View
238
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
1/8
1.
TRIBUN L SUPERIOR ELEITOR L
AC RD O
PETI O N 757 34.2013.6.00.0000 CLA SSE 24 NATA L RIO GRA NDE
DO NORTE
Relator:
Ministro Jo o Otvio de Noronha
Requerente:
Dem ocratas (DEM ) - Nacional
Advogados:
Fab rcio Juliano M end es M ede iros e outros
Requerido:
Carlos Alberto de Sousa R osado
Advogados:
Alexandre Kruel Jobim e outros
Requerido:
Partido Progressista (PP) - Nacional
Advogado:
Herman Ted Barbosa
P ET I O . A O D E PE RD A DE C AR GO E LE TIV O PO R
DESFILIA O PARTID RIA. SUPLENTE.
INEXISTNCIA. PARTIDO POL TICO DETENTOR DO
MANDATO. CARNCIA DE A O. AUSNCIA DE
IN T E R ES S E D E A GIR . EX T IN O D O P R O C E S SO S E M
R ES OLU O DE M R IT O .
1.
O Tribunal Superior Eleitoral j decidiu que o partido
polico n o disp e de interesse na perda de mandato
eletivo por ato de infidelidade partidria quando n o
possui suplentes. De acordo com esse entendimento, a
procedncia do pedido n o pode ser ut il izada como mera
forma de puni o ao infiel AgRg-AC 456-24/RS,
Rei. Mm. Hen rique Neves,
Je
de 21.8.2012).
2.
No caso, o prprio requerente reconhece que n o
existe em seus quadros qualquer suplente em condi es
de assumir a vaga pleiteada. Dessa forma, eventual
procedncia do pedido n o trar qualquer resultado til
para o partido polico detentor do m andato.
3.
Pedido n o conhecido. Processo extinto sem
resolu o de m r ito (art. 267, VI, do CPC).
Acordam os ministros do ribunal Superior Eleitoral, por
unanimidade, em julgar extinto o processo, nos'
ttooto do Relator.
Brasia, 9 de setem bro de 2 014.
MINISTRO JO O OT VIO DEbRONHA \ RELATOR
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
2/8
t-et n
b -34.2013.6.00.0000/RN
R ELA T R IO
O SENHOR MINISTRO JO O OT VIO DE NORONHA:
Senhor Presidente, trata-se de a o de perda de cargo elet ivo por desf il la o
partidria sem justa causa ajuizada pelo Democratas DEM) - Nacional em
desfavor do Partido Progressista (PP) - Nacional e de Ca rlos Alberto de S ousa
Rosado, eleito deputado federal pelo partido requerente nas elei es de 2010 .
Alega que o desligamento do requerido n o teve fundamento
em quaisquer das justas causas previstas na Res.-TSE 22 .610/2007.
Informa que o Tribunal Superior Eleitoral j havia afastado a
existncia de qualquer justa causa para desfi l ia o part idria do requerido no
julgamento da Pet 279-26/RN, em decis o monocrtica proferida pelo
i. Ministro Ca stro Me ira.
Entende que n o h falar em grave discrimina o pessoal,
mas em mudan a partidria com interesses particulares e eleitorais, raz o pela
qual requer a decreta o de perda do cargo elet ivo.
Carlos Alberto de Sousa Rosado apresentou defesa
(fls. 81-92).
Assevera que sua desfilia o partidria encontra guarida na
justa causa de que trata o art. 1 , l, IV, da Res.-TSE 22.610/2007. A grave
discrimina o pessoal consisti ria no fato de que sua cam panha, nos pleitos de
2006 e 2010, n o contou com o mesmo financiamento concedido pelo DEM
aos demais candidatos dessa agremia o e tamb m aos de outras legendas
que concorreram pela mesma coliga o.
Afirma, inclusive, que a diferen a de financiamento de
campanha pode ria inviabi lizar sua futura candidatura nas Elei es de 2014.
1
Art. 1
1
O partido polico interessado pode pedir, perante a Justi a Eleitoral, a decreta o da p
em decorrncia de desfihia o partidria sem justa causa.
