A genética no combate ao racismo no Brasil Flavia de Carvalho Parra Laboratório de genética...

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A genética no A genética no

combate ao racismo combate ao racismo

no Brasilno Brasil

Flavia de Carvalho Parra

Laboratório de genética Bioquímica - UFMG

Exemplo de um segmento de

DNA:

Algumas pessoas

têm bases diferentes

em determinadas

posições

polimorfismo de uma única

base ou SNP

O que é um SNP?

C

G

A

T

A densidade dos polimorfismos de sequência (SNPs) no genoma humano é de

0.5 - 2 SNPs / 1000 bp

Dois indivíduos não-aparentados diferem em média

em 6 milhões de bases

O genoma humano contém ~3,2 milhões

de pb

A espécie humana é diplóide

Homo sapiens sapiens

Origem única na África há 100-150

mil anos atrás

Complexo padrão de migrações e

intercruzamentos

Não houve formação de grupos

biológicos ou “raças”

A diversificação morfológica

(determinada por menos de 1% do

genoma) está diretamente relacionada

com adaptações geográficas às

diferentes condições climáticas e

ambientais

A cor da pele

• hemoglobina

• carotenos absorvidos na dieta

• melanina

• absorção da luz solar que produz vitamina

D

• proteção da derme do excesso de radiação

Distribuição da cor da pele nas populações humanas

1-12

12-14

15-17

18-20

21-23

24-26

27-29

30 +

Os número mais altos representam uma maior pigmentação da pele

• Cada indivíduo é único

geneticamente

• A espécie humana é uma

• Diferenças individuais

não permitem

agrupamentos cujos

parâmetros sejam

característicos de traços

de aparência física

Investigar as relações das características fenotípicas

individuais com a ancestralidade genômica de brasileiros

A população brasileira

O componente ameríndio

“Dança dos Tapuias” Albert Eckhout

O componente europeu

“Desembarque de Cabral em Porto Seguro” Oscar P. Silva

O primeiro brasileiro ...

Localização População atual Século XVI

Acre 3 000-5 000 30000Amazonas (Rio Branco) 11 000-16 000 33000Tocantins 5 000-5 600 101000Nordeste - litoral 1 000 208000Nordeste - interior - 85000Maranhão 2 000-6 000 109000Bahia - 149000Minas Gerais 0-200 91000Espírito Santo (Ilhéus) - 160000Rio de Janeiro - 97000São Paulo - 146000Paraná e Santa Catarina 3 200-4 200 152000Rio Grande do Sul - 95000Mato Grosso do Sul 6 200-8 200 118000Mato Grosso Central 1 900-2 900 71000Outros ... 786000Total 350.000 2431000

O extermínio indígena

Distribuição das tribos indígenas brasileiras

atuais

Segunda metade do séc. XVI ...

O componente africano

1551-1850 3,5 milhões de negros

Negros no porão do navio - Rugendas

“Jantar (família rica)” Debret

Inicia-se o modelo tri-híbrido ...

Segunda metade do séc. XIX ...

A imigração de europeus

0

20

40

60

80

100

1500 1890 1990

indígenas brancos pardos negros

A “branquização do povo brasileiro”

População atual: 169.544.443 habitantes

Análise fenotípica

cor e textura dos cabelos

cor dos olhos

cor da pele

lábios

nariz

Tipos de nariz Tipos de lábios

Ref.: Thomas-Domenech J.M. e Padilla-Bolivar E. A. Atlas das Raças Humanas, 1965.

nariz

proeminentes

nariz aplainados

nariz achatados

lábios delgados

lábios medianos

lábios grossos

173 indivíduos

30 negros

114

pardos

29

brancos

Análises fenotípicas• Pele negra

• nariz aplainado ou achatado

• olhos escuros

• labios grossos a escravertidos

• cabelos crespos

• Pele clara

• nariz proeminente

• olhos claros ou escuros

• labios delgados ou medianos

• cabelos lisos ou ondulados

Análise Molecular

Marcadores “População-específicos”

Fy-null

Fy-null

GC-S

GC-S

Marcadores “População-específicos”

