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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO AMBIENTAL
A INTERFERÊNCIA HUMANA E FRAGMENTAÇÃO
AMBIENTAL NO DISTRITO DE MURIQUI
ALINE SILVA DEJOSI NERY
ORIENTADOR: FRANCISCO CARRERA
RIO DE JANEIRO, RJ
2011
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO AMBIENTAL
A INTERFERÊNCIA HUMANA E FRAGMENTAÇÃO
AMBIENTAL NO DISTRITO DE MURIQUI
ALINE SILVA DEJOSI NERY
RIO DE JANEIRO, RJ
2011
Monografia apresentada como exigência parcial,para conclusão do Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Gestão Ambiental na Faculdade Integrada a Vez do
Mestre da Universidade Cândido Mendes .
3
RESUMO
Se para alguns a interferência humana não afeta os impactos ambientais
no ecossistema, o que podemos dizer a eles daqui a 100, 200 anos, claro não
estaremos vivos para ver o que pode acontecer.
A presente monografia vem mostrar que não é só nas metrópoles que há
ocupações desenfreadas e destruições na Mata Atlântica, trazendo assim prejuízos
ecológicos ao meio ambiente, venho mostrar que nesse pequeno Distrito da Vila
Muriqui, Município de Mangaratiba, vem ocorrendo as mesmas situações como das
outras cidades, invasões de população de baixa renda nas encostas, começando
assim a favelização no lugar, especulação imobiliária de empresa e moradores
locais. Este Distrito, não tendo para onde se expandir, vai sendo massacrado pela
população local e imobiliário para dentro das áreas reservas da Mata Atlântica.
O crescimento é descontrolado nesta cidade, a taxa de natalidade vem
crescendo vertiginosamente, e a taxa de mortalidade muito baixa, sendo a mão de
obra neste Distrito deficitária, e com o aumento da população de baixa renda, não
tendo onde se expandir, começam a desregrar para as reservas da Mata Atlântica,
lugar de fácil acesso, que não é fiscalizado pelo governo local.
PALAVRAS-CHAVE: Ecoturismo, Favelização, Prejuízo ecológicos.
4
METODOLOGIA
Foram utilizadas referencia bibliográficas, pesquisas de campo,
fotografias, entre outros.
5
SUMÁRIO
Introdução 06
Capítulo 1 08
Ocupação irregular nas encostas do distrito de Muriqui 08
1.1 Histórico do município de Mangaratiba 08
1.2 Comprovação do desmatamento e prejuízos ecológicos 13
Capítulo 2 19
O que as ocupações estão acarretando para o turismo local 19
2.1 História, pressões e soluções históricas 19
2.2 História, pressões e soluções atuais. 21
Capítulo 3 26
Fauna e Flora 26
3.1 Fauna extinta. 26
3.2 Flora 30
Conclusão 35
Referências Bibliográficas 37
Índice de figuras 42
Anexos 43
Autora 49
6
INTRODUÇÃO
Mata Atlântica é uma denominação popular dada à formação florestal que
ocorre nas encostas orientais do planalto Atlântico e baixada litorânea contígua,
ocorrendo ao longo da costa do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Este
grande bioma, muito diversificado dos pontos de vista florístico, em função das
variedades ambientais, ocupava no Brasil uma área superior a 1000000 km2, cerca
de 12 % da superfície do país (Câmara,1991).
Há uma importante cadeia de montanhas que acompanham a costa
oriental brasileira, desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o sul do estado da
Bahia. Ao norte as maiores altitudes se encontram mais para o interior do país, mas,
nas regiões do norte do estado de Alagoas, todo estado de Pernambuco e da
Paraíba, e em pequena parte do Rio Grande do Norte temos altitudes de 500 a 800
metros que estão próximas ao mar. Em São Paulo é conhecida como Serra do Mar e
em outros estados tem outros nomes. Sua altitude média fica ao redor dos 900
metros. Em certos trechos é bastante larga, mas em outros é muito estreita. Afasta-
se do mar em alguns pontos, se aproximando dele em outros. (Ferri, 1974.)
Atualmente, dada a grande destruição que vem sofrendo desde a chegada dos
europeus, apresenta-se muito reduzido e fragmentado.
A partir da colonização européia, iniciou-se a destruição destas florestas,
principalmente pela grande pressão antrópica que sofreu a faixa litorânea. As causas
foram às explorações do pau-brasil, a de diversas madeiras, lenha e carvão e a
substituição das matas por atividades agrícolas (Mori et al.,1981).
A Floresta Atlântica guarda, apesar de séculos de destruição, a maior
biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Isso é devido a sua
distribuição em condições climáticas e em altitudes variáveis, favorecendo a
diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas
de solo e umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas mudaram de
7
área nos ciclos climáticos secos e úmidos. O estudo dos grãos de pólen depositado
nos sedimentos atesta que a América do Sul passou por mudanças climáticas que
provocaram retração e expansão das formações vegetais há milhões de anos. As
flutuações climáticas produziram períodos mais secos, com nível do mar abaixo do
atual e retração das florestas e expansão dos cerrados. Portanto nos últimos
milhares de anos a geologia não mudou, mas o clima variou entre as glaciações, ou
seja, as águas quando congelavam nos pólos abaixavam os níveis dos oceanos e
chovia pouco. Nas interglaciações o tempo esquentava, o mar aumentava de volume
e chovia abundantemente. Isso fez com que as florestas tropicais que vivem de
umidade e calor passassem por momentos de incubação e outros de exuberante
beleza. Nessa época a Serra-do-Mar tinha papel importante na sobrevivência da
Mata Atlântica já que barrava a umidade vinda do oceano salvando milhares de
espécies dependente dessa umidade. Essas mudanças influenciaram na formação
dos padrões atuais. (Ferri, 1974)
Nas ultimas décadas, somam-se a estas a grande expansão dos centros
urbanos e industriais. Desta forma, a mata atlântica está atualmente reduzida a
manchas florestais, principalmente em locais de topografia acidentada e unidades de
conservação (Leitão-Filho, 1987; Câmara, 1991). É importante frizar que estas
unidades de conservação apresentam situações que conduzem ao desmatamento,
exploração ilegal da flora, caça furtiva, pesca mineração, poluição em seu interior
(Câmara, 1991). Da mesma forma, muitas das unidades de conservação da mata
atlântica abrigam poucos remanescentes florestais ainda primários (Mori et
al.,1981;IUCN,1988).
8
1 – OCUPAÇÃO IRREGULAR NAS ENCOSTAS DO
DISTRITO DE MURIQUI
1.1– HISTORICO DO MUNÍCIPIO DE MANGARATIBA
A ocupação das terras conhecidas no município de Mangaratiba teve
origem no século XVI, por ocasião das desapropriações das Capitanias Hereditárias.
Essas terras pertenciam à Capitania de Santo Amaro, cujo donatário Pero Lopes de
Souza, pouco se interessou por seus domínios (www.mangaratiba.rj.gov.br, 2011).
O povoamento aconteceu anos mais tarde, por volta de 1620, quando
Martim de Sá, novo donatário, mandou trazer índios Tupiniquins já colonizados de
Porto Seguro e estabeleceu, sob a tutela dos Jesuítas, aldeamentos começando pela
Ilha de Marambaia e depois na praia da Ingaíba. Visando melhores condições físicas
e topográficas, a povoação foi transferida em 1688 para o local onde hoje localiza o
Núcleo Urbano de Mangaratiba. Onde se ergueu uma capela dedicada à N. Senhora
da Guia, existindo até 1785 quando iniciaram as obras para a construção de uma
nova igreja no mesmo local, sendo concluída em 1795 (www.mangaratiba.rj.gov.br,
2011).