1 Considera-se justa causa:
E . . .
IV - grave discrimina o pessoal .
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
3/8
Pet n 757-34.2013.6.00 .0000 /RN
Considera que o anterior ajuizamento da ao declaratria de
justa ausa Pet 279-26/RN), bem omo a ua ubsequente desfihiao
partidria, ocorridos prximos ao inal do mandato eletivo, no onfiguram
carncia de ao pela uposta ausncia do nteresse de agir, pois, de ua
parte, empre houve a egima expectativa de melhora no onvio
intra-partidrio.
Com base nessas alegaes, defende a existncia de grave
discriminao pessoal, obretudo pela discrepncia na distribuio de ecursos
para inanciamento de ampanha nos pleitos de 2006 e 2010, ircunstncia
que autoriza seu a fastamento com a manuteno do mandato.
Pugna pela produo da prova estemunha l.
Ao inal, equer a mprocedncia do pedido com o
reconhe cimento de usta causa para sua desfiliao do Democratas DEM ).
O Partido Progressista PP) Nacional ambm apresentou
defesa fls. 149-162).
Considera que a Res.-TSE 22.610/2007 padece de
inconstitucionalidade, por ofensa ao art. 102, 1, q, da CF/88
. Afirma que o
Tribunal Superior Eleitoral extrapolou a ompetncia onstitucional do
Supremo Tribunal Federal para ulgar mandato de njuno, para uprir norma
de competncia exclusiva do Cong resso Naciona l fl. 154).
Pontua a necessidade de estabelecimento de um prazo para
desfiliao partidria em perda do argo eletivo, ugerindo que eja
60 sessenta dias) antes da data que marcaria um ano antes da eleio para o
mesmo cargo fl. 161 ).
No mais, apresenta os mesmos argumentos expendidos por
Carlos Alberto de Sousa Rosado.
2
Art. 102. Compete ao Supremo T ribunal Federal, precipuamente, a guarda da Consti tu i o, cabendo-lhe:
- processar e julgar, originariamente:
E . . . ]
q) o mandado de in jun o, quando a e labora o da norma regulamentadora for atribui o do Presidente da Repblica,
do Congresso Nacional, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas
Legislativas, do Tribunal de Contas da Uni o, de um dos Tribunais Superiores, ou do prprio Supremo Tribuna
Federal;
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
4/8
Pet n
o
757-34.2013.6,00.0000/RN
Pugna pela produ o da prova testemunhal.
Ao final, requer a improcedncia do pedido, reconhecendo-se a
justa causa para a desf ihia o de Carlos Alberto de Sousa Rosad o.
O Minist rio Pblico Eleitoral opinou pela procedncia do
pedido (fls. 76
80).
Carlos Alberto de Sousa Rosado apresentou a peti o de
folhas 189-191, na qual requereu a oitiva das testemunhas que haviam sido
arro ladas na contesta o, com base no ar t. 5
0
, da Res.-TSE 22.610/2007 , sob
pena de cerceam ento ao seu direito de defesa.
O pedido foi indeferido pelo acrd o de folhas 208-221, que
determinou tamb m a convers o do julgamento em diligncia, haja vista a
alega o de que n o existe suplente do partido polico requerente apto a
assumir eventual vaga na hiptese de procedncia do pedido.
O requerente manifestou-se s folhas 224-231.
Aduziu que a possibi lidade de assun o do m andato por um de
seus filiados seria mero efeito acessrio da decis o, que poder ou n o se
materializar. Todavia, mesmo que n o exista suplente do partido polico, o
interesse de agir subsistiria em raz o do carter pedaggico da decis o que
declara a infidelidade partidria. Cita nesse sentido as seguintes decis es
monocrticas do Tribunal Superior Eleitoral: AC 1356-07/RN, Rei.
Mm. Henrique Neves,
Je
de 26.11.2012 e REspe 395-47/PA,
Rei. Mm . Ma rcelo R ibeiro.
DJede
10.11.2011.
