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A discursividade contra-hegemônica das “maiorias sociais”: virando o desenvolvimento pelo avesso1
(Versão preliminar. Pede-se não citar sem consentimento.)
Henyo Trindade Barretto Filho (IEB)
Resumo: A partir da perspectiva de um ongueiro profissional, que circula em várias redes e circuitos (debates, mobilizações, assessorias, atividades acadêmicas), a apresentação tenta fazer sentido de uma dispersão de narrativas críticas às promessas do desenvolvimento atualizadas por diferentes segmentos das “maiorias sociais” (Esteva e Prakash, 1988). Muito mais uma hipótese de trabalho para a investigação do que o resultado de uma pesquisa sistemática, tenta estabelecer vínculos e correlações significativa entre as vozes e as experiências de sujeitos que atualizam diferentes estratégias de lutas nas frentes dos conflitos socioambientais. Ao fazer isso, identifica que tais discursividades circulam em diferentes arenas, ambientes, sítios e contextos (de manifestos e atos políticos a eventos acadêmicos), e trazem a marca relativamente comum de promover uma inversão generalizada na ordem das expectativas rotineiras. São discursos sobre os territórios, a economia, a cultura, os conhecimentos, a política e os afetos, que por serem sobre tudo isso são formulações sobre as condições de e para a vida, sobre o que conta como vida, configurando assim uma “ontopolítica” (Escobar, 2008) e implicando um questionamento epistemológico da modernidade e do desenvolvimento. Observações Iniciais
Desculpem se vou falar platitudes e obviedades, posto que não ancorado em um trabalho de
pesquisa sistemático, detalhado, focado, sobre o tema.
Mais a perspectiva de um observador atento e de um ongueiro profissional que circula em várias
redes e circuitos, e tenta fazer sentido do que vê, ouve, lê, testemunha e compartilha, participando
de debates, mobilizações, bancas examinadoras, assessorando organizações locais (Zhouri) - nada de
diferente.
Tentativa de fazer sentido de uma dispersão de narrativas críticas às promessas do desenvolvimento.
A natureza sincopada, sinuosa e fragmentaria da minha apresentação: não é uma conclusão de um
trabalho de pesquisa, nem uma tese; é antes uma hipótese de trabalho para a investigação; um
desafio imaginativo simplório, lançado às evidências. Uma tentativa de promover vínculos e
correlações, entre testemunhos oculares e leituras esparsas e assistemáticas - vou operar por
justaposição, esperado que se produzam efeitos. Trata-se de compartilhar com vocês algumas ideias
para averiguar se elas têm alguma pertinência.
A Quem Estou me Referindo? Que Grupos São Esses? Vou me permitir usar a “categoria formal frouxa” de Esteva e Prakash (Grassroots Postmoderninsm –
1988) de maiorias sociais – e não de “minorias”, ou povos e comunidades vulneráveis e/ou em
situação de risco (o que não deixa de ser verdade). Ao fazê-lo, tento empregar um procedimento que
1 Versão revista de rabalho apresentado na Mesa 01 Antropologia e Desenvolvimento do Evento ABA: Fórum
Permanente sobre Desenvolvimento / Seminário Antropologia e Desenvolvimento, no dia 17 de outubro de 2013, na UFPR, em Curitiba/PR. O objetivo do seminário foi dar continuidade aos debates do Fórum Permanente sobre Desenvolvimento da ABA, fomentando uma agenda pública de debates sobre as políticas desenvolvimentistas.
– espero poder indicar adiante – é usado por esses mesmos grupos que, ao operar uma inversão de
expectativas, pode ter a virtude de nos chamar atenção para dimensões não imediatamente visíveis,
ou que, porque de uma obviedade ululante, podem passar desapercebidas.
Recorrer a uma referência, ainda que um pouco longa, de Esteva e Prakash (1998, Grassroots
Postmodernism) pode nos ajudar a entender de que contingente amplo é esse a que me refiro. Tipos
ideais de grupos de pessoas (maiorias e minorias sociais) que se diferenciam pela “qualidade” das
suas condições de vida – ‘condições de vida’ aqui entendidas de um modo um pouco mais matizado
do que o termo que empregamos no senso comum. Referir-me-ei a tipos ideais de grupos de
pessoas, que se diferenciam-se pela “qualidade” de suas condições de vida.
As minorias sociais (categorias formais frouxas) estão consumindo os espaços naturais e culturais
das maiorias sociais do mundo com a intenção declarada de desenvolvê-las para o progresso, o
crescimento econômico e a humanização – ver a carta contra o prêmio Vale/Capes (Anexo I) e Carta
de Belo Horizonte (Anexo 2). Tais minorias vêm provocando uma profunda transformação das
paisagens em todo o país, promovendo o desenraizamento das maiorias sociais – desenraizamento
no sentido tanto de tirar a terra do povo como de tirar o povo da terra – com graves alterações
ambientais (desmatamento, obras civis, etc).
