View
224
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
1/14
Aline Reis Msicas Shows
QUARTA-FEIRA, 26 DE MAIO DE 2010
DIALOGANDO COM FREIRE E BOAVENTURA SOBREEMANCIPAO HUMANA, MULTICULTURALISMO EEDUCAO POPULAR
DIALOGANDO COM FREIRE E BOAVENTURA SOBRE EMANCIPAO
HUMANA, MULTICULTURALISMO E EDUCAO POPULAR
Maria do Amparo Caetano de Figueiredo
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de refletir as concepes de emancipao e
multiculturalismo apresentadas por Paulo Freire e Boaventura dos Santos.
Portanto, este dilogo busca dar visibilidade s prticas onde o ser humano
possa ter o direito de ser, de se expressar nos seus potenciais,
capacidades e diferenas, contemplar na ao educativa o respeito e avalorizao das diferenas sejam elas de raa, gnero, cor, etnia.A partir
dessas reflexes, quero trazer tona o papel desenvolvido pela educao popular
no processo instituinte de aes emancipatrias num contexto multicultural. Nessa
perspectiva, estes autores tm contribudo para fortalecer as concepes e
prticas no campo da educao popular, que vem sendo gestadas e nutridas por
um projeto de sociedade emancipada.
Palavras - chave: Emancipao Humana - Multiculturalismo - Educao Popular
INICIANDO O DILOGO
H um sculo e meio Marx e Engels gritavam em favor da unio das classes
trabalhadoras do mundo contra sua espoliao. Agora, necessria e urgente se
fazem a unio e a rebelio das gentes contra a ameaa que nos atinge, a da
negao de ns mesmos como seres humanos submetidos fereza da
tica do mercado. (FREIRE, 1998).
Nesse novo milnio estamos vivendo diante de um grande paradoxo: ao
Participar deste siteGoogle Friend Connect
Membros (96) Mais
J um membro? Fazer login
SEGUIDORES
2012(2)
2011(190)
2010(1069)
Dezembro(38)
Novembro(59)
Outubro(70)
Setembro(63)
Agosto(93)
Julho(121)
Junho(169)
Maio(116)
IBERESCENA
baixar musicas?
BIBLIOTECA ALCEU
ARQUIVO DO BLOG
0 mais Prximo blog Criar um blog Login
http://alinereiss.blogspot.com.br/p/aline-reis.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/p/musicas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/p/shows.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://www.blogger.com/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_10_01_archive.htmlhttp://void%280%29/http://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2013-01-01T00:00:00-08:00&max-results=2http://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/p/musicas.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/biblioteca-alceu-amoroso-lima.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.htmlhttp://www.blogger.com/home#createhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/p/shows.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/search?updated-min=2011-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2012-01-01T00:00:00-08:00&max-results=50http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/p/aline-reis.htmlhttp://void%280%29/http://void%280%29/https://www.blogger.com/next-blog?navBar=true&blogID=4996234592234557110http://void%280%29/http://www.blogger.com/http://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/search?updated-min=2010-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2011-01-01T00:00:00-08:00&max-results=50http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/baixar-musicas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/iberescena.html7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
2/14
mesmo tempo em que avanamos com relao ao progresso tecnolgico,
por outro lado, caminhamos num sentido quase inverso s nossas
capacidades de garantir um norte tico e emancipatrio para a nossa vida
em coletividade. Estamos diante de uma sociedade cada vez mais
globalizada, tecnologicamente avanada. Contraditoriamente, a maioria da
populao vive submetida a processos de excluso e violncia sem
precedentes. H uma tica que atende muito mais aos interesses do
mercado, do que a espcie humana. Tem-se o desenvolvimento da cincia, e
ao mesmo tempo, a banalizao da vida, a desumanizao do ser.
Paulo Freire e Boaventura dos Santos apresentam crticas ao projeto deglobalizao e as polticas neoliberais excludentes que se consolidam em nvel
nacional e internacional. Nesse sentido, Freire reflete sobre o papel e o
compromisso da cincia e a da tecnologia. A todo avano tecnolgico
haveria de corresponder o empenho real de resposta imediata a qualquer
desafio que pusesse em risco a alegria de viver dos homens e das
mulheres (FREIRE, 1998, p.147).Uma cincia e tecnologia a servio do
processo de emancipao humana. Por outro lado, Boaventura defende uma
globalizao contra-hegemnica, ou seja, uma globalizao condizente com um
projeto de sociedade que respeite as culturas locais, multicultural e emancipada.
Assim, neste contexto da globalizao hegemnica, a educao muitasvezes se encontra pouco vigorosa para dar a sua contribuio no processo
de emancipao humana.Diante dessa situao, as idias sobre emancipao
precisam ser (re)discutidas, atravs de um debate terico que contemplem os
dilemas e as perspectivas da emancipao da humanidade frente s novas
configuraes societrias institudas. O desafio a construo de propostas
concretas para superar dialeticamente os processos socioculturais
desumanizantes construindo, igualmente, novas bases filosfico-cientficas
capazes de orientar um projeto emancipatrio de sociedade (ZITKOSKI,
2003, p.1).Portanto, a elaborao desse texto nasce do desejo e da necessidade
de estar refletindo as perspectivas de uma sociedade emancipada que contemple
o multiculturalismo, identificando as possibilidades e os limites que as prticasemancipatrias colocam para a Educao Popular. Inicio o ensaio a partir do
debate com Paulo Freire sobre emancipao e multiculturalismo. Posteriormente,
apresento as reflexes desenvolvidas por Boaventura dos Santos sobre o projeto
de sociedade emancipada e multicultural, enquanto um projeto contra-hegemnico
diante do atual estgio do capitalismo globalizado. Feitas essas reflexes
conceituais, abordo os desafios, limites e perspectivas presentes no campo da
Educao Popular, vislumbrando a instituio de uma sociedade emancipada. A
educao popular, pelo dilogo, caminha para a superao das formas
existentes de opresso, uma pedagogia emancipatria... Uma pedagogia
orientada pela interpretao do mundo, considerando que todos se educam
pelo dilogo, intersubjetivamente.(MELO NETO, 2004, p. 176).
Encontro-me, pois, no desafio de realizar uma provocao terica-prtica sobre os
desafios e as perspectivas de emancipao da humanidade, sem a pretenso de
esgotar ou at mesmo concluir este debate. Encontro-me tambm mobilizada
pelo desejo de tentar processar as possibilidades da atividade da educao
popular nessa empreitada emancipatria.Enfim, escrever sobre a
emancipao humana discorrer sobre um conjunto de aes, utopias, lutas,
sonhos, projetos, aes humanas em busca da felicidade, da justia, da liberdade
e da fraternidade.
SOBRE O CONCEITO DE EMANCIPAO E MULTICULTURALISMO
Para desenvolver o debate sobre emancipao buscarei me fundamentar nopensamento de Paulo Freire e Boaventura dos Santos, atravs das suas
construes tericas sobre estes.
Segundo o Dicionrio do Pensamento Marxista, o conceito de emancipao
AMOROSO LIMA
Malpertuis
Um estudo crtico da relaoentre ser humano e na...
Transformar com Arte?
