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3. RESERVA DE GURJAÚ E ENTORNO3.1 Informações Gerais
O Estado de Pernambuco possui 70 unidades de conservação distribuídas pelo
território, levando em consideração as categorias de plano de manejo de uso
direto e indireto, mas pouco se conhece a respeito dessas áreas. Essas unidades
apresentam-se em âmbito Federal, Estadual, Municipal e Particular com uma área
total de 619.577.08 ha (Uchoa Neto, 1999), o que corresponde a 6,26% do
território pernambucano, aproximadamente 9.893.780ha (CONDEPE, 1995).
A Reserva Ecológica de Gurjaú encontra-se assim inserida na porção Sul da
Região Metropolitana do Recife, precisamente na divisa dos municípios de
Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Moreno, entre os
engenhos: Salvador, São Braz, São João, Roças Velhas.
A bacia do Rio Pirapama, (FIDEM, 1998), tem sua nascente a cerca de 450m de
altitude, no município de Pombos (agreste pernambucano), sendo formado por
vários tributários, como o Rio Gurjaú que destaca-se pelas dimensões. O Rio
Pirapama e seus tributários constituem mananciais de abastecimento d’água da
cidade do Recife desde 1918, ano em que ocorreu a construção da Barragem do
Gurjaú, primeira adutora de água para o Recife.
3.2 Aspectos Culturais e Históricos
A partir de 1571, após a expulsão dos índios Caetés, as terras circunvizinhas ao
Cabo de Santo Agostinho foram divididas e doadas em sesmarias a diversos
nobres (ISRAEL FELIPE, 1962).
Com duas léguas, a zona ao Norte do rio Araçuagipe, atualmente nomeado
Pirapama, até o rio Ururaiu ou Guararibe, que posteriormente passou a
denominação de São João, coube ao fidalgo alemão Cristóvão Lins. Na referida
Zona, estão situados os engenhos Trapiche, Bom Jesus, São João, Secopema,
Pau Santo, Novo, Barbalho, Pirapama e outros. Do final do século XVII ao século
XVIII nada se conseguiu apurar sobre o desenvolvimento e a continuidade
daqueles feudos (ISRAEL FELIPE, 1962).
Durante a ocupação holandesa, muitos engenhos foram confiscados. Mas ao
término do domínio estrangeiro aqueles feudos açucareiros foram restituídos aos
legítimos donos (ISRAEL FELIPE, 1962).
No início do século XX, alguns engenhos foram desapropriados ou comprados
pelo Estado de Pernambuco para a tomada de abastecimento d’água. Dentre
estes, os que compõem a Reserva Ecológica de Gurjaú: Engenho São João,
Engenho Secupema e Engenho São Salvador.
3.2.1 Engenho São João
Construído por André Couto, confiscado pelos holandeses e vendido, em 1637, a
Pedro Lopes de Vera. Foi um dos primeiros engenhos de Pernambuco que usou
alambique de cobre para fabricação de álcool, sendo nesta época pertencente ao
Dr. Manuel Carneiro Lins de Albuquerque (ISRAEL FELIPE, 1962).
Em época mais recente, o Bacharel Carlos Change Boulitrean e Maria Cordélia
Boulitrean, proprietários do Engenho São João, no município do Cabo de Santo
Agostinho, venderam este ao Estado de Pernambuco, segundo escritura datada
em 27 de Agosto de 1913 (3º Ofício de Notas-Recife-PE), pela quantia de 90
contos de réis, para serviço de abastecimento d’água da capital. O engenho abriga
as águas do Rio Gurjaú com a respectiva cachoeira e mais 200 hectares de terra
situados na bacia do mesmo rio.
Segundo a mesma escritura, os proprietários, ou quem os substituíram na posse e
propriedade do Engenho São João, foram obrigados a construir, dentro do prazo
máximo de um ano, a contar da assinatura desta, uma estrada de ferro de um
metro de bitola aproveitando o leito atual da estrada de rodagem que vai do
referido Engenho à cidade do Cabo, para que o Governo transportasse
gratuitamente nessa via-férrea todo o material necessário às obras de
abastecimento d’água.
Outra escritura de 12 de Janeiro de 1977 (Cartório Privativo do Registro Geral de
Imóveis - Cabo-PE), registra que o Estado também desapropriava, para passagem
da linha férrea, das linhas de tubos e outras utilidades públicas, uma faixa com 12
metros de largura, englobando parte das terras da Usina Bom Jesus, entre os
Engenhos São João e Secupema e divisor de águas ao nascente, bem como parte
do Engenho Roças Velhas, compreendida entre as divisas das terras de
Secupema, Engenho São Salvador, Barbalho e referido divisor de águas.
O adquirente das terras do Engenho São João e das terras da Usina Bom Jesus
foi o Departamento de Saneamento do Estado - DSE, o Saneamento do Recife
S/A- SANER e o Saneamento do Interior Pernambucano S/A- SANEPE, que
passou a denominar-se COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento.
3.2.2 Engenho Secupema
Situa-se entre os Engenhos São João, Roças Velhas e Sacambu, à margem do rio
Gurjaú. Foi comprado pelo Governo do Estado também em 1913, para
aproveitamento das águas deste rio, que se encachoeiram em terras do Engenho
São João, onde foi construída a primeira barragem destinada ao abastecimento
d’água ao Recife (ISRAEL FELIPE, 1962).
Nos mapas antigos do Departamento de Saneamento do Estado DSE, atual
COMPESA, este engenho aparece com a barragem e o açude em projeto
(Barragem n°2), tomando o açude o nome do engenho.
3.2.3 Engenho São Salvador
O Engenho São Salvador tem seus limites nas propriedades denominadas
Barbalho, Engenhos Secupeminha, Canzanza, Jacobina, São Braz, Secupema,
Roças Velhas e Ricos. A área pertenceu a Antônio Heráclito Carneiro Campello e
a sua mulher, Maria Amélia Carneiro Campello.
Em 1921, o engenho foi comprado, a 150 contos de réis, pelo senhor Oscar
Santos Dias e a mulher Cordulina Santos Dias, conforme escritura pública em
notas do Tabelião Público do Município de Jaboatão, Doutor José Ramos de
Castro Vasconcellos. Quando o adquiriu, o engenho estava em péssimo estado de
conservação, então o senhor Oscar reconstruiu todas as casas, inclusive a de
vivenda e o edifício da fábrica. Ainda construiu mais quinze casas, reforçou a
barragem do açude, abriu estradas carroçáveis para vários pontos, entre outras
benfeitorias.