Já as maiorias sociais não tem acesso regular à maioria dos bens e serviços que definem o padrão de
vida médio dos países industriais. Suas definições de “vida boa” (bem viver), moduladas por suas
tradições locais, refletem suas capacidades de florescer fora de órbita da “ajuda” oferecida pelas
“forças globais”. Elas nem precisam, nem são dependentes do conjunto de bens prometidos pelas
forças globais. Elas, portanto, compartilham uma liberdade comum em sua rejeição a essas forças.
Elas continuam a resistir à penetração do mundo moderno em suas vidas, em seus esforços de salvar
suas famílias, comunidades e aldeias / bairros / guetos do próximo comboio de tratores enviados
para torná-las ordeiras e limpas. Diariamente, os diagramas de modernização, concebidos por
planejadores convencionais ou alternativos para a sua melhoria, deixam as maiorias sociais cada vez
menos humanas. Expelidas de seus espaços comunitários tradicionais centenários para o mundo
moderno, elas sofrem toda indignidade e desumanização do imaginável da parte das minorias sociais
que o habitam. A única esperança de existência humana e florescimento para as maiorias sociais
repousa na criação e regeneração de espaços pós modernos (autonomia!?). As políticas neoliberais
estão empurrando as maiorias sociais cada vez mais para a “terra inculta / de rejeitos / baldia”
(waste land) do mundo moderno. Relegados às suas margens, elas são excedentes humanos,
dispensáveis e redundantes para os atores dominantes da cena global. Muitos dentre essas maiorias
não estão caindo na armadilha das expectativas modernas: contar com o Estado e o mercado.
Estabelecidas nos guetos, nas toxinas, nas reservas, ou outras terras de rejeitos das sociedades
modernas, o colapso do mercado e do Estado está, a rigor, criando novas oportunidades para elas
caminharem com suas próprias pernas, sem esperar pelo cumprimento das promessas de
desenvolvimento, equidade, justiça e democracia. Reafirmando-se em seus próprios espaços, elas
estão criando diariamente as fronteiras sociais dessa pós-modernidade; encontrando e construindo
novos caminhos com sagacidade e criatividade.
É importante, assim, ouvir as vozes e as experiências dos atores que sofrem e atuam nessas frentes:
as dos conflitos socioambientais, as das experiências de governança autônoma, as dos arranjos
produtivos locais, etc. Alguém diria: ouvir os gritos das ruas daqueles que estão gritando há muito
tempo, pois, como citou Dominique Perrot no IWGIA Yearbook (1988): “As vítimas são sempre as
primeiras a saber como o sistema opera”.
Onde / Em Que Contextos Podemos Ouvir Essas Vozes Convencional e Rotineiramente? Onde estão esses discursos e vozes? Onde podemos encontrar, ouvir e reconhecer essas
vozes/apelos/interpelações? Onde se pode localizar/identificar essas postulações? - e isso tem a ver
com a noção de dispersão empregada no título. Convencional e rotineiramente, as testemunhamos:
1. Em arenas de debate e mobilização de seus próprios âmbitos: reuniões, encontros,
articulações, assembleias, passeatas, acampamentos, ocupações, retomadas, etc., vinculadas
ao repertório de estratégias de luta e posicionamentos desses grupos - que também são
performances políticas / discursivas, que indicam a permanência de uma discursividade
crítica vinculada à práxis (de resistência, negociação e acomodação) dos movimentos sociais.
2. Nos manifestos, cartas, denúncias, abaixo-assinados (que permanecem formas e
modalidades de expressão importantes – parte do repertório de linguagens e expressões de
que se assenhoram esses grupos.
3. Nos trabalhos acadêmicos (dissertações, teses, artigos, monografias e etnografias) que
sempre trazem a cor local, a especificidade dos contextos de conflitos – de novo, a carta
contra o prêmio Vale-Capes (Anexo 1) e Carta de Belo Horizonte (Anexo 2).
4. Nas arenas de debate mais formais e institucionalizadas, articuladas a partir de espaços/
tempos mais afeitos à modernidade: congressos, jornadas de estudo, reuniões/encontros
acadêmicos, etc., nos quais observamos a participação de lideranças dos movimentos sociais
(e do MPF), apontando para relações mais dialógicas e menos hierarquizadas, e baseadas na
crítica à autoridade etnográfica (com diferentes repercussões). [ver Andrea Zhouri e MXVPS
na Anpocs, Ailton nesta mesa] – hibridização e fronteiras porosas.
5. Os espaços e oportunidades criadas pelas políticas de ação afirmativa, de cotas, de acesso e
permanência de pequena parcela desses grupos de (indígenas, quilombolas e outros PCTs)
no ensino superior – a educação como uma das promessas emancipatórias de modernidade:
já falam de dentro desse campo, o que tem as repercussões em termos de diferenciações de
vozes e discurso.