DIALOGANDO COMFREIRE E BOAVENTURASOBRE EMANCIPA...
Grcia de Alice
Dialtica do virtual
Brasil Desconstruido
Um beb na Indonsia, comdois anos de idade,fuma...
Hello Nietzsche
Nietzsche e a Grcia
Eurnome
Deusa-Me
Modos -
Uiiii
Alexan dre Orion
Rothko
Pollock
Basquiat
Grafite
Mdicos brasileiros pedemlegalizao da Maconha
Delicadeza
Ceclia Meireles
Projeto Ficha Limpa: serque agora vai?
A farsa da nao indgena
Selo Vigilante
Alice no Pas dasArmadilhas
myspace
C Tambm Cultura???
A Fsica Quntica e oCotidiano Comum
Introduo a Universosparalelos realmenteexistem...
C Tambm Cultura!!!
Verdade...
Espao Telezoom
A men ina que tomou guasanitria para ficar branc...
Educao para adiversidade
Prefeitura descumpre acordo
http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/modos.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/nietzsche-e-grecia.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/delicadeza.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/cu-tambem-e-cultura.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/introducao-universos-paralelos.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/myspace.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/menina-que-tomou-agua-sanitaria-para.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/biblioteca-alceu-amoroso-lima.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/pollock.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_8539.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/grafite.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/espaco-telezoom.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/hello-nietzsche.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/alice-no-pais-das-armadilhas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/grecia-de-alice.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/por-glaucus-noia.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/medicos-brasileiros-pedem-legalizacao.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_18.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/cu-tambem-e-cultura_15.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/transformar-com-arte.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/eurinome.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_3390.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/projeto-ficha-limpa-sera-que-agora-vai.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/um-bebe-na-indonesia-com-dois-anos-de.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/malpertuis.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/cecilia-meireles.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/alexandre-orion.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/fisica-quantica-e-o-cotidiano-comum.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/uiiii.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/deusa-mae.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/rothko.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/selo-vigilante.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/verdade.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/dialetica-do-virtual.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/prefeitura-descumpre-acordo-e-leva.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/basquiat-grafite.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/educacao-para-diversidade.html7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
3/14
tem a ver com a liberdade em nvel da supresso dos obstculos
emancipao humana, ou seja, ao mltiplo desenvolvimento das
possibilidades humanas e a criao de uma nova forma de associao
digna da condio humana.Dentro da comunidade ter cada indivduo os
meios de cultivar seus dotes e possibilidades em todos os sentidos (MARX, apud
BOTTOMORO, 1997, p.124). Assim, quanto tratarmos da concepo de
emancipao, em alguns momentos do texto, vamos fazer referncia aos
conceitos de liberdade e de emancipao como termos aproximados.
No entanto, situarei brevemente a origem e a evoluo do conceito de
emancipao, sobretudo por compreender que as concepes desses autores sereferenciam tambm nesta histria.
Segundo Pogrebinschi (2004), a origem do conceito de emancipao, em sua
formulao latina original emancipatio, deriva de e manu capere, enquanto ato
jurdico atravs do qual o paterfamilias da Repblica Romana tinha autorizao
para libertar seu filho do ptrio poder. Este conceito retomado pelo projeto do
iluminismo, atravs dos iderios de liberdade e igualdade, inspiradores da
Revoluo Francesa. Nesse contexto, o conceito de emancipao tambm
aprestado na perspectiva de auto-emancipao, passando a ser ao do prprio
sujeito. Portanto, se na Roma republicana a autoridade que proporcionava a
emancipao era o paterfamilias, na Idade Mdia ela passa a ser o direito
emanado do Estado, tem-se, portanto, a emancipao no campo pblico, poltico.O Estado representa o agente emancipatrio, ou seja, um instrumento de
realizao da emancipao. Entretanto, no sculo XIX, o Estado constitui o
prprio objeto de emancipao, ou seja, a origem da opresso da qual se
deseja emancipar. No entanto, somente em Marx o conceito de
emancipao se libertar do Estado.Assim, em A questo judaica (1978), Marx
estabelece uma distino entre os conceitos de emancipao poltica e
emancipao humana. A emancipao poltica se configurou pela superao da
forma de sociabilidade feudal, em que o modo de produo estabelecia uma
desigualdade jurdica e poltica explcita entre as classes sociais. Portanto, a
emancipao poltica, no extingue, antes solidifica a desigualdade social. No
obstante, para Marx, a emancipao poltica para o seu contexto, representa umgrande progresso. certo que no a ltima forma da emancipao humana,
mas a ltima forma da emancipao humana na ordem do mundo actual.
Entendamo-nos: falamos da emancipao real, da emancipao prtica. (MARX,
1978, p. 23).
Dessa forma, o marxismo torna-se herdeiro de um conceito mais frtil e mais
amplo de emancipao: emancipao humana geral, enquanto a mais elevada
expresso das potencialidades humanas. A emancipao humana s realizada
quando o homem reconheceu e organizou as suas prprias foras como foras
sociais, deixando, pois de separar de si a fora social sob a forma de fora poltica
(MARX, 1978, p.46). Nesse sentido, pauta sua obra no conhecimento e crtica
sociedade burguesa, vislumbrando alternativas, caminhos, aes instituintes de
emancipao da espcie humana.
O conceito de emancipao tambm foi constituinte do projeto dos pensadores da
Teoria Crtica ou Escola de Frankfurt. Estes pensadores desenvolveram nos seus
estudos profundas crticas e alternativas a sociedade de suas poca e, sobretudo
diante da no efetivao de uma sociedade emancipada, inclusive no contexto do
chamado socialismo real. A Escola de Frankfurt foi criada na Alemanha em 1923.
Constituiu um grupo de intelectuais que formularam uma teoria social especfica,
de inspirao marxista Contudo, no permaneceu na Alemanha, pois foi
transferida para os Estados Unidos em 1933, onde permaneceu at 1950,
retornando ao pas origem. Seus principais representantes foram: Theodor
Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Jrgen Habermas.
Adorno realiza uma conversao com Hellmut Becker e Gerd Kadelbach (1969)
sobre o processo educacional e a prtica emancipatria. Adorno recoloca o
desafio de no mnimo fazer oposio barbrie, a partir de uma educao que
e leva tenso para Vil...
CICAS
escorpio
Blog do Thomas
Jader Fontenelle Barbalho
CPI dos CARTRIOS J...
Mataram Irm Dorothy
ENFFIPEMA
A capoe ira a partir daabordagem crtico-superador...
LIvro - ConstruoSustentavel
Construes maissustentveis esto empauta
Construo Sustentavel
O carro movido a guaAlice no Pas das
Armadilhas na Feira daPompia
Boa tarde a tod@s!
Futebol
Macaxeira
Ataaa
Confuso...
Zorba - A civilizao nasceuerrando...
varrer as esfinges dasencruzilhadas
?
Ciberativismo
EUA revelam pela 1 veztotal de ogivas nucleares
Redes de solidariedade,voluntariado eciberativis...