O Governo do Estado resolveu desapropriar o engenho, pagou uma indenização
aos proprietários e construiu o serviço de abastecimento d’água da capital. “A
desapropriação de Engenho São Salvador deveu-se ao fato de seus terrenos
estarem compreendidos nas áreas destinadas à proteção do manancial hídrico,
praticamente circundando o açude de Secupema” (CAMINHA, 2002).
Na época em que houve a construção da ETA Saturnino de Brito, o DSE pretendia
desapropriar outros engenhos. Não se conhece o motivo da não desapropriação
destes, pois consta em mapas antigos, de 1918, a intenção de desapropriação.
3.2.4 Engenho São Bráz
O Engenho São Braz foi edificado por Antônio da Silva, em data anterior a 1630.
Quando houve a invasão holandesa, este engenho pertenceu aos invasores que
ali construíram benfeitorias (INVENTÁRIO POTENCIAL TURÍSTICO DE PE,
1998). Situado à oeste da Reserva, este Engenho contém o leito do Rio Gurjaú, a
montante da barragem. Nos mapas do DSE, de 1918, já possuía terras cultivadas.
A sede é composta pela Casa-Grande e Capela. A Casa-Grande é de apenas um
pavimento, circundada por alpendres, com cobertura em quatro águas, com
estado de conservação regular e uso residencial. A Capela é um exemplo raro da
arquitetura religiosa, sendo o elemento de maior importância do conjunto.
Destacam-se os trabalhos de talha do altar-mor, dos altares colaterais, do púlpito
e das safenas. Esta se encontra abandonada, quase em ruínas. A senzala, à
esquerda da capela, ainda possui a estrutura original, porém uma casa
recentemente construída prejudicou a harmonia do conjunto. Tanto esta casa
quanto a capela são utilizadas como moradia pelos trabalhadores do engenho.
Atualmente, a propriedade pertence à Usina Bom Jesus, sendo fornecedora de
cana. (INVENTÁRIO POTENCIAL TURÍSTICO DE PE, 1998).
3.2.5 Engenho Bom Jesus
Foi levantado, antes da invasão holandesa, por Pedro Lopes de Vera, falecido em
1651, na Bahia. Nas terras deste engenho foi fundada, em 1881, a usina de
mesmo nome. (ISRAEL FELIPE, 1962).
3.2.6 Engenho Barbalho
Fundado por Brás Barbalho Fero, que era casado com uma irmã da esposa do
morgado do Cabo, e filha de Francisco de Carvalho de Andrade e sua mulher D.
Maria Tavares Guardez. Anteriormente, as terras pertenciam ao fidalgo alemão
Cristóvão Lins.
3.2.7 Engenho Gurjaú
O Engenho Gurjaú foi um dos primeiros Engenhos de Jaboatão, sendo
mencionado como proprietário, desde 1581, Pereira da Costa. Em 1591, foi
subdividido em dois Gurjaus: de Cima e de Baixo. No mapa de Ving, Gurjaú é
citado sob a grafia de Gorogoá e uma légua distante a oeste do Cabo de Santo
Agostinho e grafado na carta como Gorajau. Em documentos holandeses, Gurjaú
é citado como Gurjaú (BREVE DISCURSO, DE 1638) ou Grojaú (RELATÓRIO DE
VAN DER RUSSEN, 1639) e o consideravam pertencente a André Soares, natural
de Viana. Em 1651, o Engenho pertencia ao Capitão–mor de Muribeca e
Jaboatão, Fernão Soares da Cunha, primo de André. Em 1667, Gurjaú foi passado
para o seu irmão, Diogo Soares. O Gurjaú dos Soares era somente o de Cima,
enquanto que o de baixo, atravessado pelo rio Gurjaú, pertencia a Antonio Nunes
Ximenes. Após os Soares, passou-se Gurjaú de Cima aos Vieira e Gurjaú de
Baixo foi arrematado, em 1674, pelo padre Antônio de Sousa Leão. Assim, os dois
engenhos tornaram-se propriedade da mesma família (SOUZA LEÃO, 1956).
3.2.7.1 Engenho Gurjaú de Baixo
O engenho existiu até o ano de 1872, sendo vendido à usina Bom Jesus em
princípios do século XX. A Casa-Grande original deste Engenho desabou e foi
reconstruída pela família Albuquerque Maranhão, no mesmo local, pois
atualmente se encontra uma Casa-Grande datada de 1919. Construída em
alvenaria de tijolo rebocada com fachada retangular em calçada alta, possui dois
pavimentos, sendo o superior sustentado por nove colunas jônicas. Antes da porta
principal, há um alpendre que possui no alto do telhado em platibanda com
elementos decorativos em massa, onde consta no alto a data de 1919. O Engenho
encontra-se desativado, sendo apenas fornecedor de cana-de-açúcar
(INVENTÁRIO POTENCIAL TURÍSTICO DE PE, 1998).
A Casa-Grande está bem conservada e pertence a Antônio José Zazá de
Albuquerque Maranhão. Situa-se no alto de um morro de onde se avistam os
coqueirais e o rio Gurjaú, onde, segundo o administrador do Engenho, o Sr. José
Otávio Vitorino, existia uma barragem de pedra que era usada para mover os
engenhos.
3.2.7.2 Engenho Gurjaú de Cima
Pertenceu à herdeira Rosa Maria Barbosa Cavalcanti, filha de uma Vieira, a qual
se casou com o capitão Manuel Tomás de Souza Leão, fundador do Engenho
Novo da Conceição.
A casa de Gurjaú de Cima é uma das mais antigas casas grandes existentes em
Pernambuco, sendo o único exemplar preservado no município do Cabo que
possui um núcleo central retangular, em alvenaria de pedra e cercado por arcadas
em três dos seus lados. Apesar da descaracterização da casa por causa dos
acréscimos feitos, ainda estão conservadas muitas características originais. A
presença de sólidos alicerces e parapeito que lhe sustentam o jardim fronteiro,
madeiramento de pau d’arco, portas conservadas com antigos gonzos de engaste
e forno arcaico, sem chaminé e com grelha típica são alguns exemplos (SOUZA
LEÃO, 1956).
Ao lado da Casa Grande existiu uma capela, sob invocação de São Miguel,
possuindo dois andares, frontão barroco e torres rasas, uma bela talha no altar-
mor, um coro e uma galeria com o mesmo piso da casa, à qual se ligava por
passagem interna.
