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O Diário de Mr. Darcy
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Este e-book é um trabalho feito de fãs para fãs, proporcionando
assim o beneficio da leitura para aqueles que não compreendem
outras línguas.
A venda ou troca desses livros é expressamente proibida e
condenável em qualquer circunstancia.
Gostou do livro? Então por favor, considere seriamente a
possibilidade de comprá-lo quando ou se for lançado no Brasil.
Assim os autores continuam a escrever e Editoras a publicar.
Sinopse:
Julho
Segunda, 1º de Julho Será que eu fiz a coisa certa estabelecendo Georgiana em Londres? O
verão estava se provando ser muito quente, e quando fui visitá-la, hoje pela
manhã, encontrei-a sem sua energia habitual. Acho que vou mandá-la para a
costa por uns dias.
Terça, 2 de Julho Eu disse a Hargreaves procurar por uma boa casa em Margate, ou talvez
em Ramsgate, para Georgiana. Eu gostaria de ir com ela, mas está sendo difícil
achar um novo administrador para substituir Wickham e eu não posso perder
tempo.
Wickham! É estranho que um homem possa nos fazer ter tantos
sentimentos contraditórios. O administrador de meu pai era um homem que
eu admirava e respeitava, mas seu filho é um homem que eu desprezo. Eu mal
posso acreditar que George e eu éramos amigos quando criança, mas George
era diferente naquela época.
Algumas vezes eu me perguntava como um menino que teve todas as
vantagens, que foi abençoado com boa aparência, maneiras e educação e filho
de um homem tão respeitável pode se tornar tão mal. Quando eu penso sobre
tudo o que ele dissipou desde a morte de seu pai...
Eu estou contente de não ter ouvido sobre ele recentemente. Nossas
reuniões de negócios ano passado foram desagradáveis. Quando ele me pediu
a herança que meu pai o deixou ele se ofendeu com a minha recusa, ainda que
soubesse muito bem que não tinha mais direito sobre ela, e que seu caráter o
deixava totalmente inadequado para a igreja.
Felizmente, um montante de dinheiro resolveu o problema. Eu
desconfiava que ele se aproximaria de mim quando acabasse, mas eu
finalmente o fiz entender que ele não receberia mais minha ajuda. Devido
à amizade que um dia tivemos, eu dei a ele bastante, mas eu não vou mais
ajudá-lo. O único homem que pode ajudar George Wickham agora é ele
mesmo.
Sábado, 6 de Julho Hargreaves achou uma casa para Georgiana em Ramsgate, e a
companheira dela, Mrs Younge, a inspecionou. Ela achou a casa bem
adequada então eu aceitei. Ramsgate não é muito longe, e eu posso me
encontrar com Georgiana sempre que meus negócios permitirem. Eu tenho
certeza que o ar do mar irá revigorá-la e ela logo estará com boa energia
novamente.
Terça, 10 de Julho Eu não tinha percebido o quanto iria sentir falta da minha irmã. Eu
cresci acostumado a cuidar dela, mas ela está em boas mãos e estou
convencido de que ela irá se divertir. Eu jantei com Bingley essa noite. Ele
ainda está na cidade, mas estará viajando para o norte para ver sua família
semana que vem.
– Eu penso que, você sabe, Darcy, vou alugar uma casa para o inverno –
ele disse depois da janta.
– Na cidade?
– Não, no campo. Eu acho que vou comprar uma propriedade. Caroline
está sempre me dizendo que eu deveria comprar uma, e eu concordo com ela.
Eu pretendo alugar uma primeiro, e depois, se eu gostar, eu compro.
– Eu acho que é uma idéia excelente. Vai te fixar em um lugar.
– Exatamente o que eu penso. Se eu tivesse uma casa pelo menos
metade tão boa quanto Pemberley eu não ficaria mudando tanto de lugar. Eu
poderia convidar uma companhia para ficar comigo ao invés de viajar o país
de ponta a ponta procurando.
– Aonde você pretende procurar? – Eu o perguntei enquanto terminava
minha bebida.
– Eu algum lugar no centro do país. Não muito para o norte nem muito
para o sul. Caroline recomendou Derbyshire, mas por que eu moraria em
Derbyshire? Se eu quiser visitar aquela parte do país eu poderia ficar em
Pemberley contigo. Eu disse para o meu agente procurar algo em
Hertfordshire ou pelas redondezas. Eu conto com você para inspecioná-la
comigo quando ele achar alguma coisa.
– Se você seguir com essa idéia eu vou ficar feliz em te ajudar.
– Você acha que eu não vou?
– Eu acho que assim que você achar alguém você vai mudar de idéia e
ficar em Londres. – Eu disse com um sorriso.
– Você me faz parecer bem inconstante – ele disse rindo. – Pensei que
fosse meu amigo.
– E eu sou.
– E mesmo assim você me acha capaz de abandonar meu plano? Minha
palavra de honra que não vou ser dissuadido tão facilmente e que nada me
fará desistir de ter uma casa no campo. Você vai me visitar?
– Claro.
– Eu você deve levar a Georgiana. Como ela está? Eu não a vejo há
meses. Eu tenho que ir com Caroline visitá-la.
– Ela não está em Londres. Eu a mandei para Ramsgate durante o verão.
– Muito sábio. Eu mesmo não agüento mais esperar para sair da cidade.
Nós nos despedimos depois do jantar. Se Londres estivesse cheia, eu
não teria muita esperança de que Bingley se fixasse em um lugar, mas como a
cidade estava vazia de companhia feminina eu acho que ele possa conseguir
seguir com seu plano – a não ser que alguma jovem do norte consiga
impressioná-lo, fazendo-o ficar em casa até o natal.
Sexta, 12 de Julho Eu recebi uma carta de Georgiana essa manhã. É espirituosa e carinhosa,
e estou feliz que tive a idéia de mandá-la para a costa. Ela chegou bem em Ramsgate e fala sobre o seu contentamento com a casa:
É pequena comparada com meu estabelecimento de Londres, mas é
muito confortável e tem uma linda vista para o mar. Mrs Younge e eu estamos indo a praia hoje a tarde. Estou ansiosa para desenhar a costa, te mando quando estiver pronto.
Tua querida irmã, Georgiana. Eu dobrei a carta e estava quase colocando na mesa junto com as outras
quando reparei na caligrafia de uma das cartas anteriores. Eu a peguei para que pudesse comparar as duas. Ela fez um progresso enorme durante os últimos anos, tanto na forma da letra quanto na escrita. Entretanto, eu confesso que eu acho a letra antiga mais encantadora, apesar da escrita ser pobre e a ortografia ser horrível.
Enquanto eu relia sua carta antiga me lembrei do quanto estava preocupado dela não ser feliz no seminário, mas eu não precisava ter me preocupado. Ela gostou de seus professores e fez bons amigos lá. Eu tinha que sugerir que ela convidasse um deles para ficar com ela em Londres durante o outono. Se eu vou ajudar Bingley a achar sua propriedade, então um amigo irá
ser alguma companhia para Georgiana enquanto eu estiver fora.
Terça, 16 de Julho Fui cavalgar com o Coronel Fitzwilliam no parque pela manhã. Ele me
disse que esteve em Rosings e viu Lady Catherine, e que ela nomeou um novo
pastor. Por um momento eu temi que pudesse ser George Wickham, sabendo
que se ele tivesse ouvido falar de uma vida rica em Rosings ele poderia ter
tentando se insinuar para minha tia.
– Qual é o nome do pastor? – Eu perguntei.
– Collins.
Eu respirei novamente.
– Um forte rapaz com ótimas maneiras – continuou ele. – Uma mistura
de efetividade e convencimento. Ele fala sobre glorificar a todos e a tudo, fala
sem parar e não diz coisa alguma. Não tem opinião própria, exceto a idéia de
sua própria importância, que é tão absurda quanto inabalável. De qualquer
forma minha tia gosta dele o suficiente. Ele exerce bem suas funções e é útil
para ela como companhia para jogar cartas.
– Ele é casado?
– Eu acredito que não vai demorar muito para ser.
– Ele está noivo então?
– Não, mas minha tia acha que ficar em Rosings é entediante com tão
poucas pessoas para entretê-la, e eu acredito que ela logo o dirá para se casar.
Uma nova recém casada será uma diversão e também ela terá alguém para...
ajudá-la,– ele disse com um sorriso irônico.
– Ela gosta de ter o que fazer – comentei, retornando seu olhar.
– E ela é tão confortável assim que as outras pessoas não têm muito que
fazer a não ser agradecê-la pelo conselho – ele completou.
Nós dois tivemos uma boa quantidade de conselhos de Lady Catherine.
A maioria deles foram muito bons, mas mesmo assim eu ficava
freqüentemente aliviado que Rosings não era em Derbyshire, e sim bem longe
em Kent.
– Como está a Georgiana? – ele perguntou, enquanto deixávamos o
parque e voltávamos para minha casa.
– Muito bem. Eu a mandei para Ramsgate durante o verão.
– Ótimo. Está muito quente na cidade para ela. Está muito quente para
qualquer um,– ele disse. –Eu vou para Brighton semana que vem. É uma pena
que eu não vou poder vê-la, mas na próxima vez que eu estiver na cidade vou
fazer de tudo para visitá-la. Você vai se juntar a ela em Ramsgate?
– Ainda não. Tenho muito que fazer.
– Mas você irá para Pemberley?
– Mais pra frente esse ano, sim.
– Então deve se casar. Iria te fazer comprar um lugar próprio.
– Se eu achar uma agradável herdeira, eu posso considerar isso, mas no
momento estou aproveitando a vida de solteiro.
Com isso nós nos separamos; ele foi para suas barracas, e eu de volta pra
casa.
Domingo, 28 de Julho Finalmente meus negócios na cidade estão concluídos, e eu estou livre
para visitar Georgiana. Pretendo fazer isso logo amanhã e surpreendê-la.
Segunda, 29 de Julho Eu não tinha a mínima idéia, quando eu sai para ir a Ramsgate essa
manhã, do que estava me aguardando. O tempo estava bom e tudo prometia
que fosse um ótimo dia. Eu cheguei à casa da Georgiana e estava satisfeito de
achá-la limpa e bem cuidada. Fui anunciado pela empregada, a casa sendo
muito pequena para comportar uma equipe de empregados completa, e
encontrei a Mrs Younge na sala de estar. Me vendo entrar ela ficou
consternada.
– Mr. Darcy. Nós não te esperávamos hoje.
– Eu pensei em surpreender minha irmã. Onde ela está?
– Ela está... fora... desenhando.
– Sozinha? – Eu perguntei.
– Oh, não, claro que não, com a empregada dela.
– Eu não te contratei para ficar sentada em casa enquanto minha irmã sai
com uma empregada. – Eu disse descontente.
– Eu normalmente teria a acompanhado, é claro, mas hoje eu fui
obrigada a ficar dentro de casa. Eu estava... indisposta. Eu... comi um peixe
estragado... fiquei muito mal. Entretanto Miss Darcy estava ansiosa para
continuar seu desenho, e o tempo estando bom eu não quis estragar seu
divertimento. Ela me pediu se poderia ir com a sua empregada, e eu não vi mal
algum nisso. A empregada dela não é uma moça, e sim uma mulher sensata.
Eu me tranqüilizei. Mrs Younge realmente parecia doente, apesar de eu
ainda não saber a verdadeira causa para sua palidez naquele momento.
– Para qual direção eles foram? – Eu perguntei. – Vou me juntar a ela.
Posso me sentar do lado dela enquanto desenha e depois podemos retornar
juntos.
Ela hesitou por um momento antes de dizer: – Elas pretendiam dobrar a
direita ao longo da costa para que a Miss Darcy pudesse terminar o esboço
que já tinha começado.
– Muito bem, eu vou segui-las e surpreendê-la.
Logo quando estava saindo vi Georgiana descendo a escada. Espantei-
me. Ela estava vestida com roupas para ficar em casa e não mostrava sinal
algum de ter estado fora desenhando. Eu estava quase perguntando a Mrs
Younge o porquê da enganação quando ela mesmo falou.
– Miss Darcy, eu pensei que você já tivesse saído – ela disse. – Teu irmão
veio visitar-te. – E então ela adicionou: – Lembre-se, um pouco de
determinação é tudo o que é preciso, e você conseguirá tudo o que seu
coração desejar.
Eu achei o discurso dela estranho, mas eu pensei que significasse que se
Georgiana se empenhasse ela seria capaz de terminar seu desenho para sua
satisfação. Como eu estava errado!
– Fitzwilliam – Georgiana disse, ficando pálida.
Ela parou na escada e não desceu. Ela, repentinamente, pareceu muito
nova e incerta. Eu me preocupei e achei que ela estava se sentindo mal.
– O que aconteceu? Você está doente? – Eu perguntei. – O peixe, você
também comeu?
– Peixe? – ela perguntou desconcertada.
– O peixe estragado que a Mrs Younge comeu. Você também comeu?
– Oh, não. – Ela disse, contorcendo as mãos.
– Contudo você não está bem. – Eu disse, notando um rastro de suor em
sua testa e vendo o quão branca ela estava.
Eu peguei a sua mão e a levei para sala. Mrs Younge estava começando a
nos seguir quando eu disse: – Mande vir o médico.
– Eu não acho – Ela começou, mas eu a cortei.
– Minha irmã não está bem. Chame o médico.
Meu tom não a deixou escolha e ela foi. Eu fechei a porta.
Georgiana tinha ido até a janela, e estava mais pálida ainda.
– Aqui, – eu disse, oferecendo-a uma cadeira e ajudando ela a sentar.
Mas ela imediatamente levantou-se de novo.
– Não, eu não posso, – ela disse infeliz, – eu não posso te enganar, não
importa o que ele diga.
Eu estava assustado. – Não importa o que ele diz? – Eu repeti
confundido.
Ela concordou seriamente. – Ele diz que se você soubesse sobre isso iria
nos parar. – Ela disse deploravelmente.
– Quem, Georgiana?
– George, ela disse baixando a cabeça.
– George?
– Sim, George Wickham. Mrs Younge e eu o encontramos por acaso na
praia. Ele está passando o verão aqui. Nós conversamos e ele disse o quanto
sente pesar por vocês não se falarem mais. Eu também, eu preferia muito mais
quando vocês eram amigos. Não parece certo que tenha alguma coisa não
resolvida entre vocês. Fiquei aliviada quando ele falou que foi tudo um mal
entendido e que já estava resolvido, e que não havia nada, agora, para nos
deixar desconfortáveis. Ele me lembrou da época em que ele me sentava no
meu pônei e me levava para passear pelo jardim, e da vez que ele me trouxe o
bolso cheio de frutos de cascalho, – ela disse com um sorriso. – Ele disse que
foi uma sorte termos nos encontrado e que significava que podíamos renovar
nossa amizade. Eu o disse que não gosto mais de frutos de carvalho, então ele
riu e disse que me traria diamantes ao invés deles.
– Ele disse? – Eu perguntei. – E o que a Mrs Younge disse disso?
– Ela disse que era perfeitamente adequado, para mim, entreter um
amigo da família. Caso contrário eu não teria feito – disse minha irmã.
– Entretê-lo? – Eu perguntei, me sentindo mais e mais alarmado.
– Sim. Ele janta aqui de vez em quando e nos acompanha ao longo do
dia se o dia está chuvoso. Ele joga xadrez bem como sempre jogou, mas eu
estou melhorando e já o derrotei duas vezes.
Tinha uma animação em sua face enquanto falava, mas ela hesitou
novamente vendo a minha expressão.
– Eu te desagradei.
– Não, – eu disse, me esforçando para manter a compostura. – Você não
fez nada errado.
– Eu não pretendia me apaixonar por ele, realmente não, – ela disse
implorando. – Eu sei que sou muito nova, mas ele me contou tantas coisas
agradáveis sobre o futuro que eu comecei a ver nosso casamento como uma
coisa já certa.
– Casamento? – Eu exclamei horrorizado.
– Ele... ele disse que me amava, e que ele se lembrava de quando eu dizia
que o amava também.
– Quando você disse isso? – Eu exigi.
– Quando eu caí do portão do pátio e ele me ajudou.
– Mas você tinha sete anos!
– Claro, foi apenas uma coisa infantil para se dizer naquela época, mas
quanto mais eu vi dele aqui, mais eu fiquei convencida de que estava
seriamente apaixonada por ele. Só que eu não gostava de pensar em enganar-
te. Eu queria que tudo fosse claro. Eu disse que ele deveria pedir minha mão
de maneira tradicional, mas ele disse que você não nos deixaria casar antes
que eu tivesse dezoito, e que isso seria desperdiçar três preciosos anos de
nossa vida juntos. Ele disse que deveríamos fugir, e depois mandar-te uma
carta de Lake District.
– E você concordou com isso? – Eu perguntei, chocado.
Sua voz diminuiu.
– Eu pensei que soava como uma aventura. Mas agora que eu te vi, e sei
o quanto te desgosta, não parece ser uma aventura de modo algum.
– Não é. É uma fraude do menor tipo. Ele disse te amar com o intuito de
ganhar tua fortuna e de me ferir! Para te persuadir a esquecer amigos e família
e fugir com ele para tua total desgraça.
– Não!– Ele exclamou. – Não é assim. Ele me ama.
Eu vi medo nos olhos dele e não quis continuar.
Ela ver que o desonesto nunca a amou deve machucá-la. Mas eu não
podia deixá-la continuar com tamanho equívoco.
– Eu não quero te falar isso, Georgiana, – eu disse suavemente, – mas eu
devo. Ele não te ama. Ele te usou.
Com isso ela se quebrou. Eu estava paralisado com suas lágrimas. Eu não
sabia o que fazer, como confortá-la, e naquele momento, eu senti falta da
minha mãe mais do que nunca. Ela saberia o que fazer. Ela saberia o que dizer.
Ela saberia como confortar sua filha nessa situação. Eu só podia ficar sem fazer
nada esperando pelo seu sofrimento passar.
Quando suas lágrimas diminuíram, eu a entreguei meu lenço. Ela pegou
e assoou o nariz.
– Eu devo falar com a Mrs Younge e fazer com que ela saiba o que tem
acontecido por trás de suas costas, – eu disse. – Foi negligente dela não
perceber.
Alguma coisa na expressão da Georgiana me fez parar.
– Foi por trás das costas dela? – Eu perguntei.
Georgiana olhou para baixo. – Ela me ajudou a planejar a fuga.
Eu comecei a ficar com raiva.
– Ela ajudou, de fato?
Georgiana acenou miseravelmente. Me doeu o coração vê-la assim. A
alegria de minha irmã ser destruída por um homem tão sem valor!
Eu coloquei minha mão em seu ombro.
– Não tenha medo, Georgie, – eu disse, com carinho. – Quando você for
mais velha, encontrará um homem que te amará por você mesma. Um
homem com um bom caráter, encantador, e respeitável que sua família
aprovará. Um homem que me pedirá sua mão da maneira apropriada. Não
terá necessidade de fugir. Você terá um casamento grandioso, com roupas
esplêndidas e uma lua-de-mel aonde você quiser.
Ela tentou sorrir, e colocou sua mão sobre a minha.
– Eu tenho sido um problema para você.
– Nunca, – eu disse suavemente.
Eu queria achar alguma coisa para distraí-la desse assunto infeliz. Eu dei
uma olhada no quarto e vi seus esboços.
– Isso está bem feito, – eu disse. – Eu vejo que você conseguir pegar os
barcos entrando no mar.
– Sim, eu tive que levantar bem cedo para conseguir vê-los. Os
pescadores ficaram surpresos por me ver sentada lá, – ela disse.
Eu fiquei contente de ver que ela colocou meu lenço de lado quando
pegou o desenho e de escutar sua voz mais forte.
– Talvez você queira terminá-lo. Consegue fazer dentro de casa ou
precisa sair novamente?
– Não. Eu posso fazê-lo aqui. Já sei o que falta.
– Bom. Então vou te deixar por alguns minutos enquanto falo com a Mrs
Younge.
– Você ficará com raiva dela? – Georgiana perguntou.
– Eu ficarei muito irritado com ela. Ela arrumará suas malas e deixará
essa casa em uma hora.
Minha conversa com a Mrs Younge não foi agradável. Primeiro ela
negou saber qualquer coisa sobre a amizade do Wickham com a minha irmã,
dizendo que ela nunca o deixou entrar na casa e que ela não o conhecia.
Escutá-la chamar minha irmã de mentirosa me deixou com mais raiva
ainda. Ela cedeu, por fim admitindo ter encorajado a amizade entre eles.
Depois, ainda descobri que Mrs Younge já conhecia Wickham e que planejou
o primeiro encontro entre eles. Ela o disse onde estariam todos os dias, para
que ele pudesse arranjar vários encontros “por acaso”. Depois disso, ela
encorajou Georgiana a convidá-lo para casa e disse a ela tratá-lo primeiro
como um amigo e depois como um amante.
– E por que eu não deveria? – Ela perguntou quando eu a repreendi. –
Depois de ele ter sido tratado tão mal por você. Por que ele não deveria ter o
que não lhe foi pago e um pouco de diversão além disso?
Eu iria dar a ela uma hora para arrumar as malas, mas mudei de idéia.
– Você deixará essa casa imediatamente, – eu disse para ela friamente. –
Eu te enviarei suas coisas.
Ela estava começando a recusar, quando olhou para minha expressão e
viu que não seria inteligente. Ela resmungou maldições, mas colocou sua capa
e gorro, e então pegando sua cesta deixou a casa.
Quando minha raiva diminuiu, eu escrevi para Wickham, Mrs Younge
havia me dado o endereço, dizendo-o que ele devia deixar Ramsgate
imediatamente. Além disso, eu o disse que se ele tentar mais alguma vez ver
ou falar com a Georgiana eu o arruinaria.
Ainda estou irritado enquanto escrevo. Ele conseguiu fazer algo tão
secretamente. Ele usou Georgiana em seus planos, sua amiga de tempos mais
pacíficos... Ele perdeu toda sua decência. Eu estou tentado a expô-lo, mas se
eu fizer isso, a reputação da Georgiana terá prejuízo. Eu só posso esperar que
essa experiência o impeça de fazer qualquer coisa como essa novamente.
Agosto
Quinta, 1º de Agosto
Eu trouxe Georgiana de volta para Londres. Ela ficará comigo até eu
achar uma nova companhia para ela. Depois do problema com a Mrs
Younge, estou com medo de deixá-la, mas eu sei que precisa ser feito. Eu
não posso ficar sempre em Londres e ela não pode ficar sempre viajando
comigo. Ela deve estudar. Contudo, eu pretendo ter certeza de que não
vou ser enganado novamente. Eu não irei apenas olhar as referências, mas
irei visitar os antigos empregadores e me satisfazer com a honestidade e
adequação da companheira, antes de deixar Georgiana sob seu cuidado.
É um consolo, para mim, saber que enquanto Georgiana estiver em
Londres, ela terá o cuidado de um mordomo fiel e uma governanta. Eles
estão na família já há vários anos, e logo vão me alertar quando algo não
estiver certo. Eu não pretendo mandar Georgiana para fora da cidade
novamente a menos que eu possa ir com ela.
Quarta, 14 de Agosto – Eu descobri uma moça que pode ser boa para Georgiana, –
Coronel Fitzwilliam disse quando jantamos juntos essa noite.
Como ele tem a guarda de Georgiana comigo, eu o contei sobre o
que aconteceu em Ramsgate.
– Quem é ela?
– Mrs. Annesley. Ela vem de uma boa família, e o tempo dela com
meus amigos, os Hammonds, está terminando.
– Você já a encontrou?
– Sim, em várias ocasiões. Eu sei que os Hammonds ficaram muito
satisfeitos com ela.
– Então eu ligarei para os Hammonds amanhã e verei o que pode ser
feito.
Quinta, 15 de Agosto Eu liguei para os Hammonds e descobri que a Mrs Annesley é uma
mulher gentil, de agradável aparência que me impressionou
favoravelmente com sua educação e discurso. Ela ficará com a Georgiana a
partir de semana que vem. Eu vou continuar na cidade por algumas
semanas para ter certeza de que ela é tão adequada quanto parece, e então
eu pretendo fazer várias visitas inesperadas durante os próximos meses
para me certificar de que tudo está em ordem.
Ao mesmo tempo, a amiga do colégio estará chegando em breve. Vai
ser bom para ela ter uma companhia da mesma idade.
Sexta, 23 de Agosto Mrs Annesley chegou hoje de manhã. Ela e Georgiana gostaram uma
da outra, e eu acho que a relação se provará boa. Ela está alegre por saber
que uma amiga da Georgiana está vindo para visitar, e ela já planejou
vários passeios com elas. Eu espero que isso complete a recuperação da
Georgiana do romance com o Wickham. Eu estou convencido de que até o
Natal ela já terá esquecido todo o incidente.
Sexta, 30 de Agosto Agora que Georgiana está acomodada em Londres, eu sinto
confiança em deixá-la quando Bingley precisar de mim. Será promissor se
eu deixá-lo escolher sua própria propriedade, e ele escolher uma com rios
alagados, ou com ratos, ou com um aluguel altíssimo. Ele irá declarar o
capital e fechar o negócio com o agente antes mesmo de realizar o que fez.
E então ele irá me perguntar como se colocou em tal situação. É muito
melhor que eu o ajude com isso do que ter que resgatá-lo de um
compromisso.
Eu devo confessar que estou ansioso para vê-lo de novo. Eu estou
cansado de Londres, e estou ansioso para visitar o campo.
Setembro
Segunda, 2 de Setembro Eu recebi uma carta do Bingley.
Querido Darcy,
Eu encontrei uma propriedade em Hertfordshire que soa perfeita.
Bem localizada para eu viajar para Londres quando estiver com um bom
humor, ou para o norte da Inglaterra para visitar minha família, e não é
muito longe de Pemberly, então posso visitá-lo facilmente. O agente
recomenda um preço alto, mas eu sei muito pouco sobre esses assuntos e eu
gostaria do seu conselho. Você me encontraria lá?
Segunda, 9 de Setembro Eu parti de Londres hoje e me encontrei com Bingley em Netherfield
Park. Eu me esqueci de como ele é uma boa companhia; sempre pronto
para agradar e sempre alegre. Após um verão conturbado, é bom vê-lo
novamente.
– Darcy! Eu sabia que podia contar com você. Como foi seu verão?
Não tão difícil como o meu, eu suponho.
Eu não disse nada, e ele considerou como um assentimento.
– Caroline ficou me torturando esse últimos três meses, mas agora
que eu encontrei uma propriedade, eu espero que ela fique satisfeita.
Bingley estava maravilhado com tudo o que via. Ele disse como era
esplêndido e perguntou indiscretas perguntas, e andou com as mãos atrás
de suas costas como se ele tivesse morado lá os últimos vinte anos. Ele
estava satisfeito com a situação e com os cômodos principais, e satisfeito
como o agente, Senhor Morris, falou com aprovação.
Ele não perguntou nada sobre as chaminés, os entretenimentos, o
lago ou coisa alguma.
– Isso são instrumentos? – Eu perguntei ao Senhor Morris.
– Ele me certificou que sim, mas eu chequei do mesmo jeito.
– Será fácil achar criados na vizinhança? Meu amigo trará algumas de
suas próprias pessoas, mas ele precisará de empregadas, jardineiros e
homens que cuidem dos cavalos dessa área.
– Ele não encontrará nenhuma dificuldade em achá-los em Meryton.
– Qual a sua opinião Darcy? – perguntou Bingley, quando
completamos o tour.
– O preço é realmente muito alto.
O Senhor Morris insistiu que era um preço justo, mas ele logo caiu
em si que era excessivo, e uma nova quantia foi determinada.
– Sobre minha honra, Darcy, eu não gostaria de permanecer contra
você quando sua mente está feita. O Pobre Senhor Morris também
concordou com você rapidamente, e se poupou o esforço de tentar
argumentar contra você! – Disse Bingley quando fechamos o contrato com
o agente.
Ele talvez ria, mas ele irá agradecer pelo meu cuidado quando ele
estiver bem instalado.
– Quando você pretende tomar posse? – Eu perguntei a ele.
– Quanto mais cedo eu puder.
– Você deveria mandar alguns de seus criados antes de você, para que
eles arrumem a casa para a sua chegada.
– Você pensa em tudo! Eu os mandarei aqui pelo fim da próxima
semana.
Eu estava contente que ele aceitou o meu conselho. Se não, ele teria
chegado ao mesmo tempo que os criados, e teria se perguntado porque o
jantar não estava pronto.
Terça, 24 de Setembro – Darcy, bem vindo á minha propriedade! – disse Bingley quando eu
me juntei á ele em Netherfield Park esta tarde. Suas irmãs, Caroline e
Louisa, estavam com ele, como também estava o marido de Louisa, Mr
Hurst.
– A casa, a vizinhança, tudo é exatamente como eu desejava.
– A propriedade é muito boa, mas a vizinhança é pequena, com
poucas famílias. – Eu disse. – Eu lhe avisei.
– Há várias famílias aqui, – ele disse. – O suficiente para nós
convidarmos para um jantar, e o que mais queremos?
– Companhias sofisticadas? – Perguntou Caroline sarcasticamente. –
Assuntos interessantes?
– Eu tenho certeza que encontraremos tudo isso aqui, – disse
Bingley.
– Você deveria ter deixado eu lhe ajudar a escolher a casa, – disse
Caroline.
– Eu não precisava da sua ajuda, Darcy me ajudou, – disse Bingley.
– Ótimo. Eu só estava dizendo á Louisa essa manhã que você não
poderia ter achado lugar mais agradável que este. – Disse Caroline,
sorrindo para mim.
– Sobre minha honra, eu não consigo pensar em lugar melhor do que
Hertfordshire, – disse Bingley.
Ele está encantado com a vizinhança, mas eu penso que ele
achará tedioso se ele se instalar aqui por muito tempo. Mas é improvável,
entretanto. Bingley é tão inquieto, que provavelmente irá se mudar
novamente em um mês. Eu comentei isso com Caroline depois do jantar.
– Muito bom, – ela disse. – Até lá, nós seremos gratos de ter a
companhia um do outro.
Quarta, 25 de Setembro Esse foi nosso primeiro dia completo em Netherfield Park. Caroline
planejou as coisas muito bem, e ela ficou lisonjeada quando eu comentei
que ninguém adivinharia que essa era uma casa alugada. Ela teve
problemas com os empregados contratados da vizinhança, mas é graças a
ela que a casa esta em perfeitas condições.
Quinta, 26 de Setembro As visitas da vizinhança começaram. É desagradável, mas já era o
esperado. Sir William e Lady Lucas vieram esta manhã. Bingley os achou
muito educados, levando em conta que Sir William se curvava a cada dois
minutos e mencionando que compareceu em St James’s.
Caroline suspeita que eles ficam se vangloriando por terem uma filha
solteira, nada atraente, que desejam ver casada, e Caroline disse á Bingley
assim quando eles partiram.
– Aposto que eles tem uma filha beirando os trinta anos e pretendem
falar que ela tem vinte e um! – ela o avisou.
Bingley riu.
– Eu estou certo que eles não tem filha alguma, e se tiverem, tenho
certeza de que ela é encantadora!
– Caroline está certa, – disse Louisa. – uma das empregadas me disse
que os Lucas têm uma filha chamada Charlotte. Charlotte não é casada e
tem vinte e sete anos.
– Isso não a impede de ser uma moça encantadora. Eu estou certo de
que ela é uma agradável senhorita. – Bingley protestou.
– E eu tenho certeza que ela tem um corpo comum e que está sempre
ajudando a mãe a fazer tortas. – Disse Caroline em uma voz cômica.
– Bem, eu acho muito bom os Lucas virem nos visitar, e melhor ainda
eles nos convidarem para o baile em Meryton. – Disse Bingley.
– O baile de Meryton! Deus, me salve de bailes do campo. – Eu
comentei.
– Você tem estado muito acostumado com companhias superiores. –
Disse Caroline.
– Eu realmente tenho. Os bailes em Londres são cheios das pessoas
mais elegantes do país.
Por alguma razão, ela não sorriu com esse comentário. Eu me
pergunto porque, já que ela sorri de tudo que eu digo.
Sir William e Lady Lucas, não foram as únicas visitas que recebemos
hoje. Mr Bennet entrou logo em seguida deles. Ele parece ser um homem
gentil.
– Ele tem cinco filhas. – Disse Caroline quando ele foi embora.
– Lindas meninas, disse Mr Hurst, se gabando do conhecimento. –
Eu as vi em Meryton. A maioria delas são bonitas.
– Finalmente! – disse Bingley. – Eu sabia que tinha feito uma boa
escolha em me fixar em Netherfield. Terá várias moças para dançar.
– Eu sei o que está pensando, – Caroline disse ao ver minha
expressão. – Você está pensando que seria desagradável dançar com uma
garota do campo. Mas você não precisará. Charles fará um espetáculo de si
mesmo, sem dúvida. Mas você não precisará. Ninguém estará esperando
que você dance.
– Eu espero que não. – Eu disse. – A idéia de dançar com pessoas que
eu não conheço é insuportável para mim.
Bingley riu.
– Ora, Darcy, você não é assim. Você não é geralmente tão rígido. É o
clima. Espere a chuva parar e você estará disposto a dançar tanto quanto
eu.
Bingley era muito otimista.
Segunda, 30 de Setembro Bingley e eu corremos ao redor da propriedade essa manhã. Ela foi
mantida em boas condições, e se ele pretende comprá-la, eu penso que
será adequada. Mas eu irei esperar para ver se ele se fixa aqui. É bem
provável que ele decida comprar uma propriedade em Kent, ou Cheshire,
ou Suffolk semana que vem.
Ele logo aconselhou que voltássemos.
– Eu pensei que talvez deveria fazer uma visita aos Bennet. – Ele disse
de forma relaxada, enquanto voltávamos para a casa.
– Ansioso para ver as Senhoritas Bennet? Eu perguntei.
Ele não considerou meu comentário.
– Eu sei que você pensa que eu me apaixono todas as semanas, mas é
só que eu acho que seria educado fazer uma visita ao Mr Bennet.
Nós nos separamos, ele para ir a Longburn, e eu para voltar a
Netherfield. Ele não demorou muito.
– Então, você viu as cinco lindas filhas que você tanto ouviu falar? –
eu perguntei quando ele retornou.
– Não, – ele disse despontado. – Eu sentei com Mr Bennet em sua
biblioteca por dez minutos mas não vi nenhuma das meninas.
Outubro
Terça, 1 de Outubro O espírito de Bingley foi revigorado quando ele recebeu um convite
da Senhora Bennet, o convidando para se juntar com a família pra um
jantar.
– Mas eu não posso ir! – ele disse cabisbaixo. – O jantar será amanhã,
e eu tenho que estar na cidade.
– Querido Bingley, ambos sobreviverão. Você os verá no baile de
Meryton.
Ele se animou ao ouvir. – Sim, eu verei.
Quarta, 2 de Outubro Bingley foi para a cidade hoje. É como eu pensava. Ele nunca irá se
acomodar no campo. Ele já está ficando entediado. Eu não ficaria surpreso
se ele desistisse de Netherfield antes do Natal.
Sábado, 12 Outubro Nós fomos ao baile em Meryton, e foi ainda pior do que eu imaginei.
Nós não estivemos lá por cinco minutos e eu ouvi uma mulher - eu me
recuso a chamá-la de senhorita - sussurando para outra que eu ganhava dez
mil por ano. Essa é uma das coisas que eu mais desgosto, ser cobiçado pela
minha riqueza. O comentário percorreu o salão inteiro, e eu me encontrei
sendo olhado como um pote de ouro. Eu não fiz nada para melhorar o meu
humor na noite. Com sorte, eu não me misturei com as pessoas locais. Nós
formamos uma pequena roda, Caroline, Mrs e Mr Hurst e eu, na tentativa
de entretermos uns aos outros.
Bingley aproveitou a festa, como sempre faz. Ele, certamente, foi bem
recebido. Ele sempre é. Ele tem maneiras agradáveis, que o beneficia
aonde quer que vá. Eu ouvi vários comentários da pessoa agradável que ele
é e de seu rosto bonito. Eu, também, fui descrito com um homem bonito,
até eu desagradar Mrs Carlisle. Ela fez um comentário desagradável e eu
estava irritado com isso: não tinha se passado dois minutos quando ela
comentou que queria que sua filha tivesse os meus dez mil por ano, e
então, quando ela me apresentou sua filha, ela teve a audácia de dizer na
minha frente que ela considerava a riqueza sem importância para o
casamento, e que o que realmente importava era o sentimento.
Bingley dançou todas as danças, principalmente com o divertimento
de Caroline.
– Ele estará apaixonado novamente antes mesmo desta noite acabar.
– Ela disse.
Eu concordei. Eu nunca conheci um homem que se apaixona tão
facilmente. É só ele ver um rosto bonito e com boas maneiras que ele não
vê além disso.
Eu dancei uma vez com Mrs Hurst, mas os músicos eram tão ruins
que uma dança era o bastante. Eu evitei ser apresentado para outras jovens
e me contentei apenas andando pelo salão até Bingley parar de dançar.
Não digo que era fácil evitar parceiras. Tinham várias jovens sentadas pelo
salão. Uma delas era irmã da jovem que Bingley estava dançando, e
Bingley decidiu que queria me ver dançando com ela.
– Venha, Darcy, – ele disse. – Eu tenho que fazer você dançar. Eu
odeio ver você parado e sozinho, com essas estúpidas maneiras. Você faz
melhor se vier dançar!
– Eu realmente não devo. Suas irmãs estão acompanhadas e não há
outra jovem no salão, que diga que dançar não seria uma tortura– Eu disse,
em um humor que não poderia ser alterado por nada.
– Eu não seria tão rígido como você, nem por um reino inteiro!
Palavra de honra, eu nunca encontrei tantas jovens bonitas na minha vida.
– Você está dançando com a única bonita do salão. – Eu o lembrei,
olhando para a irmã Bennet mais velha.
– Oh! Ela é a criatura mais bonita com quem eu já estive! Mas há
uma de suas irmãs sentada bem atrás de você, e ela é muito bonita, e eu me
atrevo a dizer, muito agradável. Deixe-me pedir para minha parceira lhe
apresentá-la.
– Qual você quer dizer? – Eu lhe perguntei, olhando ao redor. Eu
notei Miss Elizabeth Bennet, e então, encontrando seu olhar, eu fui
forçado a olhar para longe. – Ela é razoável, – eu admiti, – mas não é bonita
o bastante para me tentar, e eu não estou com humor para consolar jovens
que outros desdenham.