Felipe de Campos d. Vaz
A arte das musas
Abril(69)
Maro(84)
Fevereiro(97)
Janeiro(90)
2009(310)
http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/mataram-irma-dorothy.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/alice-no-pais-das-armadilhas-na-feira.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/boa-tarde-tods.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/ataaaa.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/ciberativismo.htmlhttp://void%280%29/http://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/redes-de-solidariedade-voluntariado-e.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/macaxeira.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/enff.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/felipe-de-campos-d-vaz.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/livro-construcao-sustentavel.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/ipema.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/o-carro-movido-agua.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/jader-fontenelle-barbalho.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_04_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/eua-revelam-pela-1-vez-total-de-ogivas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/cpi-do-cartorios-ja.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/construcao-sustentavel.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_04.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/construcoes-mais-sustentaveis-estao-em.htmlhttp://void%280%29/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/zorba-civilizacao-nasceu-errando.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/varrer-as-esfinges-das-encruzilhadas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-do-thomas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010_02_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/confusao.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/escorpiao.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/search?updated-min=2009-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2010-01-01T00:00:00-08:00&max-results=50http://alinereiss.blogspot.com.br/2010_01_01_archive.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/futebol.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/capoeira-partir-da-abordagem-critico.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/prefeitura-descumpre-acordo-e-leva.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/arte-das-musas.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/cicas.html7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
4/14
promova a emancipao.
EMANCIPAO E MULTICULTURALISMO EM PAULO FREIRE
Freire em toda a sua obra, deixa claro sua prpria posio na sociedade, na
educao, na vida, diante do outro, diante dele mesmo. Ele sempre nos desperta
para refletir sobre os limites da educao. Entretanto, destaca fundamentalmente
o papel que temos e a responsabilidade de assumi-lo bem, na construo de uma
sociedade mais democrtica e humana. Nesse sentido, Freire reconhece que o
projeto de emancipao humana s ser efetivado na sociedade socialista.Freire reconhece assim como Marx, o progresso da emancipao poltica, no caso
de Freire, a vivencia da cidadania, mas considera que s com a instituio do
socialismo possvel a emancipao geral da humanidade. Para Freire, o
contexto atual nos possibilita projetar novas experincias socialistas,
transcendendo ao modelo negativo do socialismo sovitico, assim como o
paradigma autoritrio do chamado socialismo real:
O discurso contra a utopia socialista o discurso liberal ou neoliberal
necessariamente e obviamente enaltece o avano do capitalismo. Eu me recuso a
pensar que se acabou o sonho socialista porque constato que as condies
materiais e sociais que exigiram esse sonho esto a. Esto a a misria, a
injustia e a opresso. E isso o capitalismo no resolve a no ser para umaminoria. Eu acho que nunca, nunca na nossa Histria, o sonho socialista foi to
visvel, to palpvel e to necessrio quanto hoje, embora, talvez, de muito mais
difcil concretizao. (FREIRE, 2001, p. 209).
Nesse sentido, a emancipao humana no acontecer por eventualidade,
por concesso, mas ser uma conquista efetivada pela prxis humana, que
demanda uma luta ininterrupta.Assim, Freire no defende uma libertao
enquanto ponto ideal, fora dos homens, ao qual inclusive eles se alienam. A
liberdade condio imprescindvel ao movimento de busca em que esto
inscritos os homens como seres inconclusos... A libertao, por isto, um
parto[...] O homem que nasce deste parto um homem novo que s
vivel na e pela superao da contradio opressores-oprimidos, que alibertao de todos (FREIRE, 1991, p.35).
De tal modo que a superao dessa contradio um processo que traz ao
mundo novos seres, no mais opressores, nem oprimido, mas homem libertando-
se. Nesse contexto, A pedagogia do oprimido (1991), constitui a pedagogia dos
homens e das mulheres empenhando-se na luta por sua emancipao. A origem
da pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, deixa de ser
do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente
libertao. (FREIRE, 1991, p. 41).
Destarte, o processo de emancipao humana na perspectiva de Freire contempla
o processo de humanizao tanto do oprimido quanto do opressor. Essa luta
unicamente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem reconstruir sua
humanidade, no se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato,
opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade de ambos. E a
est a grande tarefa humanista e histrica dos oprimidos libertar-se a si e
aos opressores.(FREIRE, 1991, p.30):
A desumanizao, que no se verifica apenas nos que tm sua humanidade
roubada, mas tambm, ainda que de forma diferente, nos que a roubam,
distoro da vocao do ser mais... Na verdade, se admitssemos que a
desumanizao vocao histrica dos homens, nada mais teramos que fazer, a
no ser adotar uma atitude cnica ou de total desespero. A luta pela humanizao,
pelo trabalho livre, pela desalienao, pela afirmao dos homens como pessoas,
como seres para si, no teria significao. Esta somente possvel porque adesumanizao, mesmo que um fato concreto na histria, no , porm, destino
dado, mas resultado de uma ordem injusta que gera a violncia dos opressores e
esta, o ser menos. (FREIRE, 1987, p.30).
Assim, emancipao na perspectiva de Freire apropriar-se e experimentar o
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
5/14
poder de pronunciar o mundo, a vivncia da condio humana de ser protagonista
de sua histria. Freire nos possibilita um projeto de educao popular que almeja a
libertao, humanizao e emancipao humana. Sua pedagogia caminha em
torno de uma ontologia social e histrica. Ontologia que, aceitando ou postulando
a natureza humana como necessria e inevitvel, no a entende como uma a
priori da Histria. A natureza humana se constitui social e historicamente.
(FREIRE, 2000, p.119). A emancipao consiste num fazer cotidiano e histrico
permeado de desafios, sonhos, utopias, resistncias e possibilidades.
Vocacionado Liberdade, o ser humano busca responder atravs de sua
disposio de cavar, sem cessar, espaos de autonomia, em vista de um renovadocompromisso com a causa emancipatria, seja no plano pessoal, seja no mbito
coletivo (CALADO, 2001, p. 55). Freire busca realizar o sonho poltico a favor da
emancipao humana. Esta tarefa, no entanto, no pode ser proposta pela classe
dominante. Deve ser cumprida por aqueles que sonham com a reinveno da
sociedade, a recriao ou reconstruo da sociedade. (FREIRE, 2001, p.49).
Libertao e opresso, porm, no se acham inscritas, uma e outra, na histria,
como algo inexorvel. Da mesma forma a natureza humana, gerando-se na
histria, no tem inscrita nela o ser mais, a humanizao, a no ser como vocao
de que o seu contrrio distoro na histria... Homens e mulheres, ao longo da
histria, vimo-nos tornando animais deveras especiais: inventamos a possibilidade
de nos libertar na medida em que nos tornamos capazes de nos perceber comoseres inconclusos, limitados, condicionados, histricos. Percebendo, sobretudo,
tambm, que a pura percepo da inconcluso, da limitao, da possibilidade, no
basta. preciso juntar a ela a luta poltica pela transformao do mundo. A
libertao dos indivduos s ganha profunda significao quando se alcana a
transformao da sociedade. (FREIRE, 1997, p. 100).
