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28-08-2012
Revista de Imprensa28-08-2012
1. (PT) - Jornal de Notícias, 28/08/2012, Primeira página - Dadores vão ter seguro para eventuais reações 1
2. (PT) - Diário de Notícias, 28/08/2012, Ministério quer pagar menos 25% nas horas extraordinárias 3
3. (PT) - Jornal de Notícias, 28/08/2012, Médicos e Governo dão sinais de rutura 4
4. (PT) - Diário do Minho, 28/08/2012, Centro Hospitalar do Alto Ave vende viaturas da administração 5
5. (PT) - Diário de Notícias, 28/08/2012, 800 Bombeiros despedidos num ano após cortes 6
6. (PT) - Público, 28/08/2012, SNS: câmaras contra retenção de fundos 9
7. (PT) - Correio da Manhã, 28/08/2012, Caneta de adrenalina está esgotada 10
8. (PT) - i, 28/08/2012, Depressão. "Um aviso é sempre para escutar" 11
9. (PT) - Jornal de Notícias, 28/08/2012, Obesidade aumenta risco de recaída 13
10. (PT) - Público, 28/08/2012, Academia Americana de Pediatria aconselha circuncisão 14
11. (PT) - Público, 28/08/2012, Troika regressa e decide: mais tempo ou mais austeridade 15
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País: Portugal
Period.: Diária
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Tiragem: 101444
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Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Tiragem: 46555
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Âmbito: Informação Geral
Pág: 14
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Regional
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Para reduzir despesas
Centro Hospitalar do Alto Avevende viaturas da administração
O Centro Hospitalar do Alto Ave está a vender as viaturas atribuídas à Administração, para diminuir custos e para instituir prémios de mérito à investigação, para «aliar redução de despesa ao mérito de excelência», informou ontem a instituição. Além da alienação de viaturas, os membros do Conselho de Administração desta unidade hospitalar abdicaram de «valores legal-mente» atribuídos relativos a «despesas de combustível e utilização de telemóvel», revelou a instituição, em comunicado enviado à Agência Lusa.
As viaturas que estão disponíveis podem ser conhecidas em www.chaa.min-saude.pt e a alienação será feita atra-vés de hasta pública, anuncia o hospital de Guimarães. Segundo o comunicado, esta medida «pretende aliar a componente da redução de despesa ao mérito de exce-lência», pelo que, adianta a administração do Hospital do Alto Ave, «parte da receita gerada pelos valores destas ações se destina a instituir» dois prémios.
«Um prémio para trabalhos de investigação em boas práticas clínicas, assim como um outro prémio, ainda em estudo, para a comunidade», lê-se.
O comunicado avisa ainda que o Centro Hospitalar receberá propostas para a aquisição das viaturas até ao próximo dia 4 de setembro de 2012.
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A dois meses da apresentação do
Orçamento do Estado para 2013, a
Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) vem a públi-
co contestar a “retenção ilegal” por
parte do Serviço Nacional de Saúde
(SNS) de fundos municipais devidos
às autarquias por dívidas dos seus
funcionários e familiares ao Estado,
sem que sejam apresentadas as lis-
tagens das despesas de saúde efec-
tivamente realizadas.
A ANMP quer evitar uma nova
retenção daqueles fundos corres-
pondentes ao valor pago pelas autar-
quias ao SNS na proposta de lei do
OE, advertindo que “os municípios
pagam anualmente 40 milhões de
euros ao SNS”. E lembra que a de-
cisão de retenção nos fundos muni-
cipais das verbas correspondentes
ao valor pago pelas câmaras ao SNS
em 2009 foi tomada pelo Governo
de José Sócrates de uma forma “ino-
pinada, arbitrária e extemporane-
amente, adoptando-se similar me-
todologia com diferentes variáveis,
nos anos de 2011 e 2012”.
Em comunicado, a ANMP precisa
que “desde 2010 não existe factura
discriminada relativa ao pagamen-
to dos serviços de saúde pelas au-
tarquias”, criticando ainda que se
tenham introduzido, “via lei do OE,
protocritérios arbitrários contrários
à transparência e rigor devidos”.
Refere ainda que as autarquias
“são instigadas a pagar, sob comi-
nação [ameaça] da LOE não despi-
ciendas e avultadas quantias sem
identifi cação das respectivas des-
pesas individualizadas, constatan-
do-se a circunstância aberrante e
absurda de pequenos municípios
(...) contribuírem, nos anos seguin-
tes, aleatoriamente para o SNS com
verbas muito superiores a municí-
pios de média e, até, de grande di-
mensão”.