3.2.8 Engenho Novo da Conceição
A família de senhores de engenho Souza Leão era bastante numerosa, tanto que
os diversos ramos se bifurcaram e passaram a ser identificado pelos nomes de
seus engenhos, como verdadeiras dinastias do açúcar. O ramo Novo da
Conceição foi fundado pelo capitão Manuel Tomás de Sousa Leão, senhor do
engenho do mesmo nome.
Originalmente, as terras tinham o nome de Sítio do Cavaco, que integravam o
antigo Engenho Gurjaú de Cima, da família Vieira de Lacerda. Quando foi
desmembrado, o engenho recebeu o nome de Conceição. Em 1845, data da
ampliação da Casa-Grande, passou a chamar-se Novo da Conceição.
As filhas de Manuel Tomás de Souza Leão com Rosa Maria Barbosa Cavalcanti
casaram-se com primos da família Souza Leão, tendo o filho José de Souza Leão
comprado todas as partes do Engenho dos irmãos, tornando-se assim o único
dono do Engenho. Nascido em 1838, José de Souza Leão recebeu o título de
Barão de Gurjaú em 1883. Casado com Lília Ermelinda, morreu no Recife, em
1908, em seu sobrado na rua da Aurora. Ao falecer, em 1906, deixou a
propriedade para sobrinhos. Além de grande senhor de engenho, foi coronel
comandante da Guarda Nacional de Jaboatão e juiz de paz. A baronesa morreu
no próprio engenho, em 1921, sem filhos (GOMES, 1998).
3.2.9 Engenho Trapiche
Fundado por João Pais Barreto, em 1580. Possui uma capela de invocação a São
Francisco, cuja construção data da época em que o bangüê foi erguido.
Posteriormente, a capela passou por várias restaurações.
Neste engenho nasceram alguns homens ilustres, entre eles, Francisco do Rego
Barros Conde da Boa Vista, em 3 de fevereiro de 1802; João do Rego Barros,
Barão de Ipojuca; o desembargador Sebastião do Rego Barros Lacerda e o Dr.
Francisco do Rego Barros Lacerda, que foi deputado geral do Império, senador
estadual, presidente da Intendência Municipal, etc. À época, ele transformou todos
os métodos empregados na lavoura, em Pernambuco.
3.2.10 Criação do Sistema Gurjaú
Originalmente, o sistema Gurjaú era destinado ao abastecimento d’água de
Recife, inclusive do bairro de Boa Viagem e parte de Piedade. Posteriormente, em
meados da década de 70, foi elaborado o projeto do Sistema Regional Sul.
Este projeto destinava-se, basicamente, ao abastecimento da cidade do Cabo,
inclusive do seu distrito industrial, Ponte dos Carvalhos, Pontezinha e parte de
Muribeca dos Guararapes. De acordo com o projeto, estas seriam abastecidas a
partir do Sistema Pirapama, que até o momento ainda não se concretizou.
Apesar de todos os esforços e recursos despendidos pela COMPESA, o problema
da falta de água continua e tudo indica que, enquanto o Sistema Pirapama não for
concluído, nada será resolvido a contento.
3.3 Acesso a Gurjaú e Ficha Técnica3.3.1 Acesso à Unidade
A Reserva Ecológica de Gurjaú, inserida entre os Municípios do Cabo de Santo
Agostinho, Jaboatão e Moreno. Ao norte da Reserva, encontra-se o povoado de
São Salvador, que pertence aos municípios de Moreno e Jaboatão, na parte
central o povoado de Secupema, pertencente ao Município de Jaboatão dos
Guararapes, e ao Sul abrange os povoados de São João e Secupema, integrantes
do Município do Cabo de Santo Agostinho.
Partindo do Recife, a distância para chegar à Reserva é de 33,1 Km, levando em
consideração o percurso da Rodovia Federal (PE 025) até o portão de entrada da
ETA de Gurjaú.
A estrada que dá acesso à Usina Bom Jesus, mesmo não sendo asfaltada,
permanece em bom estado no período seco, o percurso de carro normalmente
leva 30 minutos de Recife até a sede da Reserva.
O acesso pelo Município de Jaboatão dos Guararapes se dá pela PE 007, com
acesso pela Igreja Colônia dos Padres (Jaboatão Velho). É uma estrada de terra
que leva aos engenhos Palmeiras, Macujé, Pedra Lavrada, Secupema até chegar
ao Engenho São Salvador, pertencente à Reserva.
Linhas de transporte que servem à Unidade:
RecifeLinha: 182 (Cabo-Gurjaú)Empresa: São Judas TadeuTerminal: Cais de Santa RitaHorário de Segunda a Sábado
Sentido Recife/ Gurjaú 10:30h/ 16:30hSentido Gurjaú/Recife 5:00h/ 12:00h
Cabo
Linha: Gurjaú
Empresa: Transpirapama
Terminal: Em frente à Secretaria da Fazenda do Cabo de Santo Agostinho
Horário de Segunda a Sexta
5:00h as 22:00h (ônibus de hora em hora, tendo uma viagem às 19:15h e depois
desta um intervalo, sendo a última viagem às 22:20h).
Sábado e Domingo: 5:00h às 19:15h (ônibus de hora em hora)
Linha: Roças Velhas
Terminal: Cabo sede
Horário de Segunda à Sexta: 7:30h; 12:30h; 17:30h e 19:15h.
Sábado: 6:00h; 10:00h; 12:00h; 14:00h; 16:00h e 18:00h.
Figura 1- Localização da Reserva Ecológica de Gurjaú no Recife
3.3.2 Ficha Técnica da Unidade de Conservação
3.4 Situação Fundiária
Nome da Unidade de conservação: Reserva Ecológica de GurjaúGerência Executiva: FADURPE – Fundação Apolônio Salles Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos (Campus da UFRPE). Fone: (0xx81) 3301-6060Unidade Gestora responsável: COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento.
Endereço da sede:
Telefone:
Fax:
E-mail:
Site:
Estrada da Usina Bom Jesus, Km 5
3510-1507
Superfície da UC (ha): 1.340,72 ha
Perímetro da UC (Km): 38.647,22 KmSuperfície da ZA (ha):Perímetro da ZA (Km):Municípios que abrange e percentual abrangido pela UC:
587,92 ha Cabo de Santo Agostinho 280,04 ha Moreno e 472,76 ha Jaboatão.
Estados que abrange: PERNAMBUCO - BRASIL
Coordenadas geográficas (latitude e longitude):
08º10`00 e 08º 15`00 “- Latitude”.35º 02`30”e 35º 05`00” – Longitude
Data de criação e número do Decreto: 13/01/1987 – Lei estadual 9.989
Marcos geográficos referenciais dos limites:
Tem como limítrofes ao sul os Engenhos São João e Bom Jesus, ao norte com os Engenhos Secupeminha e Canzanza (assentamento), a leste com os Engenhos Barbalho, Rico e Rochas Velhas e a oeste com os Engenhos São Braz, Jacobina e Pau Santo (loteamento).
