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Trabalho da conclusão de Curso de Formação de Oficiais sobre o sistema de metas usado na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro - estudo de caso na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro
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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DOM JOÃO VI
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
Áreas de Integração de Segurança Pública - As
técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução
dos indicadores de criminalidade na área da 33ª CISP
CARLOS MARTINS DA VEIGA AL OF PM
RODRIGO BENTO DA SILVA AL OF PM
Artigo Científico apresentado à Academia de Polícia Militar Dom
João VI para cumprimento de exigência da disciplina tal do Curso de
Formação de Oficiais.
ORIENTADOR DE CONTEÚDO
Major PM Jomar Silva
Rio de Janeiro outubro – 2010
2
Áreas de Integração de Segurança Pública - As
técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução
dos indicadores de criminalidade na área da 33ª CISP
CARLOS MARTINS DA VEIGA AL OF PM
RODRIGO BENTO DA SILVA AL OF PM
Resumo.Este artigo busca descrever as estruturas e divisões das Regiões Integradas de
Segurança Pública (RISP), Área Integradas de Segurança Pública (AISP)1 e Circunscrições
Integradas de Segurança Pública (CISP), bem como seus objetivos; apresentar as
características do geoprocessamento de dados como ferramenta da análise criminal aliado a
técnicas de análise criminal e métodos de resolução de problemas; e comparar os resultados
dessa metodologia de controle do delito, especificamente, no indicador estratégico de roubo
de rua (resultado da soma dos delitos de roubo a transeunte, roubo de celular e roubo em
coletivo) na área da CISP 33 ( área correspondente aos bairros de Campo dos Afonsos,
Deodoro, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo e Vila Militar) no primeiro trimestre
de 2009, antes da implantação do Sistema de Definição e Gerenciamento de Metas para os
indicadores estratégicos de criminalidade no território do Estado do Rio de Janeiro (SIM), e
no primeiro trimestre de 2010, depois da implantação do SIM. Para tanto foram
entrevistados: o Delegado de Polícia Civil Pedro Paulo Pontes Pinho, titular da 33ª Delegacia
Policial (DP.); o Capitão da Polícia Militar Marcus V. B. Lima, Comandante da Segunda
Companhia (Cia) do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM) responsável pela área que está
inserida a 33ª DP. ; o Major André Henrique de Oliveira Silva Chefe da seção de
planejamento de operações (P/3) do 14º BPM, onde são planejadas as ações operacionais para
a área da AISP 14; o Presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP)2, órgão responsável
por análises criminais e outros projetos na área de segurança pública, Tenente Coronel Paulo
Augusto Teixeira; e entrevistada também a Presidente da Associação de Moradores do Jardim
Sulacap, bairro que está inserido dentro da CISP 33, Sra. Eloisa Maria Massad. Optou-se pela
pesquisa bibliográfica descritiva. Ao longo do trabalho, pode-se perceber que esse modelo de
1 AISP trata-se da correspondência geográfica entre a área de um batalhão da PM (responsável pelo policiamento ostensivo e a preservação
da ordem pública) e uma ou mais circunscrições de delegacias da PC (exercendo funções de polícia judiciária e apuração de infrações
penais). 2 O ISP é uma autarquia criada em dezembro de 1999, para assegurar, gerenciar, executar a política de segurança pública do Estado do Rio
de Janeiro, elaborando o planejamento da força policial que mais atenda as necessidades da sociedade. O ISP está vinculado a secretaria de
Estado de segurança pública, mas tem receita própria e gestão descentralizada.
3
divisões em áreas de atuação de cada Batalhão e delegacias contribuiu para facilitar as
divisões de competências e diminuir as dificuldades históricas de trabalho em conjunto entre
as Polícias Civil e Militar; houve também uma mudança de perspectivas em relação aos
rumos da segurança pública, graças ao estabelecimento de metas claras e possíveis de serem
cumpridas e acompanhadas pela sociedade. Quanto ao uso do geoprocessamento, ficaram
nítidas as contribuições dessa ferramenta que possibilitou relacionar crimes com as
características dos locais que eles ocorreram, interrelacionando variáveis que antes não se
observava alguma relação pertinente. Aliado a isso, foi intensificado o uso de modernas
técnicas de resolução de problemas, métodos de melhoria de processos e avaliação de
resultados que antes, praticamente, só eram usados na iniciativa privada e que melhoraram
muito o controle da criminalidade. Consegui-se assim, a redução dos delitos tidos como
estratégicos na área da CISP 33, notadamente os de roubo de rua, que causavam forte
sensação de insegurança naquela comunidade e nas pessoas que tinham aquele local como
destino ou passagem obrigatória.
Palavras-chave: Áreas Integradas, ferramenta de Análise e controle de Delitos.
Resumen: Este artículo trata de describir las estructuras y las divisiones de las Regiões
Integradas de Segurança Pública (RISP), Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) y
Circunscrições Integradas de Segurança Pública(CISP), así como sus objetivos; presentar las
herramientas de análisis criminal y método de resolución de problemas; y comparar los
resultados de esta metodología de control del delito, específicamente, el delito de robo (suma
de los delitos de robo a transeúnte, teléfono móvil y el robo en autobús) de calle en la área de
la CISP 33 (área correspondiente a los barrios de Campo dos Afonso, Deodoro, Jardim
Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo y Vila Militar) en el primer trimestre de 2009, antes de
la implantación de este conjunto de técnicas, y en el primer trimestre de 2010, después de
esta implantación. Para tanto, fueron entrevistados: el Jefe de Policía Civil Pedro Paulo
Pontes Pinho, titular de la 33 ° Comisaría; Capitán de la Policía Militar Marcus V. B. Lima,
Comandante de la Segunda Compañía del 14° Batallón de Policía Militar (BPM) responsable
por el área que se inserta en el 33 ° Comisaría; el Major André Henrique de Oliveira Silva,
Jefe de la sección de planeamiento de las operaciones (P/3) del 14°; de donde son trazadas las
acciones operacionales para el área de la AISP 14; el Presidente del Instituto de Segurança
Pública (ISP), órgano responsable por análisis criminales y otros proyectos en el área de la
seguridad pública, Teniente Coronel Paulo Augusto Teixeira; y también se entrevistó el
Presidente de la Asociación de Residentes del Jardim Sulacap, barrio que se inserta en el
4
CISP 33 y en donde se encuentra la Academia de Policia Militar D. João VI(APM), la señora
Maria Eloisa Massad. Elegimos la pesquisa bibliográfica descriptiva. A lo largo de la obra, se
puede percibir que este modelo de divisiones en las áreas de actuación de cada Batallón y
Comisaría y ha contribuido para facilitar las divisiones de las competencias, como también
mejoró las dificultades históricas de trabajo conjunto entre la Policía Civil y Militar; hubo
también un cambio de perspectiva en relación a los rumbos de la seguridad pública, mediante
el establecimiento de objetivos claros y posibles de ser cumplidos y acompañados por la
sociedad. Unido a esto, se fue intensificado el uso de modernas técnicas de resolución de
problemas, métodos de mejoría de procesos y evaluación de los resultados que antes,
prácticamente, se utilizaron sólo en iniciativa privada y que mejoró significativamente el
control de la criminalidad. Se logra así, la reducción de los delitos considerados como
estratégicos en el área de la CISP 33, en particular las de robos callejeros, lo que causaban
fuerte sentimiento de inseguridad en la comunidad y la gente que tenía ese lugar como un
destino o pasaje obligatoria.