SNS: câmaras contra retenção de fundos
AutarquiasMargarida Gomes
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Estados Unidos
Academia Americana de Pediatria aconselha circuncisãoUma nova orientação da Academia Americana de Pediatria defende a prática da circuncisão nos recém-nascidos, argumentando que “os benefícios ultrapassam largamente os riscos”. A posição configura uma mudança de paradigma para o colégio, que há décadas se mantinha neutral no debate sobre este procedimento cirúrgico. Após análise das conclusões de mais de mil estudos dos últimos sete anos, os especialistas consideram existir dados suficientes para aconselhar a circuncisão. Entre os benefícios identificados incluem-se a “prevenção de infecções do tracto urinário, doenças sexualmente transmissíveis e cancro no pénis”, refere um artigo no jornal Pediatrics.
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5.ª VISITA DA TROIKA
Troika regressa e decide: mais tempo ou mais austeridade
Aquinta aval iação da
troika a Portugal arranca
hoje, mas, desta vez,
não é a extensa lista de
medidas que o Governo
tem de cumprir que
vai concentrar as atenções das
autoridades internacionais. O
executivo já assumiu claramente
que há um desvio na execução
orçamental deste ano. A troika vai
querer saber de onde vem e decidir
se é preciso mais austeridade ou se,
em contrapartida, fecha os olhos
à derrapagem. E, provavelmente,
manter um ponto de interrogação
quanto a 2013.
Os últimos números da execução
orçamental, divulgados na semana
passada, vieram confi rmar o que já
se adivinhava: as receitas fi scais ca-
íram 3,5% até Julho, enquanto o Go-
verno previa um aumento de 2,6%
para o conjunto do ano. As Finanças
acreditam que as despesas com pes-
soal e com juros até possam vir a ser
menores do que o esperado, mas tal
será insufi ciente para que o Gover-
no cumpra a meta do défi ce deste
ano — 4,5% do Produto Interno Bruto
(PIB). É este cenário que o executivo
irá apresentar à equipa da Comissão
Europeia (CE), do Banco Central Eu-
ropeu (BCE) e do Fundo Monetário
Internacional (FMI) que, durante du-
as semanas, vai reunir-se com vários
membros do Governo, com o PS e
com os parceiros sociais.
A expectativa é que a “boa vonta-
de” já manifestada pelas autoridades
internacionais se concretize, per-
doando o desvio orçamental. Uma
mensagem que foi, aliás, deixada
ontem pelo vice-presidente do PSD,
Jorge Moreira da Silva. “A troika te-
rá a capacidade para corresponder
ao desafi o lançado pelo Eurogrupo
e pelo Ecofi n de que o programa
português é bem-sucedido”, disse
ontem aos jornalistas, à margem da
Universidade de Verão da JSD, em
Castelo de Vide. O “número dois” do
PSD lembrou que o executivo lide-
rado por Passos Coelho cumpriu to-
dos os objectivos que dependiam da
sua acção: “Conseguiu ir mais além
na redução da despesa, aumentar
as exportações, credibilizar a sua
imagem, conseguiu que os juros da
dívida caíssem para níveis anterio-
res ao programa de ajustamento”,
recordou.
Contudo, mesmo que a troika se
contente com estes sinais e perdoe
o desvio, continua a haver várias
questões por responder: mais tem-
po quererá dizer, também, mais di-
nheiro da troika? É só a meta des-
te ano que é fl exibilizada? Até que
ponto isto “mexe” com a perspec-
tiva de regresso aos mercados em
2013? Perguntas que, certamente,
não terão todas resposta nesta ava-
liação.
Para já, o discurso da troika é
contido. Ontem, o porta-voz do co-
missário europeu dos Assuntos Eco-
nómicos, Olli Rehn, indicou à Lusa
que a quinta revisão do programa
de assistência “será centrada nos
desenvolvimentos orçamentais em
2012 e na preparação do orçamen-
to de 2013”, salientando nada ter a
dizer sobre uma eventual fl exibili-
zação do programa. A CE e, sobre-
tudo, o FMI têm dado sinais de que
poderão manter a “mente aberta”
no que toca a relaxar o défi ce deste
ano, desde que o desvio provenha
dos chamados “estabilizadores au-
tomáticos”, ou seja, as rubricas or-
çamentais que variam com o ciclo
económico, como a receita fi scal e
as despesas de protecção social.
O FMI tem mesmo avisado que
pode ser contraproducente tomar
medidas adicionais de austeridade
(como o imposto extraordinário so-
bre o subsídio de Natal, aplicado em
2011), ao mesmo tempo que recu-
sa aceitar novas medidas extraor-
dinárias, como aconteceu no ano
passado com a transferência dos
fundos de pensões da banca. Isto
deixa a fl exibilização das metas co-
mo o caminho mais provável. Ainda
para mais quando o argumento de
que incumprir as metas pode pre-
judicar a credibilidade do país jun-
to dos mercados parece ter perdido
alguma força e dar mais tempo não
signifi ca, necessariamente, dar mais
dinheiro a Portugal.