Caroline me entendia muito bem.
– Essa gente! – ela disse para mim. – Eles não tem estilo algum e
nenhuma elegância, e mesmo assim, estão todos tão confortáveis uns com
os outros! Eu tive que forçar um sorriso delicado enquanto Mary Bennet
foi descrita para mim como a garota mais talentosa da vizinhança. Se ela
fosse metade tão talentosa quanto Georgiana, eu ficaria muito surpresa.
– Isso seria realmente difícil. – Eu disse. – Georgiana tem um dom
incomum.
– Certamente ela tem. Eu a adoro. – disse Caroline – Eu afirmo que
ela é como se fosse uma irmã para mim.
Talvez em tempo, ela seja realmente irmã de Caroline. Não que eu
tenha dito alguma coisa disso á ela, Mas Bingley é um homem de boas
maneiras e com uma riqueza razoável, e fará um bom marido. Eu não
tenho intenção de arranjar um casamento para Georgiana antes que ela
complete vinte e um anos, mas depois do caso com George Wickham, eu
comecei a pensar que não seria uma má idéia casá-la mais cedo. Uma vez
casada com Bingley, ela estará salva do canalha do Wickham. Embora eu
não esteja certo se Meryton serviria para ela. Se Bingley incitar de partir, eu
vou encorajá-lo. Eu prefiro ter ela perto de mim, em Derbyshire, ou em
Cheshire, talvez. Então ela poderia me visitar em algumas horas se ela
pretender.
Nós finalmente voltamos para casa.
– Eu nunca conheci pessoas mais agradáveis e tantas jovens bonitas
em minha vida. – Disse Bingley enquanto nos retiramos para a sala de
desenho. – Todos foram simpáticos e atenciosos. Não teve nenhuma
formalidade, ou rigidez. Eu logo me senti próximo com todos no salão.
Quanto a Senhorita Bennet, eu não posso imaginar um anjo mais belo.
Caroline me lançou um olhar cômico. Em Brighton, Bingley nos
disse que Miss Hart era a criatura mais encantadora que ele já viu. Em
Londres foi Miss Pargeter. Parece que em Meryton, Miss Bennet é a
escolhida.
– Ela é uma garota adorável, – Caroline disse.
– Ela é bonita. – Eu disse. É sempre bom apoiar Bingley quando está
nesse humor. –Mas ela sorri demais.
Terça, 15 de Outubro Bingley e eu percorremos a floresta hoje. Enquanto estávamos fora,
as Senhoritas Bennet esperavam Caroline e Louisa.
Sexta, 18 de Outubro Enquanto Bingley e eu estávamos cavalgando, Caroline e Louisa
foram de carruagem a Longburn fazer uma visita aos Bennets. Eu penso
que elas foram fazer amizade com as duas irmãs Bennets mais velhas. Fico
feliz que tenham alguma companhia enquanto estão aqui.
Sábado, 19 de Outubro Um dia úmido. Após ter ficado confinado dentro da casa, é um alívio
sair para um jantar esta noite. Não foi melhor que o baile, as mesmas
pessoas deselegantes e os mesmos assuntos desinteressantes, mas teve a
vantagem de oferecer novidades.
Bingley sentou novamente com Miss Jane Bennet. Eles estavam
flertando, e como ele é agradável, eles formam um bom casal e não é
provável que ela se magoe pelas ações de Bingley.
– É uma pena que as outra garotas Bennet não possuam a mesma
beleza e maneiras da irmã mais velha. – Comentou Caroline depois do
jantar.
– É mesmo, – eu concordei.
– Eu não estou surpresa que você não pôde suportar a idéia de dançar
com Elizabeth Bennet no baile. Ela não tem nenhuma da beleza de sua
irmã.
– Ela dificilmente tem algum traço bonito em seu rosto, – eu
respondi. Olhando para ela, e estudando-a detalhadamente.
– Ora, Darcy, – disse Bingley, que se juntou conosco quando liberou
Miss Bennet á uma de suas irmãs. – Ela é uma garota muito bonita.
– Ela não se destaca de modo algum. – Eu respondi.
– Muito bem, pense como quiser. Ela é uma garota muito razoável, –
ele disse enquanto retornava a Jane Bennet.
Caroline continuava á criticar nossos vizinhos. Enquanto ela o fazia,
meus olhos começaram a observar Miss Elizabeth Bennet, e eu comecei a
perceber que não fui justo com ela. Apesar de seu rosto não ter traços
bonitos, as expressões de seus olhos negros, compensam. Eles lhe davam
uma animação que eu achei muito agradável. Eu me encontrei a
observando, e quando ela se levantou para sair da mesa, eu logo descobri
que ela era uma criatura agradável.
Ela ainda não é bonita o suficiente para tentar um homem como eu,
mas ela possui mais beleza quando eu primeiramente a avaliei.
Novembro
Segunda, 4 de Novembro Outra festa. Foi inevitável, mas eu percebi que não estou indisposto
para tais coisas ultimamente como eu estava. E provaram uma mudança
em nossa roda particular. O baile de hoje foi na propriedade de Sir William
Lucas, Lucas Lodge.
– Prepare-se para ser reverenciado a cada dez minutos, – disse
Caroline enquanto entrávamos na casa.
– A cada cinco minutos. – disse Louisa.
– Sir William é uma pessoa muito agradável, – disse Bingley.
– Querido Charles, você acharia todos agradáveis se eles permitissem
que você encontrasse Miss Bennet em suas festas. – Eu disse.
– Ela é um anjo, – disse Bingley, nem um pouco desconfortável.
Ele logo se juntou á Miss Bennet. Mr Hurst dançou com Caroline, e
Louisa começou a conversar com Lady Lucas.
Eu notei que Miss Elizabeth Bennet estava lá, conversando com o
Coronel Forster. Sem realizar o que estava fazendo, eu me aproximei, e eu
não pude evitar de ouvir sua conversa. Ela estava com uma expressão
divertida, e quando ela está com esta expressão, há um certo brilho em seus
olhos. Eu observei isso, como também observei o rubor de animação que
adiciona beleza em suas maçãs do rosto. Sua complexidade é suave, e sua
pele é levemente bronzeada. Talvez não seja elegante como a pele de
Caroline, mas é agradável do mesmo jeito.
Ela logo deixou o Coronel Forster e logo foi procurar Miss Lucas. As
duas pareciam ser amigas. Eu estava preste a falar com ela, sentindo uma
urgência em ver aquele brilho nos seus olhos novamente, quando a própria
Elizabeth se dirigiu á mim.
– Não concorda, Mr Darcy, que me expressei invulgarmente bem,
agora há pouco, quando estava propondo ao Coronel Forster para nos dar
um baile em Meryton?
– Com grande energia, – eu respondi surpreso. – Mas esse é um
assunto que torna qualquer senhorita enérgica.
– Você é severo conosco.
Isso foi dito com um olhar tão provocante, que eu não pude evitar de
sorrir. Seu comportamento não iria ser bem aceito em Londres, mas no
campo, é uma boa coisa para se olhar. É preciso variedade, afinal.
– Será logo a vez dela de ser atormentada. – Disse Miss Lucas, se
virando para mim. –Eu abrirei o piano, Eliza, e você sabe o que fazer.
Ela se recusou a princípio, dizendo que não iria tocar na frente
daqueles que devem estar acostumados com ótimos músicos, mas Miss
Lucas insistiu até ela ceder.
A performance de Elizabeth foi surpreendentemente boa. Não todas
as notas; eu acredito que boa parte delas estavam erradas. Mas tinha uma
suavidade no tom que soava agradável para meus ouvidos.
Eu estava começando a andar em direção a ela, eu realmente queria
continuar nossa conversa , quando ela abandonou o piano e com uma
chance – com sorte ou azar, não sei ao certo qual dessas – sua irmã mais
nova tomou seu lugar. Meu sorriso se desfez de meu rosto. Eu nunca ouvi
um performance mais desastrosa em minha vida, e eu não conseguia
acreditar que Miss Mary Bennet estava exibindo seu mísero talento para
tantas pessoas ouvirem. Se eu continuasse a ouvi-la mais um minuto, eu
acredito que eu diria a ela o quão ruim é sua performance.
Os problemas foram ficando maiores quando as duas irmãs mais
novas tiveram a oportunidade de dançar com alguns dos oficiais. Sua mãe
as olhava, com um grande sorriso no rosto, enquanto a mais nova flertava
com cada oficial que passava. Quão velha ela é? Ela não aparenta ter mais
do que quinze anos. Ela deveria estar na escola, não em um lugar público
onde ela pode desonrar a ela e sua família.
O comportamento dela esvoaçou toda a consideração que eu tinha
por Miss Elizabeth Bennet, e eu não lhe dirigi a palavra novamente.
– Mas que agradável divertimento para os jovens está sendo, Mr
Darcy! – disse Sir William Lucas, se colocando ao meu lado. – Não tem
nada como dançar, afinal. Eu considero a dança o primeiro requinte nas
aprimoradas sociedades.
– Certamente, senhor, – eu respondi, enquanto meu olhar estava em
Miss Lydia Bennet, que estava dançando sem a menor decência. – e
também existe a vantagem de estar na moda entre as sociedades menos
aprimoradas do mundo. Qualquer selvagem pode dançar.
Sir William apenas sorriu, e me atormentou com uma longa conversa
sobre o assunto ‘dançar’, me perguntando se eu já dancei em St James’s. Eu
respondi delicado o suficiente, mas eu pensei que se ele mencionasse St
James’s mais uma vez, eu seria capaz de estrangulá-lo com sua própria
cinta. Enquanto meu olhar rondava o salão, eu vi Miss Elizabeth Bennet
vindo em minha direção. Apesar da falta de modos de suas irmãs, eu estava
preso novamente pela sua graciosidade, e eu pensei que se tivesse uma
pessoa no salão que eu gostaria de ver dançar, era ela.
– Minha querida Miss Eliza, porque você não está dançando? –
perguntou Sir William, como se ele lesse meu pensamento. – Mr Darcy,
permita-me apresentar essa jovem senhorita a você como um par muito
desejado. Você não pode se recusar a dançar, quando tanta beleza está
bem em sua frente.
Ele pegou a mão dela, e me surpreendeu dando-a para mim. Eu não
tinha pensado de eu mesmo dançar com ela, eu apenas pensei em vê-la
dançar, mas eu teria pego a mão dela se ela não tivesse retirado-a antes.
– Certamente, senhor, eu não tenho a menor intenção de dançar. Eu
lhe imploro para não pensar que eu só andei até aqui para suplicar por um
parceiro. – Ela disse.
Eu realizei que eu não queria desistir da proposta.
– Você me daria a honra de sua mão? – Eu perguntei, me
interessando mais do que qualquer outra coisa, pela sua relutância em
dançar comigo.
Sir William tentou persuadi-lá.
– Embora esse cavalheiro deprecie divertimentos em geral, ele não
pode aceitar objeção, eu tenho certeza.
Um sorriso iluminou seus olhos, e se voltando para mim, ela disse: –
Mr Darcy é de uma delicadeza sem fim.
Aquele foi um sorriso desafiador; não tenho dúvidas sobre isso.
Mesmo ela dizendo que eu era de uma delicadeza sem fim, ela quis dizer
exatamente o contrário. Eu senti meu desejo de dançar com ela crescer. Ela
se auto-nominou como minha inimiga. E eu senti um desejo de conquistá-
la crescendo dentro de mim.
Porque ela me recusou? Porque ela me ouviu dizendo que ela não era
bonita o bastante para me tentar? Claro que sim! Me encontrei admirando
seu espírito. Meus dez mil por ano não significavam nada para ela
comparado ao desejo de vingança dela sobre mim.
Eu a observei andar para longe de mim, reparando a leveza de seus
passos, e a graciosidade de sua figura, e tentando me lembrar a última vez
que eu tinha estado tão bem.
– Eu posso imaginar o que está pensando, – disse Caroline, se
colocando ao meu lado.
– Não imagino como. – Eu disse.
– Você está pensando como seria insuportável passar várias noites
dessa maneira, em tal sociedade; e eu sou da mesma opinião que você. Eu
nunca fui tão atormentada! Eu daria tudo para ver a sua rigidez sobre eles!
– Sua adivinhação está totalmente errada, eu lhe asseguro. Minha
mente está mais aberta. Eu andei refletindo no imenso prazer que um par
de belos olhos no rosto de uma linda mulher pode proporcionar.
Caroline sorriu.
– E qual senhorita tem o crédito de proporcionar tal reflexo?
– Miss Elizabeth Bennet. – Eu respondi, enquanto a vi cruzar o salão.
– Miss Elizabeth Bennet! – ela exclamou. – Eu estou espantada. Há
quanto tempo ela tem sido a favorita? E quando devo lhe desejar
felicidades?
– Essa é exatamente a mesma pergunta que eu esperava que pudesse
responder, – eu disse a ela. – a imaginação de uma senhorita tem uma
rapidez fantástica; salta de admiração para amor, de amor para
matrimônio, em um instante.
– Se está falando sério sobre isso, eu devo considerar o assunto como
praticamente certo. Você terá uma adorável sogra, certamente, e estou
certa que ela sempre estará com você em Pemberly.
Eu a deixei falar. É totalmente indiferente para mim o que ela diz. Se
eu desejo ter admiração por Miss Elizabeth Bennet, então eu terei, e nem
todos os comentário de Caroline irá me fazer pensar o contrário.
Terça, 12 de Novembro Bingley e eu jantamos com os oficiais esta noite. Existe um regimento
estacionado aqui, e eles são, na maior parte homens bem-educados e
inteligentes. Quando voltamos para Netherfield encontramos Miss Bennet
na casa. Caroline e Louisa tinham-na convidado para jantar. Ela veio à
cavalo, e, infelizmente, uma chuva torrencial a tinha encharcado
completamente. Não surpreendentemente, ela pegou um resfriado.
Bingley ficou prontamente preocupado, insistindo que ela deveria
ficar esta noite. Suas irmãs concordaram. Ela se retirou para dormir cedo, e
Bingley estava distraído o resto da noite.
Lembrei-me do fato de que ele ainda tem vinte e três anos, e essa
é uma idade indefinida. Ele está atualmente preocupado com a saúde de
Miss Bennet, e ainda antes do Natal ele estará em Londres, onde irá, sem
dúvida, esquecer tudo sobre ela.
Quarta-feira 13 de novembro Miss Bennet saiu mal estava a amanhecer, e Caroline e Louisa
insistiram para que ela ficasse em Netherfield, até que estivesse totalmente
recuperada. Elas insistiram tão veemente que não restou dúvidas, mas
como o tempo está ruim, e não há nada para se fazer, exceto ficar dentro de
casa, elas estavam ansiosos para convencê-la a permanecer.
Bingley insistia em levar ao Sr. Jones, o boticário, ele saberia se ela
havia ou não melhorado.
– É realmente necessário? – Perguntei-lhe. – Suas irmãs parecem
pensar que nada mais é do que uma dor de garganta e dor de cabeça.
– Não se pode dizer o que uma dor de garganta e dor de cabeça
podem levar – disse Bingley.
O recado foi enviado ao Sr. Jones, e outro para a família de Miss
Bennet, e estabeleceu-se um pequeno-almoço.
Estávamos ainda no salão de café da manhã, algum tempo depois,
quando houve uma perturbação na sala. Caroline e Louisa levantaram os
olhos de seus copos de chocolate trocando olhares, perguntando uns aos
outros, e, em seguida, seu irmão.
– Quem iria chamar a esta hora e com este tempo? – perguntou
Caroline.
Ele perguntou e logo foi respondido quando a porta se abriu e Miss
Elizabeth Bennet foi entrando. Seus olhos estavam brilhantes e suas
bochechas vermelhas. Suas roupas e suas botas robustas estavam cobertas
de lama de sua caminhada.
– Miss Bennet! – exclamou o Sr. Hurst, olhando para ela como se ela
fosse uma aparição.
– Miss Bennet! – ecoou Caroline. – Você não veio a pé? – ela
perguntou, espantada, olhando para suas botas, e em sua anáguas, estava
seis centímetros de profundidade na lama.
– Sim – disse ela, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
– Andou três milhas tão cedo do dia! – disse Caroline, com um olhar
horrorizado para Louisa.
– E no tempo tão Ruim! – Louisa exclamou, voltando seu olhar.
Bingley não se espantou com tal atitude.
– Miss Elizabeth Bennet, que bom que você veio – disse ele, pulando
e cumprimentado com um aperto de mão. – Sua irmã está muito doente,
estou preocupado.
Caroline compreendeu tal atitude.
– Realmente, Charles,não a preocupe – disse ela. Ela virou-se para
Miss Bennet. – Não é nada além de uma dor de cabeça e de garganta. Ela
não dormiu muito bem, e esta manhã seu mal estar aumentou. Ela está
febril, embora, e ela não está bem o suficiente para sair de seu quarto.
– Não é nada. Costumo sair no amanhecer. O frio e a chuva não me
incomodam. Onde está Jane? Posso vê-la?
– É claro – disse Bingley. – Vou levá-la até ela nesse instante.
Eu não podia deixar de pensar no brilhante exercício que tinha feito,
embora eu me perguntava se ela deveria ter andado tão longe sozinha. Se
sua irmã estava gravemente doente, talvez, mas e o frio?
Charles deixou o quarto com Miss Bennet. Caroline e Louisa,
sentindo que lhes incumbe como hospedeiras, seguiram. Bingley
rapidamente retornou, deixando suas irmãs com a enferma.
– Devemos partir logo, – eu disse, olhando para o relógio.
Tínhamos combinado de conhecer alguns dos oficiais para uma
partida de bilhar. Eu poderia dizer que Bingley não queria ir, mas o
convenci de que seria ridículo não sair de casa porque a amiga de sua
irmã teve um resfriado. Ele parecia estar prestes a protestar, mas tem o
hábito de ouvir-me e aceitou o conselho. Fiquei contente com isso.
Coronel Forster teria achado muito estranho se ele tivesse cancelado o
compromisso com tão pequeno pretexto.
Voltamos para casa no final da tarde e às seis e meia todos nos
sentamos para jantar. Miss Elizabeth Bennet era uma das convidadas. Ela
parecia cansada. A cor tinha desaparecido de seu rosto e seus olhos se
escureceram. Mas tão logo Bingley perguntou sobre sua irmã, para animá-
la.
– Como esta sua irmã? – Bingley perguntou.
– Eu tenho medo que ela não se recupere.
– Chocante! – disse Caroline.
– Estou triste em ouvir isso – disse Louisa.
Sr. Hurst resmungou.
– Eu não gosto de estar doente demais. – disse Louisa.
– Igualmente. Não há nada pior – disse Caroline.
– Existe alguma coisa que eu possa fazer por ela? – perguntou
Bingley.
– Não, obrigada – respondeu ela.
– Não há nada que ela precisa?
– Não, ela tem tudo.
– Muito bem, mas você deve me deixar saber se há alguma coisa que
eu possa fazer por ela para aliviar seu sofrimento.
– Obrigado, eu vou – disse, emocionada.
– Você parece cansada. Esteve com ela o dia todo. Você deve deixar-
me ajudá-la com uma tigela de sopa, eu não quero você fique mal cuidando
de sua irmã.
Ela sorriu com sua bondade, e me abençoou. Ele tem uma facilidade
de modo que eu não possuo, e eu estava contente de vê-lo usar para ajudá-
la com o melhor dos pratos sobre a mesa.
– Eu devo voltar para Jane – disse ela, logo que o jantar tinha
acabado.
Eu preferiria que ela ficasse. Logo que ela saiu, Caroline e Louisa
começaram a ofende-la.
– Nunca vou esquecer sua aparência esta manhã. Ela realmente
parecia quase selvagem. – disse Louisa.
– Certamente, Louisa – retornou Caroline.
– Prestei atenção na anágua, seis centímetros de profundidade na
lama – disse Louisa.
Nisso Bingley explodiu.
– Sua anágua suja o bastante escapou meu conhecimento – disse ele.
– Você observou, estou certa, Sr. Darcy – disse Caroline. – Receio
que esta aventura tenha afetado um pouco sua admiração dos seus belos
olhos.
– Não de tudo – eu respondi. – Eles foram clareadas pelo exercício.
Caroline foi silenciada. Eu não vou deixar ofender Miss Elizabeth
Bennet perto de mim, mas tenho certeza que ela vai ofende-la pelas costas.
– Eu tenho um respeito excessivo por Jane Bennet, ela é realmente
uma menina muito doce, e eu desejo com todo meu coração que ela
melhore. Mas com esse pai e mãe, e tais conexões baixas, tenho medo que
não há chance dele – disse Louisa.
– Eu acho que ouvi você dizer que seu tio é um advogado em
Meryton – comentou Caroline.
– Sim, e eles têm outro, que vive em algum lugar perto Cheapside –
disse Louisa.
– Se eles tivessem tios suficiente para preencher todos os Cheapside,
não faria um nada menos agradável – exclamou Bingley.
– Mas é preciso muito de reduzir sensivelmente suas chances de se
casar com homens de qualquer consideração no mundo – comentei.
Não faz nenhum mal lembrar Bingley da realidade. Ele quase foi
levado o ano passado e quase propôs a uma moça cujo pai era um padeiro.
Não há nada de errado com os padeiros, mas eles não pertencem à família,
e nem advogados ou pessoas que vivem em Cheapside.
– Bem colocado, Sr. Darcy – disse Caroline.
– Não poderia ter colocado isso melhor – rebateu o Sr. Hurst,
estimulando-se momentaneamente de seu estupor.
– Cheapside! – disse Louisa.
Bingley nada disse, mas caiu em melancolia.
Suas irmãs hoje visitaram a enfermaria, e quando desceu, Miss
Elizabeth Bennet estava com eles.
– Junta-se à nós nas cartas? – perguntou Sr. Hurst.
– Não, obrigada – disse ela, vendo o jogo.
Para começar, ela pegou um livro, mas aos poucos ela foi até a mesa
de cartas e assistiu ao jogo. Sua figura foi apresentada a vantagem que ela
estava por trás da cadeira de Caroline.
– Miss Darcy cresceu muito desde a Primavera? – perguntou
Caroline. – Ela vai ser tão alta quanto a mim?
– Eu acho que ela vai. Ela agora esta a cerca da altura de Miss
Elizabeth Bennet, ou melhor, mais alta.
– Como eu espero vê-la outra vez! Suas feições, suas maneiras! E
extremamente realizada para sua idade!
– É surpreendente para mim como jovens senhoras podem ter
paciência para ser tão realizada, pois todas elas são – disse Bingley.
– Todas as moças acompanhadas! Meu caro Charles, o que você quer
dizer? – perguntou Caroline.
– Sim, todas elas, eu acho. Todas pintam quadros, cobrem a tela e
bolsas de liquido.
– Sua lista de medida comum de realizações tem muita verdade –, eu
disse, divertido. Fui informado que dezenas de jovens senhoras são
realizadas, somente para descobrir que elas não podem fazer mais do que a
pintura bonita. – Eu não posso orgulhar-me de saber mais do que meia
dúzia.
– Não, eu, tenho certeza – disse Caroline.
– Então você deve compreender muita coisa em sua idéia de uma
mulher realizada. – Disse Miss Bennet.
Eu imaginei isso, ou ela estava rindo de mim? Talvez, mas talvez não.
Eu fui picado a responder: – Sim, eu compreendo muito.
– Oh! certamente – disse Caroline.
Miss Bennet não se envergonhou, como eu tinha previsto que
aconteceria. Na verdade, enquanto Caroline listava as realizações de uma
mulher verdadeiramente realizada, eu vi distintamente um sorriso se
espalhando por todo rosto de Miss Bennet. Tudo começou em seus olhos,
quando Caroline começou dizendo: – A mulher deve ter um
conhecimento profundo de música, canto, desenho, dança e línguas
modernas ... – e se espalhou para a boca no momento em que Caroline
terminou: – Ela deve possuir um certo algo em seu ais e maneira de andar,
o tom de sua voz, seu endereço e expressões.
A falta de diversões de Miss Bennet irritou-me, e eu adicionei
severamente, – Para tudo isso, ela deve ainda acrescentar algo mais
substancial, na melhoria da sua mente através da leitura extensiva.
– Eu não estou mais surpresa de que com o seu conhecimento
encontre apenas seis mulheres realizadas. Prefiro perguntar ao seu
conhecimento qualquer. – Disse Miss Bennet com uma gargalhada.
Eu deveria ter ficado irritado por seu atrevimento, mas de alguma
forma eu senti em resposta sorrisos de primavera em meus olhos. Parecia
um absurdo, de repente, que eu deveria esperar tanto do sexo oposto,
quando um par de belos olhos era tudo o que era necessário para conceder
a verdadeira felicidade. E uma felicidade que eu nunca senti ao ouvir uma
mulher cantar ou tocar piano, e eu duvido que se dia sentirei.
– É tão grave a seu próprio sexo, como duvidar da possibilidade de
tudo isso? – perguntou Caroline.
– Nunca vi essa capacidade, e gosto, e aplicação, e elegância, como
você descreveria, unidos.
Comecei a me perguntar se eu já tinha visto isso sozinho.
Caroline e Louisa levantaram as provocações, declarando que
conheciam muitas mulheres que responderam a essa descrição. Miss
Bennet dobrou a cabeça, mas não no reconhecimento da derrota. Ela fez
isso para que não vissem o sorriso que estava em seus lábios.
Foi só quando vi o sorriso dela que eu percebi que estava
contradizendo as suas próprias declarações anteriores, quando havia dito
que estas mulheres não existiam. Elas estavam agora dizendo que essas
mulheres eram comuns. Enquanto eu observava o sorriso de Miss Bennet
espalhando-se por seus olhos, pensei que nunca teria gostado dela, nem de
nossas conversas.
Sr. Hurst chamou sua esposa e sua irmã ao fim, chamando sua
atenção de volta ao jogo, e Miss Bennet retornou ao quarto de sua irmã
doente.
Percebi que há um forte laço entre ela e sua irmã. Não pude deixar de
pensar que Caroline e Louise não teriam sido atenciosas em esperar uma
à outra se uma delas estivesse doente; embora elas também sejam irmãs,
parece haver pouco afeto entre elas. É uma pena. O carinho da minha irmã
é uma das maiores alegrias da minha vida.
– Eliza Bennet – disse Caroline, enquanto Miss Bennet se retirava da
sala, – é uma da moças que buscam ser apresentadas ao outro sexo, por
subestimar suas propriedades, e com muitos homens, ouso dizer, é bem-
sucedida. Mas, na minha opinião, é uma iniciativa insignificante, uma
muito significante arte.
– Sem dúvida, há uma maldade em todas as artes que, por vezes,
rebaixar senhoras é utilizado para admiração. Seja qual seja for tem
afinidade com a astúcia e é desprezível.
Aposentou-se da lista, e recuou em seu jogo.
Voltei para meu antigo quarto, me sentido insatisfeito com o dia.
Minha paz de costume havia desaparecido.
Eu encontrei-me a pensar, não no que faria amanhã, mas em
Elizabeth Bennet.
Quinta-feira 14 de novembro Eu tive uma lembrança do tempo da loucura de ser levado por um
par de belos olhos. Elizabeth enviou uma mensagem para sua mãe esta
manhã, pedindo-lhe para vir fazer seu próprio julgamento sobre o estado
de saúde de Miss Bennet. Após uma breve estada com a filha doente, Sra.
Bennet e suas duas filhas mais novas, que haviam acompanhado-a, aceitou
o convite de se juntar ao restante do grupo no café da manhã.
– Eu espero que Miss Bennet não esteja pior do que o esperado. –
Disse Bingley.
Ele tem estado preocupado com o caso, e nada conformado as sérias
instruções para a empregada, de tentar aumentar o conforto de Miss
Bennet.
– Na verdade eu tenho, Senhor – disse a Sra. Bennet. – Ela esta muito
doente para ser movida. Sr. Jones diz que não devemos pensar em movê-la.
Nós abusamos demais de sua bondade.
– Remove-la! – Choramingou Bingley! – Não devemos pensar.
Caroline não pareceu satisfeita com sua observação. Eu acho que a
presença de uma inválida em sua casa está começando a irritá-la. Ela
passou muito pouco tempo como sua convidada, e se Elizabeth não tivesse
vindo, sua irmã teria se consumido em muita solidão em uma casa de
estranhos.
Caroline respondeu educadamente farta, contudo, dizendo que Miss
Bennet receberia toda a atenção.
Sra. Bennet impressionou a todos com o estado de sua filha doente,
em seguida, olhando em volta, observou que Bingley tinha escolhido bem
em alugar Netherfield.
– Você não vai pensar em desistir na pressa, eu espero, que você
tenha um contrato de aluguel mais curto. – Disse ela.
– Tudo que faço é feito com pressa. – Disse ele.
Isso levou a uma discussão de caráter, onde a Elizabeth confessou-se
a ser um caso a se estudar.
– O campo em geral pode oferecer poucos assuntos de tal estudo. –
Eu disse.
– Mas as pessoas se alteram tanto que há algo novo a ser observado
neles para sempre. – Ela voltou.
Falar com Elizabeth é como falar com ninguém. Isto não é uma
atitude comum, mas um exercício estimulante à mente.
– Sim, na verdade. – Disse a Sra. Bennet, assustando a todos nós. –
Asseguro-vos que é tão grande quanto acontece no campo como na
cidade. Eu não posso ver qualquer grande vantagem que Londres possa ter
sobre outro país, exceto as lojas e locais públicos. O campo tem grande
momentos agradáveis, não é, Sr. Bingley?
Bingley, tão fácil como sempre, disse que ele estava igualmente feliz
com qualquer um.
– Isso por que você direciona certo. Mas aquele cavalheiro, – ele
disse olhando para mim. – Pensa que o campo nada é.
Elizabeth tinha facilidade de ruborizar, informando a sua mãe que ela
estava equivocada, mas forçava a lembrar do fato de não haver momento
de equívoco, gentilmente contudo, pode vencer a desvantagem de sua
mãe.
Sra. Bennet piorou e piorou, elogiando os costumes do Sr. Willian
Lucas de fazer comentários velados de “pessoas que são importantes e
nunca dizem nada”. o qual, suponho que ela me entenda.
O pior estava por vir. A menina caçula começou a admitir e pediu a
Bingley uma bola. Ele estava de bom humor e aceitou prontamente, depois
que a Sra. Bennet e sua duas filhas se despediram. Elizabeth retornou ao
quarto de sua irmã doente.
Caroline foi impiedosa quando ela havia se retirado.
– Eles jantam com vinte e quatro familiares! – ela disse. – Eu não sei
como parei de rir! E a pobre mulher pensa que é uma da sociedade.
– Eu nunca ouvia nada mais ridículo em toda minha vida. – disse
Louisa.
– Ou vulgar – disse Caroline. – E a caçula! Implorando por uma bola.
Eu não posso acreditar que a encorajou, Charles.
– Mas eu gosto de dar bolas – protestou Bingley.
– Você não deveria ter recompensado sua impertinência – disse
Louisa.
– Não, certamente. Você só vai torná-la pior. Apesar de como ela
poderia tornar-se pior que eu não sei. Kitty era terrível o suficiente, mas a
mais jovem garota - qual era o nome dela?
– Lydia – suplicou Louisa.
– Lydia! Claro, era isso! Para sê-lo para a frente. Você não gostaria
que sua irmã fosse tão à frente, estou certa, Sr. Darcy?
– Não, eu não – eu disse, mal satisfeito.
Comparar Georgiana com uma menina foi além de qualquer coisa
que eu poderia tolerar.
– E ainda assim elas têm a mesma idade – prosseguiu Caroline. – É
incrível como as duas meninas podem ser tão diferentes, uma elegante e
refinada, e a outra tão atrevida e ruidosa.
– Trata-se de sua educação – disse Louisa, – Com uma mãe tão
grosseira, como Lydia poderia ser qualquer coisa além de vulgar?
– Essas pobres meninas – disse Caroline, sacudindo a cabeça.
– Elas são todos tocados com a vulgaridade mesmo, tenho medo.
– Não Miss Bennet! – protestou Bingley. – Você mesmo disse que ela
era uma menina doce.
– E assim ela é. Talvez você esteja certo. Talvez ela tenha escapado da
mancha de misturar com essas pessoas. Mas Elizabeth Bennet está
inclinada a ser petulante, embora ela tenha belos olhos – disse Caroline,
voltando seu olhar para mim.
Eu estava prestes a demitir Elizabeth dos meus pensamentos, mas
mudei de idéia. Eu não vou fazer isso para agradar Sra. Bingley, no entanto,
ser satírico com ela.
Na noite, Elizabeth se juntou a nós na sala. Eu tomei o cuidado de
não dizer mais do que um breve “Boa noite”, e depois peguei uma caneta e
comecei a escrever à Georgiana. Elizabeth, eu notei, pegou alguns
bordados no lado distante do quarto.
Eu mal tinha começado minha carta, quando Caroline começou a
cumprimentar-me sobre a regularidade de minha carta. Eu fiz o meu
melhor para ignorá-la, mas ela não era de ser dissuadida e continuou a
elogiar-me em cada turno. Bajulação é muito bom, mas um homem pode
cansar-se dela tão rapidamente quanto maldições. Eu não disse nada, no
entanto, já que eu não queria ofender Bingley.
– Tão encantada Miss Darcy ficará de receber tal carta! – Caroline
disse.
Eu a ignorei.
– Você escreve extraordinariamente rápido.
Eu era imprudente o suficiente para retaliar com – Você está
enganada. Eu escrevo muito lentamente.
– Ora, diga à sua irmã que eu espero vê-la.
– Eu já disse isso a ela uma vez, por seu desejo.
– Como você pode inventar para escrever assim mesmo? –
perguntou ela.
Engoli a minha frustração e retomei meu silêncio. A noite úmida no
campo é um dos piores males que eu sei, especialmente na companhia
limitada, e se eu respondesse, temia que fosse rude.
– Diga à sua irmã que tenho o prazer de ouvir de sua melhora na
harpa ...
Rezo, que carta é esta? Eu quase respondi, mas deixou-me apenas no
tempo.
– ... e rezo que ela saiba que eu estou completamente em êxtase com
o lindo quadro, e que eu acho infinitamente superior ao da Sra. Grantley.
– Você vai me dar licença para adiar o seu êxtase até eu escrever de
novo? No momento eu não tenho espaço para fazer-lhes justiça.
Eu vi Elizabeth sorrir com isso, e enterrar a cabeça na sua costura. Ela
sorri facilmente, e eu estou começando a achar infecciosa. Eu estava quase
tentado a sorrir. Caroline, porém, não era para ser reprimida.
– Você sempre escreve tão longas e encantadoras cartas à ela, Sr.
Darcy?
– Elas são geralmente longas, – eu respondi, não sendo capaz de
evitar responder a sua pergunta. – Mas se é sempre encantadora, não sou
eu quem decide.
– É uma regra para mim, para que uma pessoa possa escrever uma
longa carta, com facilidade, não pode escrever mal, disse ela.
– Isso não pode ser um elogio para Darcy – interrompeu Bingley, –
porque ele não escreve fácil. Ele estuda demais para palavras de quatro
sílabas. Você não, Darcy?
– Meu estilo de escrita é muito diferente de seus trabalhos – eu
concordei.
– Minhas idéias fluem tão rapidamente que eu não tenho tempo para
expressa-las, por isso muitas de minhas cartas, por vezes, não transmitem
idéias em todos os meus correspondentes – disse Bingley.
– Sua humildade deve desarmar reprovação – disse Elizabeth, que
costura do lado dela.
– Nada é mais enganoso do que a aparência de humildade – eu disse,
Bingley sorriu do comentário, mas por baixo eu estava consciente de uma
leve irritação que ela estava elogiando. – Muitas vezes, é apenas descuido
de opinião, e às vezes possuem uma indireta.
– E qual dos dois você chama meu pedacinho recente de modéstia? –
perguntou Bingley.
– O orgulho indireto – eu disse com um sorriso. – O poder de fazer
qualquer coisa com rapidez é sempre muito apreciado pelo possuidor, e
muitas vezes sem qualquer atenção para a falha de desempenho. Quando
você disse a Sra. Bennet, esta manhã que você já resolveu a situação em
Netherfield você deve ter ido em cinco minutos, você queria que fosse
uma espécie de elogio a si mesmo, mas não estou convencido de nenhuma
maneira. Se, como se estivesse montando seu cavalo, um amigo estava a
dizer, ‘Bingley, é melhor ficar até a próxima semana’, você provavelmente
faria isto.
– Você só tem provado por isso que o Sr. Bingley não faz justiça à sua
própria disposição. Você mostrou-lhe ter palavra, agora, muito mais do
que ele próprio – disse Elizabeth com uma risada.
– Estou extremamente satisfeito com a sua conversão que o meu
amigo diz que para um elogio sobre a doçura do meu temperamento –
disse Bingley alegremente.
Eu sorri, mas eu não estava tão satisfeito, apesar de por que isso
deveria ser eu não sei. Estou certo de que eu gosto muito de Bingley, e eu
fico sempre satisfeito quanto ao valor de outras pessoas, ele também.
– Mas Darcy pensaria o melhor de mim, se ao abrigo de tal
circunstância eu fosse desmentido, e fugiria tão rápido quanto eu pudesse!
– Ele acrescentou.
– Será que o Sr. Darcy, em seguida, consideraria a precipitação da sua
intenção original como expiação por sua obstinação em aderir a ela? –
Elizabeth perguntou brincando.
– Dou a minha palavra, eu não posso explicar o assunto. Darcy deve
falar por si mesmo.
Eu coloquei a minha pena, todos os pensamentos da minha carta
esquecida.
– Você espera que me dê conta de parecer que você escolhe para
chamar de meu, mas o branco eu nunca reconheci. – Eu disse com um
sorriso.
– Ceder à persuasão de um amigo não é mérito de vocês – disse
Elizabeth.
Apesar de mim mesmo, senti-me atraído em sua brincadeira.
– Produzir sem convicção não é nenhum elogio à compreensão de
ninguém – eu devolvi.
– Você parece comigo, Sr. Darcy, não permitindo que nada influencie
sua amizade e afeto.
Eu vi Caroline olhando horrorizada por a nossa troca, mas eu estava
gostando da conversa estimulante de Elizabeth.
– Não seria oportuno organizar o grau de intimidade que subsistam
entre as partes antes de decidir? – Perguntei a ela.
