou que o mesmo havia transitado
em julgado, comunicando o facto
Justiça José António Cerejo
O despacho que declara os crimes não prescritos já transitou em julgado. “Assim sendo nada obsta à execução da decisão condenatória.”Marta Rocha GomesJuiza do Tribunal de Oeiras
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | PORTUGAL | 13
ENRIC VIVES-RUBIO
à Relação no dia 16. Passados sete
dias, anteontem, o apenso com a
decisão do Constitucional chegou
a Oeiras e foi apresentado à juíza
Marta Rocha Gomes que ontem,
pouco depois do meio-dia, mandou
prender o arguido.
Por coincidência, ontem de ma-
nhã também o Supremo Tribunal
de Justiça rejeitou um recurso em
que Isaltino alegava a existência de
decisões contraditórias da Relação
no seu processo. Faz hoje uma se-
mana (dia 18) a Relação já indeferira
um outro recurso seu, tendo ainda
para apreciação um segundo que
deu entrada no dia 5.
Embora estes últimos recursos
não tenham efeitos suspensivos
da aplicação da pena, o advogado
de Isaltino entende que a prisão é
“ilegal” e apresentou de imediato
um requerimento a pedir a liberta-
ção do autarca. O pedido está em
apreciação.
Cronologia
Datas-chave no processo Isaltino2003A demissão do ministroNotícias sobre alegadas contas bancárias não declaradas na Suíça e na Bélgica levam Isaltino Morais a demitir-se do cargo de ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, que ocupava desde 2002. Em Junho de 2005 é constituído arguido.
2005De arguido a acusado Reeleição para presidente da Câmara de Oeiras, com 34,2%. Três meses depois, em Janeiro de 2006, o MP deduz acusação, imputando-lhe sete crimes. A decisão de levar o autarca a julgamento acontece em Junho de 2008.
2009Condenado e reeleitoTribunal de Sintra condena Isaltino a sete anos de prisão efectiva, perda de mandato e ao pagamento de 463 mil euros ao fisco. Isaltino recorre. A condenação não o impede de ser reeleito dois meses depois para mais um mandato, desta vez com 41,5%.
2010De recurso em recursoA Relação de Lisboa mantém condenação, mas reduz a pena para dois anos de prisão e o valor da indemnização ao Estado, anulando ainda a perda de mandato. O caso sobe ao Supremo, que confirma a condenação e restitui o valor original da indemnização.
2011Prisão-relâmpagoEnquanto ainda aguardava a decisão de um último recurso para o Constitucional, Isaltino é detido em sua casa pela PSP de Oeiras e conduzido ao estabelecimento prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa. A defesa considera a detenção ilegal e requer a sua libertação imediata, o que vem a acontecer passadas 24 horas.
Foi quase tudo na vida pública e
mesmo depois de renegado pelo
PSD Isaltino Morais manteve-se
activo e actuante na cena política.
Mais que um sobrevivente, o
autarca de Oeiras, que ontem
voltou à prisão, bem pode ser visto
como uma espécie de sempre-
em-pé da política, apoiado num
misto e energia, arrogância e
autoconfi ança. Chegou a ser a
estrela do PSD, o autarca-modelo,
ocupou cargos de destaque e
integrou o conselho nacional
durante as lideranças de Durão
Barroso, Santana Lopes e Marques
Mendes. Foi também presidente
da comissão política distrital de
Lisboa e liderou ainda a associação
de autarcas sociais-democratas
antes de ter chegado ao Governo
pela mão de Durão Barroso. A
pasta de ministro das Cidades,
Ordenamento do Território e
Ambiente pareceu criada à sua
imagem, de acordo com a auréola
de presidente de câmara activo e
empreendedor, mas aquilo que
parecia ser o auge veio a revelar-se,
afi nal, como início de um rápido
ocaso dentro do partido.
Surgem as primeiras notícias
sobre contas na Suíça e na Bélgica,
com verbas de proveniência
duvidosa e Isaltino é forçado a
demitir-se depois de pouco mais
de um ano no cargo. Promete
afastar-se da política até que
tudo esteja esclarecido, mas não
o faz. Rapidamente começou a
construir o caminho de regresso à
Câmara de Oeiras, onde tinha sido
presidente desde 1986. Marques
Mendes, então líder do partido,
invocou questões de ética para
vetar a recandidatura, mas Isaltino
não via limites. Desfi lia-se do PSD
para avançar como independente
e volta ao cadeirão da autarquia,
derrotando a candidatura ofi cial do
partido. Como autarca, foi sempre
muito elogiado e reconhecido.
Oeiras cresceu, ganhou peso e
atractividade e o ambiente de
consenso que gerou em redor da
sua gestão autárquica como que
o levou a pensar que nada tem
limites, tudo é possível. Mesmo
tendo passado pela magistratura
do Ministério Público antes de
abraçar a política.
Foi com uma atitude de
permanente desafi o que enfrentou
o julgamento, a condenação e
até a maratona de recursos em
que procurou enredar o aparelho
judicial. Mesmo perante a sucessão
de fracassos e decisões adversas,
deixou sempre a ideia do eterno
resistente, de nunca acreditar no
caminho da prisão. É certo que
há ainda processo para correr nos
tribunais, mas este parece ser já o
fi m da linha para a longa corrida de
Isaltino no campo da justiça.
“As questões que levaram à detenção do presidente ‘em nada afectam o funcionamento da autarquia’”Paulo VistasVice-presidente da CM Oeiras
O fim da linha para quem foi “autarca-modelo”
PerfilJosé Augusto Moreira
Isaltino Morais não deverá poder
continuar à frente da Câmara de
Oeiras a partir da prisão. O seu vice-
presidente, Paulo Vistas, garantiu
ontem, no início da reunião de câ-
mara, que as questões que levaram
à detenção do presidente “em nada
afectam o funcionamento” da autar-
quia, sugerindo assim que Isaltino
poderia dirigir a autarquia a partir
da prisão. Porém, se o autarca fi car
a cumprir os dois anos de prisão a
que foi condenado, a lei determina
a suspensão ou, no limite, a perda
do mandato.
“A assembleia municipal tem que
declarar a suspensão de mandato
e nomear um substituto, que em
princípio será o vice-presidente”,
Autarca deverá ser impedido de continuar a dirigir a Câmara de Oeiras a partir da prisão
diz o especialista em direito admi-
nistrativo Pacheco Amorim, tendo
por base o artigo n.º 67 do Código
Penal. Segundo esta norma, “o ar-
guido defi nitivamente condenado
a pena de prisão, que não for de-
mitido disciplinarmente de função
pública que desempenhe, incorre
na suspensão da função enquanto
durar o cumprimento da pena”. A
regra aplica-se a “profi ssões ou acti-
vidades cujo exercício depender de
título público”, como é o caso.
Caso a assembleia municipal não
declare a suspensão do mandato,
poderá aplicar-se uma outra norma
que leva quase “inevitavelmente” à
perda de mandato, explica Pache-
co Amorim: “Pode haver perda de
mandato por faltas, uma vez que o
cumprimento de pena de prisão não
confi gura falta justifi cada.”
A Lei n.º 27/96, que defi ne o regi-
me jurídico da tutela administrativa,
prevê a perda de mandato, caso os
membros de órgãos autárquicos não
compareçam, “sem motivo justifi ca-
tivo”, a três sessões da assembleia
municipal ou a seis reuniões de câ-
mara seguidas. Estando preso, Isal-
tino esgotaria o número de faltas in-
justifi cadas permitido, muito antes
das autárquicas de Outubro.
“Há uma situação de impossibili-
dade física que, a médio prazo, in-
viabiliza a gestão da câmara”, afi rma
o também professor da Universida-
de do Porto, embora admita que a
lei não é clara neste ponto, por não
dizer se a prisão pode ou não ser
similar a doença. A perda de man-
dato teria que ser determinada pelo
tribunal, na sequência de uma acção
interposta pelo Ministério Público.
Marisa Soares
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
PAULO PIMENTA
Igreja mantém no activo padres denunciados por abusos sexuais
A Igreja Católica mantém no activo
vários padres denunciados por cri-
mes sexuais, sem que se conheça
qualquer tipo de investigação feita
no seio da instituição. Isso mesmo se
concluiu da leitura do despacho do
Departamento de Investigação e Ac-
ção Penal de Lisboa, que arquivou,
por prescrição ou insufi ciência de
provas, as denúncias da ex-provedo-
ra da Casa Pia Catalina Pestana.
Em causa estão oito queixas de
crimes sexuais que terão vitimado
mais de uma dezena de menores e
adolescentes, factos que na maior
parte dos casos ocorreram na déca-
da de 90 do século passado.
Os relatos feitos por mais de duas
dezenas testemunhas ouvidas pelos
investigadores identifi cam o nome
dos alegados agressores sexuais,
quase todos padres e membros de
instituições ligadas à Igreja — a maio-
ria dos quais se mantém actualmen-
te em funções.
Muitos dos casos foram reporta-
dos à hierarquia da Igreja, nomea-
damente ao Patriarcado de Lisboa,
sem que se conheça qualquer tipo
de processo de averiguações den-
tro da Igreja. Em vários casos a hie-
rarquia da Igreja optou apenas por
transferir os suspeitos para outras
paróquias ou missões, incluindo
algumas fora do país, como é o ca-
so de um padre destacado para São
Tomé e Príncipe e outro para um
santuário em Paris.
Contactado pelo PÚBLICO, o
porta-voz do Patriarcado de Lis-
boa, o padre Nuno Fernandes, não
respondeu ao email das jornalistas
nem atendeu o telemóvel nas várias
tentativas de contacto feitas ao lon-
go da tarde de ontem. Questiona-
do anteontem sobre a abertura de
eventuais processos de inquérito aos
padres suspeitos, à luz do direito ca-
nónico, o porta-voz da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel
Morujão, afi rmou, numa resposta
escrita enviada ao PÚBLICO, que
“o tratamento de qualquer eventu-
al caso diz respeito a cada diocese
e não à CEP”.
Já quanto ao facto de se ter con-
gratulado com o arquivamento do
inquérito, que identifi cou factos que
no despacho de arquivamento do
Ministério Público.
Entre as vítimas, a maior parte
adolescentes, existem acólitos que
acompanhavam os padres de perto
na vida das respectivas paróquias.
Num dos casos, que envolve uma
instituição de solidariedade social
de Cascais, que acolhe rapazes dos
6 aos 18 anos, o administrador que
é denunciado por usar os computa-
dores da instituição para ver sites de
pornografi a infantil manteve-se nos
corpos sociais daquela instituição até
Dezembro do ano passado, mês em
que foi aberta esta investigação.
Noutro dos casos, um jovem de 15
anos morador na Cruz Quebrada e re-
petidamente assediado pelo pároco,
segundo os pais do menor, acabou
mais tarde por se suicidar, atirando-
se à linha do comboio. Os progenito-
res receberam anos mais tarde um
telefonema do então bispo auxiliar
de Lisboa, D. Albino Cleto (entretan-
to falecido) “a pedir perdão por não
ter actuado de forma mais decisiva
no assunto”, conta o despacho de ar-
quivamento, citando o pai do rapaz.
O adolescente preparava-se para en-
trar no Instituto Superior Técnico no
ano seguinte. Pouco tempo depois
da sua morte, os pais descobriram
que o padre tinha aberto uma conta
bancária em nome do jovem e que
ele podia movimentar.
A mãe de um ex-seminarista dos
Olivais, em Lisboa, também contou
às autoridades como o fi lho de 17
anos tinha desistido da vida religiosa
depois de um padre “em cuecas o
ter tentado agarrar quando ele es-
tava deitado”, numa viagem ao Al-
garve. A mulher ainda foi recebida
pelas autoridades eclesiásticas, mas
fi cou convencida de que não leva-
ram a sério as suas denúncias. As
autoridades não duvidaram da ve-
racidade do seu depoimento, mas ti-
nha passado demasiado tempo uma
vez mais e ninguém havia apresen-
tado queixa. Ciente de outros casos
relacionados com o mesmo pároco,
um capelão militar chegou a aler-
tar a hierarquia eclesiástica para o
problema. Mas isso nada provocou
além da transferência do suspeito
para outra paróquia.
A Rede de Cuidadores vai analisar
o despacho de arquivamento destes
casos, porque põe a hipótese de pe-
dir uma aclaração do mesmo, de for-
ma a não deixar morrer o assunto.
confi guram crimes sexuais prescri-
tos, o porta-voz refere que “não se
congratulou propriamente pelo ar-
quivamento deste inquérito, mas
pela reabilitação possível do bom
nome das pessoas visadas, sobre as
quais recaíam graves acusações”.
Há denúncias feitas nos últimos
três anos, mas nestes casos as parti-
cipações foram quase sempre feitas
de forma anónima à Associação Re-
de de Cuidadores, de que Catalina
Pestana é vice-presidente, não tendo
a Polícia Judiciária e o Ministério Pú-
blico conseguido identifi car as ale-
gadas vítimas e até os denunciantes
dos alegados crimes.
Vários padres da diocese de Lis-
boa são referidos por várias teste-
munhas como agressores sexuais,
uns por terem apalpado menores
nos órgãos genitais, outros por te-
rem beijado com a língua as vítimas
e outros por assediarem jovens. Há
relato de um caso de penetração
anal violenta de um menor que te-
rá tido assistência médica prolonga-
da numa casa particular em Oeiras,
mas a investigação apenas conse-
guiu confi rmar que a dita habitação
existe. “Por falta total de indícios do
cometimento de crime, determina-
se o arquivamento dos autos”, lê-se
Muitos dos casos de abusos sexuais foram reportados ao Patriarcado de Lisboa
Párocos foram simplesmente transferidos de paróquia, nalguns casos para fora do país. Não se conhece qualquer processo de averiguações desencadeado pela hierarquia eclesiástica
Justiça Ana Henriquese Mariana Oliveira
‘Abusos sexuais normais’ na Casa do Gaiato
Inspectores da Segurança Social depararam com situação-limite em 2004
Foi em 2004 que os rapazes internados nas várias Casas do Gaiato tiveram de arranjar abrigo noutro lado,
na sequência de um relatório explosivo da Inspecção-Geral da Segurança Social dando conta do tratamento desumano a que eram sujeitos. Os inspectores contam como os rapazes eram humilhados pelos responsáveis da instituição, que os desincentivavam de contactar os familiares e a quem confiscavam os telemóveis a seu bel-prazer. À frente da Casa do Gaiato do Tojal, no concelho de Loures, estava um padre que Catalina Pestana também denunciou às autoridades, depois de uma freira lhe ter contado como o vira “a manusear o pénis de uma criança do sexo masculino” que tinha ao colo. Os responsáveis
da instituição nunca assumiram ter abusado dos menores que tinham à sua guarda, mas não lhes custava a admitir que isso sucedia entre os rapazes, de noite e também de dia. “Os directores admitem a existência de abusos sexuais no interior da instituição, que consideram situações absolutamente normais, nada fazendo para as evitar”, descrevem os inspectores da Segurança Social no seu relatório, feito a pedido do então ministro Bagão Félix. “Propomos a retirada urgente dos menores de todas as Casas do Gaiato.” Os responsáveis da Casa do Tojal foram transferidos para o Porto. O facto de a identidade da freira ser desconhecida, bem como a da criança, levou ao arquivamento do inquérito aberto pelo DIAP sobre este caso.
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | PORTUGAL | 15
As unidades do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) só podem adquirir dis-
positivos médicos, como pensos, lu-
vas e suturas, se os preços unitários
forem pelo menos 15% inferiores aos
cobrados em 2012. O cerco aperta-
se mais ainda para as unidades que
atinjam um valor acumulado de cin-
co milhões de euros de despesa com
este tipo de material e que, nesse ca-
so, terão de conseguir uma redução
adicional de 5% sobre o preço da úl-
tima aquisição.
O despacho do Ministério da Saú-
de que estabelece as novas regras e
que ontem entrou em vigor abrange
mais de duas dezenas de dispositi-
vos médicos de vários tipos — equi-
pamentos hospitalares de pequeno
porte para tratamento e diagnóstico
e consumíveis como umas simples lu-
vas, suturas, pensos ou desinfectan-
tes. O ministério exclui deste regime
apenas os “equipamentos de gran-
de porte destinados ao tratamento e
ao diagnóstico”, como equipamen-
tos de raios x, de tomografi a axial
computorizada, auto-analisadores
de amostras de diagnóstico in vitro.
No despacho, assinado pelo secre-
tário de Estado Manuel Teixeira, o
ministério explica que é necessário
desacelerar o crescimento das des-
pesas com dispositivos médicos.
Entre outras regras, impõe-se que,
SNS tem de comprar pensos e luvas 15% mais baratos
nos casos em que não tenha sido ad-
quirido em 2012 nenhum dispositivo
similar ao que se pretende comprar
este ano, as unidades devem ter em
consideração o “preço unitário da
última aquisição”. E para esta refe-
rência devem ser tidos em conta “os
preços mais baixos de aquisição por
cada serviço ou estabelecimento do
SNS”. No fi nal de 2012, a dívida dos
hospitais públicos às empresas de
dispositivos médicos ascendia a 667
milhões de euros, e o prazo médio
de pagamento era de 361 dias.
Manuel Teixeira exige ainda rela-
tórios trimestrais a todas as unidades
sobre este tipo de despesas.
Atrair estrangeirosOntem, foi também publicada uma
portaria que reduz substancialmente
muitos dos preços cobrados pelos
hospitais públicos às seguradoras e a
países terceiros pelos atendimentos
em urgências, internamentos e trata-
mentos em comparação com os das
tabelas em vigor desde 2009. Além
disso, pela primeira vez, as unida-
des do SNS vão poder cobrar preços
mais baixos do que os das tabelas,
adiantou a Administração Central do
Sistema de Saúde (ACSS), que justifi -
cou a medida com a necessidade de
promoção do “turismo de saúde” e
da “captação de doentes provenien-
tes de outros países”. Desta forma,
os hospitais públicos “entram no
mercado”, acrescentou.
Em muitos casos, a redução é mui-
to acentuada. Alguns exemplos: um
atendimento num serviço de urgên-
cia polivalente passa de 147 euros pa-
ra 112,07 euros, enquanto uma ur-
gência médico-cirúrgica desce de
108 euros para 56,16 euros. Mas é
nos chamados grupos de diagnóstico
homogéneo (GDH) que as variações
de preços são consideráveis: apesar
de haver alguns casos em que os tra-
tamentos fi cam mais caros, muitos fi -
cam bem mais baratos. Por exemplo,
se na tabela de 2009 um transplante
hepático custava às seguradoras ou
a um estrangeiro 103.103,21 euros,
agora o preço baixa para 41.377,40
euros e um transplante renal dimi-
nui de 27.934,28 euros para 9.390,40
euros. Pelo contrário, um transplan-
te cardíaco aumenta de preço (de
53.329,02 euros para 64.275,90 eu-
ros). Também as cesarianas baixam
de 1848,95 euros para 669,50 euros e
um parto vaginal com diagnóstico de
complicações passa de 1625,14 euros
para 363,36 euros, enquanto uma
interrupção de gravidez, sem dilata-
ção ou curetagem, desce de 848,99
euros para 249,63 euros.
Saúde Andrea Cunha Freitas e Alexandra CamposUnidades públicas obrigadas a cortar 15% em relação ao ano passado nos gastos com diversos dispositivos médicos
Hospitais públicos reduzem preços para as seguradoras
Breve
Meteorologia
Temperatura vai cair até 12 graus nos próximos diasO Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para os próximos dias uma alteração do estado do tempo, com uma descida acentuada da temperatura a partir de sábado, e até queda de neve nas terras altas. Hoje, o céu vai estar em geral pouco nublado, já com um aumento da nebulosidade nas regiões do Norte e Centro durante a tarde. Amanhã, está prevista a ocorrência de precipitação que poderá ser acompanhada de trovoada no interior das regiões Norte e Centro.
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O Conselho Coordenador dos Institu-
tos Superiores Politécnicos (CCISP)
quer que os politécnicos passem a
ser designados como Universidades
de Ciências Aplicadas, uma suges-
tão que faz parte de um conjunto
de propostas de remodelação do
sistema de ensino superior.
“Não há outro país europeu com a
designação de Instituto Politécnico,
o que torna difícil a comparação em
níveis internacionais”, explicou o
presidente do CCISP, Joaquim Mou-
rato, durante a apresentação de um
relatório encomendado pelo conse-
lho à Universidade de Twente, na
Holanda.
A proposta “não resulta por se
querer a designação de universi-
dade, até porque a diferença entre
universidades e politécnicos conti-
Politécnicos querem passar a chamar-se Universidades de Ciência Aplicada
nuaria”, avançou Joaquim Mourato,
sublinhando que se trata de um mo-
do de “afi rmação internacional”.
O CCISP pede também a criação
de Centros de Investigação Aplica-
da e de Transferência de Tecnologia
que “possam dar cobertura a todas
as instituições politécnicas e que
estejam associadas ao tecido em-
presarial regional”. De acordo com
Joaquim Mourato, a constituição e
existência destes centros deve ser
apoiada por projectos e investimen-
tos da Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (FCT). Quanto a fusões
ou consórcios, Joaquim Mourato
alerta que “não é com o objectivo
de reduzir a despesa do Estado que
se avança para uma fusão”.
Após a apresentação do relatório,
o presidente da Federação das As-
sociações de Estudantes do Ensino
Superior Politécnico revelou que os
estudantes estão disponíveis para
discutir as sugestões do CCISP.
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16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
O social-democrata Fernando Seara,
que o PSD escolheu para encabeçar
a lista do partido à presidência da
Câmara de Lisboa, não vai tomar
nenhuma decisão em relação à sua
candidatura enquanto o Tribunal da
Relação não se pronunciar sobre o
recurso que apresentou na sequência
da providência cautelar que o impe-
de de se apresentar a eleições.
Em silêncio desde que o Tribunal
Cível de Lisboa o declarou impedido
de se candidatar à Câmara de Lisboa,
Fernando Seara, que preside ao mu-
nicípio de Sintra há três mandatos
consecutivos, não se vai desviar das
declarações que fez na altura em que
o tribunal decretou que não podia
ser candidato.
Licenciado em Direito, Seara cum-
prirá na íntegra as decisões dos tribu-
nais e em circunstância alguma viola-
rá qualquer sentença dos tribunais.
O PSD e o CDS — de acordo com a
decisão do Tribunal Cível de Lisboa,
estão impedidos de apresentar Seara
como candidato — vão ter, assim, de
aguardar pela decisão da Relação de
Lisboa. Fernando Seara foi anuncia-
do pelo PSD e CDS como candidato,
mas ele próprio nunca chegou a for-
malizar a sua candidatura e tão cedo
não o fará. Um candidato que esteja
impedido pelos tribunais e decida
anunciar a candidatura comete um
crime de desobediência, que pode
ser simples ou qualifi cada, segundo
juristas contactados pelo PÚBLICO.
O PSD acredita que a decisão da
Relação possa ser conhecida em Ju-
nho, altura em que o Governo já te-
rá marcado as eleições, que deverão
realizar-se entre fi nais de Setembro
e meados de Outubro.
“O entendimento de que o candi-
dato só pode ser limitado na autar-
quia onde cumpre o limite de man-
datos, podendo andar sem limites
de tempo a saltar, passe o termo, de
câmara em câmara, levaria a perpe-
tuação de cargos em manifesta opo-
sição do artigo 118.º da Constituição;
numa palavra: a lei deixaria entrar
pela janela o que não quisera deixar
entrar pela porta”, diz a sentença do
tribunal sobre a providência cautelar
Seara recusa anunciar candidatura a Lisboa antes da decisão do Tribunal da Relação
interposta pelo Movimento Revolu-
ção Branca (MRB) contra Seara.
O mesmo MRB vai também apre-
sentar uma providência cautelar con-
tra a candidatura de Ribau Esteves
em Aveiro. Este ex-secretário-geral
do PSD, que tem também o apoio do
CDS, presidiu à autarquia de Ílhavo
durante, pelo menos, três mandatos.
Paulo Cafofo ao FunchalA coligação pela Mudança, formada
por seis partidos da oposição regio-
nal liderados pelo PS, apresenta hoje
a candidatura de Paulo Cafofo à pre-
sidência da Câmara do Funchal. Este
professor, independente, terá como
adversários Bruno Pereira (PSD), José
Manuel Rodrigues (CDS-PP) e Artur
Andrade (PCP).
Cafofo vê na coligação Mudança,
envolvendo seis partidos (PS, BE,
PND, PTP, MPT, e PAN), um projec-
to político capaz de se afi rmar como
alternativa na capital madeirense aos
tradicionais directórios partidários.
“Devolver a esperança dos funchalen-
ses” é um dos objectivos da candida-
tura que pretende colocar o Funchal
“no caminho do crescimento econó-
mico e social” e no exercício de “no-
vas formas de cidadania, de solida-
riedade, de criatividade e inovação”.
Licenciado em História pela Uni-
versidade de Coimbra, Paulo Cafofo,
de 41 anos, tem exercido a docência
em várias escolas da Madeira e foi
vice-coordenador do Sindicato dos
Professores, entre 2009 e 2911. In-
tegrou o secretariado da Fenprof e a
direcção da Associação de Arqueo-
logia e Defesa do Património da Ma-
deira. Aproximou-se da actividade
política nos últimos meses ao aceitar
a vice-presidência do Laboratório de
Ideias, criado pela actual direcção do
PS-Madeira para promover debates
sectoriais tendo em vista a governa-
ção regional e local.
Ao maior município do arquipé-
lago, actualmente presidido pelo
social-democrata Miguel Albuquer-
que, que não poderá recandidatar-se
devido à limitação de mandatos, o
PSD apresenta Bruno Pereira que se
faz acompanhar do também verea-
dor João Rodrigues. O CDS, que não
aderiu à coligação oposicionista, lan-
çada pelo líder regional do PS Vítor
Freitas, candidata o presidente do
partido, José Manuel Rodrigues.
Também o PCP, que não aderiu à
coligação, anunciou que vai concor-
rer a todos os órgãos dos 11 muni-
cípios do arquipélago. No Funchal,
candidata o advogado Artur Andra-
de à câmara e o seu coordenador
regional, Edgar Silva, à assembleia
municipal. PS e CDS-PP apoiam em
Santa Cruz a candidatura do Movi-
mento Juntos Pelo Povo, encabeçada
por Filipe Sousa, e, em São Vicente, a
lista independente liderada por José
António Garcês, dissidente do PSD.
Autárquicas Margarida Gomese Tolentino de NóbregaPresidente da Câmara de Sintra respeita decisão do Tribunal Cível de Lisboa e manterá o silêncio até que a decisão seja conhecida
As palavras compromisso e consenso
entraram nos discursos das bancadas
da maioria PSD/CDS que assumem
querer seduzir o PS para o novo ciclo
virado para o crescimento. Os socia-
listas e a restante oposição respon-
dem com cepticismo e perguntam
mesmo se o ministro das Finanças
vai travar o plano do ministro da
Economia.
O primeiro convite para o PS dar
o seu contributo surgiu pela voz do
deputado do PSD Paulo Baptista
Santos, que elogiou o plano para o
crescimento económico apresentado
ontem pelo ministro Santos Pereira,
colocando-o ao “lado da vanguarda
europeia”. A resposta do deputado
socialista Rui Paulo Figueiredo surgiu
em forma de pergunta: “Desta vez é
mesmo para valer? Desta vez vão mu-
dar de política? Desta vez o ministro
das Finanças não vai vetar a adopção
destas medidas? Ou vai ser apenas e
só mais um anúncio, mais um núme-
ro político para ser repetido daqui
a seis meses, e continuaremos com
esta espiral recessiva e sem mudar
de política?”
Paulo Baptista Santos contornou
estas perguntas e lembrou que os
sociais-democratas tomaram boas
notas das iniciativas que o PS propôs
para o crescimento. O BE e o PCP
criticaram o Governo por chegar
tarde à estratégia do crescimento e
PSD e CDS tentam seduzir PS para o plano de crescimento económico, socialistas estão cépticos
por ignorar o estímulo do mercado
interno no plano agora apresenta-
do. “Como é possível falar em cres-
cimento sem falar de consumo? O
consumo das famílias é miserável”,
apontou a deputada bloquista Cecília
Honório, acrescentando ainda que os
cortes das funções sociais do Estado
são contraditórios com o plano do
Governo. Bruno Dias, deputado do
PCP, lembrou que a maioria recen-
temente chumbou um projecto da
bancada comunista para incentivar
o fi nanciamento pelo banco público.
E atacou o “carácter propagandístico
e fraudulento” do plano de Santos
Pereira, já que “as famílias não têm
poder de compra”.
Pelo CDS, o deputado Hélder Ama-
ral voltou a apelar à oposição, em
particular ao PS, para olhar para o
plano do ministro, que é “um ponto
de partida, que precisa de tempo,
de estabilidade, de compromisso,
de consenso, de contributos”.
Numa outra declaração política,
pela voz do líder da bancada do PS
sobre o “desastre” da execução or-
çamental, a maioria foi branda na
resposta e lamentou apenas que os
socialistas não tivessem salientado a
folga de 500 milhões de euros.
O CDS voltaria a desafi ar o PS a
comentar o plano para a economia.
Carlos Zorrinho disse esperar que o
Governo passe “das palavras aos ac-
tos”, mas garantiu que as medidas
positivas para a economia “terão o
voto favorável do PS”.
ParlamentoSofia Rodrigues
No plenário, a maioria insistiu em trazer os socialistas para as medidas de crescimento. Oposição diz que o plano é tardio
“Desta vez as Finanças não vão vetar a adopção destas medidas?”
Capucho com independentes em Sintra
Eventual punição do PSD não preocupa
António Capucho, ex-conselheiro de Estado e antigo dirigente do PSD, deverá encabeçar a lista à
Assembleia Municipal de Sintra do candidato independente Marco Almeida, disse ao PÚBLICO fonte da candidatura. A mesma fonte adiantou que o processo ainda não está fechado — deverá ficar concluído dentro de uma semana —, mas o “processo de sintonia” que existe entre Marco Almeida e António Capucho aponta para um entendimento entre o ex-conselheiro de Estado e o candidato independente. Mesmo reconhecendo que pode ser alvo de um processo disciplinar do PSD, Capucho mostra disponibilidade para integrar a lista do actual vice-presidente
da Câmara de Sintra. “Embora seja militante há 38 anos e tenha ajudado a fundar o PSD com Sá Carneiro estou disponível para apoiar Marco Almeida. Estou a abrir portas porque estou empenhado no sucesso desta candidatura”, afirmou ao PÚBLICO o ex-presidente da Câmara de Cascais. Sobre um eventual processo disciplinar, não se mostra preocupado. “Eu conheço os estatutos. Se entenderam processar-me que me processem”. M.G.
RUI GAUDÊNCIO
Zorrinho diz esperar que o Governo passe “das palavras aos actos”
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 17
José Sócrates comenta a actualidade política ao domingo
O provedor do telespectador da RTP
discorda da contratação de José Só-
crates como comentador residente
da estação e diz que não percebe os
critérios de pluralismo da direcção
de Informação. José Carlos Abrantes,
que termina o seu primeiro mandato
no fi nal do mês — por não ser renova-
do, como a lei permite —, dedicou o
seu último programa ao comentário
que o ex-primeiro-ministro tem na
RTP1, ao domingo à noite.
Apesar de o director de Informa-
ção Paulo Ferreira desvalorizar as crí-
ticas e garantir que usou apenas crité-
rios editoriais na escolha de Sócrates
para principal fi gura do comentário
da estação, o provedor considera que
se tratou de um “critério político” e
questiona por que não se deu lugar
às outras forças políticas, “fugindo ao
bloco central”. “O comentário para
ser credível deve ser feito por pes-
soas independentes e não por quem
tem interesses directos ou indirectos
na matéria que comenta”, afi rma o
provedor, considerando, sobre Só-
crates, que “é reveladora a força da
imagem televisiva que transformou,
em tempo acelerado, um vencido
na luta política num vencedor nos
ecrãs da RTP”. A estação pública
deveria “criar espaços verdadeira-
mente democráticos pelos assuntos
e pelos protagonistas, funcionan-
do o serviço público como padrão
de exigência e não como imitação
Provedor da RTP contra comentário de José Sócrates
apressada das outras televisões.”
No programa ouve-se a opinião de
cidadãos contra e a favor da matéria
discutida. Entre outros, José Carlos
Abrantes ouviu o ex-ministro da Cul-
tura Manuel Maria Carrilho, muito
crítico sobre a escolha de Sócrates
e para quem os protestos se “com-
preendem bem”. Carrilho diz ser
“surpreendente e um caso inédito na
Europa um antigo primeiro-ministro
transformar-se em comentador resi-
dente de uma estação”. Para este mi-
litante socialista, é “totalmente injus-
tifi cável que isso aconteça no serviço
público de TV, que tem duas obriga-
ções fundamentais: a isenção e o plu-
ralismo”. Carrilho classifi ca a invasão
dos ecrãs de TV por políticos como
um “desfi le de máscaras” e integra-a
no domínio do “info-entretenimen-
to”. Pluralismo, diz, é “ouvir os vários
pontos de vista que o país tem” e não
apenas os dois principais partidos.
Sebastião Lima Rego, membro do
Conselho de Opinião, defende que
o comentário político “tem que ser
feito por especialistas, jornalistas,
politólogos e académicos, que se-
jam independentes do objecto que
esteja a ser comentado”. “Não faz o
mínimo sentido pedir a políticos que
comentem sobre qualquer coisa em
que eles têm interesse.”