Parra et al., 1998

p(-) Africanos p(-) EuropeusAPO 0.56 0.07

Sb19.3 0.57 0.09

GC-F 0.82 0.16

GC-S 0.08 0.61

LPL 0.97 0.49

Rb2300 0.92 0.33

FY-null 0 1

OCA2 0.09 0.77

AT3-I/D 0.13 0.72

ICAM-1 0.76 1

cromossomo

1

8

19

15

11

1

4

4

13

19

ELETROFORESE

(+) (+)

(+) (-)

(-) (-)

RFLP- Restriction Fragment Length Polymorphism

(+) (+)

(+) (-) (-) (-)PCRindivíduo 1 indivíduo 2 indivíduo 3

A

A

A

G

G

G

T

T

T

C C

C

GC

AT

DIGESTÃO

enzima de

restrição

específica

IAAn (+) (+) pn(+) Afri x pn(+) Afri pn(+)Euro pn(+)Euro

IAAn (+) (-) pn(+) Afri x pn(-) Afri pn(+)Euro pn(-)Euro

IAAn (-) (-) pn(-) Afri x pn(-) Afri pn(-)Euro pn(-)Euro

LIAA = log (IAA1 x IAA2 x IAA3 x ... X IAA10)

Índice de Ancestralidade Africana (LIAA):

Gráfico “Scatterplot” das populações parentais

variável: logarítmo do Índice de Ancestralidade Africana - LIAA

Fenótipo

LIAA

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

S. Tomé outros africanos

portuguesesameríndios

LIAA

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

S. Tomé outros africanos

negros pardos brancos ameríndios europeus

BRASILEIROS

Fenótipo

Gráfico “Scatterplot” de todas as populações variável: logarítmo do Índice de Ancestralidade Africana - LIAA

PAULO ZULU (PAULO CEZAR FAHLBUSCH PIRES)

Ancestralidade materna: África Subsaariana Ancestralidade paterna: Europa Ancestralidade genômica: africana (99,5%)

"Não sabia, mas gostei. O apelido foi mais forte que o sobrenome", brinca o modelo. O sobrenome Fahlbusch de Paulo Zulu é de seu avô por parte de mãe, o alemão Eugen Fahlbusch, que veio para o Brasil e casou-se com Maria do Carmo Andrade. Nascida em Muriaé, Minas Gerais, Maria do Carmo é brasileiríssima – dela, com certeza, vem a predominância africana nos genes de Zulu. "Fiquei surpresa com a africanidade de Paulo. Meu pai era daqueles alemães 'puros', e eu puxei por ele", diz a mãe do modelo, Hannelore. Os avós maternos do pai de Paulo Zulu eram portugueses.

VICENTE PAULO DA SILVA (líder sindical - ex-presidente da CUT)

Ancestralidade materna: África SubsaarianaAncestralidade paterna: norte da África e MediterrâneoAncestralidade genômica: euroasiática (99,99999%)

"Foi surpresa total. Sempre me senti muito índio e africano", diz. Sua mãe, que nasceu no Rio Grande do Norte, como ele, era filha de índia. "Ela tinha cabelo cacheado, mas não muito crespo." O cabelo do pai, que tinha pele negra, era, segundo ele, bem liso. "Analisando minhas características, vejo que meus lábios não são tão grossos e meu cabelo também não é totalmente crespo", comenta.

AIGO (SHIRLEY CRISTINA ROCHA)

Ancestralidade materna: ameríndiaAncestralidade genômica: africana (58,4%)

"Este teste vai ser bom para calar a boca de todo mundo. Eu sou índia, mesmo. Sempre soube que minha avó por parte de mãe era índia. Fui à Funai, dei o nome dela (Aigo Enaldo) e eles a localizaram em uma tribo bororó. Minha avó nasceu e viveu com a tribo, engravidou de um negro, e minha mãe nasceu na tribo e morou na cidade. Já a família do meu pai é uma mistura de espanhóis com italianos, principalmente. Meu pai é mineiro e tem olhos verdes, mas a bisavó dele era negra."

Colaboradores

Dr. Sérgio Pena - Dept. Bioquímica e Imunologia - UFMG - BRASIL

Dr. Jorge Rocha - Universidade do Porto - Porto - PORTUGAL

Dr. Fabrício Santos - Dept. Biologia Geral - UFMG - BRASIL

Dra Judith Kidd - Yale University - USA

Roberto Campos Amado - Dept. Parasitologia - UFMG - BRASIL

Dr. Carlos Maurício Antunes - Dept. Parasitologia - UFMG - BRASIL