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Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e I S S N : 2 1 7 8 - 1 4 8 6 • V o l u m e 5 • N ú m e r o 1 4 • n o v e m b r o 2 0 1 4
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A VARIAÇÃO SINTÁTICA NA CONSTRUÇÃO DAS FALAS NO
MUNICÍPIO DE JANAÚBA EM RELAÇÃO À CONCORDÂNCIA
VERBAL: UMA ABORDAGEM SOCIOLINGUÍSTICA
Kamila Karoline Silva Carvalho (UNIMONTES)1
milinhakaroline@hotmail.com
Patrícia Goulart Tondineli (UNIMONTES)2
patrícia.tondineli@gmail.com
RESUMO: O presente estudo está vinculado ao projeto de pesquisa A produção e a percepção das
vogais médias no Norte de Minas: nível intradialetal, interdialetal e individual. Partindo das hipóteses de
que as falas variam no nível sintático conforme a classe social, o sexo e a idade e de que os indivíduos
variam suas falas no nível sintático, principalmente no que concerne à concordância verbal, o presente
trabalho teve como objetivo investigar a variação em relação à concordância verbal no município de
Janaúba, Minas Gerais. Para que tal objetivo fosse alcançado, foram realizadas entrevistas com falantes
nativos e residentes na cidade investigada. Os indivíduos foram escolhidos previamente para preencherem
categorias específicas, como escolaridade, idade, classe social e sexo. A partir da metodologia
variacionista proposta por Labov (1972), verificamos, por meio das entrevistas, a importância das
variáveis extralinguísticas sexo, escolaridade e idade no fenômeno variável da concordância verbal na
oralidade do município de Janaúba. Além disso, analisamos os diversos contextos linguísticos que
favorecem e que desfavorecem o fenômeno da concordância verbal, tendo como base autores como Perini
(1996), Quevedo (2006) e Oliveira (2010), entre outros. Em nossos resultados, encontramos que os
fatores favorecedores da concordância verbal foram: o sujeito elíptico; as pessoas do singular; os verbos
com apenas uma sílaba; o sexo masculino e os sujeitos com menor idade.
PALAVRAS-CHAVE: Concordância verbal; Variação linguística; Sociolinguística.
ABSTRACT: The present study is part of a research project named The production and the perception of
mid vowels in the North of Minas Gerais: intradialetal, interdialetal and individual level. Starting from
the hypothesis that the utterances vary in syntactic level according to social class, gender and age and that
individuals vary their speeches at syntactic level, mainly in what concerns to the verbal concordance, the
purpose of this work was to investigate the variation in relation to verbal concordance in the municipality
of Janaúba, Minas Gerais State. In order to have the objective achieved, interviews were carried out with
native speakers and residents in the city investigated. The individuals were previously chosen to fulfill
specific categories, such as education, age, social class and gender. From the variation methodology
proposed by Labov (1972), it was possible to verify through interviews, the importance of extralinguistic
variables such as gender, schooling and age in the variable phenomenon of verbal concordance in orality
in the municipality of Janaúba. Besides, we also analysed the various linguistic contexts that advantage or
disadvantage the phenomenon of verbal concordance, taking as basis authors such as Perini (1996),
Quevedo (2006) and Oliveira (2010), among others. The results showed that the factors which facilitate
verbal concordance are: the elliptical subject; the singular persons; the one syllable-verb; the male sex and
the youngers.
1 Graduada em Letras Português pela Universidade Estadual de Montes Claros.
e-mail:milinhakaroline@hotmail.com 2 Professora da Universidade Estadual de Montes Claros. Doutoranda em Linguística pela Pontifícia
Universidade Católica. e-mail: patricia.tondineli@gmail.com
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KEYWORDS: Verbal Concordance; Linguistic Variation; Sociolinguistics.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho investiga o uso da concordância entre o sujeito e o verbo nas falas
dos indivíduos de Janaúba, Minas Gerais. O banco de dados pesquisado faz parte do
projeto A produção e a percepção das vogais médias no Norte de Minas: nível
intradialetal, interdialetal e individual3.
Para realizarmos o nosso trabalho, embasamo-nos na Sociolínguistica, uma das
áreas da Linguística que estuda a variação em uso, que volta a sua atenção para os
aspectos linguísticos e sociais. O objetivo da Sociolinguística é a língua falada, levando
em consideração o seu caráter individual e social, pois cada indivíduo possui o seu
modo particular e pessoal ao usá-la.
Neste trabalho, o nosso foco é trabalhar a língua falada em uso por diversos
falantes. Escolhemos tal fator por ser perceptível no nosso convívio que há indivíduos
que possuem dificuldades para concordar o sujeito com o verbo. Em todos os trabalhos
estudados, pudemos perceber as formas como a concordância e a não concordância
verbal ocorrem.
Sabemos que a língua pode tomar diversas formas, dependendo do falante e do
contexto no qual se encontra. A língua falada é um instrumento de uso que está em
constante variação; nenhuma língua representa uma realidade estática, pronta e acabada,
pois está sempre em processo de mudança. Com o passar do tempo, as línguas sofrem
mudanças; alguns dialetos desaparecem, enquanto outros ganham espaço nas falas dos
indivíduos, fato que nos leva a concluir que são as línguas heterogêneas.
