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A PESQUISA EO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Ao fi nal da aula o aluno deverá estar apto para:
• diferenciar os diversos tipos de conheci-mento;
• identifi car o que caracteriza uma pesquisa como científi ca;
• compreender a subdivisão das ciências.
1. Apresentar os diversos tipos de conheci-mento, caracterizando especialmente o co-nhecimento científi co.
2. Expor a subdivisão dos campos científi cos.3. Explicitar os tipos de pesquisa e as caracte-
rísticas de uma pesquisa científi ca. MetaObjetiv
os1 au
la
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AULA 1A PESQUISA E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
1 INTRODUÇÃO
Existem diferentes ma-
neiras de conhecer um fato,
consequentemente, há diversas
formas de descrever ou explicar
um fenômeno.
Se alguém, ao acabar de
tomar um banho, for inquirido
sobre a temperatura da água, ele
poderá certamente responder
se a água está fria ou quente.
A que tipo de conhecimento ele
recorreu para dar essa resposta?
A simples experiência. O contato
táctil com a água permite que se
possa afi rmar, com nível máximo de certeza, se a água está fria
ou quente.
Por outro lado, outra pessoa que tenha conhecimento
básico de Física pode também ter acesso a esse fato, recorrendo
a outro tipo de conhecimento. Se ela for informada de que a
água está sob a temperatura de 8°C, poderá afi rmar, com a
mesma certeza do sujeito anterior, que a água está fria. Ela não
necessitou da experiência do contato com água para afi rmar
isso. Recorreu a um conhecimento científi co.
Tanto o conhecimento geral, fornecido pela experiência,
denominado mais frequentemente “conhecimento do senso
comum”, como o “conhecimento científi co” são formas
verdadeiras de conhecimento. Há quem só considere verdadeiro
o conhecimento fornecido pela ciência - desprezando tudo
FIGURA 1 - Fonte: http://img239.imageshack.us/img239/5967/lupa27sa.jpg
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20 Módulo 2 I Volume 1 EAD
Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
que seja originado da experiência sensível - por defender ser,
o último tipo de conhecimento, fruto da análise metódica e
objetiva de um fato. Quem pensa assim difi cilmente saberia
explicar por que um simples agricultor, sem conhecimento
científi co, é capaz de prever o tempo de colheita de um produto
por ele plantado. Na verdade, o que diferencia o conhecimento
do senso comum do conhecimento científi co não é o maior
ou menor nível de veracidade de um deles, mas a maneira
como cada um desses conhecimentos é desenvolvido e seu
maior ou menor nível de verifi cabilidade, aplicabilidade e
generalidade.
2 OS TIPOS DE CONHECIMENTO
Além dos dois tipos de conhecimento descritos
anteriormente, outras classifi cações mais amplas podem ser
apreciadas, como a de Marconi e Lakatos (2009), que põe
em evidência os seguintes tipos: a) conhecimento popular,
semelhante ao que foi descrito antes a respeito da experiência
táctil com a água; b) conhecimento científi co, correspondente ao
conhecimento da temperatura da água através da informação,
já exemplifi cado; c) conhecimento fi losófi co, concebido como
um conhecimento que, apesar de partir da experiência e ser
valorativo - tal qual o conhecimento popular - é sistemático e
se utiliza dos enunciados da lógica para chegar à “verdade” e;
d) conhecimento religioso, que nem se apoia na experiência
sensível, nem no estudo sistemático, e, sim, é o conhecimento
revelado pela fé no sobrenatural.
Muitas outras subdivisões são fornecidas por diferenciados
autores, todavia é em Zilles (1995) que podemos observar
uma concepção gradual dos tipos de
conhecimento. Ele propõe, portanto, a
seguinte divisão: a) conhecimento ordinário;
b) conhecimento mítico; c) conhecimento
fi losófi co; d) conhecimento da fé e; e)
conhecimento científi co.
O conhecimento ordinário, ou comum,
é descrito como aquele adquirido a partir
da experiência social, condicionado aos
valores e crenças (e proibições) da vida em
sociedade. Não é um saber necessariamente
Verifi cabilidade: aquilo que pode ser validado, ne-cessitando, algumas vezes, que seja também verifi ca-do, identifi cado como real.
Aplicabilidade: a aplicabi-lidade de uma pesquisa diz respeito à possibilidade de que seus resultados sejam
aplicados a outro ramo do saber ou a outro fi m
que não necessariamente o planejado para aquela
pesquisa.