Biomas e Ecossistemas: Remanescentes de Mata Atlântica, Capoeira, Capoeirinha, Vegetação Arbustiva, Higrófila.
Atividades ocorrentes: Monocultura da Cana-de-açúcar, Pesca, Roçados de subsistência e Pecuária Semi-extensiva.
Educação ambiental:Fiscalização:Cisques:Visitada:
AtividadesConflitam:
Não
CIPOMA (Incipiente)
Levantamento de Fauna e Flora. Escolas, Universidades, visitação Pública, grupos de tracking, Camping,
banhos de cachoeira, religiosa. Especulação imobiliária, caça, pesca, agropecuária, queimadas, piscicultura,
extração de essências nativas: madeiras de lei, plantas ornamentais,
(principalmente bromélias e orquídeas).
Em 1909, no governo de Herculano Bandeira, foi criada a Comissão de
Saneamento, dirigida pelo engenheiro Francisco Saturnino Rodrigues de Brito,
que objetivava construir o sistema de esgoto sanitário e obras de abastecimento
d’água da Cidade do Recife.
Em 1918, estava solucionado o problema do manancial através da Barragem de
Gurjaú, com 37,5 km em tubos de 750mm (COMPESA, 1999). Para isso, foi
adquirida pelo Estado parte da área do Engenho São João, desapropriada há 90
anos, com fins de uso público, segundo a escritura pública lavrada em 27 de
agosto de 1913, no cartório ou tabelionato 3º Ofício de Notas Bel. Melânio Correia,
município do Cabo de Santo Agostinho. A área do Engenho São Salvador –
Jaboatão dos Guararapes foi desapropriada em 19 de fevereiro de 1925, no
Cartório ou Tabelionato 5º Ofício de Notas, município do Cabo de Santo
Agostinho, com o objetivo da construção e implantação da Estação de Tratamento
de água de Gurjaú, uma das três estações de abastecimento de água do Recife.
Entre 1980 e 1982, a FIDEM (Fundação de Desenvolvimento da Região
Metropolitana do Recife) elaborou um documento intitulado “Áreas Verdes –
Proposições para a Preservação”, que serviu de base para a elaboração do
documento “Reservas Ecológicas”, que definiu a área do Sistema Gurjaú como
Reserva Ecológica. Inicialmente no documento “áreas verdes” o Sistema Gurjaú
apresentava 1.077,10 hectares e depois no documento “Reservas Ecológicas” a
área aumentou para 1.362,02 hectares. A demarcação constou de três fases: foto-
interpretação para seleção das áreas que deveriam ser preservadas, trabalhos de
campo e sobrevôo para confirmação da situação da cobertura vegetal das áreas
(FIDEM,1993).
A FIDEM trabalhou com base nas “Áreas Verdes” e selecionou apenas as áreas
com cobertura vegetal de porte de mata, deixando de fora, talvez, áreas que
pertenciam à COMPESA, mas que estavam desprovidas de vegetação, por
estarem invadidas pela cana de açúcar ou lavouras de subsistência. Por este
método, o mais provável é que haja erros na demarcação da área.
A área desapropriada pela antecessora da COMPESA, em 1918, onde foi
demarcada com marcos de ferro e de pedra e uma carta, que se encontra no setor
de patrimônio e no arquivo do cadastro técnico da empresa, foi elaborada. Esta
área delimitada por marcos forma um polígono irregular e delimita o perímetro da
propriedade, conservado até então com matas, coincidindo em parte com o
perímetro delimitado pela FIDEM nas ortofotocartas de 1975 e 1988.
Entretanto, existem divergências entre os limites da propriedade da COMPESA e
o perímetro oficial da reserva.
Considerando-se de grande importância a situação fundiária da propriedade da
COMPESA e, conseqüentemente, da reserva, fez-se um levantamento referente à
questão fundiária de Gurjaú, como Escrituras Públicas de Compra e Venda de
terrenos daquela região (Engenhos São João e São Salvador), material este já
encontrado na DIVISÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO da COMPESA, além de
plantas da área dos açudes de Gurjaú e Secupema.
Conforme o quadro de legenda da planta analógica encontrada no arquivo do
Cadastro Técnico da COMPESA, a área demarcada da planta referente ao
Engenho São Braz consta como terra em desapropriação (Plantas 00.01; 00.02;
00.03;00.04), o que pode aumentar consideravelmente a propriedade da
COMPESA. Entretanto, essas terras ainda não têm “registros conhecidos” e
pertencem aos limites da Reserva de Gurjaú, podendo vir a ser incorporada
quando da recategorização, através de uma negociação com a COMPESA, caso
essas informações sejam confirmadas.
Alguns projetos encontrados na COMPESA citam a possibilidade de aumento da
vazão de água a partir das barragens de São Braz, Secupema, e Gurjaú, bastando
para isto aumentar a oferta de água a partir da implementação de barragem com
capacidade para regular a vazão de 1m³/s a montante da barragem de Gurjaú. A
barragem ficaria no local conhecido por São Braz, onde estudos preliminares
teriam sido elaborados pela ACQUA-PLAN mostrando essa possibilidade
(COMPESA, 1998).
Os Engenhos de Gurjaú e São Salvador tiveram sua desapropriação executada e
averbada em cartório. A Área de São Brás ainda é uma incógnita a ser resolvida.
Indagados sobre o tema, os topógrafos da companhia apóiam a teoria de que a
área foi desapropriada, do contrário como seria possível a construção do limite da
represa em terras alheias?
3.4.1 Documentos Pesquisados na Divisão de Patrimônio da COMPESA.
• MAPA: Uma Planta do Açude de Gurjaú na escala 1:10.000. Desenho de J.
Cruz iniciada em 17/07/1940 - terminado 18/07/1940;
• PLANTA: Uma faixa de terra dos Engenhos a ser desapropriada, na Escala
1:2 000. Desenhado por Arsênio Campos em 01/10/1945.
• PLANTA: Da Represa Gurjahú com parte do Engenho São João anexada.