Sendo assim, objetivamos, com esta pesquisa, investigar as ocorrências de
presença e de ausência de concordância verbal. Para isso, fizemos uso de algumas
3 Tondineli (2010).
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variáveis linguísticas e extralinguísticas que foram utilizadas em outros trabalhos sobre
o mesmo tema, as quais foram selecionadas ou não, posteriormente, pelo VARBRUL.
Tomaremos por base alguns gramáticos que discorrem sobre a concordância
verbal, como Bechara (2001; 2004), Cunha e Cintra (2007), Cegalla (2008) e Perini
(1996). Embasamos-nos também em trabalhos de pesquisadores que já trataram sobre o
assunto: Oliveira (2010), Faria (2008) e Quevedo (2006).
Após transcrevermos as entrevistas, selecionamos as ocorrências de todos os
verbos encontrados. Essas foram codificadas e analisadas pelo programa
GOLDVARB/VARBRUL, software de análise computacional estatística. A partir dos
resultados, passamos para a interpretação dos dados, pela qual pudemos confirmar ou
não as nossas hipóteses.
Este trabalho confirma ou não confirma a viabilidade das nossas hipóteses: no
município de Janaúba, as falas variam no nível sintático conforme a classe social, o sexo
e a idade; e os indivíduos variam suas falas no nível sintático, principalmente no que
concerne à concordância verbal.
2 CONCORDÂNCIA VERBAL
Na Língua Portuguesa, entendemos por concordância a adaptação feita entre os
sintagmas ou parte deles. Temos dois tipos de concordância: a concordância nominal e a
concordância verbal. A primeira pode ser realizada dentro ou fora do sintagma nominal,
e se faz através do emprego entre o gênero e o número: “Diz-se concordância nominal a
que se verifica em gênero e número entre o adjetivo e o pronome (adjetivo), o artigo, o
numeral ou o particípio (palavras determinantes) e o substantivo ou pronome (palavras
determinados).” (BECHARA, 2001, p. 543).
A concordância verbal, nosso objeto de estudo, é realizada entre o sujeito e o
verbo da oração, em número e pessoa. Para haver concordância verbal, o verbo deverá
concordar com o sujeito, sendo que concordar significa que o termo subordinado (o
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verbo) ajusta suas flexões de número e de pessoa ao número e à pessoa do termo
subordinante (o sujeito). Para Bechara (2004): “Em português a concordância consiste
em se adaptar a palavra determinante ao gênero, número e pessoa da palavra
determinada.” (BECHARA, 2004, p. 253).
Entre os autores da GT4, encontramos várias definições, como a de Cunha e
Cintra (2007): “a solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo,
exterioriza-se na CONCORDÂNCIA, isto é, na variabilidade do verbo para conformar-
se ao número e à pessoa do sujeito.” (CUNHA; CINTRA, 2007, p. 510).
Segundo a GT, a concordância entre o sujeito e o verbo é uma regra obrigatória,
que é utilizada para a formação da língua culta do português brasileiro. A GT tem por
objetivo estabelecer a norma padrão, a forma “correta” do uso da língua. Entretanto,
sabemos que a forma culta da língua portuguesa vem sendo cada vez menos usada pelos
falantes; a forma padrão, que coloca a língua como “correta”, acaba alocando a
variedade linguística como uma forma incorreta do uso do português brasileiro.
Em Novíssima Gramática do Português, Cegalla (2008) considera que, na
variação da concordância verbal, “as normas postuladas têm, muitas vezes, valor
relativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordância depende, frequentemente,
do contexto, da situação e do clima emocional que envolve o falante ou o escrevente.”
(CEGALLA, 2008, p. 451).
Nas GTs encontramos a concordância verbal referente ao sujeito simples e ao
sujeito composto. No que diz respeito ao sujeito simples, Bechara (2001) estabelece
que, “se o sujeito for simples e singular, o verbo irá para o singular, ainda que seja um
coletivo.” (BECHARA, 2001, p. 554). Para sujeito composto, o autor estabelece a
seguinte regra: “se o sujeito for composto o verbo irá, normalmente, para o plural,
qualquer que seja a sua posição em relação ao verbo.” (BECHARA, 2001, p. 554).
A concordância verbal, contudo, não pode ser trabalhada apenas sob a
perspectiva da GT; devemos estudá-la através das análises das falas dos indivíduos para
4 Gramática Tradicional.
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que possamos verificar as variações e/ou mudanças ocorridas em relação a esse
fenômeno linguístico.
Perini (1996), em sua Gramática descritiva do português, descreve a
concordância verbal como “um sistema de harmonização” entre o sujeito e o núcleo do
predicado das orações, e expõe: “A solução tradicional se baseia na noção de
concordância verbal como regra: a forma do verbo é modificada para se harmonizar
com os traços de número e pessoa do sujeito.” (PERINI, 1996, p. 191).
Perini (1996) apresenta visões diferentes da GT, as quais são mais coerentes e
permitem uma descrição mais adequada dos fatos da língua. Esse gramático entende a
concordância como um sistema de filtros que suprime certas estruturas, por
apresentarem algum tipo de má formação. O “erro de concordância”, para Perini (1996)
não é uma decorrência direta do mecanismo da concordância, mas de outros fatores
gramaticais – em outras palavras, “o erro de concordância” em si não existe.