Apesar de lutas entre os índios Tamoios (nativos da região) e os
colonizadores, A Freguesia de Mangaratiba veio a ser criada em 16 de janeiro de
1764. Porém, Mangaratiba só conquistou sua independência administrativa em 11
novembro de 1831 quando se transformou na categoria de Vila com o nome de
Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba. Até esta data Mangaratiba pertencia ao
Município de Itaguaí ao qual estava subordinada desde 05 de junho de 1818, quando
foi criado o Município. Anteriormente Mangaratiba estava vinculada ao Município de
Angra dos Reis. Sendo assim efetivada em 24 de maio de 1833 (Teixeira, 2002).
9
Quando Mangaratiba se tornou município, segundo a divisão
administrativa de 1911, ela era constituída de três distritos: a sede, Jacareí e
Itacuruçá (Teixeira, 2002).
Vila Muriqui nasceu em 09 de dezembro de 1949, tendo assim seu
território desmembrado de Itacuruçá (Teixeira, 2002). Em 05 de abril de 1990, a Lei
Orgânica estabelece que o Município se divide administrativamente em seis distritos:
distrito-sede Mangaratiba; 2º distrito Conceição de Jacareí; 3º distrito Itacuruçá;
4ºdistrito Muriqui; 5º distrito São João Marcos; 6º distrito Praia Grande
(Teixeira,2002).
Com o desenvolvimento da economia cafeeira, principalmente na região
do médio Vale do Paraíba, Mangaratiba ganhou um crescente movimento cumprindo
seu papel de porto escoador da produção de café. Outras atividades importantes,
que proporcionou o enriquecimento da região, foi o tráfico de escravos
(www.mangaratiba.rj.gov.br, 2011), para servirem de mão-de-obra nas fazendas e o
escoamento da produção do Vale do Paraíba transformando os portos de
Mangaratiba e Marambaia, grandes pólos comerciais (Teixeira, 2002).
O tráfico de escravos e ouro atraía piratas das mais diversas procedências
tornando a vida da pequena localidade bastante agitada e motivando a construção
de diversas fortificações como a Fortaleza de Nossa Senhora da Guia, hoje
inexistente (www.mangaratiba.rj.gov.br, 2011).
A produção de café intensificou–se tanto que as trilhas que desciam a
serra eram insuficientes para escoar a produção. Foi necessária a abertura de uma
estrada mais larga e com melhores condições de circulação que ligava Mangaratiba
a São João do Príncipe (depois São João Marcos). A estrada imperial foi
implementada (www.mangaratiba.rj.gov.br,2011), entre 1854 e 1858, com 30
quilômetros de extensão, pelo imperador D. Pedro II. Sendo ela a primeira estrada de
rodagem constituída no Brasil (Teixeira, 2002).
10
Depois desse período de sucesso, no qual geraram expressivas ruínas de
construções opulentas, a economia da região, particularmente a de Mangaratiba,
entrou em decadência. Foram várias as causas desse declínio, pois ocorreu a
desorganização do trabalho provocado pela abolição da escravatura, o
empobrecimento do solo esgotado pelas culturas e finalmente a introdução no ano
de 1870, da estrada de ferro entre a cidade de São Paulo e Rio de Janeiro, fazendo
com que o escoamento da produção de café do Vale do Paraíba passasse a ser feito
pelo porto do Rio de Janeiro (Teixeira, 2002).
A construção da via entre Mangaratiba e a Serra trouxe um maior
desenvolvimento para a região, bem como consolidou uma aristocracia local que
empreendeu a construção de diversos edifícios como suas residências urbanas,
igrejas, um teatro, armazéns e trapiches. A decadência foi tão grande que o
Município de Mangaratiba foi extinto em 08 de maio de 1892, apesar de ter sido
restabelecido alguns meses mais tarde, em 17 de dezembro do mesmo ano. Os
portos de Mangaratiba e do Sahy ficaram desertos e inúmeras edificações foram
abandonadas, tais como os grandes solares, armazéns, o teatro, conforme atestam
as ruínas hoje existentes no Saco de Cima e na Praia do Sahy. A estagnação
econômica foi total, sendo Mangaratiba um exemplo de cidade nascida de uma rota
comercial que não tinha bases produtivas próprias que permitissem uma autonomia.
A atividade era apenas reflexo da produção agrícola existente na região serrana e
pereceu diante do surgimento de novas alternativas produtivas e comerciais
(www.mangaratiba.rj.gov.br,2011).
Segundo Teixeira (2002), a estagnação da economia e da vida em
Mangaratiba persistiu até 1914 quando finalizou a estrada de Ferro Central do Brasil.
A partir de então nota-se um ligeiro progresso econômico propiciado pela exportação
de bananas e pela construção de residências de veraneio pelo percorrer da linha
férrea ou concentrada em determinados núcleos urbanos.
11
A implantação da Rio-Santos (BR-101), na década de quarenta
(www.estradas.com.br,2011) fez com que ocorressem os grandes loteamentos e
ocupações desordenadas na orla marítima como Muriqui, Praia do Saco, Itacuruçá e
outros e em 1942 sendo aprovado o primeiro código de obras para o Município
(www.mangaratiba.rj.gov.br,2011). A construção da rodovia Rio-Santos, parte da BR-
01, nos anos setenta, trouxe uma nova fase surgindo assim novas perspectivas de
desenvolvimento, principalmente nas atividades ligadas ao turismo (Teixeira, 2002).
Apesar do município de Mangaratiba fazer parte da Região Metropolitana
do Rio de Janeiro, onde se pode observar um crescimento da situação econômica e
demográfica, ele não foi atingido por tal fenômeno, devido a algumas implantações
pouco significativas, vinculadas às atividades de veraneio, de fins-de-semana e de
turismo, não existindo em Mangaratiba, aglomeração urbana de porte (Teixeira,
2002).
Marcos Históricos (www.mangaratiba.rj.gov.br, 2011)
1534-Devassamento do solo do Município de Mangaratiba.
1615-Martim de Sá traz Índios Tupiniquins de Porto Seguro, entregando-
os a direção dos Jesuítas para iniciarem a construção da aldeia.
1618-Construção do povoado com setenta casebre de sapê.
1620-Chegada de outro grupo de Tupiniquins à Ilha de Marambaia e,
posteriormente ao São Brás, onde edificaram uma capela.
1764-Elevação de Mangaratiba a Freguesia (16 de janeiro).
1785-O Padre Salvador Francisco da Nóbrega, Pároco encomendado,
inicia a reconstrução da Igreja de N. S. da Guia.
1795-Conclusão da Igreja de N. S. da Guia pelo Padre Joaquim José da
Silva Feijó, à custa própria.
1831-Mangaratiba foi elevada à categoria de Vila (11 de novembro).
1832-Foram fixados os limites para a “Vila de N.S. da Guia de
Mangaratiba” (26 de março).
1833-Instalação da Vila de Mangaratiba (24 de maio).
12
1836-Data da criação da Freguesia de Santana de Itacuruçá, pela Lei
Provincial nº 63 (17 de dezembro).
1855-Foi organizada a Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba,
responsável pela construção da estrada imperial entre São João Marcos e
Mangaratiba que, segundo Afonso de E. Taunay foi à primeira verdadeira estrada de
rodagem feita no Brasil, no conceito dos técnicos.
1891-Criação da Comarca de Mangaratiba, por efeito do Decreto nº 8 (19
de dezembro).
1891-Extinção da Comarca de Mangaratiba, por efeito do Decreto
Estadual nº 8 (19 de dezembro).
1891-Supressão do Município de Mangaratiba, por força do Decreto
Estadual nº 1 (8 de maio).