Palabras-llave: Áreas Integradas, herramienta de Análisis y control de Delitos.
Introdução. Hoje, vive-se na sociedade do conhecimento e as modernas técnicas de
planejamento e gestão não admitem mais decisões que não sejam baseadas em informações
precisas e confiáveis. Conforme já ensinava o estrategista “Conhece-te a ti a ao teu inimigo e,
em cem batalhas que sejam, nunca correrás perigo. Quando te conheces mas desconheces ao
teu inimigo, as tuas hipóteses de perder e de ganhar são iguais. Se te desconheces e a teu
inimigo também, é certo que em qualquer batalha correrás perigo.”(Tzu, pag.46), é
imprescindível saber quem estamos combatendo. Nesse contexto de busca por melhores
resultados, surgem em 1999, as Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) que se
caracterizam pela articulação territorial no nível tático-operacional entre a Polícia Civil e a
Polícia Militar, existem atualmente 40 AISP representadas pelos comandantes dos BPM e
pelos delegados das Delegacias Policiais das áreas. Seus objetivos são: padronizar a
metodologia para o planejamento e coordenação, controlar das ações operacionais a serem
desenvolvidas para atender com qualidade e custos adequados as necessidades e expectativas
da população. Para se entender melhor essa divisão basta dizer que cada Região Integrada de
Segurança Pública (RISP) Equivalente ao Comando de Policiamento de Área (CPA) –
Conjunto de AISP e cada (AISP) Equivalente ao Batalhão – Conjunto de Circunscrição
Integradas de Segurança Pública (CISP) – equivalente a integração de uma Circunscrição de
DP mais uma ou um conjunto de Cia PM (vide apêndice). Nesse contexto, o
5
geoprocessamento funciona como ferramenta da análise criminal aliado as modernas técnicas
de controle criminal e de resolução de problemas para se conseguir ver claramente as áreas
mais críticas, os tipos de delitos mais comuns, horários, vítimas mais vulneráveis e muito
mais dados que um banco de dados bem preciso e rico pode oferecer. Pode-se citar como
metodologias de análise e solução de problemas: Método SARA ou IARA; Diagrama de
Causa e Efeito ou de Ishikawa; Brainstorming; Hierarquização das Causas e o Ciclo - P D C
A. Com os resultados obtidos por essa metodologia na área da CISP 33 (área coberta pelo 14º
Batalhão de Polícia Militar- BPM e pela 33ª DP.) no período entre o primeiro trimestre de
2009 e primeiro trimestre de 20103 mostraram que houve redução nos delitos de roubo de rua
(composto pelos crimes de roubo em coletivo mais roubo a transeunte e roubo de celular) de
8,4%. Diante disso, surgem os seguintes questionamentos: Quais foram as vantagens da
utilização das ferramentas de geoprocessamento aliado as metodologias de controle criminal e
de resolução de problemas na segurança pública? Como é feito o controle criminal na CISP
33?
Desenvolvimento. As Áreas Integradas de Segurança Pública - A criação e implantação
das Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP)4, das Áreas Integradas de Segurança
Pública (AISP) e das circunscrições integradas de segurança pública (CISP) vieram na
tentativa de dar definição de responsabilidades por área e também à necessidade de se obter
maior efetividade das ações operacionais em uma mesma área de responsabilidade
territorial, garantindo-se unidade de propósitos e apoio mútuo entre as instituições de defesa
3 Tivemos o cuidado de, ao analisarmos os gráficos consideramos a sazonalidade para não interpretarmos as mesmas de forma imprecisa,
pois os índices criminais variam sazonalmente, logo, a recomendação da CAP (Coordenadoria de Análise de Policiamento) é que se
comparem períodos equivalentes de tempo em anos distintos, como por exemplo: o primeiro trimestre de 2009, com o primeiro trimestre de
2010, e também Comparar bairros com peculiaridades afins. Dependendo do crime e do período escolhido em um gráfico a ser comparado e
da metodologia utilizada, é possível fazer a manipulação tanto dizendo que a criminalidade está baixando ou aumentando, exemplo disto era
a notificação elevada de apreensão de armamento. Pode-se entender que há mais armas circulando ou que a atividade policial está mais ou
menos eficaz, logo, a polícia está reprimindo mais.
4 Existem no Estado, 18 AISP na capital (3 no centro composta pelas AISP 1, 5 e13; 7 na zona norte composta pelas AISP 3, 4, 6, 09, 16, 17
e 22; 03 na zona sul composta pelas AISP 02,19 e 23 e 05 na zona oeste composta pelas AISP 14, 18, 27, 31 e 39 ) e 22 em outros
municípios (06 na baixada fluminense composta pelas AISP 15, 20, 21, 24, 34, e 40; 02 na grande Niterói composta pelas AISP 7 e 12; 14 no
interior composta pelas AISP 08, 10, 11, 25, 26, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37 e 38). Em seguida foram criadas as RISP, que são 7 em todo o
estado 02 na capital ( RISP 01 composta pelas AISP 01, 02, 03, 04, 05, 06, 13, 16, 17, 19, 22, e 23; RISP 02 composta pelas AISP 09, 14, 18,
27, 31 e 39), e 05 em outros municípios ( RISP 03 composta pelas AISP 15, 20, 21, 24, 34 e 40; RISP 04 composta pelas AISP 07, 12, 25
e 35; RISP 05 composta pelas AISP 10, 28, 33 e 37; RISP 06 composta pelas AISP 08, 29, 32 e 36; RISP 07 composta pelas AISP 11, 26, 30
e 38).