Para Perini (1996), não existe propriamente o fenômeno da violação da
concordância verbal, mas sim a violação de certos filtros e de certas restrições
independentes do mecanismo de concordância, de forma que a aceitação de algumas
frases não se deve ao fato da desarmonia de pessoa e/ou de número.
A diferença que se nota em suas rotulações é a definição dos vários tipos de
objeto direto, sendo eles: (1) topicalizados, quando o objeto vem antes do núcleo do
predicado, e não contém um elemento Q5; (2) não topicalizado, quando vem depois do
núcleo do predicado; (3) clítico (o, com suas variantes, me, nos, te e vos) ou não; (4) Q
ou não, se vier antes do núcleo do predicado e contiver ou não um elemento Q.
Conforme Perini (1996), para que um SN seja sujeito em uma oração, ele precisa
estar em relação de concordância com o núcleo do predicado; o SN que não estiver em
concordância com o núcleo do predicado deverá ser analisado como objeto direto.
Vejamos o exemplo “Nós adormeci na banheira”.
5 Conforme Perini (1996), a propriedade de poder ser retomado pelos elementos que, o que ou quem.
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Perini (1996) analisa-o da seguinte forma: rotula-se nós como OD topicalizado,
de forma que o sintagma nominal na banheira não será rotulado porque não é de nível
oracional, sendo esse parte de um sintagma maior. Não há sujeito na oração, uma vez
que não há nenhum sintagma nominal em relação de concordância com o núcleo do
predicado. Percebemos que, sendo nós um OD topicalizado, há outra violação, pois o
verbo adormecer não aceita OD, marcado por; e, mesmo que o aceitasse, a forma nós
não poderia ser um OD, por se tratar de uma forma reta (nominativa); sendo assim, a
oração acima não é aceitável. Se o verbo fosse um que aceita OD, mesmo assim a
oração não seria bem formada, porque basta haver uma forma nominativa em função de
OD para que a estrutura seja rejeitada. Veja o exemplo: “Nós encontraram no cinema.”.
Como já havia dito no início deste capítulo, Perini (1996) entende a
concordância como um sistema de filtros que suprime certas estruturas por
apresentarem má formação de algum tipo. Percebemos, pois, que as violações descritas
por Perini (1996) podem ser explicadas através de restrições que atuam como filtros que
“não deixam passar” certas frases que contêm algum tipo de má formação. Assim
sendo, a concordância é reflexo de algo maior do que apenas as regras simplificadas que
descrevem a GT.
3 CONCORDÂNCIA VERBAL NO PB
A língua falada é um instrumento de uso que está em constante variação.
Nenhuma língua representa uma realidade estática, pronta e acabada, pois está sempre
em processo de mudança, fato que nos leva à conclusão de que elas são heterogêneas e
de que variam de indivíduo para indivíduo.
A variação contempla diversos níveis, sendo eles associados aos níveis
fonológicos, morfológicos, semânticos e sintáticos, sendo este o foco da nossa pesquisa.
Em relação às variáveis que influenciam ou não na variação e na mudança linguística,
podem ser estruturais (linguísticas) e/ou não estruturais (extralinguísticas).
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As variáveis estruturais correspondem àquelas pertencentes, no nosso caso, à
variação gramatical. As não estruturais, propostas pela teoria variacionista de Labov
(1972), são compostas de variáveis como sexo, escolaridade e idade. Sobre as variáveis
linguísticas e extraliguísticas, Mollica (2003) afirma:
[...] as variáveis, tanto linguísticas quanto não-linguísticas, não agem
isoladamente, mas operam num conjunto complexo de correlações que
inibem ou favorecem o emprego de formas variantes semanticamente
equivalentes. Por exemplo, agentes como escolaridade alta, contato com a
escrita, com os meios de comunicação em massa, nível socioeconômico alto
e origem social alta concorrem para o aumento na fala e na escrita das
variedades prestigiadas, admitindo-se que existam pelo menos o padrão
popular e o culto. (MOLLICA, 2003, p. 27).
É certo que, ao estudar a língua em uso numa comunidade de fala,
encontraremos variação na fala dos seus falantes. Na perspectiva aqui adotada, a teoria
variacionista de Labov (1972), tal variação ocorre por serem os falantes de sexo, idade,
escolaridade e classe social diferentes.
Podemos descartar ainda o contexto no qual as falas ocorrem, podendo a fala
variar conforme o grau de formalidade e informalidade, sendo esse uma variável externa
capaz de influenciar a produção linguística do falante, já que cada indivíduo possui um
repertório linguístico que varia dependendo de onde se encontra e da pessoa com quem
fala. Por exemplo, em relação ao objeto do nosso estudo, situações mais informais de
interação sugerem menor preocupação com a aplicação de concordância (MOLLICA,
2003).
Conforme mostram os resultados dos primeiros estudos de Labov (1972), que
comparava a fala dos indivíduos em contextos diferentes, diferenças de contexto formal
e informal levariam os falantes a empregar, respectivamente, estilos também formais e
informais. A variação ocorre, pois, por ser a língua usada em vários contextos e por
comunidades diferentes: “a língua enquanto um sistema evolutivo e heterogêneo, com
seus aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos deve ser analisada,
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sem ser desvinculada do contexto social de uma certa comunidade de fala.” (LABOV,
1972, apud SEVERO, 2008, p. 5).