Já o politólogo André Freire alerta
para o problema da “transparência e
diversidade”. Mesmo que um políti-
co já não esteja no activo, “levanta-se
a dúvida sobre qual é o seu interesse,
em sentido lato, nas tomadas de po-
sição”. O académico, que considera
positivo que além do socialista a RTP
tenha também contratado o social-
democrata Nuno Morais Sarmento,
realça que ninguém critica o facto
de a TVI manter apenas o ex-líder do
PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, “sem
contraponto”.
PAULO PIMENTA
Comunicação socialMaria Lopes
Prestes a deixar a RTP, que não lhe renovou o mandato, José Carlos Abrantes foi muito crítico com a decisão da direcção de Informação
O ministro da Presidência e dos As-
suntos Parlamentares, Luís Marques
Guedes, foi ontem apresentar “cum-
primentos” ao grupo parlamentar
do PS, a quem explicou a forma co-
mo vê o exercício das suas funções,
que passa pelo estabelecimento de
“pontes pessoais”.
Luís Marques Guedes — que já
tinha visitado os restantes líderes
parlamentares, mas não o do PS,
por ausência deste — reiterou estar
“plenamente convicto” de que há
“um espaço muito importante, pa-
ra bem de Portugal, para entendi-
mentos”. “O relacionamento com o
Partido Socialista tem que ver com
a importância dos problemas que
o país tem e com a leitura que cada
um dos partidos, com a sua autono-
mia, faz dessa mesma importância
e da necessidade de resolver esses
problemas”, afi rmou, quando con-
frontado com a relação com o PS,
em particular.
À saída do encontro com o gru-
po parlamentar socialista, acom-
panhado pela secretária de Estado
dos Assuntos Parlamentares, Teresa
Morais, Marques Guedes disse aos
jornalistas que foi apresentar cum-
primentos aos deputados do PS,
assim como tem vindo a fazer com
outros grupos parlamentares.
“É assim que entendo a função
de um ministro dos Assuntos Par-
lamentares, tem que estabelecer
pontes pessoais, porque, indepen-
dentemente das nossas diferenças
políticas, se não houver um bom
relacionamento no plano pessoal,
tudo se torna mais difícil”, afi rmou.
“Na situação em que o país está, já
tem difi culdades sufi cientes, não va-
mos acrescentar a essas difi culdades
outras difi culdades de natureza pes-
soal”, sublinhou.
O ministro da Presidência e dos
Assuntos Parlamentares disse ter
manifestado aos grupos parlamen-
tares a sua disponibilidade e expli-
cado a forma como vê o exercício
das suas funções e da senhora se-
cretária de Estado, “e, a partir daí,
criar as pontes”. Luís Marques Gue-
des substituiu recentemente Miguel
Relvas como ministro dos Assuntos
Parlamentares.
Marques Guedes leva ao PS “pontespessoais”
Parlamento
Novo ministro dos Assuntos Parlamentares diz haver espaço para entendimentos, “para bem de Portugal”
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Gael Garcia Bernal
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O fado das nossas vidas
Aos 83 anos, vasta obra publicada, edita um romance na sua língua antes de ser traduzido para holandês. Não acontecia desde 1971
Um escritor novo aos 83 anos
18 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
Câmara de Lisboa exige ser ouvida sobre concessão do metro e da Carris
António Costa diz-se disposto a “pagar” os serviços públicos de transporte, com verbas do estacionamento e do Imposto Municipal sobre Imóveis, mas só se também “mandar”
RUI GAUDÊNCIO
Câmara diz que o Governo quer aplicar novo modelo de gestão do metro e da Carris “à revelia” do município
A Câmara de Lisboa expressou on-
tem, por unanimidade, a sua “fi rme
oposição” a que o Governo “se ar-
rogue o direito” de concretizar um
novo modelo de gestão da Carris e
do Metropolitano de Lisboa “à re-
velia” do município e “em descon-
sideração” das suas “atribuições
e competências”. Já a ameaça de
recorrer aos tribunais para travar
a concessão e a exigência do paga-
mento de uma indemnização pela
nacionalização das duas empresas
em 1975, que também constavam
da moção apresentada por António
Costa, foram classifi cadas pelo PSD
e pelo CDS como “uma declaração
de guerra”.
Essas duas últimas reivindicações
acabaram por ser também aprova-
das na reunião camarária, mas com
os votos favoráveis da maioria e do
PCP e com os votos contra dos vere-
adores da direita, fi cando por alcan-
çar o consenso que o presidente da
autarquia ambicionava. O vereador
social-democrata Victor Gonçalves
ainda sugeriu que as alíneas alvo de
crítica fossem retiradas da moção,
mas António Costa rejeitou essa hi-
pótese.
“Temos de dizer a terceiros even-
tualmente interessados na conces-
são que consideramos um acto hos-
til ao município a participação nes-
te processo”, justifi cou o autarca,
defendendo também a necessidade
de essas entidades terem presente
o facto de o município ter “direitos
patrimoniais” pelos quais, em seu
entender, deve ser ressarcido.
Quanto à acusação, feita por
Santana Lopes e por António Car-
los Monteiro, respectivamente do
PSD e do CDS, de que estaria a fa-
zer “uma declaração de guerra” ao
Governo, António Costa negou que
assim fosse. “Acho que devemos ter
uma posição construtiva, de abertu-
ra e de diálogo, mas muito fi rme”,
disse, classifi cando como “absolu-
tamente inaceitável” que o secretá-
rio de Estado dos Transportes tenha
anunciado que iria concessionar a
Carris e o Metropolitano de Lisboa
sem ouvir a Câmara de Lisboa.
Santana Lopes, que esteve pre-
sente na reunião de ontem depois
de uma suspensão temporária do
empresa de que era detentor, res-
pondeu António Costa.
Já o vereador do CDS António
Carlos Monteiro lembrou o pesado
endividamento da Carris e do Me-
tropolitano de Lisboa e perguntou a
António Costa se porventura era um
“génio” que tinha encontrado uma
solução para o problema. O presi-
dente da Câmara de Lisboa lembrou
que essa é uma questão que também
se colocará aos privados, no caso
de avançar a concessão anunciada.
E defendeu que o Governo deve
assumir a percentagem da dívida
que diz respeito a investimentos
em infra-estruturas e pagar as in-
demnizações compensatórias em
atraso, avaliando-se depois quem
assume a dívida respeitante a custos
de exploração.
“Estamos disponíveis para pagar,
mas temos de mandar também”,
acrescentou António Costa, ante-
cipando que as verbas municipais
para manter os serviços públicos de
transportes poderiam vir das recei-
tas com o estacionamento em zonas
tarifadas e com a “publicidade exte-
rior” e do Imposto Municipal sobre
Imóveis. “Temos capacidade para
ajudar a fi nanciar, desde que tenha-
mos razão para isso”, concluiu.
MobilidadeInês Boaventura
mandato, lembrou que quando era
presidente da autarquia o PS se opôs
à municipalização daquelas empre-
sas. Quanto ao pagamento de uma
indemnização, reclamado por Antó-
nio Costa, o vereador do PSD ques-
tionou se tal direito não terá prescri-
to e perguntou se não seria melhor
o autarca optar pela “via do amor,
da concertação”, como terá feito no
caso dos terrenos do aeroporto. “O
tempo não revogou o decreto-lei de
nacionalização do Metropolitano de
Lisboa, que diz expressamente que
o município tem direito a ser indem-
nizado pelos 98,5% do capital” da
Repavimentações custam 13 milhões
Manuel Salgado apresentou plano para 2013
Manuel Salgado apresentou ontem, depois de o vereador do CDS o ter questionado sobre o
assunto em várias reuniões camarárias, o “plano de pavimentação” para o ano de 2013. Segundo o vereador das Obras Municipais, estão previstas “33 empreitadas de repavimentação” e “11 de conservação de pavimentos betuminosos, calçadas e espaços públicos”, num total de 13 milhões de euros. A isso juntam-se empreitadas de “conservação de pavimentos”,
que o autarca apelidou de “tapa-buracos” e que custam 600 mil euros, em quatro zonas de Lisboa: Oriental, Central, Ocidental e Segunda Circular. Também na sequência de uma interpelação do centrista António Carlos Monteiro, Manuel Salgado falou nas árvores da Ribeira das Naus, garantindo que “grande parte” dos exemplares a abater estava na zona em que vão ser construídas as rampas previstas no projecto de requalificação. E avisou que os plátanos “vão sofrer um desbaste grande” para permitir a sua transplantação. I.B.
Museu no Torreão
Exposição em Junho
O Museu da Cidade, hoje instalado num palácio no Campo Grande, vai adoptar a designação
de Museu de Lisboa e a sua sede será transferida para o Torreão Poente do Terreiro do Paço. O anúncio foi feito pela vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, que revelou que a primeira exposição no novo espaço abrirá já em Junho.
Catarina Vaz Pinto lembrou, na reunião camarária de ontem, que há muito se discutia no município a necessidade de encontrar novas instalações para o Museu da Cidade, dada a “exiguidade” do Palácio Pimenta. A expansão para um terreno contíguo no Campo Grande chegou a estar em cima da mesa, mas a solução escolhida acabou por ser a transferência do “núcleo-sede” deste equipamento cultural para a Baixa pombalina.
“É um espaço fantástico”, diz a vereadora sobre o Torreão Poente do Terreiro do Paço, explicando que serão utilizados os dois andares de cima deste imóvel e o sótão. Catarina Vaz Pinto quer que o estudo de reabilitação do espaço esteja concluído “até ao fim do ano”, mas adianta que a primeira exposição, dedicada aos anos 40, “será feita com o edifício no estado em que está”.
Os planos ontem apresentados pela vereadora da Cultura serão concretizados, segundo a própria, de forma “faseada” e baseiam-se num estudo apresentado por António Mega Ferreira sobre os museus municipais de Lisboa. A contratação do escritor em 2012 gerou polémica, por implicar uma despesa de cerca de 19 mil euros. I.B.
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | LOCAL | 19
O presidente da Junta de Freguesia
da Costa da Caparica está indignado
com o fi m do programa Polis, anun-
ciado ontem pelo Estado, e acusou
os poderes políticos de prejudicarem
a cidade por cederem aos “lobbies da
linha do Estoril e Algarve”.
O Estado, accionista maioritário,
anunciou na assembleia geral da Cos-
taPolis que a sociedade responsável
pelo programa Polis na Caparica será
liquidada até Junho de 2014.
O presidente da Junta de Freguesia
da Costa da Caparica, António Neves
(PSD), disse à Lusa que a cidade pre-
cisava do programa de reabilitação
Autarca da Costa da Caparica acusa Governo de ceder a lobbies ao acabar com o Polis
urbana “como de pão para a boca”,
acrescentando que o Polis permitiria
“transformar uma terra com voca-
ção turística, com uma capacidade
enorme dos seus recursos naturais, e
tornar Lisboa na única capital euro-
peia com um santuário destes a dez
minutos de distância”. Mas, subli-
nhou, “os poderes políticos não têm
querido que isso aconteça por causa
dos lobbies da linha do Estoril, Cas-
cais e Oeiras e do Algarve”. “É uma
indecência completa”, lamentou.
A Costa da Caparica, disse ainda
António Neves, “está a ser espoliada
de uma intervenção que era urgente
e necessária” quando apenas dois
dos projectos do programa Polis
estão realizados — frente urbana de
praias e jardim urbano. “Redimen-
sione-se o investimento, redimen-
sionem-se os projectos, chamem-se
investidores, mas a preços agradá-
veis”, propôs.
O autarca social-democrata aponta
Assembleia geral
Social-democrata António Neves está indignado com decisão do Governo de acabar com o programa
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também o dedo à Câmara de Almada
(liderada pela CDU): “Alguém anda a
dormir. As ‘terras da Costa’, em vez
de terem batatas e cenouras planta-
das, têm anexos que são alugados a
peso de ouro e de que as Finanças
não sabem. A câmara não vê isto?”
António Neves vai pedir esclareci-
mentos ao Governo e à câmara — ac-
cionista minoritário que votou con-
tra a decisão do Estado, acusando o
Governo PSD/CDS de “abandonar a
Costa da Caparica, o seu potencial
de desenvolvimento económico e
ambiental e as populações” — sobre
o fi m do programa Polis. O progra-
ma — “o mais abrangente de todas
as intervenções Polis” — previa um
investimento inicial de 214,5 milhões
de euros e envolvia oito “projectos
estruturantes”, numa área total de
cerca de 650 hectares e oito quiló-
metros de “uma linha de costa que
constitui a praia, por excelência, da
área metropolitana de Lisboa”.
Breves
Setúbal
PJ detém suspeito de abuso sexual de criançasA PJ de Setúbal deteve um homem de 29 anos, que ficou em prisão preventiva, por suspeita de abusos sexuais de crianças. O comunicado da PJ diz que se trata de um ex-treinador de camadas juvenis masculinas: “A proximidade entre o presumível autor e as vítimas e a promessa de que as mesmas poderiam vir a ter um futuro brilhante no desporto convenciam-nas a sujeitar-se a contactos físicos, os quais se configuravam como reais abusos sexuais sobre as mesmas.”
O projecto do futuro Museu da Resis-
tência e Liberdade, na antiga cadeia
do Aljube, em Lisboa, foi ontem apre-
sentado, faltando a partir de hoje um
ano para a sua inauguração, quando
a revolução de Abril completar 40
anos. O Museu do Aljube Resistência
e Liberdade pretende “preservar a
memória e ser uma transmissão de
gratidão a todos aqueles que se ba-
teram contra a ditadura durante 48
anos”, realçou o presidente da câ-
mara, António Costa. E apresenta-
rá “um retrato alargado da História
contemporânea portuguesa, cobrin-
do múltiplos aspectos da resistência
contra a ditadura e da luta pela li-
berdade”. A obra de conversão do
edifício em museu custa cerca de 1,5
milhões de euros, com projecto dos
arquitectos Manuel Graça Dias e Egas
José Vieira.
Aljube recebe Museu da Resistência em 2014
Lisboa
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
Retoma adiada na zona euro torna corte de taxas do BCE mais provável
Mario Draghi, na última conferên-
cia de imprensa em Frankfurt, já
tinha deixado um aviso, os últimos
indicadores económicos quase que
acabaram com as dúvidas: o Banco
Central Europeu (BCE) deverá mes-
mo baixar as suas taxas de juro para
um novo mínimo histórico dentro
de uma semana, quando o Conselho
de Governadores se reunir a 2 de
Maio em Bratislava, Eslováquia.
A expectativa de um corte, que
colocará a principal taxa de refi -
nanciamento em 0,5% (contra os
0,75% actuais), é generalizada entre
os analistas dos principais bancos
de investimento internacionais. A
agência de notícias Bloomberg fa-
lou com os especialistas em política
monetária de três instituições — No-
mura, UBS e Royal Bank of Scotland.
Todos eles estão a apostar que uma
descida das taxas de 0,25 pontos
percentuais venha a ser anunciada
na quinta-feira.
Esta previsão ganhou força no iní-
cio de Abril, no decorrer da confe-
rência de imprensa dada pelo presi-
dente do BCE no fi nal da última reu-
nião do Conselho de Governadores.
Nessa altura, Draghi falou de uma
economia da zona euro ainda sem
recuperar da forte queda do fi nal de
2012, deu conta da existência de ris-
cos para a actividade e reconheceu
que a taxa de infl ação está contro-
lada e com uma trajectória descen-
dente. Tudo indicadores que podem
justifi car uma descida dos juros.
E, como se quisesse transmitir
uma mensagem, Mario Draghi afi r-
mou que “o BCE está preparado pa-
ra agir”, uma frase que, no passado,
foi usada para sinalizar uma futura
mexida nas taxas.
Se, a seguir a estas declarações, a
expectativa de um corte era elevada,
passadas três semanas, ainda mais
forte é. Durante este período, os da-
dos económicos que foram sendo re-
velados na zona euro confi rmaram a
manutenção da economia em sérias
difi culdades. Na terça-feira, um dos
índices mais seguidos para avaliar o
ritmo da actividade económica — o
Purchasing Managers Index (PMI)
— registou na zona euro uma estag-
nação em Abril, fi cando-se pelos
46,5 pontos. Neste índice, é a mar-
ca dos 50 pontos que separa uma
economia de estar em contracção
ou em expansão. Isto signifi ca que,
depois da queda no quarto trimes-
tre de 2012 e da manutenção da ten-
dência no primeiro trimestre deste
ano, a zona euro continua em sérias
difi culdades para arrancar.
Para confi rmar a tendência, ontem
o índice de confi ança Ifo, que me-
de as expectativas dos empresários
alemães, caiu de 106,7 para 104,4
pontos, um resultado muito mais
negativo do que o esperado.
“A principal razão para a nossa pre-
visão [de corte de taxas] é o tom dos
comentários dos membros do Con-
selho de Governadores durante o úl-
timo mês. Outro mês de indicadores
fracos sobre a actividade económica
não nos diz que a retoma está irreme-
diavelmente perdida, mas diz-nos que
a retoma fi cou adiada mais um mês,
e isso, para nós, já é sufi ciente para
confi rmar a nossa previsão”, afi rmou
à Bloomberg Richard Barwell, um
analista do Royal Bank of Scotland.
Com as previsões de um corte de
taxas cada vez mais consensuais
crescem também em simultâneo as
dúvidas em relação ao impacto real
que essa decisão pode vir a ter na
economia da zona euro.
O problema, identifi cado pelo pró-
prio Mario Draghi e outros respon-
sáveis do BCE, é que, apesar de as
taxas de juro já estarem a um nível
muito baixo, continua a ser difícil fa-
zer chegar este crédito à empresas e
às famílias. Em particular, nos países
Mário Draghi disse há um mês que o Banco Central Europeu estava preparado para agir
O banco central reúne-se a 2 de Maio para decidir o que fazer às taxas de juro. Os dados económicos na zona euro mostram que Draghi deverá ter de cumprir a sua promessa de acção
Política monetária Sérgio Aníbal
0,75%É a taxa de juro de refinanciamento aplicada actualmente pelo BCE, o valor mais baixo desde a sua criação em 1999
BCE pode não devolver lucros aos Estados, diz Constâncio
OBanco Central Europeu (BCE) não pode devolver aos países sob pressão especulativa os lucros
conseguidos com o seu programa de compra de títulos de dívida pública porque isso constituiria uma “severa violação” do Tratado da União Europeia (UE), afirmou ontem o vice-presidente da instituição. Vítor Constâncio reagia a uma pergunta de Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, durante uma audição no Parlamento Europeu (PE).
Retomando uma questão que tem invocado várias vezes, Marisa Matias perguntou a Constâncio se não considera “imoral” e o “contrário da retórica
da solidariedade” que o BCE obtenha lucros com a compra de dívida de países como Portugal e se não os deveria distribuir aos governos em causa.
Lembrando que os governos da zona euro decidiram no ano passado devolver à Grécia os ganhos obtidos pelos seus bancos centrais com a compra de dívida grega no quadro do financiamento do seu segundo programa de ajuda externa, Constâncio afirmou que o BCE também se disponibilizou para fazer o mesmo, mas sempre através dos governos. Ou seja, afirmou, “o compromisso foi assumido pelos governos”, que “podem fazer o que querem com os lucros que recebem
dos bancos centrais nacionais”. Em contrapartida, “nem o BCE, enquanto tal, nem nenhum banco central nacional pode fazê-lo, porque isso seria uma severa violação do tratado”.
O vice-presidente do BCE rejeitou ainda a crítica sobre a moralidade da operação, afirmando que os lucros em causa constituem “o resultado automático” do programa de compra de dívida lançado em plena crise da dívida grega, em Maio de 2010. Neste programa, os Estados estão a pagar juros a níveis mais baixos do que os do mercado, afirmou, insistindo: “Não estamos a tirar vantagem da crise nem do stress nem das condições de mercado”.
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | ECONOMIA | 21
O Governo quer disponibilizar, até
Junho, uma linha de crédito de 2000
milhões de euros destinada às pe-
quenas e médias empresas (PME)
que vai permitir que estas tenham
mais tempo para pagar os emprésti-
mos contraídos junto da banca.
A ideia integra a Estratégia para o
Crescimento, Emprego e Fomento
Industrial 2013-2020, enviada ontem
aos parceiros sociais e aos partidos
políticos e que pretende servir de
base ao crescimento económico de
Portugal até 2020. As principais li-
nhas do documento foram apresen-
tadas pelo ministro da Economia,
Álvaro Santos Pereira, no fi nal do
Conselho de Ministros extraordiná-
rios de terça-feira.
Segundo o documento, a renego-
ciação das condições do empréstimo
entre as PME e a banca “permitirá
um alargamento das maturidades
em 50%”. Assim, nas micro e pe-
quena empresas, o prazo máximo
de reembolso passará de quatro
para seis anos. Nas empresas geral
e exportadoras, de seis para nove
anos e serão dados ainda “prazos
de carência de 12 meses em todas as
operações”. O objectivo é diminuir
pressões de tesouraria e estabilizar
as fontes de fi nanciamento.
O documento diz ainda que serão
“analisadas as condições de spreads
(margem do banco) praticados, com
o objectivo de “permitir a diminui-
ção dos mesmos”.
O Governo vai também avançar
com o regime de IVA de caixa na
segunda metade do ano e obrigar
a Caixa Geral de Depósitos (CGD) a
adiantar o IVA que o Estado ainda
não tenha devolvido às empresas.
“Introdução do ‘IVA de caixa’ pa-
ra as empresas com volume de negó-
cios até 500 mil euros, permitindo
que a entrega ao Estado do IVA seja
devida apenas após a cobrança das
facturas emitidas”, lê-se no docu-
mento. Cerca de 85% das empresas
nacionais têm facturações abaixo
de meio milhão de euros.
No mesmo texto, o executivo ex-
plica que a sua intenção passa tam-
bém por avançar com uma linha de
apoio à tesouraria das empresas.
Esta linha será disponibilizada pe-
PME vão ter mais tempo para pagarem empréstimos
la CGD, que fi ca assim com a tarefa
de adiantar às empresas o IVA que o
Estado ainda não lhes devolveu.
O Governo dizia já em Novembro
que pretendia avançar rapidamente
com a introdução do regime de IVA
de caixa, mas nunca indicou com
uma data-limite para a introdução
do regime.
O Governo anuncia ainda que
pretende criar, este trimestre, um
gabinete de apoio aos investidores
internacionais, que fi cará na depen-
dência da Autoridade Tributária e
Aduaneira (AT), que vai ter uma
equipa para esclarecer e apoiar po-
tenciais investidores estrangeiros
em Portugal.
Será igualmente analisada “a
possibilidade de criar” uma linha
de crédito fi scal extraordinário ao
investimento, para montantes até
aos 5 milhões de euros, que permi-
tirá a dedução à colecta em sede de
IRC de 20% do montante investido,
desde que não exceda os 70% do
montante daquela colecta.
Santos Pereira anunciou também,
na terça-feira, a criação de um ban-
co de fomento, que se designará por
Instituição Financeira de Desenvol-
vimento (IFD). No documento envia-
do ontem aos parceiros, explica-se
que, numa fase inicial, o fi nancia-
mento será quase todo dependente
da engenharia de fundos estruturais,
mas numa fase de maior maturidade
da instituição a ideia é conseguir di-
nheiro nos mercados de capitais. A
IFD, defende o documento, deverá
fazer uma gestão prudente e conser-
vadora, “diversifi cando as suas fon-
tes de fi nanciamento que deverão
ser enquadradas numa estratégia
de equilíbrio de maturidades entre
a composição do passivo e do acti-
vo”. Lusa
Financiamento
Na Estratégia para o Crescimento, o Ministério da Economia promete também criar o IVA de caixa no segundo trimestre
Ministro Álvaro Santos Pereira
periféricos como Portugal, os bancos
continuam a praticar taxas elevadas
nessas operações.
Será que um novo corte, de 0,75%
para 0,5% chega para mudar este ce-
nário? Todos concordam que não.
“Temos de ter noção que a efi cácia
de um corte de taxas de juro é limi-
tada, porque o mecanismo de trans-
missão não está a funcionar em par-
tes da união monetária”, disse, numa
entrevista recente ao Financial Times,
um dos mais importantes membros
do conselho executivo do BCE, o ale-
mão Jörg Asmussen.
Para que o efeito na economia fos-
se mais forte, seria necessário que o
BCE avançasse com uma nova ron-
da de medidas não convencionais,
que conduzissem a uma maior injec-
ção de liquidez na economia. Mario
Draghi disse, no início do mês, que o
banco central está a estudar várias al-
ternativas, mas os analistas não con-
tam com decisões a este nível para já,
talvez só em Junho.
YURI GRIPAS/REUTERS
O inquérito aos maiores bancos na-
cionais, divulgado ontem, revela
que “os critérios de concessão de
crédito e as condições aplicadas aos
empréstimos a empresas e a particu-
lares permaneceram praticamente
inalterados”, revelando, no entanto,
“a evidência de uma ligeira diminui-
ção da restritividade nos emprésti-
mos ou linhas de crédito a pequenas
e médias empresas (PME)”.
Das respostas dos cinco maiores
bancos nacionais, divulgadas on-
tem pelo Banco de Portugal (BdP)
“é visível uma ligeira diminuição
da restritividade reportada no que
diz respeito aos spreads aplicados
a empréstimos de risco médio, no
caso dos empréstimos ou linhas de
crédito a PME”.
Em sentido contrário, e ainda que
com menor intensidade do que em
trimestres anteriores, alguns bancos
continuaram a reportar um aumen-
to dos spreads aplicados aos emprés-
timos de maior risco, em todos os
segmentos de crédito analisados.
Os resultados do inquérito apon-
tam ainda para uma relativa estabi-
lização da procura de empréstimos
por parte das empresas e por par-
ticulares no caso dos empréstimos
para consumo e outros fi ns, obser-
vando-se uma ligeira diminuição no
caso dos empréstimos para aquisi-
ção de habitação.
Ainda de acordo com as respos-
tas dos bancos, “as condições mo-
netárias e fi nanceiras da economia
portuguesa permaneceram conside-
ravelmente restritivas no primeiro
trimestre de 2013, mas não se agra-
varam relativamente ao trimestre
anterior”.
Apesar de evidenciarem alguma
melhoria nos empréstimos às PME,
os cinco grupos bancários portugue-
ses incluídos na amostra esperam
que, para o trimestre em curso, “os
critérios de concessão de crédito se
mantenham virtualmente inaltera-
dos, tanto no caso das empresas,
como dos particulares (habitação
e consumo e outros fi ns)”.
Em sintonia com o resultado do
inquérito, Faria de Oliveira, presi-
dente da Associação Portuguesa de
Financiamento da banca às PME melhorou ligeiramente
Bancos, afi rmou que, “nos últimos
quatro meses, tem-se registado al-
guma descida de spreads por parte
de instituições, que deriva do facto
de a liquidez dos bancos estar con-
fortável”.
Mas, apesar desta descida, Fa-
ria de Oliveira salientou que as ta-
xas de juro cobradas pelos bancos
aos clientes não deverão descer de
forma signifi cativa nos próximos
tempos devido às “desvantagens
competitivas” do sistema bancário
português.
“Na situação actual, em que o
sistema bancário vive cheio de des-
vantagens competitivas, com custos
de fi nanciamento muito elevados e
com imparidades a aumentar, não
se pode esperar a curto prazo uma
grande diminuição dos spreads das
instituições”, disse Faria de Olivei-
ra aos jornalistas, no Parlamento, à
margem de uma audição na Comis-
são de Orçamento e Finanças.
Faria de Oliveira afi rmou ainda
que a fi xação das taxas de juro, se-
jam altas ou baixas, não é feita “por
gosto”, mas com base num conjunto
de factores que infl uenciam o preço
do dinheiro. No mesmo sentido, o
governador do Banco de Portugal,
Carlos Costa, disse, também no Par-
lamento, que os bancos têm todo o
interesse em conceder crédito para
melhorarem a sua rentabilidade e
que, se não há mais fi nanciamen-
to, isso deve-se à “percepção de
risco” da banca face às empresas.
com Lusa
Rosa Soares
Carlos Costa foi ao Parlamento
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
É difícil comentar a execução de
um Orçamento que já não o é. O
Orçamento do Estado (OE) 2013,
terá que ser substantivamente
alterado pelo Orçamento
rectifi cativo. O objectivo para o
défi ce orçamental aumentou para
5,5% do PIB, é preciso considerar
o aumento das despesas com
pensões e salários da função
pública para acomodar as
decisões de inconstitucionalidade
do Tribunal Constitucional,
bem como compensar os cortes
previstos nos subsídios de doença
e desemprego que também foram
considerados inconstitucionais.
Para além disto, as receitas fi scais
foram estimadas num cenário de
recessão de 1%, quando ele agora
é de 2,3%. Em suma, o rectifi cativo
que aí vem não é apenas uma
pequena rectifi cação, mas uma
alteração com impacto nos
grandes agregados orçamentais.
De qualquer modo, o
OE2013 é a base que temos e é
importante compreendê-lo para
se perceber coisas tão diferentes
como estas: que margem de
manobra tem (ou não tem) o
Governo após as decisões do
TC? Em que falamos quando
referimos “reforma do Estado”?
A fi gura apresenta a estrutura
da despesa (consolidada) da
administração central e Segurança
Social (AC+SS) orçamentada no
OE, isto, é onde se retiraram
apenas as transferências para
a administração regional e
local. A despesa com pensões
e as despesas com pessoal
representam 50% desta despesa.
Aqui a margem de manobra do
Governo reduziu-se drasticamente
com o acórdão. Ao não poder
mexer em salários, o Governo
mexerá porventura no emprego
público, o que é muito pior.
Adicione-se agora as despesas
na aquisição de serviços na
área da saúde (medicamentos,
meios auxiliares de diagnóstico,
aquisição de serviços a hospitais
empresarializados, etc.), as outras
prestações sociais (desemprego,
RSI, CSI) e as transferências para
as instituições particulares de
solidariedade social (da SS), que
são quem assegura a esmagadora
maioria de lares de idosos deste
país, e chegamos a 66,4% da
despesa. Por fi m, adicionem-
se os juros da dívida e estamos
em mais de três quartos da
despesa (77,6%). Desta, em 27,6
pontos percentuais poderá haver
poupanças, mas são difíceis e
terão elevados custos sociais, em
particular nas áreas da saúde e da
Segurança Social.
Há outra leitura dos dados
que espero que contribua
para acabar com um primeiro
mito em torno da “reforma do
Estado”, do “peso do Estado” e
das suas “gorduras”. Da despesa
consolidada da AC+SS, só cerca
de um terço (38%) corresponde
a despesas com actividades do
Estado. É a soma de pessoal,
aquisição de serviços (incluindo
transferências para hospitais
EPE) e do investimento. Cerca de
dois terços (62%) não tem nada
a ver com “gorduras”, “peso” ou
“máquina do Estado”. São verbas
AnálisePaulo Trigo Pereira
que constituem despesa, mas
“saem” sob a forma de pensões,
outras prestações sociais, juros,
subsídios, transferências para
IPSS, etc. Isto nada tem a ver com
o peso da “máquina” do Estado.
Outro mito é o de que se pode
cortar facilmente na aquisição de
bens e serviços. Pode-se cortar
algo, mas os dados mostram que
mais de metade desta é na Saúde,
e portanto é difícil cortar naquela
sem haver cortes nesta.
É preciso encontrar novos
caminhos, mas não será nada
fácil...
P.S. – No 25 de Abril de 1974,
estávamos cheios de alegria e de
esperança. Hoje, apesar de todos
os progressos económicos e nos
direitos individuais e sociais,
estamos muito apreensivos e
vivemos sob protectorado. Deixo
aqui fragmento de um poema de
Jorge Luis Borges (Aprendiendo)
“Con el tiempo aprendes a
construir todos tus caminos en
el hoy, porque el sendero del
mañana no existe.”
O Orçamento que já não o é e os mitos da despesa pública
Orçamento 2013
Fonte: OE2013 e cálculos Paulo Trigo Pereira
Despesa consolidada da administração central e Segurança Social,OE2013
Transferência de capital e outras
Investimento
Outras transf. correntes
Transf. corrente IPSS (S.S.)
Outras prestações sociais
Pensões (CGA+SS+bancários)
Juros e outros encargos
Subsídios
Aquisição outros serviços
Aquisição de serviços saúde
Despesas com o pessoal 17,7%
9,7%
7,4%
2,5%
11,5%
32,3%
4,7%
2,0%
8,0%
3%
1,2%
O Constitucional e a execução orçamental
As metas para o défice trimestral estabelecidas pela troika são iguais em 2012 e 2013. A boa notícia
é que este ano, assim como no ano passado, cumpriu-se as metas estabelecidas para o primeiro trimestre (défice de 1990 milhões). Convém, porém, realçar que este trimestre o défice é mais do triplo do que em Março de 2012 (ver figura). Uma razão é desde logo a administração central onde as empresas públicas (reclassificadas) agravaram o défice, sobretudo porque receberam menos transferências de capital do Estado. Já que o subsector Estado transferiu menos, esperar-se-ia, tudo o resto constante, que melhorasse o seu saldo. Tal não aconteceu, pois está a haver um ligeiro crescimento das despesas com pessoal (devolução em duodécimos de um subsídio aos funcionários), mas sobretudo transferências acrescidas para a Segurança Social (SS) que recebeu mais 459 milhões do que no primeiro trimestre de 2012. Mesmo com essa receita adicional a SS diminuiu o seu excedente e isso deve-se ao aumento das pensões (338 milhões) e dos subsídios de desemprego (92). De registar uma pequena redução no complemento solidário para idosos, uma prestação atribuída a idosos pobres em função
da avaliação de recursos (ao contrário da pensão mínima). O rendimento social de inserção diminuiu mais significativamente, registando-se decréscimo no subsídio de doença.