6. As redes sociais e a mídias alternativas [ o exemplo da “juventude indígena” (alguém já deve
estar estudando isso), do movimento dos educadores do/no campo, etc] – o título dessa
apresentação vem de uma entrevista da Sheila Juruna à colunista gaúcha Eliane Brum – foi
propositalmente retirado daí.
Destaco, em especial, a participação de representantes dessas maiorias sociais em eventos definidos como acadêmicos, algo que não era comum, nem rotineiro, nem esperado em outros momentos – e os meus colegas mais experientes podem me corrigir se estiver dizendo uma bobagem. Entre os que tive oportunidade de participar nos últimos três anos, destacam-se: * SP05: Desenvolvimento, reconhecimento de direitos e conflitos territoriais (Parceria ANPOCS /
ABA), sob a coordenação geral de Andréa Zhouri (ANPOCS, ABA, UFMG), em outubro de 2011, cuja
3ª sessão (“Projetos de desenvolvimento, meio ambiente e povos tradicionais: o caso Belo Monte),
contou com a participação de Jodinei Mendes Ferreira (Movimento Xingu Vivo).
* Seminário Nacional Formas de Matar, de Morrer e de Resistir: limites da resolução negociada dos
conflitos ambientais e a garantia dos direitos humanos e difusos. UFMG, 19 de novembro de 2012.
* I Jornada Internacional de Ciências Sociais e II Reunião da Rede Brasil–Estados Unidos, sob o tema
“Ambiente, Sociedade e Governança”, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de junho de 2013, na
Cidade Universitária da UFMA, em São Luís.
* VI SAPIS (Seminário Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social). Workshop "Territórios
Tradicionais e Unidades de Conservação: diálogos e perspectivas em debate" no âmbito do na UFMG,
Belo Horizonte/MG. [Setembro de 2013]
Algumas Características dessa Formação Discursiva
A Antropologia pode contribuir para a articulação desse problema de vários modos, entre os quais,
prestando atenção ao que dizem essas vozes e essa discursividade em seu conjunto.
Observa-se que as figuras de linguagem preferenciais desse discurso são a anástrofe e o hibérbaton,
porém operando em outra escala – não aplicadas à inversão da ordem normal e direta dos termos
numa frase, dos termos da oração, ou das orações do período; mas uma inversão generalizada
aplicada à ordem das expectativas rotineiras, ordinárias, comuns e convencionais em relação ao que
se considera “desenvolvimento”.
1. A inversão da narrativa sobre a apropriação fundiária e dos recursos naturais [território].
- Sonia Guajajara (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB): as
chamadas “invasões” e/ou “ocupações” são, a rigor, “lutas constantes para retomar territórios dos
quais estão exilados” (‘retomadas’): o que aparece como formação do mercado de terras é, para os
povos indígenas, “titulações irregulares e irresponsáveis de terras públicas para particulares”.
“As retomadas de terras costumam ser qualificadas pelos setores anti-indígenas como ações ilegais e
ilegítimas, como ‘invasões’. Na verdade, elas são a principal forma de ação política desenvolvida
contemporaneamente pelos tupinambás. São condição essencial para a construção, pelos indígenas,
de projetos de vida autônoma. Retomando fazendas, eles tornaram-se capazes de deixar as posições
de subordinação que ocupavam na sociedade regional (inclusive desempenhando trabalho escravo,
em alguns casos) e de voltar a se dedicar às atividades que desenvolviam tradicionalmente, como
agricultura em pequena escala, criação de animais, caça, pesca e coleta. Entendo que tal processo
permite, ainda, a manutenção e o fortalecimento de sua identidade e de seus laços sociais e
territoriais” [Daniela Fernandes Alarcon].
- A s nove cartas dos povos indígenas (Mundurucu) em luta por seu direito à vida no canteiro de
obras de Belo Monte, Pará: “Nós somos a gente que vive nos rios em que vocês querem construir
barragens. Nós somos Munduruku, Juruna, Kayapó, Xipaya, Kuruaya, Asurini, Parakanã, Arara,
pescadores e ribeirinhos. Nós somos da Amazônia e queremos ela em pé. Nós somos brasileiros. O
rio é nosso supermercado. Nossos antepassados são mais antigos que Jesus Cristo. Vocês estão
apontando armas na nossa cabeça. Vocês sitiam nossos territórios com soldados e caminhões de
guerra. Vocês fazem o peixe desaparecer. Vocês roubam os ossos dos antigos que estão enterrados
na nossa terra. Vocês fazem isso porque tem medo de nos ouvir. De ouvir que não queremos
barragem. De entender porque não queremos barragem. Vocês inventam que nós somos violentos e
que nós queremos guerra. Quem mata nossos parentes? Quantos brancos morreram e quantos
indígenas morreram? Quem nos mata são vocês, rápido ou aos poucos. Nós estamos morrendo e
cada barragem mata mais. E quando tentamos falar vocês trazem tanques, helicópteros, soldados,
metralhadoras e armas de choque. O que nós queremos é simples: vocês precisam regulamentar a lei
que regula a consulta prévia aos povos indígenas. Enquanto isso vocês precisam parar todas as obras
e estudos e as operações policiais nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires. E então vocês precisam nos
consultar. Nós queremos dialogar, mas vocês não estão deixando a gente falar. Por isso nós
ocupamos o seu canteiro de obras. Vocês precisam parar tudo e simplesmente nos ouvir. [Carta nº 1,
Vitória do Xingu (PA), 02 de maio de 2013]
2. A inversão do discurso do declínio e dos períodos áureos, e do isolamento [economia] – eles estão
experimentando essas transformações desde outro mundo, o deles.