No tocante à determinação dos contextos de variação, Naro (2003, apud RUBIO,
2010, p. 2) adverte que, em um modelo quantitativo de análise, devem ser selecionados
os fatores linguísticos e extralinguísticos que podem favorecer ou refrear o uso de uma
ou de outra variante. Nos estudos sociolinguísticos brasileiros, vários fatores
linguísticos e sociais já se mostraram relevantes para o estudo da concordância verbal,
doravante CV.
Verifica-se que, no Brasil, vários estudos têm sido realizados no que diz respeito
à concordância verbal, tendo a língua falada como corpus de análise, conforme
exemplificaremos a seguir.
4 ESTUDOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ORALIDADE DO
PORTUGUÊS BRASILEIRO.
Em estudos realizados no Mato Grosso do Sul, Quevedo (2006) realizou
entrevistas com o menor monitoramento possível da fala, com o intuito de o trabalho
desenvolver com eficiência o modelo teórico-metodólogico da Sociolinguística. Diante
do corpus constituído por entrevistas, Quevedo (2006), para a realização do seu
trabalho, fez a escolha de questões abertas, os discursos semidirigidos; ou seja, as
narrativas de experiência pessoal, uma vez que entendeu serem essas narrativas que
revelariam com maior expressividade a fala espontânea dos informantes.
Nas narrativas escolhidas por Quevedo (2006), os falantes contavam, em sua
maioria, as histórias ocorridas em sua infância, os medos, as alegrias e o que ocorria no
seu dia a dia:
A decisão em escolher as narrativas acima descritas para compor o corpus de
nossa investigação foi tomada em função, também, do objetivo que
pretendemos atingir, descrever e analisar o fenômeno da variação da
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concordância verbal de terceira pessoa do plural presente na fala popular de
informantes sul-mato-grossenses, com a intenção de definir uma possível
sistematicidade das relações entre ambiente sociocultural e uso linguístico.
(QUEVEDO, 2006, p. 76).
O trabalho de Quevedo (2006) contou com 144 informantes com a seguinte
distribuição: 82 homens e 62 mulheres, com intervalo de idade entre 12 e 50 anos a
mais e com tempo de escolaridade entre zero e oito anos de estudos (atual Ensino
Fundamental completo). Houve 832 ocorrências de terceira pessoa do plural oriundas de
amostras de 30 dos 77 municípios que compõem o estado do Mato Grosso do Sul.
Dos 832 dados colhidos para a pesquisa, 393 apresentaram a concordância
verbal na terceira pessoa do plural, e 439 apresentaram a falta de concordância. Sendo o
resultado apresentado em porcentagem, o primeiro grupo alcançou uma porcentagem de
47%, e o segundo, de 53%.
Nos resultados analisados pelo programa VARBRUL e apresentados pela
pesquisa de Quevedo (2006), “os fatores linguísticos, e não os sociais, é que tendem a
se mostrar mais relevantes, influenciando com maior força na concordância verbal, ou,
pelo menos, há uma intercalação entre fatores linguísticos e sociais.” (QUEVEDO,
2006, p. 196).
Em relação aos fatores linguísticos, entre os que mais proporcionaram a
ocorrência de concordância verbal está o sujeito pronominal, uma vez que foi o primeiro
a ser selecionado pelo programa estatístico, principalmente o sujeito pronominal não
explícito, o que comprovou a hipótese de que o falante popular, ao utilizar o sujeito
oculto, tende a realizar mais concordância. O fator distância entre o sujeito e o verbo foi
outro fator que favoreceu a concordância verbal, assim, quanto mais próximo o sujeito
se encontrasse do verbo, o falante faria mais uso da CV. Quanto ao fator saliência
fônica, Quevedo (2006) afirma:
[...] baseando-nos no princípio da saliência, estabelecemos a hipótese
de que quanto maior ou mais saliente a diferença material entre as
formas verbais do singular e plural, maior a probabilidade de
aplicação da concordância, assim como, quanto menor ou menos
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saliente essa diferença, menor a chance de realização da regra.
(QUEVEDO, 2006, p. 129).
Os fatores linguísticos que não favoreceram a concordância verbal e não foram
considerados pelo VARBRUL no trabalho de Quevedo (2006) foram: posição do
sujeito, valor semântico do sujeito, categorização semântica do sujeito e constituição
morfossintática do sujeito.
Além dos fatores estruturais, algumas variáveis sociais foram também analisadas
por Quevedo (2006), como procedência, sexo e escolaridade. No que diz respeito à
procedência, o que se encontrou foi que os falantes da zona rural tendem a usar menos a
CV do que os falantes da zona urbana, sendo que os falantes da zona rural alcançaram
27% da frequência da CV, e os falantes da zona urbana alcançaram 77%.
Em resumo, observamos que os falantes que mais desempenham a realização da
CV no Estado do Mato Grosso do Sul são do gênero feminino, de procedência urbana, e
que possuem maior grau de escolaridade (QUEVEDO, 2006).
Passaremos, agora, a analisar os resultados apresentados por Oliveira (2010),
cujo trabalho foi realizado na região Noroeste do estado de São Paulo, com mais
abrangência na cidade de São José do Rio Preto. Este é um município brasileiro do
estado de São Paulo; a maior cidade do Noroeste do estado, cuja economia está baseada
no comércio, na prestação de serviços, nas indústrias diversas e na agricultura.