– Por todos os meios – exclamou Bingley. – Vamos ter todas as
informações, não esquecendo a sua altura e tamanho comparativo, pois eu
garanto que se Darcy não fosse tão grande companheiro de altura eu não
deveria pagar-lhe a metade de tanta deferência. Declaro que não sei um
objeto mais terrível do que Darcy, em sua própria casa, especialmente, em
uma noite de domingo, quando nada há para fazer.
Eu sorri, mas fiquei ofendido, no entanto. Eu temia que houvesse um
grão de verdade no que disse Bingley, e eu não queria que Elizabeth
conhecesse-a.
Elizabeth olhou como se quisesse rir, mas não o fez. Espero que ela
não tenha medo de mim. Mas não. Se ela estivesse com medo de mim, ela
não iria rir tanto!
– Eu vejo o seu esquema, Bingley – eu disse, colocando de lado sua
observação. – Você não gosta de um argumento, e quero esse silêncio.
– Talvez, eu faça – Admitiu Bingley.
A animação tinha saído da conversa, e um constrangimento
prevaleceu. Elizabeth voltou para seu trabalho de costura, e eu retornei à
minha carta. O relógio marcou em cima da lareira. Eu terminei minha carta
e coloquei-a de lado. O silêncio continuava.
Para quebrá-lo, indaguei às senhoras sobre favorecer-nos com
algumas músicas. Caroline e Louisa cantaram, e eu encontrei meu olhar
vagando para Elizabeth. Ela não é bonita, e ainda assim eu acho que prefiro
olhar para o rosto dela, do que qualquer outro. Ela não é graciosa, e ainda
assim suas maneiras me agradam mais do que qualquer outra que eu
conheci. Ela não é prendada, e ainda assim ela tem uma inteligência que faz
dela uma debatedora animada, e torna sua conversa estimulante. É um
longo tempo desde que tive a cerca com as palavras, na verdade não tenho
a certeza que eu já fiz isso antes, e ainda com ela eu sou frequentemente
envolvido em um duelo de esperteza.
Caroline começou a desempenhar um ar escocês animado, e movido
por um impulso súbito eu disse: – Você não sente uma grande tendência,
Miss Bennet, para aproveitar essa oportunidade de dançar um carretel1?
Ela sorriu, mas não respondeu. Achei seu silêncio enigmático. Ela
é uma esfinge, enviada para me atormentar? Ela deve ser, em prol de meus
pensamentos geralmente não tão poéticos.
Em vez de me desagradar, seu silêncio só me inflamou mais, e eu
repeti a pergunta.
– Oh! – Disse ela. – Ouvi-o antes, mas não foi possível determinar o
que dizer em resposta. Você me queria, eu sei, para dizer ‘Sim’, de modo
que você pudesse ter o prazer de desprezar o meu gosto, mas eu sempre
tenho o prazer em derrubar esse tipo de esquema. Eu tive portanto que
compor minha mente para lhe dizer, que eu não quero dançar um carretel
em tudo – e agora despreze-me, se você ousar.
Eu realmente pareço tão perverso com ela? Eu me perguntava. E
ainda não pude deixar de sorrir para ela saindo da posição defensiva para o
ataque, e sua coragem em pronunciá-la.
– Na verdade eu não me atrevo. – Eu disse.
Ela olhou surpresa, como se tivesse esperado uma réplica de corte, e
eu estava contente de tê-la surpreendido, ainda mais porque ela está
sempre me surpreendendo.
Acho ela muito sedutora, e se não fosse a inferioridade de sua posição
na vida, eu acredito que eu poderia estar em algum perigo, porque eu
nunca estive tão fascinado por uma mulher na minha vida.
Foi a intervenção de Caroline que quebrou minha linha de
pensamento e impediu-me de dizer algo que eu poderia mais tarde
lamentar.
– Espero que sua irmã não esteja se sentindo muito mal – disse
Caroline. – Eu acho que deveria ir até seu quarto e ver como ela está.
– Eu irei por você – disse Elizabeth. – Pobre Jane. Eu deixei-a sozinha
por muito tempo.
Eles foram lá pra cima, e eu fiquei a pensar se Caroline tinha voltado
a atenção de Elizabeth para sua irmã deliberadamente, e pensar o quão
perto eu tinha chegado de trair meus sentimentos.
Sexta–Feira,15 de
Novembro Era uma bela manhã, e Caroline e eu fizemos um passeio pelos
arbustos.
– Eu desejo muitas felicidade em seu casamento, – Ela disse
enquanto caminhávamos ao longo da trilha.
Eu queria que ela deixasse o assunto, mas temo que há pouca chance
disso. Ela foi me provocando sobre o suposto casamento por dias.
– Espero, porém, que você dará à sua sogra algumas dicas, quando
este evento desejável ocorrer, assim como a vantagem de conter sua língua,
e se você pode compreender isso, curará as jovens meninas de correr atrás
dos oficiais.
Eu sorri, mas fiquei irritado. Ela tinha batido na mesma razão de que
eu não poderia seguir meus sentimentos. Eu nunca poderia ter a Sra.
Bennet como sogra. Seria insuportável. E, enquanto as meninas mais
jovens, para torná-las irmãs para Georgiana – não, não poderia ser feito.
– Você nada propôs para a minha felicidade doméstica? – eu
perguntei, não a deixando ver a minha irritação, pois só iria fazê-la piorar.
– Não deixe os retratos de seu Tio e Tia Philips serem colocados na
galeria de Pemberley. Quanto à sua imagem de Elizabeth, você não deve
tentar tê-la levado, para que o pintor possa fazer justiça a esses belos olhos?
– ela disse com uma voz engraçada.
Eu ignorei sua brincadeira, e imaginei o retrato de Elizabeth
pendurado em Pemberley. Imaginei um outro retrato pendurado ao lado,
de Elizabeth e eu. O pensamento era agradável para mim e sorri.
– Isso não seria fácil, para pegar a expressão dela, mas a sua cor e
forma, e os cílios, tão extraordinariamente finos, podem ser copiados. – Eu
meditava.
Caroline não estava satisfeita, eu achei que eu estava contente de
atormentá-la. Ela estava prestes a responder, quando encontramos por
outro caminho com Louisa e Elizabeth.
Caroline ficou constrangida, e assim ela poderia ficar. Eu
também,estava desconfortável. Eu não pensava que Elizabeth tinha ouvido
Caroline, mas mesmo se tivesse, não a teria perturbado. Ela não tinha sido
perturbada quando ela tinha ouvido uma observação inclemente de mim
na assembléia.
Quando olhei para ela, de repente eu estava consciente do fato de
que ela era uma convidada na casa. Eu estava tão ocupado pensando nela
que eu tinha esquecido que ela estava com Bingley. Senti uma pontada
desconfortável quando eu percebei que ela não havia se encontrado com
algum calor ou amizade durante sua estadia. Para ter certeza, ela havia se
encontrado com delicadeza em sua face, mas a mesma polidez havia
faltado logo que ela estava de costas. Nunca me senti tão fora de simpatia
com Caroline... ou simpatia com Louisa, para ela pelo menos, deveria ter
tido o cuidado de perguntar à Elizabeth se ela se importava de fazer uma
caminhada. Eu me censuro por isso. Eu não era avesso a admirar os olhos
dela, mas eu tinha feito pouco para fazer a sua estadia em Netherfield mais
agradável.
As próximas palavras de Louisa desfizeram meus sentimentos de
caridade para com ela, entretanto. Dizendo: – Você usou-nos
abominavelmente mal, em fugir, sem nos dizer que estava saindo. – Ela
segurou meu braço e saiu deixando Elizabeth sozinha.
Eu fiquei envergonhado, e disse uma vez: – A caminhada não é longa
o suficiente para nossa festa. É melhor entrar na avenida.
Mas Elizabeth, que não foi, no mínimo mortificada por ter sido usada
para o mal, apenas sorriu maliciosamente e disse que estávamos tão bem
juntos do grupo que seria estragada por um quarto. Então, desejando-nos
adeus ela fugiu alegremente, como uma criança que de repente se vê livre
da sala de aula. Enquanto eu assisti-a correr, senti-me levantar o ânimo. Eu
também, estava de repente livre, livre da dignidade travada da minha vida,
e eu ansiava por correr atrás dela.
– Miss Eliza Bennet se comportou tão mal quanto suas irmãs mais
novas – disse Caroline ironicamente.
– Ela não se comportou tão mal como nós, no entanto, – eu retornei,
irritado. – ela é convidada na casa de seu irmão, e, como tal, tem direto à
nosso respeito. Ela não deveria sofrer nossa negligência, nem sofrer abuso
enquanto ela estiver de costas.
Caroline olhou espantada e irritada, mas minha expressão era tão
ameaçadora que ela calou-se. Bingley poderia reclamar da minha expressão
terrível, mas ele têm seus usos.
Voltei a olhar para Elizabeth, mas ela já tinha passado fora da vista.
Eu não a vi novamente até o jantar. Ela desapareceu logo em seguida, para
ver sua irmã, mas quando Bingley e eu associamo-nos às senhoras na sala
de visitas nós a achamos ali.
Os olhos de Caroline se voltaram para mim imediatamente. Eu podia
ver que ela estava apreensiva. Eu tinha falado com ela bruscamente no
início do dia, e não disse uma palavra para ela depois. Eu dei-lhe um olhar
frio e então voltei minha atenção para Miss Bennet, que estava bem o
suficiente para estar lá embaixo, e que estava sentada ao lado de sua irmã.
Bingley ficou encantado ao ver que Miss Bennet estava se sentindo
melhor. Ele mexia ao seu redor, certificando-se de que o fogo estava alto o
suficiente e que ela não estava em uma corrente de ar. Minha expressão
suavizou. Eu podia sentir que ele está fazendo isso. Ele estava tratando dela
com todo o cuidado e atenção que ela merecia, e eu fui lembrado porque
eu gosto muito dele e estou feliz em chamá-lo de amigo. Suas maneiras
podem ser tão agradáveis fazendo-o um objetivo para qualquer um que
deseja influenciá-lo, mas as mesmas complacentes maneiras fazem dele um
companheiro agradável e um cálido anfitrião. Era evidente que Elizabeth
pensava assim também. Eu senti que, depois de nossa disputa, nós
tínhamos encontrado um terreno comum.
Caroline fingiu prestar atenção ao inválido, mas na verdade estava
mais interessada em meu livro, que eu tinha pego quando decidi não jogar
cartas.
– Eu declaro que não há prazer, como ler um livro! – Ela disse,
ignorando o seu próprio em favor dos meus.
Eu não respondi. Eu estava fora de simpatia para com ela. Em vez
disso, eu estudiosamente apliquei-me ao meu livro, o que foi uma pena,
porque eu teria gostado de observar Elizabeth. A luz do fogo brincando em
sua pele era uma visão fascinante.
Ao descobrir que ela não poderia fazer-me falar, Caroline perturbou
seu irmão falando sobre sua bola, antes de dar uma volta ao redor da sala.
Ela estava inquieta, e ansiosa por atenção. No entanto, eu não a dava. Ela
me ofendeu, e eu não estava pronto para perdoá-la deste delito.
– Miss Eliza Bennet, permita-me persuadi-la a seguir o meu exemplo
e dar uma volta no quarto.
Eu não poderia lhe ajudar. Olhei para cima. Eu vi um olhar de
surpresa cruzar o rosto de Elizabeth, e eu queria saber se as minhas
palavras e de Caroline tinham afetado seu comportamento, alfinetado sua
consciência sobre o seu tratamento de convidado de seu irmão. Mas não
há tal coisa. Ela só queria a minha atenção, e ela tinha sido inteligente o
suficiente para perceber que este era o caminho para alcançá-lo.
Inconscientemente, eu fechei meu livro.
– Sr. Darcy, não vai se juntar a nós? – Disse Caroline.
Eu recusei.
– Existem apenas duas razões pelas quais vocês gostariam de
caminhar juntas, e minha presença iria interferir com as duas. – Eu disse.
Meu sorriso não visava Caroline, mas a Elizabeth.
– O que você quer dizer? – Caroline perguntou, espantada. – Miss
Eliza Bennet, você sabe?
– Não de tudo – foi sua resposta. – Mas depende dele, ele quer ser
severo para nós, e nossa forma mais segura de desapontá-lo será não
perguntar nada sobre isso.
Senti meu sangue agitar. Ela lutava comigo, apesar de que ela estava
falando com Caroline, e eu estava gostando da experiência.
Caroline, porém, não podia lutar. Caroline só podia dizer: – Eu
preciso saber o que ele significa. Venha, Senhor Darcy, explique-se.
– Muito bem. Está confiando tanto em si e ter casos secretos para
discutir, ou você está consciente de que suas figuras parecem ter maior
vantagem em pé, se o primeiro, eu deveria estar completamente em sua
maneira, e se o segundo, Eu posso admirá-lo muito melhor do que sentar
perto do fogo.
– Oh, chocante! – Caroline exclamou. – Como vamos puni-lo por tal
discurso?
– Nada é tão fácil, se você tem tão somente a inclinação – disse
Elizabeth com um brilho nos olhos. – Provocá-lo, rir dele. Íntima como
você está, você precisa saber como deve ser feito.
– Provocar a calma de humor e presença de espírito! E quanto ao
riso, não vamos nos expor, por favor, tentando rir, sem um tema. Sr. Darcy
pode abraçar a si mesmo.
– O Sr. Darcy não é para rir! – Elizabeth chorou. – Isso é uma
vantagem incomum. Eu adoro uma risada.
E eu também mas eu não gosto de ser ridicularizado. Eu não podia
dizer isso, porém.
– Miss Bingley me deu crédito maior do que pode ser – disse. – O
mais sábio dos homens pode ser tornado ridículo por uma pessoa cujo
primeiro objetivo na vida é uma piada.
– Eu espero que eu nunca zombaria do sábio ou bom – ela retrucou.
– Loucuras e absurdos divertem-me, porém estes, eu suponho, são
precisamente os que você está fora.
– Talvez isso não seja possível para qualquer um. Mas foi o estudo da
minha vida, para evitar aquelas fraquezas que muitas vezes expõem uma
compreensão forte ao ridículo.
– Tal como vaidade e orgulho.
– A vaidade, sim. Mas onde há uma verdadeira superioridade da
mente, o orgulho estará sempre sob uma boa regulamentação – disse.
Elizabeth virou-se para esconder um sorriso.
Eu não sabia por que deveria ser, mas seu sorriso me machucou.
Creio que me fez pavio curto, pois quando ela disse: – Sr. Darcy não tem
defeito. Ele detém-se sem disfarce.
Fiel à minha decisão, eu paguei Elizabeth sem aviso quando ela
entrou na sala com sua irmã mais tarde, esta manhã, quando Bingley e eu
tínhamos retornado do nosso passeio. Depois que os cumprimentos
tinham sido trocados, Miss Bennet pediu emprestado o transporte à
Bingley.
– Minha mãe não pode ceder nosso transporte até terça-feira, porém
estou bastante recuperada e nós não podemos abusar de sua hospitalidade
por mais tempo – disse ela.
Eu me senti numa mistura de emoções: alívio que Elizabeth em breve
estaria afastada de Netherfield, e lamento de que eu não seria capaz de falar
com ela por algum tempo.
Bingley não concordou com Miss Bennet.
– Querida Jane, é claro que você deve ficar – disse Caroline. Eu
detectei uma frieza em sua voz, e não foi surpresa quando ela acrescentou:
– Nós não podemos pensar em deixá-la sair antes de amanhã.
Uma estadia de mais de um dia extra não agradou-a.
Bingley pareceu surpreso, mas Miss Bennet concordou com esta
sugestão.
– Mesmo amanhã ainda é muito cedo – protestou Bingley.
– É muito gentil de sua parte, mas temos de deixá-los – disse Miss
Bennet.
Ela é uma garota doce, mas ela também pode ser firme, e nada que
Bingley pudesse dizer abalaria sua determinação.
Eu estava consciente da necessidade de estar em guarda durante este
último dia. Eu tinha prestado muita atenção em Elizabeth durante sua
estadia, e eu fui tardiamente ciente de que poderia ter dado origem à
expectativas. Resolvi suprimi-las, caso todas as expectativas já estivessem
formadas. Eu quase não falei dez palavras com ela ao longo do dia, e
quando eu, infelizmente, fui deixado sozinho com ela durante meia hora,
dediquei-me ao meu livro e a não olhar para cima uma vez.
Domingo, 17 de Novembro Nós todos comparecemos ao culto da manhã, e depois a Srtª Bennet
partiu.
– Querida Jane, a única coisa que pode resignar-me à sua saída é o
conhecimento que você está bem afinal. – Disse Caroline, aproveitando a
afetuosa partida de sua amiga.
– Eu sou um homem egoísta. Se não fosse pelo fato de que você
sofreu, eu quase teria sido feliz por você ter um resfriado. – disse Bingley
calorosamente, apertando a mão de Jane. – Permitiu-me estar com você
todos os dias, durante quase uma semana. – Ele, pelo menos, fez a sua
estadia agradável, e teve o cuidado de entretê-la sempre que ela estava lá
embaixo. É fácil ver porque Bingley fez dela a sua paquera. Ela tem uma
doçura e uma abertura de maneira que a faz agradável, embora seus
sentimentos não são o tipo de ser profundamente alcançados. Não
importa o quão animado e charmoso Bingley seja, ele não precisa ter medo
de suas intenções serem mal interpretadas.
– E a Srta. Eliza Bennet. – disse Caroline, com um largo sorriso. –
Tem sido assim encantador ... tê-la aqui.
Elizabeth percebeu a hesitação e seus olhos brilhavam com alegria.
Ela respondeu suficientemente educada, no entanto.
– Srta. Bingley. Foi bondoso de você me receber aqui.
Para Bingley, ela deu uma calorosa despedida.
– Obrigado por tudo que você tem feito por Jane. – disse ela. – Ver
que ela estava tão bem cuidada fez uma grande diferença para mim. Nada
poderia ter sido melhor do que sua proteção ao calor, ou sua mudança nas
cortinas para evitar correntes de ar, ou o sua instrução às empregadas para
fazerem alguns pratos saborosos para Jane tentar comer.
– Eu só lamento não poder ter feito mais. – disse ele. – Espero em
breve nos vermos em Netherfield novamente.
– Eu espero que sim, também.
Ela se virou para mim.
– Srta. Bennet. – eu disse, fazendo para ela uma fria reverência.
Ela pareceu surpresa por um momento, depois um sorriso apareceu
em seus olhos, e ela me deixou uma reverência, respondendo em tons
imponentes: – Sr. Darcy.
Ela quase me tentou a sorrir. Mas eu treinei minha fisionomia em
uma expressão severa e me afastei.
O pequeno destacamento então se separou. Bingley escoltou a duas
jovens para o transporte e ajudou-as a entrar. Minha frieza não tinha
amortecido o espírito de Elizabeth durante um minuto. Eu estava feliz por
isso - antes de lembrar-me que o espírito de Elizabeth não era a minha
preocupação.
Voltamos para a sala.
– Bem! – disse Caroline. – Elas se foram.
Eu não respondi.
Ela virou-se para Louisa e imediatamente começou a falar de
assuntos domésticos, esquecendo tudo sobre sua suposta amiga.
Embora eu escreva isto, eu acho que eu estou contente que Elizabeth
se foi. Agora, talvez eu possa pensar nela como Srta. Elizabeth Bennet
novamente. Eu quero me aprofundar nos pensamentos mais racionais,
assim não vou ter que sofrer mais das chacotas de Caroline.
Segunda-Feira,18 de
Novembro Enfim, um dia racional. Bingley e eu examinamos o canto sul de suas
terras. Ele parece interessado em comprar a fazenda e diz que está pronto
para estabelecer-se. No entanto, ele não esteve aqui muito tempo e eu não
acredito que suas intenções sejam fixas até que tenha passado um inverno
aqui. Se ele gostar, depois disso, eu acredito que poderia ser o lugar para
ele.
Caroline estava encantadora esta noite. Sem Srta. Elizabeth Bennet
em casa ela não me provoca, e passamos uma noite agradável jogando
cartas. Eu não lembrei da Srta. Elizabeth em tudo. Eu acredito que
dificilmente pensei nela uma meia dúzia de vezes durante todo o dia.
Quinta –feira, 19 de
Novembro – Eu acho que deveríamos andar em volta do resto da propriedade
hoje. – eu disse à Bingley esta manhã.
– Mais tarde, talvez.– ele disse. – Eu pretendo cavalgar ao longo do
riacho esta manhã para depois perguntar sobre a saúde da Srta. Bennet.
– Você a viu apenas anteontem. – eu comentei com um sorriso;
Bingley nas garras de seu flerte é muito divertido.
– O que significa que eu não a vi ontem. Isto é tempo e eu fui
negligente. – respondeu ele, combinando o meu tom. – Você vai vir
comigo?
– Muito bem. – eu disse.
Um instante depois me arrependi, mas fiquei então irritado comigo
mesmo por minha covardia. Eu posso certamente sentar-me com a Srta.
Elizabeth Bennet por dez minutos sem cair vítima de uma certa atração, e,
além disso, não há certeza de que eu vou vê-la. Ela poderia muito bem
estar em casa.
Marchamos para fora depois do almoço. Nosso caminho nos levou
através de Meryton, e vimos o objeto do nosso passeio na rua principal.
Srta. Bennet estava tomando o ar com suas irmãs. Ao ouvir os cascos dos
nossos cavalos ela olhou para cima.
– Eu estava cavalgando para ver como você estava, mas eu posso ver
que você está muito melhor. Estou feliz por isso. – disse Bingley, tocando
seu chapéu.
– Obrigada. – disse ela, com um sorriso fácil encantador.
– Você perdeu sua palidez, e tem um pouco de cor em suas
bochechas.
– O ar fresco me fez bem. – disse ela.
– Você entrou Meryton? – ele perguntou.
– Sim.
– Vocês não se cansaram, espero? – acrescentou com uma careta.
– Não, obrigada, o exercício foi benéfico. Eu passei tanto tempo
dentro de casa que eu estou feliz por estar fora de novo.
– Meus sentimentos são exatamente os mesmos. Quando eu estou
doente, eu não posso esperar para estar fora das portas, logo que eu esteja
bem o suficiente.
Enquanto eles continuavam desse modo, com Bingley olhando tão
feliz como se Srta. Bennet tivesse escapado das garras do tifo1 em vez de
um resfriado insignificante, eu evitava olhar para Elizabeth. Eu deixei meus
olhos flutuarem pelo resto do grupo em vez disso. Eu vi as três jovens
garotas Bennet, uma delas carregando um livro de sermões e as outras duas
rindo juntas, e um jovem abrutalhado a quem eu não tinha visto antes. Por
sua vestimenta ele era um clérigo, e ele parecia estar em assistência às
senhoras. Eu estava apenas refletindo que talvez sua presença explicaria
porque Srta. Marry Bennet estava segurando um livro de sermões, quando
recebi uma surpresa desagradável, ou melhor um choque terrível. Na
ponta do grupo havia dois cavalheiros ainda. Um deles foi o Sr. Denny, um
oficial que Bingley e eu já conhecíamos. O outro foi George Wickham.
George Wickham! Que homem odioso, que traiu a crença do meu
pai nele e quase arruinou a minha irmã! Ser forçado a encontrá-lo
novamente, em tal tempo e lugar.... Foi abominável.
Eu pensei que tinha me acertado com ele. Eu pensei que nunca teria
que vê-lo novamente. Mas lá estava ele, conversando com Denny, como se
não tivesse uma preocupação no mundo. E eu suponho que ele não tinha,
pois ele nunca se preocupou com nada em sua vida, a menos que fosse ele
mesmo.
Ele virou a cabeça para mim. Eu me senti ficar branco, e vi-o ficar
vermelho. Nossos olhos se encontraram. Raiva, nojo e desprezo atirei para
ele. Mas, recuperando-se rapidamente, atirou sua perversa impertinência
para mim. Ele teve a audácia de tocar o seu chapéu. De tocar o chapéu!
Para mim! Eu teria me afastado, mas eu tinha muito orgulho de criar uma
cena, e eu me forcei a retornar sua saudação.
Minha cortesia foi para nada, entretanto. Pegando um vislumbre de
Srta. Elizabeth Bennet fora do canto do meu olho, eu vi que ela tinha
notado nosso encontro, e ela não foi enganada nem um instante. Ela sabia
que algo estava muito mal entre nós.
– Mas não devemos mantê-lo. – ouvi dizer Bingley.
Eu senti, ao invés de ver, ele voltar em minha direção.
– Venha, Darcy, devemos estar chegando lá.
Eu estava muito disposto a conformar-me com a sua sugestão. Nós
oferecemos um adeus às Senhoras e cavalgamos.
– Ela está se sentindo muito melhor, e acredita-se estar muito bem
novamente.– disse Bingley.
Eu não respondi.
– Ela parecia bem, eu penso. – disse Bingley.
Novamente, eu não tinha resposta.
– Há algo de errado? – perguntou Bingley, por último pegando meu
humor.
– Não, nada. – eu disse logo.
– Não, Darcy, você não é assim. Alguma coisa está incomodando
você.
Mas eu não ia ser desenhado. Bingley não sabe nada sobre o
problema que tive com Wickham durante o verão, e eu não quero
esclarecê-lo. A tolice de Georgiana ia lançar uma sombra sobre sua
reputação se fosse conhecida, e estou determinado de que Bingley nunca
ouviria falar nisso.
Quarta–feira, 20 de novembro Eu montei cedo essa manhã, sem perguntar a Bingley se ele
escolheria ir comigo, por que eu queria estar comigo próprio. George
Wickham, em Meryton!
Ele roubou o prazer de minha visita. Pior ainda, eu estou assombrado
por um vislumbre de memória, uma coisa tão pequena que eu mal posso
estar certo se isso é real. Mas isso não vai me deixar, e preencher meus
sonhos. É isso: quando eu andei até as senhoras ontem, eu pensei ter visto
uma expressão de admiração no rosto de Elizabeth enquanto ela olhava
para Wickham.
Certamente ela não pode preteri-lo a mim!
O que eu estou dizendo? Os sentimentos dela por mim são
desimportantes. Como são os sentimentos dela por George Wickham. Se
ela deseja admirá-lo, é preocupação dela.
Eu não posso acreditar que ela ainda irá admirá-lo quando ela o
decifrar, e decifrá-lo ela irá. Ele não mudou. Ele ainda é o esbanjador inútil
que ele sempre foi, e ela é muito inteligente para ser enganada por muito
tempo.
E ,no entanto, ele tem um rosto bonito. As senhoras sempre
admiraram isso. E ele tem maneiras simples e um estilo de discursar que o
faz bem querido entre aqueles que não o conhecem, considerando que
eu...
Eu não posso acreditar que eu estou me comparando a George
Wickham! Eu devo estar louco. E ainda assim se Elizabeth... Eu não devo
pensar nela como Elizabeth.
Se ela escolher nos comparar, então que assim seja.
Isso irá provar que ela está abaixo da minha consideração, e eu não
serei mais incomodado por pensamentos sobre ela.
Quinta – feira, 21 de
novembro Bingley declarou sua intenção de ir para Longbourn para entregar aos
Bennet um convite de seu baile. Caroline e Louisa avidamente
concordaram em ir com ele, mas eu declinei, dizendo que eu tinha algumas
cartas para escrever. Caroline imediatamente declarou que ela tinha
algumas cartas para escrever, também, mas Bingley disse a ela que eles
podiam esperar até que ela retornasse. Eu estava grato. Eu não queria
companhia hoje. Eu não posso manter meus pensamentos de George
Wickham. Da conversa local, eu apanhei que ele esta pensando em aderir
ao regimento. Sem duvidas ele acha que ficará bem em um casaco
vermelho.
Pior ainda, Bingley incluiu todos os oficiais em seu convite para
Netherfield, e eu temia Wickham podia se juntar a eles. Eu não tenho
desejo em vê-lo, e no entanto eu não irei evitar o baile. Não cabe a mim
para evitá-lo. Ele é um patife e um vilão, mas eu não irei chatear Bingley
recusando-me a atender a seu baile.
Sexta – feira, 22 de novembro Um dia chuvoso. Eu estava capaz de passear fora com Bingley esta
manhã, mas então a chuva caia e nós fomos obrigados a ficar dentro. Nós
passamos o tempo conversando sobre o estado e os planos de Bingley para
isso. As irmãs dele deram-nos o beneficio de suas visões das alterações
necessárias na casa e o tempo passou prazeroso suficiente, entretanto eu
senti a falta da companhia vívida de Elizabeth.
Sábado, 23 de novembro Outro dia chuvoso. Caroline estava em um humor provocador. Eu
estava grato que Elizabeth não estava aqui, ou ela iria ter certamente que
suportar o peso do humor doentio de Caroline. Bingley e eu nos retiramos
para a sala de bilhar. É uma coisa boa que uma casa possua uma, ou eu
acredito que nos deveríamos ter estado terrivelmente entediados.
Domingo, 24 de novembro Eu recebi uma carta de Georgiana esta manhã. Ela esta indo bem com
seus estudos, e ela está feliz. Ela esta começando uma nova peça com o
mestre de musica dela, um homem que eu estou feliz em dizer que está
quase em sua senilidade, e ela esta se divertindo.
A chuva continua. Caroline e Louisa se divertiram decidindo o que
elas iriam vestir para o baile, enquanto Bingley e eu discutimos a guerra. Eu
estou começando a achar o país cansativo. Em casa, em Pemberly, eu
tenho muito para me ocupar, mas aqui há pouco a fazer além de ler ou
jogar bilhar quando o tempo está ruim.
Eu estarei interessado em ver se este período de clima úmido
dissuade Bingley de comprar Netherfield. Uma propriedade rural na luz do
sol é uma coisa muito diferente de uma propriedade rural na chuva.
Segunda – feira, 25 de
novembro Eu estou grato pelo baile. Pelo menos, se nós tivermos outro dia
chuvoso amanhã, nós iremos ter alguma coisa para nos ocupar.
Terça – feira, 26 de
novembro A manhã estava chuvosa e eu a passei escrevendo cartas. Esta tarde,
Bingley e suas irmãs estavam envolvidos nos preparos finais para o baile.
Eu tinha pouco a fazer e estava aborrecido por me encontrar pensando na
Srta. Elizabeth Bennet, tanto que quando a festa em Longbourn começou
esta noite, eu me encontrei procurando por ela. Eu pensei que a tivesse
posto fora da minha mente, mas eu não sou tão insensível a ela como eu
tinha suposto.
– Jane está formosa, – disse Caroline, enquanto o irmão dela movia-
se a frente para cumprimentar Srta. Bennet.
– É uma pena que o mesmo não possa ser dito da irmã dela, – disse
Louisa. – O que a Srta. Elizabeth Bennet está vestindo ?
Caroline a considerava com um olhar divertido.
– Srta. Eliza Bennet despreza a moda, e está usando um vestido que é
três polegadas mais longo e usa uma grande quantidade de rendas. Você
não acha isso, Sr. Darcy?
– Eu não sei nada sobre a moda das senhoras, – eu disse, – mas ela
parece muito bem para mim.
Caroline foi silenciada, mas apenas por um momento.
– Eu gostaria de saber por quem ela pode estar procurando. Ela
certamente está procurando por alguém.
– Ela provavelmente está procurando pelos oficiais. – Disse Louisa.
– Então ela não é tão rápida quanto as irmãs dela, por já terem
encontrados eles, – disse Caroline.
As jovens garotas tinham corrido ruidosamente pelo salão de baile, e
estavam cumprimentando os oficiais com risadas e guinchos.
– Se elas se moverem mais perto do Sr. Danny, elas irão sufocá-lo! –
observou Louisa.
– Você não iria gostar de ver sua irmã se comportando de tal jeito
com os oficiais, eu estou persuadida, – disse Caroline, virando-se para
mim.
Ela não quis me ferir, e no entanto sua observação não podia ter sido
menos bem escolhida. Isso mandou meus pensamentos para Georgiana, e
dali para Wickham que estava vestindo um casaco vermelho. Não, eu não
gostaria de ver isso, mas eu estava desconfortavelmente ciente que se eu
não tivesse chegado em Ramsgate sem aviso, isso poderia quase ter se
passado.
Caroline olhou alarmada enquanto minha face ia ao branco, mas
consegui responder friamente o suficiente: – Você está comparando minha
irmã a Lydia Bennet?
– Elas têm a mesma idade! – disse Louisa, com um trinado de riso.
– Não, é claro que não! – Disse Caroline rapidamente, percebendo
que ela havia cometido um engano. – Não deve haver comparação. Eu quis
apenas dizer que as garotas Bennet estão acostumadas a agir como
selvagens.
Eu dei um frio aceno, e depois me movi para longe dela, esperando
que os olhares de Elizabeth ao redor do salão de baile tenham sido para
mim. Enquanto eu me esvaia perto dos oficiais, eu ouvi Denny dizendo a
Srta. Lydia Bennet que Wickham não estava lá por ele ter sido forçado a
sair da cidade por uns poucos dias.
– Oh! – ela disse, seu rosto desmoronando.
Elizabeth tinha se unido a eles e ela, também, pareceu desapontada.
Eu lembrei do olhar que ela tinha dirigido a Wickham em Meryton e eu
senti minhas mãos se fecharem enquanto eu compreendia com uma
desagradável surpresa que quando ela tinha adentrado o salão de baile, ela
tinha estado procurando por Wickham, e não por mim.
– Não vejo quais possam ser esses assuntos importantes que o
afastam em uma altura destas, não fosse o fato de ele querer evitar um
certo cavalheiro que aqui se encontra também, – eu ouvi Sr. Denny dizer.
Então ele tinha tornado-se covarde, não tinha?
Eu não poderia perguntar a ele. Coragem nunca foi parte do caráter
de Wickham.
Impondo aos ingênuos, enganando os inocentes e seduzindo jovens
garotas, estes eram os seus fortes.
Mas certamente Elizabeth não era ingênua?
Não. Ela tão era facilmente de se deixar levar. Ela pode não tê-lo
descoberto ainda, mas eu estava confiante que ela o iria fazer.
No entretanto, eu não quero perder a oportunidade de conversar
com ela.
Eu continuei andando em direção a ela.
– Eu estou grato em vê-la aqui. Eu espero que tenha tido uma viagem
prazeirosa? – eu perguntei. – Desta vez, eu espero que você não tenha tido
que andar!
– Não, eu agradeço a você, – ela disse rigidamente. – eu vim na
carruagem.
Eu me perguntei se a teria ofendido. Talvez ela tenha interpretado a
minha observação como uma descortesia a incapacidade de sua família
para manter os cavalos exclusivamente para o seu transporte. Eu tentei
reparar o dano de minha primeira observação.
– Você está ansiosa para o baile?
Ela virou-se e me olhou diretamente.
– É a companhia que faz um baile, Sr. Darcy. Eu aprecio qualquer
entretenimento no qual meus amigos estejam presentes.
– Então eu estou certo que você apreciará sua noite aqui, – eu disse.
Ela se virou com um grau de mau-humor que me chocou. Ela nem
sequer conseguiu superá-lo quando conversava com Bingley, e eu resolvi
que eu estava terminado com ela. Deixá-la preferir Wickham a mim. Eu
não queria nada mais a fazer com ela. Ela deixou suas irmãs para falar com
sua amiga Srta. Lucas, e depois a mão dela foi solicitada pelo pesado jovem
clérigo que eu tinha visto com ela em Meryton. Apesar de minha raiva, eu
não pude evitar sentir por ela. Eu tinha visto a exposição de dança mais
mortificante da minha vida. Pela expressão dela, eu poderia dizer que ela
sentia o mesmo. Ele ia para a esquerda quando devia ir para a direita. Ele ia
para trás quando ele deveria ter ido para a frente. E no entanto, ela dançou
tão bem como se estivesse dançando com um parceiro especialista.
Quando eu a vi deixando o compartimento, eu estava movido a pedir
a próxima dança. Eu fui frustrado nisso por ela dançando com um dos
oficiais, mas depois eu fui para em frente e pedi a dança seguinte. Ela olhou
surpresa, e eu senti o mesmo, logo depois que eu tinha pedido a mão dela
eu me perguntei no que eu estava. Eu não tinha decidido a não notar mais
a presença dela? Mas eu tinha feito. Eu tinha dito, e eu não poderia retirar
minha oferta.
Ela aceitou, embora mais por surpresa do que qualquer outra coisa,
eu acho. Eu não podia encontrar nada para dizer a ela, e me afastei,
determinado a passar meu tempo com pessoas mais racionais até que fosse
o momento da dança começar. Saímos na pista. Houve olhares de espanto
de todos ao nosso redor, embora eu esteja certo de não saber o porquê. Eu
posso ter escolhido não dançar na assembléia, mas isso é uma situação
bem diferente de um baile privado. Eu tentei pensar em algo para dizer,
mas eu me encontrei incapaz de falar. Isso me surpreendeu. Eu nunca
tinha estado em prejuízo antes. Para ser preciso, eu nem sempre acho fácil
falar com aqueles que eu não conheço, mas eu geralmente penso em pelo
menos uma brincadeira. Eu acredito que a hostilidade que eu senti vindo
de Elizabeth roubaram-me de meu senso.
Finalmente, ela disse: – Esta é uma dança agradável.
Proveniente de uma mulher cuja inteligência e vivacidade me
deleitam, foi uma seca observação, e eu não dei resposta.
Depois de uns poucos minutos, ela disse:
– É sua vez de se pronunciar, Sr. Darcy. Como eu já falei sobre a
dança, o senhor deve agora se referir ao comprimento da sala ou ao
numero de pares que aqui se encontram.
Isto era mais como Elizabeth.
– Eu direi o que quiser que eu diga, – eu retornei.
– Muito bem. Por agora, essa resposta serve. Talvez, de passagem, eu
devesse observar que os bailes particulares são muito mais agradáveis que
os bailes públicos. Mas chegou o momento de permanecermos calados.
– Então a senhora conversa por regra enquanto dança?
– Por vezes, sim. Penso que se deve falar sempre, por pouco que seja.
E todavia, no interesse de alguns, a conversa deveria ser de tal modo
direcionada que lhes permitisse dizerem o mínimo possível.’
– No caso presente está falando sobre seus sentimentos, ou, pelo
contrario, supõe estar falando dos meus?
– Ambos – ela respondeu travessamente.
Eu não pude evitar sorrir. Era essa travessura que me atraia. Era
provocativa sem ser impertinente, e eu nunca tinha passado isso com outra
mulher antes. Ela ergue seu rosto de tal maneira quando ela faz um de seus
comentários brincalhões que eu sou tomado por uma vontade urgente
compulsiva de beijá-la. Não que eu me daria a tal impulso, mas está lá a
mesma coisa.