1892-Restauração de Mangaratiba, com territórios desmembrados dos
Municípios de São João Marcos, Angra dos Reis e Itaguaí, em virtude do Decreto nº
36 (17 de dezembro).
1829-A sede do Município de Mangaratiba é elevada à categoria de
Cidade, pela Lei Estadual nº 2335 (27 de dezembro).
1931- É erguido na Praça João Pessoa um obelisco comemorativo do 1º
Centenário de Emancipação Político – Administrativa de Mangaratiba.
1949-Foi criado o Distrito de Vila Muriqui, com o desmembramento de
Itacuruçá, pelo Decreto Lei Estadual nº 690 (19 de dezembro).
13
1.2- PREJUÍZOS ECOLÓGICOS E COMPROVAÇÃO DO
DESMATAMENTO:
Segundo Moreira Neto (1977), variados são os problemas que podem
estar atacando o distrito de Muriqui entre os quais se incluem o problema da
migração inoportuna e o da favelização, fazendo assim uma agressão ecológica
provocada pelos descuidos tecnológico e reprodutivo do homem no seu
comportamento com o meio. Ao longo dos anos, as florestas vêm sendo devastadas
aos poucos e transformadas em áreas de habitação. O que também tem impactado
os fragmentos remanescentes sejam pelo turismo, veraneio ou mesmo habitação
permanente.
Em Muriqui registrou-se um crescimento da população favelada entre
1980 e 1991 (Retis, 2002).
Surgidas na paisagem, às favelas começaram a marcar espaço e a
trajetória das cidades. A partir de estudos sobre favelas que se começou a pensar na
questão de habitação. Na década de 60, o assunto se firmou, pois estas passaram a
ser cenário de reduto habitacional da pobreza urbana (Balasiano, 1993).
O que distingue a favela de outros locais de moradia é a natureza de
ocupação. Invasão ilegal do solo e construção em terrenos de propriedade alheia
(pública ou particular), dispostas de forma desordenada que foi e vem sendo feita
sem qualquer preservação dos ecossistemas existentes, gerando questões
ambientais que hoje afligem a humanidade. O padrão de ocupação das mesmas
desenvolveu-se gradualmente, através de ocupações repentinas, de movimentos
coletivos mobilizando grande número de pessoas.
Para Balasiano (1993), o significado da moradia na favela é um dos
aspectos mais discutidos na literatura. Muitos autores a caracterizam como “solução”
e não como “problema” por não ter pagamento de aluguel, como se a falta de outra
opção de moradia resolvem os problemas dessa camada social carente, ainda que
14
tal “solução” conduza ao surgimento de problemas de natureza variada, entre os
quais se destaca o comprometimento ambiental de difícil reversão.
Não se pode pensar isoladamente no problema social sem pensar e
planejar tendo em conta os comprometimentos ambientais que possa gerar.
As sociedades, ao criarem aglomerados urbanos, alteraram a paisagem
natural pré-existente, criando uma paisagem cultural, a qual por sua vez vai se
modificando gradualmente, no decorrer do tempo. É nesse processo de
transformação, que as características naturais do lugar como solo, ar, água,
vegetação, paisagem e clima estão utilizados como recursos para a construção de
um meio ambiente “urbano”.
A favela indevidamente provoca a sua própria ecologia e por sua
característica de ocupação desordenada, degrada as características naturais do
local. As comunidades em seu processo de organização sócio-territorial, ao se
localizarem em encostas, devastam florestas, alterando assim seu equilíbrio e
conduzindo ao comprometimento ambiental e à degradação das condições de
existência de amplos segmentos populacionais, incluindo o da própria população
favelada.
Apesar do fenômeno “favelização” ser característico das grandes cidades,
é importante ressaltar o grau de expansão, isto é, a sua universalização está
atingindo núcleos urbanos de diferentes portes. (Lessa, 1989).
A pequena comunidade que se encontra entre a cidade de Vila Muriqui
chegando a atravessar a Rodovia Rio-Santos, sendo levada até a cachoeira podem
ser encontradas uma variedade de pólos organizativos como igrejas, pequenos
comércios, entre outras atividades.
Pela lei 11.428 de 2006, artigo 6º, dispõe que a proteção e a utilização do
bioma mata atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por
objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos
15
valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade
social.
Para que ocorra o loteamento regular e autorizado, os moradores devem
atender a algumas exigências básicas, entre as quais a de que o terreno não esteja
em áreas de risco de desabamento e nem esteja muito próximo a matas, bosques ou
rios, pois isso aumenta as chances de comprometimento ambiental (Balasiano,1993).
Há algumas décadas atrás, os rios estavam integrados a vida de
moradores da Vila Muriqui, neles lavam-se roupas, nadava , pescava, e suas
margens eram locais preferidos para desovas de caranguejos e outras espécies da
região, porém hoje em dia são focos de doenças, desprazer e preocupação, pois
com a ocupação desenfreada nas encostas dos rios, os dejetos que os moradores
jogam nas águas descem, causando um desastre ecológico, pois estes rios
desembocam nas praias locais, trazendo inclusive coliformes fecais, já que não há
saneamento básico.
Já quanto à infra-estrutura de serviços públicos essenciais, as favelas não
contam com apoio governamental e praticamente nenhuma delas é servida de
canalização de esgoto, como também a população local. Devido à falta de
saneamento básico todos os moradores fazem “Poços Artesianos” em suas
moradias, que com o passar dos anos tornam o lençol freático da região poluído,
inclusive são jogados também resíduos de lixos domésticos nas encostas dos rios
como, por exemplo, o rio que há entre a Praia Grande e a Prainha quanto ao lado da
Praia Grande em direção a Rua de Santana (Quiosque do ex-vereador Kabeça). Que
deságuam no mar.
Desconsideram assim, o que cita a Lei nº 10.932, de 2004, que ao longo
das águas correntes, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15
(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica.
Segundo a lei 9433/97, com a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios
16
promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso,
ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal
estaduais de recursos hídricos.
Com o objetivo de coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar
administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; implementar
a Política Nacional de Recursos Hídricos;e planejar, regular e controlar o uso, a
preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
A favela concentra efeitos ambientais resultantes de metropolização. O
primeiro deles é a devastação da área verde com as conhecidas conseqüências de
degradação ambiental. O segundo o efeito da erosão que muitas vezes resulta da
devastação da vegetação em encostas, deixando os terrenos expostos e sujeitos ao
processo erosivo pela ação da água que destrói encostas, provocando
desmoronamentos e inundações, agravando a questão social com a formação
freqüente de contingentes de pessoas desabrigadas (Balasiano,1993).
Pela lei de parcelamento de solo, segundo o artigo 3º da lei 6766 de 1979,
tal ação não é permitida em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de
tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; em terrenos que
tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam
previamente saneados; em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta
por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes;
em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; em áreas
de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias
suportáveis, até a sua correção.
Como pode ser visto na altura da fazenda de Muriqui, existem relevos em
processos erosivos, sendo que eles ainda não chegaram ao Divisor d´agua, pois
como mostra a figura 4, não aparecem afloramentos rochosos, material que é mais
resistente. Esses tipos de erosões são conhecidos como Voçoroca, que é uma
17
escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta, ocasionado pela erosão do
lençol de escoamento superficial.
A falta de conhecimento da população local em relação ao impacto
ambiental, como também a falta de comunicação por parte do Governo local e a não
fiscalização nessas ocupações, em relação à invasão e destruição das florestas da
Mata Atlântica, traz um desequilíbrio ao meio ambiente, resultante da ação do
homem como erosão, empobrecimento dos solos, enchentes e assoreamento dos
rios, diminuição dos índices pluviométricos, elevação de temperatura, proliferação de
pragas e doenças, esclarecendo que a primeira conseqüência do desmatamento:
destruição da biodiversidade.