“Portugal conseguiu ganhar cre-
dibilidade nos mercados e a prova
disso é que, mesmo depois de ter re-
conhecido o desvio orçamental, não
houve uma subida das taxas de juro
da dívida”, diz Teresa Gil Pinheiro,
economista do BPI. “Os investido-
res já tinham assumido que Portugal
Desvio orçamental concentra as atenções no quinto exame do programa de ajuda. Possibilidade de ir buscar mais dinheiro ao mercado pode facilitar alívio do défi ce
Ana Rita Faria
4,5%O desvio nas receitas fiscais tornou inatingível a meta do défice de 4,5% do PIB este ano
1,8mil milhões de euros é quanto valiam os cortes dos subsídios. Governo precisa de alternativa
4,3mil milhões é quanto recebemos se passarmos no 5.º exame
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Tiragem: 46555
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Corte: 2 de 6ID: 43467825 28-08-2012
não conseguiria cumprir à risca as
metas”, acrescenta Filipe Silva, ges-
tor da dívida no Banco Carregosa.
Mais impostos?É este capital de confi ança dos mer-
cados que pode benefi ciar Portugal
na hora de negociar uma fl exibiliza-
ção da meta do défi ce. Ou seja, pede
mais tempo, mas não mais dinhei-
ro aos parceiros europeus e ao FMI.
“Portugal não tem tido problemas
de vender dívida de curto prazo e
pode resolver a questão do défi ce
acima do previsto com recurso a
mais fi nanciamento no mercado”,
conclui a economista do BPI. Até ao
momento, o Estado já emitiu 16,5 mil
milhões de euros de dívida, dos 19
mil milhões previstos para este ano,
e tem pago taxas de juro cada vez
mais baixas. Um cenário de aparen-
te acalmia que não apaga os receios
sobre o regresso aos mercados em
2013.
O que a troika vai decidir sobre o
desvio deste ano é tanto mais rele-
vante quanto pode determinar o que
vai acontecer em 2013. Se a CE e o
FMI perdoarem o desvio deste ano,
o Governo continua, ainda assim,
comprometido com um défi ce de 3%
no próximo. Ou seja, em 2013, teria
de tomar medidas, não só para bai-
xar o défi ce para o suposto ponto de
partida (os 4,5%), mas também para
chegar aos 3%.
O caso complica-se ainda mais
porque o executivo já tem um de-
safi o de peso para 2013: compensar
os cortes dos subsídios de férias e
de Natal dos funcionários públicos
e pensionistas, que foram “chumba-
dos” pelo Tribunal Constitucional.
Ou seja, onde ir buscar medidas que
tapem um buraco de 1,8 mil milhões
no orçamento, não só de 2013, mas,
pelo menos, até 2015.
A hipótese mais falada tem sido a
de lançar um novo imposto extraor-
dinário em sede de IRS, que subtra-
ísse, pela via fi scal, um dos subsídios
(ou parte) a todos os portugueses.
Contudo, o FMI já deixou claro que
espera que a alternativa não venha
dos impostos, para manter a regra de
consolidar sobretudo através da des-
pesa. A questão será discutida nesta
avaliação da troika, mas esta deverá
aguardar pelas ideias do Governo,
no âmbito do Orçamento do Estado
de 2013. com Sofia Rodrigues
DANIEL ROCHA
A equipa da troika em Fevereiro de 2012 com Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República
Manif anti-troika
Protesto passará em frente à “sede” do FMI
Um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção apelou ontem a uma manifestação em
Lisboa em 15 de Setembro, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.
O apelo dirige-se “a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias” que concordem com as preocupações nele expressas. A manifestação realiza-se no dia 15, para coincidir com uma manifestação idêntica marcada para a capital espanhola. Vai partir da Praça de José Fontana, passará pela Maternidade Alfredo da Costa e também pela representação técnica do FMI em Portugal, na Avenida da República, onde poderá terminar.
Entre os subscritores encontram-se activistas que vão de movimentos feministas aos problemas da precariedade laboral, imigração e cultura, disse ao PÚBLICO uma das subscritoras do apelo, Magda Alves, activista feminista. Defendem alternativas “que partam da mobilização das populações” dos países que, “reféns da troika e da especulação financeira, perdem a soberania e empobrecem, assim como de todos os países a quem se impõe este regime de austeridade”. Entre os subscritores da iniciativa estão Mariana Avelãs, da Iniciativa por uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública e que fez parte da ATTAC, os jornalistas Nuno Ramos de Almeida e Sandra Monteiro (directora da edição portuguesa de Le Monde Diplomatique), a actriz Joana Manuel e a activista LGBT Fabíola Cardoso. Paulo Miguel Madeira
Ainda falta um ano para
Portugal dar o primeiro
passo no mercado da
dívida de médio e longo
prazo, mas a Comissão
Europeia e o FMI querem
perceber já se tal é ou não viável.
Na avaliação da troika que arranca
hoje, o Governo terá de apresentar
um plano de fi nanciamento credível
para os próximos 12 meses. Algumas
das estratégias poderão ser emitir
títulos com maior maturidade e fazer
colocações privadas de dívida junto
de investidores estrangeiros.