6
social, com vistas na convergência de esforços (Decreto nº 41.930 de 25 de junho de 2009).
Podem ser definidas como “Circunscrições territoriais que agregam outras agências
prestadoras de serviços públicos essenciais sob a responsabilidade compartilhada e direta de
um batalhão da PMERJ e uma ou mais delegacias de Polícia Civil.” (Resolução SSP nº 263 de
26 de julho de 1999). Também visam a servir de base para definição de critérios de bom
desempenho das forças policiais, e opostamente, para penalização de condutas não desejadas.
A definição de AISP segundo o site do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro -
autarquia, com o objetivo de colaborar na promoção dos saberes comuns à Segurança Pública,
e a sociedade civil é a seguinte:
“Mais que uma nova divisão geográfica das áreas de atuação das Polícias Civil e
Militar, as AISP foram criadas em 1999, por meio de resolução do secretário de
Segurança Pública, para estreitar as relações entre as corporações e, assim, melhor
assistir à população. Em todo o estado são 40 AISP, cada qual representada pelos
comandantes dos batalhões da Polícia Militar e delegados titulares das delegacias
distritais. As AISP também instituíram um Conselho Comunitário de Segurança que,
juntamente com a força policial, fica responsável pela avaliação por área da
dinâmica criminal, observando ainda a incidência criminal, elucidação de delitos e
qualidade do serviço prestado pela polícia. Numa gestão participativa, a sociedade
é convidada a identificar os crimes mais comuns, discutindo soluções integradas e
acompanhando os resultados das medidas adotadas. Mensalmente, cada AISP
promove, ainda, um Café Comunitário para avaliações do policiamento com
representantes da sociedade.”( site do ISP- http://www.isp.rj.gov.br)]]]
Instituto de Segurança Pública que realiza convênios com municípios interessados em
serviços relacionados à segurança pública local, através de consultorias técnicas com produtos
adaptados às peculiaridades locais.
Art. 1º - Fica criado o INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO - RIOSEGURANÇA, com a finalidade de assegurar,
executar, gerenciar e administrar, de forma uni procedimental, por intermédio
das Polícias Civil e Militar, a política de segurança pública do Estado do Rio de
Janeiro, promovendo, ainda, o aprimoramento profissional dos membros
daquelas corporações.( Lei nº 3329 de 28 de dezembro de 1999- Criação do ISP)
Alguns desses projetos desenvolvidos que se destacam são projetos em parceria com a
comunidade, e com órgãos relacionados à segurança pública. Com as comunidades se
destacam os Conselhos Comunitários de Segurança que são entidades de apoio à Polícia
Estadual nas relações comunitárias, e se vinculam, por adesão, às diretrizes emanadas da
Secretaria de Segurança Pública, participam das decisões relativas às políticas de segurança
pública específicas para a localidade dando o retorno para as autoridades dos resultados
obtidos. Tem como característica ser consultivo, sendo formado por membros da própria
comunidade e representantes das polícias, é uma forma da comunidade recuperar a autonomia
7
nas decisões locais e compreender a complexidade dos assuntos relacionados à violência
entendendo que as questões de criminalidade não são resolvidas apenas com aumento de
policiamento nas áreas. E com os órgãos relacionados à segurança pública se destaca a análise
criminal.
As atividades de pesquisa e análise criminal têm por objetivo o levantamento
e tratamento de dados que subsidiem os agentes públicos de segurança na tomada
de decisões e no direcionamento de estratégias para o controle da violência e
criminalidade. Além disso, fornece relatórios estatísticos periódicos sobre a
situação da criminalidade constatada no estado que, ao serem publicados, podem
ser usados para o conhecimento de pesquisadores, da mídia e da população de uma
maneira em geral. (site do ISP- http://www.isp.rj.gov.br).
Foi ouvido também o Presidente do ISP, Tenente Coronel Teixeira, que detalhou o papel do
órgão que ele preside e suas contribuições. Frisou que o ISP fornece ferramentas de
monitoramento que contribuíram para a mudança de foco da repressão para a prevenção, essa
nova mentalidade tem dificuldades, sendo as principais: a resistência de alguns que não
querem sair da zona de conforto a mudar suas concepções e a estrutural, pois não há muitos
policiais habilitados ao trabalhar com os microdados5, ferramentas de informática e
geoprocessamento. Para diminuir esse problema, o ISP realiza cursos de capacitação para
policiais que se tornaram multiplicadores nas unidades em que servem. Assim, essa divisão
por áreas favoreceu a divisão de responsabilidades dos resultados, melhorou a integração das
polícias Civil e Militar e órgãos governamentais e não governamentais, criou um critério mais
objetivo para a premiação de bons resultados de desempenho. Há ainda algumas distorções,
mas esse sistema está em aperfeiçoamento contínuo tendo como aliado o ISP com seu papel
fundamental de análise de resultados e acompanhamento técnico.
O Geoprocessamento e os métodos de análise e resolução de problemas e a análise
criminal - Na prática, o geoprocessamento, ou geoinformação, é o uso de computadores e
mapas para se conseguir cruzar informação de uma determinada ocorrência em determinado
lugar, significa, antes de tudo, utilizar computadores como instrumentos de representação de
dados espacialmente referenciados. Deste modo, o problema fundamental da Ciência da
Geoinformação é o estudo e a implementação de diferentes formas de representação
computacional do espaço geográfico. O geoprocessamento se utiliza de técnicas matemáticas,
computacionais e geográficas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais.
Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados. Esses
5 Arquivo que contém informações que serão trabalhadas no processo de análise das ocorrências registradas
na Delegacia Policial.