Asseverou que a mat r ia em comento n o pode ser anal isada
com um olhar meramente privatista. Isto porque o cerne do instituto da
f idel idade partidria n o apenas discutir se o cargo pertence ou n o ao t itular
ou agremia o; se em decorrncia da perda do cargo haver um substituto
ou n o. Diz respeito, isso sim, manuten o da moralidade e ao
fortalecimento da ordem democrtica constitucional, mat rias de cunho
inegavelme nte pblico (fl. 228).
Art.
50
Na resposta, o requerido juntar prova documental, podendo arrolar testemunhas, at o mximo
tr ),
e requerer, justificadam ente, outras provas, inclusive requisi o de documentos em poder de terceiros ou
reparti es pblicas.
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
5/8
Pet n
o
757-34.2013.6.00.0000IRN
Sustenta a possibilidade urdica de execuo do ulgado,
sobretudo pela necessidade de diplomao do uplente pertencente mesma
coligao do partido polico detentor do mandato. Cita precedente do Supremo
Tribunal Federal nesse entido MS 30260/DF, Rei. Min. Crmen Lcia,
Je
e
29.8.2011).
o elatrio.
VOTO
O SENHOR MINISTRO JOO OTVIO DE NORONHA
(Relator): Senhor Presidente, o equerido aponta nfringncia do art. 267, VI,
do Cdigo de Processo Civil ao argumento de que o partido equerente arece
do direito de ao, pois no dispe de uplente em ondies de assumir o
mandato de deputado ederal no aso de procedncia do pedido. Desta orma,
estaria configurada a nutilidade do provimento urisdicional pretendido.
De ato, o Plenrio do Tribunal Superior Eleitoral decidiu que
o partido polico detentor do mandato no dispe de nteresse para agir
visando a declarao de perda de mandato por nfidelidade partidria quando
essa agremiao no possui uplentes. De acordo om esse entendimento, a
procedncia do pedido no pode er utilizada omo mera orma de punio ao
infiel. Cito o AgRg-AC 456-24/R5, Rei. Ministro Henrique Neves,
Je
de 21.8.2012:
4.
Na ao de perda de cargo eletivo po r nfidelidade partidria o
interesse da agremiao manter a ua epresentao popular
dentro do nmero de cadeiras que conquistou nas urnas, de modo
que seus ocupantes pertenam aos seus quadros. A nexistncia de
suplente apaz de uceder aquele que e afastou do partido
matria a er examinada no ulgamento do ecurso especial.
5.
No existindo suplente da agremiao capaz de suceder aquele
que se afastou, aparentemente no h esultado prtico ou utilidade
na prestao urisdicional em avor da agremiao partidria.
Plausibilidade da ese econhecida.
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
6/8
Pet n
o
757-34.2013.6.00.0000/RN
Por elucidativo, transcrevo trecho do voto proferido pelo
e. Mm. Henrique Neves no mencionado precedente ao fundamentar seu
entendimento com base na doutrina de Cndido Rangel Dinamarco
Institui es de Direito Processual Civil, Vol. II, 3. ed., Ed. Malheiros, S o
Paulo, pgs. 302-304):
Como conceito geral , interesse ut il idade. Consiste em uma rela o
de complementariedade entre a pessoa e o bem, tendo aquela a
necessidade deste para sat is fa o de uma necessidade e sendo o
bem capaz de satisfazer a nece ssidade da pe ssoa (Carnelutt i). H o
interesse de agir quando o provimento jurisdicional postulado for
capaz de efetivamente ser til ao demandante, operando uma
melhora em sua situa o na vida comum - ou seja, quando for capaz
de trazer-lhe uma verdadeira tutela, a tutela jurisdicional. O interesse
de agir constitui o ncleo fundamental do direito de a o, por isso
que s se legitima o acesso ao processo e s lcito exigir do
Estado o provimento pedido, na medida em que ele tenha essa
utilidade e aptid o.