Uma das alternativas para a recuperação local, é a implementação da
política da educação ambiental com processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade construiriam valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade do distrito.
Estando assim presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal (Lei 9795, de 27 de abril de
1999).
A Floresta Nacional tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável
dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para
exploração sustentável de florestas nativas. Sendo de posse e domínio públicos,
sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas
de acordo com o que dispõe a lei. Podendo ter sua visitação pública permitida,
condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão (lei
9985 de 18 de julho de 2000)
18
A Vila Muriqui não tem mais onde se expandir, existem poucos locais
para o desenvolvimento imobiliário para as construções de moradias, pois as
construções antigas do Centro são colocadas abaixo para elevação de outras
obras. Entretanto onde se localiza a Fazenda Muriqui, há alguns anos atrás, por
ser lugar de fácil acesso e de muita vegetação, onde existia uma grande variedade
de espécies de aves como: Coleiros (Sporophila caerulescens), Canários (Sicalis
flaveola), Tiziu (Volatinia jacarina) e outras que faziam parte da fauna, como
também grandes quantidades de plantas e árvores que embelezavam a flora do
local, mas com a especulação imobiliária e para expansão do local essa fazenda
foi separada em lotes e vendida aos proprietários que compraram esses terrenos.
A primeira providência que foi tomada pela empresa que administrava a
Fazenda na época foi oferecer máquinas para devastação da flora, para que os
novos proprietários fizessem suas casas, isto é, acabando com a mata local, sendo a
fauna afugentada para outros lugares para meios de sobrevivência. Na lei 9985 de
18 de julho de 2000, artigo 23º, a posse e o uso das áreas ocupadas pelas
populações tradicionais nas reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento
sustentável As populações destas áreas, obrigam-se a participar da preservação,
recuperação, defesa e manutenção da unidade de conservação.
Com a chegada dos novos Moradores, a Fazenda passou a ser
pequena para população, devido à grande procura de terrenos nos locais, e ainda
não satisfeitos, cercou um pedaço de praia, para se tornar particular aos moradores
da fazenda, dificultando a entrada dos moradores da região a essa praia, e ainda
estão construindo um cais para saída de barcos dos moradores da fazenda.
Descumprindo assim, o plano nacional de gerenciamento costeiro, onde o artigo 10º
diz que as praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado,
sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido,
ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou
incluídos em áreas protegidas por legislação específica (lei 7661 de lei 7661 de 16
de maio de 1988).
19
CAPITULO 2 – O QUE AS OCUPAÇÕES ESTÃO
ACARRETANDO PARA O TURISMO LOCAL:
2.1-HISTÓRIA PRESSÕES E SOLUÇÕES HISTÓRICAS.
De acordo com projeções históricas, 97% da área do Estado do Rio de Janeiro
eram cobertos por florestas da mata atlântica, significando uma área de
aproximadamente 44.000 quilômetros quadrados de florestas (Fundação S.O. S
Mata Atlântica, 1992). Com uma população atual superior a 13 milhões de
habitantes, além de ser um dos estados com ocupação mais antiga do Brasil, sua
área de cobertura florestal já está reduzida a menos de 20 % em relação àquela
existente originalmente do Estado. Este processo de ocupação do estado do Rio de
Janeiro passou por inúmeros ciclos econômicos de extração e de produção, tendo
atualmente como principais atividades os setores de serviços, comércio e turismo.
Este último se concentrando em municípios de maior estado de preservação,
destacando-se regiões serranas e principalmente regiões da costa verde que vem a
mostrar a importância das florestas como atrativo para o turismo (Fonseca &
Moulton, 2000).
Segundo Teixeira (2006), a expansão do vetor turístico faz parte de um processo
de valorização das zonas litorâneas do Rio de Janeiro pós-1970. Nos distritos de
Itacuruçá, Vila Muriqui e Mangaratiba, as atividades turísticas se desenvolveram
após a construção da BR-101 (Rio-Santos). Caracterizando-se principalmente pela
presença de população flutuante, em função do turismo, basicamente estruturado em
torno de “segunda residência” para famílias de classe média do Rio de Janeiro (Retis
2002).
20
A estrada Rio-Santos foi construída no começo da década de 70, com 209
quilômetros no estado do Rio de Janeiro e 248 quilômetros em São Paulo
(www.comciencia.br, 2003).
As obras foram entregues em três etapas. O primeiro trecho foi concluído no
primeiro semestre de 1971, dando origem ao lançamento oficial, em 1973, do Ano
Nacional do Turismo. Já na segunda fase, de Ubatuba a Cubatão, a intensidade das
chuvas de 1973 acabou comprometendo o cronograma das obras. A crise do
petróleo e a mudança na prioridade da política de transportes do governo federal, fez
com que a segunda etapa sofresse sérias alterações no projeto. Viadutos que foram
construídos acabaram abandonados na mata e hoje podem ser vistos de longe,
unindo o nada a lugar algum (www.estradas.com.br, 2011).
E em 1974 e 1975, sem inauguração oficial. A Rio-Santos (BR 101) atendeu
três objetivos principais: unir os dois mais importantes pólos econômicos do litoral
(www.comciencia.br,2003), em opção lógica e vantajosa, pela Serra do Mar; servir
como meio de fuga para os moradores da região de Angra dos Reis, em caso de
problema grave na Usina Nuclear; exibir os encantos da natureza, ao turismo, na
área litorânea, com mais de duas mil praias e ilhas, além de montanhas e cachoeiras
(www.estradas.com.br,2011).
Orçada em cerca de Cr$ 700 milhões, com 40% dos recursos financiados pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento, a rodovia, além de considerada como
(www.estradas.com.br, 2006) uma das estradas litorâneas brasileiras mais belas,
onde se têm uma paisagem que mistura o visual de praias, montanhas e Mata
Atlântica, tendo sua importância igualada à Transamazônica, onde ambas eram
consideradas prioritárias na época do milagre econômico brasileiro
(www.comciencia.br, 2003), pois abriria caminho ao progresso de uma região de
vasto poder econômico, em território fluminense e da Baixada Santista que sofria
com a precariedade de acesso restrito às ligações entre a Via Dutra e Angra dos
Reis (www.estradas.com.br, 2011)
21
O resultado do abandono das obras é o grande tráfego no interior dessas
cidades e viadutos abandonados no meio da mata na Serra do Mar, como o que
pode ser visto em Boiçucanga, na cidade de São Sebastião. A conclusão apressada
da Rio-Santos aconteceu no final do governo do presidente João Figueiredo,
desviando o traçado original e jogando fora investimentos e as obras de viadutos
(www.comciencia.br, 2003).
A Rio-Santos desenvolveu turismo na região, permitindo aos turistas percorrer
paisagens paradisíacas e conhecer um dos trechos de litoral mais bonitos do mundo.
Partindo do Rio de Janeiro, pode–se conhecer Itacuruçá, Muriqui, Mangaratiba,
Angra dos Reis, Parati, Ubatuba, Caraguatatuba, Ilha Bela, São Sebastião, Bertioga,
Guarujá, passando por inúmeros lugarejos com praias, onde história e natureza
convivem a cada quilômetro. No geral, a rodovia oferece boas condições, embora
passe por dentro de várias cidades e exija paciência do motorista. O trecho
fluminense, com problemas de condições do asfalto, deficiências de sinalização e
erosões está sendo recuperado. O desenvolvimento do turismo já está exigindo
algumas obras que permitam desviar o tráfego da área urbana dos municípios
litorâneos, mas, até lá, vale a pena aproveitar a proximidade do mar e conhecer, sem
pressa, a maior extensão de rodovia do país, com praias que encantam motoristas e
viajantes (www.estradas.com.br,2011).