Generalidade: utilização de uma experiência parti-cular para representar um fenômeno geral, universal.
PARA
CO
NH
ECER
Monsenhor Urbano Zilles: possui bacharelado em Filosofi a pela Faculdade de Filosofi a Nossa Senhora Imaculada Conceição (1962) e licenciatura em Filosofi a pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1971). É doutor em Teologia pela Universitat Munster (Westfalische-Wilhelms) (1969). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, atuando como docente em diversas disciplinas, entre elas Teoria do Conhecimento, tema sobre o qual publicou o livro amplamente citado em nossa aula.
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Figura 3 - Atena a deusa da sabedoria Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/
Atenea_en_Bilbao.jpg
FIGURA 2 - Homem do CampoFonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File: Nahua_man_of_Morelos.jpg
desvinculado do científi co. Dependendo do sujeito e das
condições sociais, o saber ordinário pode estar infl uenciado
pela fi losofi a, pela ciência ou pela religião (ZILLES, 1995).
Enquanto o conhecimento ordinário é visto como
não científi co e destituído de comprovação, o conhecimento
mítico estaria num nível diferente: não é considerado como
fundamentado na lógica ou na razão, pois é destituído de
possibilidade de comprovação; por outro lado, não se pode
considerá-lo falso.
Para Zilles (1995), a ciência acostumou-se a ver o
conhecimento mítico como algo irreal, simplesmente por não
ter instrumento capaz de controlá-lo e apreendê-lo:
É preciso reconhecer que a unidade do mito é conseqüência muito mais de uma unidade de sentimento do que de regras lógicas. Tal unidade é um dos impulsos mais fortes e originais do pensamento primitivo. De certa forma, podemos dizer que mito é uma intuição da realidade, exprimindo dimensões profundas e perenes ao nível da estruturação da psique humana. O consciente lógico é apenas uma expressão da mesma (ZILLES, 1995, p. 155, grifo nosso).
Em suma, o conhecimento
mítico estaria mais condicionado pelas
representações do inconsciente, do
não revelado, mas nem por isso menos
verdadeiro do que o conhecimento científi co
ou outro tipo de conhecimento.
Enquanto o conhecimento ordinário
Mítico: o mito é uma tentativa de explicação
dos fenômenos naturais, do Mundo e do Homem, recorrendo-se ao fantás-tico, ao imaginário. Um
exemplo de mito brasileiro são as conhecidas lendas folclóricas, como o Lobiso-
mem, a Mula sem cabeça, o Curupira entre outras.
Psique: é frequentemente utilizada como sinônimo
de alma, como princípio da vida.
FIGURA 4 Fonte: UAB/UESC
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22 Módulo 2 I Volume 1 EAD
Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
apela para a simples experiência e o conhecimento mítico
é originado nas razões desconhecidas do inconsciente, o
conhecimento fi losófi co propõe-se a estudar um fenômeno por
ele mesmo, sem apelar para a experimentação científi ca, mas
fundado num pensamento racional sobre o ser e sobre sua
existência mesma.
Quanto ao conhecimento da fé, este não está assentado
na simples experiência imediata, nem na razão fi losófi ca, nem
na comprovação empírica. O que leva um sujeito a crer num
Deus ou em deuses são razões subjetivas. A capacidade de
acreditar no que não se conhece pela experiência direta inicia-
se quando nascemos, a partir de razões tão diversifi cadas
que não podem ser apreendidas pela razão
mesma.
Há quem defenda que a fé é uma
incapacidade de lidar com aquilo que não
controlamos: se não temos solução possível
para um fato, apelamos para Deus. Há quem
veja na fé algo inato. Seja qual for sua
natureza, como afi rma Zilles (p. 156): “A fé
está sempre presente na experiência humana
[...]. O homem exerce-a mais como confi ança,
como esperança e auto-asseguramento da
sua existência”.
Por fi m, o conhecimento científi co, pela
sua natureza diversifi cada, não tem uma
defi nição unívoca; mas poderíamos tentar
defi ni-lo, de uma maneira aproximada, como
um conhecimento que vai além da simples opinião (própria do
conhecimento ordinário), busca analisar um objeto passível de
observação (diferenciando-se, assim, do conhecimento mítico
(incognoscível) e da fé (subjetivo)), dirigindo-se à explicação
de fenômenos verifi cáveis (o que o diferencia do conhecimento
fi losófi co), de algo que pode ser provado, ou por experimentos,
ou em função de teorias fundamentadas na lógica formal.