Apesar dos parceiros europeus já
se terem comprometido a continuar
a apoiar Portugal caso este não con-
siga fi nanciar-se sozinho na segunda
metade de 2013, tal não basta para
a troika. As regras do FMI condicio-
nam a libertação das suas tranches
à garantia de que o país resgatado
tem fi nanciamento assegurado nos 12
meses seguintes. Ora, o acordo com
a troika prevê que, em Setembro de
2013, o país tenha de amortizar uma
quantidade signifi cativa de dívida —
9,3 mil milhões de euros — já com
recurso ao mercado de médio e lon-
go prazo.
Se as autoridades internacionais
concluírem que tal não é viável, terá
de começar a discutir-se um even-
tual prolongamento da assistência
fi nanceira. Foi isso que aconteceu,
Troika põe à prova regresso aos mercados no próximo ano
em meados do ano passado, à Gré-
cia, obrigando à negociação de um
segundo resgate que envolveu um
perdão da dívida helénica.
Nos últimos tempos, Portugal tem
benefi ciado da acalmia do mercado
da dívida e conseguido emitir títulos
de curto prazo — Bilhetes do Tesou-
ro (BT) — a taxas razoáveis. A desci-
da dos juros tem mesmo permitido
alargar os prazos das emissões. O
Estado colocou recentemente BT a
18 meses e volta a fazê-lo no dia 19
de Setembro. Contudo, apesar de
isto dar alguma ideia sobre o apeti-
te dos investidores, não serve para
tirar conclusões sobre a capacidade
de o país regressar aos mercados em
2013.
“Os BT são uma dívida que é assu-
mida pelos investidores como não
correndo o risco de reestruturação,
ao contrário das Obrigações do Te-
souro [títulos de médio e longo pra-
zo] que o Estado terá de começar a
emitir na segunda metade de 2013”,
recorda Filipe Silva, gestor da dívida
do Banco Carregosa.
Já no que toca às colocações priva-
das de dívida, poderão ser mais úteis,
pois permitem “testar o apetite dos
investidores estrangeiros”, salienta
Teresa Gil Pinheiro, economista do
BPI. O próprio organismo que gere
a dívida pública, o IGCP, admitiu re-
centemente estar a sondar os merca-
dos sobre a possibilidade de realizar
este tipo de emissões, que, no ano
passado, captaram, por exemplo, o
investimento da China.
Neste momento, a maior parte
da dívida emitida continua a ser
comprada pelos bancos nacionais.
Os números do Banco de Portugal
mostram mesmo que os investido-
res estrangeiros nunca tiveram tão
pouca dívida nacional de curto pra-
zo, sugerindo que poderá ser difícil
pô-los de novo a fi nanciar o Estado.
Além disso, o regresso de Portugal
aos mercados está muito dependente
do que ocorrer entretanto no plano
europeu: a permanência ou não da
Grécia no euro, os possíveis resgates
à Espanha e à Itália e a anunciada in-
tervenção do Banco Central Europeu
(BCE) no mercado da dívida, que po-
derá vir a reduzir substancialmente
a pressão dos investidores sobre os
países periféricos e sobre Portugal.
Ana Rita Faria
Portugal tem conseguido emitir dívida a curto prazo
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Tiragem: 46555
País: Portugal
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5.ª VISITA DA TROIKA
Como está o cumprimento de 12 das principais metas exigidas pela troika
Rendas excessivas na energia focam atenções
Uma parte importante das obrigações de Portugal na área da energia estão no terreno. O Governo
aumentou o IVA sobre a electricidade para 23% e está em curso o processo que irá conduzir à liberalização total do sector (gás incluído). No regime de garantia de potência, criado para compensar os dias em que as centrais térmicas estão de sobreaviso e de incentivo aos novos aproveitamento hidroeléctricos, o Governo já anunciou uma poupança de 443 milhões de euros até 2020, mais 61 milhões do que valor acordado no memorando. Mas o grande problema estará na questão das margens de retorno, as chamadas “rendas excessivas” do sector eléctrico, onde os avanços conseguidos não satisfizeram, plenamente, a troika na última avaliação. José Manuel Rocha
Administração pública voltada para a avaliação
OGoverno concluiu as negociações sobre a mobilidade geográfica e as rescisões amigáveis
na função pública, mas outros assuntos ficaram pendentes devido à necessidade de encontrar uma alternativa aos cortes dos subsídios na sequência da decisão do Tribunal Constitucional. Em Julho, deveriam ter começado as discussões em torno de temas como a revisão do sistema de avaliação dos funcionários públicos (o SIADAP — Sistema de Avaliação de Desempenho da Administração Pública) e o relançamento da formação profissional, mas estes foram relegados para mais tarde. O Governo quer ainda garantir
que a meta de redução de funcionários de 2% ao ano será cumprida e que o Orçamento do Estado de 2013 já irá ter em conta as poupanças conseguidas com o Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (Premac), cujo balanço final será conhecido no final de Setembro. Luís Villalobos
Ir mais longe nas indemnizações por despedimento
O novo Código do Trabalho já em vigor traz alterações como horas extra mais baratas, o fim dos três