Escala 1:500. Copiado por J. Navarro desenhista de 2ª classe em
21/01/1937;
• PLANTA: Engenho São Salvador na Escala 1:5000. Sem assinatura, sem
data. Apenas a referência B-14;
• PLANTA: Açude Gurjahú. Na Escala 1:10.000. Desenho J. Cruz – em
17/07/1940 até 17/07/1940;
• PLANTA da Represa do Gurjahú e terras adjacentes. Escala 1:5 000. Cópia
de Fernando Cabral. Referência B-26. Remetido ao Setor de Patrimônio
pela CI DT 552/66 (provavelmente anterior a esta data) sem data de
confecção.
• ESCRITURA: Lavrada em 27/08/1913 – Engenho São João. Terreno:
Cartório ou Tabelionato 3º Ofício de Notas Bel. Melânio Correia livro 82,
folhas 61 a 69. Registrado sob o número livro 3-I folhas 30. Município do
Cabo de Santo Agostinho, dono do Engenho São João, Bacharel Carlos
Chance Boulitreau e Dona Mª Cordélia Boulitreau com planta levantada
pela Comissão do Saneamento assinada pelos outorgantes e pelo
Representante do Outorgado. OBS: OUTORGANTE VENDEDOR.
OUTORGADO DSE;
• ESCRITURA: Lavrada em 19/02/1925 – Engenho São Salvador – Jaboatão.
Cartório ou Tabelionato 5º Ofício de Notas, livro 40 folhas 17 a 21.
Registrado sob o número 1274 Município do Cabo. Livro 4-C folhas 18v a
19;
• DOC CI: Sr. Mário Coutinho, funcionário da DSE, pede escrituras para
fiscalizar demarcações e as mesmas não estarem nos respectivos lugares.
Anexo: processo de desapropriação do Engenho São Salvador 23/07/1931
- Recife: 12/06/1924.O imóvel será efetivamente desocupado no dia
30/04/1925. 17 páginas;
• ESCRITURA: Dr. Antônio Heráclito Carneiro Campello, funcionário público,
vendeu ao Sr. Oscar dos Santos Dias, agricultor, por 100 Contos de Réis
em 12/04/1921 que por sua vez...Dr. Antônio Campello e esposa
compraram de Dona Anna Elvira Carneiro Pereira viúva do Dr. Antônio
Gomes Pereira Júnior, Antônio Américo Carneiro.
Pereira e sua mulher Dona Othília Alves Carneiro Pereira, Dr. Joaquim
Américo Carneiro Pereira e Dona Maria América Carneiro Pereira em
08/07/1907.
3.4.2 Levantamento Topográfico
Os limites da Reserva Ecológica de Gurjaú e da Propriedade da COMPESA não
estão bem definidos e deram margens para a população residente, tanto na área
da Reserva, quanto a do Entorno, aumentarem a ocupação em detrimento da
cobertura vegetal.
Devido à evolução do Projeto, fez-se necessária a remarcação dos limites da
propriedade da COMPESA. O Levantamento Topográfico efetuado pela
companhia teve como objetivo a:
• Redefinição do perímetro da propriedade da COMPESA e da Reserva;
• Colocação de novos marcos de concreto em substituição aos antigos marcos
do Departamento de Saneamento do Estado - DSE.
O levantamento foi dividido, para fins metodológicos, em etapas e os seus
produtos foram utilizados para dar prosseguimento às etapas subseqüentes.
Na primeira etapa, foi feito um levantamento cartográfico nos arquivos de mapas
no Setor de Patrimônio e no Arquivo da COMPESA em busca de mapas, cartas,
ortofotocartas e fotos aéreas contendo o perímetro da Reserva demarcado. Os
dados obtidos serviram como guia base nas demarcações de campo.
Foram identificados os marcos existentes no campo, tendo como base os mapas e
a ajuda de moradores antigos da área. Esta etapa foi realizada ao percorrer todo o
perímetro da Reserva em sentido horário, partindo do Marco 1 próximo à entrada
da Estação de Tratamento de Água – ETA.
Após a identificação dos marcos, foram determinadas as coordenadas geográficas
através do Sistema de Posicionamento Global - GPS. De posse das informações
sobre os marcos presentes no campo, determinou-se a distância e o ângulo entre
os pontos plotados. Os demais marcos não encontrados no levantamento de
campo tiveram a localização determinada a partir das coordenadas dos marcos
plotados.
A partir dos dados geográficos dos marcos, começou-se a determinar as suas
localizações em campo com o uso de Teodolito, partindo do primeiro marco
próximo à entrada da ETA e seguindo no sentido horário por todo o perímetro da
Reserva. Além dos marcos nos vértices do perímetro, foram colocados marcos de
alinhamento entre eles, de forma que a distância entre os mesmos permitisse a
visualização de um para o outro.
Os pontos onde serão colocados os marcos definitivos foram inicialmente
demarcados com piquetes de madeira e sua localização determinada com o
Teodolito. Ao término da colocação dos piquetes por todo o perímetro, eles
deverão ser substituídos por marcos de concreto.
Os mapas encontrados contendo a demarcação do perímetro da Propriedade
pertenciam ao antigo DSE, sendo o principal deles a Planta da Represa de Gurjaú
e terras adjacentes. A Mencionada carta na escala de 1:10.000, data de 1938. As
Ortofotocartas com escala de 1:20.000: 79-00; 79-05; 78-05, demarcam as áreas
de proteção de mananciais determinadas pela Lei Estadual N° 9860 de 12 de
Agosto de 1986.
Foi verificado em campo que o perímetro da Reserva determinado pela Lei de
Proteção de Mananciais não condizia com o perímetro da propriedade da
COMPESA encontrado nos levantamentos de campo e nas cartas.
Tomando como base para a demarcação do perímetro as cartas da COMPESA,
que delimitam as áreas desapropriadas pela Companhia para a construção de
barragens do Sistema Gurjaú, a área da Reserva Ecológica que consta da
legislação é maior do que a da propriedade.
Verificou-se uma grande defasagem nas informações contidas nos arquivos da
COMPESA, pois as cartas encontradas, além de estarem em péssimo estado de
conservação, datavam do começo do século passado. Existe um lapso de
informação sobre novas desapropriações decorrentes da construção da barragem
de Sucupema e da ampliação da barragem de Gurjaú.
Atualmente, o traçado do perímetro do mapa no Setor de Patrimônio da
COMPESA atravessa o Rio Gurjaú sobre o espelho d’água da barragem, deixando
de fora uma parte do lago.
O levantamento de campo teve início no dia 02 de Setembro de 2003 no qual
foram identificados aproximadamente 60 marcos, tanto de vértice como de
alinhamento. A determinação das coordenadas dos pontos com o GPS ocorreu
concomitantemente com o levantamento dos marcos no perímetro, de forma a
otimizar o tempo de execução do projeto. Foram determinadas as coordenadas de
30 % dos marcos encontrados (como mostra a Tabela 3). A localização geográfica
relativa a eles foi determinada com o GPS para possibilitar o trabalho de
Topografia em campo (Tabela 4).