Os campos do estudo científi co, da maneira que
se caracterizam hoje, são tão diversifi cados que se torna
complicado defi nir com propriedade o conhecimento científi co
em geral (daí por que denominamos nossa defi nição acima como
“aproximada”). Na verdade, há tantas defi nições para a ciência
quanto são os ramos do saber considerados, na atualidade,
como “científi cos”. Esses ramos serão tratados adiante.
FIGURA 5 - TerçoFonte: www.santuariosantaterezinha.org.br/.../terco.jpg
Incognoscível: aquilo que não se pode conhecer
de maneira consciente.
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3 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E SUAS SUBDIVISÕES
Quando se trata de subdividir os campos do
estudo científi co, deparamo-nos com um fato próprio da
contemporaneidade que difi culta esta subdivisão: trata-se
da tendência, cada vez mais frequente entre os pesquisadores,
a que se estude determinado fenômeno à luz de diferentes
ramos do saber. Assim, ao analisar como uma criança aprende
a escrita em língua materna, o estudioso da linguagem escrita
tende não apenas a utilizar o referencial da Linguística para
explicar o fato, mas procura compreender as características
psicológicas do sujeito da pesquisa (apelando para a Psicologia
do Desenvolvimento), os aspectos socioculturais envolvidos
na aprendizagem da escrita (lançando mão da Sociologia e da
Antropologia), as características próprias do ambiente escolar
ao qual a criança está exposta (o que o remete à Pedagogia
Escolar) entre outros aspectos. Dessa maneira, o objeto de
estudo tem sido visto, cada dia mais, na sua globalidade;
diferentemente da perspectiva amplamente adotada entre os
séculos XIX e XX, que enfatizava a especifi cidade científi ca, a
disciplinaridade.
Está claro que a interdisciplinaridade será tão ampla
quanto mais uma pesquisa se aproxime do campo das chamadas
“ciências humanas”, entretanto, já nas ciências denominadas
“formais” também se observa uma tendência nessa direção. Se
a intenção do conhecimento fi losófi co é a apreensão do Ser na
sua totalidade, poderíamos então acreditar que a ciência está
caminhando cada dia mais em direção à Filosofi a?
Embora a interdisciplinaridade esteja em evidência no
interior das pesquisas científi cas, a subdivisão dos ramos da
ciência ainda se faz necessária, ao menos didaticamente.
Existem diferentes classifi cações para os ramos científi cos.
Iremos nos ater, entretanto, às classifi cações mais genéricas e
cuja amplitude seja mais explicativa e menos polêmica, em
virtude do objetivo específi co desta aula.
Marconi e Lakatos (2009) dividem as ciências em dois
grandes blocos. De um lado, há as ciências formais, cujo objeto
de estudo são entes ideais, abstratos, existentes apenas no
âmbito conceitual. Assim, a Matemática seria uma dessas
ciências, visto que seus objetos de estudo - o conceito de
Contemporaneidade:
atualidade, acontecimentos
referentes à época atual,
com novas tendências e
modos de ver os seres e o
mundo.
Disciplinaridade: termo
criado para fazer referência
ao estudo centrado numa
única ciência, separado das
demais ciências ou áreas
de conhecimento.
Interdisciplinaridade:
termo utilizado para fazer
referência à pesquisa que
se utiliza de elementos de
mais de uma ciência para
analisar e explicar determi-
nado fenômeno.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
número, por exemplo, - “não existem fora de nossos cérebros:
podemos ver, encontrar, manusear, tocar três livros, três
árvores [...] mas ninguém pode ver um simples três, em sua
forma, composição, essência” (p. 29). De outro lado, existem
as ciências factuais, assim denominadas por referirem-se aos
fatos, visando compreender suas causas, criando hipóteses
explicativas para esses fatos e buscando formas para contestar
ou confi rmar essas hipóteses. As ciências factuais são divididas
em dois grupos: a) as ciências naturais, que estudam fatos
naturais, envolvendo ou não a presença do ser humano -
no interior das quais se encontrariam a Física, a Química, a
Biologia entre outras e; b) as ciências sociais, cujos objetos de
estudo são fatos relacionados à vida em sociedade, à cultura,
envolvendo sempre a presença do homem, visto ser este um
ser social por natureza - no interior deste grupo estariam a
Economia, o Direito, a Psicologia, a Sociologia, a Linguística,
entre outras.