- Dorinete Serejo Moraes (Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara – MABE): o
declínio das lavouras/plantations é quando “o povo se apossa das terras e passa a ser dono de suas
próprias produções”: esse foi “o período áureo dos quilombos de Alcântara”. Coteja com o que
ocorre hoje a expansão do “Programa Espacial Brasileiro” por meio da extensão do CLA (Centro de
Lançamentos de Alcântara), que nunca trouxe nenhum benefício para o povo de Alcântara (ex.: o
povo não tem nem sinal de celular) -> “nós estamos acordados há bastante tempo, mas o nosso
clamor ainda não foi ouvido.”
- Dona Francisca da Silva (Associação da Comunidade Rural/Povoado Baixão da Coceira, Santa
Quitéria, MA) - uma das áreas afetadas pela Suzano Papel e Celulose e pelos chamados gaúchos no
Maranhão: “Viveu um tempo tranquilo, muito embora esquecido.” – “Primeiro a gente aceitou, bem
acomodado, a Margusa; não sentiu que foi tão direto. Quando a Suzano entrou, aí a gente se sentiu
mais ameaçado diretamente e fomos para o ataque: atravessamos a pista em frente do trator da
Suzano.” -> de “lugar isolado, longe, condenado ao atraso por sua letargia ao progresso e por suas
condições naturais desfavoráveis, viabilizando apenas a extração predatória de recursos naturais”, a
concepção muda drasticamente devido à “dinâmica de incorporação constante de uma determinada
região nas práticas da modernidade, do Estado nacional e do mercado global”.
- Trecho de depoimento original de dona Maria da Glória de Jesus, mãe do Cacique Babau,
Tupinambá de Olivença, BA: “O velho João cansou de dizer: ‘Aqui nessa região ainda vem época do
rico desejar ser pobre’. Porque [quando viesse a praga] os ricos iam perder tudo e os pobres já não
tinham nada mesmo... A melhor coisa do mundo que deus deu foi a vassoura-de-bruxa: deus
mandou a bruxa para poder salvar o pobre. Só fala que foi desgraça quem não conhece da terra,
quem não quer viver na terra. Porque o pobre, de primeiro, era mangado, pobre era pisado, tinha
que trabalhar ali e se matar. E pobre não tinha direito de terra. Se fosse no tempo em que não tinha
a vassoura-de-bruxa, os índios estavam se apoderando de terra? Uma peste que estavam! Ô, meu
deus, os ricos mandavam matar tudo!” -> Sobretudo no contexto específico da Serra do Padeiro,
mas para os Tupinambá como um todo, o enfraquecimento dos grandes fazendeiros do cacau
afigurou-se como uma chance de finalmente recuperarem o território usurpado. Era a “bruxa”, a
praga salvadora das premonições dos velhos, encarada com argúcia por uma indígena que, no
passado, escutara tais previsões. ALARCON, Daniela Fernandes. 2013. O retorno da terra: As
retomadas na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia. Dissertação de mestrado (Ciências
sociais). Brasília, UnB.