– Eu sempre vi uma grande similaridade nos rumos de nossas
mentes, – ela foi adiante. – Nós estamos cada um sozinho, disposição
taciturna, sem vontade de falar, a menos que nós esperamos dizer alguma
coisa que vá surpreender a sala inteira, e ser proferida para a posteridade
com toda a tagarelice de um provérbio.
Eu estava inquieto, não certo se eu ria ou se me sentia aflito. Se isso
fosse parte da sua brincadeira, então eu acharia divertido, mas e se ela
achasse que era verdade? Eu teria sido tão taciturno quando eu tinha
estado com ela? Eu pensei antes na reunião em Meryton, e nos dias mais
cedo em Netherfield. Eu não tinha talvez me mantido para encantá-la, mas
então eu nunca o fiz. Eu tinha sido, talvez, abrupto, ao começar, mas eu
pensei ter reparado esta questão no fim da estadia dela em Netherfield. Até
o último dia. Eu me lembrei de meu silêncio, e minha determinação em
não conversar com ela. Eu me lembrei de ter me congratulado por não
dizer mais do que dez palavras para ela, e permanecendo
determinadamente em silêncio quando fui deixado a sós com ela por quase
meia hora, fingindo estar absorvido em meu livro.
Eu tinha estado certo em permanecer em silêncio, eu pensei. Então
imediatamente depois eu pensei que eu tinha estado errado. Eu tinha
estado ambos, certo e errado: certo se eu desejava quebrar qualquer
expectativa que pudesse ter surgido durante o curso da visita, mas errado
se eu desejava ganhar sua benevolência, ou ser educado. Eu não estou
acostumado a ser tão confuso. Eu nunca estive, antes de conhecer
Elizabeth.
Eu fiquei consciente do fato que eu estava de novo em silêncio, e eu
sabia que devia dizer alguma coisa para não confirmar a suspeita dela de
que eu era deliberadamente taciturno.
– Isso não é impressionante semelhança do seu próprio caráter, eu
estou certo, – eu disse, minha inquietude refletida no tom de minha voz,
pelo que eu não sabia se estava divertido ou machucado.
– Quão perto pode estar de mim, eu não posso dizer. Você acha isso
um retrato fiel, sem dúvida.
– Eu não devo decidir sobre a minha própria performance.
Nós caímos em um silêncio desconfortável. Ela me julgava? Ela me
desprezava? Ou ela estava brincando comigo? Eu não podia decidir.
Em extensão, eu falei a ela sobre sua viagem para Meryton, e ela
respondeu que ela e suas irmãs fizeram um nova amizade lá.
Eu congelei. Eu sabia a quem ela se referia. Wickham! E o jeito que
ela fala sobre ele! Não com desprezo mas com simpatia-afeição. Eu temi
que ela fosse adiante, mas alguma coisa em minhas maneiras a fez
permanecer em silêncio. Eu sabia que devia ignorar o problema. Eu não
tinha que me explicar para ela. E, no entanto, eu me encontrei dizendo a
ela: – Sr. Wickham é abençoado com tais maneiras felizes que o podem
garantir de fazer amigos. Se ele pode igualmente ser capaz de mantê-los é
menos certo.
– Ele tem sido tão desafortunado em ter perdido a sua amizade, e em
uma maneira que ele sofrerá por toda a sua vida.
O que ele terá dito a ela? O que ele terá contado a ela? Eu desejava
contar a ela a realidade da situação, mas eu não poderia fazê-lo por temer
machucar Georgiana.
Mais uma vez o silêncio caiu. Fomos resgatados pelo Sr. William
Lucas que deixou escapar uma observação que tirou Wickham de minha
mente. Por isso, pelo menos, eu devo agradecê-lo. Ele nos cumprimentou
em nossa dança e depois, olhando para Srta. Bennet e Bingley, ele disse
que esperava ter o prazer de ver isso se repetir com freqüência quando um
certo desejável evento tomasse lugar.
Eu estava assustado. Mas não havia engano em seu significado. Ele
achava que era possível, talvez certo, que Miss Bennet e Bingley iriam
casar. Eu os assisti dançando e eu não podia ver nada que indicasse tal
conclusão. No entanto, se isso era comentado deles, então eu sabia que o
problema era sério. Eu não podia deixar Bingley por em perigo a reputação
de uma moça, não importa quão agradável fosse o flerte. Me recuperando,
eu perguntei a Elizabeth o que nós tínhamos estado conversando.
Ela respondeu, – nada na verdade.
Eu comecei a falar com ela sobre livros. Ela não iria admitir que nós
podíamos compartilhar os mesmos gostos, eu declarei que então, pelo
menos, nós teríamos sobre o que conversar. Ela afirmou que não poderia
falar sobre livros em um salão de baile, mas eu pensei que não era isso que
a estava impedindo. O problema era que a sua mente estava em outro
lugar.
De repente, ela disse para mim, – Me recordo de tê-lo ouvido afirmar,
Mr. Darcy, que dificilmente perdoa, e que, uma vez suscitado, seu
ressentimento é implacável. Suponho que seja escrupuloso quanto às
circunstâncias que originam esse ressentimento?
Ela estaria pensando em Wickham? Ele teria lhe dito sobre a
indiferença entre nós? Ela parecia genuinamente ansiosa em ouvir minha
resposta, e eu a tranqüilizei.
– Eu sou – eu disse firmemente.
Mais perguntas se seguiram, até que eu perguntei a onde tendiam
todas essas perguntas.
– Apenas para uma mera ilustração de seu caráter – tentando
disfarçar o tom grave com o qual até agora falara – estou apenas tentando
decifrá-lo.
Então ela não estava pensando em Wickham. Eu estava agradecido.
– E quais resultados a que chegou? – eu não pude evitar em
perguntar.
Ela abanou a cabeça.
– Pouco consegui. São tão diversas as opiniões a seu respeito q me
sinto totalmente confusa.
– Eu posso prontamente acreditar nisso, – eu disse, pensando com
um sentimento de depressão em Wickham. Eu adicionei, em um impulso,
– contudo, desejaria que neste presente momento não se debruçasse no
estudo do meu caráter, pois receio que o resultado não seria muito
lisonjeiro.
– Mas, se não o deslindo agora, eu posso nunca mais ter outra
oportunidade.
Eu tinha suplicado por clemência. Eu não iria suplicar de novo. Eu
respondi friamente, rigidamente.
– Não pretendo de modo algum constituir entrave a seu prazer.
Nós terminamos a dança como começamos, em silêncio. Mas eu não
podia ficar zangado com ela por muito tempo. Ela havia sido convencida
de alguma coisa por George Wickham, isso estava bem claro, e ele era
incapaz de falar a verdade, ela não tinha dúvidas, sujeita a uma série de
mentiras. Enquanto nós deixávamos o compartimento, eu tinha perdoado
Elizabeth, e direcionado minha raiva em vez para Wickham.
O que ele teria dito a ela? Eu gostaria de saber.
E quanto me teria danificado em sua estima?
Eu fui salvo destas inquietantes reflexões, pela visão de um pesado
jovem homem curvando-se em frente a mim e implorando para perdoá-lo
por estar se apresentando ele próprio. Eu estava a ponto de virar-me e ir
embora quando me lembrei de tê-lo visto com Elizabeth, e eu me
encontrei curioso com o que ele poderia ter a dizer.
– Não está entre as formas estabelecidas de cerimônia entre os leigos
apresentarem-se por si próprios, eu estou consciente, mas eu sou
lisonjeado que as regras que governam o clero são bastante diferentes, na
verdade, considero o cargo clerical como iguais no ponto de dignidade
com a mais alta categoria social do reino, e assim eu tinha que vir me
apresentar para você, uma apresentação em que, estou convencido, não
será considerada impertinente quando você souber quem é minha nobre
benfeitora, a senhora que gentilmente me ofereceu uma vida magnânima,
não é outra senão sua estimável tia, Lady Catherine de Bourgh. Foi ela que
preferiu-me a valiosa reitoria de Hunsford, onde está meu dever, onde está
o meu direito, ou melhor, a minha vontade, para realizar cerimônias que
devem, por sua própria natureza, recair sobre o incumbente.
Ele assegurou-me com um sorriso obsequioso.
Eu olhei para ele em perplexidade, me perguntando se ele poderia ser
completamente são. Parecia que ele realmente acreditava que um clérigo
poderia ser igual ao Rei da Inglaterra, embora não fosse minha tia, pelo seu
discurso repleto de efusões de gratidão e louvor de sua nobreza e
condescendência. Achei-o uma esquisitice; mas minha tia, contudo, tinha
evidentemente o considerado digno da vida, e como ela o conhecia melhor
do que eu, eu poderia apenas supor que ele deveria ter virtudes das quais
eu sabia nada a respeito.
– Estou certo que minha tia não poderia conceder um favor
indignamente, – eu disse educadamente, mas com frieza suficiente para
preveni-lo em não dizer mais nada. Ele não se deteve entretanto, e
começou um segundo discurso que foi mais longo e mais enredado do que
o primeiro. Enquanto ele abria a boca para tomar fôlego, eu fiz um
cumprimento e fui embora. Absurdo tem seu lugar, mas eu não estava no
humor para me divertir com isso, tão cedo depois de afastar-me de
Elizabeth.
– Eu vejo que você conheceu o estimável Sr. Collins, – Caroline me
disse enquanto íamos para a ceia. – Ele é outro dos parentes dos Bennet.
Realmente, eles parecem ter a mais extraordinária coleção. Eu acho que
este supera até mesmo o tio de Cheapside. O que você acha, Sr. Darcy?
– Nós todos temos parentes dos quais não nos orgulhamos. – Eu
disse.
Isso deu uma pausa a Caroline. Ela gosta de esquecer que seu pai fez
fortuna no comércio.
– Muito verdadeiro – ela respondeu.
Eu pensei que ela tinha adquirido algum senso, mas um momento
depois ela disse:
– Eu estava agora há pouco conversando com Srta. Eliza Bennet. Ela
parece ter desenvolvido um gostar extraordinário por George Wickham.
Eu não sei se você percebeu, mas ele está incorporado a milícia daqui. É de
todas as coisas a mais irritante que você deva ser confrontado com um
homem como George Wickham. Meu irmão não queria convidá-lo, eu sei,
mas ele sentiu que não podia fazer uma exceção dele no convite para os
outros oficiais.
– Isso teria parecido particular – eu admiti.
Bingley não podia ser responsabilizado da situação.
– Eu sei que Charles ficou bastante grato quando Wickham se retirou
do caminho. Charles não desejaria desconcertá-lo de nenhuma forma.
Sabendo que Wickham não é homem para ser confiado, eu avisei a Lizza
Bennet sobre ele, contando a ela que eu soube que ele havia se
comportado de forma infame com você, apesar de eu não ter todos os
detalhes...
Ela pausou, mas se ela estava com expectativas que eu a esclarecesse,
ela estava para ser desapontada. Meus acordos com Wickham nunca
seriam tornados públicos, nem disse a ninguém que realmente já não
soubesse deles.
– ...mas ela ignorou meu aviso e saiu em sua defesa de modo
selvagem.
Eu estava a ponto de por um fim na conversa dela, como se isso não
estivesse me causando um pouco de dor, quando outra voz penetrou o
murmúrio de conversas. Eu reconheci o tom de voz estridente de uma só
vez. Era da Sra. Bennet. Eu não tinha nenhum desejo em ouvir a conversa
dela, mas era impossível não ouvir o que ela dizia.
– Ah! Ela tão bonita que eu sabia que ela não poderia ser tão bela por
nada. Minha adorável Jane. E Sr. Bingley! Que homem maravilhoso. O ar
da moda. E de maneiras tão educadas. E então, é claro, há Netherfield. É a
distância certa para nós, ela não ira gostar de ficar tão perto, não com seu
próprio estabelecimento para cuidar e ainda tomará pouco tempo para que
venha nos visitar na carruagem. Ouso dizer que ela terá uma carruagem
muito boa. Provavelmente duas boas carruagens. Ou talvez três. O custo
de uma carruagem não é nada para um homem com cinco mil libras por
ano.
Encontrei-me a crescer rigidamente enquanto ouvia a sua execução.
– E depois, as irmãs dele são tão afeiçoadas a ela.
Eu estava grato que a atenção de Caroline havia sido reclamada por
um jovem homem que estava a sua esquerda, e com isso ela não tinha
ouvido. A predileção dela por Jane evaporaria assim que ela soubesse para
onde os pensamentos da Sra. Bennet estavam tendendo. Mas isso não era
só os pensamentos da Sra. Bennet. Os pensamentos do Sr. William tinham
estado correndo para a mesma direção.
Eu olhei ao longo da mesa, e vi Bingley conversando com a Srta.
Bennet. Suas maneiras eram abertas, como sempre, mas eu pensei que eu
ter detectado algo mais do que o habitual em conta. De fato, por mais
tempo que eu o observei, mais eu fiquei certo de seus sentimentos
comprometidos. Eu observei Srta. Bennet e embora eu pudesse dizer que
ela estava satisfeita em conversar com ele, ela não dava sinais de seus
sentimentos estarem ligados. Eu respirei mais aliviado. Se eu pudesse
remover Bingley da vizinhança, eu tinha certeza que ele iria esquecê-la em
breve, e ela o esqueceria.
Se isso fosse a respeito somente da Srta Bennet eu não estaria tão
preocupado com o pensamento de Bingley se casando com ela, mas não se
tratava apenas da Srta Bennet, se tratava da mãe dela, que era uma
fofoqueira descontrolada, e de seu pai indolente, e de suas três jovens
irmãs que eram tolas ou flertavam comumente, seu tio de Cheapside, e seu
tio advogado, e no topo de tudo isto, sua estranha conexão com o
obsequioso clérigo...
Enquanto eu ouvia a Sra Bennet, eu senti que se aproximava o
momento que eu deveria intervir. Eu não poderia abandonar meu amigo a
tal sorte, quando um pouco de esforço da minha parte iria livrá-lo de tal
situação. Eu estava certo que com poucas semanas em Londres, ele
encontraria um novo namorico rápido.
– Eu apenas espero que você seja tão afortunada, Lady Lucas – Sra.
Bennet continuou, embora evidentemente acreditando que não havia
chances de sua vizinhança compartilhar da boa sorte dela. – Ter uma filha
tão bem casada, que coisa maravilhosa!
A ceia tinha terminado. E foi seguida por uma mostra de Mary
Bennet, que estava cantando tão mal quanto tocando. Para piorar a
situação quando seu pai a removeu do piano, ele o fez de tal maneira que
faria uma pessoa decente corar.
– Isso irá fazer muito bem, criança. Você já nos deleitou o suficiente.
Deixe que as outras jovens moças tenham tempo para se exibir.
Já houve uma fala mais mal-avaliada?
A noite poderia não terminar tão cedo, mas por alguma coincidência
ou artifício, não sei qual dos dois, a carruagem dos Bennet foi a ultima a
chegar.
– Senhor, como estou cansada! – exclamou Lydia Bennet, dando um
enorme bocejo que manteve Caroline e Louisa trocando olhares satíricos.
Sra. Bennet não ficara quieta, e falou incessantemente. Sr Bennet não
fez esforço para reprimi-la, e esse foi um dos quinze minutos mais
desconfortáveis da minha vida. Salvar Bingley de tal companhia se tornou
mais importante em minha mente.
– Você virar a um jantar de família conosco, eu espero, Sr. Bingley? –
disse Sra. Bennet.
– Nada me daria mais prazer. – Ele disse. – Eu tenho alguns negócios
a tratar em Londres, eu esperarei por você logo que eu retornar.
O conhecimento me deleitou. Isso significava que eu não precisaria
pensar em um modo de removê-lo da vizinhança, por que se acontecer de
ele permanecer em Londres, então o contato com a Srta. Bennet será
quebrado e ele não pensará mais nela. Eu tencionava falar com Caroline,
para ter certeza que os sentimentos de Jane não estavam comprometidos, e
seu eu encontrasse, como eu suspeitava, que eles não estavam, então eu
poderia sugestionar que nos mudássemos para Londres com Bingley para
persuadi-lo a continuar lá.
Um inverno na cidade iria curá-lo de seus afetos, e deixá-lo livre para
conceder-lhes um objeto mais digno.
Quarta – feira, 27 de
novembro Bingley foi para Londres hoje.
– Caroline eu desejo falar com você, – eu disse, quando ele tinha
partido.
Caroline olhou acima de seu livro e sorriu.
– Eu estou a sua disposição.
– É sobre a Srta. Bennet que eu desejo falar.
O sorriso dela diminuiu, e eu senti que estava certo pensando que a
afeição dela por sua amiga estava em declínio.
– Houve várias alusões feitas no baile, sugestionando que alguns
novos vizinhos de Bingley estavam esperando um casamento que terá
lugar entre ele e a Srta. Bennet.
– O quê! – guinchou Caroline.
– Eu pensei que isso fosse angustia você. Eu não vejo nada nas
maneiras da Srta. Bennet que me faça pensar que ela esteja apaixonada,
mas eu quero o seu conselho. Você a conhece melhor do que eu. Você tem
sido sua confidente. Ela entretém sentimentos ternos pelo seu irmão? Por
que se assim for, estes sentimentos não devem ser desprezados.
– Ela não possui nenhum dentre todos. – Disse Caroline, assentando
em minha mente o resto.
– Você está certa disto?
– Eu estou de fato. Ela tem falado de meu irmão várias vezes, mas
apenas em termos que ela usa para todos os outros homens jovens de seu
conhecimento. Porque, eu tenho certeza que ela nunca pensou em Charles
sob esse aspecto ela sabe que ele não pretende se resolver em Netherfield,
e ela está simplesmente divertindo-se enquanto ele está aqui.
– Isso é como eu penso. Mas os sentimentos de Bingley estão justo
no caminho de ser comprometido.
– Eu tenho tido o mesmo temor. Se ele for tolo o suficiente para se
aliar com aquela família, ele irá arrepender-se para sempre.
– Ele irá. Eu penso que nós devemos separá-los, antes do
comportamento deles dar origem para ainda mais expectativas. Se isso
acontecer, chegará o momento em que essas expectativas devam ser
satisfeitas, ou a reputação da senhora irá sofrer dano irreparável.
– Você está com a razão. Nós não devemos danificar a reputação de
nossa querida Jane. Ela é uma menina tão doce. Louisa e eu estamos em
seu dote. Ela não deve ser prejudicada.
Sr. Hurst nos interrompeu naquele momento.
– Vem jantar com os oficiais? – ele perguntou. – Eles me convidaram
para ir junto. Estou certo que você será bem vindo.
– Não. – Eu disse. Eu queria terminar a minha conversa com
Caroline.
Hurst conseguiu um encolher de ombros indolente e chamou pela
carruagem.
– Eu proponho que nós sigamos Bingley para Londres. Se nós
ficarmos lá, ele não terá motivos para retornar, – eu disse.
– Um plano excelente. Eu irei escrever para Jane amanhã. Eu não
direi nada extraordinário, mas eu irei deixá-la saber que Charles não estará
retornando este inverno, e eu irei desejá-la divertimento de seus muitos
beijos este Natal.
Quinta feira,28 de Novembro A carta de Caroline foi escrita e enviada esta manhã, pouco antes de
partirmos para Londres.
– Ouvi a coisa mais estranha em Meryton ontem a noite –, disse Sr
Hurst assim que a carruagem sacudiu no caminho a Londres.
Não prestei muita atenção, mas na continuação dele,me peguei
escutando ele.
– A garota Bennet, qual era o nome dela?
– Jane – forneceu Louisa.
– Não,não ela,a outra.Aquela com a camisa de criança.
– Ah,você quer dizer Elizabeth.
– É esta. Recebeu uma oferta do sacerdote.
– Uma oferta? Do sacerdote? O que você quer dizer? – pediram
Caroline e Louisa juntas.
– Uma oferta de casamento.Collins. Esse era o nome dele.
– Sr Collins! Que delicioso! – disse Louisa.
– Parece que Sr Collins é outro admirador de bons olhos, – disse
Caroline olhando para mim satiricamente. – Acho que eles ficarão bem
juntos. Um é todo impertinente e o outro é todo estúpido.
Eu não tinha percebido, até ouvir isso, o quão longe meus
sentimentos tinham ido. A idéia de Elizabeth casando com Sr Collins era
mortificante, e dolorosa de um jeito que eu não tinha imaginado. Eu
rapidamente recobrei as forças. Hust deve estar enganado. Ela não se
rebaixaria tanto. Ficar presa a aquele estúpido pelo resto de sua vida...
– Você deve estar enganado. – eu disse.
– Não enganado ao todo, – disse Hurst – Consegui isso de Denny.
– Não é um mal casal, – disse Louisa considerando. – De fato é um
dos bons. Há cinco filhas, todas solteiras, e o estado deles está vinculado,
eu acredito.
– Vinculado a Collins. – disse Sr Hurst.
– Tanto melhor,– disse Louisa, –A Senhorita Eliza Bennet não terá
que deixar sua casa, e suas irmãs terão um lugar para morar quando o pai
delas morrer.
–E também a mãe delas,– disse Caroline alegremente. –Que
encantador ficar confinada com Senhora Bennet pelo resto da vida delas!
Nunca gostei menos de Caroline. Eu não desejaria um destino assim
para ninguém, e certamente não para Elizabeth. Ela sofre pro sua mãe. Eu
tinha visto isso. Ela enrubescia toda a vez que sua mãe revelava suas
bobagens. Ser forçada a aturar tal humilhação pelo o resto de sua vida...
– Mas fico imaginando porque ele não pediu a Jane. – Disse Louisa.
– Jane? – perguntou Caroline.
– Sim. Ela é a mais velha.
Caroline olhou para mim. Eu sabia o que ela estava pensando. Sr
Collins não pediu a Jane porque Senhora Bennet levou ele a crer que Jane
estava perto de casar com Bingley.
– Me atrevo a dizer, com o estado implicado,que ele pensou que
podia ter sua escolha. – disse Caroline. – A insolência de senhorita Eliza
Bennet deve ter recorrido a ele,apesar de eu não estar certa de que ela daria
uma boa esposa para um sacerdote. O que você diz, Sr Darcy?
Eu não disse nada,por medo de dizer algo que eu me arrependeria.
Não podia me permitir admirar Elizabeth, então o que importava se outro
homem o fizesse? Mas percebi que meus punhos estavam cerrados e,
olhando pra baixo, percebi que meus dedos tinham ficado brancos.
Ela olhou pra mim, esperando uma resposta, porém, e ao menos eu
disse, mais para satisfazer meus próprios sentimentos que os dela: – Pode
vir a ser nada. Denny pode estar enganado.
– Não vejo como, – disse Caroline – ele é tão insensível como ladrões
com Lydia. Ele sabe de tudo que acontece naquela casa, me atrevo a dizer.
– Lydia é uma criança, e pode estar errada, – me ouvi dizer.
– Denny não conseguiu isso de Lydia, – disse Sr Hurst. – Conseguiu
da tia. A tia mora em Meryton. Disse a Denny ela mesma. A casa toda está
uma bagunça, ela disse. Primeiro Sr Collins pediu a Elizabeth, então
Elizabeth disse que não o teria.
– Não terá ele?
Ouvi esperança em minha voz.
– O recusou. A mãe está histérica. O pai do lado dela, – disse Sr
Husrt.
Deus abençoe Sr Bennet! Pensei, preparado para perdoar ele por
todos os outros casos de negligencia.
– Se ela não mudar de idéia e o ter, ele vai ter a garota Lucas, – disse
Sr Hurst.
– Como você sabe? – pediu Caroline surpresa.
– A tia disse, ‘Se Lizzy não ficar de olho,Charlotte o terá.’ ela disse.
‘Ele tem que casar,seu protetor disse para ele,e uma garota e tão boa
quanto outra no fim.’
Eu respirei novamente. E foi apenas quando o fiz que percebi o quão
profundamente atraído por Elizabeth eu estava. Era bom eu estar indo para
Londres. Eu tinha salvado Bingley de um casamento imprudente, não
podia fazer menos por mim. Uma vez fora da vizinhança de Elizabeth, eu ia
parar de pensar nela. Eu ia engatar uma conversa racional com uma mulher
racional, e não iria mais pensar em seu humor atrevido.
Chegamos em Londres em boa hora. Bingley estava surpreso em nos
ver.
– Não queríamos que você ficasse sozinho aqui,e ter que gastar seu
tempo livre em um hotel desconfortável, – disse Caroline.
– Mas meus negócios só durarão alguns dias! – ele disse surpreso.
– Espero que você não vá antes de ver Georgina, – eu disse. – Sei que
ela gostaria de vê-lo.
– Querida Georgina, – disse Caroline. – Diga que podemos ficar na
cidade por uma semana,Charles.
– Não sei por que não poderia ficar um dia extra ou dois. – ele
concordou. –Gostaria de ver Georgina por mim mesmo. Me
diga,Darcy,ela cresceu muito?
– Você não a reconheceria, – eu disse. – Ela não é mais uma garota.
Ela está no caminho de se tornar uma mulher.
– Mas ainda jovem o bastante para apreciar o natal? – Perguntou
Caroline.
Eu sorri. – Acredito que sim. Você deve ficar e celebrar conosco.
– Não ficaremos aqui tanto tempo, – disse Bingley.
– O que? E perder o natal com Darcy e Georgina?– pediu Caroline.
– Mas eu prometi jantar com os Bennet. – ele disse. – Senhora
Bennet me pediu em particular, e da maneira mais educada.
– Você vai abandonar os velhos amigos pelos novos? – chorou
Caroline. –Senhora Bennet disse que você poderia jantar com a família
dela a qualquer hora. Eu mesma a ouvi dizer. Os Bennet vão estar lá depois
do natal.
Bingley pareceu incerto, mas então ele disse: – Muito bem.
Ficaremos na cidade para o natal. – Ele começou a ficar mais alegre. –
Devo dizer que vai ser boa diversão.É sempre melhor celebrar o natal
quando tem crianças na casa.
Isso não predizia bem os sentimentos dele por Georgina, mas me
confortei com o fato de ele não a ter visto há muito tempo, e embora ela
pareça uma criança da ultima vez que se viram, ela agora estava claramente
se tornando uma jovem mulher.
– E uma vez terminado, nós iremos a Hertfordshire para o ano novo,
– ele disse. – Irei escrever a senhora Bennet e contar nossos planos.
– Não há necessidade disso, – disse Caroline. – Irei escrever a ela
hoje. Eu mesma direi a ela.
– Mande ela meus comprimentos, – disse Bingley.
– Eu irei.
– E diga a ela que estaremos em Hertfordshire em Janeiro.
– Me certificarei disso.
– Me recomende a familia dela.
– Com certeza.
Ele teria ido, mas eu interrompi dizendo: – Então está decidido.
Caroline deixou a sala para escrever a carta. Louisa e seu marido
também foram, e Bingley e eu ficamos a sós.
– Um natal para aguardar, e um ano novo para aguardar ainda mais,–
disse Bingley.
– Você gosta da senhorita Bennet,– observei.
– Nunca conheci uma garota que eu gostasse a metade.
Eu sentei, e Bingley se sentou na minha frente.
– E ainda não acho que ela daria uma boa esposa para você. – Eu
disse pensativo.
– O que você quer dizer? – ele perguntou surpreso.
– As baixas conexões dela...
– Não pretendo me casar com as conexões dela! – Bingley disse com
um riso.
– Um tio que é advogado,e outro que vive em Cheapside. Eles não
podem adicionar nada na sua conseqüência. E no fim,vão reduzir isso.
O sorriso de Bingley desapareceu.
– Não vejo que isso importa. Que necessidade eu tenho de
conseqüência?
– Todo cavalheiro precisa de conseqüência. E também há as irmãs.
– Senhorita Elizabeth é uma garota encantadora.
Ele me acertou no meu ponto fraco. Mas eu estava firme comigo
mesmo e me recuperei.
– As irmãs dela são, na maior parte, ignorantes e vulgares. A mais
jovem é puro flerte.
– Não há necessidade de nós as ver, – disse Bingley.
– Meu caro Bingley,você não pode viver em Netherfield e não as ver.
Elas sempre estarão lá. Assim como a mãe delas.
– Então não moraremos em Netherfield. Eu ainda não comprei a
casa. É apenas alugada. Nós veremos outro lugar.
– Mas Jane concordará com isso?
Sua expressão mudou.
– Se ela sente uma grande atração por você, talvez ela possa ser
persuadida a deixar a vizinhança. – eu disse.
– Você acha que ela não sente? – pediu Bingley incerto.
– Ela é uma garota encantadora, mas ela não mostrou mais prazer na
sua companhia do que com outro homem.
Ele mordeu seu lábio.
– Pensei que... ela parecia satisfeita em conversar comigo... Prefiro
pensar que ela estava mais satisfeita comigo do que com outro homem.
Quando dançamos juntos...
– Vocês dançaram duas vezes em cada baile, e ela dançou duas vezes
com outro homem.
– Ela dançou, – ele admitiu, – mas eu achei que era só porque seria
rude recusar.
– Talvez teria sido rude ela recusar você.
– Você acha que ela dançou comigo apenas para ser educada? – ele
perguntou com temor.
– Não iria tão longe. Acho que ela gostou de dançar com você, de
falar com você, e flertar com você. Mas acho que não gostou mais do que
com outro homem, e agora que você não esta em Hertfordshire...
– Eu preciso voltar, – ele disse, se levantando. –Eu sabia.
– Mas se ela está indiferente, você só se dará dor.
– Se ela está indiferente. Você não sabe se ela está.
– Não, eu não sei, mas eu observei ela de perto, e eu não pude ver um
pingo de afeto particular.
– Você observou ela? – ele perguntou surpreso.
– Sua singularidade com ela começou a chamar atenção. Outros
notaram além de mim. Se tivesse ido mais longe, você seria obrigado a
fazer um pedido a ela.
– Eu gostaria de fazer um pedido a ela,– ele me corrigiu, então
hesitou. –Você acha que ela teria aceitado?
– Claro. Seria um bom casamento para ela. Você tem uma renda
considerável, e uma bela casa. Ela estaria estabelecida perto da família dela.
Não teria como recusar. Mas você gostaria de se casar por essas razões?
Ele parecia duvidoso.
– Eu preferia me casar por mim mesmo, – ele admitiu.
– E você irá,um dia.
Ele sentou novamente.
– Ela era boa demais pra mim, – ele disse melancólico.
– Dificilmente, mas a afeição dela não está comprometida, qual é a
razão de casar? Você conhecerá outra garota, tão doce quanto senhorita
Bennet, mas uma que possa retribuir seus sentimentos em todas as
medidas. Londres é cheia de jovens senhoritas.
– Mas não tenho interesse em outras jovens senhoritas.
– Em tempo, você terá.
Bingley não disse nada, mas eu estava calmo. Ele irá esquecê-la antes
do inverno acabar.
Eu estava satisfeito que ele expressou interesse de ver Georgina
novamente. Ele a conhece a muito mais tempo que ele conhece senhorita
Bennet, e uma nova conhecida não pode segurar o mesmo lugar nas
afeiçoes dele como uma velha, particularmente quando ele ver quanto
Georgina cresceu. O casamento será aceito em ambos os lados, e me
agrada que será um feliz.
Dezembro
Quinta-feira 05 de dezembro Bingley veio jantar comigo hoje. Ele tinha estado ocupado na semana
passada, mas chegou pontualmente esta noite e estava muito encantado
com Georgiana.
– Ela está se transformando em uma beleza, – ele me disse. – E ela
está tão realizada, – acrescentou ele, quando ela tocou para nós depois do
jantar.
Ela está. Eu tinha quase esquecido o que é ouvir uma excelente
canção, e eu não podia deixar de estremecer no interior quando eu pensei
em Mary Bennet tocando e compará-la de Georgiana. Elizabeth estava
fazendo doce, é verdade, embora essa era a qualidade que me fez querer
ouvir.
Sexta-feira 06 de dezembro Caroline veio ver Georgiana, esta manhã, e eu tive que entretê-la até
a lição de música de minha irmã acabar. Charles estava muito encantado
com Georgiana na noite passada, ela comentou. Ele disse que Georgiana é
uma das mulheres mais bonita, jovem e talentosa de seu conhecimento.
Fiquei bem satisfeito. Caroline parecia satisfeita, também. Eu acho
que ela não seria avessa ao casamento entre eles.
– Você vai visitar sua tia em Kent antes do Natal? – Ela perguntou.
– Não. Acho que não, embora eu provavelmente vá visitá-la na
Páscoa.
– Cara lady Catherine – disse Caroline, afastando as luvas. – Como
eu espero encontrá-la. Rosings é uma bela casa de todas as opiniões.
– Sim. É realmente muito bela.
– Essa parte agradável do país.
– É.
– Sugeri a Charles que ele deve procurar uma casa. Eu ficaria feliz de
viver em Kent. Mas ele sentiu que Hertfordshire era o melhor lugar. Uma
pena. Ele teria evitado certas complicações se tivesse se estabelecido em
outro lugar.
– Ele está livre delas agora, no entanto.
– Sim, graças à sua intervenção. Ele tem sorte de ter um amigo
assim. Gostaria de encontrar um, é um grande conforto saber que esse
amigo estaria olhando por mim. – Ela disse, olhando para mim.
– Você tem seu irmão.
Ela sorriu. – Claro, mas Charles ainda é um menino. Às vezes precisa-
se de um homem, alguém de profundidade e maturidade, que conhece os
caminhos do mundo e sabe como viver.
– Você não tem planos de se casar?
– Gostaria, se eu conhecesse um cavalheiro direito.
– Agora que você está em Londres, você terá mais chance de
conhecer pessoas. Bingley tem meios para organizar alguns bailes, eu
sei. Eu incentivei-o. Quanto mais rostos bonitos ele ver nas próximas
semanas melhor. E para você, vai alargar o seu círculo social.
– Não é tão restrito. Nós jantamos com mais de vinte e quatro
famílias, você sabe, – ela observou sarcasticamente.
Lembrei-me dos Bennets, como ela pretendia, mas se ela soubesse a
forma exata dos meus pensamentos eu duvido que ela estaria tão
satisfeita. Não importa o que eu faço, a cada conversa parece lembrar-me
de alguns deles de algum modo. É uma sorte que eu parei de pensar em
Elizabeth, caso contrário os Bennets nunca sairiam fora da minha mente.
Sábado 07 dezembro Bingley esta ocupando a si mesmo com negócios e esta de bom
humor, apesar de agora e depois eu pegar um olhar melancólico em seus
olhos.
– Você tem certeza que ela não sentia nada por mim?– Ele pediu esta
noite, quando as senhoras se retiraram depois do jantar. Eu não preciso
perguntar de quem ele queria dizer.
– Tenho certeza disso. Ela gostava de sua companhia, mas nada
mais.
Ele balançou a cabeça.
– Eu pensei que ela não podia... como... mesmo assim, eu esperava ...
mas é como você diz. Ela vai se casar com alguém de Meryton, eu
espero. Alguém que ela conhece toda a sua vida.
– Muito provavelmente.
– Não alguém que ela apenas conheceu.
– Não.
– Ela não vai sentir minha falta, agora estou indo.
– Não.
Ele ficou em silêncio.
– Há muito a ser dito para se casar com uma pessoa que conheceu
toda a vida, ou, no mínimo, por um longo tempo. – Eu disse.
– Sim, acho que há, – disse ele, mas sem nenhum entusiasmo.
– Seus defeitos são já conhecidos, e não pode haver surpresas
desagradáveis. – Eu continuei.
– É como você diz.
– E é bom saber, assim como, sua família. Georgiana vai se casar com
alguém que ela conhece, eu espero. – Eu disse.
– Sim, seria uma coisa boa, – disse Bingley, mas sem interesse real.
Uma pena. Eu pensei que suas afeições estavam voltando nessa
direção. No entanto, tenho feito o ponto, e no futuro ele pode se lembrar
dela.
Terça-feira 10 de dezembro Peguei as pérolas de minha mãe e reformei para Georgiana, e
pretendo dar a ela como um presente. Ela é velha o suficiente para elas
agora, e eu acho que vai ficar bem nela. Enquanto eu estava na Howard &
Gibbs1, perguntei sobre ter o resto das jóias da minha mãe reformadas. É
de boa qualidade, e muitas estão na mesma família há gerações. Eu arrumei
os brincos de pérola e o broche final a ser reposto imediatamente, e darei a
Georgiana para seu próximo aniversário. Eu organizei outras peças de
jóias, para que possam ser examinadas e feito novos esboços. Os esboços
podem ser alterados para acomodar a qualquer moda e as peças podem ser
redefinidas para quando Georgiana tiver idade o suficiente para usá-las.
Quinta-feira 12 dezembro Jantei com Bingley e suas irmãs. Durante o decorrer da noite falamos
das festividades de Natal. Haverá grandes festas para nós comparecermos,
mas nos dias seguintes ao Natal eu gostaria de organizar algumas pequenas
festas privadas com Bingley, de modo que Georgiana possa participar.
– Eu pensei que teria uma dança pequena no dia vinte e três,– eu
disse, –e, em seguida, charadas na véspera de Natal.
– Uma excelente idéia. – Disse Caroline.
1 joalheria
– Eu convidei o coronel Fitzwilliam, que nos fará quatro cavalheiros e
três senhoras. Você acha que eu deveria convidar mais senhoras? –
Perguntei a Caroline.
– Não. – Ela disse enfaticamente. – Sr. Hurst nunca dança, o que nos
deixa com três casais.
Meus pensamentos voltaram ao baile de Blingley, em Netherfield,
onde eu dancei com Elizabeth.
– Você já decidiu quando Georgiana vai sair2? – Caroline perguntou
como se estivesse lendo minha mente.
– Não até que ela tenha dezoito anos, talvez mais tarde.
– Dezoito anos é uma idade boa. Ela terá deixado a sala de aula para
trás e superado sua timidez, mas será a flor fresca da juventude. Ela vai
quebrar um grande número de corações.
– Espero que ela não quebre nenhum. Eu quero que ela seja feliz, e se
acontecer dela encontrar um homem bom em sua primeira temporada, eu
estarei contente de vê-la resolvida.
Caroline olhou para Bingley.
– Em dois anos, então, devemos esperar que ela encontre alguém
digno dela. Alguém com um temperamento fácil, que é generoso e gentil.
– Isso seria a mesma coisa.