Na parte da receita do Estado, embora seja cedo para tirar conclusões definitivas, todos os impostos (à excepção do imposto sobre o tabaco) têm crescido menos, ou regredido mais do que o previsto no OE2013. Por exemplo, espera-se que no final do ano o IRS cresça 31,9% e até agora cresceu 22,6% em relação a Março de 2012. A colecta de IVA, orçamentada em mais 4% do que no ano anterior, de momento regrediu 0,6%.
A administração local também tem um agravamento significativo do défice orçamental, quer pela diminuição das receitas de impostos directos, indirectos e taxas, quer pelo ligeiro aumento da despesas com pessoal pelas razões acima aduzidas.
A decisão do Tribunal Constitucional vai agravar as despesas com pessoal e as já de si altas e crescentes despesas com pensões e aumentar a desigualdade entre insiders e outsiders: desemprego para precários e mobilidade especial na função pública, cortes em outras prestações sociais, mesmo havendo medidas correctas como a nova taxa sobre as PPP.
MIGUEL MANSO
Fonte: MFAP Boletins de execução orçamental e cálculos Paulo Trigo Pereira
Março 2013Março 2012
Segurança Social
Administração local
Administração regional
Entidades públicas reclassificadas
Serviços e fundos autónomos excluindo EPR
Estado
Administração central
Saldo das administrações públicas (C.P.)
Limites do PAEF -1900
-1441
-1469
-1852
-390
-110
773
135
4
-1900
438,0
-760,9
-1637
-68,1
24,1
19,3
278,2
944,2
Execução orçamental do 1.º trimestreExecução dos vários subsectores das administrações públicas
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | ECONOMIA | 23
PAULO RICCA
Comissão de Trabalhadores acusa ministro da Defesa de desconhecer o que “anda a pôr à venda”
O presidente da Câmara de Viana
do Castelo, José Maria Costa, anun-
ciou, ontem, numa conferência de
imprensa conjunta com a comissão
de trabalhadores (CT) dos Estaleiros
Navais (ENVC), que o município já fez
o “trabalho de casa” e enviou para o
Governo as bases de um plano de re-
estruturação da empresa, face à “in-
capacidade” do ministro da Defesa
“de defender o sector, por não ter ne-
nhum projecto nem estratégia, a não
ser vender a patacos”. Já o porta-voz
dos trabalhadores, António Costa,
exigiu o “afastamento imediato” de
Aguiar-Branco do processo dos ENVC.
A posição conjunta surgiu na se-
quência das declarações do ministro
da Defesa, Aguiar-Branco, que, na
terça-feira, à agência Lusa garantiu
que o Governo não avançará para
uma “discussão contenciosa” com
a Comissão Europeia sobre os Esta-
leiros. “Esta discussão contenciosa
é uma situação que, pela natureza
do processo, nunca teria qualquer
conclusão antes, na melhor das hi-
Câmara de Viana propõe plano para reestruturar os Estaleiros Navais
póteses, de seis meses, e, num pra-
zo normal, seria sempre superior a
seis meses. Por isso haveria sempre
o risco de, no fi nal, a decisão, como
é o mais provável, não ser favorável
ao Estado português”, disse Aguiar
Branco.
Uma atitude “surpreendente” afi r-
mou o autarca socialista: “O senhor
ministro não vai defender uma coi-
sa que é sua, um património que é
de todos, 181 milhões de euros que
todos nós pusemos, com dinheiro
dos nossos impostos. Julgava que um
membro do Governo estava para de-
fender os interesses nacionais e não
outros interesses.”
O município preparou uma pro-
posta de um plano de apoio à rees-
truturação do sector industrial na-
val “que, ontem mesmo, fez seguir
para o Governo, para o Presidente
da República e para os partidos com
representação parlamentar”. Plano
que, diz o autarca, poderá ser iden-
tifi cado como um “projecto-piloto”,
integrando as “estratégias” do Go-
verno para omar e para a economia
para ser candidatado aos fundos do
Quadro de Referência Estratégico
Nacional (QREN).
O autarca apelou ainda a um enten-
dimento dentro do próprio Governo:
“É surrealista. Por um lado, temos
um ministro que não defende uma
empresa e, por outro, temos um mi-
nistro que diz que quer reindustria-
lizar o país. Acho que se devem en-
tender e ter uma estratégia comum.”
O porta-voz da CT, António Cos-
ta, pediu o “afastamento imediato”
de Aguiar Branco “depois de ter
demonstrado uma inqualificável
desonestidade para com os traba-
lhadores” e por ter “posto de lado
o interesse público em detrimento
de interesses dos investidores”. “É
como quando estamos a vender
a nossa casa. Temos que vender e
saber aquilo que estamos a vender.
E o senhor ministro anda a pôr esta
casa à venda e não sabe o que está
a vender.”
Costa garantiu ter fi cado “estupe-
facto” com as declarações de Aguiar-
Branco face à abertura manifestada
por Bruxelas. Na terça-feira à agência
Lusa a Comissão Europeia admitiu
que se Portugal apresentar um pla-
no de reestruturação que satisfaça as
regras comunitárias da concorrên-
cia, os estaleiros poderão não ter de
devolver, pelo menos, parte dos 181
milhões de euros em apoios públicos
concedidos desde 2006.
Indústria navalAndrea Cruz
Comissão de trabalhadores nota contradições entre o ministros da Defesa e o da Economia, que tem projecto de reindustrialização
620Os estaleiros de Viana têm, actualmente, no quadro, 620 trabalhadores que dificilmente encontrarão emprego num quadro de encerramento
O despacho do Ministério das Fi-
nanças que, desde o passado dia 8
de Abril, tinha congelado a realiza-
ção de novas despesas na adminis-
tração pública, deixou, a partir de
ontem, de estar em vigor.
A declaração de caducidade do
despacho foi feita através de um
outro despacho assinado por Vítor
Gaspar, ministro das Finanças, com
data de 23 de Abril, mas que ape-
nas ontem foi publicado no site da
Direcção-Geral do Orçamento.
Nesse documento, Vítor Gas-
par afirma que, com os ajusta-
mentos da despesa para cada
ministério decidido no Conselho
de Ministros da semana passada,
foi “atingido o objectivo para o
qual foi elaborado” o despacho
de congelamento da despesa.
Vítor Gaspar descongela realização de nova despesa no Estado
O ministro das Finanças relem-
bra, contudo, “a necessidade de
cumprimento da lei dos compro-
missos e dos pagamentos em atraso
e respectiva regulamentação por
parte de todas as entidades, não
assumindo, em particular, com-
promissos para os quais não dis-
ponham de fundos disponíveis para
o efeito”.
O despacho de congelamen-
to da despesa foi justifi cado pelo
Governo pela necessidade de ga-
rantir que, depois do acórdão do
Tribunal Constitucional, os limites
do défi ce público continuassem a
ser cumpridos. O executivo sem-
pre afi rmou que a sua vigência seria
curta, até que fi cassem defi nidos
novos limites de despesa para os
ministérios.
A execução orçamental do pri-
meiro trimestre mostra que a des-
pesa primária do Estado cresceu
cerca de 7,1%.
OrçamentoSérgio Aníbal
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24 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2013
PSI 20 INDEX 1,74 6132,360 342759144 6064,850 6179,160 6064,850 3,86 8,44ALTRI 0,52 1,945 178636 1,930 1,948 1,923 7,56 22,48BANIF -0,855 0,116 115335 0,117 0,119 0,115 3,54 -20,55BPI 1,74 1,055 2102169 1,040 1,085 1,032 4,33 11,88BCP -0,96 0,103 290467947 0,104 0,107 0,099 14,29 37,33BES 0,72 0,835 24731773 0,838 0,858 0,808 6,28 -6,70COFINA 0,6 0,499 73203 0,500 0,500 0,492 -3,69 -15,28EDP 0,75 2,569 9125751 2,557 2,619 2,557 3,66 12,18EDP RENOVÁVEIS 1,95 3,860 1269578 3,801 3,890 3,797 0,72 -3,36GALP ENERGIA 0,68 11,890 1761605 11,860 11,940 11,760 0,72 1,11J. MARTINS 6,78 18,100 3090408 17,200 18,280 17,200 5,97 23,97MOTA ENGIL 1,73 1,999 208634 1,980 1,999 1,964 3,91 27,57NOVABASE 0,828 2,800 19190 2,800 2,800 2,742 1,91 21,74PT 0,39 3,875 3803876 3,875 3,921 3,865 -0,52 3,36PORTUCEL -0,56 2,671 206632 2,686 2,713 2,664 1,7 17,15REN 1,61 2,274 116463 2,250 2,279 2,235 3,04 10,66SEMAPA 1,93 7,068 26315 6,980 7,077 6,977 -1,39 24,22SONAECOM 1,3 1,710 448998 1,693 1,718 1,693 1,69 15,46SONAE IND. 0 0,538 188828 0,539 0,548 0,534 2,09 10,02SONAE 5,28 0,738 4566719 0,706 0,738 0,701 2,34 7,42ZON MULTIMEDIA 0,52 3,311 257084 3,283 3,350 3,283 1,64 11,48
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juro Euribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 290.467.947BES 24.731.773EDP 9.125.751SONAE 4.566.719PT 3.803.876
J. Martins SGPS 6,78Sonae 5,28EDP Renováveis 1,95%
BCP -0,96%Banif -0,855%Portucel -0,56%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
5,70
5,95
6,20
6,45
6,70
1,30150,8527129,392,62321,2322
0,206%0,319%
101,871427,21
2,918%5,765%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
2500
2575
2650
2725
2800
5500
5750
6000
6250
6500
0,300
0,325
0,350
0,375
0,43
1,74%1,47%
0,26%
Breves
Impostos
Função pública
Fisco concluiu avaliação de 4,9 milhões de imóveis
STE quer subsídio pago em Junho e Julho
O processo de avaliação de 4,9 milhões de imóveis urbanos foi concluído pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) em Março, dentro do calendário negociado com a troika, anunciou ontem o Ministério das Finanças. Nos casos em que o contribuinte foi notificado do valor do IMI a pagar antes da conclusão da avaliação patrimonial, o montante é corrigido este ano. Se o imposto pago tiver sido superior ao valor apurado, o reembolso é imediato. Já se a avaliação determinar um aumento do IMI, o acerto é feito em Novembro. No caso em que o imposto a pagar é superior a 500 euros e o valor entretanto apurado na avaliação for mais baixo, “não haverá lugar à prestação referente ao mês de Julho”, esclarece uma circular da AT.
O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) espera que o Governo altere a proposta e pague o subsídio que queria retirar a todos os funcionários e pensionistas ainda em Junho e Julho. “A proposta que foi apresentada é uma proposta que está confusa. Nós acreditamos que é um primeiro borrão que o Governo fez em relação a esta matéria e que virá, agora, discutir com as organizações sindicais a possibilidade de se alterar e melhorar”, afirmou a vice-presidente do STE, Helena Rodrigues. Ainda assim, e da primeira “leitura”, o sindicato manifesta-se “preocupado com a facilidade com que o Governo mexe naquilo que são a remuneração e as pensões, colocando a incerteza nos trabalhadores e nos pensionistas”.
Lucros da Apple caíram 18% no primeiro trimestre deste ano
A emissão de dívida que a Apple vai
realizar para recompensar os accio-
nistas pela quebra nos lucros não
vai benefi ciar da notação máxima
de risco concedida pelas agências,
o famoso triple A (AAA). Tanto a
Moody’s como a Standard & Poor’s
(S&P) já anunciaram que vão con-
ceder à operação apenas a segunda
notação mais elevada.
Os responsáveis da S&P ainda não
publicitaram as razões para esta po-
sição, mas um dos supervisores da
Moody’s afi rmou que a opção por
um degrau abaixo do triple A tem a
ver com a “mudança da preferência
dos consumidores” face aos produ-
tos da marca da maçã trincada.
O aumento da atractividade dos
produtos da concorrência é, preci-
samente, a principal razão na ba-
se da queda de 18% dos lucros da
companhia no primeiro trimestre
deste ano. Algo que não acontecia
há uma década.
Na sequência destes resultados
— pelo menos, um pouco decepcio-
nantes —, o presidente da Apple,
Tim Cook, anunciou, através de
uma videoconferência com inves-
tidores e analistas, que iria reforçar
o programa de remuneração dos ac-
cionistas. O montante destinado a
este plano, que irá estender-se até
2015, ascende a 100 mil milhões de
dólares, que a Apple pretende ir le-
Apple sem triple A na operação de emissão de dívida
vantar ao mercado — não usando,
portanto, os 145 mil milhões de dó-
lares que tem nos cofres.
A agência Reuters afi rma que este
monte de dinheiro (cash pile) é mui-
to superior às reservas de todas as
empresas cotadas em Nova Iorque,
muitas delas com dívida acumulada
em vez de um superavite.
Longe dos tempos áureosA situação actual da Apple está lon-
ge de se assemelhar a tempos áure-
os dos últimos anos, quando exercia
um domínio claro e absoluto sobre
o mercado dos gadgets e impunha
as regras que muito bem entendia
aos seus clientes, forncedores e con-
correntes.
Hoje, o reforço da dinâmica de
algumas das fi rmas que operam no
mesmo mercado, nomeadamente
da sul-coreana Samsung na área
dos telefones móveis e dos tablets,
retirou quota de mercado à empre-
sa criada por Steve Jobs e diminuiu
a sua rentabilidade. No primeiro
trimestre deste ano, os lucros da
empresa de Cupertino, Califórnia,
somaram 9500 milhões de dóla-
res, contra os 11.600 apresentados
no fi nal dos últimos três meses de
2012.
Com este novo enquadramento,
as acções da Apple têm vindo a so-
frer na Bolsa de Nova Iorque. Depois
de um pico ligeiramente superior a
700 dólares atingido em meados de
Setembro do ano passado, as acções
da companhia iniciaram um ciclo de
quebra que culminou, no início da
semana, nos 390 dólares. Anteon-
tem, o anúncio do programa de re-
muneração dos accionistas aliviou,
por algumas horas, o declínio do
título, que depois voltou a entrar
em ritmo de perda.
WANG ZHAO/AFP
TecnológicasJosé Manuel Rocha
A companhia vai levantar 100 mil milhões de dólares no mercado para remunerar accionistas em tempo de queda de lucros
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | MUNDO | 25
Napolitano escolhe Enrico Letta, do PD, para formar o Governo italiano
O primeiro-ministro indigitado é jovem, pelas normas italianas, mas tem mais de 20 anos de experiência política. E três prioridades: o emprego, a credibilidade da política e as reformas institucionais
MAX ROSSI/REUTERS
Enrico Letta conhece bem os bastidores da política e a “piscina de tubarões” não lhe mete medo
O Presidente Giorgio Napolitano en-
carregou ontem Enrico Letta, “nú-
mero dois” do Partido Democrático
(PD), de formar o próximo Governo
italiano. “A única perspectiva possí-
vel é uma ampla coligação”, escla-
receu o Presidente. Leia-se: deverá
incluir o Povo da Liberdade (PdL),
de Silvio Berlusconi. Letta prome-
teu “um Governo de serviço” e disse
que “não nascerá a qualquer preço,
nascerá se forem reunidas as con-
dições.”
Apontou três prioridades: com-
bater o desemprego, sobretudo o
dos jovens, restaurar a credibilidade
da política e fazer as reformas insti-
tucionais. Quer também mudar as
políticas europeias: “Na Europa, as
políticas de austeridade deixaram
de ser sufi cientes.” Concluiu: “Os
italianos já não suportam os jogos
e joguinhos da política, querem
respostas. Apresento-me perante
eles com grande humildade, com o
sentido dos meus limites e com uma
responsabilidade que me honra.”
A escolha de Letta é natural, na
medida em ele passou a dirigir in-
terinamente o partido mais votado
nas eleições de Fevereiro. Era um
dos três nomes citados nos meios
políticos após a reeleição de Napo-
litano — ao lado do antigo primeiro-
ministro Giuliano Amato e do presi-
dente de Florença, Matteo Renzi. Os
matutinos de ontem apostavam em
Amato. Nos bastidores, diz-se que
Amato desagradava ao PD e Renzi a
Berlusconi. A decisão do Presidente
marca uma mudança geracional na
política italiana.
Jovem e veteranoCom 46 anos, doutorado em Direito
Comunitário, Enrico Letta é um dos
mais jovens chefes de Governo da
República. Tem, no entanto, uma já
longa carreira. Está na política des-
de 1990, ano em que conheceu o seu
mentor, Nino Andreatta, ministro
democrata-cristão que o levou para
o seu gabinete no Ministério dos Ne-
gócios Estrangeiros. Trabalhou de-
pois com o antigo Presidente Ciampi
na Comissão para o Euro.
Vice-presidente do Partido Po-
pular, que sucedeu à democracia
cristã, integrou o primeiro Gover-
Letta é descrito como um político
discreto e pragmático, “pós-ideoló-
gico”, que sabe negociar e unir. É
um homem de redes e think tanks,
com boas relações com os rivais no
PD ou com Berlusconi, com o Vati-
cano e com o mundo empresarial,
com as instâncias europeias e com
os Estados Unidos.
Na “piscina dos tubarões”O primeiro-ministro indigitado co-
nhece os bastidores da política, sa-
be discutir na televisão e “a piscina
dos tubarões” de Roma não lhe mete
medo, sintetiza o Handelsblatt, o di-
ário económico alemão.
Os obstáculos são imensos. Letta
apoiou fi elmente a linha de Bersani
que recusava liminarmente a pos-
sibilidade de um acordo governa-
mental que incluísse Berlusconi.
Cabe-lhe agora convencer o PD da
inevitabilidade desse acordo. Rober-
to Speranza, líder parlamentar do
PD, já avisou os deputados: “O voto
de confi ança não é um voto de cons-
ciência, mas um voto que determina
a pertença ao partido.”
A relação com Berlusconi será
ainda mais crítica. Após a dramática
semana que culminou na eleição de
Napolitano e no seu duro discurso
de crítica aos políticos, os partidos
têm interesse em parecer virtuosos.
O verniz poderá estalar nos debates
sobre as reformas institucionais. O
PD aceita “o roteiro” desenhado pe-
los “sábios”, nomeados pelo Presi-
dente. Mas o PdL tem um “roteiro”
diferente e Berlusconi insiste numa
reivindicação que o PD recusa: a
imediata abolição do IMI imposto
pelo Governo Monti.
Mas, por trás do primeiro-minis-
tro, estará sempre a fi gura tutelar
de Napolitano. “O Quirinal estará
vigilante”, diz um analista.
Itália Jorge Almeida Fernandes
no de centro-esquerda de Massimo
D’Alema, em 1998, como ministro
das Políticas Comunitárias. Será
depois ministro da Indústria e do
Comércio. Em 2006, é escolhido por
Romano Prodi para o vital lugar de
subsecretário de Estado da Presidên-
cia do Conselho, sucedendo a seu
tio, Gianni Letta, o “braço direito”
de Berlusconi. Devolverá o lugar ao
tio dois anos depois, na sequência
da derrota do centro-esquerda e do
regresso do Cavaliere. Foi a seguir
deputado europeu pela coligação
Oliveira (centro-esquerda).
Em 2007, é um dos fundado-
res do Partido Democrático, que
reúne três famílias políticas: pós-
comunistas, democratas cristãos
e centristas liberais, sendo eleito
para o secretariado. Em 2009, foi
eleito vice-secretário nacional, o
“número dois” do partido, a seguir
a Pierluigi Bersani.
“Os italianos já não suportam os jogos e joguinhos da política e querem respostas. Apresento-me perante eles com grande humildade e com o sentido dos meus limites”Enrico Lettaprimeiro-ministro indigitado
26 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
O dono do edifício disse que a fissura não era problema
Bombeiros e militares trabalharam
sem parar durante todo o dia de
ontem para resgatar sobreviventes
e retirar corpos dos destroços pro-
vocados pela derrocada de um edi-
fício no Bangladesh, nos arredores
da capital, Daca. Mais de duas mil
pessoas trabalhavam em fábricas de
vestuário e num centro comercial do
Rana Plaza, que ruiu por volta das
9h locais (4h em Lisboa).
Ao fi m do dia, as equipas de resga-
te e salvamento tinham encontrado
112 corpos, mas o caos provocado
pela derrocada deixava perceber
que o número fi nal poderá ser bas-
tante superior. “Parecia um terra-
moto”, disse à agência Reuters um
habitante de Savar, a 30 quilómetros
de Daca. Zohra Begun, uma das mui-
tas operárias das fábricas de vestuá-
rio que funcionavam no Rana Plaza,
contou à mesma agência que no mo-
mento da derrocada estava no 3.º
andar do edifício de oito pisos: “De
repente ouvi um som ensurdecedor,
mas não consegui perceber o que
se passava. Comecei a correr e fui
atingida por algo na cabeça.” Um
dos médicos do hospital de Enam,
para onde foram transportadas mui-
tas das vítimas, disse à AFP que há
feridos em estado grave.
A proliferação de fábricas de ves-
tuário no Bangladesh, devido aos
contratos com conhecidas marcas
Derrocada no Bangladesh fez mais de 100 mortos
ocidentais e à mão-de-obra barata,
tem deixado atrás de si um rasto trá-
gico. No mês passado, 117 pessoas
morreram num incêndio numa fá-
brica. Nos últimos oito anos, o ba-
lanço dos maiores incidentes ascen-
de a 225 mortos, sem contar com as
vítimas mortais de ontem: em 2005,
75 pessoas morreram no desmoro-
namento de uma fábrica, também
nos arredores da capital; em 2010,
um edifício de quatro andares ruiu,
matando 25 pessoas; e em Novem-
bro do ano passado, 13 pessoas mor-
reram na queda de uma ponte em
construção, em Chittatong.
A derrocada do Rana Plaza acon-
teceu menos de uma semana após
as autoridades terem avisado os
responsáveis de que tinha sido de-
tectada uma fi ssura no edifício. O
chefe da polícia local, Mohammad
Asaduzzaman, disse à Reuters que
os donos das empresas ignoraram
o aviso, mas alguns proprietários
dizem que não receberam ordens
para suspender os trabalhos. “Havia
uma fi ssura qualquer no 2.º andar,
mas a minha fábrica fi cava no 5.º an-
dar”, disse Mohammad Anisur Rah-
man, citado pela mesma agência.
“O dono do edifício disse ao nosso
gerente que não era um problema
e que podíamos manter a fábrica
a funcionar”, disse o empresário,
cuja empresa foi subcontratada pa-
ra fabricar vestuário para a norte-
americana Walmart.
O Bangladesh é o segundo maior
exportador de vestuário do mundo.
A mão-de-obra barata (os salários
mais baixos rondam os 27 euros por
mês) e os contratos com empresas
multinacionais têm levado à cons-
trução de muitos edifícios sem auto-
rização, segundo os corresponden-
tes da agência Reuters no país.
ANDREW BIRAJ/REUTERS
ÁsiaAlexandre Martins
No edifício Rana Plaza trabalhavam mais de duas mil pessoas, muitas delas em fábricas de vestuário com mão-de-obra barata
Breves
Grécia
China
Afeganistão
Atenas vai mesmo pedir reparações de guerra a Berlim
Confrontos entre polícia e civis mata 21 pessoas em Xinjiang
Sismo e cheias matam 33 pessoas na região leste
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Dimitris Avramopoulos, anunciou ontem no Parlamento que o país vai mesmo avançar com um pedido de indemnizações à Alemanha por danos na II Guerra Mundial. O ministro não avançou em que instância será feito o pedido nem de quanto será. Segundo um relatório do Ministério das Finanças, a Grécia poderia pedir 162 mil milhões de euros.
Confrontos entre a polícia e civis provocaram a morte de pelo menos 21 pessoas, entre as quais polícias, na região de Xinjiang, nordeste da China. As autoridades atribuíram a responsabilidade da violência a um grupo que estaria a preparar “actos terroristas”; o lado civil disse que a polícia provocou o confronto. Em Xinjiang são constantes os incidentes entre os han, etnia maioritária na China, e os uigures, muçulmanos.
Um sismo de magnitude 5,7 e as chuvas intensas que caíram ao mesmo tempo mataram ontem 33 pessoas no Afeganistão; há centenas de feridos e muitas casas destruídas. O epicentro foi a 25km de Jalalabad, perto da fronteira com o Paquistão. Foi sentido nas cidades paquistanesas de Peshawar e Islamabad e na Índia. Foi o mais recente dos sismos na Ásia na última semana.
Zubeidat Tsarnaeva diz que os filhos estão inocentes
Agentes do FBI estão na república rus-
sa do Daguestão a interrogar os pais
de Tamerlan e Djokhar Tsarnaev, nu-
ma tentativa para reconstituir o per-
curso dos irmãos e perceber o que os
levou a atacar a maratona de Boston,
nos Estados Unidos. Na mira das au-
toridades estão os seis meses que Ta-
merlan passou no Cáucaso, em 2012,
ainda que os pais assegurem que não
contactou com os grupos jihadistas
que ganham força na região.
As diligências foram conhecidas
depois de a imprensa ter noticiado
que Djokhar — hospitalizado com fe-
rimentos graves sofridos durante a
perseguição policial, na sexta-feira —
disse aos procuradores federais que
ele e o irmão agiram em retaliação
pelas guerras no Iraque e Afeganis-
tão. Os investigadores acreditam,
ainda assim, que os dois agiram por
iniciativa própria, sem ligação a gru-
pos no estrangeiro.
No entanto, todas as hipóteses
continuam em aberto e agentes do
FBI viajaram até ao Daguestão, com
o aval do Presidente russo. Sexta-
feira, quando se soube que os dois
irmãos eram de origem tchetchena,
Vladimir Putin falou com o homólo-
go norte-americano, Barack Obama,
numa conversa que terminou com a
promessa mútua de reforço da coo-
peração antiterrorismo.
“Investigadores do FBI interroga-
ram toda a noite [de terça-feira] os
pais dos irmãos Tsarnaev na sede do
FSB [Serviço de Segurança Federal,
ex-KGB] no Daguestão”, contou à
AFP um responsável da polícia local,
acrescentando que o casal regressou
a casa na madrugada de ontem, mas
Pais dos suspeitos do atentado de Boston interrogados pelo FBI no Daguestão
de manhã a mãe, Zubeidat Tsarna-
eva, “foi conduzida de novo ao FSB
para continuar a ser interrogada”.
O responsável disse à agência fran-
cesa que os investigadores questio-
naram o casal “sobre as pessoas que
Tamerlan contactou durante a sua
estadia no Dagestão” e que ambos
repetiram o que têm dito em públi-
co, assegurando que o fi lho mais ve-
lho “nunca entrou em contacto com
representantes do islão radical”. A
mesma convicção foi manifestada pe-
lo ministro do Interior daquela repú-
blica. “Tentar provar que Tamerlan
foi contaminado pelas ideias do islão
radical é uma manobra destinada a
omitir as faltas dos outros”, disse Ab-
durachid Magomedov, à AFP.
Numa entrevista à televisão ame-
ricana ABC, antes de ser ouvida pelo
FBI, Tsarnaeva reafi rmou a convic-
ção na inocência dos fi lhos e disse ter
sido ela quem incentivou Tamerlan a
tornar-se mais religioso, por desapro-
var o seu anterior estilo de vida.
Em 2011, o FBI investigou o mais
velho dos irmãos Tsarnaev a pedido
da Rússia, que dizia ter indicações de
que ele aderira a uma visão radical
do islão e se estaria a preparar pa-
ra viajar até à região para entrar em
contacto com grupos radicais.
Na altura, a polícia federal ame-
ricana não encontrou razões que
confi rmassem as suspeitas, mas o
seu nome foi, ainda assim, incluído
numa base de dados do Centro Na-
cional de Contraterrorismo, noticiou
ontem a Reuters. A lista, classifi cada
como secreta e conhecida pela siga
TIDE (Terrorist Identities Datamart
Environment), inclui cerca de 450
mil nomes de “conhecidos, suspeitos
ou potenciais terroristas”, mas nem
todos são alvo de vigilância.
Segundo a mesma fonte, Tamerlan
não era, porém, considerado uma
ameaça activa, pelo que não foi in-
cluído nas listas de pessoas proibidas
de viajar de avião nos EUA ou nas
que estão sujeitas a controlos mais
rigorosos nos aeroportos.
TerrorismoAna Fonseca Pereira
Nome de Tamerlan Tsarnaev foi incluído em 2011 numa base de dados de pessoas sob suspeita
REUTERS TV
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | MUNDO | 27
Inauguração do museu de George W. Bush relança debate sobre legado
O Presidente americano, que nunca se mostrou preocupado com o julgamento da História, corta hoje a fi ta do seu centro, projectado para “promover uma melhor compreensão” da sua presidência
G.J. MCCARTHY/DALLAS MORNING NEWS/MCT
A entrada do complexo dedicado à presidência de George W. Bush na universidade texana e uma das salas, onde se destacam estátuas dos cães Barney e Beazley
Os cinco anos que passaram desde
que George W. Bush deixou a Casa
Branca e saiu de cena não permiti-
ram, ainda, uma avaliação desapai-
xonada sobre a sua presidência, e a
inauguração do Museu e Biblioteca
Presidencial George W. Bush, hoje,
em Dallas, revela até que ponto as
opiniões continuam a infl amar-se e
a dividir-se no debate sobre o seu
legado histórico e a sua herança
política.
Essa é uma discussão que o pró-
prio sempre disse não lhe provocar
qualquer entusiasmo. “Quando che-
ga o julgamento da História, já esta-
mos todos mortos”, disse uma vez.
O facto de se ter reformado imedia-
tamente parece ser a prova do seu
desinteresse com a “posteridade”:
ao contrário de outros presidentes,
Bush retirou-se completamente da
arena política e encontrou novos in-
teresses na vida, particularmente a
pintura, à qual se dedica com “pai-
xão” e “impressionante disciplina”,
segundo os seus amigos.
Mas, nas vésperas da abertura do
Centro Presidencial George W. Bush
— que está integrado na Southern
Methodist University, uma das mais
conceituadas universidades norte-
americanas e alma mater da sua
mulher, Laura Bush —, vários histo-
riadores, comentadores e analistas
políticos têm andado a discutir a
possível “reabilitação” da imagem
do ex-Presidente republicano, que
se distinguiu pelo seu “conservado-
rismo compadecido” e cujos man-
datos foram defi nidos pelos aten-
tados terroristas de 11 de Setembro
de 2001, as guerras do Afeganistão
e do Iraque e a recessão mundial
provocada pela falência do Lehman
Brothers.
“Na melhor das hipóteses, Ge-
orge W. Bush foi um homem bem-
intencionado, que ocasionalmente
produziu bons discursos e acabou
por ser completamente ultrapassa-
do pelos acontecimentos. Na pior
das hipóteses, foi o responsável pela
política externa mais desastrosa da
América na era pós-Segunda Guerra
Mundial”, escreveu Daniel Drezner,
professor de Política Internacional
na Fletcher School of Law and Di-
plomacy da Tufts University, num
xas de aprovação e que actualmente
integram a lista dos mais queridos
e respeitados para os norte-ameri-
canos.
O biógrafo de Ronald Reagan,
Craig Shirley, tem dúvidas que o
caso de George W. Bush possa ser
enquadrado da mesma forma. “To-
dos os presidentes modernos aspi-
ram a cruzar essa linha imaginária
que os transforma de fi guras polí-
ticas em fi guras históricas. Roose-
velt e Reagan cruzaram essa linha
imediatamente; outros demoraram
mais tempo. Clinton provavelmente
jamais o fará por ter sido tão aberta-
mente partidário. Penso que George
W. Bush tem hipóteses, mas muito
reduzidas. A sua presidência tam-
bém foi agressivamente partidária”,
comparou, em declarações para o
site The Daily Beast.
Já Larry Sabato, director do Cen-
ter for Politics da Universidade da
Virginia, considera que uma alte-
ração tão radical das opiniões dos
académicos e da sociedade ameri-
cana relativamente à presidência de
George W. Bush é virtualmente “im-
possível”. “Nem pensar: a História
não vai perdoar-lhe nunca a guerra
do Iraque, o Katrina e o colapso eco-
nómico. Com alguma sorte, um dia
poderá ser considerado um Presi-
Estados Unidos Rita Siza
artigo sobre o “revisionismo” his-
tórico da presidência de Bush para
a revista Foreign Policy.
Vários especialistas em História
presidencial argumentaram que o
estudo dos mandatos de George W.
Bush (2001-2009) poderá ainda levar
a uma regeneração da sua imagem e
a uma reconsideração das suas po-
líticas: o seu argumento assenta na
reavaliação dos presidentes Harry
Truman e Dwight Eisenhower, que
se despediram da Casa Branca com
números terríveis nas respectivas ta-
dente mediano”, antecipou.
Essa parece ser a presente “incli-
nação” da opinião pública, de acor-
do com os dados das sondagens:
os números recolhidos para o Wa-
shington Post/ABC News mostram
que 47% dos americanos aprovam
o desempenho de George W. Bush
na Casa Branca, contra 50% que de-
saprovam.