Tabela 03 - Coordenadas dos marcos antigos encontrados no Levantamento de Campo *
Marcos E N H Ortom (m)03 0274399 9088555 40,88704 274206 9088440 16,00005 274086 9088461 15,67108 274022 9088473 16,19909 273889 9089112 -10 273739 9089342 -11 273369 9089072 -12 273247 9088974 -13 273104 9088878 -15 272477 9088458 -17 272151 9088562 -19 271694 9088992 -20 271396 9089274 -28 270876 9093460 -34 270913 9094982 -38 273803 9093554 -
*Coordenadas em UTM.
Tabela 04 - Localização dos Marcos encontrados no Levantamento de Campo
Marcos Azimute Distancia (m)*03 - 000,00004 278°51’53” 140,10005 284°48’33” 187,44308 336°01’33” 518,79709 025°18’05” 181,72010 326°51’56” 275,19211 233°44’50” 458,57912 224°27’30” 135,77813 240°26’05” 194,90015 236°11’10” 755,54417 287°37’52” 341,15718 313°14’42” 117,90019 313°14’57” 509,455
20 313°26’49” 411,04923 014°34’26” 1.182,00728 344°57’33” 3.149,86234 001°22’50” 1.522,41038 116°16’26” 3.223,122
*Precisão de menos de 10 centímetros.
3.5 Principais Características3.5.1 Descrição da área de Influência
A área de Influência da Reserva Ecológica de Gurjaú pode ser definida como
aquela que exerce alguma interferência direta sobre a Unidade. Neste contexto
são considerados os Municípios onde a reserva está inserida - Jaboatão dos
Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Moreno.
A Área de Influência da Reserva foi definida não só a partir de sua inserção
geográfica, mas também das relações que esta Unidade mantém com seu entorno
imediato, seja através de ações de fiscalização, seja através de potenciais vetores
de transformação antrópica oriundos de áreas circunjacentes. Estes vetores são
definidos como potenciais forças de pressão para o uso antrópico na região da
Reserva de Gurjaú.
Tentou-se com esta contextualização inserir a Reserva em um quadro sujeito a
mudanças antropogênicas, frutos de processos desenvolvimentistas deflagrados
pela presença de políticas públicas empreendidas naquela região, principalmente
as de incentivo à Agropecuária. Assim, a Reserva fica exposta às formas de
pressão que são exercidas, direta e indiretamente.
As atividades e políticas públicas empreendidas na área do entorno regional
podem confrontar, em maior ou menor grau, com os objetivos conservacionistas
que motivaram a criação da Reserva. Em termos de interferências administrativas,
os órgãos municipais e estaduais poderiam vir a intervir com agentes ativos
essenciais no processo de conscientização ambiental das comunidades do
entorno.
Por outro lado, são várias as vertentes para entender e contextualizar a Área de
Influência da Reserva de Gurjaú, uma vez que a Unidade não pode ser
insularizada e reduzida ao espaço físico que ocupa. Sua influência deve ser
entendida de dentro para fora e vice-versa, o que oferece diferentes perspectivas
de denotar esta área onde diversos fatores podem ser identificados.
3.5.2 Aspectos Abióticos3.5.2.1 Características geoambientais
Os organismos dependem de outros organismos e dos fatores físicos do ambiente
que os rodeiam. O fracasso de qualquer um desses elementos poderá, e quase
sempre assim acontece, levar a uma seqüência de modificações no equilíbrio do
todo. Essa totalidade de ações e reações são traduzidas na fisionomia das
paisagens, na dependência de processos físicos, químicos e biológicos, realizados
na intimidade, das águas, dos solos ou dos seres vivos, constituem e caracterizam
o ambiente (ANDRADE LIMA, 1989).
Os fatores de maior influência nos processos ecológicos são clima, solo, água no
solo, relevo, ventos e fogo.
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
O clima é o tempo (meteorológico) num longo prazo, e o termo “tempo” é usado
para exprimir as condições diárias da atmosfera (WOODBURY, 1954 op cit LIMA,
1989).
O clima tem ação condicionadora constante sobre os demais fatores abióticos. Na
área da Reserva, ele é quente e úmido do tipo As’, pseudotropical, da
classificação de Köppen, com chuvas de outono-inverno que caracterizam a Zona
da Mata Pluvial, apresentando precipitações de 2.450mm anuais, relativamente
bem distribuídas ao longo do ano, ao passo que o período seco abrange, em
geral, os meses de outubro a dezembro.
Com base nos ritmos de temperatura e precipitação durante o ano, e de acordo com o
diagrama ombrotérmico de GAUSSEN (apud Ribeiro; Le Sann 1985), a área apresenta
dois períodos climáticos, possuindo um mês considerado seco, novembro - quando foram
registrados, no período de 1962 a 1990 (dados médios - INMET) os menores índices
pluviométricos -, denotando o ápice da estação seca (com menos de 60mm por mês)
(Figura 2).
Figura - 2
Os maiores índices de evaporação ocorreram nos meses de outubro a fevereiro,
atingindo os 141,2 mm em outubro, mantendo-se crescente até fevereiro quando
atinge 153,3 mm. Também neste período, verifica-se maior número de horas de
insolação, atingindo 260 horas e 9 décimos em novembro, o que coincide com as
maiores velocidades dos ventos a partir de agosto, 3,4 m/s, até dezembro, 3,2
m/s, com um suave acréscimo no mês de novembro, 3,3m/s.
Predominam durante os meses de outubro a março os ventos SE/E e durante os
meses de abril a setembro, os ventos SE/S.