Assim, no contexto da sociedade capitalista, h muitos limites ao processo
de emancipao humana. Esta emancipao ser sempre um processo em
construo, um devenir. Nesse sentido, a emancipao humana no
pensamento de Freire um vivenciar cotidiano, no um projeto a ser
concretizado somente num futuro longnquo, inclusive para ser construdoe vivido por outros. Portanto, as prticas emancipatrias da humanidade se
efetivaro ao mesmo tempo no cotidiano e na histria. Ocorre em casa, nas
relaes entre pais, mes, filhos, filhas, na escola, nas relaes de trabalho,
no importa o seu grau, afirma Freire (2000), o essencial se sou uma
pessoa coerentemente progressista. Nesse sentido, a educao popular
constitui um dos espaos fundamentais que possibilita aos seres humanos
ir exercitando o processo de emancipao individual e coletiva. Assim, na
perspectiva freireana, a emancipao inclui a vivncia das necessidades
matrias e subjetivas, contempla a festa, a celebrao, a alegria de viver:
Essa educao para a liberdade, essa educao ligada aos direitos
humanos nesta perspectiva, tem que ser abrangente, totalizante ela tem
que ver com o conhecimento crtico do real e com a alegria de viver.E no
apenas com a rigorosidade da anlise de como a sociedade se move, se mexe,
caminha, mas ela tem a ver tambm com a festa que vida mesma. Mas preciso
fazer isso de forma crtica e no de forma ingnua. Nem aceitar o todo-
poderosismo ingnuo de uma educao que faz tudo, nem aceitar a negao da
educao como algo que nada faz, mas assumir a educao nas suas limitaes
e, portanto, fazer o que possvel, historicamente, ser feito com e atravs,
tambm, da educao. (FREIRE, 2001, p. 102).
Neste aspecto, Freire argumenta contra a concepo bancria de educao. Uma
educao que no promove a emancipao, ao contrrio, reduz o ser humano ao
autmato, que constitui a negao de sua ontolgica vocao de ser mais. Umaconcepo de homem como ente vazio a quem o mundo encha de contedos,
constitudo numa conscincia particularizada, mecanicistamente compartimentada:
Na concepo bancria que estamos criticando, para a qual educao o ato de
depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos, no se verifica nem
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
6/14
pode verificar-se esta superao. Pelo contrrio, refletindo a sociedade opressora,
sendo dimenso da cultura do silncio a educao bancria mantm e
estimula a contradio. (FREIRE, 1987, p. 59).
Freire desenvolve uma concepo dialgica da educao fundamentada numa
compreenso problematizadora do ato de conhecer e a intencionalidade de mudar
o mundo. Freire prope uma educao que, eliminada a roupagem alienada e
alienante, consista em uma fora de transformao, emancipao e libertao
humana.(FREIRE, 1987). A sociedade que a est impe sua cultura, linguagem,
sintaxe, semntica, gostos, sonhos, projetos de classe dominante. Como exemplo,
Freire cita a imposio da escola: por isso que no h verdadeiro bilingismo, muito menos multilingismo, fora da
multiculturalidade e no h esta como fenmeno espontneo, mas criado,
produzido politicamente, trabalhado, as duras penas, na histria... a criao
histrica que implica deciso, vontade poltica, mobilizao, organizao de cada
grupo cultural com vistas a fins comuns. Que demanda, portanto, uma certa
prtica educativa coerente com esses objetivos. Que demanda uma nova tica
fundada no respeito s diferenas. (FREIRE, 1997, p.157).
Desse modo, o projeto de emancipao humana defendido por Freire, contempla
a questo do multiculturalismo. O direito e o respeito s diferenas constitui um
dos aspectos abordados por Freire, principalmente nos seus ltimos trabalhos.
Segundo Freire (1997, p.156), refletir sobre a multiculturalidade constitui um temaque demanda uma anlise crtica da sua constituio. A multiculturalidade no se
constitui da justaposio de culturas, muito menos no poder exacerbado de uma
sobre as outras, mas na liberdade conquistada, no direito assegurado de mover-se
cada cultura no respeito uma da outra. Assim, numa sociedade com perspectivas
de emancipao multicultural, o desafio consiste em estabelecer uma anlise
crtica das prticas educativas, com o intuito de no se confundir uma justaposio
de culturas com o multiculturalismo.
Portanto, a perspectiva multicultural freireana se expressa enquanto a concretude
de um dilogo crtico entre as culturas, potencializando ao mesmo tempo aes
que vislumbrem formas mais humanas de convivncia e de crescimento individual
e coletivo de todos os seres humanos. Refere-se a processos educativos queefetivamente contribuam com a construo da humanidade do ser humano, de
todos os seres humanos em todos os quadrantes do globo (SOUZA, 2001).
Dessa forma, Freire claro quando argumenta que no basta apenas garantir o
direito a essa diversidade numa sociedade dita democrtica. Freire critica o
modelo de ps-modernidade de direita, que difunde a idia que foi suprimida as
classes sociais, as ideologias, os sonhos e utopias. (FREIRE, 1997, p.198). Nessa
perspectiva, tem-se o discurso de que a categoria classe social foi abolida nos
estudos sociolgicos e educacionais, e de que no existem mais classes sociais, e
os trabalhadores esto diludos em vrias frentes: pelo trabalho, pela
sobrevivncia imediata. Entretanto, reflito que a questo bsica ainda a
desigualdade social de classes. E, as outras temticas em questo nos tempos
atuais, tais como, a defesa da natureza, as lutas tnicas, das mulheres, o direito
diferena, demandam tambm o debate sobre as classes. Ou seja, a forma
desigual como os mais diversos grupos sociais tm participado do processo de
produo e usufruto dos bens culturais e materiais produzidos pela humanidade:
Num primeiro momento a luta pela unidade da diversidade que
obviamente uma luta poltica, implica a mobilizao e a organizao das
foras culturais em que o corte de classe no pode ser desprezado, no
sentido da ampliao e no do aprofundamento e superao da democracia
puramente liberal. preciso assumirmos a realidade democrtica para a
qual no basta reconhecer-se, alegremente, que nesta ou naquela
sociedade, o homem e a mulher so de tal modo livres que tm o direito de
at de morrer de fome ou de no ter escola para seus filhos e filhas ou deno ter casa para morar. O direito, portanto, de morar na rua, o de no ter
velhice amparada, o de simplesmente no ser. (FREIRE, 1997, p. 157).
(Grifos nossos)Portanto, o multiculturalismo no constitui simplesmente a
afirmao do direito de ser diferente, quando esta diferena est sendo
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
7/14
caracterizada pela desigualdade social. Pois o simples direito diferena entre as
multiplicidades de culturas insuficiente para se dizer que estamos numa
sociedade multicultural. Nesse sentido, a pedagogia freireana tem cada vez mais
se colocado radicalmente a favor da transformao das condies e situaes de
vida e de existncia das maiorias desapossadas de quaisquer poderes econmico,
social e poltico. (SOUZA, 2001, p.119). Diante desse debate Freire faz uma
distino entre a ps-modernidade progressista e a conservadora, neoliberal,
combatendo essa ltima, e reafirmando a opo pelos excludos. Nesse contexto,
Freire assume-se enquanto um ps-moderno crtico:
Para mim, a prtica educativa progressistamente ps-moderna nela que sempreme inscrevi, desde que vim tona, timidamente, nos anos 50 a que se funda
no respeito democrtico ao educador como um dos sujeitos do processo, a que
tem no ato de ensinar aprender um momento curioso e criador em que os
educadores reconhecem e refazem conhecimentos antes sabidos e os educandos
se apropriam, produzem o ainda no sabido. a que desoculta verdades em lugar
de escond-las. (FREIRE, 2001, p.159).