dias extra de férias e de quatro feriados (a partir de 2013). A extinção de posto de trabalho também é simplificada e o despedimento por inadaptação deixa de estar dependente da introdução de mudanças no posto de trabalho. Os valores das indemnizações também baixam. Os trabalhadores que assinaram contrato após 1 de Novembro de 2011 recebem 20 dias de salário-base e diuturnidades por cada ano ao serviço da empresa (antes eram 30 dias), até ao máximo de 12 salários ou 116 mil euros e sem limite mínimo. Já os que foram contratados antes têm uma compensação calculada com base em duas parcelas: o trabalho prestado até 31 de
Outubro de 2011 corresponde a 30 dias de salário por cada ano de antiguidade, com um mínimo de três meses. A segunda diz respeito ao trabalho prestado após essa data e corresponde a 20 dias de salário por cada ano. Quem tiver ultrapassado o limite máximo de 116 mil euros ou 12 salários congela os seus direitos e não acumula mais para o futuro. O Governo quer ir ainda mais longe e reduzir as indemnizações para 8 a 12 dias, o que deverá acontecer em Novembro. Luís Villalobos
Tornar os reguladores mais independentes
Atroika quer reguladores mais independentes do poder político e uma harmonização com as
práticas europeias e, por isso, exigiu um estudo para determinar o nível de independência dos supervisores nacionais. O Governo cumpriu a exigência dentro do prazo (segundo trimestre) e encomendou um relatório à consultora AT Kearney, que servirá de base para a preparação da nova lei-quadro. O diploma terá de estar pronto até final do ano, no caso dos supervisores mais importantes como a Autoridade da Concorrência e a Entidade
Reguladora dos Serviços Energéticos; os restantes têm até Março de 2013. O Governo reviu a Lei da Concorrência, que entrou em vigor em Julho, e criou um tribunal especializado. Em discussão está a fusão da AdC com reguladores sectoriais e a criação de um mega-regulador dos transportes. Ana Rute Silva
Nova lei do arrendamento concluída
Alei do arrendamento, que vai permitir uma liberalização gradual de contratos de arrendamento anteriores a
1992, genericamente designadas “rendas antigas”, já foi publicada e entra em vigor a 12 de Novembro. Os efeitos práticos do novo regime só vão começar a sentir-se no próximo ano, com a publicação de legislação complementar e a conclusão do processo de reavaliação patrimonial que está em curso. A lei prevê ainda um período de transição, de cinco anos, para os agregados familiares que venham a declarar carência económica e para os inquilinos com mais de 65 anos que não aceitem a proposta de aumento de renda, passando a aplicar-se uma actualização de 1/15 avos do valor patrimonial do imóvel. A nova lei vai permitir a actualização de um
conjunto alargado de contratos. A reforma, concluída com alguns meses de atraso, ficou aquém do que pretendia a troika, designadamente na questão dos despejos, que vão continuar a passar pelos tribunais, e no período de transição de cinco anos, após o qual a Segurança Social admite apoiar as famílias que não possam pagar rendas mais elevadas. Rosa Soares
Capitalização da banca em bom ritmo
Oreforço dos rácios de capital da banca foi uma exigência da troika, tendo ficado reservado, no plano
de ajuda, um montante de 12 mil milhões de euros. A troika exigiu ainda uma reavaliação de activos, incluindo a carteira de dívida pública detida pelas instituições e a adopção de uma percentagem bem mais conservadora (120%) do rácio de depósitos face ao crédito concedido. Esta exigência implica um processo de desalavancagem (redução de crédito) a realizar até 2014. Ao nível das exigências de capital core tier 1, a troika exigiu o cumprimento de um rácio de 9% em Junho de 2012 e 10% em Dezembro. A primeira meta já foi cumprida para bancos de maior dimensão, até porque também
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Tiragem: 46555
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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443milhões é quanto o Governo quer poupar até 2020 no regime de garantia de potência, mais 61 milhões do que o acordado
2%é a meta de redução anual de funcionários públicos prevista pelo Governo
8a 12 dias de trabalho é o que o Governo pretende, a partir de Novembro, definir como tecto máximo para as indemnizações
era uma exigência da Autoridade Bancária Europeia. O BPI, o BCP e a CGD, a que se seguirá também o Banif, recorreram aos apoios públicos (linha de recapitalização) e a aumentos de capital. O processo está quase concluído, mas o resultado, que era o de aumentar a concessão de crédito às empresas e famílias, continua a não se verificar. Este poderá ser um dos aspectos a merecer nota negativa da troika.Rosa Soares
Privatizações: parte dos anéis ainda no dedo
Depois de ter alienado, este ano, a posição na EDP e parte substancial da REN, o Estado terá ainda de se desfazer da
TAP e da ANA. Mas o processo de privatização das duas empresas tem vindo a derrapar, não sendo certo que a venda aconteça ainda em 2012. Até agora, o Governo só admitiu o adiamento de uma das alienações previstas: a da CP Carga, que passou para 2013, ano em que também avançará a dos CTT. Na última revisão, a troika criticou o incumprimento do calendário na venda da participação que a CGD tem na Galp e o facto de, na alienação da REN, terem sido criados limites à aquisição de capital. Até ao final deste mês, o Governo terá de entregar uma lista dos activos do sector local e regional, com o objectivo de alargar o programa de privatizações a empresas fora da administração central. Raquel Almeida Correia