Para que os informantes pudessem participar do corpus, era necessário que
residissem nas cidades abrangidas pelo projeto desde, pelo menos, os seus cinco anos de
idade, ou, ainda, que houvesse nascido na cidade. Participaram das entrevistas 152
informantes, cada um com uma gravação de aproximadamente 40 minutos, e foram
encontradas 1.397 ocorrências de concordância verbal.
Em um total geral apresentado por Oliveira (2010), 85% do corpus apresentaram
a presença da concordância verbal; e 15% apresentaram ausência da CV. Conforme
Oliveira (2010), os dados apresentados demonstraram que ocorre variação nas falas dos
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indivíduos da região Noroeste do estado de São Paulo, e que há predominância do uso
da regra padrão.
Oliveira (2010) afirma que não somente em seu trabalho os resultados foram
favorecedores para a realização da CV. O trabalho de Naro (2003), por exemplo,
conforme o pesquisador, que apresentou resultados de um estudo da concordância
verbo/sujeito em uma amostra constituída pela fala de 64 falantes residentes no Rio de
Janeiro, os resultados também foram favorecedores para a realização da CV. Os
resultados obtidos por Naro (2003) apresentam 65% de presença de concordância verbal
e 35% de ausência da concordância verbal (apud OLIVEIRA, 2010).
Ao comparar os dados encontrados por Oliveira (2010) com os de Quevedo
(2006), encontramos uma significante diferença nos resultados. No trabalho de Quevedo
(2006), predomina, mesmo que de forma ponderada, a ausência da CV, com uma
porcentagem de 53% (47% apresentaram a presença da CV). No trabalho de Oliveira
(2010) o que se verifica é a predominância da presença da CV.
Retomando os estudos feitos por Oliveira (2010), em relação à variável faixa
etária, verificou-se que a idade de 7 a 15 anos é a que mais favoreceu a ocorrência do
uso da CV, com uma porcentagem de 95%; os indivíduos de 16 a 25 anos obtiveram
uma porcentagem de 90%; os de 26 a 35 anos obtiveram 85%; de 35 a 55, alcançaram
82%; e, por fim, a faixa etária dos falantes acima de 55 anos teve um total de 75%.
Outros estudos também comprovam que a fala dos indivíduos mais jovens
tendem a ser a forma mais prestigiada, como demonstram os estudos de Gameiro (2005,
apud OLIVEIRA, 2010, p.120), o qual estudou a concordância verbal na modalidade
falada de indivíduos da região central do estado de São Paulo. Foram utilizadas, como
corpus, 25 entrevistas e 15 diálogos entre dois ou mais informantes, totalizando 40
gravações; e analisadas 1.399 ocorrências de 3ª pessoa do plural. Gameiro (2005)
observou que as faixas etárias mais jovens apresentam um percentual mais alto de
presença de CV do que as faixas etárias mais velhas.
Na variável escolaridade, mais uma vez, os resultados mostraram que os
informantes mais escolarizados preservam mais as marcas da CV (GAMEIRO, 2005,
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apud OLIVEIRA, 2010). Os falantes que possuem Ensino Médio obtiveram 83%; e os
que possuem ensino superior alcançaram 93%.
Na variável sexo, assim como no trabalho de Quevedo (2006), o que Oliveira
(2010) encontrou foi uma maior preocupação das mulheres com o uso da CV; são, pois,
as mulheres que fazem mais uso da norma de prestígio. A pesquisa sobre a variável
sexo apresentou o resultado de 87% nas falas das mulheres e de 85% nas falas dos
homens. Podemos observar, entretanto, que há uma pequena diferença nos resultados
apresentados por Oliveira (2010), pelos quais tanto os homens quanto as mulheres
fazem uso da CV.
O que notamos, mais uma vez, é que a diferença em seus resultados foi muito
pequena. Para os linguistas Naro e Lemle (1976, apud OLIVEIRA, 2010, p.144), a
regra de concordância verbal mostra-se, ainda, categórica nas classes média e alta, mas,
na classe socioeconômica mais baixa, essa regra estaria seguindo um curso evolutivo,
em direção a um sistema sem marcas.
Entre as variáveis linguísticas na pesquisa de Oliveira (2010), as que se
mostraram significantes foram: paralelismo formal, distância e posição do sujeito,
saliência fônica e estrutura do sujeito.
O trabalho de Oliveira (2010), realizado na região Noroeste de São Paulo, foi o
que apresentou um maior percentual de presença da CV.
O trabalho de Quevedo (2006) mostra que os falantes, de forma geral, tendem a
não fazerem uso das regras da CV.
5 METODOLOGIA, LÓCUS DA PESQUISA E RESULTADOS
Este trabalho teve por objetivo investigar a variação em relação à concordância
verbal no município de Janaúba/MG, com os objetivos específicos de: verificar a
importância das variáveis extralinguísticas sexo, idade e escolaridade no fenômeno
variacionista da concordância verbal nas falas do município de Janaúba/MG; e analisar,
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entre os diversos contextos linguísticos, os que favorecem e os que desfavorecem a
variação existente na concordância verbal nas falas dos habitantes de Janaúba/MG.
Para tal, tivemos por base as seguintes hipóteses: no município de Janaúba, as
falas variam no nível sintático conforme a classe social, o sexo e a idade; e os
indivíduos variam suas falas no nível sintático, principalmente no que concerne à
concordância verbal.