8
sistemas são chamados de Sistemas de Informação Geográfica – SIG. Esses sistemas surgiram
na década de 60, no Canadá, mas seu uso foi inicialmente restrito a descobertas de recursos
naturais, uso que se estende até hoje em todo mundo. Um dos problemas que se enfrentavam
era a dificuldade de visualização dos dados representados devido aos recursos de informática
que não ofereciam resolução suficiente. Esse era um grande limitador, pois esse sistema tem
como grande diferencial a fácil compreensão dos fenômenos estudados devido ao seu
posicionamento no espaço, assim dependendo da escala era impraticável seu uso. Fora essa
questão, tinha-se a dificuldade com a mão de obra especializada e programas específicos. Para
se conseguir abastecer o banco de dado são precisos dados que devem partir de uma definição
clara de parâmetros e variáveis. Esses dados podem ser conseguidos em fontes confiáveis de
órgãos públicos como o IBGE, INCRA e prefeituras. Para complementação dos dados são
usadas técnicas de digitalização, fotogrametria, sensoriamento remoto, sistema de informação
geográfica (SIG) que possibilita a visualização espacial das ocorrências criminais sendo capaz
de orientar visualmente os gestores em segurança Pública sobre questões conexas a
criminalidade 6 e estatística descritivas
7 de dados utilizando-os de maneira a reprimir os
possíveis problemas e também o GPS (global position sistem – sistema de posicionamento
global).
O geoprocessamento pode ser definido, sucintamente, como o
tratamento da informação do espaço geográfico, seja através de
coordenadas, seja através de endereços com os recursos
computacionais. Envolve qualquer forma de manipulação de dado
geográfico. (VIEIRA, 2002, p1)
O geoprocessamento pode ser usado na atividade policial para se fazer uma análise criminal
onde se conseguirá ver claramente as áreas mais críticas. Pode-se perceber para onde se
desloca a “mancha criminal” adequando o policiamento as tendências de cada localidade. Para
se ter uma análise criminal é preciso, além de um banco de dados dos registros de ocorrências,
uma base cartográfica ou um mapa da região foco do estudo. A coleta da base cartográfica ou
construção do mapa digital pode ser realizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento
remoto. Os tipos de dados em geoprocessamento se dividem em: a) dados temáticos – que
demonstram uma grandeza geográfica distribuída, como no caso de mapas de vegetação no
6 Questões conexas ao crime e criminalidade, são as relações humanas de uma sociedade que não são enquadradas na taxonomia penal,
entretanto, influenciam de forma direta ou indireta na normalidade do convívio social saudável.
7 Possibilita apresentação de dados quantitativos de forma planejável viabilizando a descrição das variáveis, através de tabelas e gráficos.
9
espaço. b) dados cadastrais – cada um de seus elementos possui atributos e pode estar
associado a outras representações gráficas e escalas distintas. c) redes – está associado a
serviços como água, luz, telefone e rodovias, possui localização geográfica exata e está
associada a atributos descritivos do banco de dados. Câmara (2001, p.13 e 14). Um objeto
pode ser representado em um mapa por pontos, linha, polígonos etc. Esses elementos podem
estar ligados a vários atributos. Os atributos são as propriedades do objeto espacial, ou seja, é
a base de dados que define esse objeto. Quanto aos métodos para a resolução de problemas
usados na segurança pública, temos o auxílio de ferramentas de analise e processamento
destes dados e capacitação técnica dos policiais para atuar nas funções que envolvem
inteligência e analise criminal. O policiamento orientado para solução de problemas tem um
caráter pró-ativo e faz uso de ações propostas por pesquisadores acadêmicos e policiais,
propiciando uma interdisciplinaridade entre a teoria e a prática. O método SARA (sigla em
inglês) ou IARA8, ele é mostrado no gráfico abaixo:
Um número de medidas tem sido tradicionalmente usado pela polícia e pela
comunidade para avaliar o trabalho da polícia. Isso inclui o número de prisões,
nível de crime relatado, tempo de resposta, redução de taxas, queixa de cidadãos e
outros indicadores (...) um número de medidas não tradicional vão irradiar luz onde
o problema tem sido reduzido ou eliminado. (Curso Nacional de Polícia
Comunitária- SENASP/MJ. pag.152)
8 Esse método foi desenvolvido nos Estados Unidos da América em 1970 por pesquisadores e policiais como modelo de solução de
problemas em geral que pode ser usado para solução de problemas relacionados a crime e desordem. O primeiro passo deve ser a
identificação do problema e busca por um padrão; o segundo passo é a análise, tida como a mais importante, na qual deve ser reunido o
máximo de informação possível sobre o problema, não se apegando em causas óbvias do problema, que dariam um norte errado para todo o
processo; a terceira parte é desenvolver as respostas mais adequadas que devem observar os aspectos de custo/benefício, que podem nem
sempre serem as que apresentam resultados mais rápidos; a quarta e última etapa é a avaliação onde são contabilizados os resultados dos
esforços.
10
Outro método é o Diagrama de Causa e Efeito ou Ishikawa9, o diagrama que tem a forma de
espinha de peixe é um gráfico cuja finalidade é organizar o raciocínio e a discussão sobre as causas
de um problema. Segundo Maximiano ( 2008,p.194) Os problemas estudados por meio do diagrama
são enunciados como uma pergunta que tem a seguinte estrutura: ”por que ocorre este problema?”
ou “ quais as causas deste problema” . As causas são as condições que, em conjunto, aumentam a
probabilidade da ocorrência do problema. O gráfico modelo é representado abaixo:
Outra ferramenta que veio da iniciativa privada e está contribuindo muito com a segurança
pública é o Ciclo PDCA10
que foi desenvolvido por E.W. Deming, essa ferramenta é tão
importante que a norma ISO 9001 tem sua estrutura baseada nela, e deve ser aplicado quando
for necessário orientar a preparação e execução de atividades planejadas. Sua estrutura é a
seguinte:
Seus objetivos principais na segurança pública são:
Produzir as análises necessárias para o entendimento do problema; Identificar as
causas de sua ocorrência e/ou manutenção; Elaborar Planos de Ação para o
combate dessas causas com foco; Reportar os resultados alcançados, para que seja
possível padronizar aqueles que obtiveram sucesso ou estabelecer ações corretivas
9 A sequência de seu preenchimento é a seguinte: 1- reúnem-se todas as informações disponíveis sobre o problema; 2- preenche-se o
retângulo com as causas principais; 2- preenchem-se as espinhas médias com as causas secundárias; 3- destacam-se as causas mais
significativas e 3- nomeia-se o diagrama.