Negociações aceleradas na área das PPP
Atroika colocou a fasquia elevada: até ao final do ano, o Governo terá de poupar mil milhões de
euros com a renegociação de parcerias público-privadas
(PPP). No último mês, o processo acelerou-se, com a Estradas de Portugal a anunciar 855 milhões em acordos com quatro concessionários, nomeadamente Pinhal Interior, Baixo Tejo, Transmontana e Litoral Oeste. No entanto, mesmo que a meta seja cumprida à custa das negociações já em curso com as subconcessões Litoral Algarve e Baixo Alentejo, este dossier vai manter-se como um dos principais riscos à consolidação orçamental. Tal como referiam as autoridades externas na última revisão, Portugal tem “um dos maiores programas de PPP do mundo”, com encargos em valor acrescentado líquido de 11,7 mil milhões de euros, de acordo com as conclusões da Ernst & Young, a consultora contratada pelo Governo para avaliar estes contratos, citadas pelo i. Raquel Almeida Correia
Governação das empresas públicas atrasada
Uma das medidas mais importantes prometidas pelo Governo à troika, no campo das empresas
públicas, ainda está por satisfazer, apesar de o prazo de validade ter expirado em Julho. Trata-se da aprovação da nova lei de governação das empresas públicas, que estabelecerá, por exemplo, os limites ao endividamento e dará mais poderes de supervisão ao Ministério das Finanças. O executivo tem ainda outra meta difícil: reequilibrar os resultados operacionais das empresas de transportes e fundir seis delas até ao final do ano. Isto ao mesmo tempo que controla os custos e as dívidas de todo o Sector Empresarial do Estado, sem esquecer a prometida extinção das empresas municipais e a eventual extinção da gestora de participações estatais Parpública, ainda por resolver. Raquel Almeida Correia
Freguesias por municípios
O desenho autárquico português permitiu uma peculiar resposta à receita da troika, ao estilo do “nim”.
Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu recomendaram uma redução significativa das autarquias. Quando o próximo mês de Setembro é tempo de mobilizações autárquicas — encontro nacional das freguesias a 15 e congresso dos municípios a 29, e o próximo ano é de ida às urnas nas autarquias —, a fusão de concelhos passou à história. O labor concentrou-se nas freguesias, sendo as suas despesas apenas uma gota de água. Até 15 de Outubro, as freguesias remetem ao Parlamento a sua posição sobre fusões. A concentração de municípios foi abandonada e o decreto de redução de empresas municipais aprovado
no Parlamento está entre os 20 diplomas à espera da promulgação de Cavaco Silva até ao fim do mês. Nuno Ribeiro
De seis medidas previstas na Saúde, duasestão por aplicar
Apesar de as contas da maioria dos hospitais continuarem no vermelho, o ministro Paulo Macedo
deverá “passar” no quinto exame regular do memorando de entendimento com a troika. Das seis medidas previstas aplicar no segundo trimestre, quatro estão concretizadas e duas “esperam pelo fim do processo legislativo”: as alterações ao regime de instalação das farmácias e a legislação no sentido de melhorar e tornar mais transparente o processo de nomeação dos conselhos de
administração dos hospitais. Neste último caso, a medida até estava prevista, inicialmente, para ser aplicada até ao final de 2011 — posteriormente adiada para Junho deste ano —, mas até agora nada mudou. Sobre as medidas relativas ao terceiro trimestre (e subsequentes) que vão ser avaliadas com a troika, o ministério entende que “não é pertinente fazer balanços prévios antes do encontro” com os representantes da troika. Em cima da mesa vai estar seguramente o orçamento do SNS para 2013. O memorando prevê um novo corte (375 milhões) mas o Económico já noticiou que a redução será de 200. O Ministério da Saúde não confirma nem desmente. João d’Espiney
Principais metas da Justiça apenas no último trimestre
Grande parte dos compromissos que o Ministério da Justiça assumiu perante a troika
estão em fases intermédias, com pequenos atrasos, mas a tutela garante que vai cumprir o prazo final acordado. Por exemplo até meados deste mês, o ministério tinha que apresentar o anteprojecto de proposta de lei relativo ao quadro dos agentes de execução e o anteprojecto de proposta de lei relativo à reforma do mapa judiciário, documentos que ainda não são conhecidos. “Será submetida à aprovação do Parlamento até final de Novembro de 2012”, garante o ministério relativamente à reforma do mapa e à revisão do Código de Processo Civil. É também no último trimestre que terá que ser apresentado no Parlamento o projecto de lei que pretende melhorar os julgados de paz. Já em vigor está a Lei de Arbitragem e a funcionar um tribunal especializado em direitos de propriedade intelectual. Mariana Oliveira
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5.ª VISITA DA TROIKA
Como é que o Governo vai
tornar compatível o teor
do acórdão do Tribunal
Constitucional e a necessi-
dade de cumprir as metas
do défi ce?