3. A variedade de linguagens, formas de expressão, narrativas (‘regimes de conhecimento’ – se
preferirem) por meio das quais se expressam essas epistemologias políticas & os regimes culturais
próprios [cultura – espectro que mobiliza a dimensão afetiva]
- Dona Francisca Maria dos Santos Araújo (Presidente da Associação de Moradores de São Raimundo,
Urbano Santos, MA): a dimensão do afeto e da emoção, e a expressão em linguagem poética –
metafórica – e ontológica: rezas, bendições, cânticos, músicas. “É isso que nos mantém em nosso
território”; “cada passo que dá na luta é gratificante, os familiares passam força e confiança pra
gente”; “pelo verde, pela vida, vamos todos dar as mãos”
- Seu Getúlio Kroakaj Krahô: “Você vê que o maracá é igual ao mundo: tem respiração. O mundo tem
respiração igual ao maracá. E como tem habitante dentro do mundo, dentro do maracá tem
habitante, que são as sementes dentro dele a chacoalhar. Se o cantor mehim parar de balançar o
maracá o mundo estoura porque é o maracá que segura o mundo. As cantigas também porque é o
que faz o movimento do mundo, faz a alegria. Faz a primavera ficar mais alegre. O mundo tá girando
e assim a cantiga também, tá girando” — na Sede da Kapey (União das Aldeias Krahô); registro do
trabalho de campo de doutorado de Julio Cesar Borges entre os Craô, em abril de 2007. Entramos
aqui no âmbito complexo do chamado pensamento ameríndio. Como sugere Viveiros de Castro:
“Em especial no que se refere aos povos ameríndios, tudo indica que eles entendem que um corpo
animal (a corporalidade característica de uma espécie animal) frequentemente oculta uma forma
interna humana, ou, no mínimo, uma fonte de intencionalidade apreensiva formalmente análoga (e
frequentemente mais intensa, mais perigosa) à intencionalidade expressa na consciência humana. Já
Dilma Rousseff, que é a entidade a mais diferente possível de um índio que se pode imaginar,
entende (se posso usar este verbo) o exato oposto: ‘Sempre que você olha uma criança há sempre
uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante’ – Dilma seria, assim, uma
desanimista.”
4. A apropriação criativa (crítica, ou não) dos argumentos científicos empregados nas controvérsias e
conflitos [conhecimento – regimes de conhecimento].
- O documento da SBPC e da ABC divulgado à época do embate em torno do Código Florestal.
- Alberto Catanhede (Beto do Taim) do Movimento Nacional de Pescadores (MONAPE) e do Grupo de
Trabalho Amazônico (GTA): os documentos e manifestos que circularam em torno da proposta de
criação da ResEx do Tauá-Mirim, no município de São Luís – a única manifestação que prevalece é a
carta dos carcinicultores de 2006, que traz anexo um estudo que diz que os apicuns não são mangue.
Desnudam a implicação política de base da produção dos conhecimentos “científicos”.
Considerações Analíticas (nos termos de Umberto Maturana e Arturo Escobar)
Tais formulações os obrigam a reconhecer a dificuldade que termos de sair dos nossos quadros
mentais, tão naturalizadas estão essas categorias e convicções nas nossas vidas. Eventualmente, não
para nós antropólogxs.
Nos temos de Maturana, ao nos declararmos seres racionais vivemos uma cultura que desvaloriza as
emoções, e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui nosso viver
humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional. As
emoções não são o que correntemente chamamos de sentimento. Do ponto de vista biológico, o que
conotamos quando falamos de emoções são disposições corporais dinâmicas que definem os
diferentes domínios de ação em que nos movemos. Quando mudamos de emoção, mudamos de
domínio de ação. Na verdade, todos sabemos isso na práxis da vida cotidiana, mas o negamos
porque insistimos que o que define nossas condutas como humanas é elas serem racionais. Ao
mesmo tempo todos sabemos que, quando estamos sob determinada emoção, há coisas que
podemos fazer e coisas que não podemos fazer, e que aceitamos como válidos certos argumentos
que não aceitaríamos sob outra emoção. [...] Todo sistema racional se constitui no operar com
premissas previamente aceitas, a partir de certa emoção.
Já Escobar observa que, como indicamos acima, estamos diante de discursos sobre a terra, sobre a
economia, sobre a cultura, sobre o conhecimento, sobre a política, mas – por serem tudo isso – são
também sobre as condições de e para a vida, sobre a definição mesma do que seja a vida, sobre o
que conta como vida (“the very perception of what life is about” – termos do Arturo Escobar em seu
Territórios da Diferença, 2008); que desafiam um conjunto de pressupostos ontológicos particulares
sobre o mundo. Daí podemos dizer que estamos diante de uma “política ontológica” ou
“ontopolítica”, que interpelam algo mais básico e mais fundamental: uma política em que,
explicitamente, o que está em jogo é a defesa da vida, as condições de percepção do que é vida.
A ecologia política dos movimentos sociais e de intelectuais críticos ao desenvolvimento capitalista
implica um questionamento epistemológico da modernidade e do desenvolvimento, apontando na
direção de definições básicas sobre o que é vida. Ao privilegiar os saberes subalternos da natureza,
uma das alternativas é articular políticas ecológicas singulares que vinculem questões de diversidade,
diferença e interculturalidade, tendo a natureza como agente central. A ecologia política desses
movimentos e discursos (o amplo espectro de categorias, significado e lutas que ocorrem hoje)
postulam o direito de habitar um mundo diferente, mundos diferentes.