Para corroborar ou não essas hipóteses, utilizamo-nos do banco de dados do
projeto A produção e a percepção das vogais médias no Norte de Minas: nível
intradialetal, interdialetal e individual, contendo sete informantes distribuídos
conforme a tabela 1.
Tabela 1 – Variáveis extralinguísticas6
SEXO IDADE ESCOLAR
IDADE
CLASSE
SOCIAL
Feminino
(4)
Masculino
(5)
Até 15 anos
(1)
15 a 30 anos
(2)
30,1 a 50
anos (2)
Acima de 50
anos (2)
1º grau (3)
2º grau (4)
Baixa (3)
Média (4)
Fonte: Tondineli (2010)
Para darmos conta dos fatores linguísticos, analisamos as ocorrências conforme
as variáveis: posição do sujeito em relação ao verbo, pessoa verbal, sujeito pronominal,
número de sílabas do verbo e verbo composto.
6 Na tabela, entre parênteses, encontra-se o número de falantes para cada fator extralinguístico.
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Após a transcrição das entrevistas, selecionamos as ocorrências de concordância
verbal, as quais foram codificadas para a análise do VARBRUL. Dados os resultados
percentuais e probabilísticos, os mesmos foram, então, interpretados qualitativamente,
tendo por base os teóricos e pesquisadores apresentados no primeiro e no segundo
capítulos deste trabalho.
5.1 A CIDADE DE JANAÚBA
Conforme dados disponíveis na Biblioteca da cidade, a cidade de Janaúba surgiu
de uma simples Gameleira que existia à margem esquerda do Gorutuba. Foi fundada em
27 de dezembro de 1948, e o principal objetivo da sua fundação era se emancipar
politicamente do município de Francisco Sá.
O município de Janaúba encontra-se na microrregião do Norte de Minas; é
considerada espaço semiárido e é a segunda maior região do Norte de Minas Gerais.
Essa cidade constituiu-se da mistura do povo Cafuso, ou Caboré, mescla de índios
Tapuias, e também de negros que, fugindo do cativeiro, se estabeleceram no vale do Rio
Gorutuba, tornando-se conhecidos como Gorutubanos.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas)7, atualmente, a
cidade de Janaúba possui uma população com 66.803 habitantes. A maioria dos
habitantes é alfabetizada; e grande parte da população jovem frequenta creches e
escolas. O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano - é de 0,696.
5.2 ANÁLISE DE DADOS
As ocorrências encontradas foram codificadas e lançadas no VARBRUL a fim
de que se fosse possível verificar as variáveis que mais favorecem ou desfavorecem o
uso da CV.
7 CENSO 2010.
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Analisamos um total de 3.661 ocorrências de concordância verbal, sendo 3.346
ocorrências de aplicação da regra, o que resultou em 91%; e 315, de ausência da regra
da CV, o que resultou em 8%.
As ocorrências foram analisadas tendo por base os seguintes critérios:
a) Linguísticos: posição do sujeito em relação ao verbo, pessoa verbal, sujeito
pronominal, número de sílabas do verbo e verbo composto. Fatores estes que, conforme
exposto no capítulo anterior, foram favoráveis ao fenômeno em análise nas pesquisas
aqui apresentadas.
b) Extralinguísticos: sexo, escolaridade, faixa etária e classe social.
Gráfico 1: Porcentagem geral da aplicação da CV no município de Janaúba
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados encontrados pelo programa VARBRUL, apresentados no Gráfico
1, mostram que, no município de Janaúba, há, nas falas dos indivíduos, a predominância
do uso da concordância verbal. No trabalho de Oliveira (2010), desenvolvido na cidade
de São José do Rio Preto, também se encontrou o favorecimento da regra da CV; em
seus resultados, 85% das ocorrências encontradas concordam o verbo com o sujeito.
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No nosso trabalho, algumas mudanças foram feitas devido aos nocautes
apresentados pelo programa VARBRUL. Assim, no grupo de fatores pessoa verbal, tu e
vós passaram a ser considerados como ele e eles, respectivamente. No grupo de fatores
sujeito pronominal, o fator sem sujeito passou a ser considerado sujeito oculto.
Os grupos de fatores selecionados pelo programa VARBRUL, em ordem de
significância foram:
1) posição do sujeito em relação ao verbo;
2) pessoa verbal;
3) número de sílabas do verbo;
4) sexo do informante; e
5) faixa etária do informante.
Os grupos de fatores excluídos foram: sujeito pronominal; verbo composto;
distância entre o sujeito e o verbo; escolaridade e classe social.
As tabelas apresentadas a seguir mostram os resultados da aplicação da regra de
concordância verbal de acordo com os grupos de fatores selecionados pelo VARBRUL.
Tabela 2 – Grupo posição do sujeito em relação ao verbo
Fator Número de
ocorrências
Peso relativo
Antes 2169 0,505
Depois 173 0,298
Elíptico 1319 0,520
Fonte: Dados da pesquisa
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No grupo de fatores posição do sujeito em relação ao verbo, selecionamos três
fatores: o sujeito anteposto, o sujeito posposto e o sujeito elíptico. Vale ressaltar que as
orações sem sujeito foram tratadas nesse último caso.
A variável posição do sujeito foi o primeiro grupo selecionado pelo VARBRUL,
portanto, é o grupo de fatores linguísticos que mais favorece a CV. Verificamos que o
sujeito elíptico obteve 1.319 ocorrências, e um peso relativo de 0,520, sendo o que mais
favoreceu a CV. Tal resultado explica-se pelo fato de que o sujeito pronominal não
explícito seria favorecedor da CV.