Esta é a pergunta de um milhão
de dólares a que Passos Coelho irá
responder na proposta de Orçamen-
to do Estado para 2013.
O alargamento do corte dos subsí-
dios ao sector privado, como admitiu
Passos Coelho, parece inevitável, res-
ta saber como é que vai ser feito.
O Governo vai respeitar o acórdão
que declarou inconstitucional o cor-
te dos subsídios para os funcionários
públicos e reformados, até porque
não quer sujeitar-se a outro chum-
bo. Respeitar sim, mas isso não sig-
nifi ca que o corte nos subsídios de
férias e de Natal sector privado se
faça em igual medida do que no sec-
tor público. A solução “deve ter em
conta as diferenças no rendimento
e na segurança do emprego”, afi rma
fonte da maioria, lembrando, aliás,
que o Tribunal Constitucional tam-
bém não defendeu uma repartição
igual dos sacrifícios entre público
e privado. Aliás, o líder do CDS-PP,
Paulo Portas, e ministro de Estado
e dos Negócios Estrangeiros, defen-
deu que seria injusto para o sector
privado ter a mesma responsabili-
dade de ajudar à consolidação orça-
mental do que o sector público.
Outra fonte social-democrata
reconhece que uma das hipóteses
que está em cima da mesa é que o
diferencial do esforço entre público
Sofia Rodrigues
Solução terá em conta diferenças entre públicoe privado
O alargamento do corte dos subsídios aos privados, como admitiu Passos, parece certo, resta saber como é que vai ser feito
e privado seja assumido em maior
dimensão pelo privado. “Respeitar
o acórdão não signifi ca que [o sacri-
fício] ser igual para todos”, afi rma a
mesma fonte social-democrata.
Em Julho, o primeiro-ministro re-
conheceu, num primeiro momento
após a divulgação do acórdão, que
os cortes teriam de se estender aos
privados. Há duas semanas, na Fes-
ta do PSD do Pontal, Passos Coelho
disse que a medida de compensação
será “partilhada pela generalidade
dos portugueses”. Uma coisa é cer-
ta: será o próprio a anunciar.
A outra questão central em cima
da mesa é a elaboração do Orçamen-
to do Estado para 2013 e o consenso
político em torno da lei. Depois de
Passos Coelho já ter lançado, em
Julho, no Parlamento, o desafi o ao
PS para participar na elaboração
da proposta, o apoio dos socialis-
tas continua a ser visto como funda-
mental pelo Governo para a imagem
externa de Portugal. Fonte centrista
defende que “o PS tem mais a ga-
nhar com um comportamento res-
ponsável do que o contrário, porque
as pessoas percebem que há difi cul-
dades em toda a Europa”. PSD e CDS
reconhecem que o “sim” da banca-
da socialista é difícil, mas lembram
a António José Seguro que “não há
eleições amanhã”.
Passos Coelho dará as respostas que todos esperamno novo orçamentode Estado
Há que reavaliar todo o processo orçamental e pôr o Conselho de Finanças Públicas a funcionar Paulo Trigo PereiraProfessor do ISEG/UTL
A conversa com a troika
devia começar pela
economia. Os números
do desemprego, os das
falências de empresas e das
novas criadas, por áreas
sectoriais, e a análise das actividades
económicas mais fustigadas pela
recessão. Quais as medidas de
relançamento da economia no curto
prazo? Não as medidas estruturais,
mas as que têm efeitos imediatos na
economia, ou seja, nas decisões das
empresas e famílias. É importante
analisar o desempenho económico
em 2012 e as novas medidas tomadas
no Orçamento deste ano. Por
exemplo, como afectou a subida
da taxa de IVA da restauração o
sector e que impacto teve na colecta
de IVA? Não será de rectifi car esta
subida? Qual o montante de crédito
que chega às empresas e qual o seu
custo? Um sector onde existe uma
profunda recessão é o da construção.
É desejável relançar as obras
públicas e privadas associadas à
requalifi cação urbana. Porque não
se fazem? Burocracia que deriva
das leis, valores da TRIU (taxa
municipal por infra-estruturas
urbanísticas) ou as duas? É preciso
dar uma resposta rápida ao
declínio dramático do sector.