2.2-HISTÓRIA PRESSÕES E SOLUÇÕES ATUAIS:
Existe uma diferenciação interna quando ao povoamento dos turistas das
áreas da costa verde. A ilha de Itacuruçá, por exemplo, serve como segunda
residência para grupos sociais de renda mais elevada, enquanto Vila Muriqui é
freqüentada por famílias com rendas mais diferenciadas, oriundas, principalmente,
das áreas suburbanas do Rio de Janeiro. A função de segunda residência e as
atividades turísticas em geral tem atraído uma população de baixa renda (Retis,
22
2002), empregada no setor de construção e serviços de comerciários de pequeno
porte como pode ser vista no centro principal do distrito de muriqui a noite, onde na
linha do trem ocorre uma pequena feirinha com variados tipos de vendas e o famoso
trenzinho, que leva turistas para conhecer a cidade. A cidade tem um guia de turismo
bem diversificado para as diferentes idades. Durante o dia, na orla marítima de
Muriqui, turistas podem usufruir do banana-boat ou usufruir de um passeio de
caiaque, a cidade dispõe de vários quiosques que foram remodelados à época do ex-
prefeito Charlinhos; com ideologias de renovação de urbanização para cidade da Vila
Muriqui. Para quem curte aventura, a cidade dispõe de algumas praias, entre as
quais se destacam a praias da batata, local de preferência dos pescadores
amadores, ou se o turista quiser caminhar entre mar e serra, pode percorrer pela
linha ferroviária.
Além das áreas marinhas, as regiões dulcícolas, é o que atraem tantos
moradores quanto os habitantes temporários. As áreas de água doce são compostas
pelo famoso Poção e pelas Cachoeiras. O poção é famoso por ser uma enorme
piscina, com água corrente vinda da própria cachoeira do local e seus concursos de
mergulhos e saltos entre freqüentadores, inclusive no próprio local, são encontrados
mini quedas d’água, para o banho mais particular e os mais variados “botecos” ao
redor. Já as cachoeiras, podem ser divididas entre a I e a II e o Véu da Noiva.
Durante o percurso pela mata atlântica em direção a cachoeira, o turista
fica muito limitado para conhecê-la, pois durante o trajeto percorrido passa-se por
uma comunidade de moradores, que ocuparam as vias expressas do caminho da
cachoeira. Com vista para a primeira cachoeira, podem-se ver paisagens com
cascatas d’água, envolto pela mata local, a segunda cachoeira é conhecida pelo
deslize que os turistas fazem pela rocha com limo, na terceira cachoeira encontra-se
o Véu da Noiva, com uma queda d´água, formando um verdadeiro Véu.
O ecoturismo vem sendo discutido, cada vez mais como uma
possibilidade de utilizar áreas naturais de forma sustentável e de contribuir para a
23
proteção da biodiversidade. Onde se pode presumir, um grande potencial no futuro,
tendo em vista as mudanças que estão ocorrendo nos padrões de lazer e de férias.
O ecoturismo somente pode dar uma contribuição considerável à proteção ambiental
quando oferece um grande potencial de mercado. Isso implica, naturalmente, o risco
de um desenvolvimento populacional descontrolado. No entanto, já se dispõe de
instrumentos experimentados, como o controle da inocuidade ambiental ou diversos
métodos de direcionamento de visitantes, os quais se forem realmente empregados
poderão prevenir efeitos negativos. Uma questão ainda duvidosa é até que ponto o
ecoturismo poderia alcançar efeitos positivos para a proteção ambiental e para as
populações que vivem em regiões naturais. Os efeitos econômicos positivos com o
ecoturismo só são possíveis alcançar, quando ele pode ser explorado de forma
lucrativa pelas empresas de turismo. Isto pressupõe, além de um gerenciamento
profissional e eficiente, sobretudo que elas estejam orientadas segundo os desejos
específicos dos clientes. Os turistas da natureza esperam uma qualidade
especialmente alta do produto que lhes é oferecido. Esta, porém, não tem a ver,
necessariamente, com o conforto convencional e sim com uma paisagem natural
intacta (Franke et al.,2005).
Não existe uma definição aceita para o termo “ecoturismo”. Porém uma
das definições mais freqüentemente usadas por segmentos comprometidos do setor
turístico foi descrita pela sociedade internacional de ecoturismo (TIES) sendo
descrita que o ecoturismo é uma forma responsável de viajar para áreas dos
habitantes locais “(Franke et al.,2005).
Essa definição é focada nos impactos das viagens. Mais especificamente,
reclamando a obtenção dos seguintes efeitos:
• Minimização do impacto ambiental
• Contribuição financeira para o gerenciamento e a conservação
de áreas protegidas
• Geração de benefícios para as comunidades locais
• Compatibilidade social e cultural.
24
Assim, torna-se bastante óbvio que ecoturismo é uma concepção
ambiental de desenvolvimento sustentável, é não mera designação de um
determinado segmento do setor turístico. A definição não diz nada em relação às
motivações ou atividades dos ecoturistas, exceto que eles viajam para áreas
naturais. Assim, por sua vez, o termo “turismo da natureza” ou “turismo voltado para
a natureza é freqüentemente definido como forma de viagem para áreas naturais, na
qual vivenciar a natureza é uma motivação para o turista. Essa definição
simplesmente descreve a demanda (vivenciar a natureza) e o local onde esta forma
de turismo acontece, sem dizer nada a respeito dos seus impactos. É bastante óbvio
que os próprios turistas são agentes cruciais na complexa rede de inter-relações
entre o turismo e o seu meio ambiente, e que, certamente, clientes com consciência
ecológica ajudam a fazer do turismo uma atividade sustentável para a natureza
(Franke et al.,2005).
A questão de se os turistas de natureza têm ou não uma renda maior, e se
gastam mais dinheiro visitando do que os próprios comerciantes. Embora pareça, na
maioria das vezes, que os turistas ecológicos têm uma renda acima da média, isso
nem sempre se traduz em preços mais elevados para os pacotes turísticos voltados
para a natureza. A maioria dos turistas de natureza tem uma experiência turística
ampla e tende a procurar por “novas aventuras” ao planejarem a próxima viagem.
Embora esta característica facilite a inclusão de novos destinos “exóticos” no
mercado, ela também representa um desafio, pois os clientes podem avaliar a
atratividade de um destino em comparação com outros já visitados. Esse padrão de
viagem também resulta em um menor apego a um determinado destino (Franke et
al.,2005).
A procura geral por produtos de turismo da natureza de alta qualidade é
uma característica evidente em todos os mercados de origem deste tipo de turismo.
A qualidade, no turismo ecológico, não está necessariamente ligada ao conforto do
bem estar em uma viagem. Na verdade, os turistas da natureza valorizam
25
conotações de pureza (natureza), autenticidade (cultura, culinária local) e,
geralmente, de exclusividade ou de singularidade. Isso implica atribuir um grande
valor a viagens em pequenas pousadas, construídas com originalidade lembrando o
local. Os turistas da natureza gostam de dispor de uma ampla quantidade de
atividades relacionadas a um ambiente natural. A observação da vida selvagem,
assim como caminhadas em paisagens são as atividades mais populares. Viagens
de barco e excursões exploratórias na mata atlântica, com a sua incrível
biodiversidade, estão também entre as opções favoritas, além de esportes de
natureza bastantes populares como canoagem e mergulho. As motivações e
atividades preferidas ficam claro que o interesse e o conhecimento dos turistas da
natureza acerca de característica específica do ambiente natural, de fatos científicos
ou de questões ambientais podem variar consideravelmente (Franke et al.,2005).