10
Pode-se resumir esse processo do seguinte modo: 1-planejar - o que será feito com respectivo custo e prazo. 2- fazer- momento da
execução. 3- Checagem ou medição- será avaliado se o resultado está de acordo com o previsto no planejamento. 4- Corrigir- será feito
mudanças onde não esteja de acordo com os resultados que se deseja.
11
CRIME
naqueles que não atingiram seus resultados esperados. (Manual de Procedimentos
para um Sistema de Metas - p.32)
Uma das aplicações que relaciona local com o crime é a ferramenta de análise criminal
“Triângulo para análise de problema”, ela trabalha com a premissa de que são necessários três
elementos para um problema policial acontecer: vítima, agressor e local. O TAP ajuda os
policiais na análise dos problemas, auxilia no controle e principalmente na prevenção
criminal. Esse esquema demonstra que se existe uma vítima, um ambiente e não há agressor,
não haverá crime. Isso mostra que parte da análise do crime está baseada na obtenção de
informações sobre o agressor, a vítima e o lugar. Assim se poderá entender o que está
acontecendo e o que se deve fazer para evitar o delito (SENASP/MJ Policiamento orientado
para o problema- módulo 3, pag.37). Exemplo:
TRIÂNGULO PARA ANÁLISE DE PROBLEMA
VÍTIMA AGRESSOR
AMBIENTE
Ao confeccionar o mapeamento de determinado crime, o analista criminal realiza o
mapeamento da região, em seguida o mapeamento da criminalidade em específico e por fim o
georeferrenciamento dos dados adquiridos nos bancos de dados, para poder orientar o
policiamento na prevenção e repressão ao fenômeno criminal, atentando para o horário, data
etc. propagando subsídios para que os gestores de segurança pública possam acompanhar a
“mancha criminal” adotando medidas preventivas para melhor proteger à sociedade. Este
processo teve como resultado a adoção de uma nova perspectiva no campo de atuação da
segurança pública, tornando o policiamento menos repressivo e mais preventivo. Segundo
Magalhães (2007) são três as vertentes de trabalho de produção do conhecimento voltada para
a gestão em segurança pública: análise criminal estratégica com produção do conhecimento
influenciado em longo prazo, com o intuito de identificar as tendências da criminalidade;
análise criminal tática, com produção do conhecimento influenciando em médio prazo e tem o
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escopo de fornecer subsídios para os profissionais de segurança pública que atuam na
atividade fim, identificando padrões de ações criminais; análise criminal administrativa com
produção de conhecimento voltada para o público alvo produzindo estatísticas de tendências
criminais e comparação de períodos e localidades. Segundo Lemgruber11
, são inúmeras as
fontes de aquisições de coleta de dados, devendo o profissional que vier a fazer uso das
mesmas, atentar para algumas questões que acometem este processo, como por exemplo, a
subnotificação dos dados policiais, sendo muita das vezes necessário lançar mão de fontes
alternativas como dados das seguradoras , DATASUS do ministério da saúde e censo
demográfico. Tradicionalmente, o fluxo de informações das organizações sociais é
descontínuo e restrito. As informações sobre a criminalidades circulam de forma parcial,
sejam internamente as próprias corporações, seja entre as corporações. No caso específico
dos policiais na América Latina, esse problema é intensificado pela dualidade organizacional
que separa as atividades de polícia judiciárias das atividades de polícia ostensiva e pela
fragmentação das ações entre suas unidades especiais, especializadas e de inteligência
(BEATO, 2005). Estes dados podem ser apresentados por intermédio de tabelas, gráficos
mapas de geoprocessamento, mapa de pontos e hot spots (áreas quentes). Por fim, fica nítido
que a análise criminal tem o escopo de coletar e analisar dados sobre a criminalidade fornecer
método, ordená-los para planejar ações e políticas em segurança pública, detectando o
“modus operandi” dos criminosos e seus respectivos alvos, para direcionar as ações policiais,
aplicando o conhecimento adquirido na conscientização da situação da segurança pública de
órgãos governamentais e não governamentais, como também da população em geral
subsidiando suas participações para gerir e executar estas ações. Assim, essas das técnicas de
geoprocessamento, métodos de resolução de problemas como o Ishikawa, IARA, Brainstorm,
PDCA e Triângulo de Análise do Problema possibilitaram um acompanhamento dos
resultados de modo mais científico e racional. Possibilitando assim, identificar fatores nem
sempre tão óbvios mas que causavam forte impacto nos resultados e propor soluções mais
específicas para cada situação ou área e, por conseqüência, mais eficazes.
Resultados alcançados na CISP 33 - Avaliando-se as estatísticas antes da implantação do
sistema de geoprocessamento aliados as técnicas de análise criminal e de resolução de
problemas, e analisando-se as estatísticas do primeiro trimestre de 2009 e do primeiro
11 Socióloga, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro
13
trimestre de 2010, nota-se a efetividade dessas técnicas ao seguir os chamados índices
estratégicos de criminalidade. Esses índices são estabelecidos no final de cada ano para o
ano subseqüente. São eles:
Art. 2º – os indicadores estratégicos de criminalidade (...) serão: i – homicídios
dolosos; ii – roubos de veículos; iii – latrocínio; iv – roubos de rua ( ...): a) a
transeuntes; b) em coletivos; c) de celulares.( Decreto nº 41.931de 25 de junho de
2009 - Dispõe sobre o sistema de definição e gerenciamento de metas para os
indicadores estratégicos de criminalidade do estado do rio de janeiro e dá outras
providências).
Os resultados alcançados na AISP 14 demonstraram redução de todos os índices
estabelecidos para o primeiro trimestre de 2010 em relação ao primeiro trimestre de 2009.