Sabemos que a língua portuguesa classifica-se como uma língua SVO (sujeito –
verbo – objeto), portanto, é esperado que os falantes concordassem as falas quando o
sujeito estiver anteposto ao verbo. No nosso trabalho, o sujeito anteposto ao verbo
apresentou-se como fator neutro para a CV: foram encontradas 2.169 ocorrências e um
peso relativo de 0,505.
Como esperado, o sujeito posposto ao verbo é desfavorecedor da CV e não
aparece com muita frequência nas falas analisadas; foram encontradas apenas 173
ocorrências, alcançando o peso relativo de 0,298, o que desfavorece a CV.
Assim como no nosso trabalho, Oliveira (2010) mostra que, quando o sujeito é
posposto, os falantes tendem a não fazer o uso da CV, e que os falantes do Mato Grosso
do Sul tendem a concordar o verbo com o sujeito quando vier anteposto. Os exemplos
que seguem mostram como os tipos de sujeitos elencados na tabela 2 aparecem nas falas
dos indivíduos entrevistados.
a) “[...] essis problemas ocorrem mesmu [...]”8 – sujeito anteposto.
b) “[...] não tiveram um pai uma mãe di verdadi [...]”– sujeito
elíptico.
c) “[...] aí vei meu irmão mais minha irmã [...]”– sujeito posposto.
8 Os exemplos dados neste capítulo são extraídos das falas dos moradores de Janaúba/MG, as quais
compõem o corpus da nossa pesquisa.
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Tabela 3 – Grupo pessoa verbal
Fator Número de
ocorrências
Peso relativo
Eu 1206 0.900
Ele 1714 0.512
Nós 111 0.016
Eles 573 0.031
A gente 57 0.483
Fonte: Dados da pesquisa
Pessoa verbal foi o segundo grupo selecionado pelo VARBRUL, portanto, é o
segundo grupo de fatores linguísticos mais importante para a nossa pesquisa.
A tabela 3 mostra que o maior número de ocorrências aconteceu com o sujeito
na terceira pessoa do singular: ele. Foram encontradas 1.714 ocorrências e um peso
relativo de 0.512. O segundo fator que mais aparece nas falas é a primeira pessoa do
singular – eu –, que obteve 1.206 ocorrências, alcançando o maior peso relativo sobre
pessoa verbal: 0.900. Depois, encontramos a segunda pessoa do plural, eles, com 573
ocorrências e um peso relativo de 0,031.
A pessoa verbal nós apareceu 111 vezes, e alcançou o peso relativo de 0.016.
Por último, a pessoa verbal que menos apareceu nas falas: a gente. É necessário frisar
que, ao fazer as rodadas de análise, o programa utilizado descartou as pessoas tu e vós,
uma vez que ambas aparecem com pouca frequência, assim, passamos a utilizá-las
como ele e eles, respectivamente.
O que podemos perceber é que as duas pessoas verbais do singular, eu e ele, são
as que mais favorecem a CV, e que os indivíduos possuem dificuldade para
concordarem o verbo com o sujeito quando este está no plural, uma vez que as pessoas
do plural (nós e eles) apresentaram resultados que desfavorecem o uso da CV. Tal fato
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envereda pelo mesmo caminho de Quevedo (2006), que realizou trabalho sobre a
terceira pessoa do plural e encontrou que a mesma desfavorece o uso da CV.
A seguir, observaremos alguns exemplos das pessoas verbais utilizadas pelos
falantes:
a) “[...] eu procuru u maximu pussivel aquelas amizadis [...]”.
b) “[...] eli mi agradeceu muintu depois [...]”.
c) “[...] igual nós tá falando a maioria não [...]”.
d) “[...] si elis investissi mais nessi tipu di coisa [...]”.
e) “[...] a gente aprendi as coisas desdu cumeçu [...]”.
Tabela 4 – Grupo número de sílabas do verbo
Fator Número de
ocorrências
Peso relativo
Uma sílaba 1239 0,597
Duas sílabas 1084 0,414
Três ou mais
sílabas
1338 0,479
Fonte: Dados da pesquisa
Em relação ao número de sílabas do sujeito, o verbo, quando contém uma única
sílaba, é favorecedor da CV. Os verbos que contêm duas, três ou mais sílabas não
favorecem o uso da CV.
O que podemos perceber é que os indivíduos tendem a concordarem o verbo
quando este for formado pelo número mínimo de sílabas, e que, quanto mais sílabas o
verbo contiver, menor será o uso da CV.
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Este grupo de fatores, selecionado pelo VARBRUL, na cidade de Janaúba, não
foi selecionado em nenhum trabalho citado anteriormente.
Exemplos:
a) “[...] certu casus qui elis não vão [...]” – uma sílaba.
b) “[...] nessi tempu qui eu casei mermu [...]” – duas sílabas.
c) “[...] sobri as religiões qui existem [...]” – três sílabas.
Tabela 5 – Grupo sexo do informante
Fator Número de
ocorrências
Peso relativo
Feminino 1416 0,403
Masculino 2033 0,578
Fontes: Dados da pesquisa
No grupo sexo do informante, o resultado que encontramos é que o indivíduo do
sexo masculino mais favorece a CV, e os falantes do sexo feminino são
desfavorecedores da CV, mesmo que moderadamente.