A concepção do ecoturismo surgiu, por um lado, a partir do
desenvolvimento de demanda no turismo, e por outro, como reação ao dramático
decréscimo da biodiversidade e dos ecossistemas naturais intactos nas cidades. A
proteção ambiental encontra-se, hoje em dia, numa situação difícil, com freqüência
até mesmo desesperadora com a derrubada de árvores da floresta tropical que está
na ordem do dia quase que em toda parte. Embora nos últimos anos o governo
tenha, instituído reserva naturais sobre grande parte do seu território, na realidade
muitas delas só existem no papel sem um orçamento ou pessoal suficiente para
garantir uma efetiva proteção. Os organismos de proteção ambiental
compreenderam que a natureza não pode ser protegida de forma duradoura, se ela,
de alguma forma, não tiver um valor e aqui se quer dizer, sobretudo, um valor
econômico para as pessoas (Franke et al.,2005).
26
CAPITULO 3 - FAUNA E FLORA
3.1 - FAUNA EXTINTA
Se os problemas causados pelas intervenções negativas do ser humano
no meio ambiente continuam a aumentar, pelo menos nos últimos anos têm crescido
a atuação cada vez mais consistente de entidades ambientalistas para tentar reverter
o quadro critico da situação dos animais e de seus habitats em todo mundo, é o que
diz César Pazinatto (biólogo e professor de ciências do colégio Santo Américo de
São Paulo)-(Animais Incríveis, 2006).
De fato, conhece-se muito pouco da biodiversidade de situação da mata
atlântica por estar reduzida a algo em torno de 10 % de sua área original e pelo
pouco conhecimento de suas diversas foto fisionomias regional que assume ao longo
da costa brasileira (Fonseca & Moulton, 2000).
Muitos motivos poderiam ser destacados para a preservação da
biodiversidade, mas, de imediato o principal argumento é que ela se concentra,
principalmente, nos trechos, de florestas ecossistemas associados, que possuem
funções ecológicas de extrema importância para o homem. As grandes manchas
florestais devem ser protegidas, pois exercem uma participação significativa na
preservação da biodiversidade regional, devendo ser incorporados nos planos de
manejo para melhorar a preservação de espécies ameaçadas de extinção. O papel
dos pequenos fragmentos é ressaltado, principalmente, em relação à preservação de
espécies migratórias e por contribuírem para a heterogeneidade das formações
vegetais, colaborando assim para a diversidade biológica associada e estas
formações (Fonseca & Moulton, 2000).
Um dos grupos mais indicados para o monitoramento da perda da
biodiversidade é a avifauna, pois existem relatos históricos, que podem ser
comparados com estudos recentes, estimando-se então a perda da biodiversidade,
27
outros grupos zoológicos, como morcegos e alguns grupos de macacos, estão
presumivelmente sofrendo perda, mas dados concisos são escassos ou ausentes
(Fonseca & Moulton, 2000).
Vários setores da sociedade civil, muitas vezes com o apoio dos
governos, estão trabalhando para tentar salvar as espécies em casos críticos. Já
que mais cedo ou mais tarde o desequilíbrio ambiental poderá trazer
conseqüências ao homem. Existem muitas iniciativas de qualidade, com projetos
promissores e resultados significativos. Cabe também destacar que diversas
ações em prol do ambiente não se limitam apenas a proteger o animal ameaçado
em uma reserva ecológica ou em áreas de proteção ambiental. Existindo também
projetos paralelos que oferecem a sociedade alternativa econômicas, onde é
oferecida educação ambiental, orientação às famílias. No Brasil, diversos projetos
têm obtido bons resultados a partir da conscientização e da participação da
comunidade. (Animais incríveis, 2006).
Uma curiosidade sobre a fauna é que o nome do distrito de vila Muriqui
chama-se assim devido ao macaco Muriqui (Brachyteles arachnoides). Que é
encontrado na Mata Atlântica, além de ser o maior primata das Américas.
Infelizmente, embora reconhecido pela UNESCO (organização das nações unidas)
como identificador de qualidade ambiental, que o utiliza como símbolo de Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica, o Muriqui está entre as 35 espécies mais criticamente
ameaçadas da Terra. (http://www.programamuriqui.org.br)
Originalmente o Muriqui ocorria em uma boa parcela da Região Leste do
Brasil (sul da Bahia, parte do Espírito Santo, Rio de Janeiro e parte do Estado de
Minas Gerais), e parte da Região Sul (São Paulo e norte do Paraná) em serras de
altitude variável de 600m a 1800m. Estima-se que a população do Muriqui foi
reduzida de 400.000 indivíduos em 1500 para 3000 em 1971. Segundo informações
mais recentes sobre registros de ocorrência e estimativas populacionais do Muriqui
verificou-se que a população atual encontra-se em torno de 1.158 indivíduos,
28
distribuídos entre apenas 19 localidades no Espírito Santo, Minas Gerais e São
Paulo. Isto representa uma redução populacional de 61% nos últimos 27 anos. Os
Muriquis do norte (Brachyteles hypoxanthus) são encontrados desde o noroeste do
Rio de Janeiro (Parque Nacional de Itatiaia ou Serra da Mantiqueira) até o sul da
Bahia. E os Muriquis do sul são encontrados desde o sul do Rio de Janeiro até o
norte do Paraná. Não existe registro de qual espécie pode existir atualmente na
região central do Rio de Janeiro. (http://www.programamuriqui.org.br)
Os Muriquis vivem em grupos grandes de vários machos e fêmeas,
podendo formar grupos com mais de 50 indivíduos, existindo aparentemente grande
variabilidade quanto à estrutura social e espaçamento intragrupal nas diferentes
populações. Acredita-se que entre os Muriquis exista uma organização social
bastante fluida, onde machos e fêmeas apresentam sobreposição de áreas de uso, o
que torna difícil a caracterização dos grupos e subgrupos. Alguns estudos mostraram
que uma porcentagem pequena do tempo da atividade diurna é gasto com interações
sociais. Apesar disto, o comportamento social, especialmente os abraços, chama a
atenção pela sua intensidade. (http://www.programamuriqui.org.br)
Freqüentemente ocorrem quando são observados encontros entre
Muriquis, ou quando estes encontram animais de outras espécies. Também ocorrem
durante o encontro de tropas ou como uma forma de cumprimento ritualizado entre
indivíduos que aparentemente se reconhecem, porém encontravam-se separados
por algum tempo, reassegurando a mútua solidariedade. Por sua freqüência,
parecem mostrar que acontecem para que os indivíduos reatem suas relações
fraternais. Apesar do pouco tempo dedicado a interações sociais, Muriquis adultos,
ao contrário de outras espécies de primatas que vivem em grupos sociais compostos
por indivíduos de ambos os sexos, muito raramente se engajam em ações
agressivas, sendo considerado um extremo entre os primatas por sua baixa
agressividade. (http://www.programamuriqui.org.br)
29
O Muriqui apresenta grande tolerância entre indivíduos, e freqüentemente
forrageiam, se locomovem e descansam em proximidade, sem que sejam
observados indícios de competição direta. Isto é particularmente interessante entre
os machos adultos do mesmo grupo, que apesar de permanecerem próximos uns
aos outros não se engajam em competições diretas, inclusive por fêmeas aptas à
reprodução. Como na maioria da sociedade dos primatas, os machos dos Muriquis
permanecem a vida toda no seu grupo familiar, enquanto que as fêmeas dispersam
para outros grupos quando ainda jovens (5-7 anos de idade). .