Como sempre acontece neste tipo
de cerimónias, as disputas políticas
e rivalidades pessoais serão momen-
taneamente esquecidas, quando os
últimos ocupantes da Casa Branca
— Jimmy Carter, George H. Bush, Bill
Clinton e Barack Obama — se encon-
trarem para louvar um dos seus: é
um momento de reverência públi-
ca pela instituição da presidência
e não necessariamente do homem
que ocupou o cargo.
Nos últimos dias, os amigos pes-
soais e aliados políticos do ex-Pre-
sidente têm repetido em sucessivas
entrevistas como a inauguração tem
provocado sentimentos ambivalen-
tes em George W. Bush, que “relu-
tantemente” regressa à ribalta para
cortar a fi ta do museu e biblioteca
com o seu nome. Mas se o evento
inaugural nada contém de político, o
mesmo não pode dizer-se do Centro
Presidencial George W. Bush. Dividi-
do em três valências distintas, o pro-
jecto nasceu para “promover uma
melhor compreensão da sua presi-
dência, da História contemporânea
da América e importantes matérias
de política pública”.
Na parte museológica, o destaque
vai para uma “peça” proveniente do
chamado Ground Zero: um pedaço
da estrutura de aço que sustentou
uma das Torres Gémeas de Nova Ior-
que, torcido com o impacto de um
dos aviões desviados pelos terroris-
tas. O seu papel é preponderante no
percurso da exposição, bem como
outros artefactos que evocam os ata-
ques de 11 de Setembro.
A biblioteca e o centro de docu-
mentação, que fazem ofi cialmente
parte da rede dos arquivos nacio-
nais, contêm mais de 70 milhões de
páginas de documentos impressos,
bem como registos electrónicos e
material audiovisual. Finalmente, o
centro integra ainda um think tank,
informalmente designado como
“Instituto da Liberdade”, cuja mis-
são é promover a “visão conserva-
dora” de Bush.
TOM FOX/DALLAS MORNING NEWS/MCT
28 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
A dupla hélice do ADN podia ter dado um Nobel da Química
O 25 de Abril não é só o dia da Revolução dos Cravos. Foi também nesta data que, há 60 anos, uma das descobertas científi cas mais essenciais do século XX foi anunciada
DR
James Watson (à esquerda) e Francis Crick, em Maio de 1953, a olhar para o seu modelo da molécula de ADN
A publicação pela revista Nature da
estrutura em dupla hélice do ADN, a
molécula que contém o património
hereditário dos seres vivos e permite
a replicação da vida, faz neste dia 60
anos. Em jeito de comemoração, a
Nature revela, na sua edição de hoje,
25 de Abril de 2013 (que este ano é a
uma quinta-feira, o seu dia habitual
de publicação), elementos inéditos
sobre o processo que culminaria, em
1962, com a atribuição a James Wat-
son, Francis Crick e Maurice Wilkins
do Prémio Nobel da Medicina.
1953: na página 737 da sua edição
de 25 de Abril, a Nature traz um curto
artigo: Estrutura Molecular dos Áci-
dos Nucleicos – Uma Estrutura para o
Ácido Deoxirribonucleico. Assinado
por Watson e Crick, da Universidade
de Cambridge, Reino Unido, arranca
assim: “Vimos sugerir uma estrutura
para o sal do ácido deoxirribonuclei-
co (A.D.N.). Esta estrutura tem pro-
priedades inéditas de considerável
interesse biológico.”
Com peças metálicas de tipo “me-
cano”, Watson e Crick construíram,
no seu laboratório, um modelo 3D a
partir de radiografi as do ADN obtidas
por uma jovem cristalógrafa, Rosa-
lind Franklin, que trabalhava com
Maurice Wilkins, do King’s College
de Londres, procurando também
elucidar a estrutura do ADN.
O que é que se sabia naquela altura
sobre a hereditariedade? Que os ca-
racteres hereditários eram transmi-
tidos por entidades chamadas genes;
que os genes estavam nos cromos-
somas, estruturas que se dividiam
em duas cópias idênticas durante a
divisão celular, conferindo a cada
uma das células-fi lhas um conjunto
de cromossomas idênticos aos da
célula-mãe; e que os cromossomas
continham ADN. Assim, ao desven-
darem a estrutura em dupla hélice do
ADN, Watson e Crick permitiam um
avanço absolutamente fundamental,
que, aliás, também delineavam no
seu artigo de 1953: “Não deixámos de
reparar que a organização específi ca
das bases [os “tijolos de construção”
do ADN] por pares, que nós propo-
mos aqui, sugere imediatamente um
mecanismo possível para a replica-
ção do material genético.”
O trabalho de Watson e Crick co-
meçou a ser nomeado para o Nobel
da Medicina a partir de 1960. Em De-
zembro de 1961, Crick enviou a Jac-
ques Monod, a pedido deste — que
trabalhava no Instituto Pasteur em
Paris com François Jacob (que mor-
reu há poucos dias) —, nove páginas
descrevendo o trabalho sobre o ADN,
explicam hoje na Nature Alexander
Gann e Jan Witkowski, do Laborató-
rio de Cold Spring Harbor (EUA). Mas
enquanto outros eminentes cientis-
tas, também solicitados, nomeavam
Watson, Crick e Wilkins na categoria
de medicina, Monod preparava-se
para os nomear, ao contrário do que
se pensava até aqui, na da química.
A prova disso é a carta de nomeação
GenéticaAna Gerschenfeld
que Monod escreveu a seguir, recen-
temente descoberta nos arquivos do
Instituto Pasteur. Todavia, os respon-
sáveis pela atribuição dos Nobel con-
sideraram a descoberta tão impor-
tante para a biologia que a escolha
que se conhece acabou por vingar.
O relatório que Crick enviou a Mo-
nod em 1961 restabelece ainda uma
justiça histórica. Acontece que, no
artigo de 1953 na Nature, Watson e
Crick apenas mencionavam Rosa-
lind Franklin em passant, declaran-
do terem sido “estimulados (...) pelos
[seus] resultados experimentais ain-
da não publicados”. A jovem cien-
tista morrera em 1958 — e portanto
nunca poderia ter sido incluída nas
nomeações para o Nobel, mas muitos
criticaram os laureados por terem
menorizado o seu contributo. Ora,
na sua carta a Monod, explicam ain-
da Gann e Witkowski, Crick já reco-
nhecia claramente “a importância
das imagens de Franklin para a de-
terminação de certas características
da estrutura do ADN”.
Assim que são lançados ao mar, mer-
gulham até mil metros e andam aí
nove dias ao sabor das correntes.
Vão depois até aos dois mil metros,
para subirem logo, enquanto medem
a temperatura e salinidade. Uma vez
na superfície, enviam os dados por
satélite. Cerca de três mil fl utuado-
res, os Argo, estão a fazer isto numa
rede global de observação dos ocea-
nos — e agora um deles foi lançado a
25 milhas do cabo Espichel pelo Cen-
tro de Oceanografi a da Faculdade de
Ciências de Lisboa, levado pelo navio
Noruega, do Instituto Português do
Mar e da Atmosfera.
No fi nal da década de 1990, nasceu
o Sistema Global de Observação dos
Oceanos (GOOS), rede mundial que
recolhe dados oceanográfi cos para
previsões ligadas aos oceanos. Ora,
uma componente do GOOS é o pro-
grama Argo, que pretende cobrir to-
dos os oceanos com estes fl utuadores
e conta hoje com a participação de
mais de 30 países. O projecto Euro-
Argo é a contribuição da Europa pa-
ra o programa internacional e visa
criar uma infra-estrutura europeia
que faça a gestão dos dados e a ma-
nutenção dos fl utuadores (cada um
dura em média quatro anos).
Portugal não é membro efectivo
do Argo, mas a Irlanda é — e o seu
Marine Institute perguntou ao Centro
de Oceanografi a se queria receber de
graça um dos seus fl utuadores (cada
um custa 15 mil euros) para lançar ao
mar, o que ocorreu a 26 de Março.
“Assim podíamos escolher o sítio”,
conta a oceanógrafa Isabel Ambar,
do Centro de Oceanografi a, explican-
do que a entrada de Portugal no Argo
representaria um valor “diminuto”
de alguns milhares de euros por
ano. “Escolhemos uma região que
no momento actual não está muito
povoada com estes fl utuadores.” Por-
tugal tem muito mar profundo, o que
torna a observação particularmente
interessante.
O novo fl utuador, já a enviar da-
dos, está agora a dirigir-se para sul.
Além da temperatura e salinidade, os
dados do Argo permitem conhecer as
correntes marinhas, à superfície e a
mil metros de profundidade. Poderá
assim traçar-se um retrato rigoroso
dos oceanos e, por exemplo, incor-
porar estes dados nos modelos de
simulação da circulação oceânica —
e, como oceanos e atmosfera estão
interligados, fazerem-se melhores
previsões meteorológicas.
Flutuador Argo lançado ao largo do cabo Espichel
OceanosTeresa Firmino
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30 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
ENRIC VIVES-RUBIO
O fi lme em viagem de André Príncipe e os cinco elementos
Campo de Flamingos sem Flamingos é um olhar pessoal e aberto sobre o modo como os homens e a natureza coabitam ao longo das fronteiras
Mais reconhecido como fotógrafo
mas igualmente cineasta e
editor, André Príncipe tem em
carteira cinco livros, múltiplas
exposições, a direcção da editora
livreira Pierre von Kleist e alguns
fi lmes (rodados a solo ou em
parceria). Hoje, Príncipe, de
37 anos, estreia no concurso
nacional do IndieLisboa uma
longa-metragem a meio caminho
entre o documentário e o fi lme-
ensaio, Campo de Flamingos sem
Flamingos (hoje, 18h, e sábado
27, 16h45, Culturgest). É um
olhar pessoal e aberto sobre
o modo como os homens e a
natureza coabitam ao longo
das fronteiras (terrestres ou
marítimas, administrativas ou
naturais), rodado ao longo de
uma “volta a Portugal” de três
meses realizada com o director
de fotografia Takashi Sugimoto
e o operador de som Manuel
Sá. Dessa viagem saíra já um
livro de fotografias publicado
no ano passado, O Perfume do
Boi, e foi por essa multiplicidade
de formatos que começou,
mais do que uma entrevista,
uma conversa à volta das ideias
que norteiam o novo fi lme do
fotógrafo.
O Perfume do Boi inclui fotos
tiradas durante as rodagens
de Campo de Flamingos sem Flamingos. O que surgiu
primeiro, o livro ou o fi lme?
O fi lme. Tenho uma prática
diarística com a fotografi a;
quanto ao cinema não
tanto, por uma questão de
tecnologia, [senão] teria
também naturalmente uma
prática diarística. Mas o cinema
é incomparavelmente mais
exigente, e as fotografi as estão
subordinadas ao pensamento
e ao trabalho do fi lme. Procuro
em cada [disciplina] coisas
diferentes, explorar o que é
específi co àquele medium.
Entendo um livro de fotografi a
como uma sequência de imagens,
algo de muito primitivo, como
uma caverna, com uma imagem
atrás de outra. O cinema é muito
mais sofi sticado; tal como a
coisa escultórica: uma pedra
que eu trouxe para o estúdio e
que tem uma forma que já está
ali contida. É muito arriscado
e muito angustiante, porque
durante a rodagem penso que
não tenho nada, mas ao mesmo
tempo há uma confi ança que
vem do próprio cinema, do real
e do tempo: se eu me permitir
viver essa angústia sem fazer
nenhuma batota nem contrariá-
la, no fi m o fi lme vai existir. E
cabe ao espectador responder se
conseguimos ou não.
O fi lme tem uma sensação de
ancestralidade, de inscrição
numa continuidade...
Isso é muito importante para
mim. Tem a ver com o tempo e
com a disponibilidade. Para os
japoneses, para lá dos quatro
elementos [fogo, ar, água e terra],
há um quinto elemento que é
o vazio, de uma forma muito
simplista, uma dimensão sem
tempo onde tudo existe, a ruína e
o que não é ruína, o que há-de vir
e o que há-de passar, uma espécie
de vento que passa. O título do
fi lme tem a ver com isso, com
esse vazio. Os sufi s dizem que
em cada objecto há sempre pelo
menos sete níveis de leitura, e eu
acredito numa coisa desse estilo.
Do meu ponto de vista, faço 50%
do trabalho e quero estar em
sintonia com a minha audiência,
para que as pessoas venham
completar o fi lme.
ENRIC VIVES-RUBIO
André Príncipe Fotógrafo e cineasta apresenta hoje a concurso no IndieLisboa a longa Campo de Flamingos sem Flamingos, fi lmada ao longo das fronteiras portuguesas
Entrevista Jorge Mourinha
arquitectura, é uma das artes
multimédia por excelência —
abrange a literatura, a pintura,
a fotografi a, a dramaturgia, o
teatro...
Campo de Flamingos sem Flamingos é um fi lme “em
viagem”. Os fotógrafos
parecem ter um gosto especial
por este tipo de road movies...
Mas não só os fotógrafos — estou
a pensar no Werner Herzog, ou
nos primeiros fi lmes do Wim
Wenders... Também é uma
grande tradição do cinema,
muito, muito antiga. O cinema é
um travelling.
Existe uma razão para esse
interesse pela estrada?
Ter um mapa físico como guião
é uma ideia muito atraente para
um tipo de cinema que quer
dançar com o real, que quer
estar em diálogo com o real,
dentro do cinema e não dentro
de um pensamento do cinema.
Aqui, o nosso ponto de partida é
realmente um ponto de partida:
uma viagem pelas fronteiras
portuguesas, que fi zemos durante
três meses numa caravana.
[Garante] um princípio, meio e
fi m automático....
Havia alguma razão específi ca
para este percurso em
particular?
A fronteira com Espanha é
a fronteira mais antiga do
mundo, há 800 anos que nunca
mudou. Havia estas camadas
de algo muito primitivo, que
existe há muito tempo, que eu
queria confrontar com coisas
mais recentes que os humanos
fazem, como é que o tempo vai
passando. Mas não havia nenhum
guião conceptual que fôssemos
seguindo.
É, então, uma viagem no
sentido mais puro do termo,
de ir à descoberta?
Sim. Enquanto viajante, uma
das coisas mais mágicas e
interessantes é, quando o
comboio chega a um sítio onde
nunca estivemos, não saber o que
é que vem a seguir. Gostava que o
fi lme pudesse ter essa qualidade,
a inocência e a energia mais
primordial de avançar por um
território desconhecido.
Como é que se restitui isso a posteriori?Há uma crença que o fi lme se
irá revelar como um fi lme e
não como um amontoado de
planos. Quando acabo de fi lmar,
acredito que é como se fosse uma
“Havia estas camadas de algo muito primitivo, que existe há muito tempo, que eu queria confrontar com coisas mais recentes que os humanos fazem, como é que o tempo vai passando”
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | CULTURA | 31
Quem observar o grafi smo do pro-
grama Música & Revolução, que hoje
começa na Casa da Música, no Por-
to, poderá perguntar-se se a músi-
ca se mede a metro. A resposta não
será totalmente negativa: é que, a
partir de dado momento da Histó-
ria, a música começou a ser também
pensada em função do espaço para
que era concebida. António Jorge
Pacheco, director artístico da Casa,
justifi ca assim o facto de o progra-
ma da 7.ª edição deste ciclo recuar
até aos séculos XVI-XVII e à “música
espacializada” de Adrian Willaert
(c. 1490-1562) e Giovanni Gabrielli
(c. 1555-1612).
“O espaço, enquanto parâmetro
da mesma importância que a altura,
a duração, a dinâmica e o timbre, é
mesmo uma das temáticas a decli-
nar no Música & Revolução”, escreve
Pacheco no programa. E nota, ao
PÚBLICO, que Gabrielli “foi pioneiro
na atenção à relação do som com o
espaço”, quando decidiu espalhar
por vários sítios da Catedral de São
Marcos, em Veneza, os cantores de
grupos vocais, criando uma experi-
ência sensurround antes de tempo.
A revolução instaurada por com-
positores como Gabrielli, ou Willa-
ert (um fl amengo que emigrou para
Veneza), Carlo Gesualdo (1566-1613)
Revoluções italianas na história da música de hoje a domingo no Porto
ou Claudio Monteverdi (1567-1643) e,
já no século XX, por Giacinto Scelsi
(1905-1988), Luigi Nono (1924-1990)
ou Luciano Berio (1925-2003), cons-
titui o fi o condutor do Música & Re-
volução, este ano exclusivamente
dedicado ao país-tema da Casa.
Neste desejo de “partilhar com o
público algumas das maiores revo-
luções da música italiana”, o direc-
tor artístico realça também o papel
histórico de Monteverdi, com quem
se passou da música renascentista
para a barroca — “um salto enorme
e mesmo um corte epistemológi-
co”, com a passagem da polifonia à
monodia, e “uma maior atenção à
voz e à compreensão do texto que
se cantava”.
Mais conhecidas são as revoluções
contemporâneas de Nono e Berio.
Já o mesmo não se poderá dizer da
obra de Scelsi, de quem a Orquestra
Sinfónica do Porto — pela primeira
vez conduzida pelo maestro alemão
Lothar Zagrosek — vai interpretar,
no dia 27, a obra Hymnos, com ima-
gens em fundo do templo budista de
Angkor Wat, no Camboja, criando o
cenário para uma música que dialo-
ga com o sagrado.
Todas as estruturas residentes da
Casa intervêm no programa Música
& Revolução, que começa hoje com
o Digitópia Collective a interpretar a
Música-manifesto de Nono, e termi-
na, na tarde de domingo, com o Co-
ro a cantar também Monteverdi.
Casa da Música Sérgio C. Andrade
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ADRIANO MIRANDA
Dussaud tem olhado de forma dedicada para Portugal
No Verão de 2007, o fotógrafo fran-
cês Georges Dussaud (n. Brou, Bre-
tanha, 1934) apresentou no Porto,
no Centro Português de Fotografi a/
Cadeia da Relação, uma exposição
retrospectiva dos trabalhos que foi
fazendo em Portugal desde que vi-
sitou o país, pela primeira vez, em
1980. Chamou-lhe Crónicas Portu-
guesas — uma viagem que fi cou tam-
bém registada no livro-catálogo com
o mesmo título editado pela Assírio
& Alvim. Cento e cinco da colecção
de 135 fotografi as que compuseram
esta exposição foram doadas à Câ-
mara de Bragança, que, com este
acervo, criou o Centro de Fotografi a
Georges Dussaud, que hoje é inau-
gurado no âmbito do programa de
comemoração do 25 de Abril.
“Que a Câmara de Bragança te-
nha decidido atribuir o meu nome a
um centro de fotografi a, e que tenha
ainda decidido inaugurá-lo num dia
de tão grande importância para o
país deixa-me muito emocionado”,
comentou para o PÚBLICO Georges
Dussaud, num email enviado no iní-
cio desta semana, no mesmo dia em
que partia da sua Bretanha natal pa-
ra uma viagem de barco e de carro
até à cidade de Trás-os-Montes.
Trata-se da 86.ª viagem que o fo-
tógrafo e a sua companheira de vida
e de trabalho, Christine Dussaud, fa-
zem a Portugal, onde têm realizado
sucessivas reportagens e produzido
livros — o primeiro dos quais, Trás-
os-Montes, foi editado em 1984, com
um texto de Miguel Torga — e exposi-
ções. Algo que promete continuar a
fazer no nosso país, “enquanto tiver
saúde e energia”.
A decisão de doar a Bragança
parte da colecção das fotografi as de
Crónicas Portuguesas tomou-a de-
pois de lhe terem comunicado que
a autarquia tinha o projecto de criar
um centro de fotografi a com o seu
nome. E também depois de, durante
mais de dois anos, não ter recebido
por parte do Centro Português de
Fotografi a (CPF) nenhuma resposta
concreta à sua anterior oferta da-
quele acervo a esta instituição nacio-
nal. “Inicialmente, propus esta do-
ação ao CPF, há mais de dois anos,
mas, apesar do interesse e do desejo
As Crónicas Portuguesas de Georges Dussaud foram oferecidas a Bragança
que desafi e outros olhares, e não
apenas de fotógrafos”, acrescenta
a responsável autárquica, realçan-
do que a instituição vai ter também
“uma função pedagógica” aberta às
escolas da região.
Das quatro salas que constituem o
centro, três estarão destinadas à co-
lecção Crónicas Portuguesas, sendo
a quarta aberta a exposições tempo-
rárias. “O negro e a luz são a matéria
com que Georges Dussaud descorti-
na, como um poema visual, a carto-
grafi a de um universo visceralmente
telúrico, ainda que aparentemente
antigo e agreste”, escreve Jorge da
Costa no texto de apresentação da
exposição. “Da sua ampla narrativa
de imagens, que convocam simulta-
neamente as suas vivências, sobres-
saem histórias de vida, povoadas de
homens, mulheres e crianças, mas
também de lugares, de olhares, de
gestos, de instantes irrepetíveis que
congela a cada rigoroso disparo da
máquina fotográfi ca”, acrescenta
o comissário.
Georges Dussaud é um nome de
referência na fotografi a francesa.
Está ligado, desde 1986, à agência
Rapho, criada em Paris em 1933 pe-
lo húngaro Charles Rado, e refunda-
da depois da 2.ª Guerra (na época
em que Cartier-Bresson e Robert Ca-
pa lançavam a Magnum), num mo-
mento em que o fotojornalismo se
afi rmava como veículo privilegiado
de comunicação. Com fi guras como
Robert Doisneau e Edouard Boubat,
a Rapho sempre cultivou uma foto-
grafi a de pendor humanista. É esta
a marca de Dussaud, e Portugal (e a
região de Trás-os-Montes) tem nele
um dos olhares mais dedicados.
manifestado em receber a colecção,
o centro não avançou com nada de
concreto”, justifi ca Dussaud.
No arquivo do CPF fi caram, con-
tudo, 30 fotografi as das 135 que
fi zeram a exposição Crónicas Por-
tuguesas — e que entretanto foram
também expostas no Museu de Por-
timão. Às 105 que transitam agora
para o novo centro em Bragança,
Dussaud acrescentou 43 novos tra-
balhos realizados para o novo espa-
ço. O centro é hoje inaugurado com
uma selecção de 92 imagens desse
acervo, comissariada por Jorge da
Costa, director do Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais, que
fi ca na mesma rua da nova galeria.
Memórias de Trás-os-MontesA decisão da Câmara de Bragança
de criar o Centro de Fotografi a Ge-
orges Dussaud foi tomada, por una-
nimidade, em Novembro, e regista-
da num protocolo assinado com o
fotógrafo em Janeiro. Para acolher
a nova colecção — que “representa
um relevante valor artístico e docu-
mental”, diz-se no texto do proto-
colo —, a autarquia decidiu recon-
verter quatro salas no Edifício Paulo
Quintela, velha sede da câmara no
centro histórico da cidade.
“A doação de Georges Dussaud
é muito importante para Bragan-
ça, porque, para além do seu valor
estético e documental, as fotogra-
fi as vão certamente trazer muitas
memórias às pessoas da terra e da
região de Trás-os-Montes”, disse
ao PÚBLICO a vereadora da Cul-
tura da autarquia, Fátima Fernan-
des. “Queremos que o centro seja
um espaço de arquivo e de estudo
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32 PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
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Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profi ssional em Av. João da Cruz, n.º 70, Edifício S. José - 2.º Esq. Frente, 5300-178 Bragança.Nos termos do disposto no artigo 890.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado:Bens em VendaTIPO DE BEM: Bem ImóvelDESCRIÇÃO:Penhora de prédio urbano em propriedade total sem andares nem divisões susceptí-veis de utilização independente, composto por rés-do-chão, 1.º andar, águas-furtadas e quintal, afecto à habitação, situado no Castelo, Lugar de Noura, Freguesia de Noura, Concelho de Murça, descrito sob o n.º 55/19861123 e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 476.PENHORADOS EM: 01-03-2012.EXECUTADOS: Carmelina Maria Pires Catarino Teixeira, NIF: 187 360 081, e ma-rido José Silvino Gonçalves Teixeira, NIF 170 882 721, ambos com morada em 7 Rue de La Montagne Des Glaises, 91100 Corbeil-Essones, França e Isabel Maria Pires Catarino Estoppey, NIF 187 360 090, e marido Joel Eric Estoppey, NIF 247 924 245, residentes em 1340 Rte. Des Voirons, 74140 Veigy - Foncenet. França.MODALIDADE DA VENDA:
Venda mediante proposta em carta fecha-da, a serem entregues na Secretaria do supra-mencionado Tribunal, pelos interes-sados na compra, fi cando como data para abertura das propostas o dia 13 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judi-cial de Murça.VALOR-BASE: 46.400,00 euros.Será aceite a proposta de melhor preço, em montante igual ou superior a 32.480,00 eu-ros, correspondente a 70% do valor-base. Nos termos do n.º 1 do art.º 897.º C. P. Civil “os Proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visa-do, à ordem do Agente de Execução ou, na sua falta, da secretaria, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor”. Os Proponentes deverão, ainda, indicar o seu nome completo, morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, e apresentar as propostas até ao dia e hora designados para a sua abertura.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: NãoEstá pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoA Agente de Execução - Alexandra GomesPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
Alexandra GomesAgente de Execução
CPN 4009
TRIBUNAL JUDICIAL DE MURÇASecção Única
ANÚNCIO DE VENDA
Processo 119/11.2TBMUR - Execução Comum (Sol. Execução)Ref. Interna: PE-636/2011 - Data: 22-04-2013
Exequente: Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região de Bragança e Alto Douro, C.R.L.
Executados: Carmelina Maria Pires Catarino Teixeira e outros.
Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 04 de Junho de 2013, pelas 14:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 4.º Juízo Cível do Tribunal Família Me-nores e Comarca de Cascais, pelos interessados na compra do seguin-te bem imóvel:Prédio urbano, composto por edifí-cio de rés-do-chão com abrigo para carro e primeiro andar, destinado à habitação, sita em Travessa Jo-aquim Miguel Serra e Moura, Lote 21, Alapraia, freguesia de Estoril e concelho de Cascais, descrito na 2.ª Conservatória do Regis-to Predial de Cascais, sob o n.º 3214/19950530, da freguesia de Es-toril, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 3848.O bem será adjudicado a quem me-
lhor preço oferecer, acima de 70% do valor-base de 235.000.00 (du-zentos e trinta e cinco mil euros), ou seja, 164.500,00 (cento e sessenta e quatro mil e quinhentos euros).São fi éis depositários os executa-dos João Carlos de Andrade Cruz e Espregueira e Débora Alexandra Teixeira dos Santos Silva, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante corres-pondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de ExecuçãoHelena Chagas
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: 2621@solicitador.netPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL FAMÍLIA E MENORES E DECOMARCA DE CASCAIS
4.º Juízo Cível
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621
ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada
Processo: 8008/11.4TBCSCExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
Executados: João Carlos de Andrade Cruz e Espre-gueira e Débora Alexandra Teixeira dos Santos SilvaEDITAL
Citação de Ausente em Parte Incerta (Artigo 244.º e 248.º do Código de Processo Civil)OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 233.º n.º 6, e 248.º do Código Processo Civil, e por despacho do(a) M.º(a) Dr. Juiz, correm éditos de 30 (trinta dias), contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a ausente Tânia Maria de Barros Ferreira, com última sede conhecida no Lugar Belos Ares, Nespereira - Lousada, para nos termos do processo executivo supra-identifi cado, que lhe foi mo-vido pelo(s) Exequente(s) acima referenciado(s), com o pedido constante no requerimento executivo, pelo que nos termos do artigo 833.º, n.º 5, tem o prazo de 10(*) dias, decorrido que seja o dos éditos, para se opor à execução pagar ou indicar bens para a penhora, com a advertência das consequências de uma declaração falsa ou da falta de declaração, nos termos do n.º 7 do referido artigo 833.º, ou seja, se não indicar quaisquer bens à penhora e posteriormente se verifi que que tinha bens penhoráveis, fi ca sujeito à sanção pecuniária com-pulsória, no montante de 1% da dívida ao mês, desde a data da omissão até à descoberta dos bens.MEIOS DE OPOSIÇÃO: Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. é obrigatória a constituição de Advogado, quando o valor da execução seja superior à alçada do Tribunal de primeira instância (3.740,98 euros).COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA: Caso não se opo-nha à execução consideram-se confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo.* Tendo a presente nota sido afi xada nos termos do n.º 3 do artigo 240.º do CPC, adverte-se o citando que o duplicado da mesma e os documentos anexos fi cam à sua disposição na secretaria judicial.* Este Edital encontra-se afi xado na porta do último domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia e no Tribunal Judicial.Artigo 143.º do C.P.C. - Sem prejuízo dos actos realiza-
dos de forma automática, não se praticam actos proces-suais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados nem durante o período de férias judiciais.Artigo 144.º do C.P.C. - O prazo processual estabeleci-do por lei ou fi xado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais; 2. Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encer-rados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for con-cedida tolerância de ponto.Artigo 12.º da LOFTJ - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do Domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 31 de Agosto.Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1 - Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2 - Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regi-ões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dilação é de 15 dias. 3 - Quan-do o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifi que o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias. 4. A dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.º 2 e 3.
O Agente de Execução - Manuel LeiteRua da Igreja, 18 - 1.º Esc. 1, 4475-641 Maia
Tel. 229827523 - Fax 229863261 - 3475@solicitador.netPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
MANUEL LEITEAgente de Execução
Cédula 3475
TRIBUNAL JUDICIAL DE LOUSADA2.º Juízo
Processo: 1293/08.0TBLSDACÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA
VALOR: 593,74 €Exequente: BPN - Banco Português de Negócios, S.A.
Executados: Maria Goreti Ribeiro de Barros e outroReferência Interna: PE/1180/2008
Faz-se saber que nos autos acima identi-fi cados, encontra-se designado o dia 03 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Família, Menores e Comarca Vila Franca de Xira, para Abertura de Propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bens:Fração “U” do prédio descrito na 2.ª Con-servatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o n.º 1125 e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1235 da fregue-sia de Póvoa de Santa Iria, composta por 3 divisões, cozinha, casa de banho e na cave 1 arrecadação. - Valor-base 85.000,00 €, (oitenta e cinco mil euros).- 70% do valor-base 59.500,00 € (cinquenta e nove mil e quinhentos euros).O bem pertence aos executados Hugo Fili-pe Lopes Coelho Furtado da Costa e Maria Lurdes Pinto Gonçalves da Costa, com domicílio fi scal na Rua Padre Manuel da
Conceição Duarte, n.º 3, 6.º Frente – Póvoa de Santa Iria – Vila Franca de Xira.Serão aceites as propostas de melhor preço acima do valor correspondente a 70% do valor-base. Os proponentes de-vem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor-base do bem. Sendo aceite alguma proposta, é o proponente, ou prefe-rente, notifi cado para, no prazo de 15 dias, depositar à ordem do Agente de Execução a parte do preço em falta.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, o executado Hugo Filipe Lopes Coelho Furtado da Costa, na morada aci-ma indicada.Este edital encontra-se afi xado na Junta de Freguesia respetiva e no Tribunal compe-tente. São também publicados dois anún-cios consecutivos no jornal Público.
O Agente de Execução - Carlos PazPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
CARLOS PAZAgente de Execução
Cédula 2186
TRIBUNAL FAMÍLIA, MENORES E COMARCA VILA FRANCA DE XIRA
3.º Juízo Cível
ANÚNCIO/EDITAL DE VENDANos termos do disposto no Artigo 890.º e Artigo 876.º, n.º 1 do Código de Processo Civil
Processo n.º 4672/09.2TBVFXEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA
CERTA SOB A FORMA COMUMExecutado(s): Hugo Filipe Lopes Coelho Furtado da
Costa e Maria Lurdes Pinto Gonçalves da Costa Exequente(s): Hefesto STC, S.A.
Ref.ª Interna - PE-520/2009
Faz-se saber que nos autos acima iden-tifi cados se encontra designado o dia 13 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judicial de Sesimbra - Secção Única, sito no Edifício da Falésia, Bloco K, em Sesimbra para a ABERTURA DE PRO-POSTAS EM CARTA FECHADA, que sejam entregues até esse momento na secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:BEM A VENDER:Prédio urbano sito em Quinta de S.José, freguesia de Sesimbra (Castelo), concelho de Sesimbra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Sesimbra, sob o número 4105 e inscrito na respectiva matriz sob o artigo 18167.PROPOSTASSerá aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 280,000,00 € (duzentos e oitenta mil Euros), correspondente a 70% do valor-base, acompanhada de cheque caução à ordem da Agente de Execução no montante de 20% do valor-base do bem, ou, em sua substituição, de garantia bancária do mesmo valor.
INFORMAÇÕESO bem pertence ao(s) executado(s) abaixo indicado(s) constituido(s) fi el(éis) depositário(s):- Paula Cristina Rodrigues Ramalho, Av. du Crochetan, 67-1870 Monthey - Suíça - 1618 - Chatêl - Saint-Denis- José António Pereira Rodrigues, Av. du Crochetan, 67 - 1870 Monthey, Suíça - 1618 - Chatêl - Saint-Denis.Mais informações por consulta do Edital ofi cial em www.tribunaisnet.mj.pt e htpp://www.solicitador.org/gpese/consultarDocu-ment ou junto da Agente de Execução: IDA-LINA CARREIRA, escritório: Rua da Palmei-ra, n.º 5, r/c, 1200-31 Lisboa, Telf. 21 346 81 95 - Fax 21 343 17 54 - 2148@solicitador.net - executivo@idalinacarreira.com.