Freire identifica assim como Boaventura, que h diferentes culturas ou traos
culturais de uma mesma cultura nacional, embora se encontrem justapostas ou em
situaes de dominao e subalternidades. O desafio consiste, portanto,
transcender essa diversidade cultural, por meio do dilogo crtico entre as culturas
e das culturas (interculturalidade), numa multiculturalidade.(SOUZA, 2001, p.123).Nessa perspectiva, a multiculturalidade assim como a interculturalidade no so
situaes espontneas, so projetos, ainda desejos, utopias, metas de alguns
poucos grupos sociais, especialmente dos novos movimentos sociais. Assim, a
multiculturalidade se efetivar como conseqncia de uma construo desejada
poltica, cultural e historicamente. Portanto, esta utopia, sua esperana, poder
tornar-se uma nova configurao da convivncia humana (em suas dimenses
econmica, poltica e gnosiolgica), nos novos cenrios mundiais. (SOUZA, 2001,
p.126). A experincia do Frum Social Mundial tem oportunizado esse movimento
global de expresso, partilha e solidariedade entre diversos povos, culturas.
EMANCIPAO E MULTICULTURALISMO EM BOAVENTURA DOSSANTOS
Boaventura dos Santos aporta uma nova concepo de emancipao. Esta
perspectiva nasce do aprofundando da teoria democrtica, que contempla uma
nova equao entre subjetividade, cidadania e emancipao. Segundo este
pensador, no contexto atual, o socialismo encontra-se liberto da caricatura
grotesca do socialismo real e torna-se, portanto disponvel para voltar a ser a
utopia de uma sociedade mais justa e de uma vida melhor para todos.
Santos (2003), coordenou um projeto de pesquisa de mbito internacional
intitulado: Reinventar a emancipao social: Para novos manifestos. O ponto
central desse projeto que a atuao e a concepo que estearam e deram
credibilidade aos ideais modernos de emancipao social encontrar-se no
momento atual fortemente questionado pelo fenmeno da globalizao, que
embora no seja novo, tem adquirido nas duas ltimas dcadas uma amplitude tal
que tem redefinido os contextos, as configuraes, os objetivos, os meios e as
subjetividades das lutas sociais e polticas. A idia, portanto desse projeto que
esta forma de globalizao, embora hegemnica, no a nica e de fato tem sido
progressivamente confrontada por uma outra forma de globalizao: alternativa,
contra-hegemnica, instituda pelo conjunto de iniciativas, movimentos e
organizaes que, atravs de vnculos, redes e alianas locais/globais, lutam
contra a globalizao neoliberal mobilizados pelo desejo de um mundo melhor,
mais justo e pacfico que acreditam possvel e a que sentem ter direito (SANTOS,
2003, p.14):A emancipao no mais do que um conjunto de lutas processuais, sem fim
definido. O que a distingue de outros conjuntos de lutas o sentido poltico das
processualidades das lutas. Esse sentido , para o campo social da emancipao,
a ampliao e o aprofundamento das lutas democrticas em todos os espaos
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
8/14
estruturais da prtica social. (SANTOS, 2003, p. 277).
Essa perspectiva de emancipao emergiu no I Frum Social Mundial em Porto
Alegre e se fortalece at os dias atuais. nesta globalizao alternativa e no seu
embate com a globalizao neoliberal que esto sendo criados os novos caminhos
da emancipao social. De acordo com Santos (2003, p.35), esta viso
alternativa de globalizao vai se fundamentar no marxismo perante a idia da
importncia das articulaes internacionais das lutas no contexto do capitalismo
globa:
O sucesso das lutas emancipatrias depende das alianas que os seus
protagonistas so capazes de forjar. No incio do sculo XXI, essas alianas tmde percorrer uma multiplicidade de escalas locais, nacionais e globais e tem de
abranger movimentos e lutas contra diferentes formas de opresso. (SANTOS,
NUNES, 2003, p.64).
De acordo com Nunes e Santos (2003), essas lutas tm sido travadas em um
contexto histrico, onde se observa a emergncia de diferentes lutas e atores
coletivos distintos: as mulheres, os ambientalistas, os movimentos anti-racistas.
Segundo estes autores, diante das novas configuraes do capitalismo
globalizado, no mais possvel atribui apenas a um ator coletivo o proletariado
global, o papel principal das lutas contra as formas diversas de opresso,
excluso e dominao. Tem-se a emergncia de uma diversidade de lutas e
sujeitos coletivos. Portanto, torna-se necessrio reconceitualizar a escala espacialdessas lutas, que so travadas nos espaos nacionais, supranacionais e
subnacioanis em que opera o capitalismo. (SANTOS, 2003, p.35).
Desse modo, a globalizao hegemnica, ao mesmo tempo em que sucinta novas
formas de racismo5, tambm tem criado condies para a emergncia do
multiculturalismo. Santos (2003), escreve sobre multiculturalismo, justia
multicultural, direitos coletivos e cidadanias plurais, enquanto termos que
permeiam o debate em torno da tenso entre a diferena e a igualdade, entre a
exigncia de reconhecimento da diferena e de distribuio que possibilite a
efetivao da igualdade. Essas tenes ocorrem no seio das lutas dos movimentos
sociais com perspectivas emancipatrias, contra as redues eurocntricas de
alguns termos, buscando propor concepes mais inclusivas e ao mesmo tempo,respeitadoras da diferena de concepes e prticas alternativas que buscam a
dignidade humana (SANTOS, NUNES, 2003, p.25).
Nesse contexto, Santos e Nunes (2003, p.28), debatem o multiculturalismo
enquanto um termo controverso e atravessado por tenses6. A expresso
multiculturalismo designa, originalmente, a convivncia de formatos culturais ou de
grupos caracterizados por culturas diferentes no mbito das sociedades
modernas. Este termo tem sido usado, portanto, para designar as diferenas
culturais em um contexto transnacional e global. Desse modo, existem diferentes
noes de multiculturalismo, no entanto, nem todas tm um sentido emancipatrio.
Este tanto pode ser conservador, quanto emancipatrio. Segundo estes autores,
este termo apresenta as mesmas dificuldades e os mesmos potenciais do conceito
de cultura. Um dos conceitos dominante refere-se aos caminhos do saber
institucionalizado no Ocidente. No entanto, h outras concepes, que
reconhecem a existncia de uma pluralidade de culturas, definindo-as como
totalidades complexas que se confundem com as sociedades, permitindo
caracterizar modos de vida baseados em condies materiais e simblicas
(SANTOS e NUNES, 2003, p.27).
A partir do racismo tem-se a justificativa ideolgica para a prtica do imperialismo
e do colonialismo. Relaciona-se com a ascenso e domnio ocidental e capitalismo
no globo. Proclamando a superioridade da cultura e da religio ocidental,
justificando as aes de colonizao para a civilizao dos povos brbaros e
pagos. Da o surgimento do termo ocidentalismo. Nessa perspectiva, omulticulturalismo assume a perspectiva de luta para combater os legados do
racismo e garantir a instituio de uma sociedade mais justa. (GHAI, 2003, p.557).
