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29Física na Escola, v. 5, n. 2, 2004

Esta coluna apresenta notícias sobre a Olimpía-da Brasileira de Fïsica e outras olimpíadasinternacionais.

A Olimpíada Brasileirade Física é um projetopermanente daSociedade Brasileira deFísica e únicopassaporte para asOlimpíadasInternacionais de Física

José David M. ViannaPesquisador AssociadoInstituto de Fïsica daUniversidade de Brasília

Fábio Fernandes SiqueiraAssessor de Comunicação Social

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Olimpíadas de Física

OBF na festa de Einstein

Estudantes, campeões da OBF eOIbF, e o presidente da comissão orga-nizadora mostram suas opiniões emassuntos sugestivos para o “AnoMundial da Física”

Em 2005, todas as sociedades deFísica do mundo se mobilizarão paracelebrar os 100 anos dos trabalhosfundamentais de Albert Einstein acer-ca da teoria da relatividade especial,do conceito do fóton, e da teoria domovimento browniano. No progra-ma, constam diversas iniciativas quevisam a popularizar as idéias dessecélebre cientista. A data, decretada pelaONU, possibilitará também a ampladivulgação da Física principalmenteentre os jovens e adicionará às olim-píadas, organizadaspela SBF, um estí-mulo maior.

Um outro in-centivo para ascompetições dopróximo ano é oresultado da Olim-píada Ibero-ame-ricana - 2004, sediada em Salvador.Entre 70 estudantes do Ensino Médio,oriundos de 18 países latino-ameri-canos, além de Portugal e Espanha, aequipe brasileira liderou, somando 2medalhas de ouro, 1 de prata e 1 debronze.

O presidente da Comissão daOlimpíada Brasileira de Física (OBF) eda Comissão da Olimpíada Ibero-americana de Física (OIbF), professorJosé David Vianna, destaca essa per-formance. “Isso nos faz notar a im-portância da OBF, através da qual nos-sos estudantes foram selecionados e

preparados”.Motivado pelo “desafio”, o goia-

no, Guilherme Salerno foi um dosalunos premiados com a medalha deouro na OIbF. “Desde o começo, achoque nunca houve um motivo maiordo que esse” reforça Salerno. Ele co-menta que começou a gostar de Físicapela sua semelhança com a Matemá-tica, mas suas preferências mudaram.“Hoje, admito que não são os cálculosque mais me atraem e sim uma espé-cie de filosofia ou pensamento que aenvolve”.

Outro brasileiro, gratificado coma medalha de ouro, foi o paulista Ri-cardo Gorgol. “Os professores foramfundamentais nesse processo, poisalém de darem a base teórica, fazema Física parecer mais interessante do

que já é, dando maisvontade de estudar”enfatiza o estudan-te.

Salerno e Gor-gol viajarão paraFrança, onde repre-sentarão o Brasil naabertura oficial do

Ano Mundial da Física, que ocorreráde 13 a 15 de janeiro na sede da Unes-co em Paris.

O Ensino em DebateAlém de despertar o interesse dos

jovens para a Física, as olimpíadas vi-sam contribuir para a melhoria doensino. “Em longo prazo, esses even-tos, tanto a OBF como a OIbF, podemtrazer informações de interesse parao ensino e aprendizagem da Físicauma vez que as provas, se bem for-muladas e analisadas, podem auxiliarna detecção de dificuldades encontra-

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Hoje, admito que não são oscálculos que mais me

atraem (na Física) e simuma espécie de filosofia oupensamento que a envolve

Guilherme Salerno,medalha de ouro/OIbF 2004

30 Física na Escola, v. 5, n. 2, 2004Olimpíadas de Física

das pelos estudantes” explica o presi-dente da comissão organizadora, JoséDavid Vianna.

O professor aponta o “Simpósiosobre Ensino da Física”, que ocorreparalelamente à Olimpíada Ibero-americana de Física, como uma con-tribuição prática dessas competiçõespara a melhoria da educação. Para ele,a participação de especialistas nesseseventos é fundamental. “Um ponto anotar é que os efeitos dessas iniciativasserão mais abrangentes, na medidaque a comunidade de pesquisadoresda área de ensino no Brasil participedos eventos. O que ainda não ocorre”.

Os estudantes tocam na polêmicaapresentando diferentes pontos de vis-tas. Para Ricardo Gorgol, o ensino deFísica no País tem muito potencial.“Embora ainda esteja engatinhando,se comparado com países mais desen-volvidos. Mas, se a olimpíada conti-nuar crescendo, com certeza teremosum ensino cada vez melhor” acres-centa.

Salerno faz uma ressalva. “Assimcomo a educação em geral, o ensinode Física no Brasil é deficitário, princi-palmente pela falta de estímulo aosprofessores, com poucas condições detrabalho e especialização. Isso é o quevejo na rede pública, pois na rede pri-vada, onde estudo, a realidade é razoa-velmente melhor, mesmo com os pro-fessores ainda sendo um pouco desva-lorizados” pondera.

Vianna traça um panorama quecomplementa as observações de Sa-lerno. “De acordo com estatísticasrecentes, faltam muitos (milhares)de professores de Física para o En-sino Médio. Em geral, a remunera-ção desses professores é baixa, asescolas não dispõem de laboratóriospara as sessões experimentais e onúmero de aulas, principalmentenas escolas públicas, é pequeno”analisa o professor.

Nesse contexto, ele comenta a ne-cessidade da SBF, através de suaComissão de Ensino, atuar com uma

maior dedicação para reverter essequadro que, segundo Vianna, resulta“numa baixa motivação nos estudan-tes do Ensino Médio em seguirem acarreira de físico”.

Para gerar essa motivação, o pro-fessor acredita que a olimpíada possacolaborar. “Acompanhada de políticasque visem à mudança da situação e,apoiada pela comunidade de pesqui-sadores da área de ensino, a OBF certa-mente será de valor para auxiliar namodificação desse quadro”.

Projetos e AgradecimentosEm virtude do “Ano Mundial da

Física”, a Comissão da OBF está pre-parando uma atividade batizada co-mo “Desafios da Física”. O sítio daOBF irá divulgar maiores informa-ções, mas é possível adiantar que seráuma competição disputada em equi-pe.

Outro projeto, planejado pela co-missão organizadora da IX edição daOIbF, é a elaboração de um CD com oresumo das atividades, as provas, asfotos e uma síntese das apresentaçõesdos professores que participaram doSimpósio sobre o Ensino da Física, rea-lizado no evento.

Ainda sobre a Olimpíada Ibero-americana, o professor David Viannafaz questão de agradecer aos colabo-radores. “A programação da OIbF con-tou com palestras, demonstrações deexperimentos e atividades culturaisque não aconteceriam sem o apoio dosprofessores da UFBa, Maria das Gra-ças Martins, Fritz Gutmann, SilvioLoureiro, Hebe Queiroz, Nelson Prettoe Frederico Prudente. Dedico um agra-decimento especial à direção do Insti-tuto de Física da UFBa, aos profes-sores, Arthur Matos Neto e RaimundoMuniz, e aos secretários, ConceiçãoSantos e Nelson Dumiense”.

Campeões da Olimpíada Ibero-americana 2004: da direita para a esquerda, Ricardo Gorgol,Guilherme Salerno, Vander Martins e Jefferson Tsai.

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