A Agente de Execução - Idalina CarreiraRua da Palmeira, n.º 5, r/c - 1200-311 LisboaTel. 21 346 81 95 - Fax 21 343 17 542148@solicitador.net - executivo@idalinacarreira.comwww.idalinacarreira.comHorário de atendimento: 2.ª a 6.ª feira - 10-12h
Público, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
N.º do Processo: 868/07.0TBSSBExequente: Banco Bilbao & Vizcaya Argentaria
(Portugal), SAExecutada: Paula Cristina Rodrigues Rarnalho
Referência Interna: PE/846/2007
TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRASecção Única
EDITAL - VENDA JUDICIAL
Idalina CarreiraAgente de Execução
Cédula 2148
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Encontra-se aberto concurso para provimento do lugar de Diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Fran-cisco Fernandes Lopes, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar do dia se-guinte ao da publicação do Aviso n.º 5475/2013 de 23 de maio no Diário da República, II Série.
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33PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 CLASSIFICADOS
Faz-se saber que nos autos acima iden-tifi cados, encontra-se designado o dia 6 de Maio de 2013, pelas 13.30 horas, no Tribunal Judicial de Marco de Canaveses – 1.º Juízo, para Abertura de Propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bens:Prédio Urbano, correspondente a casa de um pavimento e logradouro, destinado a garagem e arrumos, sito em Monte da Cruz, 4575-068 Alpendurada e Matos, descrito na Conservatória do Registo Predial de Marco de Canaveses, sob o n.º 300, inscrito na matriz sob o artigo 1650.º, freguesia de Alpendurada e Matos.- Valor-base 60.000,00 € (sessenta mil euros).- 70% do valor-base 42.000,00 € (quarenta e dois mil euros).O bem pertence aos executados António da Silva Pinto e Carolina Graça Morais Moreira, com domicílio fi scal na Rua de Egas Moniz, B Direito, Alpendurada e Matos, 4575-068 Alpendurada e Matos.
Serão aceites as propostas de melhor preço acima do valor correspondente a 70% do valor-base. Os proponentes de-vem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 20% do valor-base do bem. Sendo aceite alguma proposta, é o proponente, ou prefe-rente, notifi cado para, no prazo de 15 dias, depositar à ordem do Agente de Execução a parte do preço em falta.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, os executados António da Silva Pinto e Carolina Graça Morais Moreira, na morada acima indicada.Sobre este bem existem créditos reclama-dos pela Caixa Económica do Montepio Geral.Este edital encontra-se afi xado na Junta de Freguesia respetiva, no Tribunal Judicial de Marco de Canaveses - 1.º Juízo, e na porta do prédio. São também publicados dois anúncios consecutivos no jornal Público.
O Agente de Execução - Carlos PazPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
CARLOS PAZAgente de Execução
Cédula 2186
TRIBUNAL JUDICIAL DE MARCO DE CANAVESES1.º Juízo
ANÚNCIO/EDITAL DE VENDANos termos do disposto no Artigo 890.º e Artigo 876.º, n.º 1 do Código de Processo Civil
Processo n.º 1363/08.5TBMCNEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA
SOB A FORMA COMUMExecutado(s): António da Silva Pinto e Carolina Graça
Morais MoreiraExequente(s): Caixa Económica Montepio Geral
Ref.ª Interna - PE-227/2008 ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada
Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 23 de Maio de 2013, pelas 14:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 1.º Juízo, do Tribunal Judicial da Moi-ta, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Prédio urbano, composto por edi-fício de rés-do-chão, com quintal, destinada a habitação, sito em Rua do Esteiro Furado, n.º 20, Chão Duro, freguesia e concelho da Moita, descrito na Conserva-tória do Registo Predial de Moita, sob a fi cha 155/19850516, da freguesia da Moita, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 2443.O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer, acima de
70% do valor-base de 70.000,00 euros (setenta mil euros), ou seja, 49.000,00 euros (quarenta e nove mil euros).São fi éis depositários os executa-dos Manuel Guilherme Cardoso Lopes e Maria da Assunção Afon-so Santos Lopes, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como cau-ção, cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montan-te correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.
O Agente de ExecuçãoJosé Maria Soares
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: 2616@solicitador.netPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
JOSÉ MARIA SOARESAgente de Execução
Cédula 2616
TRIBUNAL JUDICIAL DA MOITA1.º Juízo
Processo: 2149/08.2TBMTAExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
Executados: Manuel Guilherme Cardoso Lopese Maria da Assunção Afonso Santos Lopes
TRIBUNAL DO TRABALHO DE VILA FRANCA DE XIRA
2.º JuízoProcesso: 698/11.4TTVFX
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutora: Marcela de Castro SantosRéu: Constroextremo - Soc. Constru-ções, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos citando a Ré Constroextremo - So-ciedade de Construções, Lda., com último domicílio na Av. Dr. Manuel Lopes de Almei-da, ns.º 1, 3 e 5, Benavente, 2130-016 BE-NAVENTE, para comparecer pessoalmente neste Tribunal no dia 30-04-2013, às 13:30 horas, fazendo-se representar pelo legal representante, a fi m de se proceder à audi-ência de partes, ou em caso de justifi cada impossibilidade de comparência, se fazer representar por mandatário com poderes de representação e os especiais para con-fessar, desistir ou transigir, sob pena de, nos termos do disposto no artigo 54.º n.º 5, do Código de Processo do Trabalho, fi car sujeita às sanções previstas para a Iitigância de má-fé (multa e indemnização à parte con-trária se esta a pedir, conforme artigo 456.º do Código de Processo Civil, aplicável ex vi do artigo 54.º, n.º 5, do mesmo diploma).Se não comparecer ou não se fi zer repre-sentar na audiência de partes ou, compa-recendo, se venha a frustrar a conciliação entre as partes, adverte-se a Ré de que deve contestar a presente ação no prazo de 10 (dez) dias contados a partir do dia seguinte à data designada para a realização da au-diência de partes, sob pena de se conside-rarem confessados os factos que a Autora alega na petição inicial que apresentou nos autos e ser de imediato proferida sentença, conforme disposto nos artigos 56.º alínea a), e 57.º n.º 1, ambos do Código de Pro-cesso do Trabalho.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria, à disposição da Ré.N/ Referência: 898054Vila Franca de Xira, 19-04-2013.
A Juíza de DireitoDr.ª Isabel Cristina Ferreira
A Ofi cial de JustiçaM.ª Helena L. Resende Cardoso
Público, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
TRIBUNAL JUDICIAL DE ALBUFEIRA
2.º JuízoProcesso: 2060/11.0TBABF
ANÚNCIOAção de Processo SumárioAutora: Maria Margarida Matias do Nas-cimentoRéu: Ricky Joop Marinus StaatsNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da publicação do anúncio, citando:Réu: Ricky Joop Marinus Staats, contri-buinte fi scal n.º 198481284, Segurança Social - 11203212297, com último domicílio conhecido: Bar Ricky, Rua Alves Correia 14, 16 e 18, Albufeira, 8200-000 Albufeira, com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s) para, no prazo de 20 dias, decor-rido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste:a) Despejar imediatamente o local arrendado, entregando-o à A. completamente devoluto de pessoas e coisas nos termos melhor supra-expostos;b) Pagar à A. as rendas vencidas até à presente data, no montante de € 8.739,51 e as vincendas até à entrega efectiva do imóvel à A., juros já vencidos no montante total € 379,31 e juros vincendos até tal data de entrega;c) Custas, procuradoria condigna e demais encargos legais, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encon-tra nesta Secretaria, à disposição do citando.Devendo com a contestação apresentar o rol de testemunhas e requerer outras provas.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu ter-mo para o primeiro dia útil.Fica advertido de que é obrigatória a consti-tuição de mandatário judicial.N/ Referência: 5337837Albufeira, 03-04-2013.A Juíza de Direito - Dr.ª Ana Cristina Barateiro
A Ofi cial de Justiça - Manuela SilvestrePúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
TRIBUNAL JUDICIAL DE SÃO ROQUE DO PICO
Secção ÚnicaProcesso: 107/12.1TBSRQ
ANÚNCIOAção de Processo Sumário Autor: Zurich Insurance Plc - Sucursal em PortugalRéu: Paulo António Azevedo da SilvaNos autos acima identifi cados, correm édi-tos de 30 dias, contados da data da segun-da a última publicação do anúncio, citando:Réu: Paulo António Azevedo da Silva, fi lho de Manuel Vitorino da Silva e de Armandina Lourenço de Azevedo Silva, estado civil: desconhecido, nascido em 07-03-1977, concelho de São Roque do Pico, freguesia de São Roque do Pico (São Roque do Pico), BI - 11595958, domicílio: Rua da Terra Alta, 154, Ribeirinha, 9930-337 RIBEIRINHA, com última residência conhecida na morada indi-cada para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor e que em substância o pedido consiste:A) pagar à autora; Zurich Insurance Public Limited Company - Sucursal em Portugal, sita na Rua Barata Salgueiro, 41, 1269-058 Lisboa, a quantia de € 7.200,00, relativa às despesas com o sinistrado de que é único culpado;B) Pagar à Autora os juros de mora referen-tes à quantia supra-descrita, à taxa legal de 4%, a contar desde a citação até integral e efectivo pagamento;C) Pagar as custas, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a consti-tuição de mandatário judicial.Passei o presente e mais dois de igual teor para serem afi xados.N/ Referência: 562254São Roque do Pico, 11-04-2013
O Juiz de Direito - Renato GrazinaO Ofi cial de Justiça
Paulo Jorge Abrantes R. SilvaPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESintra - Juízo Família e Menores - 4.ª Secção
Processo: 30999/12.8T2SNT
ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Dirce Helena Tomásia Silva SoutoRéu: Felipe Ramos Souto SilvaNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu, Felipe Ramos Souto Silva, com última resi-dência conhecida em domicílio: Rua Elias Garcia, N.º 195 - 4.º A, 2735-682 Cacém, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de con-testação não importa a confi s-são dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste na dissolução do casamento por divórcio en-tre a autora e o réu, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de mandatá-rio judicial.N/ Referência: 21432882Sintra, 02-04-2013.
A Juíza de DireitoDr.ª Teresa Carla Batista M. S.
Faria de BritoA Ofi cial de Justiça
Maria Adélia Rodrigues MacelaPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESintra - Juízo Família e Menores - 4.ª Secção
Processo: 6087/12.6T2SNT
ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Maria Joaquina Melo TeixeiraRéu: Manuel Gomes Fernandes TeixeiraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Manuel Go-mes Fernandes Teixeira, com última residência conhecida em domicílio: Rua Comandante Kassanje, N.º 5, 5.º Esq.º, Ben-guela, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presen-te acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste em decretar o divórcio, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que Não é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 21525595Sintra, 08-04-2013.
O Juiz de DireitoDr. Rogério PereiraA Ofi cial de Justiça
Alina Maria Baunites RochaPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
TRIBUNALJUDICIAL DE
OEIRAS4.º Juízo Competência
CívelProcesso: 8626/12.3TBOER
ANÚNCIOLiquidação Herança Vaga em Benefício EstadoRequerente: Ministério Pú-blico e outro(s)...Correm éditos de 20 dias para citação dos credores desconhecidos da herança de Fernando Ribeiro Mar-tins, fi lho de João Martins e de Alice de Sousa Ri-beiro Martins, com última residência conhecida na Av.ª Infante D. Henrique, 34, Oeiras, declarada vaga para o Estado, para recla-marem o pagamento dos respetivos créditos pelo produto de tais bens, no prazo de 15 dias, fi ndo o dos éditos, que se come-çará a contar da data da segunda e última publica-ção do anúncio.N/ Referência: 12046977Oeiras, 08-04-2013.
O Juiz de DireitoDr. Luís Pinto
A Ofi cial de JustiçaMaria dos Prazeres
DelgadoPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE CÍRCULO DE LISBOA
1.ª Unidade OrgânicaProcesso n.º 1603/10.0BELSB
ANÚNCIOOutros processos (DEL. 825/05)Autor: Ministério Público;Réu: Ossamy Pires Afonso Fernandes e SilvaCatarina Moura Ribeiro Gonçalves Jar-mela, Juíza de Direito deste Tribunal.FAZ SABER que pela 1.ª Unidade Or-gânica deste Tribunal, nos autos acima identifi cados, correm éditos de TRINTA DIAS, (30 dias) contados da data da publicação do último anúncio, CITAN-DO, o requerido, Ossamy Pires Afonso Fernandes e Silva, de nacionalidade São-Tomense, natural de Conceição, República Democrática de S. Tomé e Príncipe, fi lha de Bernardo d’Assunção da Costa Fernandes e de Paula Tomé Pires Honório ausente em parte incer-ta, e com última residência conhecida 6 Spout Lane, Caldmore - Walsall, West Midlands WS1 4 HU Reino Unido, para, no prazo de TRINTA DIAS (30 dias) de-corrido que seja o dos éditos, deduzir, querendo, contestação a estes autos de Oposição à Aquisição de Nacio-nalidade, nos termos das disposições conjugadas dos art.ºs, 9.º, al. a), 10.º, n.º 1, 25.º, 26.º, da Lei da Nacionalida-de n.º 37/81, de 03/10 - (na redacção introduzida pelo art.º 1 da Lei Orgânica n.º 2/2006, de 17/4) e art.º 4.º do (DL n.º 237-A/2006, de 14/12, e art.º 56.º e ss. do Regulamento da Nacionalidade Portuguesa, aprovado pelo mesmo Decreto-Lei e nos termos do art.º 81.º n.º 1 e 2 do CPTA, em que o Autor é o Ministério Público, pelos fundamentos constantes da petição inicial e docu-mentos, que se encontram à sua dis-posição na Unidade Orgânica acima indicada, sob pena de ser ordenado o arquivamento do processo.Caso deduza contestação é obrigató-ria a constituição de advogado, nos termos do art.º 11.º, n.º 1 do CPTA;Na contestação deve deduzir, de forma articulada, toda a matéria relativa à de-fesa e juntar os documentos destina-dos a demonstrar os factos cuja prova se propõe fazer;A falta de contestação não importa a cor são dos factos articulados pelo au-tor, mas o Tribunal aprecia livremente essa conduta para efeitos probatórios;Lisboa, 11 de Abril de 2013
A Juíza de DireitoCatarina Moura Ribeiro
Gonçalves JarmelaO Ofi cial de Justiça
Nuno Miguel MoreiraPúblico, 23/04/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA
3.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 4618/12.0TTLSB
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Yevhen StepanyukRéu: Leoloy Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré Ré: Leoloy Lda., domicílio: Rua Dr. António Granjo, n.º 26 - 3.º Esq., Algés, 1495-037 Algés com última re-sidência conhecida na morada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articula-dos pelo autor sendo logo pro-ferida sentença a julgar a causa conforme for de direito e que em substância o pedido consis-te, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, jun-tar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 5078024 Lisboa, 17-04-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Simone Abrantes de
Almeida PereiraA Ofi cial de Justiça
Florbela RamosPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA
4.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 3885/12.4TTLSB
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Francisco SilvaRequerido: Pinto & Almeida - Empresa de Temporário Trabalho, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos citando a ré Pinto & Almeida - Em-presa de Temporário Trabalho, Lda., NIF: 505210827, com última sede conhecida na Rua das Murtas, n.º 9, Loja Esquerda, Rinchoa, 2635-110 Rio de Mouro, para comparecer pessoalmente neste Tribunal no dia 22-05-2013, às 09.15 horas, a fi m de se proceder à audiência de partes.Fica ainda advertida de que, em caso de justifi cada impossibilidade de com-parência, se deve fazer representar por mandatário judicial com poderes de representação e os especiais para con-fessar, desistir ou transigir, fi cando sujei-ta às sanções previstas no CPC para a litigãncia de má-fé (art.º 54.º n.º 5 do CPT e 456.º CPC, se faltar injustifi cadamente à audiência).A RÉ FICA AINDA CITADA COM A AD-VERTÊNCIA de que, se faltar à diligência ora designada, ou, estando presente, as partes não chegarem a acordo, deve apresentar contestação, no prazo de 10 dias a contar da data marcada para tal audiência sob pena de. não o fazendo, se considerarem confessados os factos articulados pelo Autor, nos termos do art.º 57.º do mesmo diploma.Fica ainda advertida de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria, à disposição da citanda.N/Referência: 5079615Lisboa, 18-04-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Alexandra Pecegueiro
A Ofi cial de JustiçaMaria Carlos Lima Nogueira
Público, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE
Sintra - Juízo de Média Instância Cível - 2.ª Secção
Processo n.º 1859/08.9TMSNT
ANÚNCIOAção de Processo SumárioA Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Sandra Luísa de Moura Gonçalves Gomes, do(a) Sintra - Juízo de Média Instân-cia Cível - 2.ª Secção - Comarca da Grande Lisboa-Noroeste:Faz saber que nos autos acima iden-tifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e úl-tima publicação do anúncio, citando a Ré Nádia do Rosário Ventura Gon-çalves, domicílio: Rua Melquiades Marques, 5, 3 A, 2735-573 Cacém, com última residência conhecida na morada indicada para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste em a Ré ser condenada a pagar à Autora a quantia de € 7.089,65 acrescida de juros vincendos à taxa legal sobre o capital em dívida e até integral pagamento, custas e procu-radoria tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposi-ção do citando.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 21696018Sintra, 18-04-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Sandra Luísa de Moura
Gonçalves GomesO Escrivão Adjunto
Álvaro FidalgoPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.
Sede: Quinta do Peru, Freguesia da Quinta do Conde, SesimbraPessoa Colectiva n.º 503 239 410
ASSEMBLEIA GERALCONVOCATÓRIA
Convocam-se os Ex.mos Sócios do Clube de Golf Quinta do Peru para a As-sembleia Geral a ter lugar na sede social, no local acima referido, no próximo dia 25 de Maio de 2013, pelas 16.30 horas, com a seguinte Ordem de Tra-balhos:
1.º Aprovação do Relatório e Contas do exercício fi ndo aos 31 de Dezembro de 2012;
2.º Aprovação do Orçamento e Plano de Actividades para o ano de 2013;
3.º Proceder à Eleição dos Órgãos Sociais para o quadriénio de 2013 a 2016.
Podem participar na Assembleia os Sócios que se encontrem no pleno gozo dos seus direitos sociais, sendo as deliberações tomadas por maioria dos Sócios presentes ou representados.
No caso de a Assembleia não poder ser constituída à hora marcada por não se encontrarem presentes a maioria dos Sócios, a Assembleia reunirá 30 minutos depois com a presença de qualquer número de Sócios.
Quinta do Peru, 21 de Abril de 2013
O Presidente da Mesa da Assembleia GeralEng.º D. Frederico José da Cunha Mendonça e Meneses
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2800-175Tel. 212 721 340
SetúbalMaria Isabel Guerreiro
Rua Bairro Afonso Costa, 1 a 5 2910-414
Tel. 265 546 400
Évora José Manuel
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7000-508Tel. 266 705 629
FaroAnabela B. M.
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CINEMALisboa CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045Não Sala 2 - 13h20, 15h40, 18h30, 21h30; Os Croods M6. Sala 4 - 11h20 (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 4 - 17h45; Regra de Silêncio M12. Sala 4 - 15h20; Os Amantes Passageiros M16. Sala 4 - 13h30, 19h55, 21h45 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; Nome de Código Paulette M12. Sala 2 - 14h30, 17h, 19h30, 22h; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 14h20, 16h45, 19h15, 21h45 Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808A Rapariga de Parte Nenhuma M12. Sala 1 - 14h10, 16h, 18h, 20h, 22h; Volver - Voltar M12. Sala 2 - 14h, 16h30, 19h, 21h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Os Amantes Passageiros M16. Sala 4 - Cine Teatro - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 00h30; Não Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; Regra de Silêncio M12. Sala 1 - 00h15; Fintar o Amor M12. Sala 2 - 13h50, 16h30, 19, 21h30, 24h; Nome de Código Paulette M12. Sala 3 - 13h30, 17h30, 21h30, 24h; Professor Lazhar M12. Sala 3 - 15h30, 19h30 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Fausto M12. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Professor Lazhar M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h20, 21h40, 24h; Um Homem a Abater M16. Sala 2 - 14h, 16h35, 21h55, 00h30; A Melhor Oferta M12. Sala 2 - 19h10; Ladrões com Estilo M12. Sala 3 - 23h30; Gladiadores Sala 3 - 14h15,18h35 (V.Port./2D), 16h25, 21h15 (V.Port./3D),; O Profundo Mar Azul M12. Sala 4 - 14h15, 19h10; Dou-lhes Um Ano M12. Sala 4 - 16h30, 21h30, 23h55; Fintar o Amor M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h15, 21h45, 00h15; Esquecido Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h55, 00h30; Taxi Driver M16. Sala 7 - 19h10, 00h10; Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 7 - 14h05, 16h45, 21h40; Não Sala 8 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; Homem de Ferro 3 M12. Sala 9 - 14h, 16h35, 19h15, 21h50, 00h30; É o Amor M16. Sala 10 - 15h, 18h15, 21h30, 00h25; Nome de Código Paulette M12. Sala 11 - 14h20, 16h30, 18h55, 21h30, 23h40; Transe M16. Sala 12 - 14h15, 16h55, 19h10, 21h35, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. Sala 13 - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 00h10; Regra de Silêncio M12. Sala 14 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h20 ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h45, 16h30, 22h; Um Homem a Abater M16. 13h30, 16h20, 18h55, 21h35; Gladiadores 11h15, 13h40, 16h10, 18h30 (V.Port.); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h15, 15h30, 17h40 (V.Port.); Os Croods M6. 11h, 13h20, 15h40 (V.Port.); Esquecido 13h10, 15h50, 18h40, 21h20; Transe M16. 13h30, 16h25, 19h, 21h25; Nome de Código Paulette M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Homem de Ferro 3 M12. 13h05, 16h, 18h50, 21h40; Fintar o Amor M12. 13h25, 16h40, 19h10, 21h45; O Frágil Som do Meu Motor 13h35, 17h, 21h30; Homem de Ferro 3 M12. 13h50,
16h50, 21h10 (3D); G. I. Joe Retaliação M12. 21h15; Celeste e Jesse Para Sempre M12. 18h45; Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Os Amantes Passageiros M16. 18h10, 21h20 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996A Oportunidade da Minha Vida M12. 13h45, 16h05, 18h25, 21h15, 23h35; Nome de Código Paulette M12. 13h20, 15h25, 17h50, 21h, 23h30; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h15; Transe M16. 13h05, 15h55, 19h, 21h40, 24h; Regra de Silêncio M12. 21h, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 15h20, 17h45, 21h45, 23h50; O Frágil Som do Meu Motor 12h55, 15h40, 18h40, 21h30, 00h20; Gladiadores 10h10, 13h30, 15h55, 18h10 (V.Port.) ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996Fintar o Amor M12. 12h55, 15h20, 17h50, 21h20, 23h50; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h15, 16h, 18h20, 21h10, 23h45; Transe M16. 13h05, 15h45, 18h15, 21h15, 00h15; Celeste e Jesse Para Sempre M12. 21h35, 00h20; Gladiadores 10h50, 13h20, 18h10 (V.Port./2D), 15h50(V.Port./3D); Esquecido 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 16h10, 18h35, 21h25, 00h15; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h25, 18h, 21h05, 23h40; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25 (3D); Homem de Ferro 3 M12. 13h30, 17h, 21h, 24h ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Esquecido 13h, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; Um Homem a Abater M16. 21h50, 00h30; Gladiadores 11h, 13h10, 15h20, 17h30, 19h40 (V.P./3D); Os Amantes Passageiros M16. 21h30, 23h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h40, 16h10, 18h10; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10 (3D); Transe M16. 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h50
Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Esquecido 12h35, 15h20, 18h20, 21h15, 00h10; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h30, 18h40, 21h20, 00h15; Homem de Ferro 3 M12. 12h25, 15h15, 18h10, 21h05, 24h (3D); Celeste e Jesse Para Sempre M12. 18h10; Um Refúgio para a Vida M12. 12h40, 15h20, 21h30, 24h; Os Croods M6. 13h35, 16h10, 18h40 (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. 21h25, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. 13h40, 16h, 18h25, 21h, 23h20; O Caçador: Último Tigre da Tasmânia M12. 21h10, 23h50; Gladiadores 15h25, 15h50, 18h45 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h25; G. I. Joe Retaliação M12. 13h05, 15h40, 21h05, 23h45; Fintar o Amor M12. 12h50, 15h25, 18h, 21h10, 23h55; Regra de Silêncio M12. 18h15; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 12h55, 15h10, 17h20, 19h35, 21h45, 00h20; Um Homem a Abater M16. 13h, 15h45, 18h35, 21h20, 00h15; O Frágil Som do Meu Motor 12h30, 15h25, 18h20, 21h15, 00h10; Transe M16. 13h10, 15h40, 18h15, 21h, 23h45
Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Um Refúgio para a Vida M12. Sala 1 - 21h40; Os Croods M6. Sala 1 - 14h (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 13h45, 16h20, 19h, 21h40; Gladiadores Sala 3 - 13h45, 18h45
NãoDe Pablo Larraín. Com Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers. EUA/FRA/Chile. 2012. 118m. Drama, Histórico. Chile, 1988. Devido a várias
pressões internacionais, o general
Pinochet, que chegou ao poder
através do golpe militar que
derrubou Salvador Allende, é
forçado a convocar um referendo
sobre a sua presidência. Os
cidadãos votarão o “sim“ ou o
“não“ que determinará o seu
direito de concorrer a um novo
mandato. É então que os líderes
da oposição persuadem um
jovem publicitário a liderar a sua
campanha pelo “não“. Assim,
contra todas as expectativas, esses
homens corajosos conseguem
ganhar e libertar o Chile de uma
longa ditadura de 17 anos.
A Rapariga de Parte NenhumaDe Jean-Claude Brisseau. Com Virginie Legeay, Claude Morel, Lise Bellynck. FRA. 2012. 91m. Drama. M12. Após um violento ataque que
a deixa quase inconsciente,
uma jovem é salva por Michel
Deviliers, um professor de
Matemática reformado. Desde
o falecimento da mulher,
algum tempo antes, que vive
exclusivamente para as suas
intensas pesquisas sobre a
Bíblia. Porém, a presença
daquela mulher vai alterar a
dinâmica a que ele se habituara,
transformando a vida do velho
professor para sempre...
É o AmorDe João Canijo. Com Anabela Moreira, Sónia Nunes, Francisco Torrão. POR. 2012. 135m. M16. Caxinas, zona piscatória de Vila
do Conde. A relação entre os
pescadores da zona e as suas
mulheres funda-se tanto na
confi ança como na dependência
recíproca. A mulher confi a e
depende do pescador para ganhar a
vida e o pescador confi a e depende
da mulher para zelar pela vida
familiar. Neste fi lme sobre o amor,
Canijo acompanha um grupo de
mulheres no seu dia-a-dia.
TranseDe Danny Boyle. Com James McAvoy, Rosario Dawson, Vincent Cassel. GB. 2013. 101m. Drama, Thriller. M16.
Simon envolve-se com um grupo
de assaltantes no roubo de um
quadro de valor incalculável.
Quando tenta atraiçoar os seus
parceiros e fi car com a pintura
para si, leva uma pancada na
cabeça e fi ca amnésico. Ao
perceber que ele se tornou
incapaz, mesmo sob tortura,
de se recordar do local onde
escondeu a pintura, o líder do
grupo de assaltantes, contrata
uma hipnoterapeuta de forma
a explorar todos os recantos
da mente de Simon. Assim, à
medida que ela vai entrando no
seu subconsciente, as fronteiras
entre verdade, desejo e sugestão
hipnótica começam a ganhar
novos contornos.
Fintar o AmorDe Gabriele Muccino. Com Gerard Butler, Jessica Biel, Dennis Quaid, Uma Thurman, Catherine Zeta-Jones. EUA. 2012. 105m. Comédia Romântica. M12. George Dryer, antiga estrela de
futebol, está disposto a tudo
para reconquistar Stacie, a sua
ex-mulher. Para provar que é um
homem diferente e totalmente
dedicado à família, aceita treinar a
equipa do fi lho de ambos. Porém,
o que George não poderia imaginar
era que a fama de sedutor, que
antes contribuira para o sucesso
da sua carreira e para o fracasso do
seu casamento, viria a assombrá-lo.
Agora, constantemente perseguido
pelas mães dos jovens jogadores,
como poderá George ganhar de
novo a confi ança de Stacie?
O Frágil Som do Meu MotorDe Leonardo António. Com Alexandra Rocha, João Villas-Boas, Gustavo Vargas, Rui Luís Brás. POR. 2011. 124m. Thriller.
Gabriela é enfermeira na Unidade
de Queimados de um hospital.
Com um casamento em declínio,
envolve-se numa relação
extraconjugal assente numa
fantasia: em todos os encontros ela
está de olhos vendados. Vítor é um
investigador a trabalhar num caso
de assassínios em série. As vítimas,
todas mulheres, são queimadas
por alguém que, meses antes, as
engravida. Depois de conhecer
a única vítima sobrevivente no
hospital onde trabalha, Gabriela
começa a desconfi ar que o seu
amante poderá ser o responsável
pelos crimes...
Homem de Ferro 3De Shane Black. Com Robert Downey Jr., Guy Pearce, Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Paul Bettany, Don Cheadle, Jon Favreau, Rebecca Hall. China/EUA. 2013. 109m. Acção, Aventura. M12. Enquanto génio e bilionário,
Tony Stark criou uma armadura
praticamente imbatível, que o
transformou num super-herói ao
serviço dos outros. Agora, Tony
encontra o seu mundo ameaçado
pelo megalomaníaco Mandarin,
que tenciona dominar o mundo
com o seu exército de super-
soldados. Assim, como Homem
de Ferro, ele tem de usar os seus
instintos mais apurados para
proteger todos os que lhe são
próximos, enquanto luta para
destruir Mandarin e o terrível
poder dos seus anéis malignos.
GladiadoresDe Iginio Straffi. Com Luca Argentero (Voz), Laura Chiatti (Voz), Julianne Hough (Voz). ITA. 2012. Animação, Comédia. M6Órfão após a terrível erupção do
Vesúvio, em Pompeia, o jovem
Timo é levado pelo general
Quíron e criado na escola
de gladiadores mais famosa
de todo o Império Romano.
Apesar de admirar a bravura
daqueles homens, a verdade é
que ele nunca esteve lá muito
empenhado em aprender o
ofício. Mas a sua motivação
altera-se quando a bela Lucilla,
fi lha de Quíron, regressa depois
de vários anos ausente. Desde
sempre apaixonado pela rapariga,
Timo está disposto a tudo para
demonstrar a sua coragem e,
quem sabe, convencer o general
Quíron de que é digno da mão da
sua fi lha.
Em estreialazer@publico.ptcinecartaz@publico.pt
cia
nhar a
ende
mor,
de
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Não
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 35
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Os Amantes Passageiros mmmmm – mmmmm
O Capital mmmmm – –Cativos mmmmm mmmmm mmmmm
É o Amor mmmmm mmmmm mmmmm
Fausto mmmmm mmmmm mmmmm
O Frágil Som do Meu Motor mmmmm – –Não mmmmm mmmmm mmmmm
Professor Lazhar – – mmmmm
A Rapariga de Parte Nenhuma – mmmmm –Transe mmmmm – –
(V.Port./2D), 16h15, 21h15 (V.Port./3D); Um Homem a Abater M16. Sala 4 - 14h10, 16h35, 19h15, 21h45; Dou-lhes Um Ano M12. Sala 5 - 19h10; Os Amantes Passageiros M16. Sala 5 - 14h25, 16h50, 21h50; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 6 - 19h05, 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 6 - 14h30, 16h50 (V.Port.); Esquecido Sala 7 - 14h05, 16h35, 19h10, 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 8 - 14h20, 16h45, 19h20, 21h50; Fintar o Amor M12. Sala 9 - 13h50, 16h15, 18h55, 21h25; Transe M16. Sala 10 - 14h, 16h30, 19h05, 21h35; Nome de Código Paulette M12. Sala 11 - 13h55, 16h25, 18h55, 21h35
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h30 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Gladiadores Sala 2 - 12h50, 17h20 (V.Port.); Nómada M12. Sala 3 - 12h40, 15h20, 18h10, 21h10; Esquecido Sala 4 - 12h55, 15h40, 18h20, 21h20
Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Fintar o Amor M12. 12h50, 15h30, 18h30, 21h30, 23h50; Dou-lhes Um Ano M12. 21h40, 00h10; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 15h35, 18h10, 21h15, 23h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h20, 15h45, 18h15, 21h05, 23h20; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h40, 18h40, 21h10, 23h40; Gladiadores 13h30, 15h50, 18h25 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20 (3D)
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197G. I. Joe Retaliação M12. Sala 1 - 21h25; Gladiadores Sala 1 - 15h25, 18h (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 2 - 15h40, 18h, 21h15; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 15h25, 18h15, 21h05; Esquecido Sala 4 - 15h30, 18h10, 21h20; Os Croods M6. Sala 5 - 15h35, 18h10 (V.Port.); Um Homem a Abater M16. Sala 5 - 21h30
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Celeste e Jesse Para Sempre M12. Sala 2 - 15h45; A Melhor Oferta M12. Sala 2 - 21h30
Sintra Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789G.I. Joe: O Ataque dos Cobra M12. Sala 1 - 21h20; Nome de Código Paulette M12. Sala 1 - 13h10, 15h20, 18h, 21h; Os Croods M6. Sala 2 - 12h55, 15h, 17h10, 19h15 (V.Port.); Gladiadores Sala 2 - 12h50, 15h10, 19h30, 21h35 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h, 15h40, 18h30, 21h30; Esquecido Sala 4 - 13h15, 16h, 18h40, 21h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 5 - 13h20, 15h30, 18h10, 21h10; Transe M16. Sala 6 - 13h05, 15h50, 18h20, 21h50
Montijo
ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Gladiadores 16h, 18h40 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h25, 21h20; Esquecido 15h45, 18h30, 21h15; Transe M16. 16h10, 18h35, 21h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 16h05, 18h10, 21h40; Nome de Código Paulette M12. 15h50, 18h, 21h45
Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Esquecido 13h, 15h40, 18h20, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h15; G. I. Joe Retaliação M12. 21h20; Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Os Croods M6. 13h20, 15h50, 18h15 (V.P.); Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h, 15h20, 18h, 21h30; Gladiadores 13h10, 15h30, 18h10 (V.P.)
Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Regra de Silêncio M12. 13h10, 16h; Esquecido 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. 18h50, 21h15, 24h; Um Homem a Abater M16. 21h10, 00h15; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h15, 17h25, 19h40, 21h50, 00h10; O Frágil Som do Meu Motor 13h20, 17h20, 21h, 23h55; Gladiadores 13h05, 15h20, 18h10 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h25 (3D); Transe M16. 13h15, 15h50, 18h20, 21h20, 00h05
Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMAEsquecido 15h20, 18h20, 21h20; Gladiadores 11h, 15h10, 17h30, 19h40 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os Croods M6. 15h, 18h (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. 21h; Dou-lhes Um Ano M12. 21h50
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h40 (2D), 19h10, 21h30 (3D); Esquecido Sala 2 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h20; Gladiadores Sala 3 - 12h40, 17h15 (V.Port./2D), 15h, 19h30, 21h40 (V.Port./3D)
Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 12h55, 15h45, 18h35, 21h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h30,16h, 18h10, 21h; Dou-lhes Um Ano M12. 14h, 16h30, 19h, 21h50; Esquecido 12h45, 15h30, 18h20, 21h10; Os Amantes Passageiros M16. 21h45; Gladiadores 13h45, 16h15, 18h50 (V.Port.)
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Snitch - Infiltrado Sala 1 - 13h, 15h30, 18h20, 21h, 23h30; G.I. Joe: O Ataque dos Cobra M12. Sala 2 - 13h10, 15h40, 18h30, 21h10, 23h40; Gladiadores Sala 4 - 12h50, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (V.Port.); Os
Croods M6. Sala 5 - 12h40, 14h50, 17h, 19h10, 21h20, 23h20 (V.Port.); Dou-lhes Um Ano M12. Sala 6 - 13h30, 16h10, 18h50, 21h50, 00h10
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes - SetúbalCentro Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h20, 18h, 21h30; Argo M12. Sala 2 - 13h10, 15h30, 18h20, 21h10; Os Croods M6. Sala 3 - 13h20, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 4 - 13h30, 15h40, 18h10, 21h20
Évora Auditorio Soror MarianaRua Diogo Cão, 8. T. 707 CINEMAOutro País M12. Sala 1 - 18h, 21h30
Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Gru - O Maldisposto M6. Sala 1 - 11h (V.Port.); Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 1 - 13h, 15h, 17h, 19h, 22h; Os Croods M6. Sala 2 - 10h45, 13h10 (V.Port.); Dou-lhes Um Ano M12. Sala 2 - 14h15, 16h30, 18h45, 21h; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; O Frágil Som do Meu Motor Sala 4 - 21h40; Gladiadores Sala 4 - 10h50, 13h, 15h10, 19h10, 17h20 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 12h55, 15h40, 18h25, 21h10; Esquecido Sala 6 - 13h35, 16h15, 18h55, 21h35; Um Homem a Abater M16. Sala 7 - 13h25, 16h, 18h40, 21h15; O Expatriado M12. Sala 8 - 17h25, 19h40, 21h55; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 8 - 11h20, 14h10; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 9 - 13h55, 16h20, 18h45, 21h10; Força Ralph M6. Sala 9 - 11h20, 14h10
Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Snitch - Infiltrado Sala 2 - 15h20, 18h30, 21h30; Nómada M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15
Portimão
Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 15h, 17h30, 19h30, 21h30; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 2 - 14h, 15h45 (V.P.); Um Refúgio para a Vida M12. Sala 2 - 15h45, 18h, 21h45
Tavira Zon Lusomundo TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996Dou-lhes Um Ano M12. 21h45; Esquecido 15h45, 18h30, 21h15; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 15h15, 17h20, 19h20, 21h25; Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h25, 19h30, 21h40; Gladiadores 15h15 (V.P./2D), 17h25, 19h35 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h20, 21h10
TEATROLisboaA Barraca - Teatro Cine ArteLargo de Santos, 2. T. 213965360 Menino de sua Avó Enc. Maria do Céu Guerra, Adérito Lopes. De 10/4 a 28/7. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h (excepto dia 27 de Abril). M/12. Estrela HallRua da Estrela, 10. T. 213961946 When Were You Happiest Enc. Robert Clowes. De 25/4 a 27/4. 5ª a Sáb às 21h. De 3/5 a 5/5. 6ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. De 9/5 a 11/5. 5ª a Sáb às 21h. LX FactoryRua Rodrigues Faria, 103. T. 213143399 Conversas Depois de um Enterro Enc. Renato Godinho. De 18/4 a 28/4. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 214788120 A Alegre História de Portugal em 90 minutos Comp.: Companhia do Teatro Bocage. Enc. Mauro Toledo. Dia 25/4 às 16h. Dia 1/5 às 16h. M/6. 90m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Por Tudo e Por Nada Enc. Jorge Silva Melo. De 13/3 a 27/4. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358
Pequenas Comédias Enc. António Pires. De 10/4 a 28/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. Liberdade (Parque Mayer). T. 213461740 Humor com Humor se Paga Enc. Mário Rainho. A partir de 1/11. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h30 e 21h30. Dom às 16h30. M/12. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 A Liberdade é um Lugar Inquieto Enc. Marco Paiva. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h , 18h30, 19h, 19h30 e 20h. M/12. 15m. Cinderela a Dias - I Think We Have Made The Fairytale Fashionable Again Enc. Laura L. Tomaz. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05 , 18h35, 19h05, 19h35 e 20h05. M/12. 15m. E a que brindamos? Enc. Adriano Luz. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20 , 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25. M/12. 15m. Lápis Azul Enc. Tiago Torres da Silva. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15 , 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15. M/12. 15m. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 TOC TOC Enc. António Pires. A partir de 13/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 TimeLine De Cecília Henriques, Raimundo Cosme, Rita Chantre. De 25/4 a 5/5. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Casa de Campo Enc. Frederico Corado. De 31/1 a 27/4. 5ª a Sáb às 19h30. Isto É Que Me Dói! Enc. Francisco Nicholson. De 2/1 a 19/5. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. M/12.
AlmadaTeatro Municipal Joaquim BeniteAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 Negócio Fechado Comp.: Companhia de Teatro de Almada. Enc. Rodrigo Francisco. De 28/3 a 28/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.
CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Viagem à Roda da Parvónia Teatro Experimental de Cascais. Enc. Carlos Avilez. De 13/4 a 26/5. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12.
Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Tudo a Nu Enc. Fraga. De 20/3 a 27/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. 120m.
PombalTeatro-Cine de PombalPç. Manuel Henriques Júnior. T. 236210540 Capuchinho Vermelho XXX Grupo: Teatro de Marionetas do Porto. Enc. João Paulo Seara Cardoso. Dia 25/4 às 22h. M/12. 35m.
EXPOSIÇÕESLisboaCarlos Carvalho - Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos, Lote F - r/c. T. 217261831 Flat-Pack Native and Other Pacific Constructions De Carlos Noronha Feio. De 16/3 a 27/4. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 12h às 19h30. Pintura. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400
No ano que marca o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal (1913-2005), o espectáculo Um Dia os Réus Serão Vocês: O Julgamento de Álvaro Cunhal lembra esta figura histórica, baseando-se na defesa que o líder comunista apresentou para si próprio em Maio de 1950. Uma ideia original do recentemente falecido Joaquim Benite, com
encenação e dramaturgia de Rodrigo Francisco e participação de Luís Vicente (na foto), João Farraia e Manuel Mendonça. Até 28 de Abril, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, com sessões às 21h30, domingo às 16h. O bilhete custa 13€, sujeito a desconto. A peça segue depois para Faro, de 1 a 4 de Maio, e Portimão, a 5. M/12.
O julgamento de Álvaro Cunhal em AlmadaRUI CARLOS MATEUS
36 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
SAIRARX Arquivo/Archive De Nuno Mateus + José Mateus. De 21/3 a 21/7. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arquitectura. CulturgestRua Arco do Cego. T. 217905155 Esculturas Sonoras 1994-2013 De Rui Toscano. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Retrato de Michel Auder De Michel Auder. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Espaço Round The Corner - Porta 9F/9GR. Nova da Trindade . T. 213420000 Em Casa De Rui Telmo Romão. De 6/4 a 27/4. 4ª, 5ª e 6ª das 13h às 18h. Sáb das 13h às 19h. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Estes e Outros Encontros: Obras da Colecção Fundação Luso-Americana e Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva Com Ana Hatherly, Vieira da Silva. De Helena Almeida, Lourdes Castro, Rui Chafes, Ana Jotta, Vítor Pomar, António Poppe, Rui Sanches. De 18/4 a 14/7. 4ª a Dom das 10h às 18h. Vieira da Silva, Agora De 14/3 a 16/6. 4ª a Dom das 10h às 18h (grátis ao Dom das 10h às 14h). Pintura. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 360º Ciência Descoberta De 2/3 a 2/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Clarice Lispector - A Hora da Estrela De 4/4 a 23/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Ocupações Temporárias De 11/4 a 26/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Galeria 111Campo Grande, 113. T. 217977418 Laurissilva De Pedro Vaz. De 16/3 a 27/4. 3ª a Sáb das 10h às 19h. Pintura. Galeria DiferençaRua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193 As meninas que habitam em mim De Maria Eugénia Medeiros. De 13/3 a 27/4. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Apanhar Cogumelos é uma Atitude Perigosa De Gerard Hemsworth, Pedro Proença, Cindy Sherman, Susanne Themlitz, Inez Teixeira, Robert Wilson. De 9/3 a 26/4. 2ª a 6ª das 15h às 19h.Galeria Miguel NabinhoRua Tenente Ferreira Durão. T. 213830834
10h às 18h. Desenho. Ilusionismos - Os Tectos Pintados do Palácio Alvor De 8/3 a 26/5. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Pintura. Obra Convidada: Lucas Cranach, o Velho. Judite com a cabeça de Holofernes De 24/1 a 28/4. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX De Vários autores. A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.Paços do ConcelhoPraça do Município. Tráfico de Mulheres - Escravatura dos Tempos Modernos De 14/3 a 28/4. 2ª a 6ª das 10h30 às 18h. Documental, Outros. Picadeiro do Antigo Colégio dos NobresR. Escola Politécnica, 60. The Devil’s Breath - Parte I De Pedro Valdez Cardoso. De 21/3 a 27/4. 5ª a Sáb das 14h às 19h.Prova de ArtistaRua Tomás Ribeiro, 115 - Loja 1. T. 213199551 Nas Margens da Linha De António Areal, Fernanda Maio, Francisco Simões, J. M. Rocha de Sousa, Manuela Cristóvão, Ricardo Pacheco, Teresa Gonçalves Lobo, Diogo deCalle, entre outros. De 7/3 a 30/4. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Desenho. Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Exposição Antológica: Jaime Silva De 12/3 a 27/4. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura, Desenho. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Sérgio Pombo De 13/2 a 27/4. 3ª a 6ª às 17h (até ao final do espectáculo). Sáb às 15h (até ao final do espectáculo). VPFCream ArteRua da Boavista, 84 - 2º. T. 213433259 Vita Brevis De Fabrizio Matos. De 7/3 a 27/4. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação.
MÚSICALisboaColiseu dos RecreiosR. das Portas de Santo Antão. T. 213240580 Amadou & Mariam Dia 25/4 às 22h.Espaço Brasil (Lx Factory)Rua Rodrigues de Faria, 103. T. 213143399 Celso Fonseca + Banda de Pífanos de Bendegó Dia 25/4 às 22h. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Into the Little Hill + Dido e Eneias Orq.Gulbenkian. Enc. Luca Aprea. De 25/4 a 26/4. 5ª às 21h. 6ª às 19h. Em inglês com legendas em português. Duração: 2h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Jorge Reis Quinteto De 25/4 a 27/4. 5ª a Sáb às 22h30. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24. T. 213430107 Simply Rockers SoundSystem Dia 25/4 às 23h. Ritz ClubeRua da Glória, 57. T. 937900346 Indie by Night: Enchufada Dia 25/4 às 23h. TMN ao VivoRua Cintura Porto Lisboa. T. 213220160 The Ramblers Dia 25/4 às 22h (I Lisbon Blues Fest).
AmadoraEspaço Cultural Recreios da AmadoraAvenida Santos Mattos, 2. T. 214369055 Orquestra Municipal Geração Amadora Dia 25/4 às 18h30.
LeiriaTeatro José Lúcio da SilvaAvenida Heróis de Angola. T. 244834117 Pedro Barroso Dia 25/4 às 21h30 (M/3).
OdemiraLargo Brito PaisEnsemble Project: Tributo de Ary a Zeca Dia 25/4 às 22h.
SAIRAna Maria De Ana Jotta. De 25/1 a 30/4. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Are you still awake? De João Pedro Vale, Hugo Canoilas, João Tabarra, Alexandre Estrela, Julião Sarmento, Ana Hatherly, Mauro Cerqueira, entre outros. De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arte Portuguesa 1850-1975 De João Cristino da Silva, Columbano Bordalo Pinheiro, João Marques de Oliveira, António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy, entre outros. De 20/2 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Hetero Q.B. De Ana Bezelga, Ana Pérez-Quiroga + Patrícia Guerreiro, Carla Cruz, Elisabetta di Sopra, Lilibeth Cuenca Rasmussen, Mare Tralla, Oreet Ashery, Rachel Korman, Roberta Lima, Zanele Muholi, entre outros. De 9/4 a 30/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30).MUDE - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Com esta Voz me Visto. O Fado e a Moda De 22/11 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Design, Documental. Interiores: 100 anos de Arquitectura de Interiores em Portugal De 20/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Design, Arquitectura. Made In Portugal - Iberomoldes De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Nacional e Ultramarino. BNU e a Arquitectura do Poder: entre o Moderno e o Antigo De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Percursos. Barro Negro/ Castanho/Ferro/ Granito De Linde Burkhardt. De 11/4 a 18/8. 3ª a Dom às 10h (última admissão às 17h45. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 20h. Museu Colecção BerardoPraça do Império, CCB. T. 213612878 Angela Detanico, Rafael Lain. Amplitude De 20/2 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). BES Photo 2013 De Albano Silva Pereira, Filipe Branquinho, Pedro Motta, Sofia Borges. De 17/4 a 2/6. Todos os dias das 10h às 19h. Da Solidão do Lugar a um Horizonte de Fugas De Douglas Gordon, Ângela Ferreira, Miguel Palma, Eugenio Dittborn,
Caetano Dias, João Tabarra, Augusto Alves da Silva, Justine Triet, Jimmie Durham. De 19/12 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Cartazes de Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política De 25/1 a 27/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Documental, Outros. Deuses da Ásia De Vários autores. A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito 18h às 22h). Do Vasto e Belo Porto de Lisboa De 1/3 a 27/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Macau. Memórias a Tinta-da-China De Charles Chauderlot. De 1/2 a 30/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Presença Portuguesa na Ásia. O Coleccionismo de arte do Extremo Oriente De Vários autores. A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito das 18h às 22h). Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes, 1249. T. 213912800 Deambulações. Desenhadores Franceses em Portugal nos séculos XVIII e XIX De 28/2 a 5/5. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das
Amadou & Mariam apresentam Folila
FARMÁCIAS
Serviço PermanenteAlmeida (Campo de Ourique) - Rua Silva Carvalho, 136 - Tel. 213881726 Geny (Luz - Parque dos Principes) - Rua Fernando Namora 44 - C - Tel. 217111730 Moz Teixeira (Conde Barão) - Rua do Poço dos Negros, 115/117 - Tel. 213901961 Veral (Chile - Alto de S. João) - Rua Morais Soares, 109 - 111 - Tel. 218123608 Picoas (São Sebastião da Pedreira) - Rua Viriato, 29A - Tel. 213548966213548966 Parque das Nações (Santa Maria dos Olivais) - Jardim dos Jacarandás, Lote 4.28.01, H - Tel. 218947001/218947000
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Brito, Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Vaz Carmona, Central - Almada, Nita (Charneca de Caparica), Pepo (Vila
Nova da Caparica) Almeirim - Mendonça Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Girassol, Jardim, Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Roldão Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J. A. Pacheco Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Branco Lisboa Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Das Fontainhas, Marques dos
Santos (Estoril), Artur Brandão (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Moura (Vale de Cavalos) Constância - Baptista Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Rosado e Silva Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Grijó Évora - Diana Faro - Da Penha Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - A Lacobrigense Leiria - Oliveira (Marrazes) Loulé - Miguel Calçada, Nobre Passos (Almancil), Pinto Loures - Banha (S. Cosme), Faria (Santo António dos Cavaleiros), Pedro Santos (Vale Figueira) Lourinhã - Marteleirense, Pacheco (Ribamar) Mação - Saldanha
Mafra - Ericeirense (Ericeira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Do Vale Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano, Nova de Odivelas Oeiras - Miramar, Central Park (Linda-a-Velha), Sacoor Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Iriense, Moderna Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Central Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Portalegrense Portel - Misericordia Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo -
Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Baptista Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Quinta da Torre Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia, Rodrigues Pata, Lopes Setúbal - Alice, Isabel Silves - Dias Neves, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Baião Santos, De Fitares, Fidalgo, Garcia (Cacém), Nave Ribeiro (Montelavar), Azeredo (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Sousa Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Espadanal Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Botto e Sousa, Do Forte, Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 37
FICAR
CINEMAUma Traição Fatal [Haywire]TVC1HD, 21h30Mallory Kane é uma das mais bem
treinadas agentes da CIA. Mas,
depois de uma bem-sucedida
missão, que consistia em libertar
um jornalista chinês, Mallory é
atraiçoada e abandonada à morte
pelas pessoas em quem confi ava.
Ao sobreviver, torna-se uma
ameaça e, por isso, um alvo a
abater. Porém, preparada ao mais
alto nível para enfrentar todo o
género de ameaças, a ex-agente
vai usar todas as suas armas
contra os seus perseguidores,
num jogo em que a vingança,
e não a sobrevivência, se torna
o grande objectivo. De Steven
Soderbergh.
Tabu [Tabu]TVC2HD, 22h00Aurora é uma idosa
temperamental e excêntrica; Pilar,
uma vizinha dedicada; e Santa,
a empregada cabo-verdiana.
Ao sentir a aproximação do
fi m, Aurora faz-lhes um pedido
invulgar: quer encontrar-se com
Gianluca Ventura, alguém que até
àquele momento ninguém sabia
existir. Assim, dispostas a cumprir
o desejo da velha senhora, Pilar
e Santa acabam por descobrir
que os dois viveram uma história
de amor e crime no passado.
Realizado por Miguel Gomes.
Rocky Balboa [Rocky Balboa]Hollywood, 23h05Sequela produzida em 2006, 16
anos depois de Rocky V. Escrito,
realizado e interpretado por
Sylvester Stallone, o fi lme narra
o regresso ao ringue para um
último round do mítico Rocky. Há
anos que o boxeur está afastado
da ribalta e a sua vida é solitária:
a mulher morreu e o fi lho não
vive com ele. Mas um combate
virtual na televisão dá Rocky
como vencedor num embate
com o actual campeão, Mason
“The Line” Dixon. Rocky é então
incitado a regressar para este
último combate.
INFORMAÇÃO
Linha da FrenteRTP1, 21h00A crise está a levar ao
encerramento de muitas lojas em
Lisboa. No entanto, uma avenida
contraria todas as expectativas
e regista um aumento de ano
para ano. Trata-se da avenida
mais procurada pelas grandes
marcas de luxo. Afi nal, o que se
passa na Avenida da Liberdade?
A 10.ª Avenida é uma reportagem
de Elsa Marujo, com imagem de
Pedro Boa-Alma e edição de Paulo
Nunes.
DESPORTO
Futebol: Fenerbahçe x BenficaSIC, 19h55Directo. O Benfi ca desloca-se a Istambul para enfrentar o Fenerbahçe em jogo da 1.ª mão das meias-fi nais da Liga Europa. André Almeida, Enzo Pérez e Luisão não estão convocados para o compromisso europeu.
SÉRIES
Hatfields & Mccoys: Uma História de SangueSIC, 14h10Estreia da mini-série de três
episódios. Produzida por Kevin
Costner, retrata a rivalidade
entre duas famílias, no período
pós-Guerra Civil Americana.
Anse Hatfi eld (Kevin Costner)
e Randall McCoy (Bill Paxton)
são dois amigos que lutaram
juntos na guerra. Com o fi m do
confl ito, cada um retorna às suas
famílias. Mas o destino leva ao
início de uma violenta rivalidade:
Asa Harmon McCoy, primo de
Randall, é assassinado e Hatfi eld
torna-se o principal suspeito.
INFANTIL
Winx - O Segredo do Reino PerdidoPanda, 17h00Era uma vez, muito longe, no
Reino da Dimensão Mágica, uma
menina chamada Bloom, que
descobriu que era uma fada e
uma princesa. Desde então, a vida
dela transformou-se num conto
maravilhoso. Mas, um dia, Bloom
resolve descobrir a verdade sobre
os seus pais... Por isso parte com
as suas inseparáveis amigas, as
Winx, para o planeta Hoggar, a
fi m de conhecer Hagen, o Senhor
do Aço Brilhante, que lhe pode
dar informações preciosas sobre o
seu passado.
Discovery, 22.55 Jóias sobre Rodas: Porsche Boxster
lazer@publico.pt
RTP19.30 Assembleia da República: Sessão Solene 25 de Abril - Directo 12.07 AntiCrise - Compacto 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Windeck - O Preço da Ambição 15.04 Éramos Seis 15.44 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 20.00 Telejornal - Inclui 360º 21.00 Linha da Frente - A 10.ª Avenida 21.42 AntiCrise 22.05 Sinais de Vida 22.54 Música Maestro 23.46 5 Para a Meia-Noite - Pedro Fernandes convida Manuel João Vieira 0.57 True Justice 1.48 Californication 2.20 Vidas em Jogo
RTP29.01 Dia D - Fernando Bento 9.58 Dia D - Um Boémio de Espírito 10.59 Dia D - Hermínia, Actriz e Fadista 11.58 Dia D - Laura, A Inquietação de Estar Viva 12.50 Dia D - A Preto e Branco e a Cores 13.45 Dia D - Os Presidentes (de Arriaga a Bernardino Machado) 14.47 Dia D - Os Presidentes (de Sidónio Pais a António José de Almeida) 15.49 Dia D - Os Presidentes (de Mendes Cabeçadas a Américo Tomás) 16.53 Dia D - Os Presidentes (Spínola e Costa Gomes) 17.52 Dia D - Os Presidentes (de Ramalho Eanes a Cavaco Silva) 18.55 Dia D - Maria de Lurdes Pintasilgo 19.50 Dia D - António Ferreira Gomes – De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens 20.54 Dia D - Em Nome da Terra, Gonçalo Ribeiro Telles 21.50 24 - Sumário 22.00 Dia D - Joana Vasconcelos - Coração Independente 22.57 Dia D - Fausto - No Final da Trilogia 0.00 24 Horas 1.06 Dia D - Longe de Abril 2.05 Olhar o Mundo
SIC8.45 Filme: Sinbad, A Lenda dos Sete Mares 10.15 Filme: O Gato 11.35 Filme: Space Buddies, Aventura no Espaço 13.00 Primeiro Jornal 14.10 Hatfield´s e Mcoy´s: Uma História de Sangue - Estreia 19.15 Jornal da Noite 19.55 Futebol: Fenerbahçe x Benfica - Directo. Jogo da primeira mão das meias-finais da Liga Europa 22.05 Dancin´ Days 23.00 Avenida Brasil 0.00 Páginas da Vida 1.00 C.S.I. Nova Iorque 1.40 Futebol: Liga Europa - Resumos 2.00 Cartaz Cultural
TVI 6.30 Diário da Manhã 10.08 Você na TV! - Directo 13.00 Jornal da Uma 14.10 Mini-série: O Dia Em Que a Terra Tremeu 17.42 Filme: Soldados da Fortuna 20.00 Jornal das 8 21.45 Big Brother Vip - Diário 22.20 Destinos
Cruzados 23.20 Mundo ao Contrário 00.25 Big Brother Vip - Extra 1.55 Autores 2.52 O Rosto da Mentira
TVC1 10.50 Ghost Rider 12.40 Florbela 14.35 Filhos e Enteados 16.10 A Bússola Dourada 18.00 Ghost Rider 19.50 Drive - Risco Duplo 21.30 Uma Traição Fatal 23.10 Warrior - Combate Entre Irmãos 1.30 Filhos e Enteados
FOX MOVIES13.20 Die Hard: A Vingança 15.25 Alien Vs. Predador 17.03 Porcos & Selvagens 18.40 Viciados no Amor 20.18 Psico 22.00 Jackie Brown 0.35 A 3000 Milhas de Graceland
HOLLYWOOD11.55 Action Zone: Ep. 204 12.20 Um Pai à Maneira 13.55 Mamma Mia! 15.50 Do Cabaré para o Convento 17.30 De Repente, já nos 30! 19.20 A Lenda de Zorro 21.30 Os Flintstones 23.05 Rocky Balboa 0.50 Delírio em Las Vegas
AXN14.41 Jogo de Audazes 15.31 C.S.I. Miami 17.11 Mentes Criminosas 18.51 Jogo de Audazes 19.41 Sherlock 21.30 Inesquecível 22.26 The Mob Doctor 23.20 Hannibal 0.15 Londres Distrito Criminal 1.15 Hospital Central
AXN BLACK14.29 Filme: Cinco Minutos de Paz 16.00 Torchwood 16.55 Boardwalk Empire 18.00 Chuck 18.47 Torchwood 19.42 Sangue Fresco 20.37 Roma Criminal 21.35 Chuck 22.23 Filme: O Misterioso Assassínio em Manhattan 0.12 Chuck 1.00 Sangue Fresco
AXN WHITE14.12 Smash 14.57 Regras do Jogo 15.44 Filme: O Homem Bicentenário 17.54 Gossip Girl 18.40 Smash 19.26 Las Vegas 20.12 Regras do Jogo 21.00 Gossip Girl 21.50 Filme: As Palavras Que Nunca Te Direi 0.00 Gossip Girl
FOX 15.20 Foi Assim Que Aconteceu 16.10 Ossos 17.40 Lei & Ordem 18.25 Lei & Ordem: Intenções Criminosas 19.15 Family Guy 20.00 Os Simpson 20.50 Foi Assim Que Aconteceu 21.20 Casos Arquivados 22.20 Investigação
Criminal: Los Angeles 23.05 Hawai Força Especial 0.55 Spartacus: A Revolta dos Escravos 2.00 Dexter
FOX LIFE 15.36 Body of Proof 16.20 No Meio do Nada 16.44 Uma Família Muito Moderna 17.30 Um Homem Entre Mulheres 18.13 90210 19.01 Masterchef USA 20.30 Body of Proof 21.19 Anatomia de Grey 22.08 American Idol 22.56 Tudo Acaba Bem 23.26 The New Normal 23.50 Body of Proof 0.36 Medium 1.29 Revenge
DISNEY15.30 Um Mar de Esperança 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.55 As Aventuras de Disney Fairies 18.55 Boa Sorte, Charlie! 19.45 Jessie 20.35 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana 21.25 Os Feiticeiros de Waverly Place
DISCOVERY19.10 Mestres de Engenharia: Ponte Fantástica 20.05 Duo de Sobreviventes - Brasil: Seca Verde 21.00 Perdido, Vendido 22.00 Guerra de Propriedades: Aguenta o Calor 22.25 Guerra de Propriedades: Madeira!!!! 22.55 Jóias sobre Rodas: Porsche Boxster 23.45 Armas de Última Geração: Espingardas 0.35 Mestres do Restauro
HISTÓRIA 16.20 O Preço da História: Disparar a Matar 16.45 Revolução Estudantil de Coimbra 17.40 Alienígenas: Tecnologia Extraterrestre 18.30 Grandes Evasões da Segunda Guerra Mundial: A Porta do Inferno 19.25 Alienígenas: Debaixo da Terra 20.10 Pontes do Porto 20.35 Elevadores de Lisboa 21.05 25 Minutos de uma Revolução 21.35 O Preço da História: O Pacificador 22.00 O Terceiro Reich: A Queda, Ep. 1 e 2 23.40 II Guerra Mundial, os Arquivos Perdidos: Preparando o Dia D
ODISSEIA17.00 Os Aventureiros do Mundo Perdido 18.00 Madagáscar: Terra de Pó e Calor 19.00 Materiais de Última Geração: O Mais Inteligente 20.00 Garbage Dreams (O Povo do Lixo) 21.00 1000 Formas de Morrer II: Ep. 1 e 2 22.00 Armas que Mudaram o Mundo II: A Metralhadora Browning M2 23.00 Armas que Mudaram o Mundo II: Espingardas de Combate
covery, 22.55 Jóias sobre das: Porsche Boxster
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38 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
JOGOSCRUZADAS 8315
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TEMPO PARA HOJE
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Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
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Viana do Castelo
Braga11º 26º
Porto13º 22º
Vila Real11º 25º
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Bragança8º 24º
Guarda10º 21º
Penhas Douradas8º 18º
Viseu12º 24º
Aveiro13º 23º
Coimbra13º 26º
Leiria10º 25º
Santarém13º 27º
Portalegre9º 25º
Lisboa15º 26º
Setúbal11º 27º Évora
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Beja10º 25º
Castelo Branco11º 26º
Sines12º 23º
Sagres13º 22º
Faro13º 25º
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Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
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Flores
Terceira14º 17º
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Cheia
20h23
20h5725 Abr.
1-1,5m
3-4m
25º
2-3m
18º1m
18º1,5-2m
20h57 3,515h30 3,5
09h18 0,421h37 0,4
20h57 3,515h05 3,5
08h52 0,621h11 0,5
20h57 3,415h13 3,4
08h47 0,421h07 0,4
2-2,5m
2-2,5m
5m
14º
16º
15º
Horizontais 1. Faculdade de uma pes-soa poder dispor de si, fazendo ou dei-xando de fazer por seu livre arbítrio qual-quer coisa. 2. Do feitio de ovo. Terreno onde crescem oliveiras. 3. Contracção da prep. “de” com o pron. dem. “a”. Substância alcalóide obtida da espiga do centeio, e que tem aplicação medi-camentosa. 4. Televisão. Sal derivado de ácido úrico. 5. Por um triz. Preposição que designa posse. 6. Alternativa. Terceira nota musical. Instrumento cur-vo para ceifar. 7. Senhora (Bras.). Cingir. Outra coisa (ant.). 8. O açúcar empre-gado como excipiente (Farmácia). Escudeiro. 9. Guarnecer com abas. Unidade monetária da Nigéria. 10. Sofrimento. Realidade. 11. Curral de ovelhas. Verbal.
Verticais: 1. Terra misturada com de-tritos orgânicos no fundo da água. Esqueleto. 2. Imposto sobre o Valor Acrescentado (abrev.). Fruto capsular
cónico, produzido pelo quiabeiro (Bras.). 3. Bário (s.q.). A tua pessoa. Animal arac-nídeo de pequenas dimensões (alguns microscópicos), que provoca no ho-mem a sarna e alergias. 4. Fazem subir. Atmosfera. 5. Fechar as asas (a ave) para descer mais rapidamente. Observei. 6. Raça de cão de guarda, de cabeça vo-lumosa, focinho achatado e pêlo curto. Vasilha de aduelas, de grande lotação, para vinhos. 7. Impulso. Proferir por pa-lavras. 8. Indivíduo que reúne tempo-rariamente em si todos os poderes do Estado. Partido. 9. Impedi. Lavrar. 10. Espaço de 12 meses. Nome de um pás-saro dentirrostro de arribação. 11. Fileira. Diligência e pontualidade em qualquer serviço. Artigo antigo.
Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Clarice Lispector (3 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Empata. Emir. 2. TERMINADA. 3. Ao. Imerso. 4. Or. Selim. 5. Ar. Zanga. 6. ATINADA. Ali. 7. Aqui. Danar. 8. Cru. Piela. 9. Elar. Gris. 10. Nazarita. Mo. 11. Alar. Zurro.Verticais: 1. Etno. Cena. 2. Me. Ratar. Al. 3. Pra. RIQUEZA. 4. Amos. Nu. Lar. 5. Ti. Enaipar. 6. Anil. Iriz. 7. AMIZADE. Tu. 8. Edema. Algar. 9. Mar. Nanar. 10. Sigla. Imo. 11. Rio. Airoso.Provérbio: Riqueza atinada, amizade terminada.