Costuma-se também dividir as ciências em ciências
exatas, correspondendo ao conceito de ciências formais, e
ciências humanas, as quais envolvem sempre a presença do
ser humano como objeto de estudo.
Os resultados fornecidos tanto pelas ciências formais como
pelas ciências factuais podem ser aplicados a alguma área de
conhecimento para atender a uma determinada demanda, por
exemplo, as descobertas da ciência da linguagem (a Linguística)
a respeito da estrutura de uma língua podem ser utilizadas
para aprimorar a linguagem do computador, no interior de uma
área aplicada, denominada Linguística Computacional.
Linguística Computacional: consiste num campo científi co amplo, en-volvendo diversas disciplinas inter-relacionadas, no tocante às áreas da computação e linguagem, como Informática, Inteligência Artifi cial, Pro-cessamento da Informação, Linguística, entre outras. O objetivo central do linguista computacional é a correlação entre linguagem humana e lin-guagem artifi cial (computação), através da modelagem de línguas na-turais, simulações computacionais das línguas naturais, mapeamentos linguísticos entre outras técnicas.
A seguir, expomos um organograma para uma melhor
sistematização da subdivisão aqui apresentada:
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Figura 7: Subdivisão das ciências
Fonte: Adaptado de Marconi; Lakatos (2009, p. 28).
CIÊNCIAS
FORMAIS FACTUAIS
Antropologia
Direito
Sociologia
Linguística
Química
Física
Biologia
Matemática Lógica NATURAIS SOCIAIS
AATIVIDADESTIVIDADES
Antes de darmos continuidade ao nosso estudo, façamos uma revisão. Responda as questões que seguem. Caso você sinta difi culdade com alguma delas, sugerimos que, além de reler o texto, amplie seu conhecimento, fazendo outras leituras com base nas sugestões de leitura (divididas por tema), disponíveis ao fi nal deste texto.
1. Quais os tipos de conhecimento que existem? Qual a diferença fundamental entre eles?2. Em quais aspectos o conhecimento religioso e o conhecimento mítico se assemelham? Em quais aspectos eles se diferenciam?3. Em quais aspectos o conhecimento fi losófi co e o conhecimento científi co se assemelham? Em quais aspectos se diferenciam?4. Podemos dizer que o único conhecimento verdadeiro é o científi co? Por quê?5. A Medicina pode ser considerada uma ciência formal ou factual? Por quê?
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
4 A PESQUISA CIENTÍFICA: CARACTERIZAÇÃO
Com o advento das novas tecnologias,
tem sido muito comum a utilização da palavra
pesquisa para referir-se à simples busca de
informações - quase sempre na Internet -
sobre um determinado assunto. Assim, é
comum ouvir alguém dizer: “fi z uma pesquisa
no Google para saber o signifi cado da palavra
X”. Foi também muito comum, antes mesmo da
era da Internet, que o estudante fi zesse uma
busca (algumas vezes, razoavelmente longa)
a respeito de um determinado assunto, em
livros especializados, na biblioteca pública ou
escolar. Essa busca consistia na compilação de
informações, através de cópias literais do texto;
tal compilação, muitas vezes, resultava na cópia
de uma série de “pedaços” dos textos originais, sem uma inter-
relação entre as partes copiadas. Muitos estudantes também
denominavam essa atividade como pesquisa.
Convém deixar muito claro que não são esses os sentidos
da palavra pesquisa a que iremos nos ater aqui, pelas seguintes
razões: não assumimos o primeiro sentido da palavra pesquisa
porque esse sentido restrito, como simples busca de informação,
nada tem a ver com o conceito científi co de pesquisa por
que nos interessamos; o segundo sentido também não será
utilizado, porque jamais se poderia considerar pesquisa (sequer
restritamente) uma compilação desconexa de informações.A pesquisa científi ca, realizada no Brasil, quase sempre
no interior das instituições de ensino superior, é defi nida como uma investigação mais ou menos aprofundada - havendo aí ní-veis de profundidade, que vão desde uma resenha crítica (mui-to realizada por alunos universitários), passando por trabalhos de conclusão de curso, como monografi a, até as dissertações de mestrado e teses de doutorado - sobre um determinado tó-pico ou assunto, dentro de uma determinada área do conheci-mento. Rummel (1977, p. 2) defi ne pesquisa como “um inqué-rito ou exame cuidadoso para descobrir novas informações ou relações e para ampliar e verifi car o conhecimento existente”.