6 Para aprofundar as crticas que so feitas sobre o conceito multiculturalismo ver
Santos e Nunes (2003).
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
9/14
V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
Destarte, mesmo diante da globalizao, possvel se falar em verses
emancipatrias do multiculturalismo. Sua relevncia consiste no fato de ser a
cultura, na era do capitalismo global, o espao privilegiado de articulao da
reproduo das relaes sociais capitalistas e ao mesmo tempo, o do antagonismo
a elas. (SANTOS e NUNES, 2003, p.33). Portanto, para estes autores a relao
entre globalizao e multiculturalismo ambgua. Ao mesmo tempo em que a
globalizao favorece a relao entre as diversas culturas, reforando os contatos
entre os diferentes povos do globo, observa-se a influncia homogeneizadora do
capitalismo e dos mercados globais sobre estas culturas.Assim, Santos (2003), defende o multiculturalismo emancipatrio, que se baseia
no reconhecimento da diferena e no direito diferena e da coexistncia ou
construo de uma vida em comum alm da diferena de vrios tipos. No entanto,
a igualdade ou a diferena, por si ss, no so aspectos suficientes para uma
poltica emancipatria. O debate sobre os direitos humanos e sua reinveno
como direitos multiculturais, bem como a luta das mulheres, dos povos indgenas,
mostram que a afirmao da igualdade com base em pressupostos universalistas,
bem como os que determinam as concepes ocidentais, individualistas, dos
direitos humanos, leva muitas vezes descaracterizao e negao das
identidades, das culturas e das experincias histricas diferenciadas. Portanto:
[...] como compatibilizar a reivindicao de uma diferena enquanto coletivo e, aomesmo tempo, combater as relaes de desigualdade e de opresso que se
constituram acompanhando essas diferenas? Que experincias existem neste
campo e o que nos ensinam elas o saber as possibilidades e as dificuldades de
construo de novas cidadanias e do multiculturalismo emancipatrio? (SANTOS,
NUNES, 2003, p.25).
Enfim, o conceito de emancipao (a globalizao contra-hegemnica) proposta
por Santos, baseada na construo de cidadanias emancipatrias partir das
lutas e iniciativas locais-globais de grupos populares na perspectiva de resistir
opresso, descaracterizao e excluso institudas com o modelo da
globalizao hegemnica, por intermdio de redes e de coligaes mundiais,
atravs de um conjunto de lutas, de diferentes povos, culturas. Assim, as polticasemancipatrias e a inveno de novas cidadanias colocam-se no terreno do
conflito entre igualdade e diferena, entre o requisito de reconhecimento e o
imperativo da nova distribuio da justia social. Conforme Santos e Nunes (2003,
p.63), a afirmao da diferena por si s pode servir de justificativa para a
discriminao, excluso ou inferiorizao, em nome dos direitos coletivos e de
especificidades culturais. Nesse aspecto, Santos (2003), prope que para abolir
este dilema se faz indispensvel defender a igualdade sempre que a diferena
originar inferioridade, e defender a diferena sempre que a igualdade referir-se
descaracterizao.
EDUCAO POPULAR, EMANCIPAO E MULTICULTURALISMO
A histria da educao popular emerge da necessidade de contestar o discurso
formal da igualdade e do Estado de direito, institudo desde a Revoluo
Francesa, e tem sido desenvolvida na Amrica Latina, enquanto uma educao
aberta aos camponeses, indgenas, mulheres, trabalhadores rurais, moradores de
favelas, populaes que historicamente tem sido excludas do usufruto dos bens
materiais e culturais produzidos socialmente. Nesse aspecto, a educao popular
recusa a neutralidade poltica e cientfica e afirma concepes e prticas
10
V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
emancipatrias da humanidade.
Portanto, a educao popular submerge da compreenso de que a educao
um processo permanente de afirmao da condio do ser de sujeito histrico.
Sua proposio fundamental constitui estimular processos que promovam aliberdade, emancipao, autonomia individual e coletiva. Essa perspectiva de
educao se fundamenta no pensamento marxista, na concepo de Homem
construtor da sua histria e da sua cultura, enquanto ser da prxis. De acordo com
Melo Neto, a educao caracterizada popular est relacionada:
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
10/14
[...] as lutas polticas com a construo da hegemonia da classe trabalhadora
(maiorias), mantendo o seu constituinte permanente, que a contestao [...] Uma
ao popular quando capaz de contribuir para a construo de direo poltica
dos setores sociais que esto margem do fazer poltico. (MELO NETO, 2003,
p.52).
Deste modo, o conceito de popular refere-se a uma ao que contemple os
seguintes elementos que se relacionam entre si, no entanto diferenciando-se: tem
uma origem nas maiorias (povo), ou a ele esteja encaminhado, tem o poltico
como componente de promoo de hegemonia dos setores majoritrios da
sociedade, no aspecto metodolgico, vislumbra uma prtica para o exerccio dacidadania crtica e geradora de ao. No tocante a dimenso tica e utpica,
fundada em princpios de solidariedade, tolerncia e justia pela busca incessante
de alternativas de vida e de felicidade. (MELO NETO, 2003).
Paulo Freire nas suas diversas obras expressa a sua compreenso de educao
popular vinculada s aes com os oprimidos. Freire prope uma metodologia que
facilite o processo de emancipao do indivduo e da sociedade, na esperana de
superao da opresso, explorao e desigualdade social. Nessa perspectiva,
Freire coloca que uma das primordiais tarefas da educao crtica radical
libertadora (popular) trabalhar a legitimidade do sonho tico-poltico da
superao da realidade injusta. Assim, a educao popular defendida por Freire
aquela que persegue o sonho da construo de uma sociedade:[...] reinventando-se sempre com uma nova compreenso do poder, passando por
uma nova compreenso da produo, uma sociedade em que a gente tenha gosto
de viver, de sonhar, de namorar, de amar, de querer bem. Esta tem que ser uma
educao corajosa, curiosa, despertadora da curiosidade, mantenedora da
curiosidade. (FREIRE, 2001, p.101).
Freire indaga a favor de quem e contra quem so desenvolvidas as prticas de
libertao e emancipao humana no processo educativo. Como que a prtica
em educao se articula a outras aes vislumbrando a construo de uma nova
sociedade? Nesse aspecto, Freire est atento para os limites da educao como
prtica de liberdade. Para ele, a educao modelada pela sociedade segundo os
interesses dos que detm o poder, e sozinha no vai instituir uma sociedadeemancipada. Portanto, Freire enfatiza que embora a educao no seja a
alavanca da transformao social", a transformao em si, no obstante, um
evento educacional:
Sei que o ensino no a alavanca para a mudana ou a transformao da
sociedade, mas sei que a transformao social feita de muitas tarefas pequenas
e grandes, grandiosas e humildes! Estou incumbido de uma dessas tarefas. Sou
um humilde
11
V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
agente da tarefa global de transformao. Muito bem, descubro isso, proclamo
isso, verbalizo minha opo. (FREIRE, 2001, p.60).