Segue abaixo os dados:
Delito 1º trimestre de 2009 1º trimestre de 2010 Redução
Homicídio doloso 86 41 - 45
Latrocínio 2 0 - 2
Roubo de veículo 472 437 - 35
Roubo de rua 1.426 1.307 -119 (8,4%)
Fonte: Instituto de Segurança Pública
O relatório publicado pelo ISP dá maiores detalhes:
Na AISP 14, comparando o trimestre de a janeiro, fevereiro e março de 2010 com o mesmo período de 2009, os delitos que tiveram maior redução absoluta foram: ameaça (com menos 139 vítimas ou 16,1%), roubo a transeunte (com menos 129 casos ou 10,6%) e roubo em coletivo (com menos 53 casos ou 40,8%).Entre os delitos que registraram maior aumento absoluto no período de janeiro, fevereiro e março de 2010 quando comparados ao mesmo período de 2009, estão: roubo de aparelho celular (com mais 63 casos ou 78,8%), roubo de carga (com mais 13 casos) e roubo a estabelecimento comercial (com mais 3 casos ou 5,4%). Em janeiro, fevereiro e março de 2010 o total de roubos diminuiu em 9,3% ou menos 204 delitos se comparado com o mesmo período do ano anterior. Os furtos diminuíram em 7,8% ou menos 110 delitos. O número de registros diminuiu em 663 ocorrências.
Em entrevista o Delegado responsável pela 33ª DP, o doutor Pedro Paulo Pinho, ressaltou que
os maiores problemas da área são esses crimes eleitos como estratégicos, eles causam forte
influência na sensação de segurança e estão sendo reduzidos gradativamente. Consultada
pelos realizadores desse trabalho, a presidente da Associação de Moradores do Jardim
Sulacap, Sr.ª Eloisa Massad, também elencou o roubo de rua como um dos principais
problemas que incomodam a comunidade, acrescentando também o tráfico de entorpecentes.
Perguntado sobre qual o maior problema na região, o Chefe da P/3 do 14º BPM, Major
Henrique, citou o problema do tráfico de drogas e enfatizou o esforço que tem feito para
conseguir cumprir as metas de redução do índice de roubo de veículos destacando, inclusive,
que em certas áreas abarcadas pela unidade, há preferência dos criminosos por certos modelos
14
de veículos de acordo com uso destinado (desmanche, “bondes”, para participação em outros
roubos de autos etc.). O Capitão Lima, Comandante da 2ª Companhia do 14º BPM, destacou
que atua de acordo com as metas estabelecidas para o trimestre, sempre com a participação
dos policiais que trabalham diretamente nas ruas. Explicou que usa a técnica de brainstorm na
qual o policial do setor relata o que tem observado no seu serviço e tudo é anotado e
posteriormente analisado, Esse processo é feito diante de um telão onde o policial visualiza
um mapa de seu setor de atuação com pontos representando os locais de cometimento de
delito, dessa forma, o policial fica ciente dos pontos onde ele deverá ter mais atenção e onde
está tendendo o deslocamento de “mancha criminal”. O Capitão Lima ressaltou também que
essa nova filosofia de trabalho tornou o policiamento mais objetivo e mais transparente na
prestação de contas à sociedade. Perguntada sobre a percepção de mudanças, a Sra. Eloisa
disse que via o policiamento feito pelas radiopatrulhas e pelo policiamento montado, mas,
segundo ela, a comunidade se sente mais segura com o policiamento comunitário que
possibilita maior contato e pode-se falar qualquer coisa que esteja acontecendo de estranho
no lugar. Ela lamenta também o fato de existirem pessoas, que seriam doentes mentais, nas
praças, sem assistência médica e que passam sensação de insegurança aos moradores que
precisam passar por perto. Quando perguntada o que seria preciso para as pessoas da região se
sentirem mais seguras, respondeu que não bastaria policiamento nas ruas, mais que as pessoas
teriam que ser mais educadas e não parassem carros nas calçadas, que as ruas fossem mais
bem iluminadas e que a polícia deveria ser acompanhada de outros setores do poder público.
A presença da Polícia Militar foi enaltecida quando recordou que um dos momentos mais
importantes para a comunidade é o da sua participação em desfiles cívicos com a comunidade
que, dessa forma, se sente protegida e prestigiada. Por sua vez, o Capitão Lima foi interpelado
sobre como é feita a integração com outros órgão governamentais além das polícias Civil e
Militar, informou que no Café Comunitário, realizado mensalmente no Batalhão, são
convidados além do Delegado da área e dos Capitães, que trabalham em conjuntos com estes
últimos, são chamados representantes da Guarda Municipal, ComLurb, CETRio dentre outros
órgãos que queiram comparecer. Essa tentativa de trabalho em conjunto reflete a moderna
concepção de controle de criminalidade que a polícia não deve mais ser entendida como única
responsável pelos resultados, positivos e negativos, mas que os índices alcançados e a
sensação de segurança é um somatório de vários fatores que não unicamente relacionados as
ocorrências criminais . Dessa forma, busca-se resolver os problemas de uma forma
democrática e dividindo responsabilidades. Com orgulho fez menção ao prêmio que a AISP
14 recebeu em 2009 por ter ficado em terceiro lugar no Estado no alcance das metas, fato que
rendeu uma premiação de quinhentos reais para cada policial, Civil ou Militar, da AISP 1412
.
Assim, consegui-se entre o primeiro trimestre de 2009 e primeiro trimestre de 2010 a redução
de todos os índices estratégicos e, especificamente, nos delitos de roubo a transeunte de 1.426
para 1.307(8,4%), que combinados com outras práticas de segurança públicas contribuíram
para o relativo aumento de sensação de segurança na região.