FIGURA 8Fonte: UAB/UESC
Google: site de busca
disponível na rede de
computadores, com intuito
de fornecer informações
de livre acesso a todos
os usuários a respeito de
assuntos diversifi cados.
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5 OS TIPOS DE PESQUISA
Estabelecer uma subdivisão dos tipos de pesquisa não é tarefa fácil, pois muitos podem ser os critérios de divisão. Alguns autores o fazem com base no objetivo da pesquisa, ou-tros com base no método utilizado, outros, ainda, baseados na maneira como se dá o acesso ao objeto de estudo. Tentare-mos aqui uma classifi cação - mais uma vez aproximada - com base na maneira como se tem acesso ao objeto de estudo, mas procuraremos enfocar especialmente os tipos de pesqui-sa mais comuns no interior das chamadas ciências humanas, podendo acontecer, portanto, que alguns tipos deixem de ser contemplados. Assim, dividimos as pesquisas em quatro tipos principais (no interior dos quais podem ocorrer diferentes abor-dagens e técnicas para coletas de informação): a) bibliográfi ca; b) experimental; c) de campo; d) estudo de caso.
A pesquisa bibliográfi ca consiste num tipo de estudo em que a busca de informações a respeito do objeto investigado se dá principalmente, ou exclusivamente, com base em refe-rencial teórico, em leituras de trabalhos aprofundados sobre o tema abordado. Para o estudo bibliográfi co, deve-se utilizar uma série ordenada de técnicas de estudo, catalogação e le-vantamento de informação. Em geral, no interior de qualquer trabalho científi co, é feita uma pesquisa bibliográfi ca sobre o tema, como uma das etapas da pesquisa, em geral denomi-nada “fase de revisão bibliográfi ca”; nesse caso, a pesquisa bibliográfi ca seria algo complementar à pesquisa propriamente dita.
Quanto à pesquisa experimental, como o próprio nome sugere, trata-se da manipulação de um determinado fenômeno, pondo-o à prova, para confi rmar ou refutar uma hipótese a res-peito desse fenômeno. Esse tipo de pesquisa pode ser realizado no campo - ocorrendo geralmente como um procedimento no interior de uma pesquisa de campo - ou num laboratório - mais utilizado nas pesquisas em ciências naturais. Para a realização de uma pesquisa experimental, o pesquisador deve dominar, também, uma série de técnicas específi cas; por exemplo, no laboratório, deve-se aprender como “fazer a leitura” de uma célula através do microscópio; no campo, devem-se dominar as técnicas na manipulação de determinado instrumento para coleta dos dados, como por exemplo, a aplicação de um teste de leitura com um determinado sujeito de pesquisa.
A pesquisa de campo consiste na observação de fatos e
Catalogação: descrição
sistemática de um material
bibliográfi co com a fi nali-
dade de orientação para
uma fácil identifi cação e
recuperação futura.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
fenômenos em situação natural, ou seja, o pesquisador dirige-
se ao “campo” em que tal fenômeno ocorre e procede a uma
observação sistemática de como um sujeito, um grupo, uma
comunidade, entre outros, se comporta. Após coletar esses
dados, o pesquisador partirá para a análise dos achados da
pesquisa, com base numa fundamentação teórica e, buscando
confi mar ou refutar uma hipótese a respeito daquele fenôme-
no, pode ainda apresentar explicações que visam a ampliar o
conhecimento geral sobre aquele objeto de estudo.
O tipo de pesquisa denominado estudo de caso tem como
objetivo, geralmente, a explicação do “porquê” e do “como”
ocorre determinado fenômeno. Para isso recorre-se à análise
de uma unidade bem defi nida - podendo ser uma pessoa, um
grupo, uma entidade - buscando analisar esta unidade, em sua
particularidade, de forma aprofundada, mas tendo em vista a
possibilidade de generalizar esses achados particulares para
um universo mais amplo; tudo isso objetivando ampliar o co-
nhecimento geral sobre determinado fenômeno. Uma das ci-
ências que costuma usar amplamente o estudo de caso é a
Medicina. Por exemplo, ao estudar profundamente os efeitos
de um determinado medicamento sobre um indivíduo específi -
co, procuram-se ampliar esses achados para toda uma popula-
ção que faz uso desse mesmo medicamento, visando a objeti-
vos variados: defi nição de medidas preventivas, alteração das
substâncias do medicamento, entre outros. Quando é utlizada
mais de uma unidade, evidenciando as características seme-
lhantes ou diferentes entre elas, denomina-se este estudo de
estudo comparado.