Anexo I (Carta contra o prêmio Vale/Capes)
Denunciar essa parceria indecente [Vale/CAPES] e recusá-la é o que se espera de uma academia
que leve a sério seus compromissos com o ‘povo-nação’ e, particularmente, com os povos
originários e tradicionais e as comunidades urbanas que têm suas vidas desrespeitadas e
contaminadas – quando não destruídas – por essa empresa, não só entre nós como em outros
países. A seguir, a íntegra da carta:
“Nós, representantes de associações acadêmicas, professores e pesquisadores abaixo-assinados,
viemos a público declarar que consideramos inadequada a instituição do chamado “Prêmio Vale-
Capes de Ciência e Sustentabilidade”, visando a premiar Dissertações de Mestrado e Teses de
Doutorado associadas a temas ambientais e socioambientais. É de conhecimento público que as
práticas da Vale S.A. são, com grande frequência, avaliadas como impróprias do ponto de vista
social e ambiental, em muitos casos com implicações legais, conforme registrado por inúmeros
trabalhos de pesquisa nas áreas de Sociologia, Antropologia e Ciências Sociais Aplicadas expressos
em apresentações em Congressos, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado referendadas
pela comunidade científica brasileira nos últimos anos. Com base nesta produção científica,
listamos abaixo alguns exemplos de danos ambientais e sociais associados à atuação da empresa
em questão e, em anexo, apresentamos uma amostra ilustrativa de citações de resultados de
pesquisas recentes:
Despejo ilegal de minério diretamente nas águas da Baía de Sepetiba (Zborowski, 2008 e
Stotz; Peres, 2009);
Dragagem de 20 milhões m3 de lama contaminada por cádmio, zinco e arsênio na Baía de
Sepetiba (FIOCRUZ, 2011);
Emissão de material particulado no ar contendo elementos químicos causadores de
problemas respiratórios graves (FIOCRUZ, 2011);
Rompimento de mineroduto e contaminação do solo e de corpos hídricos no município de
Paragominas, PA (Marin, 2010);
Destruição de terras agricultáveis e desmatamento de castanheiras para a construção de
minerodutos, linhas férreas e linhas de transmissão de energia em territórios ocupados por
populações tradicionais (Marin, 2010; Pereira, 2008);
Não-cumprimento do acordo com comunidades quilombolas do Jambuaçu, Moju, PA, pelo
qual a Vale deveria recuperar 33 km de estrada que cortam as terras quilombolas, a
reforma de duas pontes e indenizações pela passagem do mineroduto de bauxita e da linha
de transmissão (Pereira, 2008, apud Trindade, 2011);
Conflitos com comunidades indígenas Xikrin (na região de Carajás, PA) e com os índios
Krenak, na região de Resplendor, MG. (Carrara, 2009);
Deslocamento compulsório de populações em função da exploração mineral e da
construção de barragens e usinas para fins de auto-geração de energia (Pinto, 2005;
Lages, 2008; Wanderley, 2009, Campos, 2010);
Transformação da imagem da empresa frente à opinião pública, sem que suas ações sejam
menos degradantes no que respeita ao meio socioambiental (Cabral e Paraíso, ANPOCS,
2005);
Projeto de mineração da Serra da Gandarela, considerada área de importância biológica
especial, com endemismo de espécies e alta biodiversidade. (Marent; Lamounier; Gontijo,
2011);
Marcação de casas que estariam em área de remoção para a implantação de uma
siderúrgica no Maranhão, sem que as famílias atingidas fossem informadas sobre para
onde, por quem e em que condições seriam removidas (Santos Jr. et alii 2009);
Construção de estradas e infraestruturas que têm provocado assoreamento e morte de
igarapés no território quilombola do Jambuaçu, Moju, PA. (Trindade, 2011).
Consideramos, em consequência, que o estabelecimento de um vínculo desta ordem entre a Capes
e a Vale S.A. tende a enfraquecer a autonomia científica no estudo das relações entre meio
ambiente e sociedade no Brasil, na medida em que as práticas da referida empresa são, elas
próprias, objeto de pesquisa e que a situação assim criada pode comprometer a análise dos casos
concretos em que esta firma figure como agente social em conflito com atores públicos
(prefeituras, IBAMA e Ministério Público, entre outros), assim como com populações afetadas por
empreendimentos, com organizações sociais defensoras do meio ambiente, direitos humanos e
direitos sociais. Isto posto, afirmamos nossa preocupação com o fato de que a produção científica
na área temática em questão venha a perder em substância e qualidade com a transformação de
um de seus próprios objetos de estudo em copatrocinador de pesquisas – mesmo que de modo
indireto, como é o caso da concessão de Prêmios.