[...] Assim configurado como aptid o a propiciar o bem ao
dema ndante se ele tiver raz o, o interesse de agir n o existe quando
o sujeito j disp e do bem da vida que ve m a juzo pleitear e quando
o provimento pedido n o mais, ou simplesmente n o capaz de
propiciar-lhe o bem (pg. 304)
Com efei to, tendo o prpr io requerente reconhecido que n o existe
em seus quadros qualquer suplente em condi es de assumir a
vaga pleiteada, entendo que eventual procedncia do pedido n o
trar qualquer resultado til para o autor. Nesse contexto, certo
que a a o declaratria de perda de cargo eletivo n o atingiria o
objetivo para o qual se destina, qual seja, a devida restitui o do
patrim nio jurdico a qu em de direito pe lo exerc cio infiel do ma nda to.
Por sua vez, o precedente do Supremo Tribunal Federal citado
pelo requerente MS 30260/DF, Rei. Mm. Crmen Lcia,
Je
e 29.8.2011)
n o serve de balizamento para o deslinde do caso em exame, sobretudo
porque cuida de mat ria distinta, qual seja, regula os efeitos da vacncia do
mandato parlamentar em decorrncia do licenciamento de seus titulares para o
exerccio de outras fun es. A toda evidncia, n o se discutiu no mencionado
precedente a ordem de voca o para os casos de infidelidade partidria.
De outra parte, ainda que se admita a hiptese de aplica o do
mencionado precedente, certo que o mandato do parlamentar infiel n o pode
ser atribudo a qualquer outro filiado da coliga o, pois, nesse caso, o
requerente estaria atuando, em nome prprio, na defesa de interesse alheio.
Ou seja, estaria a pleitear que o bem da vida fosse entregue a outra pessoa
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
7/8
VOTO
Pet n 757-34 .201 3.6.00 .0000 /RN
que no aquela a quem o art. 1
0
da Res.-TSE
22.610I2007
4confere
legitimidade ativa
ad causam.
Nesse contexto, alm da vedao exp ressa para
que algum equeira, em nome prprio, direito alheio art. 6
0
, do Cdigo de
Processo Civi1
5
), o autor tamb m careceria de a o pela inutilidade do
provimento jurisdicional em rela o direta com sua esfera jurdica.
Dessa orma, a ao de perda de argo eletivo por desfiliao
partidria no merece onhecimento, haja ista a arncia de ao pelo eu
autor.
Ante o exposto,
ulgo extinto
o processo, em esoluo de
mrito, nos ermos do art. 267, VI, do Cdigo de Processo
&vil.
o oto.
O SENHOR MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA:
Senhor Presidente, eajusto o meu oto proferido na esso de
de ulho de
2014, para acompanhar o novo posicionamento do eminente Relator.
Art. 1
0
-
O part ido polico interessado pode pedir, perante a Justi a Elei toral , a decreta o da perda de cargo eletivo
em decorrncia de desf ihia o part idr ia sem justa causa.
2
0 -
Quando o part ido polico n o formular o pedido dentro de 30 ( tr inta) dias da desf ihia o, pode faz-lo, em nome
prprio, nos 30 (trinta) subsequ entes, quem tenha interesse jurdico ou o M inist rio Pblico eleitoral.
Art. 6
0
Ningu m poder plei tear, em nome prprio, di reito alheio, salvo quando autorizado por le i
7/24/2019 Acrdo TSE - Infidelidade Partidria
8/8
Pet n 757-34.2013.6.00.0000/RN
EXTRATO DA ATA
Pet n
o
757-34.2013.6.00.0000/RN. Relator: Ministro Jo o
Otvio de Noronha. Requerente: Democratas DEM) - Nacional Advogados:
Fabrcio Juliano Mendes Medeiros e outros). Requerido: Carlos Alberto de
Sousa Rosado Advogados: Alexandre Kruel Jobim e outros). Requerido:
Partido Progressista (PP) - N acional (Advogado: Herm an T ed B arbosa).
Decis o: O Tribunal, por unanimidade, julgou extinto o
Processo, nos termos do voto do R elator.
Presidncia do Ministro Dias Toifoli. Presentes as Ministras
M aria Thereza de Assis Moura e Luciana L ssio, os M inistros Gilmar Men des,
Luiz Fux, Jo o Otvio de Noronha e Henrique Neves da Silva, e o
Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Eugnio Jos Guilherme de A rag o.
SESS O DE 9 .9 .2014.
Recommended