Os resultados apresentados na tabela 5 divergem dos encontrados em estudos
realizados pelos sociolinguistas, os quais demonstram que são as mulheres que fazem
mais uso da norma padrão.
Divergem também dos resultados apresentados por Oliveira (2010), que destaca
ser o sexo feminino o fator favorecedor da CV, e o sexo masculino, desfavorecedor da
CV. O trabalho de Quevedo (2006) também diverge dos nossos resultados; nesse
trabalho, os informantes do sexo feminino são favorecedores da CV.
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Tabela 6 – Grupo faixa etária do informante
Fator Ocorrências Peso relativo
Até 15 anos 201 0,785
15 a 30 anos 1109 0,604
30,1 a 50 anos 955 0,640
Acima de 50 anos 1396 0,286
Fonte: Dados da pesquisa
Na análise dos dados do grupo de fatores faixa etária do informante,
encontramos o que era esperado: os informantes mais jovens tendem a fazer maior uso
da CV, e os informantes mais velhos usam com menos frequência a concordância entre
o sujeito e o verbo.
Consoante os resultados do nosso trabalho, Oliveira (2010) mostra que o uso da
CV se comportou da mesma forma: os indivíduos de 7 a 25 anos fizeram maior uso, e o
os indivíduos acima de 50 anos tendem a usar menos a CV. Desta ainda Oliveira (2010)
que o fenômeno da concordância se apresenta dessa forma tendo em vista o nível de
escolarização dos falantes, uma vez que os falantes mais novos frequentam a escola
mais que os falantes mais velhos.
Por outro lado, nossos resultados divergem dos de Faria (2008), os quais
mostraram que a CV ocorre com mais frequência nas falas dos indivíduos de meia
idade, e, com menos frequência, nas falas dos indivíduos mais novos.
Conforme os dados apresentados, o que encontramos em Janaúba em relação à
concordância verbal é que, em geral, há um favorecimento da CV nas falas dos
indivíduos. Em relação às variáveis linguísticas, percebemos que a variável posição do
sujeito é a mais significante, sendo que o sujeito elíptico foi o que mais favoreceu a CV,
e o sujeito posposto o que desfavoreceu o uso da regra variável de CV.
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A variável pessoa verbal foi a segunda em ordem de significância, e
encontramos que as pessoas do plural são desfavorecedoras da CV, bem como quando o
sujeito é a palavra a gente. Logo após, a variável que apareceu foi o número de sílabas
do verbo; sendo que apenas os verbos que possuem uma sílaba foram os favorecedores
da CV.
Em seguida, nas variáveis extralinguísticas sexo e idade do informante, vemos
que, os sujeitos masculinos favorecem a CV, assim como os indivíduos com menor
idade.
A seguir, apresentamos as nossas considerações finais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta pesquisa, investigamos a variação em relação à concordância
verbal na fala de indivíduos da cidade de Janaúba, localizada no Norte de Minas Gerais.
Além disso, verificamos a importância das variáveis extralinguísticas e os
diversos contextos linguísticos que favorecem e desfavorecem a variação existente na
concordância verbal nas falas dos indivíduos de Janaúba.
Percebemos que a regra da concordância verbal nas falas desses indivíduos está
sujeita à variação, e que há um predomínio do uso da CV, atingindo um percentual de
91%. Além disso, por meio das análises feitas pelo programa VARBRUL, que algumas
variáveis extralinguísticas e linguísticas possuem peso significativo para a variação da
CV, e outras, não. Por exemplo, verificamos que as variáveis escolaridade e classe
social não possuem importância para a análise do fenômeno, e que apenas as variáveis
sexo e idade do informante foram importantes para a nossa pesquisa.
Já em relação às variáveis linguísticas, verificamos que posição do sujeito,
pessoa verbal e número de sílabas do verbo foram as que se mostraram importantes para
a realização da pesquisa; as demais foram descartadas.
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O que podemos constatar é que tanto os fatores linguísticos como
extralinguísticos são importantes para a variação da concordância verbal nas falas dos
moradores de Janaúba. Dessa forma, a nossa hipótese de que as falas variam no nível
sintático, mais especificamente, na concordância verbal, conforme a classe social, o
sexo e a idade, mostra-se verdadeira, mesmo que o VARBRUL tenha descartado classe
social.
Verificamos que os indivíduos tendem a variar a sua fala conforme o sexo e
idade que possuem. Além disso, percebemos que os indivíduos do sexo masculino e os
indivíduos com menor idade são os favorecedores da CV.
Em relação aos fatores linguísticos, pelos dados referentes à Janaúba, vemos que
a concordância verbal é favorecida quando o sujeito for elíptico, quando o verbo estiver
na primeira e na terceira pessoas do singular, e quando o verbo possuir o menor número
de sílabas.
Enfim, podemos perceber que a variação das falas dos indivíduos em relação à
concordância verbal não é um evento aleatório, mas determinada através de fatores
linguísticos e extralinguísticos. Devido à complexidade do assunto, sabemos que é
necessário que mais pesquisas sejam feitas nessa comunidade para que se possa
observar o fenômeno da concordância verbal com mais exatidão.
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Recebido Para Publicação em 29 de outubro de 2014.
Aprovado Para Publicação em 24 de novembro de 2014.
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