Entendemos, a este propósito, que empresas cuja atuação seja, com frequência, questionada como
danosa a populações e ao meio ambiente, quando eventualmente dispostas a destinar recursos ao
financiamento de pesquisas acadêmicas, devem submeter-se a condições definidas na estrita
perspectiva do caráter público da produção científica. Propomos, por conseguinte, que a aplicação
de recursos privados a premiações de pesquisas científicas passe por uma instância pública que
regule a distribuição dos recursos e que critérios e dispositivos normativos sejam instituídos para
lidar com casos como esses, excluindo-se, em particular, que representantes de empresas venham
a compor júris na avaliação de trabalhos científicos – como é o caso neste prêmio – e que recursos
devidos sob a forma de multa, condicionantes ou compensação sejam apresentados pelas
empresas como patrocínio ou filantropia estratégica.
Atenciosamente,
Profa. Ester Limonad
Presidente da ANPUR”
Anexo 2 - Carta de Belo Horizonte
Os pesquisadores e pensadores signatários deste documento vêm, há mais de uma década,
realizando rigorosas pesquisas que evidenciam, à exaustão, enorme volume e diversidade de
situações empíricas em que populações, comunidades tradicionais, povos indígenas e classes
populares em geral têm seus direitos ambientais, culturais, territoriais e humanos flagrantemente
violados. Invariavelmente, os agentes dessa violação são os responsáveis pelos empreendimentos
privados orientados para a acumulação de capital, tais como aqueles investidos no mercado
imobiliário, na incineração de resíduos tóxicos, na produção de commodities agrícolas e minerais,
na apropriação de recursos hídricos para geração de energia elétrica, para a pesca comercial, para
o turismo elitizado, para os monocultivos irrigados etc.
Nesses processos, as práticas governamentais do Estado, orientadas por uma ideologia
desenvolvimentista, gestada de modo prevalente no período dos governos autoritários do Brasil,
têm desempenhado papel essencial, geralmente postando-se ao lado dos interesses predatórios e
expropriadores do capital. As formas pelas quais o Estado, segundo esta perspectiva de
governança, realiza esse papel são várias: por meio da concessão de licenciamentos ambientais,
não raro mediante a desconsideração de pareceres técnicos e dos protestos das populações
vilipendiadas; investindo recursos públicos na implementação ou rentabilidade de grandes projetos
de infraestrutura (como estradas, ferrovias, portos, transposição de rios etc.); a criação de
Unidades de Conservação e Proteção Integral, que expropriam populações locais; o uso da força
das armas para realizar o deslocamento compulsório de populações urbanas (como nos violentos
processos de “reintegração de posse” de terrenos urbanos ociosos, ocupados por populações de
sem-teto, ou como na realização das obras de transposição do rio São Francisco etc.). Outro
aspecto importante da modernidade anômala que as frações do Estado teimam em reforçar, em
suas políticas/programas equivocados/insuficientes, tem sido a naturalização do desbalanço dos
direitos territoriais dos diferentes grupos sociais, o que enseja a desproteção continua dos lugares
mais ameaçados, no campo e nas cidades, e redunda em expô-los a desastres recorrentes e cada
vez mais catastróficos. O sofrimento social dos grupos mais ameaçados e efetivamente afetados
nos desastres - no geral, com destaque aos empobrecidos da sociedade - se amplia quando há a
associação das perdas humanas e materiais havidas à desumanização dos processos ditos “de
remoção”, isto é, quando os lugares em contestação pelo ente público são ressignificados como
“áreas de risco”, justificando com tal discurso a expulsão sumária de seus moradores e relegando-
os a um futuro incerto.
Nesse contexto, causa-nos enorme preocupação a disseminação, cada vez mais rápida e acrítica,
dos chamados mecanismos de “resolução negociada de conflitos ambientais”, apresentados como
solução para a sobrecarga de demandas sobre o Judiciário. Em primeiro lugar, nossas pesquisas
deixam claro que não há negociação justa que reúna atores entre os quais existem abissais
desigualdades, em termos dos recursos econômicos, simbólicos e políticos de que dispõem. Nossos
estudos empíricos demonstram fartamente que essas negociações, via de regra, implicam o
domínio de informações, normas jurídicas, técnicas e de linguagem que escapa às classes
populares e comunidades e povos étnica e culturalmente diferenciados. A imposição desse domínio
exclui, ipso facto, os conhecimentos, valores e linguagens desses sujeitos sociais, submetendo-os,
assim, a uma verdadeira insegurança institucional e “tortura moral”, ao atingir a sua dignidade
como seres sociais, o que, ao cabo, só serve para emprestar ares de legitimidade a decisões
conduzidas pelos atores dominantes do processo de “negociação”.
Em segundo lugar, nossas pesquisas demonstram, com abundância, que há muitas situações em
que os distintos interesses e projetos de apropriação das condições naturais e territórios são
mutuamente excludentes ou mesmo incomensuráveis. Citemos apenas os casos de pessoas
pertencentes a comunidades tradicionais ou povos indígenas que sofrem deslocamento compulsório
de seus territórios e, em consequência, perdem o sentido da vida, mergulhando em profundos
processos depressivos que, não raro, os levam à morte física e/ou cultural.