Nas fi nanças públicas os números
são agora claros. Sem medidas
adicionais o défi ce deste ano estará
nos 5,4% do PIB mesmo com dois
cortes de pensões e subsídios,
não previstos no memorando. Os
objectivos da troika para o período
2012-2014 (défi ces de 4,5%, 3% e
2,3% do PIB respectivamente) são
indesejáveis. O Governo não só
tomou as medidas recomendadas
pela troika, como excedeu-as e
mesmo assim não chegou lá. Por
outro lado, a Espanha já obteve a
concessão de um ponto percentual
no défi ce deste ano. Assim,
qualquer cenário deve apontar
para os 3% do PIB em 2014. Com
A conversa com a troika
OpiniãoPaulo Trigo Pereira
receitas extraordinárias da ordem
dos 0,4% do PIB este ano, será
realista uma trajectória de 5%, 4,2%
e 3% (2012-14). Em 2013 a economia
estará ainda em recessão e será
necessário repor parcialmente
os subsídios de férias e Natal. Na
parte fi scal (em particular IVA e
IRC) tem-se insistido no aumento
das taxas dos impostos (os mesmos
a pagar mais), quando se deveria
concentrar no alargamento das
bases tributárias e no aumento da
progressividade dos impostos e
da tributação de capitais (IRS). Na
parte da despesa há que retomar os
incentivos na administração pública
e implementar cortes selectivos
da despesa pública, eliminando as
muitas situações de inefi ciências
e dos que vivem, injustamente, à
mesa do Orçamento. Finalmente,
há que reavaliar todo o processo
orçamental e pôr o Conselho de
Finanças Públicas a funcionar.
Pela quinta vez em pouco
mais de um ano, Portugal
vai novamente a exame e
deverá passar na avaliação,
só que desta vez à tangente
e só por favor. Portugal é o
bom aluno, porque tem cumprido
a redução da despesa defi nida
pela troika e porque tem legislado
sobre alguns bons projectos de
reforma desde então. Mas as
boas notícias fi cam-se por aqui.
Seguem-se as más. Primeiro, a
redução da despesa tem resultado
essencialmente do corte de salários
que, obedecendo ao Tribunal
Constitucional, será irrepetível
no futuro próximo. Segundo, a
recessão continua a agravar-se,
mantém-se o desinvestimento na
estrutura produtiva e o desemprego
não dá tréguas. Não há expectativas
de crescimento. Precisamos de um
plano b, já que neste curso será uma
questão de tempo até que deixemos
de ter boas notas.
A troika deverá perdoar-nos o
lapso orçamental, livrando-nos de
mais impostos; o défi ce, apesar de
tudo, não deverá exceder os 5,5% do
PIB. A troika deveria também dar-
nos mais tempo, muito mais tempo,
para lhe reembolsarmos o dinheiro
que pedimos emprestado. Em troca,
deveríamos prometer (pela enésima
vez, é certo) o desmembramento
do Monstro que continua instalado
na administração pública. E,
sobretudo, deveríamos argumentar
em prol do rejuvenescimento do
sector privado, em cuja pequenez —
e excessiva dependência do Estado –
reside a raiz do mal português. Para
isso, aproveitando o dinheiro que
sobrou da linha de crédito destinada
a capitalizar os bancos, precisamos
urgentemente de sacar um cheque
de 5 mil milhões de euros, a fi m
de regularizar os pagamentos em
atraso que o Monstro acumulou.
Esta medida, inatacável do ponto
de vista ético e moral, pois o
Plano b
OpiniãoRicardo Arroja
Estado tem de ser o primeiro
a dar o exemplo, funcionaria
como estímulo orçamental sem
formalmente o ser. Mas não chega.
Nos números da economia
portuguesa na última década, há
uma estatística particularmente
chocante: a evolução negativa
do investimento. Desde 2000,
o investimento contraiu-se em
média a uma taxa anual de
2,6%, ou seja, uma deterioração
acumulada de 30%. Esta sentiu-se
mais do que proporcionalmente
no sector privado. Já no Estado, a
despeito da recente austeridade, o
investimento como percentagem
da despesa pública foi superior à
média da zona euro. Assim, a par
de um Estado que tem primado
pela inefi ciência convive um sector
privado em coma profundo. É
sobre esta realidade que a troika
deveria refl ectir. Em alternativa à
desvalorização salarial, é chegada a
hora da desvalorização fi scal.
Economista e especialista em finanças públicas
Economista
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Mais tempo ou mais austeridade? A troika regressae decide
Numa visita decisiva, a troika regressa hoje para a 5.ª missão de avaliação do país. No fi m, saberemos se vai ser exigida mais austeridade ou se a troika fecha os olhos à derrapagem orçamentalDestaque, 2 a 6 e Editorial
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