Oeste Norte Este Sul 1♣ passo 1♥passo 2♣ passo 3STpasso 3ST Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre.
Carteio: Saída: J♠. Qual a melhor linha de jogo?
Solução: A melhor linha de jogo con-siste em jogar desde logo um pequeno pau do morto, com a intenção de jogar o 8 da mão. Este plano assegurará o con-trato contra qualquer distribuição 3-2 dos paus, assim como as distribuições 4-1 desde que o singleton seja o Ás ou o Valete.Na configuração que estava, Este não conseguirá fazer melhor do que pren-der a vaza com o seu Valete para voltar a jogar espadas. Uma segunda volta de paus, para o Rei do morto, e Este ficará sem defesa. Pode fazer o seu Ás agora, ou na volta seguinte, e atacar copas, li-mitando o declarante a nove vazas, mas não mais do que isso.Existem duas esparrelas a evitar. A pri-
Dador: NorteVul: EO
Problema 4818 Dificuldade: fácil
Problema 4819 Dificuldade: difícil
Solução do problema 4816
Solução do problema 4817
NORTE♠ K♥ J85♦ AJ6♣ KQ10975
SUL♠ AQ53♥ K964♦ K93♣ 82
OESTE♠ J10986♥ AQ103♦ 42♣ 63
ESTE♠ 742♥ 72♦ Q10875♣ AJ4
João Fanha/Luís A.Teixeira (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
meira é a vir à mão no Rei de ouros para jogar o 8 de paus e deixar correr. Depois de fazer o Valete, Este contra-atacará com o 7 de copas, para a Dama de Oeste que, virará um ouro, para eliminar a últi-ma entrada do morto.A segunda armadilha é a de jogar o Rei de paus à segunda vaza. Na configura-ção atual, Este deixa fazer e, assim, fica-remos com problemas de entradas para o naipe de paus.
Oeste Norte Este Sul 1♦ 2♦* passo?*- Bicolor rico
O que marca com a seguinte mão?♠95 ♥82 ♦K54 ♣QJ10982
Resposta: Embora seja tentador mar-car 3 paus, o mais sensato é marcar 2 copas, por forma a manter o leilão em lume brando. A voz de 3 paus, embora não seja forcing, deverá prometer mais jogo, pois deixa ainda a possibilidade de se jogar uma partida caso o parceiro te-nha uma boa intervenção. A boa voz: 2 copas.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 39
Life&StyleVer mais emlifestyle.publico.pt/pessoas
Rihanna foi ver strip e gastou 8 mil dólares!
As 50 Sombras de Grey chamam por Van Sant
Ben vai viver um dia com apenas 1,15 euros
É a mais odiada, mas também é a mais bonita
Hoje não se critica uma ida ao clube
de strip — já é aceite no circuito
da noite e por isso não vamos
condenar Rihanna. A questão
aqui é que há um vídeo desse
acontecimento e a América desatou
a comentá-lo. Dia: 22 de Abril.
Cidade: Atlanta. Local: Magic City.
Segundo o site TMZ, Rihanna gastou
8 mil dólares (mais de 6 mil euros)
com as dançarinas, entre notas
atiradas ao ar e outras colocadas
na invisível roupa interior. Rihanna
adorou e tweetou: “Best stress
reliever=$tripper$” (melhor forma
de acalmar o stress — strippers).
E se a adaptação para cinema da
excitante obra para uns, mal escrita
para outros As Cinquenta Sombras
de Grey fosse da autoria de Gus van
Sant? Seria melhor do que o livro.
Pois o realizador está interessado
no projecto e para mostrar que é
o homem certo para o trabalho
decidiu fazer um teste real: diz o
Guardian que fi lmou uma tórrida
cena de sexo com Alex Pettyfer no
papel do bilionário Christian Grey.
Seja como for, este será um fi lme
que não pode ser visto por crianças,
cardíacos e humanos em geral que
não tenham vida sexual activa.
Ben Affl eck vai participar na
campanha contra a pobreza Live
Below the Line de forma original:
viverá pelo menos um dia com 1,5
dólares (1,15 euros) para angariar
dinheiro — segundo o site da
iniciativa há 1,4 mil milhões de
pessoas no mundo que vivem
abaixo da linha de pobreza. Ben
não é o único famoso a participar,
mas é o mais sonante. Ben é um
homem de causas, mas teria muito
mais impacto se em vez de 24
horas vivesse essa experiência
durante pelo menos uma semana.
Seria de fugir do aspecto dele...
Para a revista Star Gwyneth Paltrow é a celebridade mais odiada de Hollywood; para Robert Downey Jr. ela é uma snob, disse há dias, meio a brincar e ao lado da actriz, na conferência de imprensa de promoção do filme Iron Man 3; para a revista People ela é a mulher mais bonita do mundo em 2013, destronando Beyoncé (rainha em 2012). A People diz que Gwyneth está fabulosa, agora que chegou aos 40. A actriz não queria acreditar na escolha: “Honestamente, pensei que era alguém a gozar comigo. Tive de ler o email três vezes. Pensei: ‘Isto não pode ser verdade.’ Até desenvolvi dislexia a pensar que não estava a ler a mensagem correctamente!” Na lista das top ten mais belas de 2013 seguem-se Kerry Washington, Amanda Seyfried, Zooey Deschanel, Jane Fonda (será erro?), Jennifer Lawrence, Kelly Rowland, Halle Berry, Drew Barrymore e Pink. Este ranking foi estreado pela People em 1990, com Michelle Pfeiffer. Julia Roberts foi eleita quatro vezes: 1991, 2000, 2005 e 2010.
DANNY MOLOSHOK/REUTERS
PESSOAS
HOJE FAZEM ANOS
Alberto Martins, deputado do PS, 68; Mário Laginha, pianista, 53; Maria José Canhoto (“Alexandra”), cantora, 63; Albert Uderzo, autor de BD, 86; Johann Cruyff, antigo jogador, 66; Al Pacino, actor, 73; Renee Zellweger, actriz, 44; Paul Mazursky, actor e realizador, 83; Bertrand Tavernier, realizador de cinema, 72
40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
O ambiente não assusta o Benfi ca,o Fenerbahçe talvez
Jorge Jesus prevê equilíbrio na meia-fi nal da Liga Europa e admite montar estratégia de contenção, mas quer fazer golos em Istambul. Treinador dos turcos promete “pressionar muito” o adversário
Fenerbahçe 4-3-3
Benfica 4-2-3-1
ZieglerYoboKorkmazGonul
Demirel
Artur
Gaitán
Lima
MaxiJardelGarayMelgarejo
SalvioOla John
Topal
R. Meireles
Sow
Estádio Sukru SaracogluIstambul
Árbitro: Milorad Mazic Sérvia
20h05SIC
Webo
Cristian
Kuyt
Matic André Gomes
MURAD SEZER/REUTERS
Um momento de descontracção durante o treino de ontem, já no relvado do Estádio Sukru Saracoglu
O Benfi ca joga esta noite (20h05,
SIC), frente ao Fenerbahçe, os pri-
meiros 90 minutos de uma eliminató-
ria que poderá levar os “encarnados”
de regresso a uma fi nal europeia, 23
anos depois. Caso consiga superar o
emblema turco e garantir um lugar
no jogo que decidirá o vencedor da
Liga Europa, marcado para Maio, em
Amesterdão, o Benfi ca voltará a ter
a hipótese de juntar um troféu euro-
peu à galeria. Jorge Jesus tem reitera-
do que a prioridade passa pelo cam-
peonato, mas, tendo chegado a uma
fase tão adiantada, não quererá des-
perdiçar uma oportunidade destas.
Na antevisão da partida, ontem,
em Istambul, o técnico falou apenas
de passagem sobre os compromissos
internos que ainda faltam aos “encar-
nados”. E para dizer que vai “pensar
numa coisa de cada vez”, quando
questionado sobre a proximidade do
importante jogo na Madeira frente ao
Marítimo, da 27.ª jornada da I Liga.
Quanto ao encontro desta noite
contra o Fenerbahçe — que já está a
fazer história pelo simples facto de
disputar esta meia-fi nal —, o treina-
dor do Benfi ca assegurou que os seus
jogadores estão preparados para o
que vão encontrar. Dentro e fora de
campo. O ambiente fervoroso pelo
qual são reconhecidos os estádios
turcos não assusta os “encarnados”,
garantiu Jorge Jesus. “Ao longo destes
quatro anos de competições euro-
peias, estamos habituados a todo o
tipo de ambientes. Não é por aí que o
Fenerbahçe poderá ter vantagem so-
bre o Benfi ca”, disse, apontando: “A
maior difi culdade será a mobilidade
dos três avançados e a qualidade dos
seus jogadores. Mas já contra o New-
castle apanhámos avançados rápidos
e com muita qualidade.”
À confi ança manifesta no discurso
de Jorge Jesus deverá juntar-se uma
dose de calculismo. Porque o téc-
nico admitiu apresentar esta noite
uma equipa mais vocacionada para
a contenção: “Não vamos fugir das
nossas ideias, [mas] nestas alturas a
componente estratégica do jogo tem
infl uência. É natural que avancemos
para uma situação dessas”.
O Benfi ca nunca ganhou em solo
turco, somando dois empates e uma
FutebolTiago Pimentel, em Istambul
derrota em visitas à Turquia. E vai en-
contrar no Fenerbahçe uma equipa
ferida no orgulho. Na última jornada
do campeonato, foi derrotada (2-0)
pelo Gençlerbirligi, deixando o Gala-
tasaray ampliar para sete os pontos
de vantagem que tem na liderança da
classifi cação. A Liga Europa pode ser
a salvação da época para a equipa de
Raul Meireles. E o treinador dos “ca-
nários”, Aykut Kocaman, está cons-
ciente disso mesmo: “Este é um dos
jogos mais importantes da história do
Fenerbahçe. Vamos pressionar muito
o Benfi ca. Nós e os adeptos acredita-
mos que podemos vencer.”
Tendo isso em mente, para Jorge
Jesus o resultado de Istambul não se-
rá decisivo. “Acreditamos que esta
eliminatória não se vai resolver num
jogo”, sublinhou. “Queremos estar
ao nível do que temos feito, princi-
palmente quando jogamos fora do
nosso estádio”, acrescentou o trei-
nador do Benfi ca. E isso passa por
marcar golos. “Fazemos golos em to-
do o lado, e amanhã [hoje] também
queremos que assim seja”, vincou.
Luisão não está disponível e será
rendido por Jardel no eixo da defesa.
Já para o lugar de Enzo Pérez, casti-
gado, há várias alternativas, admitiu
Jorge Jesus: “O André Gomes tem si-
do a alternativa mais utilizada, mas
não é a única”, frisou, juntando-lhe
os nomes de Roderick Miranda e de
Carlos Martins.
Rejeitando o “ligeiro favoritismo”
atribuído ao Benfi ca pelo treinador
do Fenerbahçe, Aykut Kocaman,
Jorge Jesus previu uma eliminatória
equilibrada. “Numa meia-fi nal da
Liga Europa não há favoritismo pa-
ra ninguém. As equipas têm os seus
defeitos e virtudes”, concluiu. Imune
— garantiu o técnico — ao fervor que
o Estádio Sükrü Saracoglu mostrará
esta noite, o Benfi ca terá de demons-
trar que as virtudes são mais do que
os defeitos.
Chelsea na Suíça
Turcos vêem prémio subir para 3,8 milhões
Cinco milhões de dólares (cerca de 3,8 milhões de euros) é quanto o plantel do Fenerbahçe,
incluindo o médio português Raul Meireles, vai receber como prémio monetário, caso elimine o Benfica nas meias-finais da Liga Europa.
De acordo com a imprensa turca, os donos do Fenerbahçe decidiram abrir os cordões à bolsa e aumentar os prémios de jogo para os seus jogadores, podendo esse montante subir aos 10 milhões de dólares (cerca de 7,7 milhões de euros) caso vençam mesmo a competição.
A equipa orientada por Aykut Kocaman está praticamente afastada do título nacional e, apesar de se ter apurado para as meias-finais da Taça da Turquia, aposta tudo na Liga Europa e na primeira conquista de uma competição do velho continente. Até porque, até esta temporada, o máximo que o Fenerbahçe tinha alcançado nas competições da UEFA tinham sido os quartos-de-final da Liga dos Campeões, em 2007-08, fase na qual seria derrotado pelo Chelsea.
A formação londrina, de resto, poderá até voltar a encontrar os turcos na Europa, se ambos vencerem as eliminatórias que têm pela frente. Hoje, o primeiro round das meias-finais da competição completa-se com o Basileia-Chelsea. Os blues, que cumprem esta época a primeira participação na Liga Europa, terão de fazer algo que nenhum outro clube conseguiu até agora na prova: vencer no Estádio St. Jakob-Park. Benayoun, que já marcou nas meias-finais da prova pelo Liverpool, em 2009-10, pode ser uma ajuda importante para os britânicos.
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 41
Lewandowski soma agora 10 golos em 11 jogos na competição
Robert Lewandowski foi tudo me-
nos discreto na sua primeira parti-
cipação num jogo das meias-fi nais
da Liga dos Campeões de futebol.
O ponta-de-lança polaco deixou o
Borussia de Dortmund às portas da
fi nal — e a Alemanha muito perto de
um jogo do título 100% nacional —,
ao marcar os quatro golos da vitória
caseira da sua equipa sobre o Real
Madrid (4-1).
O duelo de ontem no Estádio
Signal Iduna Park, em Dortmund,
será para sempre recordado como
o jogo de Lewandowski, que viveu
uma noite histórica que aproximou
a equipa orientada por Jürgen Klo-
pp da sua segunda fi nal da Liga dos
Campeões, depois do triunfo em
1996-97 (com a contribuição de
Paulo Sousa).
“Defi nitivamente ganhou a melhor
equipa”, admitiu José Mourinho.
“Perdemos Lewandowski de vista em
três golos”. O avançado de 24 anos
tornou-se o primeiro na história da
principal prova europeia de clubes a
anotar quatro golos numa meia-fi nal
e também nenhum outro jogador ti-
nha obtido um póquer contra o Real
nas competições europeias.
A formação espanhola, por seu la-
do, só se pode agarrar ao golo mar-
cado por Cristiano Ronaldo, que a
deixa numa posição ligeiramente me-
lhor do que o rival Barcelona, que na
véspera também sofreu quatro golos
perante o Bayern Munique, mas não
obteve nenhum. José Mourinho, que
além de Ronaldo apostou também
em Fábio Coentrão e Pepe de início,
pode sempre referir aos seus jogado-
res os três casos em que o Real recu-
perou uma desvantagem de três ou
mais golos nas provas da UEFA.
Mas o resultado traduz fi elmente a
diferença de qualidade e andamento
que os dois clubes mostraram nesta
primeira mão. Lewandowski, que
na próxima época deve seguir Mario
Götze para Munique, marcou todos
os golos do Dortmund, mas não jo-
gou sozinho. O polaco foi um quebra-
cabeças para Pepe, que foi batido em
dois golos e ainda o colocou em jogo
em outro, mas também Marco Reus,
Götze, Kuba e Ilkay Gündogan foram
Lewandowski histórico: primeiro póquer numa meia-final e ao Real Madrid na UEFA
pois de uma bola metida na área por
Reus, e o terceiro aos 55’ num lance
semelhante (o remate desta vez é de
Marcel Schmelzer) concluído com
grande classe. Este último foi o me-
lhor golo do jogo, mas Lewandowski
ainda não tinha terminado o seu tra-
balho, marcando o seu 10.º golo em
11 jogos na prova: desta vez na trans-
formação de um penálti por empur-
rão de Xabi Alonso a Reus (67’). Pelo
meio houve uma grande jogada indi-
vidual do médio Gündogan, travada
por uma grande defesa do guarda-re-
des visitante, que também teve de se
esforçar aos 78’ para evitar o quinto
do ponta-de-lança adversário.
O Real foi dominado, mas teve
oportunidade nos momentos fi nais
de reduzir a goleada: Roman Wei-
denfeller saiu rápido aos pés de Ro-
naldo e o central Varane errou o alvo
num canto. Depois da Taça UEFA de
1979-80 entre Eintracht Frankfurt e
Borussia Mönchengladbach, a Ale-
manha está perto de voltar a ter dois
clubes numa fi nal europeia.
problemas de difícil resolução para
o Real Madrid. O facto de o guarda-
redes Diego López ter sido um dos
melhores da sua equipa foi outro si-
nal de desequilíbrio.
O Dortmund, que é como quem diz
Lewandowski, marcou cedo. Reus foi
o primeiro a testar López e aos 8’ já
os adeptos da casa festejavam. Götze
cruzou da esquerda e o homem da
noite inaugurou o marcador. Ronal-
do tentou empatar de livre, mas foi
de bola corrida que o conseguiu. Pa-
ra marcar, o Real Madrid precisou de
um erro grave do normalmente fi ável
Mats Hummels, que deixou a bola à
mercê de Higuaín para este fazer a
assistência para o golo fácil do inter-
nacional português. Ronaldo chegou
aos 12 golos esta época na Liga dos
Campeões e marcou pelo sexto jogo
seguido na prova, igualando os feitos
do turco Burak Yilmaz e do franco-
marroquino Marouane Chamakh.
Mas o registo famoso do encontro
pertenceu ao n.º 9 dos visitados. O
seu segundo golo chegou aos 50’, de-
Liga dos CampeõesManuel Assunção
Noite de sonho do polaco e de pesadelo para a equipa de Mourinho, que tem de recuperar três golos para estar na final
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42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
O futebol esteve longe de ser
um veículo de propaganda do
Estado Novo, que até atrasou o
desenvolvimento da modalidade.
Eusébio só não saiu de Portugal
mais cedo porque tinha de ir à
tropa. E não houve um clube do
regime, embora o Sporting tenha
sido o emblema que teve mais
fi guras ligadas ao poder. Estas são
algumas das ideias defendidas
pelo historiador Ricardo Serrado,
no livro O Estado Novo e o Futebol,
recentemente publicado.
No seu livro refuta a ideia de
que o Estado Novo se ancorou
nos três “efes”: fado, futebol e
Fátima. Como constatou isso?
Quando parti para a minha tese,
que serve de base a este livro, tinha
a ideia comum de que o futebol
fora intensamente politizado e
instrumentalizado neste período.
Desde que me lembro, ouço dizer
que Portugal era futebol, fado
e Fátima. Para grande surpresa
minha, apercebi-me de que as
coisas não eram de todo assim. O
futebol não foi instrumentalizado,
da forma como se diz. Nem há
provas, documentos ou indícios
de que este desporto tenha sido
politizado durante o Estado Novo
e apresento vários argumentos
que suportam esta ideia, como
o facto de o futebol não ter sido
profi ssionalizado mais cedo. E
podia tê-lo sido, porque logo
desde a década de 1920 ganhou
uma importância social muito
grande, mas o Estado Novo, ainda
nos princípios da década de 1940,
proíbe o seu profi ssionalismo.
Porquê?
Porque a ideia que o Estado Novo
tinha do futebol, e do desporto
em geral, era que deveria ser
amador, ao serviço da nação, da
educação física, para o cultivo do
corpo. O desporto de espectáculo,
de massas, era amplamente
condenável para o regime.
Apesar desse travão, o futebol
continuou a ser a grande
modalidade. Nisso o Estado
Novo não foi bem-sucedido?
O ciclismo foi a modalidade-rainha
no fi nal do século XIX e início do
século XX, mas, a partir de 1910,
sobretudo em Lisboa e depois
no Porto, o futebol ganha grande
pujança. E, a partir da década
de 1920, o futebol tem já um
modus operandi e características
que hoje em dia identifi camos
como fenómenos de massas:
a agressividade dos adeptos, a
contestação à arbitragem e os
campos cheios de gente. Antes de o
Estado Novo surgir, já o futebol era
o desporto-rei.
O Estado Novo preocupou-se
mais em controlar o fenómeno
do futebol do que em aproveitá-
lo para a sua propaganda?
O Estado Novo defi niu uma política
desportiva concreta. Sendo um
regime autoritário, à imagem
do seu líder (reservado, que não
ia em convulsões), e não tanto
um regime de massas, como o
fascismo italiano ou o nazismo,
o Estado Novo adapta o modelo
fascista à realidade portuguesa e às
ideias do seu líder. E no desporto
segue essa linha. O desporto
devia servir para educar, civilizar,
desenvolver os valores defendidos
pelo Estado Novo, que era
completamente contra as massas
e a profi ssionalização de qualquer
modalidade.
Não detectou nenhuma pulsão
para aproveitar os êxitos
internacionais do Benfi ca e da
selecção na década de 1960?
Existe algum aproveitamento,
mas mais como consequência.
As coisas aconteciam e o Estado
Novo colava-se a elas. Quando o
Benfi ca foi campeão europeu e a
selecção fi cou em terceiro lugar em
1966, havia a ideia de que não era
o Benfi ca ou a selecção, mas sim o
país. Aí, o Estado Novo faz algum
aproveitamento, mas é algo natural
e espontâneo num Governo que
quer chamar a si alguns desses
feitos. Não considero que seja um
aproveitamento planeado.
Não muito diferente do que
acontece actualmente?
Exactamente. Quando o FC
Porto é campeão nacional, vai à
Câmara do Porto [desde que Rui
Rio tomou posse, essa tradição
mudou]. E o Benfi ca à Câmara
de Lisboa. Até tenho a ideia
de que o futebol é hoje mais
instrumentalizado, também de
uma forma espontânea, do que no
período do Estado Novo. Basta ver
o Euro 2004 e a aposta do Estado
no futebol, para retirar dividendos
com a sua promoção. O Estado
Novo nunca apostou no futebol,
antes pelo contrário.
Porquê?
Em 1942, o Estado Novo criou
a Direcção-Geral de Educação
Física, Desportos e Saúde Escolar
(DGEFDSE), que é o organismo
que vai tutelar todo o desporto
nacional, e o futebol fi cou ali
preso. E, em 1943, lança as leis-
bases do desporto e diz que o
profi ssionalismo é proibido. Foi
preciso esperar até 1960 para
alguma equipa portuguesa fazer
algo relevante.
Uma das ideias do seu livro
é que Salazar não gostava de
futebol, mas não houve outras
fi guras do regime a tentar
instrumentalizar o futebol?
O facto de Salazar não gostar de
futebol não impedia que outros
gostassem, como era o caso de
Américo Tomás, Craveiro Lopes,
Henrique Tenreiro, Cancella
Abreu. Claro que havia agentes
do Estado Novo que gostavam
de futebol, mas sobre Salazar
não há indícios de que tivesse
clube. Aliás, poucas vezes se
manifesta sobre desporto. Fá-lo
para anunciar o Estádio Nacional,
quando o Benfi ca foi campeão
europeu em 1961 e no Mundial de
1966, mas é um homem à parte
do fenómeno desportivo. Aliás,
quando ele recebe o Benfi ca, em
1961, vê-se que é um homem que
não está muito à vontade com
a gíria do futebol e nem sequer
seguiu a carreira da equipa. Disse
qualquer coisa como: “Foi então
Ricardo Serrado Historiador defende que o futebol não foi um dos “efes” do Estado Novo. E também assegura que não houve um clube do regime
“O futebol é mais instrumentalizado hoje do que foi durante o Estado Novo”
“Claro que havia agentes do Estado Novo que gostavam de futebol, mas sobre Salazar não há indícios de que tivesse clube. Aliás, poucas vezes se manifesta sobre desporto”
“O clube com mais personalidades ligadas ao regime foi o Sporting”
EntrevistaHugo Daniel Sousa e Paulo Curado
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESPORTO | 43
A fiscalização do diploma tinha sido requerida por Cavaco Silva
A impossibilidade de as futuras deci-
sões do Tribunal Arbitral do Despor-
to (TAD) poderem ser alvo de recur-
so para a justiça civil levou ontem o
Tribunal Constitucional (TC) a chum-
bar o projecto para a criação deste
órgão. A fi scalização preventiva do
diploma fora requerida pelo Presi-
dente da República, Cavaco Silva,
no princípio do mês de Abril.
“A irrecorribilidade das decisões
arbitrais proferidas pelo TAD, nos
termos do Anexo ao Decreto n.º
128/XII, no âmbito da sua jurisdi-
ção arbitral necessária, representa
uma violação do direito de acesso
aos tribunais, consagrado no artigo
20.º da Constituição”, sustentou o
TC, em comunicado, considerando
também estar em causa uma “dele-
gação de tarefas públicas” a “entida-
des privadas”. Os juízes considera-
ram ainda que o diploma aprovado
na Assembleia da República conti-
nha “limitações à autodeterminação
das partes”, por estas “não disporem
de plena liberdade de escolha dos
árbitros e da atribuição, em certas
situações, ao presidente do TAD, en-
quanto entidade administrativa, de
funções jurisdicionais relativamente
a providências cautelares”.
“Estou satisfeito com este acór-
dão. O fundamental é que esta de-
cisão do TC tenha sido tomada an-
tes da entrada em funcionamento
Tribunal Constitucional chumba TAD
do TAD. Este acórdão iria surgir de
qualquer forma, mas poderia vir a
acontecer mais tarde, o que impli-
caria uma série de custos a todos os
níveis”, referiu ao PÚBLICO José Ma-
nuel Meirim, um dos juristas que já
tinham alertado várias vezes para a
inconstitucionalidade desta solução
arbitral, apresentada pelo Governo
de Passos Coelho.
“Do ponto de vista político, há
agora algumas ilações a tirar. Hou-
ve um autismo por parte dos dois
principais responsáveis pela área
do desporto dos dois últimos go-
vernos [os secretários de Estado
Laurentino Dias e Alexandre Mes-
tre]. Ambos estavam de acordo em
relação à arbitragem no desporto e
não ligaram a todo um conjunto de
reservas e opiniões que maioritaria-
mente chamaram a atenção para a
sua inconstitucionalidade. Correram
esse risco”, defendeu Meirim, que se
congratulou pela decisão de Cavaco
Silva em solicitar ao TC a fi scalização
preventiva deste diploma.
A criação de um TAD é uma ideia
antiga em Portugal, já proposta, por
exemplo, pelo Governo de José Só-
crates, quando Laurentino Dias era
secretário de Estado do Desporto.
Na presente legislatura, a maioria
PSD/CDS aprovou a criação do TAD,
um projecto também querido de
Alexandre Mestre, que entretanto
já abandonou a Secretaria de Estado
do Desporto e Juventude, tendo sido
substituído por Emídio Guerreiro, na
sequência da demissão do ministro
Miguel Relvas.
“Este é o fi m deste TAD e não vejo
com muita facilidade como é que vão
construir outro. Pelo menos desta
forma, imposto pela lei do Estado, já
que, por vontade expressa das par-
tes, pode sempre ser constituído”,
concluiu José Manuel Meirim.
ENRIC VIVES-RUBIO
DecisãoPaulo Curado
Impossibilidade de recurso para a justiça civil das decisões do Tribunal Arbitral do Desporto foi considerada inconstitucional
Breves
Ténis
Xadrez
Kuznetsova, Koehler e Elias convidados para o Portugal Open
Ponomariov completa trio de líderes em Zug
Gastão Elias é o destinatário do primeiro dos três wild-cards (convites) disponíveis para o quadro principal do Portugal Open. O tenista de 22 anos é o segundo melhor português no ranking mundial, no 113.º lugar, a sua melhor classificação de sempre, depois de, no domingo, ter conquistado o segundo título challenger da carreira, em Santos. Aguarda-se que os outros dois beneficiados sejam portugueses, sabendo-se que João Sousa (104.º) só há dias regressou aos treinos. Para o quadro feminino, foram contempladas Svetlana Kuznetsova (42.ª), campeã do Open dos EUA (2004) e Roland Garros (2009), e Maria João Koehler (105.ª), a melhor portuguesa da actualidade, que se juntam à já anunciada Julia Goerges (30.ª).
O ucraniano Ruslan Ponomariov voltou a igualar Veselin Topalov e Alexander Morozevich no comando do terceiro torneio da série Grand Prix, que decorre em Zug, Suíça, ao vencer na sexta jornada Gata Kamsky, aproveitando os empates cedidos pelos seus rivais. O comando só não é constituído por um quarteto porque o russo Sergei Karjakin desperdiçou uma posição de vitória fácil perante o italiano Fabiano Caruana e teve de contentar-se com o empate. Em Paris, no Museu do Louvre, realizou-se a quarta jornada do Memorial Alekhine. Levon Aronian, ao alcançar a única vitória da ronda impondo-se ao russo Peter Svidler, igualou o inglês Michael Adams, o israelita Boris Gelfand e o francês Vachier-Lagrave no comando da prova.
muito difícil resolver o vosso
problema de futebol?”.
Terá fi cado impressionado com
o impacto social das vitórias do
Benfi ca de 1961 e 1962?
Sim, porque esse impacto social
é algo sem precedentes no
país. Foi uma manifestação da
portugalidade e penso que o
Estado Novo deixou as pessoas
expandirem-se, embora não
tenha valorizado em demasia
essas conquistas. Aliás, em 1966,
quando o Eusébio tem o seu
grande Mundial e a consagração
internacional, o Diário da Manhã,
que era o órgão ofi cial do Estado
Novo, escreveu que o melhor
jogador do mundo não era o
Eusébio mas sim o Pelé.
Outra das ideias comuns é que
Salazar impediu Eusébio de
sair do país. Algo que também
contesta no seu livro…
Sim. Nunca encontrei nenhum
indício que leve a pensar
que Eusébio tenha sido
“nacionalizado” ou impedido de
sair do Benfi ca por ser um herói
nacional. O que aconteceu foi
que, em 1962-63, ele teve um pré-
acordo com a Juventus e acabou
por não sair devido à intervenção
do Estado Novo, mas porque
tinha de ir à tropa. À luz do Estado
Novo, era impensável dispensar
fosse quem fosse. O que costumo
dizer é que não foi o Eusébio-
jogador que foi impedido de sair,
mas sim o Eusébio-militar ou
cidadão. Ainda para mais, em 1966,
o Inter de Milão quis contratar
Eusébio, que chegou mesmo a
escolher casa, e só não foi porque a
federação italiana fechou as portas
a estrangeiros, por causa de ter
feito um mau Mundial e de querer
potenciar os jogadores nacionais.
Não houve um clube do regime?
Não, primeiro porque o mentor
do regime não tem clube, ao
contrário de Franco [em Espanha],
que se diz que era do Real Madrid.
Depois, o clube que mais ganhou
durante a segunda metade do
Estado Novo foi o Benfi ca, que era
quem tinha mais oposicionistas ao
regime e que, na sua direcção, teve
menos pessoas ligadas ao mesmo.
O clube com mais personalidades
ligadas ao regime foi o Sporting,
onde contabilizei cerca de 12 ou 13
dirigentes com ligações ao poder.
Terá a ver com a génese mais
elitista do Sporting?
Penso que sim. Talvez pela
posição social mais elevada,
esses dirigentes estivessem mais
próximos do poder. Pelo contrário,
na confrontação com o Governo foi
o Benfi ca quem mais se aproximou
desse papel, nomeadamente por
causa do hino censurado a Félix
Bermudes (Avante Benfi ca)… Foi o
clube que teve mais oposicionistas
declarados.
E teve mesmo um presidente
comunista…
Sim, o que é inédito. Manuel da
Conceição Afonso foi o único caso
conhecido de um comunista a
presidir um clube no Estado Novo.
A inter-racialidade no futebol
português foi usada pelo regime
para passar uma mensagem
positiva para o exterior, de um
Portugal colonial harmonioso?
Quando Portugal foi à fase fi nal do
Mundial de 1966 essa mensagem
passou. Foi uma oportunidade
muito boa para transmitir uma
harmonia entre a metrópole e as
colónias, numa altura em que os
impérios coloniais europeus se
desmoronavam.
MIGUEL MANSO
44 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
Que fazer com esta democracia?
Neste 39.º aniversário do 25 de Abril, o
PÚBLICO fez uma simples pergunta a
mais de meia centena de cidadãos com
conhecida actividade em várias áreas:
professores, escritores, historiadores,
poetas, actores, músicos, artistas plásticos,
sociólogos, juízes, advogados, cineastas,
bispos, médicos, cientistas, fi lósofos,
coreógrafos, dirigentes de associações. A tal
pergunta simples foi: “O que melhoraria na
democracia portuguesa?” E as respostas,
sem que delas se ambicionasse qualquer
conclusão “científi ca”, dão-nos conta de
um sentimento quase comum: à liberdade
faltam alicerces e o mais citado é a urgência
de dar um novo impulso à cidadania. Se
alguns contestam abertamente os líderes
políticos e o actual sistema partidário,
havendo apenas uma minoria que acentua
Um maior exercício da cidadania é uma das sugestões que diversas personalidades colocam na mesa
claramente a importância (apesar todas
as suas conhecidas falhas) da democracia
representativa na qual se baseia o nosso
sistema político, quase metade das 55
respostas ao inquérito falam em múltiplas
formas de incentivar a chamada “democracia
participativa”. E isso é sugerido a diversos
níveis: não apenas nos processos eleitorais
(contra a “partidocracia”), mas também na
educação, na família, nas comunidades, nos
movimentos cívicos, nas associações locais
e regionais, nas empresas, em todo o lado
onde, para que haja resultados, seja bem
vinda uma menor apatia. Se esse poder for
exercido com empenho e conhecimento
das causas, se uma melhor educação e uma
melhor cultura ajudarem a alicerçá-lo, se os
portugueses forem cada vez mais cidadãos
e menos autómatos (e, sendo-o, também
cada vez mais vítimas), a incompetência,
a corrupção, a mediocridade e a mentira
terão menos campo livre. E a Justiça poderá,
pelo contrário, funcionar como deveria. A
liberdade, que há 39 anos foi conquistada
contra um poder ditatorial e arrogante, fi ca
por si só incompleta, se o país assentar numa
sociedade civil amorfa. Que, como se sabe, é
a melhor base para os piores governos.