Enquadrar uma determinada pesquisa num desses tipos
exige muito cuidado, pois o que defi ne uma pesquisa como
bibliográfi ca, de campo, experimental ou estudo de caso não
seria a ocorrência contingencial de um desses procedimentos.
Em geral, uma pesquisa científi ca pode conter todos esses ele-
mentos juntos (a pesquisa bibliográfi ca, por exemplo, consti-
tui-se como elemento necessário a toda pesquisa científi ca), ou
alguns deles; com efeito, o que caracteriza uma pesquisa como
sendo de um desses tipos é a predominância de um ou mais
desses procedimentos acima descritos.
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AATIVIDADESTIVIDADES
Você deverá fazer a leitura de dois artigos científi cos - disponíveis nos sites abaixo. Esses artigos apresentam o resultado de pesquisas realizadas em universidades brasileiras. Você deverá, após ler os textos, responder o seguinte roteiro de estudo que visa analisar, a partir dos resultados apresentados no ar-tigo, qual o tipo e as características de cada uma dessas pesquisas.
Roteiro de Estudo
1. Exponha, em até 200 palavras, sobre o que trata o texto 1.2. Exponha, em até 200 palavras, sobre o que trata o texto 2.3. Quais os procedimentos utilizados pelo pesquisador do texto 1 para in-
vestigar o que ele pretende? Expresse isso em até 200 palavras.4. Quais procedimentos o pesquisador do texto 2 utilizou para investigar o
que ele pretende? Expresse isso em até 200 palavras.5. Em qual campo da ciência (Matemática, Sociologia, Educação, entre ou-
tros) você poderia enquadrar o texto 1 e o texto 2?6. Qual o tipo de pesquisa do texto 1 e qual o tipo de pesquisa do texto 2
(bibliográfi ca, experimental, de campo, estudo de caso)?
Texto 1: “Fisiologia da música: uma abordagem comparativa”. Disponível em: http://www.ib.usp.br/revista/texto.php?arq=413bf64d98ae71f5bd70d0f3f67f99d8b6ef0eca
Texto 2: “Incontinência urinária entre estudantes de educação física”: Dis-ponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080- 62342009000200008
Fisiologia: conjunto de processos e atividades que ocorrem nos organismos vivos, entre eles o organismo humano, denominada “fi siologia humana”.
Incontinência urinária: incapacidade de reter a urina.
LEITURA RECOMENDADA
Como já foi exposto aqui, os conceitos, classifi cações e subdivisões apresentados neste traba-lho não resultam em posições unânimes. Assim, visando a uma ampliação dos conhecimentos discutidos nesta aula, apresentamos algumas sugestões de leitura que coadunam com a nos-sa abordagem ou diferenciam-se dela quanto ao assunto tratado nesta aula:
1. Titulo do texto: “Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação”. Disponível no site: http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%203a%20edicao.pdf
2. Título do texto: “Pesquisa e métodos científi cos”. Disponível no site: www.geocities.com/claudiaad/pesquisacientifi ca.pdf
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras A pesquisa e o conhecimento científi co
6 CONCLUSÃO
Uma vez que a intenção central do estudo científi co, em qualquer campo de pesquisa, é a produção de conhecimentos, nesta nossa primeira aula defi nimos os tipos possíveis de co-nhecimento e enfatizamos as características do conhecimento científi co. Em decorrência dessa compreensão, fi zemos uma breve discussão a respeito do que caracteriza uma pesquisa científi ca, objeto de estudo da nossa disciplina, e como ela pode ser classifi cada quanto ao campo de pesquisa. No interior desses campos, situamos a ciência da linguagem como uma ci-ência fundamentalmente social e humana. Apresentamos, por fi m, uma classifi cação simplifi cada dos tipos de pesquisa mais comuns realizadas tanto pelas ciências formais como pelas fac-tuais. Nas aulas seguintes, iremos nos ater às características das ciências humanas e especialmente à ciência da linguagem, apresentando os tipos e os métodos de pesquisa mais frequen-
tes na contemporaneidade.
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MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científi ca. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 311 p.
RUMMEL, J. F. Introdução aos procedimentos de pesquisa em educação. Porto Alegre: Globo, 1977. 353 p.
ZILLES, U. Teoria do Conhecimento. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995. 168 p.
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Suas anotações
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