– Entretanto, será bom para ela ter a companhia de um homem bem-
apessoado jovem, de modo que se acostume com companhia masculina e
não se torne a língua presa, quando na presença de cavalheiros. Ela nunca é
a língua presa com Charles, mas parece desfrutar de sua companhia. –
Disse Caroline.
– Que é que você está dizendo? – Perguntou Bingley, que estava
falando com Louisa, mas que olhou para cima quando ouviu seu nome.
– Eu estava dizendo que Georgiana é sempre sociável com você.
Darcy quer que ela desfrute de alguns espetáculos adultos neste Natal, e
estou certo de que ele pode confiar em você para dançar com ela.
2 significa freqüentar os bailes da sociedade, ela perguntou quando ela irá ao primeiro baile é nessas temporadas que se
arranjam os casamentos.
– Nada me daria maior prazer. Ela está se tornando uma beleza,
Darcy.
Fiquei satisfeito.
Segunda-feira 16 dezembro Esta casa parece festiva. Georgiana tem ajudado a Sra. Annesley a
decorá-la com um pouco de azevinho, dobrando partes da vegetação por
trás das imagens e em todos os castiçais. Ela sempre gostou de fazer isso,
desde que ela era uma criança. Quando cheguei, encontrei-a adornando a
janela da sala de estar com mais vegetação.
– Eu pensei que teríamos uma dança em poucos dias. – Eu disse.
Ela corou.
– Apenas uma pequena, com nossos amigos íntimos, – eu a
tranquilizei.
– Talvez você gostaria de alguma nova fita para cortar sua musselina.
– Disse a Sra. Annesley a Georgiana.
– Ah, sim. – Ela disse me olhando com esperança.
– Você deve comprar o que você precisa. – Eu respondi.
Eu estava prestes a dizer que ela deve comprar um novo leque
quando eu pensei melhor. Vou comprar um para ela eu mesmo, e
surpreendê-la com ele.
Quarta-feira 18 de dezembro
Hoje tivemos neve. Georgiana estava tão animada como uma criança,
e eu a levei para o parque. Caminhamos pelos caminhos brancos e ela
voltou para casa com o rosto corado e saudável apetite.
Não pude deixar de lembrar como ruborizada Elizabeth parecia após
sua caminhada para Netherfield. Seus olhos tinham estado brilhante, e sua
pele tinha sido iluminada pelo exercício.
Onde ela está agora? Ela está passeando ao redor do campo de sua
casa, na neve? Ela está em casa organizando azevinho, como Georgiana
organiza aqui? Ela está ansiosa para o Natal? Se eu não tivesse mantido
Bingley em Netherfield, todos nós poderíamos estar lá agora... o que teria
sido um erro muito grave. É melhor para todos nós que estejamos em
Londres.
Segunda-feira, 23 de
dezembro Nós tivemos a nossa dança, esta noite, e eu estava satisfeito de ver
Georgiana se divertindo. Ela dançou duas vezes com Bingley, uma vez com
o coronel Fitzwilliam e depois comigo mesmo.
– Georgiana se move com graça extraordinária, – disse Caroline.
Foi um assunto que não poderia deixar de me agradar.
– Você acha?
– Eu acho. Foi excelente idéia de realizar uma dança privada. É bom
para ela praticar esses tipos de ocasiões. Você dança muito bem, Sr. Darcy.
Você e eu juntos podemos definir-lhe um exemplo. Charles e eu estamos à
sua disposição se você desejar realizar outra noite como essa. Pode não
significar muito para Georgiana, mas será bom ver os outros dançar, e vai
ajudá-la a conseguir confiança e equilíbrio.
Lembrei-me de outro momento em que ela tinha me elogiado,
dizendo o quão bem eu escrevia minhas cartas. Lembrei-me da cena
exatamente. Tinha sido em Netherfield, e Elizabeth tinha estado conosco.
Senti dentro de mim uma vibração quando eu pensei nela. Raiva, talvez, ela
assim tenha me enfeitiçado?
A nossa dança terminou. Os nossos convidados nos deixaram, e eu
tive a satisfação de ver Georgiana retirar-se para a cama, cansada, mas feliz.
Ela se esqueceu completamente de George Wickham, estou certo
disso. Enquanto nada lembrar ele, eu não acredito que ela vai pensar nele
novamente.
Terça-feira, 24 de dezembro Tivemos o nosso jogo de charadas, após o jantar desta noite. Fiquei
contente quando Caroline pensou em sugerir que Georgiana e Bingley
trabalhassem sua charada juntos. Eles se retiraram para um canto da sala, a
cabeça perto o suficiente para ser quase se tocando. Era uma visão mais
agradável. As charadas foram muito agradáveis, e depois que nós já
tínhamos feito tudo, fomos para a ceia.
– Você sabe Darcy, eu pensei que estaríamos passando o Natal em
Netherfield este ano. – Bingley, disse com um suspiro. –Tinha sido o meu
plano quando eu assumi a casa. Eu me pergunto o que eles todos estão
fazendo agora.
Achei mais sensato voltar seus pensamentos longe dessa direção.
– O mesmo que estamos fazendo aqui. Pegue um pouco mais de
venison3.
Ele fez como eu sugeri, e não disse mais nada sobre Netherfield.
3 carne de veado
Quarta-feira 25 de dezembro Eu nunca apreciei mais o dia de Natal. Nós fomos para a igreja esta
manhã e esta noite nós jogamos pudim de bala e snapdragon4. Quando
fizemos isso eu notei uma mudança em Georgiana. No ano passado, ela
jogou como uma criança, desfrutando a novidade de colocar as mãos em
chamas de arrebatar uma passa queima, e soprando em seus dedos quando
ela não era rápida o suficiente para sair ilesa. Este ano, ela jogou para me
agradar. Eu podia ver nos olhos dela. Eu me pergunto se Elizabeth joga
pudim de bala e snapdragon. Eu me pergunto se ela queimou os dedos
quando pegou as passas fora das chamas.
Sábado 28 de dezembro – Gostaria de saber se você não pensa em se casar com Miss Bingley,
– disse ao coronel Fitzwilliam quando nós cavalgamos juntos esta manhã.
– Miss Bingley?
– Ela é uma moça rica, e você precisa de herdeiro.
Ele balançou a cabeça.
– Não quero casar com Miss Bingley.
– Ela é charmosa e elegante, graciosa e bem educada.
– Ela é todas essas coisas, mas eu não posso casar com ela. Ela é uma
mulher fria. Quando eu casar, eu gostaria de alguém que vai me olhar, ao
invés de alguém que vai olhar para meu nome de família.
– Eu nunca soube que você procurava isso em uma esposa. – Eu disse
surpreso.
– Como filho mais novo, tive de olhar para os outros toda a minha
vida. Gostaria de experimentar a situação do outro lado!
4 * http://en.wikipedia.org/wiki/Snap-dragon_(game)
Ele falou alegremente, mas eu acho que havia alguma verdade no que
ele disse. Marchamos em silêncio por algum lugar apreciando a paisagem
coberta de neve.
– Quanto tempo você ficará na cidade? – Perguntei-lhe.
– Não muito. Tenho negócio que exige minha atenção em Kent. Eu
penso saldar minha consideração a Lady Catherine enquanto eu estou lá.
Devo dizer-lhe que você estará visitando ela na Páscoa?
– Sim. Vou visitá-la, como de costume. Quando você vai voltar para a
cidade?
– Em breve. Eu espero. Antes da Páscoa, certamente.
– Então você deve jantar comigo quando voltar.
Janeiro
Sexta-feira, 3 de Janeiro Um acontecimento muito desagradável aconteceu. Caroline recebeu
uma carta de Miss Bennet.
– Ela escreve que está vindo para Londres, – Caroline exclamou. –
Ela ficará com sua tia e seu tio em Gracechurch Street. Pela data de sua
carta, acredito que ela já esteja aqui.
– Não é uma coisa que eu gostaria que acontecesse, – eu disse. –
Bingley parece ter se esquecido dela. Se ele a ver novamente, sua
admiração por ela irá retornar.
– Ele não precisa saber da visita dela, – Caroline disse.
Eu concordei com isso. – Eu duvido que eles encontrem um ao
outro, — Eu disse.
– Talvez eu não deva responder à carta dela. Ela não ficará na cidade
por muito tempo, e ela simplesmente pensará que a carta foi perdida.
Melhor ela pensar isso, ao invés de pensar que não é bem-vinda aqui. Ela é
uma garota adorável, e eu não tenho desejo algum de magoar seus
sentimentos, mas o amor pelo meu irmão é mais intenso, e eu preciso fazer
o que for possível para salvá-lo de uma união imprópria.
Eu concordava com seus pensamentos, mas eu percebi que não
estava confortável em minha mente. Qualquer coisa maldosa ou indireta é
detestável para mim. Mas Caroline está certa. Nós não podemos permitir
que Bingley sacrifique sua vida no altar com uma família vulgar, e é apenas
uma pequena mentira afinal.
Segunda-feira, 6 de Janeiro Georgiana está se desenvolvendo como eu imaginei. Seus feitos, sua
postura, suas maneiras são como eu gostaria de ver. Eu não sabia como
proceder quando ela foi deixada a meus cuidados, mas estou lisonjeado
que ela está se tornando a jovem mulher que minha mãe desejava que ela
fosse.
Terça-feira, 7 de janeiro Eu tive uma surpresa quando fui visitar Caroline e sua irmã hoje, com
o objetivo de entregar uma carta de Georgiana. Enquanto eu me
aproximava da casa, eu vi Jane Bennet saindo.
– O que aconteceu aqui? – Eu perguntei quando entrei na casa.
Caroline parecia de mau humor.
– A coisa mais desagradável. Jane Bennet esteve aqui. Eu pensei que
ela teria voltado para o campo por agora, mas parece que ela pretende
extender sua estadia.
– Que má sorte! O que você disse a ela?
– Eu mal sei o que eu disse. Ela me surpreendeu. Ela disse que tinha
escrito para mim e respondi que nunca recebi a carta. Ela perguntou de
Bingley. Eu disse a ela que ele estava bem, mas ele estava tão
frequentemente com você, que eu mal o via. Disse a ela como Georgiana
está crescida, e que iríamos vê-la no jantar esta noite. Então eu disse que
Louisa e eu estávamos prestes a sair. Depois disso ela não poderia ficar.
– Você terá que retribuir a visita, – Eu disse.
– Isso não poderá ser evitado. Mas eu não ficarei muito tempo, e eu
espero que pelas minhas maneiras ela perceba que mais nenhuma
intimidade é para ser esperada. Charles quase a esqueceu. Em mais
algumas semanas ele estará fora de perigo.
– Eu não tenho tanta certeza disso. Ele ainda a menciona algumas
vezes. Ele se recompõe quando vê minha expressão, mas não é seguro ele
pensar nem em Miss Bennet, nem em Hertfordshire.
Terça-feira, 21 de Janeiro Caroline fez sua visita a Miss Bennet esta manhã. Foi de uma curta
duração, e ela utilizou seu tempo para dizer a Miss Bennet que Bingley não
está certo de voltar á Hertfordshire, e talvez desista de Netherfield.
Quando ela partiu, ela não mencionou em ver Jane novamente, e agora ela
me diz que está extremamente certa de que Miss Bennet não a visitará
novamente.
Um dia Bingley será grato pelo nosso cuidado. É somente esse
pensamento que me conforta da atrocidade que fomos forçados a fazer.
Fevereiro
Sábado – 1 de fevereiro – Caroline sugeriu que nos fossemos para Bath pela primavera, –
disse Bingley esta manhã. – Talvez eu possa pegar uma casa lá, – ele
adicionou.
Eu pensei que era um sinal encorajador que ele tivesse esquecido
Hertfordshire.
– Isso é uma excelente idéia, – eu disse.
– Você gostaria de vir conosco? – ele perguntou.
– Eu tenho que ir para Pemberly e certificar-me que Johnson tem
tudo bem em mãos. Há um numero de mudanças que eu desejo fazer para
o funcionamento da casa da fazenda e algumas outras melhorias que eu
gostaria de fazer na propriedade.
– Então eu o verei de novo no verão.
Sexta-feira, 7 de fevereiro Coronel Fitzwilliam tinha retornado da cidade e ele jantou comigo
esta noite, me trazendo todas as noticias de Rosings. Ele me disse que Sr.
Collins havia tomado a uma esposa. Eu prendi minha respiração,
esperando que Hurst estivesse certo quando ele disse que Elizabeth havia
recusado o Sr. Collins.
– Ela parece um bom tipo de garota, embora eu deva dizer mulher.
Ela aparenta estar próximo aos trinta, – disse meu primo.
Eu soltei a respiração.
– Mas isso deve ser uma coisa boa, – ele prosseguiu. – Minha tia
poderia intimidar uma mulher jovem com a sua...
– Interferência?
– Prestatividade, – ele disse com um sorriso torto. – Mas Sra. Collins
aceita os conselhos de Lady Catherine sem um barulho.
– Eu acredito que eu possa a ter conhecido em Hertfordshire. Qual
era o sobrenome dela?
– Lucas. Srta Charlotte Lucas.
– Sim eu a conheci e a sua família. Eu estou grato que ela esteja bem
estabilizada. Sr. Collins pode não ser o marido mais sensato, mas ele pode
provê-la com uma vida confortável.
E eu podia prover Elizabeth com uma muito melhor. Mas eu não iria
pensar sobre isso. Eu estou resolvido a nunca pensar nela novamente.
Março
Sexta - feira, 28 de março Eu recebi uma carta de Lady Catherine, nessa manhã, contando-me
que estava ansiosa para me ver. Eu fiquei surpreso ao ler a seguinte
passagem em sua carta.
A senhora Collins terá uma irmã a ficar com ela, Maria, e uma amiga, a senhorita Elizabeth Bennet.
Fiquei em choque ao saber que Elizabeth estava na parsonage.
Eu acredito que você conhece ambas. Sir William Lucas também esteve aqui, mas ele já voltou para casa. Miss Elizabeth Bennet tem ótimas coisas a seu favor, mas ele nunca teve a vantagem de uma governanta, o que não é de se admirar. Uma governanta é necessária em uma família de meninas, eu disse- lhe. O senhor Collins estava plenamente de acordo comigo. Quatro sobrinhas da senhora Jenkinson estão muito bem situadas em meu meio.
As irmãs Bennet estão todas fora. Eu não sei o que sua mãe poderia pensar disso. Cinco irmãs, todas fora! É muito estranho. E as irmãs mais novas estão fora antes da mais velha estar casada. Uma casa muito mal regulada. Se a senhora vivesse mais perto, eu poderia dizer- lhe isso. Gostaria de encontrar para ela uma governanta, e ela estaria grata a
mim sem dúvida pela minha recomendação. Ela gerenciaria sua casa doente.
A senhorita Bennet dá suas opiniões muito decididamente para alguém tão jovem. Seu ponto de vista sobre sua família é extraordinário. Ela declarou que seria muito difícil que suas irmãs mais novas esperassem até que suas irmãs casassem antes de aparecerem para sociedade.
Eu me encontrei sorrindo por isso. Eu nunca ouvi ninguém, homem
ou mulher, gracejar com Lady Catherine antes, e jogar com ela dessa
maneira! Pois é, sem dúvida, muito difícil as meninas mais nunca terem
pensado desta forma antes.
Talvez eu esteja errado de ter ficado surpreso de Elizabeth estar na
parsonage. Talvez eu devesse estar satisfeito. Isso me dará a oportunidade
perfeita para demonstrar que ela já não tem qualquer influência sobre
mim. Será um prazer para mim, saber que eu posso estar em sua
companhia sem ter sentimentos impróprios, e eu serei capaz de me felicitar
por ter me poupado, assim como Bingley, a partir de um apego mais
imprudente.
Abril
Quinta-feira 03 de abril Jantei com o coronel Fitzwilliam no meu clube hoje. Decidimos que
vamos viajar juntos para Rosings.
Segunda-feira 07 de abril Meu primo e eu tivemos uma viagem agradável em Kent e após
observações a conversa virou-se para o casamento novamente.
– Eu sou de uma época do agora quando eu sinto, eu devo resolver, e
ainda assim o casamento é um risco perigoso. – Ele disse. – É tão fácil dar
um passo em falso e, em seguida, ser forçado a conviver com ele.
– É. – Eu concordei, pensando em Bingley. – Tenho recentemente
salvo um dos meus amigos de dar um passo em falso.
– Sério?
– Sim. Ele arranjou uma casa no campo, onde conheceu uma moça
de baixas conexões5. Ele ficou muito encantado com ela, mas felizmente os
negócios o obrigaram a retornar a Londres por um tempo. Percebendo o
perigo, suas irmãs e eu o seguimos para Londres e convencemos a
continuar.
– Então você o salvou de um casamento muito imprudente.
– Eu salvei.
– Ele vai agradecer por isso quando acabar. Não é agradável acordar
de um sonho e encontrar-se preso em um pesadelo.
5 Pessoas pouco Influentes, com pouco dinheiro e sem prestigio social
Estou esperançoso com a sua opinião. Eu respeito sua opinião, e
é reconfortante saber que ele se sente como eu sobre o assunto. Chegamos
a Rosings esta tarde, e a beleza do parque me surpreendeu de novo. Não é
admirável como Pemberley, mas parece muito bem, na Primavera.
Passamos o Sr. Collins em nosso caminho para casa, e eu acredito que ele
estava olhando para nós. Ele curvou-se como nós passamos, e em seguida
correu em direção ao presbitério para compartilhar as notícias com seus
detentos. Eu encontrei-me perguntando se Elizabeth estava dentro de
casa, e como ela se sentiria com a notícia da nossa chegada.
Terça-feira 08 de abril Mr. Collins nos visitou esta manhã para prestar seu respeito. Ele me
encontrou com o coronel Fitzwilliam. Minha tia estava passeando com a
minha prima, Anne.
– Mr. Darcy, é uma honra encontrá-lo novamente. Tive a boa sorte,
de conhecê-lo em Hertfordshire, quando eu estava com minhas belas
primas. Eu não era casado, como minha querida Charlotte que ainda não
tinha consentido ser minha esposa. Desde o primeiro momento que a vi eu
sabia que ela não teria vergonha do presbitério em Hansford, e seria um
prazer para minha estimada Patrona6, Lady Catherine de Bourgh, que tem
a honra e distinção de ser a sua tia mais reverenciada, com sua humildade e
simpatia. Na verdade, Lady Catherine teve a amabilidade de dizer...
– Você está retornando ao presbitério? Eu perguntei, encurtando o
seu derrame.
Ele parou por um instante, depois disse:
– Na verdade estou.
– É uma bela manhã. Vamos andar com você. O que você acha? –
Perguntei ao coronel Fitzwilliam.
– Certamente.
6 * Guardiã, Benfeitora
Partimos. Mr. Collins contou sobre as belezas do parque para nós,
cheio de expressões de gratidão humilde pela nossa condescendência em
visitar sua casa pobre. Eu deixei minha mente vagar. Será que Elizabeth
mudou desde o Outono? Será que ela se surpreenderia a me ver? Não. Ela
sabia da minha visita. Será que ela ficaria satisfeita ou o contrário?
Satisfeita, claro. Familiarizar-se com um homem da minha posição deve
ser desejável para ela.
Nossa chegada foi anunciada pelo sino da porta, e logo depois
entramos na sala. Eu presto os meus cumprimentos a Sra. Collins, e ela
deu-me boas-vindas. Elizabeth deixou cair uma reverência.
Ela é muito mais do que ela sempre foi, mas o prazer da experiência
de vê-la me pegou de surpresa. Eu pensei que tinha admitido o meu
sentimento por ela, e, claro, eu tenho. Foi exatamente por isso que o
primeiro instante de vê-la me pegou de surpresa.
– A casa é do seu agrado, espero? – Eu perguntei a Sra. Collins.
– Sim, de fato é. – Ela disse
– Estou contente. Minha tia fez algumas melhorias nos últimos
tempos, eu sei. E o jardim? Você gosta de aspecto?
– É muito agradável.
– Bom.
Eu diria mais, mas eu encontrei a minha atenção se desviando para
Elizabeth. Ela estava conversando com o coronel Fitzwilliam, em sua
forma habitual, fácil e gratuita. Eu não conseguia decidir se gostei ou não.
Ela tinha liberdade para falar com o meu primo, e se encantar por ele, mas
eu me sentia insatisfeito ao ver o quanto ele gostava de sua companhia, e
pior ainda, ao ver o quanto ela gostava dele. Finalmente eu percebi que
estava perdido em meus pensamentos, e eu fiz um esforço para ser
civilizado.
– Sua família está bem, espero Miss Bennet? – Eu perguntei.
– Sim, obrigado. – Ela respondeu. Ela fez uma pausa e depois disse. –
Minha irmã Jane foi à cidade nestes três meses. Você nunca encontrou
com ela por lá?
Fiquei desconcertado, mas eu respondi com calma o suficiente.
– Não. Eu não tive a sorte.
Voltei em silêncio, insatisfeito com a volta que a conversa tinha
tomado, e logo depois o meu primo e eu nos despedimos.
Dia de Páscoa de Abril,
Domingo, 13 Eu não tinha visto Elizabeth desde a minha visita ao presbitério, mas
eu vi esta manhã na igreja. Ela estava muito bem. O sol da manhã tinha
posto cor em seu rosto e seus olhos brilharam.
Após o serviço, Lady Catherine parou para falar com Mr. Collins. Ele
sorriu enquanto ela caminhava na direção dele.
– Seu sermão era muito longo – disse Lady Catherine. – Vinte
minutos é tempo suficiente para instruir o seu rebanho.
– Sim, Lady Catherine, eu -
– Você não fez nenhuma menção de sobriedade. Você deveria ter
feito. Tem havido muita bebedeira de tarde. É o trabalho do pastor cuidar
do corpo de seus paroquianos, bem como suas almas.
– É claro, senhora -
– Havia muitos hinos. Eu não gostaria de ter acima de três hinos em
um serviço de Páscoa. Eu sou muito musical e o canto é a minha alegria.
Mas três hinos são suficientes.
Ela começou a caminhar até a carruagem, e o Mr. Collins a seguiu.
– Sim, Lady Catherine, eu -
– Um dos bancos tem caruncho. Notei quando eu passava. Você irá
vê-lo.
– Imediatamente, Lady – ele disse.
– E você vai vir jantar conosco esta noite. Mrs. Collins virá com você,
assim como Miss Lucas e Miss Elizabeth Bennet. Nós vamos fazer um
cartão de mesa.
– Que bom. – Disse ele, curvando-se e esfregando as mãos.
– Vou enviar a carruagem – e o lacaio fechou a porta.
Eu encontrei-me ansioso para a chegada de Elizabeth em Rosings,
mas rapidamente esmaguei o sentimento.
Eles chegaram pontualmente e, porque eu sabia do perigo de falar
com ela, eu passava o tempo conversando com minha tia. Nós falamos das
nossas relações diferentes, mas eu não poderia parar de vaguear os meus
olhos para Elizabeth. Sua conversa era de um tipo mais animado. Ela
estava falando com o coronel Fitzwilliam, e como eu vi a animação dos
seus traços, descobri que era difícil tirar os olhos de lá.
Minha tia também ficou olhando para eles, até que, finalmente, ela
disse.
– O que é que vocês estão falando? O que você está dizendo Miss
Bennet? Deixe-me ouvir o que é.
O coronel Fitzwilliam respondeu que eles estavam falando de
música. Minha tia entrou na conversa, elogiando as habilidades de
Georgiana no piano, em seguida, mortificando-me, convidando Elizabeth
para a prática do piano na sala de Mrs. Jenkinson. Convidar um convidado
para jogar no piano na sala do companheiro? Eu não tinha pensado a
minha tia podia ser tão mal-educada.
Elizabeth olhou surpresa, mas não disse nada, apenas seu sorriso
mostrando o que ela pensava.
Quando o café acabou, Elizabeth começou a tocar e lembrei o prazer
que tinha em seu toque antes, eu andei mais para o lado dela. Seus olhos
foram clareados pela música, e coloquei-me numa posição em que eu
podia ver o jogo da emoção sobre seu rosto.
Ela notou. Na primeira pausa na música, ela se virou para mim com
um sorriso e disse:
– Você quer me assustar, Mr. Darcy, vindo em todo o estado
presente para me ouvir. Mas eu não ficarei alarmada, embora sua irmã
toque tão bem. Existe em mim uma persistência que a vontade dos outros
é incapaz de intimidar. Nesses momentos minha coragem não se faz
ignorada.
- Não vou dizer que você está enganada. - Eu respondi. - Pois nunca a
senhora poderia realmente acreditar que eu tivesse a intenção de alarmá-la.
Tenho o prazer de conhecê-la já há bastante tempo para saber que gosta
ocasionalmente de exprimir opiniões que de fato não são suas.
Quando esse discurso me veio não sei. Não estou acostumado a fazer
intercâmbios brincalhões, mas há algo na personalidade de Elizabeth, que
me ilumina.
Elizabeth riu bastante, e eu sorri, sabendo que nós dois estávamos
apreciando o câmbio. Tão bem que eu estava gostando que tivesse
esquecido o meu cuidado e deu-me mais para a apreciação do momento.
– Seu primo lhe dará uma noção muito boa de mim. – Ela disse para
o coronel Fitzwilliam. Virando-se para mim, ela disse. – É uma falta de
generosidade de sua parte mencionar aqui tudo o que descobriu sobre
minhas fraquezas em Hertfordshire - e deixar-me dizer, muito imprudente
- por isso está a provocar-me a retaliar, e receio dizer coisas que
escandalizem seus parentes.
Eu sorri.
– Eu não tenho medo de você.
Seus olhos brilharam na minha observação.
O coronel Fitzwilliam implorou para ser dito como eu me comporto
entre estranhos.
– Você deve ouvir tudo, – então disse Elizabeth. – Mas prepare-se
para algo muito terrível. A primeira vez que o vi em Hertfordshire, foi em
um baile. E nesse baile, o que você acha que ele fez? Ele dançou apenas
quatro danças!
Em seus olhos, a minha recusa de dança tornou-se ridícula, e eu vi a
mim mesmo, pela primeira vez. Para passada acerca de todo o meu
orgulho, em vez de me divertir como qualquer homem bem
regulamentado teria feito. Um absurdo! Eu não iria tolerar tal provocação,
e ainda havia algo em sua maneira a retirar qualquer ferroada, e em vez
disso torná-la motivo de riso.
Foi neste momento que percebi que tinha tido poucas risadas em
minha vida ultimamente. Eu tinha tomado as responsabilidades de um
homem quando meu pai morreu, e tinha me orgulhado de descarregar-los
bem, como meu pai teria feito. Eu tendia a minha propriedade, olhava para
o meu bem-estar e dos moradores, desde que para a saúde da minha irmã,
a felicidade e a educação, visto que o sustento do meu patrocínio e
descarga fielmente o meu negócio. Até reunião que Elizabeth tinha sido o
suficiente, mas agora eu vi como maçante minha vida tinha sido. Tinha
sido muito requisitado. Também.
Bem regulamentados. Só agora comecei a vê-lo, e ele caiu, os
sentimentos dentro de mim eram totalmente diferentes de qualquer outro
que eu tinha conhecido. Quando eu ri, minha vida ficou mais leve.
– Eu não tinha naquela época a honra de conhecer qualquer mulher
na assembléia além do meu próprio partido. – Salientei, pegando o tom.
– É verdade: e ninguém pode ser introduzido no salão.
– Talvez eu devesse ter solicitado uma apresentação, mas considero-
me mal qualificado para recomendar-me a desconhecidos.
Ela brincou comigo, perguntando como era que um homem de bom
senso e educação não poderia fazê-lo, e o coronel Fitzwilliam se juntou a
ela, dizendo que eu não me dou ao trabalho.
– Eu certamente não tenho o talento que algumas pessoas possuem,
de conversar facilmente com os que eu nunca vi antes. Eu não posso pegar
o tom da conversa, ou parecem interessados na causa, como muitas vezes
eu vejo feito, eu concordei.
– Meus dedos não se movem sobre este instrumento de forma
magistral como de muitas mulheres, eles não tem a mesma força e a
mesma rapidez, nem possuem mesma força de expressão, mas disso culpo
só a mim, pois nunca me dei ao trabalho de praticar.
Eu sorri.
– Você está absolutamente certa.
Neste momento, Lady Catherine nos interrompeu.
– O que você está falando, Darcy?
– Da música, – eu disse.
Lady Catherine se juntou a nós no piano.
– Miss Bennet não tocaria mal se ela praticasse mais, e pudesse ter
um mestre de Londres, – declarou a tia. - Ela tem uma noção muito boa de
dedilhado, embora o bom gosto não seja igual ao de Anne. Anne teria sido
uma artista maravilhosa, se sua saúde lhe permitisse aprender.
Eu mal podia ouvi-la. Eu estava assistindo a Elizabeth. Ela recebeu os
comentários da minha tia com civismo notável, e, a pedido do coronel
Fitzwilliam e eu, ela manteve-se no instrumento até que a carruagem
estava pronta para tomar o partido de origem.
Eu pensei que tinha me livrado de minha admiração por ela. Eu
pensei que tinha esquecido. Eu estava errado.
Segunda-feira 14 de abril Eu estava dando uma volta a pé pela região esta manhã, quando
meus passos levaram-me inconscientemente para o presbitério.
Encontrando-me de fora, eu não poderia, com toda educação, passar,
eu chamei para dar os meus respeitos. Para meu espanto, descobri
Elizabeth lá sozinha. Ela parecia tão surpresa quanto eu estava, mas ela não
estava, creio eu, descontente. Por que ela deveria estar? Deve ser
satisfatório para ela pensar que ela me cativou. Ela oferece-me uma
cadeira, e eu não tenho escolha a não ser sentar-me.
– Peço desculpa por esta intromissão, – eu disse, sentindo a
estranheza da situação, e querendo ter certeza que ela sabia que não tinha
sido de propósito. - Eu pensei que todas as senhoras deveriam estar aqui
dentro.
– Mrs. Collins e Maria foram resolver negócios na vila. – Ela
respondeu.
– Ah.
– Lady Catherine está bem? – Ela disse, finalmente.
– Sim. Agradeço a você. Ela esta.
Fez-se silêncio
– E a senhorita de Bourgh? Ela, também, está bem?
– Sim. Agradeço a você. Ela esta.
– E o coronel Fitzwilliam? – Ela perguntou.
– Sim. Ele também está bem.
Outro silêncio caiu.
– Com que precipitação deixaram todos Netherfield em novembro
passado, Mr. Darcy! – Ela começou por último. – Deve ter sido uma
surpresa muito agradável para o Mr. Bingley revê-los a todos tão cedo,
pois, se não me engano, ele partira no dia anterior. Ele e suas irmãs
estavam bem, eu espero, quando você saiu de Londres?
– Perfeitamente, – eu lhe agradeço.
– Pelo que me foi dado entender, Mr. Bingley não tem intenção de
voltar a Netherfield?
– Eu nunca o ouvi dizer tal coisa, mas é provável que daqui para o
futuro ele lhe dedique menos tempo. Ele tem muitos amigos, e ele está em
um momento da vida quando os amigos e os compromissos aumentam
continuamente.
– Se ele tenciona passar tão pouco tempo em Netherfield, seria
preferível para a vizinhança que ele desistisse inteiramente do lugar, pois
então outra família poderia se instalar lá. Contudo, talvez o Mr. Bingley
tenha pensando menos na conveniência dos vizinhos do que em sua
própria, e, nesse caso, não teremos mais do que aguardar que ele, baseado
nesse mesmo princípio, a conserve ou desista dela.
Eu não gostei do assunto, mas respondi igualmente.
– Não me surpreenderia que ele optasse pele desistência, mal se lhe
oferecesse uma oportunidade vantajosa.
Eu deveria ter deixado o presbitério em seguida. Eu sabia
disso. Ainda assim não conseguia me afastar. Havia algo sobre a forma de
seu rosto, que convidou os meus olhos a segui-lo, e algo sobre a maneira
como seu cabelo caia que me fez querer tocá-lo.
Ela não disse nada, e mais uma vez, houve silêncio.
Eu não podia dizer o que estava na minha mente e ainda assim eu
achei que não poderia sair.
– A casa parece ser muito confortável. – Eu disse.
– Sim, é.
– Deve ser agradável para a Mrs. Collins ter sua casa a uma distância
relativamente pequena da de seus pais e amigos.
– Uma distância pequena, diz o senhor? – Ela perguntou surpresa. –
É quase cinquenta milhas.
– E que são cinquenta milhas em uma estrada boa? Pouco mais de
meio dia de viagem.
– Eu nunca consideraria a distância como uma das vantagens de
casar-se, – exclamou Elizabeth.
– É uma prova de sua afeição por Hertfordshire. Qualquer lugar que
não se encontre nas proximidades de Longbourn lhe deve parecer
longínquo, – eu disse.
– Não quis com isso dizer que uma mulher não deva morar um
pouco longe da família.
Ah. Ela sabia dos males de suas relações e não seria tristeza escapar
deles. Quando se casar, ela iria deixá-los para trás.
– Mas estou convencida que minha amiga não iria chamar isso de
perto de sua família com metade da distância atual. – Ela continuou.
– Mas a senhora não pode alimentar em si sentimento tão bairrista, –
eu disse, puxando minha cadeira para frente um pouco quando eu falei,
pois eu senti uma vontade imensa de ficar perto dela. – Não poderá viver
sempre em Longbourn.
Ela olhou surpresa, e eu estava parado. Eu tinha quase sido levado
pela admiração e tentado em dizer que ela poderia ter qualquer objeção à
vida em Pemberley, mas eu tinha ido muito rápido e eu estava grato por
isso. Seu olhar de surpresa me salvou de me comprometer com um curso
de ação que, certamente, lamentaria. Eu puxei a minha cadeira para trás e
peguei um jornal, olhei por cima dele.
– Você está satisfeita com Kent? – Eu perguntei com frieza o
suficiente para comprimir qualquer esperança com que ela poderia ter se
divertido com o meu mau julgamento.
– É muito agradável, – ela disse, olhando para mim, perplexa.
Eu embarquei em uma discussão sobre o condado, até que fomos
salvos da necessidade de mais conversa com o retorno da Mrs. Collins e
Maria. Elas se surpreenderam ao me ver ali, mas expliquei meu erro eu
fiquei só mais alguns minutos e depois voltei para Rosings.
Terça-feira 15 de abril
Elizabeth me enfeitiçou, estou muito mais em perigo aqui do que eu
já estava em Hertfordshire. Lá, eu tinha a família constantemente diante de
mim, lembrando-me como seria impossível um casamento entre nós. Aqui,
eu só a tenho. Sua vivacidade, sua alegria, seu bom humor, todos me
tentam a abandonar o autodomínio e declarar-me, mas eu não devo fazê-
lo. Não sou só eu que tenho a considerar. Eu tenho a minha irmã.
Expor Georgiana a vulgaridade das Mrs. Bennets seria um ato de
crueldade que nenhuma devoção fraternal permitiria. E apresentar a
Georgiana, como irmã de Mary, Kitty e Lydia Bennet seria
repugnante. Tê-la influenciada por elas, forçá-la a companhia delas - não
poderia ser de outra forma, se eu fosse fazer Elizabeth minha esposa - seria
imperdoável. Pior ainda, ela pode ser forçada a ouvir sobre George
Wickham, que é o favorito das meninas mais jovens. Não, eu não posso
fazer isso. Eu não vou fazê-lo.
Devo ter cuidado, então, em não deixar escapar uma palavra em
companhia de Elizabeth. Eu não devo deixá-la saber como me sinto. Ela
suspeita de minha predileção, estou certo. De fato, por sua natureza
animada, ela foi incentivada, e não duvido que ela esteja esperando por
mim para falar. Se ela se casar comigo, ela seria retirada de sua esfera e
elevada à minha. Ela se juntaria em casamento a um homem de caráter
superior e compreensão, e ela seria senhora de Pemberley. Um homem do
meu caráter e reputação, riqueza e posição seduziria qualquer mulher. Mas
nunca deveria ser seduzido.
Quinta-feira 17 de abril Eu não sei o que acontece comigo. Eu deveria estar evitando
Elizabeth, mas todos os dias quando o coronel Fitzwilliam vai para o
presbitério, eu vou com ele. Eu não posso negar-me o prazer de olhar para
ela. Seu rosto não é bonito, mas me persegue.
Tive determinação suficiente para não dizer nada, por medo de dizer
muito, mas meu silêncio começou a ser notado.
– Por que você fica em silêncio quando vamos para o presbitério? –
Perguntou coronel Fitzwilliam quando voltamos para casa hoje. – Não
parece você, Darcy.
– Não tenho nada a dizer.
– Agora vem! Eu vi você falar com os bispos e lavradores. Você
sempre pensa em algo para dizer-lhes, por mais que você proteste que você
ache difícil conversar com estranhos. No entanto, quando você vai para o
presbitério, você não abre a boca. É muito descortês de sua parte. O
mínimo que você poderia fazer é perguntar sobre as galinhas de Mrs.
Collins, e perguntar ao Mr. Collins como seus sermões estão, e se você não
consegue pensar em nada para dizer para as moças, você sempre pode falar
sobre o tempo.
– Vou tentar fazer melhor da próxima vez.
Mas como eu disse isso, percebi que não deveria ir ao presbitério
novamente. Se eu falar com Elizabeth, não há como dizer onde levará. Ela
me olha maliciosamente, às vezes, e tenho certeza que ela está me
esperando para declarar-me.
Será que um casamento entre nós seria realmente tão
impossível? Pergunto-me, mas enquanto eu me pergunto, uma imagem de
sua família se ergue diante de mim, e eu sei que seria. E assim estou
determinado a permanecer em silêncio, porque se eu me entregar a um
momento de fraqueza, vou me arrepender pelo resto da minha vida.
Sábado 19 de abril Eu permaneci fiel a minha determinação de não visitar o presbitério,
mas minhas boas intenções foram frustradas pela minha tendência a andar
pelo parque, e três vezes agora eu vi a Elizabeth. A primeira vez foi por
acaso, a segunda e terceira vez, eu me encontrava lá querendo ou não. Sem
fazer nada mais do que tirar o meu chapéu e depois perguntando de sua
saúde na primeira vez, eu vim para dizer mais, e esta manhã eu traí o meu
pensamento a um nível alarmante.
– Você está gostando da sua estadia no Hunsford, espero? –
Perguntei a ela quando eu a encontrei.
Foi uma pergunta inocente.
– Sim, estou obrigada.
– Você encontrou Mr. e a Mrs. Collins em boa saúde?