Se a saga acabar
A saga judicial de Isaltino Morais acabou ontem, quando a Justiça considerou que a sentença a que fora condenado transitou em julgado e determinou o cumprimento da pena respectiva.
Será mesmo assim? Num sistema judicial normal, não haveria dúvidas. No sistema judicial português e nos labirintos formados pela interpretação das garantias individuais, tudo é possível. Principalmente neste caso, que contribuiu até para o enriquecimento do léxico da língua ao cunhar o verbo “isaltinar” para signifi car a multiplicação de fi ntas processuais que permitem a um condenado evitar a mão da Justiça. Mas vamos acreditar que, após anos de sessões, de dezenas de recursos que nenhum português pobre conseguiria apresentar, de avanços e recuos, o caso Isaltino chega mesmo ao fi m. Terá também chegado a hora de todos os envolvidos, desde os legisladores aos magistrados, fazerem a avaliação do que se passou. E de tirarem daí as devidas ilações para evitar que o circo com que o país foi confrontado nunca mais se repita.
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
CARTAS À DIRECTORA
Jogando com o dinheiro de todosInacreditável como, numa
gravíssima situação de crise, em
que o contribuinte é despojado
constantemente para tapar
buracos, isso continuar a suceder
dois anos depois de este primeiro-
ministro, em período eleitoral,
se ter mostrado tão moralista e
respeitador dos cidadãos!
— Aplicaram-se milhares de
milhões para eliminar défi ces da
banca. E seus gestores continuam
incólumes!
— Em Out/Nov 2012 veio
a público que o Fundo de
Estabilização da Segurança Social
tinha perdido ca. 2000 milhões
em operações bolsistas, em que
se dispôs das contribuições de
trabalhadores e empresas, numa
total irresponsabilidade, em vez de
se gerir com todo o rigor um capital
tão precioso para a estabilidade
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
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Telefone: 210 111 000
do fundo e o futuro das pessoas.
Ora, aos respetivos gestores nada
aconteceu!
— Agora, perderam-se mais 2700
milhões em operações fi nanceiras
de empresas públicas, as quais
envolveram secretários de Estado,
logo substituídos à pressa.
Pergunta-se, porém, porque não
fez o primeiro-ministro aquilo que
é corrente lá fora: demitir-se?
António Catita, Lisboa
ENVC – Desenvolvimento ou definhamento?
No que parece ser o epílogo
da triste história recente dos
Estaleiros Navais de Viana do
Castelo e consequência directa
da luta primária, simplista e
populista pela manutenção
dos postos de trabalho, vale
a pena recordar os episódios
signifi cativos da (má) gestão da
empresa. Um grande navio de
transporte misto encomendado
pelo governo autónomo dos Açores
foi rejeitado por supostamente não
cumprir o caderno de encargos
da encomenda e não vi em sítio
nenhum esclarecido: o caderno de
encargos era claro? De quem foi
a responsabilidade da concepção
e da suposta falha? Nada! Uma
ausência de responsabilização
espantosa. Ficou tudo em “águas
de bacalhau”, como se se tratasse
duma simples fornada de pão que
saiu mal e que o cliente não quis.
A empresa Douro Azul não
conseguiu concretizar uma
encomenda, supostamente por
falta de resposta dos gestores dos
estaleiros. O encarregado pelo
Estado da venda da empresa
afi rmava publicamente que aquilo
valia pouco, assumindo o discurso
habitual do comprador, que é
desdenhar o que quer comprar.
Por irresponsabilidade escandalosa
e inépcia confrangedora foram
mantidas centenas de pessoas
desocupadas durante dúzias
de meses, a serem pagas não
pelo que produziam, mas por
um desesperado Orçamento do
Estado que não sabe mais onde
cortar e magoar. Agora, descobre-
se que o acumulado de ajudas
públicas, passíveis de terem de ser
devolvidas, suspende o processo
de privatização e condena a
continuidade da empresa.
Provavelmente uma privatização
em devido tempo bem contratada
e com responsabilidades claras de
investimento e de modernização
poderia ter sido a solução, mas é
tarde. (...) Os cartazes na cidade
apregoando que os Estaleiros
públicos estavam no coração do
desenvolvimento da região soam
agora de forma ironicamente triste.
Esta história irresponsável está
efectivamente na base sim, mas do
defi nhamento da região e do país!
Carlos J. F. Sampaio, Esposende
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 45
39 anos depois (I)
Um país que, depois de
construir o futuro, é
empurrado de regresso ao
passado. Com o 25 de Abril,
não foi apenas a Poesia a sair
à rua, como pintou Vieira da
Silva. A madrugada por que
os portugueses havia muito
esperavam, como escreveu
Sophia, trazia consigo uma
promessa de futuro que as conquistas da
Revolução e uma Constituição empenhada
na dignidade fi nalmente concretizaram
nas nossas vidas. Milhões de portugueses
passaram a dispor de coisas tão básicas,
tão evidentes, como uma consulta médica
gratuita, uma pensão de reforma, uma
escola pública decente com professores
condignamente formados, uma torneira de
onde saía água corrente, um interruptor que
ligava uma lâmpada que não mais era um
luxo de cidade rica, um transporte público
que vinha mitigar uma das tantas causas da
exaustão quotidiana de quem trabalhava
para sobreviver. As mulheres, mais do que os
homens, experienciaram todas as mudanças.
Como escreveu Maria Velho da Costa, “elas
ouviram falar de uma grande mudança que ia
entrar pelas casas”, “souberam dizer salário
igual e creches e cantinas”, “sentaram-se a
falar à roda de uma mesa a ver como podia ser
sem os patrões” e “disseram à mãe, segure-
me aqui nos cachopos, senhora, que a gente
vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como
é”. A Liberdade trazia o futuro, a confi ança
no futuro, o fi m da guerra, três/quatro anos
roubados a sangue e a saudade da vida de um
milhão de homens de 20-30 anos. Abril trouxe
voz, arrojo, a reapropriação de um país por
quem nele vivia e a ele queria voltar!
39 anos depois, o medo foi regressando à
fábrica, ao escritório, as bocas dos patrões
e dos gestores voltaram a encher-se da
arrogância do “se não gosta, ponha-se a
andar!”, ao desempregado é dito que a culpa é
dele (porque parece que não quer trabalhar, se
não aceita o meio salário que lhe propõem), e
aos jovens é explicado que o problema é não
serem empreendedores e não saírem da sua
área de conforto... A todos nos repetem que
“não estamos em 1975!”, mesmo que a maioria
nem saiba o que isso foi, a todos se quer
ensinar que “não se meta em trabalhos...”,
“isso dos sindicatos é coisa do passado”. Os
trabalhadores passaram a ser colaboradores,
e, apesar de todo o palavreado da procura da
produtividade, é a obediência a disfarçar-se
de reverência, a indignidade a disfarçar-se de
empenho. Num país que vinha do salazarento
elogio da incultura, que dizia que os fi lhos do
povo que tinham ido à escola “nada ganharam.
Perderam tudo. Felizes os que esquecem as
letras e voltam à enxada” (deputada Virgínia C.
Almeida, 1938), a democracia fez-nos dar um
salto de gigante na qualifi cação, na realização
pessoal através da escola, da universidade,
formou os portugueses mais preparados da
história. 39 anos depois de Abril, insinua-
se que estudar é inútil e faz-se com que seja
caro; e a quem objetar que, dessa forma,
se promove o maior abandono escolar da
Europa e o regresso da injustiça no acesso à
universidade, faz-se o discurso rançoso da
necessidade de reduzir as expetativas, “nem
todos podem ser doutores!”, que nunca
devíamos ter abandonado a escola dual (isto
é, discriminatória), que habituava os fi lhos
do povo ao único futuro a que deveriam
aspirar: o de um trabalho manual, repetitivo,
de execução do que outros decidirem,
consequentemente mal pago. Não gostam?
Emigrem!
Um país forçado ao envelhecimento e
à fuga. E emigram... E Portugal envelhece.
As sociedades envelhecem por bons e maus
motivos. Porque vivemos mais (78,4 anos,
29º país do mundo onde mais se vive), bem
mais do que há 40 anos (67,4 anos, 45º),
porque construímos desde o 25 de abril um
sistema público de saúde que abriu a (quase)
todos a possibilidade de deixar de pensar
que a doença e a morte prematuras são
simplesmente um fado individual. Mas hoje,
sem condições (horários de trabalho cada
vez mais longos, desemprego e precariedade
de longa duração) e sem ânimo para se
empenharem na construção de novas vidas,
os portugueses envelhecem. Quando a
Revolução trouxe a liberdade e a democracia,
a convicção de que se podia tomar o
destino nas próprias mãos, os portugueses,
confi antes, não tiveram medo de ter fi lhos.
Porque confi avam na própria capacidade de
organização de novas condições para crianças
e mães, abrindo creches e consagrando
direitos sociais de que se não havia disposto
nunca. Nasceram
180 mil crianças em
1975, 187 mil em 1976
— e hoje, 1,5 milhões
mais do que éramos
então, nascem menos
de metade. Claro
que a extraordinária
mudança no estatuto
das mulheres
portuguesas, as
mudanças evidentes
no que move os
portugueses a
serem pais e mães
(cada vez mais
vontade e menos
acaso) contribuíram
decisivamente para
reduzir o número de
fi lhos. Mas sabemos
bem como a nova
economia da austeridade e a violência e a
chantagem quotidiana em que o trabalho se
tem transformado adiam quaisquer planos de
parentalidade para depois dos 30, ou 40, além
de fazer fugir de Portugal aqueles que querem
iniciar a aventura do amor transformado em
família. Cínico é que sejam os que falam nos
valores familiares a prescrever salários baixos
e encerramento de serviços públicos. Talvez
pensem que devam ser os mesmos avós a
quem cortam a reforma a tomar conta dos
fi lhos dos seus fi lhos.
Historiador. Escreve quinzenalmente à quinta-feira
Cínico é que sejam os que falam nos valores familiares a prescrever salários baixos
Manuel Loff Pelo contrário
Venha a anarquia
Gugle “David Graeber
sadomasochism” e lerá um artigo
pontiagudo sobre a situação
económica dos países endividados
mais pobres da União Europeia.
Graeber é um anarquista
interessante. O livro dele de 2011
sobre a dívida — Debt: The First
5000 Years — faz abrir os olhos e
repensar a dívida, o dinheiro e o
capitalismo, como nomes mais recentes para
as maneiras antiquíssimas usadas pelos ricos
e poderosos para continuarem assim à custa
dos pobres e dos fracos.
Num deserto de livros politicamente
atrevidos contra o capitalismo que são
também contra as organizações políticas
permanentes, Debt é um banho num lago
de água fresca com a garantia intelectual
de não ser uma miragem. Graeber é um
bom antropólogo e, ao mesmo tempo, um
activista entusiástico. Convence-nos que
o movimento Occupy Wall Street foi um
momento anarquista, citando todos os
esforços de organizações de esquerda para
apropriá-lo e aproveitá-lo. O anarquismo foi,
é, e sempre será a reacção mais atraente,
humana e moralista a todos os outros
ismos. Até aos anos 80 do século passado
era impossível não conhecer os textos
anarquistas ou não ceder à sedução dos
autores e das autoras que variamente os
propuseram e defenderam.
Cheira-me que vem aí uma nova vaga.
Os comunismos refrescados de Fredric
Jameson, Alain Badiou e Slavoy Zizec são
apetitosos mas anseiam por uma ordem,
mais nova do que antiga.
Os anarquistas sonham com a liberdade da
desordem, sem querer adivinhá-la.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
BARTOON LUÍS AFONSO
46 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013
O futuro é a nossa invenção de todos os dias. Desiludam--se os que pensam que a democracia é um regime fácil
A democracia não é um regime fácil
Francisco Assis
Hoje é dia de celebrarmos a
liberdade, principal legado
do acontecimento histórico
que assinalamos no nosso
calendário colectivo. O
passado, como sabemos,
não é reconduzível a uma
representação única, antes
proporciona interpretações
plurais e, nalguns casos,
potencialmente contraditórias. Por isso
mesmo celebrar é escolher, trabalhar a
memória com o fi m de a transformar em
projecto. Procuramos, dessa forma, atribuir
uma densidade excepcional a um momento
irrepetível. Haverá certamente muitas
formas de enaltecer o 25 de Abril. Pela parte
que me toca, opto pela enfatização do valor
da liberdade.
Tal como os acontecimentos geram
leituras diversas, também os conceitos
suscitam apreciações divergentes.
A liberdade, que associo ao melhor
da herança de Abril, comporta um
peso especial: situa-se no ponto de
cruzamento onde se intersectam os
projectos de emancipação colectiva de
índole republicana e democrática com as
mais genuínas aspirações do liberalismo
clássico. Nessa perspectiva, deve tanto ao
pensamento liberal de John Locke, como
à aspiração democrática de um Rousseau,
como ainda à opção pela capacidade
crítica do entendimento humano própria
de Kant. É um conceito que se fi lia na
grande tradição democrático-liberal
que identifi ca aquela que considero a
faceta mais luminosa da modernidade
europeia. Infelizmente, o século XX fi cou
assinalado, em vários momentos, pela
radical dissociação destas duas pulsões
históricas, a democrática e a liberal. Essa
oposição conduziu a uma das maiores
tragédias contemporâneas — o confronto
entre a utopia igualitária e a vontade de
preservação da autonomia individual.
Contudo, no pequeno espaço geográfi co
do Ocidente europeu, durante várias
décadas foi possível conciliar essas
duas heranças fi losófi co-políticas tão
relevantes, devido ao sucesso do chamado
“compromisso social-democrata”. Esse
compromisso assentou na sábia articulação
entre a economia de mercado, um sólido
Estado de direito, e um efi ciente Estado-
providência. A História nunca tinha
conhecido sociedades simultaneamente tão
igualitárias e tão livres. Foi essa experiência
notável que, apesar das difi culdades
enfrentadas, também foi possível realizar
em Portugal nos últimos 30 anos. Basta
recordarmos que iniciámos esse processo
no momento em que as economias
ocidentais se deparavam com os efeitos
perniciosos do primeiro choque petrolífero
e começavam a assistir ao fi m dos chamados
“30 gloriosos anos do pós-guerra”, para
termos noção do extraordinário esforço
empreendido pelo nosso país. Para isso
contribuiu o fortíssimo consenso social
e político que estribou a construção da
nossa democracia
contemporânea.
Quando hoje
enaltecemos o
valor da liberdade
e o associamos
a um período
histórico recente,
estamos a referir-
nos não apenas a
um sólido sistema
de protecção de
direitos, liberdades
e garantias
fundamentais, como
a um conjunto de
prestações sociais
indispensáveis para
a plena afi rmação
da dignidade
humana em áreas
tão decisivas
como a Educação
ou a Saúde. A
escola pública
de qualidade que soubemos criar, e o
Serviço Nacional de Saúde, legítimo
motivo de orgulho no próprio plano
internacional, contribuem decisivamente
para a afi rmação do valor da liberdade
individual. É provável que os seguidores
dessa caricatura da grande tradição liberal
que o neoliberalismo constitui se recusem
a admitir a pertinência destas afi rmações.
Basta, contudo, olhar para a nossa
sociedade para compreendermos como
estão errados.
Infelizmente, este consenso está hoje
posto em causa, com as consequências
dramáticas que se podem antecipar.
É por isso que nesta celebração de
Abril, sob a égide do valor matricial da
liberdade, há lugar para alguma angústia,
que tão visivelmente atravessa largos
sectores da sociedade portuguesa. No
entanto, celebrar é também lutar, recusar
qualquer tipo de fatalismo, contrariar o
desespero da vontade. E é justamente de
vontade que precisamos, neste tempo
de crise tão tenebroso que estamos a
atravessar. Vontade como projecto,
vontade como melancolia de uma outra
realidade possível.
Temos consciência que já não é
estritamente à escala nacional que
poderemos relançar um programa desta
natureza. A Europa é, nessa perspectiva,
o nosso destino. É certo que tanto o pode
ser numa versão trágica ou enquanto
aspiração utópica. Como portugueses, que
nas últimas décadas, após o encerramento
do ciclo imperial, encontramos no projecto
europeu um novo elemento conformador
Nesta celebração de Abril, sob a égide do valor matricial da liberdade, há lugar para alguma angústia
da nossa identidade nacional, estaremos
em condições especialmente favoráveis
para entender a importância do desafi o
que se coloca ao Velho Continente. A
Grécia Antiga não nos deixou apenas uma
herança fi losófi ca, também nos legou
o património literário da tragédia. Por
isso mesmo sabemos que não estamos
condenados a superar as difi culdades
que nos atormentam, o que nos advertirá
contra optimismos infundados. Só que
também não estamos impossibilitados de
aprender com a História e de ter a ousadia
de romper com o pior do nosso percurso
colectivo anterior. A democracia, que
hoje tão vivamente saudamos, consiste
nisso mesmo, na possibilidade e na
responsabilidade de escolhermos todos os
dias o nosso próprio destino. No fundo, de
transformarmos o destino em liberdade.
Aqueles que fi zeram o 25 de Abril
prestaram justamente esse inestimável
serviço ao nosso país. Fizeram de um
povo acorrentado a uma fatalidade um
povo livre. Não é fácil ser livre. É a nossa
tarefa cívica de todos os dias. Neste dia
especial, 25 de Abril, a memória inunda o
presente para nos lembrar uma verdade
que tem ao mesmo tempo qualquer coisa
de prometaico e de cruel: o futuro é a nossa
invenção de todos os dias. Desiludam-se
os que pensam que a democracia é um
regime fácil. Pelo contrário, é o mais frágil
e exigente de todos os regimes políticos. É
bom lembrá-lo, neste tempo tão difícil que
nos é dado atravessar.
Deputado (PS). Escreve à quinta-feira
PAULO PIMENTA
PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 47
Dívida e limites do crescimento
O debate sobre se a culpa é da
ciência ou do mau uso que
dela pode ser feito não é novo
nem original. Poderíamos
voltar a perguntar se o mundo
seria melhor se Einstein não
tivesse desenvolvido a Teoria
da Relatividade, e, como tal, a
bomba atómica nunca tivesse
sido produzida. O génio judeu
morreu angustiado por essas agruras, mas
o pragmatismo talvez mandasse que das
coisas se tivesse uma visão mais objectiva.
Pelas mesmas razões, também, a
econometria não tem culpa do mau uso, ou
do uso menos escrupuloso, que dela possa
ser feito. Infelizmente, o caso de Reinhart e
Rogoff não é o primeiro e não será o último:
nos anos oitenta, Milton Friedman e Anna
Schwartz convenceram o mundo que o
crescimento excessivo da oferta monetária
face ao do produto gerava infl ação, algo que
David Hendry, do outro lado do Atlântico,
concluiu ser verdade apenas em alguns
países e períodos históricos específi cos.
Como os que, “por acaso”, serviam de
exemplo empírico no artigo de Friedman
e Schwarz. Os media preferiram então
centrar-se no confronto das personalidades,
acabando com a amizade entre Hendry
e Friedman, em lugar de discutirem
as diferenças de metodologias e suas
consequências.
O problema da relação entre o
crescimento económico e o rácio da dívida
no PIB mereceria mais atenção do que a que
lhe deram quer Reinhart e Rogoff , quer os
que agora os questionam na Universidade
de Amherst, no Massachusetts. Se
os primeiros manipularam dados, e
demonstraram falta de profi ciência em
Excel, o esforço de réplica de resultados dos
segundos não é acompanhado do necessário
rigor técnico que a sua refutação procura.
Contestam-se resultados, aproveita-se o
apetite dos media para a polémica fácil,
obtém-se alguma notoriedade, mas pouco,
ou nada, se contribui para uma matéria
tão importante como a da relação entre
nível de endividamento e crescimento.
Tecnicamente, parecem esquecer-se,
voluntariamente ou não, que a relação
estatística entre variáveis nada nos diz
sobre qual a causa e qual o efeito. Dito de
outra forma, olhando para equações tão
simplifi cadas como as que nos propõem,
desprestigiam, uns e outros, a econometria,
em nome porventura de agendas políticas
contrárias. Ronald Fisher, o maior dos
estatísticos, alertou para isto mesmo.
Uma análise séria da questão em apreço
exige que se considere, ademais, o efeito
em realidades intermédias como, por
exemplo, as taxas de juro. Provavelmente,
num contexto de uma política monetária
restritiva, como a que prevaleceu durante
muito tempo na zona euro, o excesso de
absorção de recursos pelo sector público
tem custos no fi nanciamento ao sector
privado: pela escassez de crédito, e pelo
risco que a alavancagem elevada das
economias provoca.
Nem R&R nem os
seus detractores se
parecem preocupar
com a diferença que
existe entre a zona
euro e outros países
da sua amostra, por
exemplo. Ambos
incorrem no erro do
receituário fácil.
Em conclusão,
mais do que saber
se o endividamento
das economias só
é pernicioso acima
dos 90% do PIB,
seria desejável não
desviar a atenção
do essencial: as reformas estruturais e a sua
relação com o crescimento. Mais do que
um chavão político, estas são fundamentais
para adequar a dimensão do sector
público às possibilidades da economia
e para potenciar as capacidades dos
agentes económicos. Ao deixar que fossem
confundidas com os cortes orçamentais
e as ditas políticas de austeridade, as
autoridades europeias, entre outras,
perderam tempo e dinheiro, centraram-se
no curto prazo e levaram a uma efectiva
perda de base de apoio que seria crítica
para o sucesso das medidas que poderiam
libertar o potencial para o crescimento e a
criação de emprego.
Talvez a econometria pudesse ajudar a
dilucidar estas questões, mas, para isso,
seria preciso que os investigadores não
deixassem que a sua agenda ideológica, a
sua ânsia de reconhecimento, a sua fi xação
na obtenção do Nobel se sobrepusessem.
Era preciso que não fossem humanos. Ora,
para o bem e para o mal, é isso que torna a
Economia uma ciência estimulante.
Faculdade de Economia e Gestão, Universidade Católica (Porto)
Seria desejável não desviar a atenção do essencial: as reformas estruturais e a sua relação com o crescimento
JOSÉ MANUEL RIBEIRO/REUTERS
Debate Crise e econometriaCarlos Santos e Alberto Castro
Militares a caminho da indigência
Por esse mundo fora, os
governantes e respectivas
comunidades respeitam os seus
militares e tudo fazem para
garantir umas Forças Armadas
à altura das responsabilidades
que cabem a uma instituição
dessa natureza, dotando-as das
capacidades e condições para a
prossecução do nobre objectivo
da defesa e garantias de segurança para que
foram mandatadas.
Pelo contrário, no país que nos
orgulhamos de servir, os governantes e as
elites dominantes consomem uma parcela
da sua energia a descredibilizar esse
fundamental instrumento de sustentação
do Estado, aditando riscos maiores aos
que vão acumulando em matéria de
preservação de soberania da pátria cujos
interesses foram incumbidos de acautelar.
Filhos de uma geração arredada de
valores cultivados pelos seus pais, os actuais
responsáveis políticos não conhecem e,
porventura, causa-lhes alguma estranheza
a cultura de uma instituição como a
militar, regida por normas de conduta
em que sobressaem valores éticos, como
o sentido de disciplina, a camaradagem,
a solidariedade, o espírito de sacrifício
e de serviço público, em clara oposição
ao distante e supremo paradigma do
“mercado”, que tudo cilindra, ao ponto de
alienar países e povos inteiros para satisfação
de egoístas e gananciosos interesses.
Vem isto a propósito de notícias que têm
vindo a lume, relacionadas com a alegada
reforma do Estado, em que as Forças
Armadas e os militares serão uma vez
mais fustigados com leoninas e gravosas
medidas que, adicionadas a tudo o que os
vem afectando, traduzem bem o desvalor
conferido a um dos pilares fundamentais do
Estado.
Exauridas como estão as Forças Armadas,
só uma irresponsabilidade sem limite
explica o anunciado corte de 218 milhões de
euros no seu orçamento.
Neste contexto e sob o manto da
cegueira fundamentalista de empobrecer
os cidadãos deste país, têm surgido na
imprensa alusões à peregrina ideia de
suprimir o Suplemento da Condição Militar
(SCM) aos militares na situação de reserva.
Porque a desinformação,
sistematicamente sustentada na distorção
dos factos e até na própria mentira, faz
parte de uma estratégia repetidamente
utilizada para manipular a opinião pública,
procurando descredibilizar os militares e
as Forças Armadas, é para levar a sério uma
“encomenda” noticiosa deste jaez!
E essa intenção surge numa altura
em que os militares têm, no respectivo
posto, as suas remunerações reduzidas a
valores correspondentes a dois/três postos
inferiores à remuneração auferida em 2010.
Mais: surge ainda quando, de acordo com
um estudo recente, sustentado em dados
da Direcção-Geral da Administração e do
Emprego Público, em termos médios, a sua
remuneração-base ocupa o 27.º lugar, num
conjunto de 31 grupos socioprofi ssionais
da Administração Pública! Depois dos
militares contam-se
apenas os técnicos
de diagnóstica
e terapêutica,
assistentes
técnicos, técnicos
operacionais e a
Polícia Municipal.
Por outro lado,
considerando
que, no âmbito da
remuneração dos
militares, o SCM
assume a natureza
de remuneração
certa e permanente,
tendo em conta
ainda os descontos
que sobre esse
valor incidiram
durante toda uma
carreira, são óbvias
as implicações que
a sua subtracção
traria ao já parco
rendimento e ao
cálculo da pensão
de reforma. Os
efeitos seriam
de magnitude sísmica se e quando fosse
aplicada uma medida cega desta natureza!
Finalmente, importa ainda ter a noção de
que está em causa um universo fustigado
de há longos anos a esta parte por medidas,
qual delas a mais penalizadora das condições
de vida daqueles que um dia juraram servir
e defender a pátria, se necessário com
o sacrifício da própria vida, cumprindo
exemplarmente as suas missões, altamente
exigentes em diferentes domínios e aos quais
são cerceados inúmeros direitos, liberdades
e garantias constitucionalmente consagrados
para os restantes cidadãos.
Mesmo resistente, a corda um dia pode
partir-se…
Coronel, presidente da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas)
Exauridas como estão as FA, só uma irres-ponsabilidade sem limite explica o anunciado corte de 218 milhões de euros no seu orçamento
NUNO FERREIRA SANTOS
Debate Forças ArmadasManuel Cracel
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ESCRITO NA PEDRA
“As revoluções não concernem a pequenas questões, mas nascem de pequenas questõese põem em jogo grandes questões” Aristóteles (-384/-322), filósofo e cientista, Grécia Antiga
I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8
QUI 25 ABR 2013
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José Carlos Abrantes muito crítico com decisão da direcção de Informação p17
Centro de Fotografi a Georges Dussaud é hoje inaugurado.Francês doou 105 fotos p31
Historiador Ricardo Serrado escreveu o livro O Estado Novo e o Futebol p42/43
Provedor da RTP contra comentário de José Sócrates
Dussaud ofereceu a Bragança as Crónicas Portuguesas
“Futebol é hoje mais instrumentalizado do que no Estado Novo”
Totoloto
5 6 8 13 29 9
2.000.000€1.º Prémio
SOBE E DESCE
Robert Lewandowski
Depois do Barcelona na véspera, ontem foi a vez de o Real Madrid ser
goleado na Alemanha. A equipa de Mourinho fez uma segunda parte muito abaixo do que se esperava frente ao Borussia, que esta época venceu o Real pela terceira vez na prova (já se tinham encontrado na fase de grupos). O avançado polaco Lewandowski foi a figura do jogo ao marcar os quatro golos da sua equipa. Está à vista uma final alemã entre Bayern de Munique e Borussia. (Pág. 41)
Enrico Letta
O Presidente Napolitano escolheu-o para formar o Governo italiano, o
que se esperava depois de ter passado a liderar interinamente o partido mais votado nas
eleições. Letta é jovem, segundo as normas políticas do país, mas tem grande experiência. E não tem ilusões: sabe
das tremendas dificuldades para formar governo e já disse que não está disposto a formar um executivo a qualquer preço. Será que vai ter habilidade para resolver o impasse que dura desde Fevereiro? (Pág. 25)
Apple
Apesar da imponência dos lucros no primeiro trimestre (9500 milhões
de dólares, menos 18% face a 2012), a empresa vê cada vez mais perigar o domínio no mercado dos gadgets. Os sinais dessa mudança vêem-se no valor da empresa em bolsa (a cair) e na necessidade de agora avançar com uma emissão de dívida de 100 mil milhões para recompensar os accionistas pela quebra nos lucros. E até a emissão não terá o triplo A, o que para muito contribuiu a mudança de preferência dos consumidores. (Pág. 24)
Isaltino Morais
Foi “autarca-modelo” do PSD, ministro de Durão Barroso e figura de proa
do partido. A ruptura deu-se quando Marques Mendes travou a sua candidatura em Oeiras. Isaltino avançou como independente e ganhou. Então já estava a contas com a Justiça. Para evitar a prisão, andou de recurso em recurso – quase cinco dezenas. Ontem, foi detido. E quer dirigir a câmara a partir da prisão. Está tudo dito. (Pág. 12/13)
O RESPEITINHO NÃO É BONITO
Os alhos e os bugalhos
O Rui Tavares escreveu
ontem nesta última página
um texto que é exemplar
da maneira como a
esquerda portuguesa
encara a crise: parte de
uma crítica inteiramente justa à
desregulação que conduziu ao
colapso do Lehmann Brothers, à
falência do BPN e agora, segundo
parece, a mais um fenomenal
buraco nas contas das empresas
nacionais de transportes públicos,
para a partir daí concluir que
sem a velha e pecaminosa
ganância capitalista estaríamos
todos a viver no Paraíso. Isso
simplesmente não é verdade. E
mais: é essa espécie de confusão
original, tão disseminada, entre
causa e consequência, que nos
impede de chegar a um mínimo
de consenso sobre os nossos
problemas, para depois podermos
discordar proveitosamente das
soluções de cada um.
Este ponto é muito importante.
Há quem pense que esquerda
e direita não se entendem por
terem, como é suposto, diferentes
respostas para os problemas do
país. Mas não: esquerda e direita
nem sequer se entendem quanto
à doença, quanto mais em relação
João Miguel Tavares
à cura. O Rui tem toda a razão
quando aponta o dedo ao papel
dos credit default swaps (CDS) no
nascimento da crise global, à forma
como as instituições fi nanceiras se
transformaram em casa de apostas,
acabando por retirar enormes
vantagens de falências alheias,
à maneira como as CDS foram
propositadamente criadas para
fugir à regulação dos mercados
(ao contrário dos seguros
tradicionais), ou à imprudência
de permitir a proliferação de uma
miríade de produtos fi nanceiros
com uma tal complexidade que se
criou uma sofi sticadíssima fi cção
matemática sem qualquer ligação
à economia real. Tudo isto é
verdade. Só que depois…
Só que depois o Rui dá o
clássico salto ideológico
que consiste em sugerir
que se não houvesse maus
capitalistas o país teria
dinheiro sufi ciente para
sustentar o seu Estado e todas
as funções que actualmente
desempenha. Diz ele, após
denunciar o novo e escandaloso
buraco nacional por causa das
CDS: “Lembrem-se disto quando
se disser que as empresas de
transportes públicos não são
viáveis, que a decisão do Tribunal
Constitucional custou mil e tal
milhões de euros, que temos
de cortar quatro mil milhões
em gastos sociais, ou quando o
Governo fi zer uma festa porque
tenciona injectar três mil milhões
na economia. Só isso arriscamos
perder sem que as administrações,
os ministros ou até o Tribunal de
Contas tenham dado pelo caso.”
E é aqui, neste preciso ponto,
que um bom argumento se
transforma numa má conclusão.
O défi ce português em 2012 foi de
8,3 mil milhões de euros, cerca de
5% do PIB. Talvez o buraco do BPN
venha a atingir esse astronómico
valor e, inexistindo, pagasse o
défi ce de 2012. Talvez o novo
buraco dos transportes públicos
venha a duplicar (não seria
inédito) e, inexistindo, pagasse o
défi ce de 2013. Mas nem no nosso
desregrado Portugal existem
buracos destes todos os anos,
capazes de tapar a eternização de
défi ces da actual dimensão.
Ou seja, as críticas que
são feitas aos desvarios do
capitalismo, à ganância dos
bancos ou à vergonha das
off shores são mais do que justas.
Mas ainda que Ricardo Salgado
tivesse asinhas nas costas; ainda
que o BES apenas empregasse
anjos, arcanjos, serafi ns e
querubins; ainda que as contas
do Metro do Porto fossem tão
cristalinas como as ribeiras do
Gerês, ainda assim Portugal
continuaria a ser incapaz de
pagar as suas contas. E enquanto
não nos entendermos todos em
relação a isto, não vale realmente
a pena discutir coisa nenhuma.
Jornalistajmtavares@outlook.com
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