Tabela 5 – Valores de evaporação, insolação e velocidade dos ventos ocorrentes em Recife – PE
(1962-1990)
MESES EVAPORAÇÃO INSOLAÇÃO DIREÇÃO DO VEL. DO
TOTAL (mm.) TOTAL(hs e
décimos)
VENTO VENTO m/s
JANEIRO 135,4 242,6 SE/E 3,1FEVEREIRO 153,3 210,4 SE/E 2,9
MARÇO 97,0 208,3 SE/E 2,4ABRIL 76,6 183,4 SE/S 2,3MAIO 70,2 187,5 SE/S 2,3
JUNHO 73,0 168,6 SE/S 2,6JULHO 77,7 165,4 SE/S 2,9
AGOSTO 99,2 206,9 SE/S 3,4SETEMBRO 114,5 217,2 SE/S 3,3OUTUBRO 141,2 253,9 SE/E 3,2
NOVEMBRO 140,1 260,9 SE/E 3,3DEZEMBRO 145,3 251,3 SE/E 3,2
ANO 1323,4 2556,4 SE/S 2,9Fonte: 3º DISME – DNEMET – RECIFE – PE
RELEVO/ GEOMORFOLOGIA
A reserva ecológica de Gurjaú esta assentada sobre um relevo de Complexo
Cristalino e da Formação Cabo. Apresenta altitudes que variam entre 80m e
130m, com características de uma região tropical úmida. Encontra-se na área os
mares de morros, paisagens de formas de relevo modeladas em rochas muito
antigas, constitutivas do embasamento Cristalino (CPRH, 1999b, p.6), esculpidas
à custa de processos de decomposição química e escoamento superficial das
precipitações (ANDRADE LINS; LINS 1984, p. 36). Como resultante de várias
rupturas ocorridas em diferentes idades geológicas, essa estrutura cristalina
apresenta um grande número de falhas e fraturas, capazes de direcionar o traçado
da rede fluvial (ANDRADE; LINS, 1984, p. 26).
As várzeas de depósitos holocênicos penetram no litoral apresentando uma
extensa planície de inundação, pela contribuição das várzeas de pequenos
afluentes, por isso foi o local escolhido para a construção da represa para o
abastecimento do Recife (ANDRADE; LINS, 1984, p. 29).
SOLOS
Comumente na área do eixo barrável e proximidades encontra-se o solo produto
de alteração de rochas cristalinas, em geral, com coloração avermelhada e de
composição argilo-arenosa, variando em alguns pontos para areno-argiloso, ou
localmente arenoso. Apresenta espessura variável, dependendo do tipo de rocha
decomposta, podendo atingir, em certos locais, mais de 20 metros.( ACQUA-
PLAN, 1997).
Esses solos são bastante susceptíveis à erosão em decorrência do relevo
acidentado com fortes declividades e profundidades.
De acordo com o levantamento Exploratório e de Reconhecimento de Solos do
Estado de Pernambuco (1973), nesta área ocorre associação de Latosolo
Vermelho Amarelo Distrófico, textura argilosa, fase floresta subperenifólia, relevo
ondulado, e forte ondulado com Podzólico Vermelho Amarelo latossólico, textura
argilosa, fase floresta subperenifólia, relevo forte ondulado e Podzólico Vermelho
Amarelo orto, fase floresta subperenifólia, relevo forte ondulado (ACQUA-PLAN,
1997).
Nas cabeceiras do rio Gurjaú, ocorre o solo (PVs) Podzólico Vermelho Amarelo
orto fase floresta subperenifólia relevo forte ondulado (ACQUA-PLAN,1997).
De acordo com o zoneamento agroecológico do Estado de Pernambuco, mapa de
reconhecimento de solo, a área da Reserva Ecológica de Gurjau abriga os
seguintes solos:
LA9 – Latossolo amarelo textura argiloso e muito argiloso. Relevo é suave
ondulado e suave ondulado com partes planas + pdzólico amarelo e vermelho-
amarelo latossólico e não latossólico. Textura média e argilosa/argilosa e muito
argilosa. Relevo forte ondulado e ondulado, ambos álicos e distróficos A mod.
Floresta subperenifólia + gleissolo e cambissolo glêico distrófico e eutrófico A
mod. Textura indisc. Floresta subperenifólia e campo de várzea. Relevo plano (40-
40-20%).
G1 – Gleissolo + cambissolo glêico substrato fluvial, ambos distróficos + solos
aluviais e eutrófico; Textura argilosa e média. Floresta subperenifólia e campo de
várzea. Relevo plano + podzólico amarelo e acinzentado álico e distrófico plíntico
e não plíntico. Textura média/argilosa. Floresta subperenifólia e suave ondulado;
todos Tb e Ta mod. E proem.
PV6 – Podzólico vermelho-amarelo + podzólico amarelo, ambos álicos e
distróficos latossólico e não latossólico + podzólico vermelho-escuro distrófico e
eutrófico; Todos Tb A mod. Textura média/argilosa. Floresta subperenifólia.
Relevo ondulado e forte ondulado (50-30-20%).
PV11 – Podzólico vermelho-amarelo Tb profundo e pouco profundo. Textura
média/média e argilosa + solos litosólicos. Textura média e argilosa com cascalho
a cascalhamento. Substrato gnaisse e migmalito, ambos distróficos A mod. E
proem. Floresta subperenifólia. Relevo forte ondulado e montanhoso +
afloramento de rocha (40-35-25%).
PV3 – Podzólico vermelho-amarelo profundo e pouco profundo. Textura
média/argilosa + cambissolo pouco profundo. Textura argilosa com cascalho a
cascalhamento. Substrato gnaisse e granito, ambos Tb + solos litólicos. Textura
média e argilosa substrato gnaisse e granito; Todos distróficos. A mod. Floresta
subperenifólia. Relevo ondulado e forte ondulado (50-25-25%).
LA3 – Latossolo amarelo álico e distrófico. A mod. Textura argilosa. Floresta
subperenifólia. Relevo plano e suave ondulado.
G2 - Gleissolo + cambissolo glêico Tb e Ta substrato sedimentos fluviais ambos
distróficos + solos aluviais distróficos e eutróficos; todos A mod. E proem. Textura
argilosa e média floresta subperenifólia e campo de várzea. Relevo plano.
PV2 – Podzólico vermelho-amarelo Tb distrófico. Textura média/média e argilosa
+ podzólico vermelho-amarelo Tb e Ta álico e distrófico plíntico. Textura
média/argilosa, ambos textura média/média e argilosa. Relevo ondulado +
cambissolo Tb e Ta distrófico raso e pouco profundo. Textura argilosa com
cascalho a cascalhamento. Relevo ondulado. Substrato gnaisse e granito; Todos
A. mod. E proem. Floresta subperenifólia (50-30-20%).(EMBRAPA, 1999).
HIDROGRAFIA/ HIDROLOGIA
A Reserva está inserida na Bacia do Rio Pirapama que é formada por vários
tributários, o maior deles é o rio Gurjaú que encontra-se na margem esquerda,
fazendo parte como subacia (CPRH,1998). O rio Gurjaú entra na reserva pela sua
porção Oeste formando o açude do Gurjaú, que possui captação máxima de
3.200.000 m³ de água (SRH, 2001).