No contexto atual, o desafio da educao popular estimular e possibilitar, nas
circunstncias mais diferentes, a capacidade de interveno e transformao do
mundo na perspectiva da emancipao humana contemplando a diversidade
cultural. Nesse sentido, Freire (2000), destaca a experincia tanto dos quilombos
quanto dos camponeses das Ligas e os sem-terra de hoje, o protagonismo
histrico desses sujeitos sociais:
[...] anteontem, ontem e agora sonharam sonham o mesmo sonho, acreditaram e
acreditam na imperiosa necessidade da luta na feitura da histria como faanha
da liberdade... Se os sem-terra tivessem acreditado na morte da histria, da
utopia, do sonho no desaparecimento das classes sociais, na ineficcia dos
testemunhos de amor liberdade se tivessem acreditado que a crtica ao
fatalismo neoliberal a expresso de um neobobismo que nada constri setivessem acreditado na despolitizao da poltica, embutida nos discursos que
falam de que o que vale hoje pouca conversa, menos poltica e s resultados,
se, acreditando nos discursos oficiais, tivessem desistido das ocupaes e voltado
para suas casas, mas para a negao de si mesmos, mais uma vez a reforma
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
11/14
agrria seria arquivada. (FREIRE, 2000, p. 61).
Dessa forma, Freire desenvolve uma discusso centrada na educao libertadora
enquanto educao democrtica, desveladora, desafiadora, um ato crtico do
conhecimento, da leitura da realidade, da compreenso de como funciona a
sociedade, a escola, como tambm, os processos educativos que se do no
interior dos movimentos sociais e das prticas em educao popular. Em uma de
suas ltimas obras: Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica
educativa (1998), Freire apresenta diversos saberes imprescindveis ao
educativa. Destaco dois saberes abordados por Freire fundamentais na
constituio de uma educao popular emancipatria: o saber da Histria comopossibilidade e no como determinao. O mundo no . O mundo est sendo
(FREIRE, 1998, p. 85). Outro saber o de que, como experincia
designadamente humana, a educao uma forma de interveno no mundo.
(FREIRE, 1998, p.110).
Assim, diante dessas reflexes sobre as concepes de educao popular,
observa-se que os projetos em educao popular na atualidade precisam buscar
uma sada terico-prtica que responda aos desafios e as possibilidades postas
pelas novas configuraes humano-sociais:
Precisam tornar-se projetos atrelados busca de realizaes de novas relaes
sociais, pautadas em outros fundamentos. Podem estar voltadas construo de
um novo estilo de vida...Elas parecem ter significado medida que sejamconduzidas a processos que mantenham o humano como centro dessas
realizaes e o trabalho impulsionador de sua emancipao, assegurando a
existncia da prpria vida humana resultante de sua interveno na natureza
(MELO NETO, 2004, p.85).
Conforme Souza (2001, p.127), o modelo de globalizao que est a, tem
provocado diversas transculturaes, especialmente, ao longo dos ltimos 50
anos. No entanto, no tem provocado uma unidade na diversidade de culturas,
apenas, possibilitado uma diversidade cultural ou pluriculturalidade que tende,
predominantemente, fragmentao cultural. Nesse sentido, diversos movimentos
sociais tm denunciado permanentemente essa problemtica. Como exemplo tm-
se os protestos dos vrios movimentos sociais, efetivados durante diferentesencontros de mbito internacional dos donos do mundo (Seatle, Danos,
Gnova).
12
V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
Por outro lado, h tambm as aes propositivas do Frum Mundial Social, cujo
mote central Um outro mundo possvel.
Nessa perspectiva, o multiculturalismo pode ser uma alternativa de resistncia
diante das transculturaes provocadas pelos processos atuais de globalizao
hegemnica (Santos, 2003), marcada por uma nova sociabilidade humana, diante
da diversidade cultural, vislumbrando o dilogo, o respeito, o compartilhar dessas
diferenas. Portanto, nesse contexto, a educao popular encontra-se desafiada
por outros papis e novas demandas:
[...] no apenas conceituais, mas procedimentais e organizativas, sobretudo em
termos de seus contedos e prticas pedaggicas. Se deseja que os processos
educativos potencializem, a partir da diversidade cultural, o crescimento humano
integral de todo o ser humano e de todos os seres humanos da Terra, no respeito,
promoo, proteo e desenvolvimento do meio ambiente natural e cultural.
(SOUZA, 2001, p. 122).
Vejo a identidade entre Freire e Boaventura quando estes propem o respeito s
diferenas e o dilogo entre as culturas como processo de emancipao humana.
Desse modo, a educao, os movimentos sociais, constitui o lcus privilegiado
do aprendizado permanente desse processo. Nessa perspectiva, o
multiculturalismo constitui um dilogo horizontal entre as pessoas, as culturas, ospovos, os territrios, as naes, os estados. Conforme Santos (2001, p.560), o
multiculturalismo emancipatrio e as aes alternativas de justia social se opem
diferenciao desigual da identidade, dominao. Nesse sentido, observa-se o
potencial emancipatrio dos direitos humanos, incluindo a formao de redes
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
12/14
baseadas nos direitos humanos e iniciativas locais, assim como a importncia dos
direitos individuais e coletivos, o pluralismo e o respeito s diversidades tnicas,
sociais e culturais.
DECLARAES FINAIS
O projeto neoliberal e globalizado que a est, tem difundindo um discurso
fatalista, conservador e alienatrio sobre os caminhos e as perspectivas da
humanidade. Nesse aspecto, sou cmplice de Freire (2000), quando declara que o
discurso da impossibilidade de mudar o mundo o discurso de quem, por
diferentes razes, aceitou a acomodao, inclusive por lucrar com ela. Freire
sublinha a necessidade do aprendizado constante da leitura do mundo, exigindofundamentalmente a compreenso crtica da realidade, que envolve, de um lado,
sua denncia, de outro, o anncio do que ainda existe, mas poder existir: uma
sociedade emancipada.
Portanto, aps a feitura desse texto, muitas reflexes permanecem em aberto.
Emancipao em que nvel? Como conduzir um projeto de emancipao humana
geral em um globo cada vez mais apartado por polticas neoliberais e
excludentes? Como conduzir uma prtica emancipatria em um contexto cada vez
mais opressor, individualista, cujas leis maiores esto sendo as do mercado, a da
luta pela sobrevivncia imediata? A emancipao humana um sonho possvel
ou no? Se menos possvel, trata-se, para ns, de saber como torn-lo mais
possvel (FREIRE, 2000).Conforme penso, a educao para a emancipao no to fcil de ser instituda,
pois a
13
V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
educao por si s no fundamentalmente um fator de emancipao. Nessa
perspectiva, Freire, Adorno, Boaventura... nos convidam a pensar a sociedade e a
educao em seu devir, vislumbrando fixar alternativas histricas tendo como base
uma educao para a emancipao humana, enquanto um processo instituinte ao
longo da histria da humanidade. Nesse contexto, compreendo o conceito de
emancipao enquanto uma categoria dinmica, como um vir-a-ser e no um
ser. (ADORNO, 2003).Portanto, dialogar sobre a emancipao humana no mbito das prticas em
educao popular constitui uma utopia, um que fazer poltico, pedaggico, social,
cultural, humano, tico, construdo ao mesmo tempo no cotidiano e na histria.