(http://www.programamuriqui.org.br)
Nos últimos anos tem sido registrada uma diminuição progressiva dos
habitats em que vivem os Muriquis o que tem feito com que sua população tenha
diminuído a níveis críticos. As ameaças que afetam a sobrevivência dos Muriquis são
diferentes entre áreas protegidas (Unidades de Conservação) e privadas. As
Unidades de Conservação de florestas grandes são menos vulneráveis à perda de
habitat do que as florestas pequenas de propriedade particular onde ainda restam
alguns Muriquis. Contrariamente, as UCs são mais vulneráveis à caça ilegal. .
(http://www.programamuriqui.org.br)
Alguns esforços têm sido feitos para evitar a extinção da espécie.
Populações foram descobertas em áreas de propriedades privadas, e esforços foram
feitos na tentativa de transformar essas áreas em reservas, implementando estudos
com as populações remanescentes. Esses esforços tiveram um sucesso relativo:
algumas áreas foram adquiridas e transformadas em estação biológica como a
Fazenda Montes Claros a Mata do Sossego em Minas Gerais ambos administrados
pela fundação Biodiversitas. Entretanto, estas áreas ainda não se encontram
totalmente garantidas quanto à preservação, por serem ainda propriedades privadas,
sujeitas ao destino que seus proprietários venham a lhes dar. Torna-se necessário e
urgente que se façam novos levantamentos para localizar e proteger outras
populações. Medidas que viabilizem a manutenção e regeneração dos
remanescentes podem garantir a preservação de várias espécies que toleram um
30
ambiente em processo de sucessão ecológica, incluindo o Muriqui.
(http://www.programamuriqui.org.br)
3.2 - FLORA:
Tamanha variedade de animais está associada, entre outros fatores, às
cerca de 10 mil espécies de plantas da mata atlântica. Essa grande diversidade,
característica das florestas tropicais, também é acentuada na mata, pelos
inumeráveis ambientes geológicos e geomorfológicos que abrigam espécies vegetais
únicas. Contudo a devastação e a substituição das formações vegetais vem sendo
alterada a flora original de forma drasticamente (S.O.S Mata Atlântica , 1992).
A floresta pode ser dividida em extratos. O extrato superior é chamado de
dossel (20-30m), que é composto pelas árvores mais altas, adultas, que recebem
toda a intensidade da luz solar que chega à superfície do planeta. As copas destas
árvores formam uma espécie de mosaico, devido à diversidade de espécies. Aí estão
as canelas, as leguminosas (anjicos e jacarandás), os ipês, o manacá-da-serra, o
guapuruvú, entre muitas outras. As árvores do interior da mata fazem parte do
extrato arbustivo, formado por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida
sombreadas pelas árvores do dossel. Entre elas estão as jabuticabeiras, o palmito
Jussara e as begônias, por exemplo. O extrato herbáceo é formado por plantas de
pequeno porte que vivem próximas ao solo, como é o caso de arbustos, ervas,
gramíneas, musgos, selaginelas e plantas jovens que irão compor os outros extratos
quando atingirem a fase adulta. ( Carvalhal, 2011)
Em regiões de floresta atlântica onde o índice pluviométrico é maior,
tornando o ambiente muito úmido, é favorecida a existência de briófitas (musgos) e
pteridófitas (samambaias, por exemplo). Entretanto, para outras plantas, o excesso
de umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas vezes, apresentam adaptação
para não reterem água, sendo inclinadas, ponteagudas, cerificadas e sulcadas,
31
facilitando o escoamento da água, evitando o acúmulo, que poderia causar
apodrecimento dos tecidos. ( Carvalhal, 2011).
Existem plantas que crescem sobre outras, utilizando troncos e folhas
como substrato de fixação: as epífitas (epi= sobre / fito= planta) e as lianas. As
primeiras são as bromélias, orquídeas, cactáceas, entre outras, que não retiram seus
nutrientes do solo. As lianas, são as trepadeiras, que se fixam no solo mas utilizam
outras plantas para apoiarem-se na tentativa de alcançar o dossel. Muitas destas
plantas tiveram que adaptar-se a períodos de seca, pois contam apenas com as
chuvas e a umidade do ar para obtenção de água, já que não estão ligadas ao solo.
Estas adaptações dizem respeito ao armazenamento de água em suas folhas ou,
como no caso das bromélias, a formação de um reservatório de água no centro da
planta, que também serve de moradia e local para alimentação e reprodução de
muitos animais. As plantas epífitas e lianas não são necessariamente parasitas,
muitas utilizam a planta hospedeira somente para fixação e apoio, não sendo
prejudicial. ( Carvalhal, 2011)
No chão da floresta, misturados à serrapilheira, vivem inúmeras espécies
de fungos, como os cogumelos basidiomicetos (ex. orelha de pau). Outro tipo de
fungo, são as micorrizas, que vivem associadas às raízes das árvores auxiliando na
absorção de nutrientes. Também misturados ao solo, estão as sementes e plântulas
que aguardam uma entrada de luz para iniciarem seu processo de crescimento. (
Carvalhal, 2011)
A luminosidade é pouca no interior da mata, por ser filtrada pelo dossel.
As plantas dos extratos inferiores normalmente possuem folhas maiores, para
aumentar a superfície de captação de luz. A perda de folhas, dirigindo um maior
gasto de energia para o crescimento do caule e este, sendo fino e longo, também
parece ser uma estratégia para a planta alcançar o dossel e conseqüentemente,
mais luz. ( Carvalhal, 2011)
A interação entre animais e plantas na Mata Atlântica se dá através de
um processo de co-evolução. Pode-se observar especializações extremamente
32
singulares, onde apenas uma espécie de inseto tem a capacidade de polinizar uma
determinada espécie de planta. Insetos, aves e mamíferos são os principais
polinizadores e dispersores de sementes, mas também existe a dispersão pelo vento
(eólica) e pela água, como é o caso dos musgos e algumas plantas com sementes
capazes de boiar. ( Carvalhal, 2011).
Cinco séculos de ocupação, contudo reduziram essa mata a menos de um
décimo do seu tamanho original. Primeiro foi o extrativismo, que teve inicio com a
exploração do pau-brasil e depois se expandiu para outras madeiras e palmiteiros.
Depois, a cultura de cana-de-açúcar, mais tarde, a devastação prosseguiu com as
derrubadas para a plantação da banana no Rio de Janeiro. Logo em seguida foram
abertas estradas, desenvolvendo assim a ocupação urbana e turística baseada na
especulação imobiliária. Hoje, essas atividades se somam aos demais fatores que
destruíram a maior parte da mata atlântica, o conjunto de ecossistemas que mais
sofreu com a ação. (S.O.S Mata Atlântica , 1992).
Movimentos conservacionistas começaram no Brasil na década de 1930.
A primeira área protegida, o Parque Nacional de Itatiaia (RJ), foi estabelecido em
1937. (Por, 1992)
No nível governamental, as primeiras leis importantes, foram aprovadas
em 1934, regulando a utilização da água, exploração da floresta, caça e pesca. (Por,
1992)
No âmbito mundial em 1968, a UNESCO sugeriu que fosse estabelecida
uma rede mundial de proteção para áreas especiais do planeta. Em 1971, foi criado
o programa MaB (Man and Biosphere), o Homem e a Biosfera, com o objetivo de
conciliar a proteção do ambiente ao desenvolvimento humano. Nesta mesma
década, 1977, foi criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que justaposto ao
Parque da Serra da Bocaina, formou com ele o maior corredor de proteção do bioma
Mata Atlântica, até então. (Rocha, 1998)
Entre as organizações não governamentais houve um aumento na sua
participação nas últimas décadas, com a atividade de organizações mais antigas
33
como a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza (FBCN), mais novas,
como a Fundação SOS Mata Atlântica e ONGs internacionais como a WWF e a
Conservation International, que atuam na preservação da Mata Atlântica de diversas
formas: colaborando na definição de um método e sua aplicação, possibilitando a
identificação de prioridades para a proteção da Mata Atlântica, apoiando movimentos
contra agressões ao ecossistema e desenvolvendo projetos de educação ambiental.