– Encontrei.
– E feliz, eu confio?
– Creio que sim.
– Rosings é uma bela casa.
– É, mas é difícil encontrar meu caminho. Eu me perdi em uma ou
duas ocasiões. Quando eu tentei encontrar a biblioteca, eu entrei na sala de
estar em seu lugar.
– Não é de se esperar que você encontre todos os caminhos de uma
vez. Da próxima vez que você visitar Kent, você terá uma oportunidade
melhor de se familiarizar com ele.
Ela olhou-me espantada, e me repreendi por dentro. Eu tinha quase
traído meus sentimentos, que nesse período incautos havia sugerido a
idéia de que a próxima vez que ela visitasse Kent ela iria ficar em Rosings, e
como ela poderia fazer isso a menos que ela fosse minha esposa? Mas na
verdade, esta cada vez mais e mais difícil ser prudente. Eu deveria partir de
uma vez e colocar-me fora de perigo. Mas se eu fizer, só irá despertar
comentários, por isso devo sofrer um pouco mais. O coronel Fitzwilliam e
eu breve estaremos indo e estarei seguro.
Terça-feira 22 de abril Estou atormentado. Depois de todas minhas promessas para mim
mesmo. Depois de toda a minha determinação, isso - isso! - É o
resultado. Eu não posso acreditar nos acontecimentos das últimas poucas
horas. Se eu pudesse colocar a culpa em uma febre, mas não há dúvida do
que aconteceu. Eu ofereci minha mão a Elizabeth Bennet.
Eu não deveria ter ido vê-la. Eu não tinha necessidade de fazê-lo,
simplesmente porque ela não se juntou a nós para o chá. Ela tinha uma dor
de cabeça. Que mulher não sofre de dores de cabeça?
No começo eu bebia meu chá com minha tia, meus primos e Mr. e
Mrs. Collins, mas todo o tempo meus pensamentos estavam em
Elizabeth. Ela estava sofrendo? Ela estava realmente doente? Eu poderia
fazer alguma coisa para ajudá-la?
Na última vez, não pude conter-me mais. Enquanto os outros
falavam da comunidade, eu declarei que precisava de um pouco de ar
fresco e manifestei a minha intenção de fazer uma caminhada. Eu pouco
sabia se eu queria visitar a paróquia ou não quando saí de Rosings. Meu
coração queria seguir em frente, mas minha razão me encorajava a voltar, e
ao mesmo tempo meus pés continuavam, até que por ultimo encontrei-me
à porta do presbitério.
Ao perguntar se a senhorita Bennet estava, me foi mostrado o salão,
onde ela olhou surpresa quando me viu entrar . Eu mesmo estava
surpreso. Comecei suficientemente racional. Perguntei sobre sua saúde e
ela respondeu que não estava muito mal. Sentei-me. Levantei-me. Eu
andava pela sala. É a última vez não posso contê-lo mais.
– Em vão tenho lutado. – As palavras saíram antes que eu pudesse
detê-las. "Não faça isso", continuei. – Meus sentimentos não podem ser
reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente.
Pronto. Ele foi para fora. O segredo que eu tinha carregado tanto
tempo havia encontrado sua voz, e empurrado o seu caminho para a luz do
dia.
Ela me encarou, corada, em um silêncio. Como poderia não ser? Não
havia nada para ela dizer. Ela só tinha que ouvir minha declaração e, em
seguida, aceitar-me. Sabendo que eu tinha caído sob seu feitiço, ela sabia
muito bem que a porta de Pemberley estaria aberta para ela, e o mundo da
sociedade seria dela.
– Não tenho a pretensão de ser ignorante sobre sua natureza de
baixas conexões, de sua inferioridade e falta de valor. – Eu disse, mal
acreditando que tinha permitido que meu amor por ela tivesse superado
tais sentimentos naturais, mas sim dirigido para frente emoções que eram
impossíveis de controlar. – Depois de passar várias semanas em
Hertfordshire, seria loucura fingir que não seria uma degradação aliar-me a
tal família e só a força da minha paixão me permitiu colocar esses
sentimentos de lado.
Eu falei, o quadro dos Bennets subiu diante dos meus olhos, e eu
achei que não era muito falar com Elizabeth como a mim mesmo,
pensando em voz alta todos os pensamentos que me atormentaram
durante as últimas semanas e meses.
– Sua mãe, com sua vulgaridade e língua tagarela, o seu pai, com sua
recusa obstinada em conter os excessos selvagens de suas irmãs mais
novas. Ser associado a essas garotas! – Eu disse, recordei-me de Mary
Bennet cantando na assembléia. – O melhor deles uma menina, lenta
maçante com nenhum gosto e sentido, e o pior as bobas, mimadas e
egoístas, não encontrando nada melhor para fazer com seu tempo do que a
correr atrás dos oficiais, – eu continuei, lembrando-me de Lydia e Kitty no
baile de Netherfield. – Um tio, um advogado e outro que vive em
Cheapside, – continuei, meus sentimentos fluindo em frente como uma
correnteza. – Eu senti toda a impossibilidade de tal união nestas varias
semanas. Minha razão se revoltou, ou melhor, a minha própria natureza se
revoltou. Eu sei que eu estou ferindo ligações familiares e o orgulho da
família. Que eu deveria desviar tais sentimentos por alguém tão indigna de
mim, é uma fraqueza que eu desprezo, e ainda não consigo derrotar meus
sentimentos. Levei-me a Londres e mergulhei no trabalho e satisfação, mas
nada disso removia a memória de você da minha mente, – disse, virando-
me para olhá-la e deixar meus olhos permanecerem em seu rosto. – Meu
apego tem sobrevivido a todos os argumentos equilibrados, que
sobreviveu a longa separação que em vez de curá-lo, só o tornou mais forte,
e tem resistido a minha determinação em erradicá-lo. Não importa os
meus sentimentos mais racionais, isso não será negado. É tão forte que eu
estou disposto a esquecer as falhas de sua família, a baixeza de suas
conexões e a dor que sei que devo causar em minha família e amigos,
pedindo-lhe para casar comigo. Eu só espero que meus esforços agora
sejam recompensados. – Eu disse. – Liberta-me de minha apreensão.
Tranqüiliza minhas ansiedades. Diga-me, Elizabeth, que será minha
esposa.
Meu discurso foi apaixonado. Eu nunca tinha feito isso para qualquer
outro ser humano, eu tinha descoberto a minha alma. Eu tinha mostrado a
ela todos os meus medos e ansiedades, os meus argumentos e brigas, e
agora eu esperava por sua resposta. Não poderia ser demorada. Ela estava
esperando a minha declaração, esperando, eu tinha certeza disso. Ela não
podia ignorar a minha atração, e qualquer mulher estaria contente de ter
ganhado a mão de Fitzwilliam Darcy. Restava para ela dizer à palavra que
nos uniria e a coisa seria feita.
E ainda, para meu espanto, o sorriso que eu esperava ver no rosto
dela não apareceu. Ela não disse: "Você faz-me muito honrada Mr. Darcy.
Estou lisonjeada, ou melhor, satisfeita com a sua declaração, e eu sou grata
a você por sua condescendência. Meus parentes. A Situação de vida, suas
loucuras e vícios, não podem esperar para lhe trazer satisfação, e estou
sensibilizada pela honra que me deu em vista as fraquezas, a fim de pedir-
me para ser sua esposa. É, portanto, com um humilde senso de dever que
aceito a sua mão."
Ela nem sequer disse um simples "sim".
Em vez disso, suas bochechas coraram, e com a voz mais indignada
possível ela disse:
– Em casos como este, creio que é costume exprimir a nossa gratidão
pelos sentimentos que nos são confessados, qualquer que seja a
incapacidade de os retribuir. É natural o sentimento de obrigação, e, se eu
me sentisse de qualquer modo reconhecida, não deixaria de lhe agradecer.
Mas nada disso me é possível; nunca desejei sua boa opinião, que alias o
senhor me confere contra sua vontade. Custa-me decepcionar alguém.
Não é propositalmente que o faço e só me resta esperar que a decepção
não dure muito. Os sentimentos que, segundo o senhor me disse, o
impediram durante muito tempo de reconhecer seu amor hão de socorrê-
lo facilmente após a presente explicação.
Olhei para ela com espanto. Ela recusou-me! Nunca imaginei que
poderia fazê-lo. Nem uma só vez em todas as noites quando tinha ficado
acordado, me dizendo o quão impossível tal união seria, eu tinha
imaginado este resultado.
Este seria o fim de todas as minhas lutas? Ser rejeitado? E de tal
maneira! Eu! Um Darcy! Sendo respondida como se eu fosse um caçador
de fortuna ou um pretendente indesejável. Minha surpresa rapidamente
deu lugar ao ressentimento. Estava tão ressentido que não iria abrir a
minha boca até que acreditasse ter dominado minha emoção.
– Eis a única resposta a que eu tinha direito e com a qual tenho de me
contentar! Desejaria, talvez, ser informado da razão por que me rejeita
assim, sem a menor tentativa de delicadeza de sua parte. Mas não tem
importância.
– Também eu poderia perguntar. – Ela respondeu acaloradamente, –
porque com um intuito tão evidente de ofender e insultar-me, resolveu o
senhor dizer-me que gostava de mim contra sua vontade, contra sua razão
e mesmo contra seu caráter? Se é que realmente cometi essa falta. Mas
tenho outros motivos para me sentir ferida. O senhor conhece-os bem. Se
acaso meus sentimentos não me indispusessem contra o senhor, se eles lhe
fossem indiferentes ou mesmo favoráveis, está convencido de que
qualquer consideração me inclinaria a aceitar um homem que arruinou
talvez para sempre a felicidade de minha irmã querida?
Senti-me mudar de cor. Então, ela tinha ouvido falar disso. Eu
esperava que não tivesse. Não se pode esperar para fazê-la pensar bem de
mim. Mas eu não tinha nada para me envergonhar eu agi no melhor
interesse de meu amigo.
– Tenho mil e uma razões para pensar mal do senhor. Nenhum
motivo pode desculpar o ato injusto e mesquinho que praticou. Ela seguiu
em frente.
Senti minha expressão endurecer. Injusto? Mesquinha? É claro que
não.
– O senhor não ousará, não poderá negar que foi o principal, se não o
único, agente na separação daquelas duas pessoas e em expô-las á censura
e ao ridículo do mundo, uma delas por capricho e instabilidade e a outra
pela decepção de suas esperanças, envolvendo-os em uma situação
extremamente embaraçosa.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Capricho e
instabilidade? Quem iria julgar Bingley caprichoso por se retirar a Londres
quando tinha negócios a resolver?
Zombar por esperanças desapontadas? Miss Bennet não tinha
esperanças, se não tivesse sido plantada em sua mente por sua mãe, que
não podia ver mais de cinco mil libras por ano de Bingley. Sofrimento
humano sério? Sim, era isso que Bingley teria sofrido se tivesse expressado
seus sentimentos. Ele teria se associado a uma mulher que é indigna dele.
– Não desejo negar que fiz tudo o que pude para separar meu amigo
de sua irmã; nem tampouco negarei que me alegro com esse êxito. Fui
mais previdente para com ele do que para comigo próprio.
Elizabeth ignorou meu comentário, disse.
– Mas não é apenas daí que data minha antipatia. Muito antes disso
eu já tinha opinião formada a seu respeito. Seu caráter foi-me revelado há
alguns meses atrás por Mr. Wickham. Sobre este assunto, o que você tem a
dizer? Em que ato imaginário de amizade aqui você pode se defender? Ou
em que você pode deturpação aqui impor sobre os outros?
Wickham! Ela não poderia ter encontrado um nome mais calculado
para ferir e, ao mesmo tempo, me enojar.
– A senhora denota um ávido interesse por esse cavalheiro, – eu
comentei em agitação.
Lamentei as palavras assim que elas foram ditas. O que era para mim,
se ela mostrasse interesse em George Wickham? Após a sua recusa de
minha mão, nada sobre Elizabeth tinha qualquer direito de cada vez mais
me interessar.
E ainda intensificou a mortificação que senti e encontrei uma nova
emoção em meu peito, o mais indesejado. Ciúme. Achei intolerável ela
preferir George Wickham a mim! Ela deve ser capaz de ver que através de
seu sorriso exterior há um coração negro embaixo.
– Qual a pessoa que conheça seu infortúnio pode deixar de se
interessar por ele?
– Seu infortúnio! – Eu repeti. Que mentiras ele teceu para ela?
Wickham, quem tinha tudo. Quem tinha sido o favorito e mimado na
infância, apesar disso, tinha se transformado em um dos mais libertinos e
gastadores jovens do meu conhecimento. Eu pensei no dinheiro que meu
pai tinha gastado com ele, as oportunidades que teve e com a ajuda que eu
mesmo tinha dado a ele. Eu não poderia ajudar meus lábios se enrolando.
Como eu pensei no dinheiro em que meu pai investiu nele, as
oportunidades que ele teve e a ajuda que eu mesmo dei, eu não consegui
evitar de dar um pequeno sorriso.
– Sim, suas infelicidades foram tamanhas.
– E por suas mãos, – ela disse irritada. – Você o rebaixou ao seu atual
estado de pobreza. Você reteu a herança, que sabia que foi designada a ele.
Você o privou dos melhores anos de sua vida, da independência que nunca
teve. Você fez tudo isso! E ainda assim, você consegue tratar o assunto de
suas infelicidades com desprezo e ironia.
– E essa, é a sua opinião sobre mim! Assim é como você me avalia!
Eu lhe agradeço por explicar tão claramente. Minha culpa, de acordo com
seu pensamento, é imensa! Mas talvez essas ofensas seriam poupadas, se o
seu orgulho não tivesse sido ferido pela minha honesta confissão dos
escrúpulos que me impediram de tomar uma posição. Mas acima de tudo
está meu aborrecimento. Eu não estou envergonhado dos sentimentos que
expus. Eles eram sinceros e justos. Você esperava que eu regozijasse da
inferioridade de sua família? Me parabenizar na esperança de uma relação,
onde as condições são tão inferiores a minha?
Ela estava ficando irritada igual á mim, ainda assim, ela se controlou
o suficiente para responder.
– Você está enganado, Sr. Darcy, se supõe que o modo de sua
declaração me afetou de alguma outra maneira, a não ser a preocupação
que eu poupei de recusá-lo, caso você tivesse agido de uma maneira mais
cavalheiresca.
Eu senti um choque imenso. Caso eu tivesse agido de uma maneira
mais cavalheiresca? Quando eu não fui cavalheiro?
– Você não poderia ter-me feito a proposta de qualquer outra
maneira que eu aceitaria.
Eu não conseguia acreditar. Ela nunca poderia ter aceitado minha
mão? Nunca aceitar uma conexão com a família Darcy? Nunca aceitar
todos os benefícios que teria como minha esposa? Isso era loucura. E para
culpar, não a minha postura, mas a minha pessoa! Eu a olhei imensamente
incrédulo.
Mas ela não tinha terminado.
– Desde o começo, desde o primeiro momento e posso dizer, quando
lhe conheci, suas maneiras me impressionaram com sua arrogância, seu
egoísmo e indiferença com os sentimentos dos outros. Essa impressão foi
tão intensa que elevou uma antipatia imediata; e isso foi um mês antes de
perceber que você seria o último homem no mundo em que me
convenceriam a casar.
Eu senti a surpresa dar lugar a raiva, e raiva para humilhação. Minha
sentença estava completa agora.
– Penso que já disse o bastante, madame, – Eu disse secamente. Eu
compreendo perfeitamente seus sentimentos, e só tenho a me
envergonhar o que eu mesmo pude ser. Me perdoe por ter tomado tanto
do seu tempo – e para provar que eu era, que ainda sou depois de todos os
insultos, um cavalheiro. E aceite meus melhores votos para sua saúde e
felicidade.
Então, tendo demonstrado a mim mesmo meu último discurso
orgulhoso, Eu deixei o aposento.
Eu retornei a Rosings, andando cegamente, não vendo nada ao meu
redor, vendo apenas Elizabeth. Elizabeth me dizendo que estraguei a
felicidade de sua irmã. Elizabeth me dizendo que arruinei a vida de George
Wickham. Elizabeth me dizendo que não me comportei como um
cavalheiro. Elizabeth, Elizabeth, Elizabeth.
Eu não pronunciei uma palavra no jantar. Eu não via nem ouvia nada,
não sentia o gosto de nada. Eu apenas pensava nela.
Por mais que me esforçasse, eu não conseguia tirar suas acusações de
minha cabeça. A culpa de que eu arruinei a felicidade de sua irmã, mesmo
agindo com a melhor das intenções. A acusação de que eu arruinei a vida
de Wickham era um outro assunto. Isso manchava minha honra, e eu não
podia deixar desse jeito.
– Um jogo de cartas, Darcy? – perguntou Coronel Fitzwilliam,
quando Lady Catherine e Anne se retiraram para descansar.
– Não. Obrigado. Eu tenho uma carta a escrever.
Ele me olhou com curiosidade mas não disse nada. Eu me retirei para
meu quarto e peguei minha pena. Eu tinha que me defender. Eu tinha que
responder á acusação. Eu tinha que mostrar á ela que estava errada. Mas
como?
Querida Miss Bennet
Eu rabisquei as linhas assim que as escrevi. Ela não era minha querida
Miss Bennet. Eu não tinha o direito de chamá-la de querida.
Eu amassei meu pedaço de papel e joguei-o longe.
Miss Bennet
O nome me concebia a idéia de sua irmã. Não iria funcionar.
Eu joguei um segundo pedaço de papel.
Miss Elizabeth Bennet
Não.
Eu tentei de novo.
Madame, você me acusou de
Ela não irá ler assim.
Não fique apreensiva, Madame, em receber esta carta, que se possa
conter alguma repetição daqueles sentimento, ou uma renovação daquelas
propostas que noite passada foram tão repulsivas à você.
Melhor.
Eu não escrevo com intenção alguma de lhe machucar, ou me
desculpando por coisas, que para felicidade de ambos, não podem ser
esquecidas muito cedo.
Sim. A escrita foi formal mas não muito severa. Deve despreocupá-la
imediatamente e convencê-la á continuar. Mas o que escrever a seguir?
Como colocar em palavras o que eu tenho a dizer?
Eu larguei minha pena e andei em direção a janela. Eu olhei para o
parque enquanto reunia meus pensamentos. A noite estava calma. Não
tinham nuvens, e a lua era vista brilhantemente no céu. Abaixo desta
mesma lua, estava Elizabeth.
O que ela estava pensando? Estaria pensando sobre mim? Sobre
minha proposta? Sobre meus pecados?
Meus pecados! Eu não tinha pecados. Eu retornei a minha mesa e li o
que tinha escrito. Eu peguei minha pena e continuei. As palavras fluíram
facilmente.
Duas ofensas de naturezas muito diferentes, e de maneira alguma de
danos iguais, você me acusou noite passada. A primeira menção,
independente dos sentimentos de ambos, foi a de que eu separei o Sr.
Bingley de sua irmã: e a outra, que eu arrunei a felicidade certa e privei as
perspectivas do Sr. Wickham.
Privei as perspectivas daquele canalha! Eu lhe dei todo benefício, e
ele me retribuiu em tentar arruinar minha irmã. Mas a primeira acusação
deve ser dita primeiro.
Eu voltei a pensar no outono, quando eu cheguei pela primeira vez
em Hertfordshire. Fora apenas alguns meses atrás, e ainda assim parecia
passada uma vida.
Eu não estava há muito tempo em Hertfordshire, antes de perceber,
como outros, que Bingley preferiu sua irmã mais velha, do que qualquer
outra mulher no país. Eu observei o comportamento de meu amigo
atentamente; e eu pude perceber então que sua preferência pela Miss
Bennet era além do que alguma vez já testemunhei.
Eu observei sua irmã também. Seu olhar e suas maneiras eram alegres,
abertas e delicadas como sempre, mas sem indicar uma preferência
especial, e eu permaneci convencido com o passar da noite que embora ela
recebeu as atenções de Bingley com prazer, ela não demonstrou um
sentimento recíproco. Se você não partilha o mesmo pensamento que eu,
então eu devo estar errado. Se é assim, se eu cometi tamanho erro, em
causá-la dor, seu ressentimento não foi sem razão.
Eu fui caridoso, permitindo Elizabeth em expor seus sentimentos, e
sua defesa a favor de sua irmã, mas eu também devo ser caridoso comigo
mesmo.
...o querer de uma união não poderia ser tão bom e mau para meu
amigo como para mim. Mas tinham outras causas para rejeição.
Eu hesitei. Eu já expressei esses sentimentos antes, pessoalmente. As
palavras de Elizabeth voltaram em minha cabeça. “Caso você tivesse agido
de uma forma mais cavalheiresca.” Era não ser cavalheiro listar os defeitos
de sua família? Minha raiva aumentou. Não, era nada se não a verdade. E
eu iria dizer a verdade. Eu já dei motivos para ela ter repulsa a mim. Eu não
tinha mais nada a perder.
Essas causas devem ser declaradas brevemente. A situação da família
de sua mãe, mas que não era nada em comparação da total incinveniência,
tão frequentemente imposta por ela, suas três irmãs menores, e
ocasionalmente pelo seu pai. Me perdoe. Me causa dor ofendê-la.
Forma mais cavalheiresca? Eu pensei, enquanto escrevia as palavras.
Eu implorei seu perdão. O que poderia ser mais gentil que isso?
...que sirva de consolo que, o fato de que você e sua irmã mas velha
sempre se comportaram de modo diferente, demonstra a sensatez e o
caráter de ambas.
Não apenas gentil mas também educado, eu pensei, muito satisfeito.
Bingley partiu de Netherfield para Londres, no dia seguinte, como
você, tenho certeza, que se lembra.
Eu parei por um momento. Minha consciência me incomodou. Eu
me comprtei de uma maneira indireta. Isso me preocupou no momento,
que tal ato era repugnante para mim, e mesmo assim eu o fiz.
A parte na qual eu agi será agora explicada.
Eu parei de novo. Mas a carta deve ser escrita, e a noite estava se
arrastando.
A inquietude da irmã de Bingley fora igualmente despertada e logo
descobrimos que os nossos sentimentos, coincidiam a esse respeito;
convencidos ambos de que devíamos agir rapidamente, resolvemos
acompanhá-lo a Londres. Foi o que fizemos. E lá tomei a meu cargo a
incumbência de revelar ao meu amigo as conseqüências desastrosas da
escolha que fizera. No entanto, por mais que esta advertência possa ter-lhe
abalado a resolução, não creio que teria sido suficiente para impedir o
casamento, se não tivesse sido apoiada pela afirmação, que não hesitei em
fazer, de que a sua irmã lhe era indiferente. Ele acreditava até aquele
momento que Miss Jane correspondia à sua afeição sinceramente, se não
com igual intensidade. Mas Bingley é por natureza muito modesto, e além
disso tem mais confiança no meu julgamento do que no seu próprio.
Convencê-lo, portanto, de que se tinha enganado não foi muito difícil.
Persuadi-lo, em seguida, de que não devia voltar para o Hertfordshire,
depois de firmado o primeiro ponto, foi coisa de um instante. Não me
arrependo de tê-lo feito.
Não, realmente não posso. Poupei a ele um destino que não me
poupou e eu ainda não estava confortável. Eu tinha agido mal, devo
confessar. Minha honra exigia.
Existe apenas uma parte da minha conduta que não me satisfaz. É que
condescendi em usar de certos artifícios para esconder de Bingley o fato de
sua irmã se encontrar em Londres. Sabia dessa presença, bem como Miss
Bingley, mas o seu irmão até agora ainda não sabe. É possível que eles
pudessem ter-se encontrado sem outras conseqüências; mas o seu afeto
não me pareceu suficientemente extinto para que ele pudesse ver a sua
irmã sem correr algum perigo. Talvez esse artifício seja indigno de mim.
Mas o que está feito, está feito. E a minha intenção foi a melhor possível.
Sobre este assunto nada mais tenho a dizer, nem outra explicação a dar. Se
feri os sentimentos da sua irmã, foi sem a intenção de fazê-lo, e, embora os
motivos que inspiraram a minha conduta lhe pa¬reçam naturalmente
insuficientes, não vejo ainda razões para condená-los.
Eu tinha escrito a parte mais fácil da carta. A parte mais difícil ainda
estava por vir. Eu tinha o direito de ir mais longe? Os incidentes que eu
tinha de relacionar não só dizem respeito a mim mesmo, abrange a minha
irmã, minha querida Georgiana. Se elas se tornarem públicas... mas acho
que não teria apreensão disso. Elizabeth não diria a ninguém, certamente
não se eu pedisse para se manter em silêncio e ela tinha que saber.
Mas ela tem que saber de tudo? Será que ela tem que saber da
fraqueza de minha irmã? Lutei comigo mesmo. Voltei mais uma vez para a
janela. Eu assisti a lua velejar sobre o céu sem nuvens. Se ela não soubesse
da fraqueza de minha irmã, então não poderia saber da traição de
Wickham, pensei, e era para lhe dizer isso que eu tinha começado a carta.
Eu poderia fingir que era para responder à acusação de ser a causa da
infelicidade de sua irmã, mas eu sabia no meu coração que era porque eu
queria me exonerar de toda a culpa na minha conduta para George
Wickham.
Eu não podia suportar a idéia de ele ser seu favorito, ou o
pensamento dele ser nada valorizado ao seu lado.
Retomei a minha carta.
Com relação à outra acusação, a mais grave, a que diz respeito a Mr.
Wickham, só poderei refutá-la, expondo-lhe toda a história das suas
relações com a minha família. Ignoro se ele formulou alguma acusação
particular à minha pessoa; mas acerca da verdade do que vou relatar posso
dar mais de uma testemunha insuspeita.
O coronel Fitzwilliam pode atestar para mim, eu disse sobe minha
respiração.
Mas como contar a história? Como organizar os incidentes da vida de
Wickham em algum conjunto coerente? E como escrevê-lo de tal maneira
a minha hostilidade como todas as tonalidades do mundo? Para ser justo,
mesmo para ele.
Eu pensei. Na última vez que eu continuasse a escrever.
Mr. Wickham é o filho de um homem muito respeitável, que durante
muitos anos geriu todos os bens da propriedade de Pemberley; a fidelidade
com que sempre se desincumbiu das suas funções mereceu naturalmente a
gratidão do meu pai. E para com George Wickham, que era o seu afilhado,
meu pai se mostrou sempre generoso, dedicando-lhe uma grande afeição.
Pagou os seus estudos num colégio e mais tarde em Cambridge. Auxílio
importante, pois o pai de Mr. Wickham, que as extravagâncias da esposa
privavam quase sempre do necessário, não estava em condições de dar ao
filho uma educação liberal. Meu pai não só gostava muito da com¬panhia
de George Wickham, cujas maneiras, aliás, eram sempre muito atraentes,
mas tinha por ele a maior admiração e, alimen¬tando a esperança de que o
rapaz abraçasse a carreira eclesiás¬tica, tencionava reservar-lhe um lugar
na mesma. Quanto a mim, há já muitos anos que comecei a pensar de
maneira dife¬rente a respeito dele. As suas inclinações viciosas, a falta de
escrúpulos, que ele tinha o cuidado de esconder do seu melhor amigo, não
poderiam passar despercebidas a um rapaz da sua idade, que o observava e
tinha a oportunidade de vê-lo em momentos de descuido. Aqui
novamente, terei de magoá-la...
Qual a profundidade que vai seu sentimento? Eu me perguntava. Eu
golpei o papel com a minha pena e apaguei a página. Foi assim que marcou
através de travessias e adições, no entanto, eu sabia que teria de reescrevê-
la antes de apresentá-la a Elizabeth e eu apago o borrão sem prestar
atenção.
...Até que ponto não sei. Só a senhora mesma poderá dizê-lo. Mas,
quaisquer que sejam os sentimentos que Mr. Wickham lhe tenha
inspirado, a suspeita que alimento acerca da natureza desses sentimentos
não me impedirá de lhe revelar o verdadeiro caráter daquela pessoa.
Acrescento mesmo outro motivo.
Um motivo para mantê-la segura, querida Elizabeth.
Encontrei-me pensando no que poderia ter sido. Se ela tivesse
aceitado, eu poderia estar dormindo profundamente, com a expectativa de
subir para uma manhã feliz passada na companhia dela. Ao invés disso, não
conseguia dormir, escrevendo à luz de uma vela e o brilho do luar que
entrava pela janela.
Eu levei a minha pena, dizendo a ela como meu pai, em seu
testamento, tinha me pedido para dar uma vida valiosa a Wickham, que
por sua fez tinha decidido não querer entrar na igreja e havia pedido
dinheiro em troca.
Meu excelente pai morreu há cerca de cinco anos e a sua afeição por
Mr. Wickham foi até o fim tão firme que me recomendou particularmente
no tes¬tamento que me encarregasse de promover o seu adiantamento na
carreira que tinha escolhido, e manifestou o desejo de que um posto
importante, à disposição da família, lhe fosse dado, assim que vagasse, caso
Mr. Wickham se ordenasse. Deixou-lhe também um legado de mil libras.
O pai dele não sobreviveu muito tempo ao meu, e meio ano depois desses
acontecimentos Mr. Wickham me escreveu, informando-me que resolvera
não tomar ordens. Dizia-me também que esperava que eu não achas¬se
despropositado o desejo de uma compensação pecuniária mais imediata,
em lugar do posto do qual não poderia agora se beneficiar. Acrescentou
que tinha intenção de estudar direito, e que eu devia compreender que os
juros de mil libras não eram suficientes para o seu sustento e os seus
estudos. Apesar do meu desejo de acreditar na sinceridade dele, não o
conseguia. Mas de qualquer modo mostrei-me perfeitamente disposto a
aceder à sua proposta. Eu sabia que Mr. Wickham não devia ser pastor. O
negócio foi portanto logo arranjado. Ele desistiu de toda proteção relativa
à sua entrada na Igreja, mesmo se estivesse algum dia em situação de
recebê-la, e aceitou em troca a quantia de três mil libras. Todas as nossas
relações a partir dessa época ficaram interrompidas. O que eu sabia a
respeito dele era suficiente para não o desejar como amigo. E portanto eu
não o convidava para vir a Pemberley, nem andava em companhia dele na
cidade.
Racionalmente colocado. Ela não podia tomar a exceção como
moderação, embora eu tivesse de escrevê-lo cinco vezes para conseguir tal
resultado.
Creio que durante esse tempo ele ficou em Londres, mas o seu
estudo de direito foi um mero pretexto. Livre agora de toda obrigação, ele
levava uma vida de dissipação. Durante três anos pouco ouvi falar nele.
Mas, ao falecer a pessoa que ocupava o posto que outrora lhe fora
destinado, ele tornou a escrever, solicitando a sua apresentação para o dito
lugar. Sua atual situação, dizia ele, e eu não tive dificuldade em acreditá-lo,
era extremamente precária. Descobrira que o estudo de direito era pouco
proveitoso e estava agora absolutamente resolvido a tomar ordens, se eu o
apresentasse para o posto em questão, coisa de que ele não duvidava, pois
estava informado de que não havia outro pretendente e eu não poderia ter
esquecido as intenções do meu venerando pai; creio que não há de me
censurar por lhe ter recusado aquela pretensão e re¬jeitado todas as novas
tentativas no mesmo sentido. O ressentimento que ele manifestou foi
muito violento, dada a situação precária em que se encontrava. E, sem
dúvida, os insultos de que me cobriu ao falar a meu respeito com outras
pessoas foram tão violentos quanto as recriminações que me dirigiu.
Depois desse período, todas as relações de mera formalidade foram
cortadas. Como ele viveu, não sei. Mas no último verão tornou a aparecer
no meu caminho da forma mais desagradável possível.
Sim. No Verão passado. Eu fui para o lado da sala. Eu tinha trazido
uma garrafa comigo, e um copo. Eu servi-me de um uísque e bebi. O fogo
havia sido aceso contra o frio da Páscoa, mas há muito havia saído, e eu
precisava do whisky para me aquecer.
Eu não queria escrever a próxima parte da carta, mas tinha que ser
feito. Tentei colocá-lo fora, mas o relógio sobre a lareira estava passando e
eu sabia que tinha que terminar o que tinha começado. Devo, no entanto,
pedir-lhe segredo. Que ela iria conceder-lhe eu não tinha dúvida. Ela tinha
uma irmã a quem amava ternamente. Ela iria entender o amor e o carinho
que eu tinha pela minha.
Eu disse-lhe do encontro de Georgiana com Wickham em Ramsgate,
e do jeito que ele tinha se jogado em cima de suas afeições, convencendo-a
concordar com uma fuga.
Devo agora mencionar certas circunstâncias que eu mesmo desejaria
esquecer e que só uma obrigação tão forte quanto a atual me poderia
induzir a relatar para qualquer outra pessoa. Depois de ter dito isto, confio
inteiramente na sua discrição. Minha irmã, que é dez anos mais moça do
que eu, foi deixada em tutela ao sobrinho de minha mãe, Coronel
Fitzwilliam, e a mim próprio. Há um ano atrás saiu do colégio e foi morar
em Londres em companhia de uma senhora encarregada de superintender
a sua educação; e no verão passado foi com aquela senhora para Ramsgate.
Mr. Wickham, sem dúvida propositadamente, partiu para o mesmo lugar;
depois se descobriu que havia um entendimento prévio entre ele e Mrs.
Younge, pessoa a respeito de cujo caráter infelizmente nos enganamos.
Graças ao auxílio e conivência desta pessoa, ele se aproximou de
Georgiana, em cujo coração por natureza afetivo ainda era muito vivida a
impressão da bondade com que ele a tratara em criança. Ela se deixou
persuadir de que estava apaixonada e consentiu em ser raptada. Como a
moça tinha apenas quinze anos, essa loucura é até certo ponto escusável.
Tenho o consolo de poder acrescentar que soube disto por ela própria.
Cheguei a Ramsgate, inesperadamente, um ou dois dias antes da projetada
fuga. E Georgiana, incapaz de suportar a idéia de desgostar e ofender um
irmão que ela considerava quase como um pai, confessou-me tudo. A
senhora pode bem imaginar como me senti e como agi. Para não
prejudicar a reputação da minha irmã e não ofender os seus sentimentos,
eu me abstive de qualquer ato de represália em público. Mas escrevi para
Mr. Wickham, que partiu imediatamente. Mrs. Younge foi naturalmente
despedida. Sem dúvida, o fito principal de Mr. Wickham era de se
apoderar da fortuna da minha irmã, que é de trinta mil libras. Mas não
posso deixar de pensar que o desejo de se vingar de mim tenha também
influído fortemente nele.
Sentei-me, cansado. Eu tinha chegado ao fim. Agora tudo que restava
para mim era desejar-lhe bem.
Esta é uma narrativa fiel dos acontecimentos que nos con¬cernem a
ambos; e se não a rejeitar como absolutamente falsa, espero que me
absolva daqui por diante da falta de ter agido com crueldade para com Mr.
Wickham. Não sei de que maneira ele se impôs à sua atenção, nem as
falsidades que usou para isto. Mas o êxito que alcançou não é de espantar,
dada a sua ignorância de tudo o que acontecera antes. Não estava em seu
poder desmascarar estas falsidades e o seu temperamento não é inclinado à
desconfiança. Talvez a senhora se surpreenda de eu não lhe ter dito isto
ontem, mas naquele momento não tinha suficiente domínio sobre mim
mesmo para decidir o que devia e o que não devia revelar. Quanto à
verdade de tudo o que ficou aqui relatado, posso apelar particularmente
para o testemunho do Coronel Fitzwilliam, que, dado o nosso parentesco e
constante intimidade e sobretudo a sua qualidade de executor
testamentário de meu pai, conhece necessariamente todos os detalhes
desses acontecimentos. Se a antipatia que tem por mim privar de valor as
minhas asserções, a mesma causa não a poderia impedir de confiar no meu
primo, e para que haja a possibilidade de consultá-lo procurarei entregar-
lhe a presente carta de manhã. Acrescentarei apenas: Deus a abençoe!
Fitzwilliam Darcy
Assim foi feito.
Olhei para o relógio. Era duas e meia. Eu tinha a cópia da carta em
uma mão legível, que ela pudesse ler, mas eu estava cansado. Decidi
descansar.
Me despi lentamente e fui para a cama.
Quarta-feira 23 de abril Esta manhã eu acordei com o amanhecer. Eu dormi novamente,
até que meu criado me despertou. Levantei-me rapidamente, em seguida,
fiz uma cópia legível da minha carta. Fiz meu caminho para a sala o coronel
Fitzwilliam. Ele estava em seu roupão, quando cheguei, prestes a ser
barbeado por seu criado.
– Preciso falar com você. – Eu disse.
– Há esta hora? – Ele perguntou, rindo.
– Preciso de sua ajuda.
Seu olhar mudou. Ele liberou o criado.
– Você a tem. – Ele disse.
– Eu preciso que você faça algo por mim.
– Diga.
– Eu preciso de você para testemunhar os fatos relatados na carta.
Ele me olhou com surpresa.
– Eles contêm elementos das relações de Wickham com minha irmã.
Ele franziu o cenho.
– Eu acho que você não devia divulgá-los a ninguém.
– Eventos tornaram imperativo que eu faça. Em curtos termos eu lhe
contei o que tinha se passado, que eu tinha proposto a Elizabeth e fui
recusado.
– Recusado? – Ele interrompeu. – Bom Deus, o que pode ter dito a
ela para que recusasse você?
– Nada. Eu disse apenas o que qualquer homem sensato teria dito. –
Eu respondi. – Eu disse-lhe da luta que tinha em vista a inferioridade das
suas ligações, o comportamento indesejável de sua família, a baixeza de sua
situação na vida...
– Só o que qualquer homem sensato teria dito? – Ele perguntou
surpreso. – Darcy, este não é você. Você não pode ter administrado isso
tão mal. Insultar uma mulher e depois esperar que ela se casasse com
você?
Fiquei surpreso com sua reação.
– Eu só falei a verdade.
– Se todos falassem a verdade haveria uma grande dose de
infelicidade no mundo, e particularmente em tal momento. Algumas
coisas são melhores quando não ditas.
– E eu abomino uma pessoa estúpida! – Ele se voltou, meio sorrindo,
meio exasperado. Tornou-se sério. – Mas a oferta a Miss Bennet... confesso
que me tomou de surpresa. Eu não tinha idéia de seus sentimentos eram
noivar.
– Cuidei para que você não soubesse. Eu não quero que ninguém
saiba. Eu pensei que poderia acabar com eles.