Os açudes de Gurjaú e Secupema asseguram, em épocas normais, a vazão de
960 litros de água por segundo, para abastecimento de Ponte dos Carvalhos,
Pontezinha, Muribeca dos Guararapes, Prazeres e parte do bairro de Boa Viagem.
(ACQUA-PLAN, 1997).
Após a barragem de Gurjaú, o rio segue formando cachoeira e poço. O poço
redondo localizado no leito do rio a jusante da barragem é uma área mais
profunda que foi provavelmente escavada pela correnteza. A cachoeira é um
atrativo local onde o leito do rio forma uma corredeira e quedas naturais. Quando
o volume de água do rio diminui, geralmente nos meses da estação seca, ele seca
por alguns dias. Periodicamente a água do rio, após a barragem, nas
proximidades da cachoeira, apresenta elevada turbidêz proveniente da lavagem
dos tanques de flotação da Estação de Tratamento de Água da COMPESA,
provocando contaminação por resíduos do tratamento químico da água e
conseqüente morte de peixes e crustáceos.
Após a cachoeira, o Gurjaú deixa os limites da reserva, atravessa a estrada de
acesso a Pau Santo e segue em sentido à Usina Bom Jesus. Nesse trecho o leito
do Gurjaú é bastante assoreado, com várias dragas escavando seu leito,
provocando modificações no curso normal do rio e subtração de margens de fundo
arenoso.
A exploração mineral existente em diversos pontos do rio é informal, resultado da
falta de controle da atividade, trazendo sérios impactos sobre o meio, tais como
erosão de encostas de morros, desbarrancamento de terraços fluviais e
assoreamento do rio. CPHR, 1998.p.94.
O rio Gurjaú tem uma bacia hidrográfica de 114 Km2 e corta a região com um
curso aproximadamente NW-SE, formando em alguns trechos os denominados
‘riachos de fendas’, onde ocorrem as coincidências da drenagem superficial com
as fraturas de embasamento rochoso. É facilmente reconhecida em fotografias
aéreas e mesmo “in situ”, devido à retilineidade e mudanças bruscas de direção
( ACQUA PLAN, 1997).
O rio e seus afluentes formam uma drenagem dendrítica-retangular, não muito
densa que se desenvolve em terrenos cristalinos. A drenagem é bem
desenvolvida e as variações de descarga fluvial durante o ano, e de ano para ano,
estão condicionadas pela distribuição anual das chuvas e pelas irregularidades
das precipitações (ACQUA PLAN, 1997).
No interior da reserva, o Gurjaú recebe na sua margem esquerda o afluente
“riacho São Salvador”, que corta o Engenho de mesmo nome. Este, junto com o
Engenho Secupema, foi desapropriado para construção de 2 açudes. O açude de
Secupema, com capacidade de 3.200.00 m3 de água e 97m, de extensão e o
açude de São Salvador.
Estes açudes encontram-se com trechos de suas margens assoreados por
cultivos, desmatamentos da mata ciliar e em processo de eutrofizaçao artificial dos
seus corpos d’água, devido a descargas de agrotóxico e herbicidas utilizados na
cana-de-açúcar e na lavoura branca.
Na área de São Salvador, segundo moradores locais, existem aproximadamente
200 nascentes, que abastecem o açude de Secupema e Gurjaú. São áreas de
várzeas drenadas, ou planícies aluvionares impactadas pela pressão antrópica. O
mapeamento foi iniciado, visitando-se 12 nascentes em São Salvador. Utilizou-se
critérios como vazão, altitude, tipo e demanda de uso, tamanho e interferências
externas que pudessem ocasionar a perda de vazão da nascente.
As nascentes visitadas apresentavam-se desprovidas de vegetação em seu
entorno imediato, expostas aos raios solares. Continham água de qualidade,
aparentemente boa. Ao redor de algumas foram construídas proteções de tijolos e
canos para saída da água. Aferiu-se a altitude com o GPS, estando as 12
nascentes a 111m, (algumas possuíam bomba elétrica para conduzir a água para
as casas). Lavouras brancas como macaxeira, inhame, batata, feijão e cana foram
encontrados ao redor. Outras nascentes estavam cobertas para impedir o acesso
de animais e contaminação. Cavalos e bois são criados nas várzeas onde estão
as nascentes. E perto de algumas, banheiros improvisados foram instalados, no
meio do canavial.
Descrição das nascentes visitadas:
Nascente 1: Próxima à casa de Everaldo (proteção de tijolos), com fruteiras
próximas e lavoura branca.
Nascente 2: Próxima à Braz Padre (proteção de tijolos), motor de “sapinho”, com
plantação de macaxeira ao redor.
Nascente 3: Próxima ao Sr. Antônio Vermelho, esta abastece o riacho de São
Salvador e três casas (com cana-de-açúcar e capim elefante ao redor).
Nascente 4: Próxima ao Sítio do Irmão Nilo. Bem cuidada com antiga proteção de
tijolos ao redor (cerca de 35 anos), coberta com madeira e bomba d’água.
Nascente 5 e 6 : Próximo ao Sítio de Mira (filha de Irmão Nilo), dois olhos d’água:
desprovida de proteção: poluída por resíduos domésticos (sabão).
Nascente 7 e 8: Perto do Sítio de Dé (coberta com telhas), boa vazão, corre para o
riacho São Salvador.
Nascente 9: Próxima à casa de Antônio Jorge, possui uma levada usada para
lavar roupa.
Nascente 10: Próxima à casa de Antônio Jorge, foi escavada, possui
aproximadamente 1,80m de profundidade, formando cacimba, com água límpida.
Nascente 11: Próximo ao sítio de Antônio Henrique, Cacimba da Prata: fora da
área da reserva, abastece o riacho do engenho Rico, possui vazão de cerca de 20
l/s, protegida com muro de tijolo (várias nascentes próximas).
Nascentes 12: Próximo ao sítio de José Antônio da Silva, nascente do Pitu
Dourado: fora da área da reserva, no seu entorno imediato, abastece o riacho do
Engenho Rico, vazão de cerca de 20 l/s.
Segundo os relatórios de qualidade da água, elaborados pela secretaria de
recursos hídricos, nos anos 1999-2000, a água do reservatório de Gurjaú
apresenta “excelente qualidade”, dentro dos padrões, segundo os parâmetros
analisados no monitoramento trimestral, estabelecidos na classe 3 da resolução
CONAMA Nº 20 de 1986, que determina os padrões da água destinada ao
abastecimento doméstico. (CAMINHA 2002).
Porém, o avanço da agricultura, a falta de saneamento básico e o uso doméstico
contribuem para o comprometimento das nascentes.
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