Uma vez que, no mbito da sociedade capitalista ela ser sempre incompleta, um
processo em construo, pois os obstculos estruturais emperram sua realizao
efetiva. Desse modo, a consolidao da emancipao passa pelas transformaes
profundas no mbito das relaes sociais de produo, assim como nas micro-
relaes. No entanto, mesmo diante de todos esses limites, ela vem ocorrendo a
partir de diferentes formas de luta e manifestaes de sujeitos sociais, nos vrios
lugares, formatos, sentidos, pelos vrios povos, culturas, utopias em defesa de um
mundo mais justo e fraterno:
O sonho pela humanizao, cuja concretizao sempre processo, e sempre
devir, passa pela ruptura das amarras reais, concretas, de ordem econmica,
poltica, social, ideolgica etc., que nos esto condenando desumanizao. O
sonho assim uma exigncia ou uma condio que se vem fazendo permanente
na histria que fazemos e que nos faz e re-faz. (FREIRE, 1997, p. 99).
Enfim, acredito que atravs das prticas em educao popular emancipatria, que
vm sendo desenvolvidas pelos diversos setores da sociedade, no mbito das
Organizaes Governamentais, das Organizaes No-Governamentais e dos
Movimentos Populares, est sendo fundada uma outra sociedade munida de
valores, tais como o respeito humano, a liberdade, a solidariedade, a cooperao.
neste sentido que mulheres e homens interferem no mundo enquanto os outros
animais apenas mexem nele. por isso que no apenas temos histria, masfazemos a histria que igualmente nos fazem e que nos torna, portanto histricos.
(FREIRE, 2000, p. 40).
Nessa esperana, o processo de emancipao no mbito da educao popular
busca instaurar progressivamente uma transformao humano-social, atravs de
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
13/14
uma prtica que possibilite aos sujeitos sociais a vivncia da autonomia,
participao na tomada de decises, produo e usufruto de um conjunto de bens
tanto materiais quanto simblicos, fruto do seu trabalho e do trabalho coletivo.
Desse modo, no posso falar em emancipao apenas na perspectiva social, ou
econmica, ou poltica, ou cultural, mas geral que possibilite ao ser humano
expressar-se ao mximo na sua capacidade, criatividade, potencialidade,
realizao da sua humanidade.
Destarte, refletir sobre emancipao humana na educao popular discorrer
sobre projetos, utopias, sonhos de pessoas, sua compreenso cognitiva e afetiva
de como vislumbrar, vivenciar prticas para alcanar liberdade e felicidade emsociedades mais solidrias, amorosas e democrticas. Da a necessidade de
trazer tona o debate sobre o multiculturalismo, o respeito e o dilogo com as
diferenas e as potencialidades humanas, considerando que esta sociedade que
sonho emancipada dever contemplar a beleza, os saberes e os fazeres de todos
que compem a histria da humanidade.
Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005
REFERNCIAS
ADORNO, T. HORKHEIMER, M. A Dialtica do esclarecimento: fragmentosfilosficos. Traduo de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1985.
ADORNO, Theodor W. Educao e Emancipao. 3. ed. Traduo de Wolfgang
Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
BOTTOMORE, Tom. (ed). Dicionrio do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro:
Zahar, 1997.
CALADO, Alder Jlio. Paulo Freire: sua viso de mundo, de homem e de
sociedade. IN: LIMA, Maria Nayde dos Santos, ROSAS, Argentina Rosas (Orgs.)
Paulo Freire Quando as Idias e os Afetos se Cruzam. Recife, Ed. Universitria
UFPE/ Prefeitura da Cidade de Recife, 2001.
FREIRE, Paulo. Educao como prtica de liberdade. Rio de janeiro: Paz e Terra,1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperana. Um reencontro com a pedagogia do
oprimido. 1997, Paz e Terra. So Paulo.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica
educativa. 8 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
FREIRE, Paulo. Direitos humanos e educao libertadora. In: FREIRE, Ana Maria
Arajo (Org.) Pedagogia dos sonhos possveis/ Paulo Freire. So Paulo: Editora
UNESP, 2001.
FREIRE, Paulo. Discusses em torno da ps-modernidade. In: FREIRE, Ana
Maria Arajo (Org.) Pedagogia dos sonhos possveis/ Paulo Freire. So Paulo:
Editora UNESP, 2001.
FREIRE, Paulo, SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 2001.
MARX, Karl. Manuscritos econmico - filosficos e outros textos escolhidos.
Seleo de textos de Jos Arthur Giannotti tradues de Jos Carvalho Bruni.(et.
al.). 4. ed. - So Paulo: Nova Cultural, 1987. (Os Pensadores)
MARX, Karl. A questo judaica. Traduo de Joo Fagundes. Lisboa, 1978.
MELO NETO, Jos Francisco. Extenso Universitria, Autogesto e Educao
Popular. Joo Pessoa: Editora Universitria/UFPB, 2004.
MELO NETO, Jos Francisco. O que popular. In: In: O Labirinto da Educao
Popular. Joo Pessoa: Editora Universitria, 2003.POGREBINSCHI, Thamy. Emancipao: um conceito em busca de uma teoria.
Rio de Janeiro: Anais do 4 Encontro Nacional da ABCP Associao Brasileira
de Cincia Poltica, PUC Rio de Janeiro, julho de 2004.
RONDON, Roberto. Os desafios da emancipao no atual momento da educao
7/21/2019 Aline Reis Dialogando Com Freire e Boaventura Sobre Emancipao Humana Multiculturalismo e Educao Popular
14/14
Postagem mais recente Postagem mais antigaPgina inicial
Assinar: Postar comentrios (Atom)
Postado porAline Reis s 20:20
brasileira. IN: LASTRIA, Luiz A. Calmon Nabuco, COSTA, Belarmino Csar
Guimares da, PUCCI, Bruno Pucci (Orgs.). Teoria Crtica, tica e Educao.
Piracicaba, Campinas, Editora UNIMEP/ Autores Associados, 2001.
SANTOS, Boaventura de Souza, NUNES, Joo Arriscado. Introduo: para
ampliar o cnone do reconhecimento, da diferena e da igualdade. In. Sousa
Santos, Boaventura. Reconhecer
Digite seu comentrio...
Comentar como: Conta do Goo
Publicar Visualizar
Nenhum comentrio:
Postar um comentrio
Modelo Picture Window. Tecnologia do Blogger.
http://1.bp.blogspot.com/_WcTWOh7cobo/S_3lB_E6nJI/AAAAAAAAB2c/IU-1vgLrFtk/s1600/grecia-antiga10.gifhttp://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_3559.htmlhttp://alinereiss.blogspot.com/feeds/2378572822236183471/comments/defaulthttp://www.blogger.com/profile/16605692715920041275http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/blog-post_3390.htmlhttps://www.blogger.com/http://alinereiss.blogspot.com.br/http://alinereiss.blogspot.com.br/2010/05/transformar-com-arte.htmlRecommended