– Mas eles eram fortes demais para você?
Concordei, e embora eu não tivesse admitido isso a ninguém senão a
mim, eles ainda estavam. Não importa. Gostaria de conquistá-los. Eu não
tive escolha.
– Você testemunha para mim? Vai estar disponível a ela, se ela
quiser? – Perguntei-lhe.
– Você tem certeza que ela não vai dizer nada a ninguém?
– Tenho certeza.
– Muito bem. Então sim, eu vou.
– Muito obrigado. E agora devo deixá-lo. Espero colocar esta carta
em sua mão, esta manhã. Ela caminha no parque depois do café da manhã.
Espero encontrá-la lá.
Deixei-o com seu criado e sai para o parque. Eu não tinha tempo para
esperar. Vi Elizabeth e caminhei em sua direção. Ela hesitou, e eu acredito
que ela teria se virado, se pudesse, mas ela sabia que eu a tinha visto.
Caminhei na direção dela propositalmente.
– Eu tenho andado no bosque há algum tempo, na esperança de
encontrá-la. Será que você me faria à honra de ler essa carta?
Eu coloquei na mão dela. E então, antes que ela pudesse entregá-la de
volta para mim, eu fiz uma ligeira curva e me afastei.
Os meus sentimentos quando voltei a Rosings não disse nada.
É difícil saber o que eram. Imaginei-a ler a carta. Será que ela acreditaria
em mim? Será que ela pensaria melhor de mim? Ou será que ela rejeitaria
como uma invenção?
Eu não tinha como saber.
Minha visita à minha tia está chegando ao fim. Vou embora
amanhã com o meu primo. Eu não podia ir sem despedir-me dos que estão
no presbitério, mas estava apreensivo sobre a visita. Como Elizabeth iria
olhar? O que ela diria? O que eu diria?
Não houve chance, Elizabeth não estava lá. Eu disse tudo o que era
bom para o Mr. e Mrs. Collins e, em seguida, despedi-me.
O coronel Fitzwilliam foi mais tarde, permanecendo uma hora assim
Elizabeth poderia ter uma chance de falar com ele, se ela quisesse isso, mas
não retornou. Só espero que ela tenha aceitado que eu lhe disse a verdade,
e que seus sentimentos em relação a mim fossem menos hostis. Mas
qualquer outro tipo de sentimentos... não tinha mais nenhuma esperança.
Quinta-feira 24 de abril Eu estou em Londres novamente. Depois de todos os eventos
imprevisíveis em Rosings acho que aqui, pelo menos, as coisas ainda são as
mesmas. Georgiana tinha aprendido um soneto novo que rendeu uma
bolsa. Ela também fez um desenho muito bom da Sra. Annesley. Mas,
apesar de tudo Londres não mudou, acho que fui eu. Não sou mais feliz
aqui. Minha casa parece solitária. Eu nunca tinha percebido o quão grande
ele é, ou quão vazia. Se as coisas tivessem corrido de outra forma... mas não
ocorreram.
Eu tenho muito a fazer, e em breve vou estar muito ocupado para
pensar no passado. Durante o dia, tenho negócios que devem ser
atendidos, e à noite eu quero participar de todas as festas e bailes para o
qual fui convidado. Eu não vou permitir que os eventos das últimas
semanas me descomponham. Eu tenho sido um tolo, mas eu não vou ser
um tolo, não mais. Estou determinado a esquecer Elizabeth.
Sexta-feira 25 de abril – Mr. Darcy! Que bom que você compareceu a nossa pequena
reunião! Disse Lady Susan Wigham quando entrei em sua casa esta noite.
Era confortável estar de volta em um mundo de elegância e bom
gosto, sem uma pessoa vulgar para mortificar-me. O salão estava cheio de
pessoas refinadas, muitos dos quais eu tinha conhecido toda a minha vida.
– Deixe-me apresentar-lhe a minha sobrinha, Cordelia. Ela está
visitando-me no país. Ela é uma menina encantadora, e uma graciosa
bailarina.
Ela apresentou Miss Farnham, uma beleza loira de dezenove ou vinte
anos de idade.
– Gostaria de dançar, Miss Farnham? – Eu perguntei.
Ela corou lindamente e sussurrou:
– Obrigado, sim.
Quando a levei para a pista, encontrei meu pensamento se afastar ao
baile de Netherfield, mas rapidamente controlei-os e me fiz pensar em
Miss Farnham.
– Você esta na cidade há muito tempo? – Perguntei a ela.
– Não, não muito, – ela disse.
Pelo menos, eu acredito que foi o que ela disse. Ela tem o hábito de
sussurrar o que torna difícil ouvi-la.
– Você está gostando de sua estadia?
– Sim, eu te agradeço.
Ela recaiu em silêncio.
– Você tem feito alguma coisa de interesse? – Eu perguntei.
– Não, não realmente, – ela disse.
– Você foi ao teatro, possivelmente?
– Sim.
Ela não disse mais nada.
– Que peça você viu? – Eu a persuadi.
– Eu não me lembro.
– Você tem ido a um dos museus, possivelmente? – Eu perguntei,
pensando que a mudança de assunto poderia estimulá-la.
– Eu não sei. Museu é um edifício grande com colunas externas? Se
assim for, eu estive lá. Eu não gostei. Estava muito frio e tinha correntes de
ar.
– Talvez você prefira ler livros a visitar museus? – Perguntei a ela.
– Não em especial, – ela sussurrou. – Os livros são muito difíceis, não
são? Eles têm tantas palavras em si.
– É uma das suas falhas inegáveis.
Elizabeth teria sorrido, mas não havia humor na voz de Miss
Farnham quando ela sussurrou:
– Isso é exatamente o que eu penso.
Nós ficamos em silêncio, mas ao perceber que meus pensamentos
estavam começando a virar para Elizabeth, resolvi persistir.
– Talvez, você goste de desenhar? – Perguntei a ela.
– Não muito, – disse ela.
– Há algo que você gosta de fazer? – Eu perguntei, ouvindo a nota de
irritação na minha voz.
Ela olhou para mim com mais animação.
– Oh, sim. Na verdade, existe. Eu gosto de brincar com meus
gatinhos. Eu tenho três deles, Spot, Patch e Stripe7. Spot tem uma mancha
preta, mas caso contrário, ele é totalmente branco. Patch tem um pedaço
branco no pelo preto e Stripe –
– Deixe-me adivinhar. Ele tem uma listra?
– Por que, você já viu? – Ela perguntou com espanto.
– Não.
– Você deve ter visto, ou então como você poderia saber? – Ela disse,
de olhos arregalados. – Eu acho que minha tia deve ter mostrado a você
quando eu estava fora.
Ela continuou a falar de seus filhotes até que a dança acabou.
7 *Tradução Spot: mancha, Patch: pedaço, Stripe: listra
Eu não deixei a minha falta de sucesso com minha primeira parceira,
sacudir a minha vontade de me divertir, e dançava cada dança. Voltei para
casa satisfeito que não tivesse pensado Elizabeth acima de duas ou três
vezes durante toda a noite.
Será que ela pensa em mim sempre? Será que ela, talvez, pense em
minha carta? Estou convencido de que ela acreditou em mim quando
falava de Wickham, por que não pediu explicação a meu primo sobre isso,
mas ela entende por que falei com ela como fiz quando ofereci-lhe a minha
mão? Ela deve. Ela não pode ser inconsciente de sua baixa posição na vida,
e no conceito que ela tem, sem dúvida, decidiu que não era condizente
com um cavalheiro falar com ela de tal maneira. Ela deve ter percebido que
eu estava certo de fazê-lo.
E o que de seus sentimentos sobre a forma como lidei com afeto da
irmã? Ela vê agora, eu espero, que atuei pelo melhor. Ela não pode deixar
de entender, ou a reconhecer que o que eu fiz foi certo.
Quanto a George Wickham, ela sabe agora o canalha que ele é. Mas
será que ela ainda tem sentimentos por ele? Será que ela ainda prefere a
sua companhia a minha? Ela está rindo com ele neste momento, na casa da
tia? Será que ela pensa que é melhor falar com um homem que tem toda a
aparência de nobreza, do que aquele que tem verdadeiro valor?
Se ela se casar com ele...
Eu não vou pensar nisso. Se eu fizer, eu vou enlouquecer.
Maio
Quarta-feira, 7 de Maio Eu encontrei Bingley no baile da Senhorita Jessop esta noite. Ele
estava no norte, visitando sua família, e agora ele retornou à cidade.
– Darcy! Eu não esperava encontrá-lo aqui.
– Eu também não.
– Você aproveitou sua estadia com sua tia?
– Ocorreu tudo bem. – Eu respondi. – Você aproveitou sua estadia
no norte?
– Sim, – ele disse, mas tinha tristeza em sua voz.
Eu fiz mal em separar Bingley da Senhorita Bennet? Eu me pergunto.
Ele não encontrou nenhuma nova pretendente, e embora ele tenha
dançado a noite inteira, ele não convidou nenhuma moça para dançar mais
que duas vezes.
Minha própria noite não foi muito agradável. Eu fui abordado pela
Senhora Pargeter logo quando cheguei.
– Darcy! Onde esteve se escondendo? Você deve ir para o campo nos
visitar. Ver as pretendentes. Margaret mostrará a você. Margaret!– ela
chamou.
Margaret se juntou a nós. Eu me lembro do comentário de Caroline
do ano passado, que a Senhorita Pargeter passara tanto tempo com cavalos
que ela lembrava um.
– Eu deveria ter ter lhe mostrado às pretendentes muito tempo atrás,
Darcy, – Senhora Pargenter disse. – Margaret vêm de uma família nobre.
Excelente pedigree. Um bom negócio.
Margaret me olhou com interesse.
– Algum caso de loucura na família? – ela me perguntou.
– Nenhum que eu tenha conhecimento.
– Alguma doença?
– Minha prima possui problemas com o pulmão. – Eu respondi.
– Certamente possui. Anne de Bourgh. Me esqueci disso. – Disse a
mãe dela. – Melhor continuar procurando, Margaret.
Seria desnecessário convidar Margaret para dançar depois deste
acontecimento. Eu fiz par com várias outras senhoritas que eram divertidas
o bastante, mas como Bingley, eu não convidei ninguém mais de uma vez.
Quinta-feira, 15 de Maio Bingley jantou comigo e com Georgiana esta noite. Eu desisti de
qualquer pensamento em investir em suas uniões. Ela fica mais adorável
cada dia que passa, mas eu estou certo de que suas personalidades nunca
iam ser compatíveis. Existem também outros impedimentos para a união.
Bingley estava distraído pela maior parte da noite. Poderá ser que ele ainda
não se esqueceu da Senhorita Bennet?
O que eu disse para Elizabeth, referente a irmã dela? Eu não consigo
me lembrar. Eu lutei para tentar lembrar as palavras. Eu fui arrogante? Eu
fui rude? Não fui cavalheiro? Não, com certeza não fui. Mas alegar que sua
irmã não é a perfeita união para Bingley... Estou começando a pensar que
estava errado. Ela tem uma boa personalidade, e um adorável
temperamento que combina com o dele. Mas a família dela... não, não
daria certo. Eu estava pronto para vigiá-los pessoalmente. Eu me permiti o
mesmo com Elizabeth. Sim, e ela me tratou rudemente por isso.
Eu me despertei de meus pensamentos.
– Eu e Georgiana estamos preparando um piquenique para o mês
que vem, Bingley, — Eu disse.
– Isso parece-me muito agradável.
– Você ainda estará na cidade?
– Sim.
– Então você deverá vir.
– Sim, Senhor Bingley, seria muito agradável. — Disse minha irmã
timidamente.
– Eu fico encantado. Caroline e Louisa estarão na cidade, e o Senhor
Hurst também.
Eu tentei esconder minha falta de entusiasmo e disse: – Você deve
trazê-los com você.
Junho
Sábado 07 de junho Tivemos tempo bom para o nosso piquenique. Fomos para o campo
e comemos debaixo dos galhos de um velho carvalho.
Georgiana estava muito tímida em primeiro lugar, mas recebeu com
prazer seus convidados, civilidade e facilidade crescente. Depois do
almoço, tive o prazer de ver Caroline ir lá e conversar com Georgiana,
minha irmã estava naquele momento sozinha. Fui até elas e parabénizei
Georgiana por seu sucesso.
– Estou feliz por ter agradado você – ela disse.
– Eu estava dizendo a Georgiana como ela esta com boa aparência –
disse Caroline. – Você, também, esta com boa aparência, Mr. Darcy. O
clima mais quente combina com você.
Por alguma razão, seu cumprimento me irritou. Eu disse apenas:
– Combina com todos nós.
– Georgiana estava me dizendo que você visitou Rosings na Páscoa.
Miss Elizabeth Bennet participou da comemoração, eu ouvi.
– Sim, participou.
– E como estavam os seus belos olhos? – Perguntou Caroline.
– Eles estavam tão brilhantes como sempre.
Ela sorriu, mas a resposta não pareceu agradá-la.
– Eu entendi que havia algo desagradável pouco para o fim de sua
estadia.
Ela poderia ter ouvido nada de Georgiana, mas eu queria saber se o
coronel Fitzwilliam tinha dito algo de indiscreto. Eu não iria satisfazer sua
curiosidade.
– Não. Nada em geral.
Depois de um momento, ela começou novamente.
– Passei por Longbourn recentemente.
Eu não disse nada, mas meu interesse foi capturado.
– É por isso que pensei que tinha havido algum pequeno desagrado –
ela disse.
Ah. Então não foi o meu primo. Eu pensei que não houvesse sido.
– Participou de almoço na pousada e os servos foram fofocar com
vontade. O Mr. Collins tinha escrito para Mr. e Mrs. Bennet. Disse-lhes de
sua surpresa ao vê-lo em Rosings, e sua carta disse algo sobre Miss
Elizabeth Bennet ter ficado doente.
– Ele não pode ter sido surpreendido com a minha visita, costumo
visitar Rosings. Quanto à doença Miss Elizabeth Bennet, me lembro nada
mais do que uma dor de cabeça. – Eu disse. – O médico foi chamado?
Seu sorriso caiu um pouco.
– Não, eu acho que não.
– Não pode ter sido de grande assunto então – eu observei.
Ela tentou de novo.
– Ouvi dizer que George Wickham está noivo...
Senti-me empalidecer ao som do nome e mais pálido ainda no
conhecimento de que ele esta noivo. Ele não poderia estar noivo de
Elizabeth. Certamente, depois de tudo que eu tinha dito, ela não aceitaria a
sua mão em casamento? Não depois que ela se recusou a minha. A não ser
que ela não tenha acreditado em mim.
– ...por uma herdeira, continuou Caroline.
Senti minha cor começar a retornar. Se ele estava noivo de uma
herdeira, o meu medo de que ele estivesse noivo de Elizabeth era
infundado. Senti alívio correr através de mim. Mas o meu alívio foi de curta
duração.
– Mas a família dela a retirou de sua vizinhança, – disse Caroline. –
Eu me pergunto por quê?
Ela esperou que eu dissesse. Ela sabia apenas que Wickham se
comportava mal em relação a mim e estava esperando por mim para lhe
dizer mais, mas eu não fiz assim. Fiquei triste por minha irmã, que estava se
mexendo desconfortavelmente ao meu lado. Para ser lembrado de
Wickham era infeliz.
– Miss Howard não tem ninguém para conversar, – eu disse para
Georgiana. – Eu acredito que você deveria ir e perguntar como ela esta.
Georgiana recuou, gratidão.
– Uma menina tão bonita, – disse Caroline ao vê-la ir. – E tão
elegante. Ela tem a mesma idade de Miss Lydia Bennet e ainda o quão
diferente as duas meninas são. Lydia foi para Brighton, eu ouvi, – Caroline
adicionou de maneira engraçada. – Ela está determinada a perseguir os
oficiais e se eles forem enviados para a França, ela provavelmente vai pegar
o primeiro navio.
Eu queria que ela não falasse dos Bennets, mas eu não podia impedi-
la sem uma razão particular. Eu não gostei de ouvi-la insultando Miss
Lydia Bennet, não importa o quanto justificada é a censura. Para alguém
insultado nunca soa bem.
Como eu pensei, senti-me inquietar. Eu tinha insultado Lydia, de tal
maneira e sua irmã. Foi um pequeno assombro que Elizabeth não tinha
gostado de ouvir. Eu tinha me cumprimentado, no momento de minha
honestidade, mas comecei a concordar com meu primo, que algumas
coisas, não importa quão sincero, é melhor não dizer.
– Seu pai sem dúvida sente que o ar do mar vai fazer bem a família, –
eu comentei.
Mas Caroline não estava se reprimindo.
– Seu pai não vai levá-la. Ele gosta de ter qualquer problema onde sua
família esta preocupada.
– Ele deixou-a ir para Brighton no cuidado de sua mãe? – Perguntei,
antes que eu pudesse me parar.
– Lydia não foi com a mãe. Ela foi sozinha, na companhia do coronel
e Mrs. Forster.
Eu não podia acreditar que, mesmo o Mr. Bennet seria tão negligente
a ponto de deixar uma menina do temperamento de Lídia ir a um
balneário sem sua família. Ela certamente é a desgraça deles e assim a
desgraça de Elizabeth. Minha pobre Elizabeth! Como eu sentia por ela, e
como eu protestava contra a injustiça da situação. O nome dela seria
manchado por uma irmã sobre a qual ela não tinha controle.
E ainda assim, pensei que era injusto, eu tinha manchado-a com as
falhas de sua família e eu não lhe disse que ela estava abaixo de meu
conhecimento, pois suas irmãs se comportaram mal?
Acho difícil acreditar que eu era tão mesquinho, mas sei que esse era
o caso. O que ela me disse? Que eu estava não condizente com um
cavalheiro? Como bem o comentário foi merecido. Se eu tivesse ido para
lhe dizer que nunca queria vê-la novamente, pois isso poderia ter sido uma
desculpa para ela ver que mantive ela em baixa estima, mas para dizer que
ela não era igual a mim, para dizer que eu me rabaixaria para ligar-me a ela,
e depois tive a audácia de pedir sua mão! E perguntar de tal forma, quando
pensei que tinha qualquer expectativa de ser aceito! Eu não posso acreditar
que eu, que sempre me orgulhei de minha justiça e bom senso, poderia ter
me comportado tão mal.
Para desviar Caroline de qualquer discussão mais aprofundada dos
Bennet, perguntei-lhe sobre seu irmão. Ela me contou sobre seus negócios
no norte do país e disse com prazer que eles iam ser convidado a
Pemberley novamente para o verão.
Eu assisti Bingley enquanto falávamos de assuntos gerais, interessado
em saber se ele apontaria qualquer jovem de suas atenções. Novamente,
ele não fez. Ele falou com todas as mocinha de lá, riu, era alegre e ainda
havia algo em sua maneira que era reservada, como se contesse uma
pequena parte de si mesmo para trás.
– Será que o seu irmão tem um flerte no norte? – Perguntei a
Caroline.
– Não. Ninguém em especial.
– Você não acha que ele ainda tem sentimentos por Miss Bennet?
– Nada no mundo, ela respondeu decididamente.
Mas acho que ela está errada. Eu queria vê-lo para ter certeza, mas
uma vez estou convencido, eu quero falar com ele e dizer-lhe que eu estava
errado sobre Jane sendo indiferente a ele. Preciso consertar o dano que
tenho feito.
Segunda - feira, 23 de Junho Eu presenteei Georgina com um novo guarda-sol esta manhã, e eu
fiquei satisfeito em ver quanto prazer isso a proporcionou.
A cor estava particularmente voltando para seu semblante.
Enquanto eu pensava nisso, eu não podia ajudar meus pensamentos
indo para Elizabeth. Sua tez estava sempre saudável. Ela gostava do ar livre,
e estava sempre caminhando, o que iluminava seus olhos e fazia o rosto
dela brilhar.
Onde ela está agora? Ela está em Longbourn? Será que ela pensa em
mim? Ela me despreza, ou terá ela me perdoado?
Quarta – feira, 25 de Junho Eu estou agora convencido que Bingley ainda está apaixonado por
Jane. Eu o tenho observado por mais de seis semanas, e eu sei que a hora se
aproxima rápido quando eu devo contá-lo o que eu tenho feito. Ocupar-
me de dizê-lo quem ele deve ou não deve casar-se foi um ato de arrogância,
e empregar a arte do engano para conduzir do meu jeito foi impertinência
do pior tipo.
– Você parece pensativo, Darcy, – disse Coronel Friztwilliam vindo
para o meu lado. – Tem Bingley feito alguma coisa para preocupá-lo?
– Não. Sou eu que tenho feito alguma coisa para preocupá-lo.
– Oh?
– Eu acho que eu falei a você uma vez de um amigo que eu tinha
salvado de um casamento desastroso. Eu estou começando a pensar que eu
estava errado em interferir.
– Pareceu para mim, entretanto que você estivesse feito a ele um
serviço.
– E eu pensei, no momento, mas ele tem perdido o interesse em
jovens damas desde então.
– O jovem homem era Bingley, não era ele?
Eu admiti isso.
– Ele é jovem. Ele ira encontrar mais alguém.
– Eu não estou tão certo. No momento eu pensei que eu estivesse
agindo por gentileza, mas eu vejo isso diferente agora. Isso foi intromissão.
– Então você está em harmonia com a Srta. Bennet.
– Srta. Bennet? – eu perguntei.
– Sim, Srta. Elizabeth Bennet. Ela era da opinião que isso fosse
intromissão também. Oh, nada a temer. – Ele disse enquanto via a minha
expressão. – Eu não dei a ela indicações, apenas que você tinha salvado
Bingley de um desastroso compromisso. Eu não mencionei o nome da
dama, alias eu não o conheço. Você não precisa temer que ela possa ter
conhecido a família.
Eu não disse nada. De fato, eu estava muito horrorizado para falar.
Então Elizabeth tinha ouvido de minha interferência, e ela tinha ouvido
isso de forma parabenizada, com meu primo, em toda inocência, contando
a ela como eu tinha sido útil.
É uma pequena surpresa ela ter sido tão zangada comigo no
presbitério. Eu só me pergunto agora que ela não esteja ainda mais furiosa.
Eu começo a ver claramente por que ela me recusou. E ver que, através do
meu próprio orgulho, arrogância e estupidez, eu tinha perdido a mulher
que eu amo.
Sexta-feira 4 de julho Eu estou incerto sobre o ato. Se eu disser para Bingley que a
senhorita Bennet é parcial a ele, posso fazer mais mal que bem. Já faz dois
meses que falei com Elizabeth sobre o assunto, e é possível que nesse
tempo, Jane tenha encontrado outro jovem para o amor.
Decidi que não lhe contarei sobre os afetos da senhorita Bennet, mas
incentivarei a voltar a Netherfield após sua visita a Pemberley. Se ela tem
algum sentimento por ele, irá logo descobrir isso.
Quando Elizabeth me repreendeu pela infelicidade de sua irmã, eu
pensei que era melhor do que ela me repreendendo pelo infortúnio de
Wickham, mas começo a achar que não é assim. Agora sei um pouco sobre
o que Jane sofreu, sentindo o vazio que senti nos últimos dois meses, então
estou realmente arrependido.
Segunda-feira 7 de julho – Como está silencioso agora que o Sr. Bingley e suas irmãs foram
fazer uma visita a seu primo. – disse a senhora Annesley quando nos
sentamos juntos após o jantar.
– Iremos vê-los novamente antes do tempo. – Disse Georgiana,
enquanto se sentava perto da janela com seu bordado. – Eles virão para
Pemberley conosco.
– Eu entendo que é uma local muito bom. Estou olhando a frente
para ver Pemberley. – disse Sra Annesley.
Com essa gentil sentença ela convenceu minha irmã a contar-lhe
sobre isso, e eu pensei como tinha sorte em encontrá-la. Ela ajudou
Georgiana a crescer na confiança e, entre nós, orientará minha irmã a ser
uma mulher segura e feliz.
Terça-feira 8 de julho Voltei para Pemberley hoje, pois queria dar a senhora Reynolds a
noticia da minha iminente visita e informá-la de quantas pessoas trarei. Eu
poderia ter escrito, mas a nossa conversa na noite passada enche-me de um
desejo de vê-la novamente.
Como eu ia no lodge e andava pelo parque, não poderia deixar de
pensar: aqui eu poderia ter trazido Elizabeth. Eu montei através da
madeira, seguindo a trilha acima até chegar ao topo. Parei meu cavalo e
pousei meus olhos na minha casa em Pemberley, ao longo do vale.
Meu olhar correu por cima da casa, suas pedras brilhando no sol,
sobre o córrego em frente a ele e o cume arborizado atrás.
Elizabeth poderia ter sido amante disso tudo. Mas ela recusou minha
mão. Ela não havia permitido quaisquer considerações de riqueza a atingi-
la, e eu, honrá-la. Eu não sabia se alguma mulher já agira assim antes.
Eu senti novamente toda a miséria e a dor de tê-la perdido.
Eu montei, diminuindo a vontade e atravessei a ponte até a porta.
Depois que desmontei e parei em frente a casa, percebi o quanto eu a
valorizaria como minha esposa, quanto teria valorizado como minha
mulher, como a vivacidade de seu espírito teria amolecido o meu próprio e
sua falta de meu orgulho impróprio temperado.
Dentro, encontrei uma casa bem cuidada e a Sra Reynolds ficou
satisfeita em saber que eu a visitaria com um grupo de amigos em agosto.
– Vai ser bom ver a senhorita Georgiana de novo, senhor.
Ela olhava para frente e aceitou minha mão, Georgiana poderia viver
aqui novamente, não por conta própria, mas com sua família. Ela e
Elizabeth teriam sido irmãs... Mas não devo me torturar.
Fui à fazenda com Johnson e vi que ele tinha providenciado a
reparação. Ele é um grande trunfo para a fazenda e estou feliz de tê-lo.
Quando voltei para casa, a Sra. Reynolds tinha elaborado um plano
de quartos, alojando Bingley e as irmãs nas câmaras de costume. Eles
voltarão comigo na volta.
Ela também elaborou uma seleção de pratos e menus. Eu lhe dei a
minha aprovação e passei a noite a discutir com ela algumas mudanças que
gostaria de fazer na ala leste, antes de ir para cama.
Sexta-feira 18 de julho Voltei para a cidade e, pretendo terminar meus negócios antes de
passar o verão em Pemberley.
Sábado 19 de julho Fiquei surpreso de ver hoje Bingley quando eu estava andando no
parque.
– Eu pensei que você estava visitando seu primo. – disse a ele.
– Eu estava, mas voltei uma semana mais cedo. Você está certo sobre
mim, perceba, sou inconstante.
Fiquei feliz com a abertura que ele me ofereceu.
– Eu pensei, no assunto, talvez você tivesse. – Eu arrisquei.
– Oh?
Ele não disse mais nada, mas eu podia ver aonde seus pensamentos
iam.
– Eu te disse que eu visitei Rosings na Páscoa? – perguntei. – Fui para
ficar com minha tia, Lady Catherine de Bourgh.
– Sim, creio que ouvi algo. – disse Bingley sem interesse. – A senhora
Catherine está bem?
– Sim, obrigado. Ela estava com boa saúde e espírito. Ela está com
visitantes, uma parte de Longbourn.
Ele mudou de cor neste momento.
– Longbourn? Eu não sabia disso. O que eles estavam fazendo em
Kent? – Ele perguntou, enquanto entrávamos no parque.
– Estavam visitando a reitoria. Talvez você se lembre do Sr. Collins,
um homem pesado e jovem que foi reitor da paróquia da minha tia?
– Não, eu não lembro.
– Ele estava hospedado no Longbourn antes do Natal. Frequentou a
Netherfield, com o Bennet.
– Ah, agora eu me lembro. Houve um boato que ele foi se casar com
Elizabeth Bennet.
– Não era nada além de um rumor. – Graças a Deus, eu pensei. – Ele
encontrou uma mulher, de qualquer forma, e se casou com Charlotte
Lucas.
– A encantadora filha de Sir William? – perguntou Bingley, virando-
se para mim.
– Sim.
– Uma boa jogada. – disse ele, satisfeito. – Eu sei que ela queria seu
próprio estabelecimento. Estou feliz por ela. Ela estava de bom humor
quando você a viu?
– Sim. Ela tinha razão para estar. Sua família ia fazer-lhe uma visita. O
pai e a irmã estavam com ela. Sir William ficou apenas uma semana, mas
sua irmã Maria permaneceu com ela por mais tempo. – Fiz uma pausa. –
Ela tinha outra visitante, a senhorita Elizabeth Bennet.
Começou, mas disse somente: – Sim, eu acredito que eles eram
amigos. – após o momento em que ele disse. – Ela estava bem?
– Ela estava.
– Eu gostei de muito da senhorita Elizabeth Bennet. Ela é uma garota
tão quanto eu poderia desejar encontrar. E seus pais, eles estão bem?
– Sim, eu acredito que sim
– E suas... irmãs? – ele perguntou, ignorando o meu olhar
cuidadosamente.
– Elas estão bem, apesar de faltar a senhorita Bennet, que eu acredito
que não estava em espíritos.
– Não? – ele perguntou entre a esperança e a preocupação.
– Não – eu disse com firmeza.
– Ela perdeu sua irmã, talvez. Ela gostava muito dela, e que não
queria se separar.
– Ela esteve em baixo astral antes de sua irmã a deixar.
– Ela perdeu Caroline, então. Elas foram muito vistas, quando
estávamos todos em Netherfield, e eram amigas.
– Talvez. Mas não é comum uma moça a cair em desânimo, porque
sua amiga já casou.
– Não.
Ele hesitou, depois disse: – O que você acha, Darcy? Devo desistir de
Netherfield?
– É isso o que você deseja fazer?
– Estou indeciso. É uma bela casa e um belo país, e a vida social era
boa, embora, talvez, não o que você está acostumado. – ele disse com um
traço de ansiedade.
– Talvez não, mas havia várias pessoas que deixaram o bairro muito
agradável.
– De fato. Sir William apresentou St James’s.
– Eu não estava pensando em Sir William.
Embora eu devesse estar ajudando meu amigo, eu não poderia evitar
uma imagem crescente de Elizabeth diante dos meus olhos.
– Eu talvez vá lá por algumas semanas para o fim do verão. O que
você acha dessa idéia? – ele perguntou.
– Eu acho que é uma idéia excelente.
– Então acho que vou depois da minha visita a Pemberley.
Eu não disse mais nada. Eu não queria dar-lhe muita esperança, Jane
deveria ter colocado sua mágoa de lado e se apegado aos jovens vizinhos.
Mas se ele retorna ao bairro, em seguida, em muito pouco tempo irá
mostrar-lhes se estão destinados a ficar juntos, e desta vez, não vou ser tão
impertinente para interferir.
Agosto
Domingo 03 de agosto Bingley e suas irmãs se juntaram a mim e Georgiana logo após o café
da manha e partimos para Pemberley. Para começar, Caroline falou de sua
visita à sua prima, mas depois a conversa virou-se para os elogios.
– Que bela carruagem você tem, Mr. Darcy. – Disse ela, enquanto
estava tagarelando pelas ruas. – Charles não tem nada parecido. Eu
continuo dizendo que ele deveria comprar algo neste estilo.
– Minha querida Caroline, se eu comprasse tudo o que você quisesse
que eu comprasse, eu estaria falido até o final do ano! – Disse Bingley.
– Bobagem. Cada cavalheiro deve ter a sua carruagem, ele não deve,
Mr. Darcy? – Ela perguntou.
– É certamente útil. – Admiti.
– Darcy, eu confiei em você para tomar minha parte! Eu tinha certeza
que você pensaria ser uma extravagância.
– Se você pensa em viajar muito, então é mais barato do que
contratar uma carruagem.
– Aí está você. – Disse Caroline, dirigindo um sorriso para mim. –
Mr. Darcy concorda comigo. O quão amigável é quando duas pessoas têm
apenas um pensamento. Você deve ter assentos revestidos nesta cor,
Charles. – Ela disse, olhando os assentos.
– Vou ter certeza que estarão em uma cor totalmente diferente. – Ele
respondeu. – Caso contrário, eu não saberei qual é a minha carruagem e
qual é de Darcy.
– Como é confortável. – Disse Caroline. – Não é, Georgiana? – Ela
perguntou, apelando para a minha irmã.
– Sim, é. – Disse Georgiana.
– E como bem arqueada é. Charles, você deve se certificar que sua
carruagem utilize apenas estas molas.
– Se eu fizer isso, a carruagem de Darcy ficará desconfortável sem
elas.
– E você deve ter uma escrivaninha incorporada à carruagem.
– Eu não gosto de escrever cartas quando estou parado, e não tenho
intenção de fazê-lo enquanto sou sacudido por todos os caminhos
estreitos e buracos.
– Mas seus companheiros de viagem podem gostar de escrever. O
que você diz, Georgiana? Não seria útil?
– Sim. – Minha irmã se aventurou.
– Aí está você, Charles. Georgiana acha que seria útil, e não apenas
para escrever, tenho certeza. Também seria útil para desenhar. Como é
que o seu desenho esta progredindo? – Ela perguntou a Georgiana.
– Bem, obrigado.
– Minha irmã me deu um esboço do Hyde Park na semana passada. –
Eu disse.
– E era agradavelmente bonito? – Caroline perguntou.
– Foi muito bem feito, de fato. – Eu disse com um sorriso caloroso.
– Lembro-me de meus tempos de escola. Como eu gostava de
desenho! Você deve me deixar ver o desenho, Georgiana.
– Eu o deixei em Londres. – Minha irmã disse.
– Não importa. Vou vê-lo na próxima vez que nos encontrarmos.
Viajamos em etapas fáceis e paramos para passar a noite no touro
negro. É uma pousada respeitável. A comida é boa e os quartos
confortáveis. Eu disse ao meu cocheiro para me acordar cedo. Tenho
algumas cartas para escrever, antes de viajar.
Terça-feira 05 de agosto Eu não posso acreditar. Eu vi Elizabeth. Eu dificilmente sei o que
estou escrevendo. Era tão estranho.
Estávamos voltando para Pemberley, Bingley, suas irmãs, Mr. Hurst,
Georgiana e eu, quando paramos para almoçar em uma pousada. O dia
estava quente e as senhoras estavam cansadas. Eles não queriam prosseguir
viagem e, na verdade eu tinha dito a minha empregada que não
chegaríamos até amanhã. Mas eu estava inquieto. E decidi ir em frente, ou
seja, ver Johnson e colocar alguns dos negócios imobiliários fora do
caminho antes de meus convidados chegarem.
Eu andava para Pemberley. Era uma bela tarde e eu gostei do passeio.
Eu estava saindo dos estábulos e andando na volta para frente da casa
quando parei antes de chegar. Perguntava-me se estava tendo alucinações.
O dia estava quente e me perguntava se tinha pegado muito sol.
Lá na minha frente estava uma figura que eu conhecia bem. Era
Elizabeth.
Ela estava caminhando pelo gramado até o rio, na companhia de duas
pessoas que não conhecia. Naquele momento ela se virou para olhar para
trás. Ela me viu. Eu fiquei preso ao chão. Estávamos dentro de vinte metros
um do outro. Não havia dúvida de escapar, mesmo se eu quisesse. Nossos
olhos se encontraram e a vi corar. Senti meu próprio semblante esquentar.
Finalmente me recuperei. Avancei em direção a ela. Ela virou-se
instintivamente, mas parando na minha abordagem, ela recebeu os meus
cumprimentos com grande embaraço. Eu sentia por ela, e teria sido mais
fácil para ela se eu pudesse.
Quando falei com ela, eu não podia deixar de pensar o que ela estava
fazendo lá. Estar em Pemberley! Parecia tão estranho, mas ao mesmo
tempo tão certo.
– Espero que você esteja bem? – Eu perguntei.
– Sim, obrigado. – Ela disse, ruborizada, e incapaz de encontrar meu
olhar.
– E sua família?
Assim que eu disse a vi corar mais profundamente e senti um rubor
comparecendo em minha face. Eu não tinha o direito de perguntar de sua
família, depois de ter abusado deles tão violentamente a sua cara, mas ela
me respondeu suficientemente educada.
– Eles estão bem, obrigado.
– Há quanto tempo você saiu de Longbourn?
– Quase um mês.
– Você tem viajado?
– Sim.
– Você está gostando, eu espero?
– Sim.
Repeti-me três vezes mais, perguntando-lhe se ela estava gostando,
até que senti que era melhor eu ficar calado, pois não conseguia pensar em
nada sensato a dizer. Depois de alguns momentos recordei-me e despedi-
me. Encontrar Elizabeth, aqui, em Pemberley! E encontrá-la querendo
falar comigo. Ela tinha estado constrangida, mas não tinha se afastado. Ela
respondia a tudo com mais civilidade do que eu merecia.
O que ela estava pensando? Eu me perguntava. Será que ela estava
contente por ter me encontrado? Mortificada? Indiferente? Não, não o
último. Ela corou quando me aproximei. Ela estava com raiva, talvez, mas
não indiferente.
O pensamento me deu esperança. Entrei na casa, mas em vez de fazer
o caminho do quarto do mordomo me encontrei indo para a sala de
desenho. Ela não tinha estado à vontade, isso era claro, e eu não tinha feito
nada para ajudá-la. Estava tão tomado de surpresa e a variedade de outras
emoções que não me atrevo a colocar um nome, que eu tinha estado
incoerente.
Um cavalheiro teria a deixado à vontade. Um cavalheiro teria feito
ela se sentir em casa. Um cavalheiro teria pedido para ser apresentado a
seus companheiros. Como muito abaixo dessa marca eu tinha caído!
Resolvi emendar as questões de uma vez. Sai para o jardim e indaguei de
um dos jardineiros por qual caminho os visitantes tinham ido, e fui atrás
deles.
Eu os vi na beira do rio. Aproximei-me. Nunca tive uma caminhada
que pareceu tão longa. Ela estaria feliz em me ver? Eu esperava, pelo
menos que ela não estivesse ofendida. Deparei-me com ela. Ela começou a
falar de uma só vez, com mais facilidade do que anteriormente.
– Mr. Darcy. Você tem uma propriedade deleitável aqui. A casa é um
charme, e a região e muito agradável.
Ela parecia a ponto de ir, de tão vermelha. Eu acredito que nós dois
pensamos o mesmo: a casa agora podia ser dela, se ela tivesse aceitado a
minha mão.
Para ajudá-la com seu sofrimento, eu disse:
– Você pode me dar à honra de me apresentar aos seus amigos?