12 Artigo 1º- Os Policiais Civis e Militares em atividade, no efetivo serviço de suas funções, sempre que suas AISP, de que fazem parte, apresentarem redução dos indicadores de criminalidade, e/ou padrões de eficiência administrativa e/ou operacional, poderão fazer jus no mês
de apuração, a uma gratificação de R$ 500,00. (Decreto Nº 25.641 de 19 de outubro de 1999 do Rio de janeiro)
15
Conclusão. Ficou explícito no estudo que, as contribuições das AISP foram, divisão por áreas
delegando responsabilidades dos resultados, melhoria na integração entre as polícias Civil e
Militar e entre órgãos governamentais e não governamentais, criou-se um critério mais
objetivo para a premiação de bons resultados de desempenho e correção dos maus. Criou-se o
Conselho Comunitário de Segurança que é um canal permanente de comunicação entre a
sociedade e o poder público nos assuntos relativos à segurança pública, há ainda algumas
distorções, mas esse sistema está em aperfeiçoamento contínuo, o que não ofusca seus bons
resultados. Quantos as técnicas de análise criminal e de resolução de problemas, o
geoprocessamento consegue relacionar o lugar, suas características com os delitos dando uma
relação entre crime e ambiente que dificilmente se alcançaria de outro modo, como também
os métodos de resolução de problemas como o Ishikawa , IARA, Brainstorm, PDCA e
Triângulo de Análise do Problema possibilitaram um acompanhamento dos resultados de
modo mais científico e racional, diminuindo a subjetividade de quem avalia. Possibilitando
assim, identificar fatores nem sempre tão óbvios, mas que causavam forte impacto nos
resultados e propor soluções mais específicas para cada situação ou área e, por conseqüência,
mais eficazes. Na CISP 33, O tipo de policiamento também influenciou a percepção de
segurança, devido à propagação na mídia de ocupação pela polícia, de áreas que antes eram
dominadas pelo tráfico armado, foi relatado que o Policiamento Comunitário aumenta a
sensação de segurança. Também foi observada a relação do trabalho policial com outros
órgãos do poder público, ficando explicito que a segurança não é responsabilidade somente
das polícias, mas também de órgãos responsáveis pela iluminação pública, tapar buracos nas
estradas como também de todos os cidadãos. Estatisticamente, consegui-se entre o primeiro
trimestre de 2009 e primeiro trimestre de 2010 a redução de todos os índices estratégicos e,
especificamente, nos delitos de roubo de rua de 1.426 para 1.307(8,4%), que combinados com
outras práticas de segurança públicas contribuíram para o relativo aumento de sensação de
segurança na região, sendo assim positivas as contribuições das técnicas elencadas ao longo
do estudo.
Bibliografia
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Curso de Policiamento Orientado para o problema – SENASP/MJ-2009
Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária –SENASP/MJ- 2ª edição - 2007
Decreto nº 41.930 de 25 de junho de 2009 - Criação das AISP
Decreto nº 41.931 de 25 de junho de 2009 - Dispõe sobre o sistema de definição e
gerenciamento de metas para os indicadores estratégicos de criminalidade do estado do rio de
janeiro e dá outras providências.
http://www.isp.rj.gov.br/ - Acesso em 19 de setembro de 2010
16
http://www.policiacivil.rj.gov.br/ - Acesso em 11 maio de 2010
http://www.pmerj.org/ - Acesso em 11 de maio de 2010
Lei nº 3329 de 28 de dezembro de 1999- Criação do ISP
Resolução SESP nº 263 de 26 de julho de 1999 - Define os coordenadores das áreas
integradas de Segurança Pública.
Resolução SESP nº 415 de 26 de dezembro de 2000 – Desativou a 31ª DP.
Lemgruber, Julita. Maus Dados. Disponível em http: // www.cesec. ucam.edu.br/artigos/
midia_ body _ JL28.htm. acessado em 01-10-2010.
Referências:
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BEATO, C. Fontes de Dados Policiais em Estudos Criminológicos: Limites e Potenciais.
Fórum de Debates Criminalidade, Violência e Segurança Pública no Brasil: Uma Discussão
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17
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MAGALHÃES, L.C. Analise Criminal e Mapeamento da Criminalidade- GIS Anais do
Fórum Internacional de Gabinetes de Gestão Integrada, São Luis, Maranhão, novembro2007.
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MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: Da Revolução Urbana
à Era Digital, 6ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2008.
SOUZA, Nelson Gonçalves de. Integração de Sistema de Informação na Segurança Publica
do Distrito Federal: Um modelo de consenso e suas possibilidades. 2003. 192 p. Dissertação
(Mestrado em Gestão de conhecimento e da tecnologia da Informação)- Pró-reitoria de Pós-
graduação e Pesquisa, Universidade Católica de Brasília, Brasília- DF.
TZU, Sun. A Arte da Guerra – São Paulo, Editora Martin Claret, 2002.
VIEIRA, Adriano da Silva. Orientações para a implantação de um SIG municipal
considerando aplicações na área de segurança pública. Belo Horizonte. 2002. 48p.
Apêndice:
Gráficos das Regiões, Áreas e Circunscrição de Integração Geográfica em segurança pública
18
ESTRUTURA DAS AISP
AISP 14
ENTREVISTAS REALIZADAS:
Com o Ten. Cel. Teixeira – Presidente do ISP
1- Quais foram as contribuições do projeto de integração para a seg. pública ?
R: Fornecendo ferramentas de monitoramento e mudança de foco, buscou-se dar maior
a atenção prevenção.
2- Quais as expectativas do ISP?
R: Realizar cursos de capacitação para policiais utilizarem as ferramentas do ISP e agirem
como multiplicadores.
3- Quais são as normatizações?
R: Lei nº 3.329 de 28 de dezembro de 1999, Lei de criação do ISP e Decreto
19
Nº 41.930 de 25 de junho de 2009 – Criação das AISP.
4- Quais foram os principais óbices para a implantação do ISP?
R: Por se tratar de uma metodologia relativamente nova, não havia pessoal acostumado
a trabalhar com ela.
5- Quais as providências que foram tomadas para reverter tais obstáculos?
R: Capacitação de policiais através cursos para servirem de multiplicadores.
6- Falta algo mais?
R: Devido ao aumento da demanda, o sistema está chegando ao limite de oferta de
serviço e seria preciso aumento de efetivo. Nas Unidades, é preciso haver mais militares
habilitados a trabalharem com os dados fornecidos pelos ISP.
7- Quais são os principais desafios que o ISP enfrenta para realizar sua missão?
R: A estrutura menor que a demanda, falta de maiores detalhes nos dados recolhidos e a
resistência à mudança.
8- Como o ISP facilita a integração entre a Polícia Civil e a Militar do RJ ?
R: O fluxo de informações aumentou entre as instituições que estão compartilhando
mais dados através do ISP. Isso possibilitou um maior entrosamento entre os Batalhões e
Delegacias especializadas.
Com o Delegado titular da 33ª DP
1- Quais os principais óbices que a 33ª DP enfrenta para cumprir sua missão?
R: Recursos humanos, excesso de trabalho dificuldades nos incentivos.
2- Quais os maiores problemas desta área?