Por fim, salientamos que, pelo exposto, os resultados dos processos de “negociação” em tela são,
para os atores econômica e politicamente mais frágeis, quase sempre inferiores ao que se lhes é
assegurado pelos direitos de que são portadores. Considerando que as técnicas de mediação
aplicam-se fundamentalmente aos direitos disponíveis de indivíduos, enquanto os conflitos
ambientais envolvem direitos indisponíveis de coletividades, populações e futuras gerações,
opomo-nos às tentativas cada vez mais frequentes de substituir o debate político e o recurso dos
desfavorecidos à justiça pela mediação, promovida em muitas circunstâncias justamente por
aqueles que poderiam e deveriam assumir a defesa dos direitos dos desfavorecidos.
Reconhecendo o papel excepcional do Ministério Público no ordenamento jurídico brasileiro como
instância a que podem recorrer os grupos sociais menos favorecidos política e economicamente na
defesa dos seus direitos, instamos essa instituição a rejeitar as tentativas de transformá-la em
instância mediadora, de modo a preservar-se como aquele órgão capaz de assumir a defesa dos
direitos constitucionais públicos, coletivos e difusos, e em particular daqueles que constituem o
lado mais fraco frente a empresas e ao Estado, inclusive responsabilizando civil e criminalmente os
agentes públicos e os responsáveis técnicos de empresas que se omitem ou atuam na construção
de uma “legalidade formal” que acoberta violentos processos de negação e violação de direitos, e,
simultaneamente, criminaliza a resistência.
Assim, consideramos decisivo, para o desfecho dos conflitos ambientais e territoriais, o papel que
podem vir a desempenhar os operadores do direito, como garantidores e fiscais da estrita e justa
observação dos direitos das populações, comunidades e povos inferiorizados pela economia de
mercado e pela dominação política das classes abastadas. Concitamos, pois, os mais importantes
entes civis e estatais que abrigam advogados e juristas, tais como a Ordem dos Advogados do
Brasil, a Rede Nacional de Advogados Populares, o Ministério Público e o próprio Judiciário, em
suas múltiplas instâncias, a assumirem postura intransigente no resguardo desses direitos
ambientais e territoriais da cidadania, somando esforços para evitar que as linhas de defesa da
cidadania definidas por tais direitos sejam flexibilizadas e degradadas pela “negociação” e acordos
infralegais.
Assinam os participantes e apoiadores do seminário “Formas de Matar, de Morrer e de
Resistir: limites da resolução negociada de conflitos ambientais e a garantia dos direitos
humanos e difusos”, UFMG, 19 de novembro de 2012.
Pesquisadores Andréa Zhouri - UFMG Ana Flávia Santos – UFMG Antonio Carlos Magalhães - Instituto Humanitas
Caio Floriano dos Santos - FURG Carlos Alberto Dayrell - CAA Carlos RS Machado - FURG Carlos Walter Porto Gonçalves – UFF Célio Bermann - Prof. Associado do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP Claudenir Fávero - UFVJM
Cleyton Gerhardt - UFRGS
Cynthia Carvalho Martins - UEMA Eder Jurandir Carneiro - UFSJ Elder Andrade de Paula - UFAC Eliane Cantarino O’Dwyer – UFF Gustavo Neves Bezerra - UFF Horácio Antunes de Sant'Ana Júnior - UFMA
Jean Pierre Leroy - FASE Jeovah Meireles - UFC Klemens Laschefski - UFMG Maria de Jesus Morais - UFAC Marijane Lisboa - PUC-SP Michèle Sato - UFMT Norma Valencio - UFSCar
Rosa Elizabeth Acevedo Marin - UFPA
Raquel Rigotto - UFC Rômulo Soares Barbosa – UNIMONTES Sonia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos - professora da UFPA
Centros e Núcleos de Pesquisa Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAANM Departamento de Sociologia (UFSCar) Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente – GEDMMA (UFMA) Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA (UFMG) Grupo de Estudos Socioeconomicos da Amazônia - GESEA (UEMA)
Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Artes - GPEA (UFMT) Grupo de Pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade – TEMAS (UFRGS) Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades - LEMTO (UFF) Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC-UFVJM) Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres – NEPED (UFSCar)
Núcleo de Estudos Trabalho, Sociedade e Comunidade - NUESTRA (UFSCar)
Grupo de Pesquisa sobre a Diversidade da Agricultura Familiar - GEDAF/NCADR/UFPA Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental – NIISA (UNIMONTES) Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental - NINJA (UFSJ) Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental(UFAC) Núcleo TRAMAS - Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (UFC) Observatório dos Conflitos do Extremo Sul do Brasil (FURG) Programa de Extensão Centro de Direitos Humanos na Tríplice Fronteira do Acre (BR), Pando (BOL)
e Madre de Díos (PE) (UFAC)
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