(Carvalhal, 2011)
Muitos já perceberam que a única forma de enfrentar o enorme desafio da
civilização de nossos dias é construindo uma nova concepção de desenvolvimento,
que não destrua a natureza, que atenda às necessidades do presente sem
comprometer as gerações futuras. ( Carvalhal, 2011)
Com a defesa da mata e a criação de Unidades de Conservação um novo
problema surgiu: as populações tradicionais que vivem nas áreas destinadas à
conservação. Há muitas gerações, utilizam seus recursos, originalmente em
harmonia com o ambiente. Estes povos foram, em muitos casos, vítimas de uma
política ambiental restritiva e sem a devida visão social, que os tratava como intrusos
de suas próprias terras. Atualmente, os programas de gerenciamento das Unidades
de Conservação contemplam a participação da comunidade local, envolvendo-a no
seu gerenciamento e dando abertura para a utilização de seus recursos. ( Carvalhal,
2011)
Algumas práticas podem ser desenvolvidas de tal forma que causem um
mínimo impacto e permitam a utilização da mata, como é o caso do ecoturismo,
respeitando os limites naturais das áreas visitadas, os costumes e tradições locais. O
manejo sustentável dos recursos florestais, como é o caso do palmito Jussara (em
risco de extinção) e da fauna local, projetos de agricultura orgânica, de apicultura, a
utilização de energias alternativas (eólica e solar), a criação das Reservas
Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), a implantação da agenda 21 local, o
ICMS ecológico, que destina recursos de impostos de circulação de mercadorias aos
municípios que abrigam parques e áreas protegidas, são alguns dos exemplos dos
34
mecanismos de conservação existentes atualmente. Mas ainda existem lacunas a
serem preenchidas no campo do desenvolvimento sustentável até que se alcance
uma relação equilibrada e sadia entre as atividades econômicas e sociais e a Mata
Atlântica. ( Carvalhal, 2011)
35
CONCLUSÃO
Conforme foi mostrado neste trabalho monográfico, os impactos
ambientais no ecossistema nesse Distrito, vem identificar a topografia acidentada
ocasionada pela invasão populacional local, na Mata Atlântica, que não se preocupa
com a conservação do meio ambiente, vindo a devastar e desmatar, não
conservando e nem se preocupando com a fauna e flora e o aspecto geográfico do
ambiente local.
Na Mata atlântica está o maior número de Unidades de Conservação do
Brasil (cerca de 700, grande parte não adequadamente implantada) e o maior
número de Reservas Privadas (RPPN). É considerada patrimônio nacional pela
Constituição, tem um dia próprio (27 de maio), uma política nacional aprovada pelo
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente e várias resoluções sobre manejo
de espécies. Ainda assim a Mata Atlântica continua sendo destruída à medida de
aproximadamente um campo de futebol derrubado a cada 4 minutos.
O Distrito de Muriqui difere de outras localidades do Município de
Mangaratiba, no qual é um dos melhores Centros Turísticos da Costa Verde, um
local com pouca extensão, sendo um lugar de fácil acesso e muito procurado em
comparação a outras localidades turísticas.
O presente estudo finaliza, mostrando o problema social local, ou seja,
o aumento populacional, as invasões na Mata Atlântica, o começo da favelização e
suas interferências no ecossistema, trazendo um desconforto na qualidade de vida
da cidade, mostrando o seu papel impactante.
Englobando e mostrando que ainda encontra-se no início desse
crescimento, para uma futura pesquisa governamental local, devem ser trabalhadas
questões concernentes ao perfil local da população e questões de socialização, de
36
maneira que resultem na motivação, qualidade de vida e conservação do meio
ambiente, trazendo assim, bons resultados, e entretenimento ao Distrito dessa
cidade.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Amorim, H. B. Inventário das floretas nativas dos estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santos.Brasília: Instituto de Desenvolvimento Florestal, 1984.204
p.
Balasiano, Helena Maria mesquita. Geografia e Questão Ambiental. Rio
de Janeiro: IBGE,1993.
Bergallo, Helena de Godoy. et al.; A fauna ameaçada de extinção do
estado do Rio de Janeiro.Rio de Janeiro: UERJ,2000.
BRASIL. Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, Dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras
providências. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 09
jan.2007.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, Institui a Política Nacional
de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF,
BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, Dispõe sobre o
parcelamento do solo e dá outras providências. Diário Oficial da Republica
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41
INDICE
Folha de rosto 02
Resumo 03
Metodologia 04
Sumário 05
Introdução 06
Capítulo 1 08
Ocupação irregular nas encostas do distrito de Muriqui 08
1.1 Histórico do município de Mangaratiba 08
1.2 Comprovação do desmatamento e prejuízos ecológicos 13
Capítulo 2 19
O que as ocupações estão acarretando para o turismo local 19
2.1 História, pressões e soluções históricas 19
2.2 História, pressões e soluções atuais. 21
Capítulo 3 26
Fauna e Flora 26
3.1 Fauna extinta. 26
3.2 Flora 30
Conclusão 35
Referências Bibliográficas 37
Índice de figuras 42
Anexos 43
Autora 49
42
INDICE DE FIGURAS
Figura 1: Sede Administrativa do Distrito de Muriqui (foto da autora).
Figura. 2: Ocupação desordenada na cachoeira de Muriqui (foto da
autora).
Figura 3: Rio poluído que deságua no mar, atrás do Bar do ex-vereador
Kabeça (foto da autora).
Figura. 4: Erosão (Voçoroca) na Fazenda Muriqui (foto da autora).
Figura. 5: Vista parcial da fazenda Muriqui (foto da autora).
Figura. 6: Cais de saída de embarcações somente para os moradores da
Fazenda Muriqui (foto da autora).
Figura. 7: Vista da estrada Rio-Santos, entre Muriqui e Itacuruçá (foto da
autora).
Figura. 8: Vista da estrada Rio-Santos entrada do túnel direção ao RJ
(foto da autora).
Figura. 9: Piscina natural do Poção; (águas da cachoeira) (fonte: autora)
Figura. 10: Cachoeira de Muriqui (foto da autora)
Figura. 11: Passeio de Banana Boat na praia de Muriqui.( Foto da autora)
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ANEXOS
Fotos
Figura 1: Sede Administrativa do Distrito de Muriqui (foto da
autora).
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Figura. 2: Ocupação desordenada na cachoeira de Muriqui (foto da autora).
Figura 3: Rio poluído que deságua no mar, atrás do Bar do ex-vereador Kabeça
(foto da autora).
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Figura. 4: Erosão (Voçoroca) na Fazenda Muriqui (foto da autora).
Figura. 5: Vista parcial da fazenda Muriqui (foto da autora).
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Figura. 6: Cais de saída de embarcações somente para os moradores
da Fazenda Muriqui (foto da autora)
Figura. 7: Vista da estrada Rio-Santos, entre Muriqui e Itacuruçá (foto
da autora).
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Figura. 8: Vista da estrada Rio-Santos entrada do túnel direção ao RJ
(foto da autora).
Figura. 9: Piscina natural do Poção; (águas da cachoeira) (fonte: autora)
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Figura. 10: Cachoeira de Muriqui (foto da autora)
Figura. 11: Passeio de Banana Boat na praia de Muriqui.( Foto da autora)
49
AUTORA
ALINE SILVA DEJOSI NERY
• Graduada em Ciências Biológicas – Biologia
Ambiental do Centro Universitário da Cidade
• Pós graduanda em Gestão Ambiental do Instituto
A Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes
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