R: Crimes que diminuem a sensação de segurança como: homicídio, latrocínio e roubo de
rua.
3- Como atuam conjuntamente a 33ª DP e o 14º BPM?
R: Trabalha em conjunto com o comandante de Companhia que é um Capitão do 14º
BPM responsável pela área da CISP 33. Atuam compartilhando informações e executando
operações em conjunto.
4- Quais as contribuições do ISP para a área de atuação desta DP?
20
R: Estabelecimento de um programa de metas com objetivos claros e incentivos
financeiros.
5- Alguma sugestão de melhoria para o projeto?
R: Melhorias nos incentivos e nos ajustes de regiões quanto as atribuições de
competência.
Com o Chefe da P/3 do 14º BPM
1- Quais os principais óbices que a 14ª BPM enfrenta para cumprir sua missão?
R: Área extensa e com muitas comunidades carentes.
2- Qual o maior problema desta área?
R: Roubo de veículos.
3- Como atuam conjuntamente o 14º BPM. e a 33ª DP?
R: Cada Capitão Comandante de Companhia interage com o Delegado responsável pela
Delegacia da área, compartilhando informações e realizando operações conjuntas.
4- Quais as contribuições do ISP para a área de atuação deste BPM?
R: As informações fornecidas pelos ISP são usadas para a Unidade planejar as
operações, orientar os policiais sobre as ocorrências da área em que ele trabalha e os
índices estratégicos a serem alcançados pela Unidade.
5- Quais as suas expectativas com projetos?
R: Continuar o trabalho de redução dos índices de criminalidade através da aplicação
dessa ferramenta.
Com o Capitão Lima – Comandante da 2ª Cia do 14º BPM
1- Em que se baseava para estabelecimento das metas antes de 2009 e o que passou a
ser prioridade?
R: Priorizava-se a apreensão de armas e drogas. Hoje se prioriza a redução dos índices
estratégicos que são: homicídio doloso, latrocínio, rouba de veículo, roubo de rua.
2- O que o senhor acha dessa nova metodologia de análise de criminal e resoluções de
problema na segurança pública?
21
R: Os critérios ficaram mais objetivos, sente-se que é uma forma mais técnica, que
possibilita a visualização dos resultados e que atua de forma mais preventiva. A polícia
está ficando cada vez mais profissional e técnica.
3- Como os policiais que atuam diretamente nas ruas estão encarando essa forma de
analisar os dados e resolver os problemas?
R: A cada três semanas os policiais da 2ª Cia são reunidos para serem informados dos
índices da área e são convidados a dar sugestões sobre o policiamento de modo a
somar os dados obtidos ao conhecimento empírico sobre a região a ser policiada,
assim há uma maior participação do policial no planejamento das operações que serão
realizadas por ele.
4- Como a comunidade participa nas decisões?
R: Mensalmente é realizado no 14º BPM o Café Comunitário onde são reunidos
representantes de órgãos como a ComLUrb, CETRIO, Guarda Municipal, os Delegados
das áreas abrangidas pelo Batalhão e os Comandantes das Cia. No final das reuniões é
registrado na ata as reclamações e as medidas que serão tomadas por cada órgão.
5- Como é o trabalho conjunto com Polícia Civil?
R: O Delegado Paulo Pinho realiza algumas operações de acordo com os delitos que
possam estar merecendo mais atenção. Por exemplo, nessa área tínhamos o número
de roubo de veículo elevado e foi preciso dar maior ênfase na operação AREP 3 (
comumente chamada de blitz), ela foi realizada conjuntamente com a 33ª DP. e em
separado. Como resultado, conseguiu-se diminuir muito esse índice nesse trabalho
conjunto. Alem das reuniões regulares nos Cafés Comunitários, há uma troca de
informações constante entre as unidades. Deve-se ressaltar a importância da Polícia
Civil no registro das ocorrências, pois os dados que são coletados pelo agente quando a
vítima descrever os fatos e agressores serão fundamentais para formar um banco de
dados para o planejamento das operações.
6- Qual ferramenta de resolução de problemas é mais comumente usada?
R: Brain storm, os policiais do setor sugerem mudanças no policiamento e estudamos o
que pode ser aplicado em conjunto.
22
7- Como é feito o policiamento na área da CISP 33?
R: Temos uma viatura responsável pelo setor. Como apoio na parte da manhã, há duas
moto patrulha e na parte da tarde o policiamento à cavalo faz a cobertura de locais
estratégicos onde houve ocorrências de roubo a transeunte.
8- Quais foram os avanços conseguidos?
R: No segundo semestre de 2009, a AISP 14 alcançou o 3º lugar no Estado e recebeu
um prêmio de 500 reais para os policiais pelo cumprimento de metas.
Com a senhora Eloisa Maria Massad – presidente da Associação de Moradores de
Jardim Sulacap.
1- Como a comunidade participa dos assuntos ligados a segurança pública?
R: De duas formas: mensalmente no Café Comunitário onde nos reunimos com o
Comandante do Batalhão, o Delegado da área e o Comandante da 2ª Companhia; e
na última sexta-feira de cada mês fazemos uma reunião onde os moradores
discutem assuntos prioritários. Quando falamos de segurança pública convidamos
representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar. Temos uma ficha que nós
informamos os problemas e damos sugestões para o Batalhão e para a Delegacia.
2- Como a comunidade está se sentindo em relação à segurança pública?
R: Nós vemos o policiamento a cavalo, as viaturas circulando, mas nos sentimos
mais seguros com o policiamento comunitário, pois temos a chance de sermos
ouvidos mais de perto pelo policial.
3- Onde a senhora acha que deve melhorar para a comunidade se sentir mais segura?
R: Não é suficiente a polícia fazer patrulhamento, as ruas devem ser mais
iluminadas e existem pessoas com problemas mentais que ficam nas praças que
não encontramos nenhum órgão público para cuidar delas. Temos problemas
também para circular em algumas ruas que ficam muitos carros estacionados em
frente a casas de show, onde ficam pessoas alcoolizadas nas ruas dificultando a
passagem e aumentando o risco de assaltos.
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4- Quais são os problemas que mais incomoda a comunidade e como acha que
poderia ser resolvido?
R: Roubo à transeunte e tráfico de drogas. Acreditamos que poderia ser resolvido
usando-se o policiamento comunitário.
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