Ela olhou surpresa e sorriu. Havia um traço de malicia nele, e logo
que eu vi, eu percebi o quanto eu tinha perdido dela.
– Mr. Darcy, permita-me apresentar a minha tia e meu tio, Mr. e Mrs.
Gardiner, – Disse ela.
Entendi a causa de seu sorriso maroto imediatamente. Estes eram os
parentes que eu tinha criticado muito, no entanto eu tinha errado a
desprezá-los. Eles não eram de baixas conexões como eu tinha estado
temendo. Na verdade, antes dela me apresentar entendi que eram pessoas
de costumes.
– Nós estávamos voltando para casa. – Disse o Mr. Gardiner. – O
passeio tem cansado minha esposa.
– Permita-me caminhar de volta com você.
Nós caímos no passo.
– Você tem uma boa propriedade aqui, Mr. Darcy.
– Muito obrigado. Eu acredito em ser um dos melhores da Inglaterra,
mas então eu sou parcial!
Mr. e Mrs. Gardiner riram.
– Seu empregado tem me mostrado a truta do rio. – Disse Mr.
Gardiner.
– Você gosta de pescar?
– Sim, quando tenho oportunidade.
– Então você tem que pescar aqui tão frequentemente quanto
você escolher.
– Isso é muito gentil da sua parte, mas eu não trouxe meus
instrumentos.
– Há muita coisa aqui. Você deve usá-lo quando você vier. – Eu parei.
– Esse é um bom trecho do rio. – Eu disse, apontando para um dos
melhores trechos para a truta.
Eu vi Elizabeth e sua tia trocarem olhares, e não pude deixar de notar
o olhar de espanto de Elizabeth. Ela me acha incapaz de ser educado?
Talvez. Eu tinha dado pouca evidência disso, em Hertfordshire. Não pude
deixar de olhar para ela, pensava enquanto falava com seu tio. Seu rosto,
seus olhos, sua boca, todos me seguraram. Eu pensei que ela parecia bem,
embora ela parecesse envergonhada, não vi nenhuma hostilidade em sua
expressão.
Depois de pouco tempo, Mrs. Gardiner pegou o braço do marido, e
eu fui deixado para andar com Elizabeth.
– Eu não sabia que você estaria aqui. – Ela começou de uma vez. –
Minha tia tinha uma fantasia de ver Pemberley. Ela morava no bairro,
quando ela era uma menina. Mas foi-nos dito que não voltaria até amanhã.
Então, ela descobriu isso, e tinha vindo apenas no entendimento de
que não iria me ver. Meu espírito se afundou, mas ressuscitou quando eu
percebi que o destino a tinha jogado em minhas mãos. Estaria com
Georgiana na pousada, em vez de estar aqui com Elizabeth.
– Essa era a minha intenção, mas uma questão a ser resolvida com o
meu mordomo me trouxe aqui algumas horas antes de meus
companheiros. Eles vão se juntar a mim amanhã cedo, e entre eles virão
algumas pessoas que a conhecem, Mr. Bingley e sua irmã.
Eu não conseguia parar de pensar em tudo o que se passara entre nós
sobre o assunto de Bingley, e adivinhei seus pensamentos tendiam na
mesma direção. Eu me perguntei se eu deveria dizer alguma coisa, dar-lhe
algumas indicações sobre a minha oportunidade de sentimento, mas eu
não sabia como começar.
Em vez disso, eu disse: – Você vai me permitir, ou eu peço
demasiado, em apresentar a minha irmã ao seu conhecimento durante a
sua estadia em Lambton?
– Eu gostaria muito disso.
Havia um calor em sua voz, e no sorriso que o acompanhou, que
muito aliviou meus medos.
Caminhamos em silêncio, com mais facilidade do que antes. O ar não
era tão tenso, e era tranqüilo entre nós, pelo menos sem mais
constrangimento.
Chegamos à carruagem. Sua tia e tio ficaram de alguma forma para
trás.
– Você vai entrar na casa? Gostaria de um refresco?
– Não, obrigado. – Ela disse. – Eu devo esperar minha tia e meu tio.
Fiquei desapontado, mas eu não iria pressioná-la.
Eu tentei pensar em algo para dizer. Eu queria dizer a ela o quão
errado eu estava. Ela, também, parecia que queria falar, mas o que ela
queria dizer eu não sabia.
Enfim, ela começou, mas foi só para dizer: – Derbyshire é um lindo
condado.
– Já viu muito disso?
– Sim. Estamos vindo de Matlock e Dove Dale.
– Eles também valem a pena ver.
Minha conversa era fútil. A dela era um pouco melhor. Havia tanta
coisa que estava tácito entre nós, mas agora não era o momento. Talvez,
em poucos dias, quando vier a conhecer melhor uns aos outros
novamente...
Sua tia e tio se aproximaram. Convidei-os para um refresco, mas eles
recusaram. Entreguei as senhoras na carruagem e foram embora. Eu assisti
durante um tempo que poderia sem a minha particular relação aparente, e
depois caminhei lentamente para a casa.
Eu não tinha dito nada do que eu queria dizer, mas o conhecimento
que eu estaria vendo Elizabeth novamente me sustentou.
Meu espírito estava mais leve do que tinha estado em um tempo
muito longo.
Quinta-feira, 7 de Agosto Sr Gardiner chegou esta manhã e levei-o até o rio, juntamente com
alguns outros convidados de minha casa. Ele tem conhecimento sobre
pesca, e eu forneci a ele aparelhos de modo que possa tentar sua sorte em
capturar alguma coisa. Meus outros convidados tinham trazido os seus
próprios. Eu estava prestes a me juntar a eles quando uma observação
casual do Sr Gardiner me fez mudar de idéia.
– Foi muito educado de sua irmã satisfazer-nos com uma visita
ontem, Sr Darcy. Minha esposa e sobrinha ficaram muito impressionadas
pela atenção – ele disse. – Elas resolveram retornar a ligação esta manhã.
– Isto é muito gentil da parte delas – eu disse, quando pude dominar
minha surpresa.
– Elas não queriam ser opostas em qualquer atenção.
– Eu espero que aproveitem sua pesca – eu disse para os cavalheiros.
– Se você me dá licença, tenho que retornar para a casa.
Meus convidados murmuraram cortesias, supondo que eu tinha
negócios para tratar, mas eu vi o olhar de compreensão no rosto do Sr
Gardiner. Então ele sabia. Eu não estava surpreso. Não tomei o cuidado de
guardar meus sentimentos quando visitei sua sobrinha. Eu estou além
fingindo uma falta de interesse.
Voltei para casa e entrei no salão. Meus olhos foram imediatamente
para Elizabeth. Eu soube imediatamente que ela pertencia ali. Enquanto eu
a observava, vi um futuro estendido à minha frente, um futuro em que eu
via Elizabeth e eu morando em Pemberley. Eu queria isso mais do que eu
sempre quis alguma coisa, e eu só esperava que ela quisesse o mesmo.
– Senhorita Bennet, Sra Gardiner, é muito gentil da parte de vocês
chamarem minha irmã tão logo – eu disse.
– Oh sim, muito gentil – disse Georgiana, ruborizando. – Eu não
esperava.
– Nós não poderíamos agir de outro modo, após a sua gentileza em
nos receber – disse Sra Gardiner para Georgiana.
Georgiana ruborizou novamente, mas eu tinha olhos apenas para
Elizabeth. Seu olhar encontrou o meu. Ela desviou o olhar, embaraçada, e
eu ainda pensei em ter visto uma recepção em seus olhos antes de ela se
afastar.
Carolina e Louisa estavam sentadas em silêncio, sem fazer qualquer
contribuição para a conversa e deixando Georgiana realizar suas funções
como anfitriã sozinha.
Sra Annesley a ajudou, dizendo para Elizabeth:
– As áreas em Pemberley são muito finas. Acredito que você as viu há
poucos dias?
– Sim, nós desfrutamos muitíssimo andando em volta delas. – Disse
Elizabeth. – As árvores são muito belas – Ela olhou para fora da janela para
algumas espécies.
– Elas são castanheiras espanholas – Georgiana disse suavemente,
satisfeita de ser capaz de acrescentar algo na conversa.
– Elas têm estado aqui muito tempo? – perguntou Elizabeth virando-
se em direção a ela corajosamente.
– Oh sim, elas são muito antigas.
Georgiana olhou para mim por aprovação e eu sorri a ela. Ela não
tinha muita experiência em receber convidados, e ninguém em todas as
recepções a quem ela não conhece, mas ela absolveu-se muito bem.
Caroline evidentemente sentiu que tinha estado em silêncio tempo
suficiente.
– Ora, Senhorita Eliza, as milícias não foram removidas de Meryton?
Elas devem ser uma grande perda para sua família.
Eu nunca a tinha ouvido falar com esse veneno. Seus comentários
irônicos eram geralmente pronunciados com alguma aparência de um
sorriso, e não havia nenhum humor sobre eles hoje, e eu percebi pela
primeira vez como verdadeiramente venenosa Caroline pode ser.
Eu vi a angústia de Elizabeth. Mil lembranças inundaram minha
mente. Meus próprios comentários mesquinhos sobre suas irmãs mais
novas; seu rosto enquanto ela jogava uma acusação arruinando Wickham
para mim; minha retaliação furiosa; e então minha carta.
Eu sentia por ela, mas ela não tinha necessidade da minha ajuda para
repelir o ataque. Após um momento de angústia ela respondeu: – É
sempre triste perder a companhia de pessoas inteligentes e bem-
humoradas. Há aqueles que entram em uma vizinhança com uma visão de
ridículo em tudo que vêem, ou com intenção de formar falsas amizades
com o que ocupar seu tempo mesmo sem pensar nos sentimentos
daqueles que devem permanecer. Mas tivemos sorte com os oficiais. Eles
foram finos e bem educados. Eles nos deram alegrias quando estavam
conosco, e nada mais além de lembranças agradáveis quando eles partiram.
Eu me prendo no olhar de Elizabeth e sorrio. Caroline estava em
silêncio, minha irmã ficou aliviada do constrangimento agudo que ela
tinha experimentado quando lembrou as palavras de Caroline para George
Wickham. Fiquei aliviado de um grande fardo. Por sua maneira calma eu
acredito que o afeto de Elizabeth com Wickham acabou.
A visita chegou ao fim, mas eu não poderia deixar Elizabeth ir.
– Você deve deixar-me ver a carruagem – digo, como a senhora
Gardiner subiu para gozar as suas férias.
– Obrigada. – ela disse.
Eu andei com eles, contente com a oportunidade de ficar com
Elizabeth. A tia andou um pouco a frente, para que eu pudesse falar com
ela sozinho.
– Espero que você tenha desfrutado dessa manhã.
– Sim, obrigada, eu tenho.
– Eu espero ver você aqui novamente.
Tínhamos chego a carruagem, poderia não ter dito mais nada. Mas
meus sentimentos estavam em meu olhar. Ela corou e olhou para baixo, da
confusão, eu espero. Ainda há alguma estranheza entre nós, mas isso vai
passar, e então eu vou descobrir se seus sentimentos em relação a mim
ainda são o que eram na Páscoa.
Eu coloquei a Sra. Gardiner na carruagem. E coloquei Elizabeth atrás
dela, e o carro se afastou. Pouco sabia que quando retornasse a Pemberley,
iria realizar tanto interesse em mim. Eu logo teria uma nova amante, eu
espero.
Eu olhei por todo o gramado extenso e imaginei meus filhos indo
para o rio pescar. Eu olhei para a casa e vi minhas filhas voltando de uma
caminhada, suas anáguas cobertas de lama. Se eu pudesse ter certeza do
que viria a acontecer, eu acho que realmente tenho sorte.
Eu estava relutante em voltar ao salão, mas sabia que precisava fazê-
lo, Eu não poderia deixar Georgiana sozinha com Caroline e Louisa. Elas
não fizeram nada para ajudá-la durante a visita de Elizabeth, e de fato
tinham aumentado à sua angustia. Se fosse possível convidar Bingley para
Pemberley sem suas irmãs, o faria de bom grado.
– Como parecia muito doente o olhar de Miss Eliza Bennet essa
manhã – Caroline disse, logo que entrei na sala. – Ela se tornou tão
marrom e rústica. Louisa e eu concordamos que não deveríamos tê-la
conhecido novamente.
Ficou claro para mim que os comentários de Caroline foram
inspirados pelo ciúme. Eu me perguntava, na ocasião, se ela imaginava-se a
próxima Sra. Darcy, mas rejeitei a idéia. Agora tenho certeza disso. Eu
estava determinado a não deixar seus comentários mal-humorados
estragar minha felicidade, no entanto.
– Eu não vi nada diferente nela, exceto que está bem bronzeada,
nenhum milagre, apenas consequência de sua viagem de verão.
– Por minha parte – ela continuou maldosamente. – Devo confessar
que eu nunca poderia ver qualquer beleza nela.
Quando ela passou a criticar o nariz de Elizabeth, seu queixo, pele,
dentes eu ficava cada vez mais irritado, mas não disse nada, mesmo quando
ela acrescentou: – E quanto a seus olhos, que tem sido chamado às vezes
de bom, nunca pude perceber nada de extraordinário neles.
Ela me olhou desafiadoramente, mas fiquei em silenciosa
determinação.
– Eu me lembro de você dizer, uma noite, depois de terem jantado
em Netherfield: “Ela é uma beleza! Eu deveria chamá-la rapidamente de a
mãe da sagacidade”.
– Sim - respondi, sem conseguir me conter – Mas isso foi quando eu
apenas a conhecia, pois faz muitos meses que eu a considerava como uma
das mais belas mulheres que já conheci.
E assim dizendo, saí da sala.
A impertinência de Caroline ultrapassou todos os limites. Se ela não
fosse a irmã de Bingley eu diria para ela sair. Insultar Elizabeth para mim!
Ela deve estar longe de ciúmes, de fato.
Mas ela não consegue acabar com minha felicidade. Eu amo
Elizabeth.
Agora só me resta saber se Elizabeth me ama.
Sexta feira, 08 de Agosto Eu não pude dormir noite passada, mas, desta vez, a causa foi
felicidade. Eu acho q Elizabeth não se opõe a mim. Em tempo, eu acho que
ela pode vir a gostar de mim. Agradeço ao feliz destino que a trouxe a
Derbyshire, e o ainda mais feliz que me fez seguir a frente de meus
convidados, a tempo de encontrá-la. Em Londres eu tentei esquecê-la, mas
foi impossível. Agora, eu devo tentar conquistá-la.
Assim, esta manhã, eu fui à hospedaria, esperando ficar com ela. Um
criado conduziu-me ao salão. Enquanto subia me perguntei qual seria sua
expressão quando eu entrasse na sala. Por esta, eu poderia saber muito.
Um sorriso mostraria que sou bem vindo. Constrangimento me daria
esperança. Um olhar frio me destroçaria completamente.
A porta se abriu. Mas ao invés de ver Elizabeth sentada com sua tia,
eu a vi se lançando para a porta, com o rosto pálido e maneiras agitadas. Eu
comecei pensando que uma grande calamidade teria caído sobre ela para
causar tal aparência, mas antes de eu ter a chance de falar ela virou seus
angustiados olhos para mim e exclamou: – Perdoe-me, mas devo deixá-lo.
Eu devo encontrar Sr. Gardiner neste momento, por um assunto que não
pode ser adiado. Eu não tenho um instante a perder!
– Bom Deus! Qual é o assunto? – Eu perguntei ansioso por ser útil a
ela. Logo que as palavras saíram, eu percebi quão inúteis elas foram.
Reprimindo-me, eu disse: – Deixe-me, ou deixe o criado, ir atrás de Sr.
Gardiner. Você não está bem o suficiente; você não pode ir pessoalmente.
– Oh, sim, o criado. – Ela o chamou de volta e disse sem fôlego: –
Você deve encontrar meu tio. Busque-o de uma vez. É um assunto de
máxima urgência. Envie um garoto. Explique a ele que sua sobrinha o
necessita imediatamente. Avise minha tia. Ela deve vir também.
O criado prometeu fazê-lo e saiu do quarto.
Eu vi os joelhos de Elizabeth tremendo e avancei pronto para
emprestar-lhe minha ajuda, mas ela se sentou antes que eu pudesse chegar
a ela, parecendo tão miseravelmente doente que eu não poderia deixá-la,
mesmo se eu quisesse.
– Deixe-me chamar sua criada. – Eu disse gentilmente, sentindo-me
de repente inútil. Eu não sei nada sobre ajudar senhoritas em tais
circunstâncias. Bateu-me um pensamento súbito. – Um copo de vinho, eu
devo buscar um pra você?
– Não, obrigada, – ela disse. Eu a vi lutando consigo mesma e
controlando o pior de sua agitação. – Eu estou muito bem. Estou apenas
aflita por algumas más notícias que acabei de receber de Longbourn.
Ela explodiu em lágrimas. Eu ansiava por ir até ela e confortá-la. Eu
ansiava por colocar meus braços a sua volta e amenizar sua dor. Mas eu
não podia fazer nada. Pela primeira vez em minha vida eu amaldiçoei a
polidez, as boas maneiras e a educação. Elas sempre pareceram tão
importantes para mim, mas agora elas pareciam menos valorosas porque
estavam me mantendo afastado de Elizabeth.
Um momento a mais e eu acredito que teria jogado as convenções ao
vento, mas ela se recuperou e disse: – Eu recebi uma carta de Jane com
notícias terríveis. Minha irmã mais nova deixou todos os seus amigos,
fugiu, colocou-se sob o poder – de Sr. Wickham. Eles fugiram juntos de
Brighton. Você o conhece muito bem para ter dúvidas quanto ao resto. Ela
não tem dinheiro, conexões, nada que possa tentá-lo, ela está perdida para
sempre.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Esta foi, de fato, uma
traição. Roubar uma jovem garota de seus parentes e amigos. E ele ainda
tinha feito isso antes, ou, pelo menos, ele tentou fazê-lo e teria conseguido
se não houvesse sido frustrado na tentativa.
– Quando eu penso que poderia ter evitado isso! Eu que sabia o que
ele era. – Ela disse.
Não, eu queria dizer. Você não é culpada. Eu devia ter feito sua
índole conhecida. Mas as palavras se derramavam dela em uma torrente, e
eu não pude fazer nada, exceto deixá-la falar. Ao menos, seu fluxo chegou
ao fim.
– Mas isso é certo? Absolutamente certo? – Eu perguntei.
Notícias correm rápido, especialmente más notícias, mas elas
geralmente são distorcidas ao longo do caminho. Eu não poderia pensar
que Wickham iria fugir com a Srta. Lydia Bennet. Ela não possui nada para
tentá-lo, e ele não tem nenhum acerto de contas com os Bennets. Ele deve
saber que tal comportamento vai torná-lo um pária. Foi um preço muito
alto a pagar pelo prazer de desposar uma garotinha tola com nenhum
nome e nenhuma fortuna. E então, de fato, como ele poderia se casar com
ela? Ela é menor de idade. Ele poderia levá-la para Gretna Green, mas a
viagem teria altos custos e eu sei que ele não poderia gastar a metade deste
montante a menos que sua noiva fosse uma herdeira considerável.
– Eles deixaram Brighton juntos no sábado à noite e foram rastreados
até Londres, mas não além; eles certamente não foram para a Escócia.
Eu comecei a formar uma idéia do que deve ter acontecido. Wickham
conhece Londres. Ele sabe onde poderia se esconder. E quando ele tiver
obtido seu prazer, ele poderia abandonar a Srta. Lydia Bennet
impunemente.
Tudo isso sucedeu por meu insuportável orgulho. Se eu houvesse
tornado o caráter de Wickham conhecido isso poderia não ter acontecido,
mas eu desdenhava fazer isso, e em conseqüência eu machuquei a mulher
que eu amo.
– O que foi feito, o que foi tentado para recuperá-la? – Eu perguntei.
Eu precisava saber, então eu poderia determinar a melhor forma de
usar o meu tempo, e como conduzir minha própria busca. Eu não
descansaria até que a irmã de Elizabeth tivesse retornado para ela.
– Meu pai se foi para Londres, e Jane escreveu para implorar a
imediata assistência de meus tios, nós partiremos, eu espero, dentro de
meia hora.
Meia hora! Depois de todas as minhas esperanças, perder Elizabeth
tão cedo, mas certamente isso deve ser feito.
– Como tal homem procede? Como eles ainda serão descobertos? Eu
não tenho a menor esperança. Isso é horrível em todas as formas.
Eu não podia dizer nada, fazer nada, mas dar a ela a minha compaixão
silenciosa e esperar que isso a fortalecesse. Eu desejava abraçá-la, mas seu
tio devia estar retornando a qualquer minuto, e fazer isso tornaria a
situação pior.
– Quando meus olhos foram abertos para sua verdadeira reputação?!
Oh! Se eu soubesse o que eu deveria, o que eu me atreveria a fazer! Mas eu
não sabia. Tinha medo de ir demasiado longe. Desgraçado, desgraçado
engano!
Eu sabia que ela devia querer que eu me fosse. Fui eu quem a obrigou
a guardar segredo; eu quem disse que ela não devia contar a ninguém. E
este foi o resultado. Uma irmã arruinada, uma família tumultuada... Ela não
iria olhar para mim. Eu não estava surpreso. Eu dirigi algumas palavras
incoerentes, desculpando minha estadia e alegando que esta foi devido à
preocupação.
– Esta infeliz questão irá, eu temo, privar minha irmã do prazer de vê-
la em Pemberley hoje?
Tão logo eu falei, percebi quão ridículas as palavras eram.
Certamente isso iria impedir. Ela não pareceu prestar atenção, no entanto,
ela respondeu-me diretamente.
– Oh, sim. Tenha a bondade de se desculpar por nós com a Srta.
Darcy. Oculte a terrível verdade o máximo possível. Eu sei que não pode
ser por muito tempo.
– Você pode confiar na minha discrição. Desculpe-me por ter
chegado a isso, eu desejo a você uma feliz conclusão para estes eventos tão
logo seja possível.
Porque se um arranjo feliz é possível, eu vou efetuá-lo de qualquer
forma, eu acho.
Com isso, eu a deixei com sua solidão e retornei a Pemberley.
– Você saiu de casa cedo, – disse Caroline assim que entrei no salão.
– Você estava visitando a Srta. Eliza Bennet, possivelmente?
Eu vi o ciúme em seus olhos, e o ouvi em sua voz. Eu não havia
percebido até aquele momento o quão profundamente ela me queria. Ou
talvez seja mais justo dizer, o quanto ela queria Pemberley. Sem isso, ela
teria me considerado como nada. Minha caligrafia poderia ser a melhor do
mundo que ela não teria pensado em nenhum comentário para encaixar
nisso.
– Sim, eu estava, – eu devolvi.
– E como ela está essa manhã?
– Ela está muito bem.
– E nós vamos vê-la mais tarde, eu suponho? Como essas pessoas do
campo são aborrecidas com suas visitas.
– Não, ela não virá.
– Não más notícias de casa, eu espero? – Perguntou Caroline. –
Lydia Bennet não teria fugido com um dos oficiais?
Eu comecei, mas então me controlei. Ela não poderia ter ouvido
sobre isso. Elizabeth não contou a ninguém além de mim. As palavras de
Caroline eram resultado de despeito, e seu acerto não foi mais que sorte.
– Ou então sua talentosa irmã, Mary, não foi? Visitou Lydia em
Brighton e atraiu a atenção do Príncipe de Gales? Talvez ele tenha
convidado toda a família para estar com ele, e então eles poderão partilhar
de seu triunfo enquanto ela o diverte no Pavilhão da Marinha. – Ela disse
em uma voz divertida.
– Seu tio teve que levá-la para casa. Ele foi obrigado a encurtar suas
férias, pois um assunto urgente de negócios o chamou de volta a Londres.
– Esses homens da cidade e seus assuntos urgentes, – disse Caroline,
convenientemente esquecendo, como é seu costume, que a fortuna de seu
pai proveio do comércio.
– Este é o resultado de ter um tio em Cheapside, – disse Louisa. –
Compadeço-me da Srta. Eliza Bennet. Deve ser mortificante ter as férias
abreviadas por causa de negócios.
– Isso me lembra que eu também tenho negócios a atender, que eu
tenho negligenciado por tempo demais, – eu disse abruptamente. – Vocês
irão me dar licença por alguns dias, eu estou certo.
– Você está indo para Londres? – Perguntou Bingley.
– Sim.
– Que boa idéia. Eu iria amar alguns dias em Londres, – disse
Caroline.
– Com todo esse calor? – Perguntou Louisa.
– O calor não é nada, – ela disse.
– Seus negócios não podem esperar? – Perguntou-me Bingley. – Eu
mesmo terei que ir a Londres no final do mês. Nós poderíamos ir juntos.
– Infelizmente isso é urgente. Fique e aproveite Pemberley. Há uma
profusão de coisas para você fazer aqui, e minha irmã irá se certificar de
que seja bem tratado. Eu não ficarei fora por muito tempo.
– Eu acho que vou tirar proveito da oportunidade de ir a Londres
com você e fazer algumas compras, – disse Caroline, levantando-se. – Eu
irei consultar minha costureira. Você não tem objeções a me levar com
você na carruagem, estou certa.
– Você não desejaria deixar Georgiana, – eu disse. – Eu sei o quanto
você aprecia sua companhia.
Caroline foi silenciada. Ela havia elogiado muito a Georgiana, ou
então ela apreciava dizê-lo, e ela não poderia me seguir sem revelar a
falsidade de sua amizade. Ela podia trair a Srta. Bennet, mas ela não
gostaria de trair Georgiana, especialmente desde que eu sei o plano
fermentado em sua cabeça, similar a um que uma vez eu cogitei, de
Georgiana tornando-se sua cunhada.
Eu senti um momento de remorso por abandonar minha irmã em
uma companhia de natureza tão prejudicial, mas refleti que ela teria sua
música e seus esboços para ocupá-la, teria Bingley para entretê-la, e
também a Srta. Annesley, então não seria tanta provação. Além disso, eu
não tenho escolha. Eu tenho que encontrar Wickham e reparar o dano que
ele causou.
Eu queria partir imediatamente, mas vários preparativos tinham que
ser feitos, e eu resolvi partir na primeira hora da manhã.
Sábado, 09 de agosto Eu cheguei a Londres hoje e sabia aonde começar minha busca: Srta.
Younge. Foi afortunado que eu a tivesse despedido sem dar-lhe a chance
de empacotar suas malas, porque isso significava que ela teve que deixar
um endereço para onde elas pudessem ser enviadas. Eu encontrei isso
rápido o suficiente, uma ampla casa na Rua Edward.
– Sr. Darcy! – Ela disse perplexa ao abrir a porta. Então se tornou
desconfiada. – O que você está fazendo aqui? Se é para me acusar de haver
roubado os talheres de prata quando eu deixei Ramsgate, então é uma
mentira. Eu desconfio de Watkins –
– Minha visita não tem nada a ver com talheres, – eu disse, grato por
este ser um problema doméstico do qual eu fui poupado. – Eu posso
entrar?
– Não, você não pode. – Ela disse, erguendo-se e puxando o xale
sobre seus ombros. – É sorte eu ter um teto sobre minha cabeça após você
ter me expulsado tão cruelmente, sem nem mesmo uma referência. Eu não
tinha nenhum lugar para ir –
– Mas você parece ter feito bem por si mesma. – Eu observei. – Diga-
me, Srta. Younge, como você pôde conseguir uma casa como esta?
Ela umedeceu seus lábios. – Foi-me deixado um legado, – ela disse. –
E foi uma boa coisa, depois –
– Eu estou procurando por George Wickham, – eu disse, não
querendo perder mais tempo ouvindo suas mentiras e decidindo que seria
inútil tentar persuadi-la a deixar-me entrar.
Ela pareceu surpresa. – Sr. Wickham?
– Sim, George Wickham.
Ela pronunciou indistintamente. – Eu não o vi, – ela disse.
Era óbvio que ela estava mentindo, mas eu sabia que não poderia
obter nada mais no momento.
– Diga-lhe que eu o estou procurando. Eu a procurarei depois. Bom
dia!
Eu sabia que, eventualmente, a ganância faria com que ela me
buscasse. E com isso, eu voltei a Casa Darcy.
Segunda feira, 11 de agosto A Srta. Younge veio me ver esta manhã, como eu sabia que ela faria.
– Você disse que estava procurando pelo Sr. Wickham? – Ela
perguntou, quando meu mordomo a introduziu.
– Eu estou.
– Eu sei onde ele está. Aconteceu de eu encontrá-lo por acaso ontem
no parque. – Ela disse. – Eu mencionei que você estava na cidade, e ele
disse que estaria encantado em encontrá-lo.
Ele acha que pode tirar dinheiro de mim, sem dúvida.
– Muito bem. Qual é o seu endereço?
– Bem, agora, me deixe pensar. Era um nome engraçado. – Ela disse,
estendendo sua mão.
Eu pus um soberano (moeda) nela.
– Se eu apenas me lembrasse.
Eu dei a ela cinco soberanos, mas ao menos eu descobri o que eu
queria.
Eu fui imediatamente ao endereço que ela me deu, e encontrei
Wickham a minha espera.
– Meu querido Darcy, – ele disse ao ver-me entrar. – Que bom que
você encontrou tempo para me visitar.
Eu olhei suas habitações. Elas eram pequenas e precárias, e me
mostraram que sua situação devia ser desesperadora. Eu estava satisfeito,
eu sabia que isso poderia fazê-lo mais complacente.
– Sente-se, – ele disse.
– Eu prefiro ficar de pé.
– Como você desejar.
Ele se sentou comodamente na cadeira, descansando suas pernas
sobre o braço (da cadeira).
– O que o traz aqui? – Ele perguntou me dirigindo um sorriso.
– Você sabe o que me traz.
– Eu confesso que estou perdido. Você decidiu dar-me um benefício,
talvez, e veio para contar as boas novas?
Sua insolência me irritou, mas eu mantive meu temperamento.
– Eu vim para te dizer o que sua própria consciência deveria ter dito,
que você nunca deveria ter raptado a Srta. Bennet.
– Srta. Bennet? – Ele perguntou, fingindo espanto. – Mas eu não vi a
Srta. Bennet. Eu estive em Brighton, e ela se manteve em Longbourn.
– Srta. Lydia Bennet.
– Ah, Lydia. Eu não raptei Lydia. Ela veio comigo por sua livre
vontade. Eu deixei Brighton conforme meus credores estavam se tornando
muito insistentes, e Lydia sugeriu vir comigo. Eu tentei dissuadi-la. Para
ser verdadeiro, Darcy, ela me aborrece. Ela é tão fácil de conquistar. Ela
convenceu-se que eu era o homem mais bonito do regimento, e a coisa
estava feita. Eu disse a ela que eu não tinha dinheiro, mas ela não se
importou. “Eu tenho certeza que você terá um dia,” ela disse. “Senhor, que
graça!” Eu fiquei tão cansado de suas súplicas que foi mais fácil trazê-la
comigo do que fazê-la ficar. Além disso, ela tem seus usos, – ele disse
imprudentemente.
Naquele momento a porta se abriu, e Lydia em pessoa entrou.
– Senhor! Que surpresa! Sr. Darcy. – Ela disse, dirigindo-se para
Wickham. Ela ficou ao lado de sua cadeira e descansou uma mão em seu
ombro.
– Sr. Darcy veio me repreender por havê-la raptado, – disse
Wickham, cobrindo a mão dela com a dele.
Ela riu para mim.
– Meu querido Wickham não me raptou. Por que ele deveria? Eu
estava impaciente por ver Londres. Eu disse que ele devia trazer-me com
ele. Que divertido tem sido!
– Você não pensou em sua família? – Eu perguntei a ela friamente. –
Eles estão preocupados com você desde que deixou os cuidados do
Coronel Foster. Eles não fazem idéia de onde você está.
– Senhor, eu me esqueci de escrever, – disse Lydia. – Eu tenho estado
tão ocupada com meu querido Wickham. Nós tivemos cada momento!
Mas não se preocupe. Eu escreverei assim que nós nos casarmos. Que
divertido será, assinar meu nome, Lydia Wickham!
Ela apertou a mão dele e ele, o cachorro insolente, puxou-a para seu
colo e a beijou, então sorriu para mim enquanto a acariciava.
– Então você vê, Darcy, sua preocupação é mal colocada, – ele disse.
As palavras de Lydia me contaram uma coisa: que pelo menos ela
esperava casar-se. Eu senti que ela estaria menos ansiosa em permanecer
com ele se ela soubesse que Wickham não tem essa intenção. Eu não acho
que ele vá contar a ela, contudo – por que ele perderia uma companhia
ardente? – então eu senti a necessidade de fazê-lo eu mesmo.
– Eu gostaria de conversar com a Srta. Bennet a sós, – eu disse a
Wickham.
– Muito bem, – ele disse, tirando-a de seu colo. – Tente e fale com ela
para ir para casa com você, se puder. Ela é uma mulher sem reputação. Mas
eu não entendo porque o destino dela importa pra você, – ele adicionou
quando ela se levantou.
– Importa porque eu deveria ter feito sua reputação conhecida em
Meryton e não fiz. Teria sido impossível para você comportar-se de tal
forma se seu verdadeiro eu fosse conhecido.
– Talvez, – ele disse, – mas eu não acredito que esta seja a razão. Eu
duvido que você tivesse me seguido se eu houvesse fugido com Maria
Lucas.
Eu não recuei. Se eu o deixasse perceber que eu tinha uma razão
pessoal para buscá-lo, ele dificultaria a compra a qualquer preço.
– Fique, – disse Lydia, arrebatando sua mão enquanto ele andava
para a porta.
– Sr. Darcy quer falar com você a sós. Ele teme que eu esteja
mantendo você aqui contra vontade, e ele quer dar a você a oportunidade
de ir para casa com ele.
– Como se eu desejasse retornar à velha e abafadiça Longbourn, – ela
disse, entrelaçando os braços ao redor de seu pescoço e beijando-o nos
lábios.
Ele colocou seus braços em torno dela e retribuiu seu beijo, então me
olhou sarcasticamente antes de deixar a sala.
– Ele não é lindo? – Perguntou Lydia, assim que a porta se fechou
atrás dele. – Todas as garotas estavam loucas por ele em Meryton, e a Srta.
King teria se casado com ele se seu guardião não tivesse posto um fim
nisso. Foi o mesmo em Brighton. Qualquer número delas teria fugido com
ele. Srta. Winchester –
– Srta. Bennet, você não pode ficar aqui, – eu a interrompi.
– Isto é um pouco pobre, para ser clara, mas nós teremos algo melhor
por perto. Eu gostaria de sua ajuda solícita, Sr. Darcy.
– Sim? – Eu perguntei, esperando que ela tivesse entendido, pelo
menos.
– O que você acha? Eu não posso decidir. Meu querido Wickham
parecerá melhor em seu casaco azul ou em seu vermelho?
– Srta. Bennet, – eu vociferei. – Você não pode ficar aqui com
Wickham. Ele não tem intenção de se casar com você. Eu sei que ele disse
que tem, mas foi uma mentira, para fazê-la fugir com ele.
– Ele não me fez fugir com ele, eu o fiz fugir comigo. Brighton estava
chatíssimo, – ela disse com um bocejo. – Coronel Foster era tão sufocante.
Ele não me deixou ir à metade das coisas que eu queria, e eu tive que me
esgueirar pelo acampamento em duas ocasiões para comparecer às festas
de Wickham. Denny me ajudou. Eu me vesti como um homem. Você
deveria ter me visto. Minha própria mãe não teria me reconhecido.
– Sua reputação estará arruinada! Ele irá abandoná-la assim que se
cansar de você, e você será deixada em Londres sem protetor, sem
dinheiro e nenhum lugar pra ir. Volte comigo agora, e eu farei o que puder
para persuadir sua família a recebê-la.
– Senhor! Eu não quero voltar para casa! Eu morreria de
aborrecimento. Eu estou certa de que nós iremos nos casar uma hora ou
outra, e se não, isso não significa muito, – ela disse.
Ela estava impassível Ela não o deixaria. Uma vez que tais são seus
sentimentos, eu não poderia fazer nada a não ser tentar e ter certeza de que
o casamento se realizaria.
Wickham voltou para a sala, carregando uma garrafa em uma mão e
um copo na outra. Ele colocou seu braço ao redor de Lydia e ela se voltou
para beijá-lo imediatamente.
– Bem, Darcy? Você a persuadiu a deixar-me? – Ele perguntou,
depois do feito.
– Ela perdeu todo o senso, – eu disse furiosamente, – mas desde que
ela não vai deixá-lo, você deve casar-se com ela.
– Convenhamos, Darcy. Você sabe que eu não posso fazer isso. Meus
bolsos estão vazios. Eu tenho dívidas por todo o país. Há notas não pagas
em Meryton, e piores em Brighton. Eu preciso muito de uma herdeira.
– Você escutou isso? – Eu pedi a Srta. Bennet.
Ela apenas encolheu os ombros.
– Isso não significa nada. Uma herdeira poderia trazer-nos algum
dinheiro, então nós poderíamos ter uma casa melhor, – ela disse.
Foi apenas por Elizabeth que eu fiquei. Minha inclinação foi ir
embora e deixar sua irmã para a vida que ela fez para si mesma. Mas pensar
na face pálida de Elizabeth me conteve.
– Encontre-me no meu clube amanhã, – eu disse para Wickham.
– Meu querido Darcy, você sabe que eu não sou bem vindo lá.
– Eu garantirei que você seja admitido.
Ele pareceu surpreso, mas disse: – Muito bem.
Quando eu deixei a casa, a lembrança de seu insolente sorriso veio
comigo.
Quinta feira, 14 de agosto Eu encontrei Wickham no meu clube e as negociações começaram.
– Você deve casar-se com ela, – eu disse a ele bruscamente.
– Se eu fizer isso, eu desistirei para sempre de qualquer chance de
fazer fortuna através do casamento.
– Você a arruinou, – eu disse. – Isso não significa nada pra você?
Ele cruzou os tornozelos e se reclinou na cadeira. – Ela arruinou a si
mesma, – ele disse.
Um garçom passou e ele pediu um whisky. Eu não reagi, sabendo que
ele fez aquilo para me aborrecer.
– Quanto você deve? – Eu perguntei indo direto ao coração da
questão.
– Várias centenas de libras.
– Se isso é verdade ou não, eu não quero saber. Se você der suas notas
ao meu agente, ele irá pagá-las para você. Em troca, você irá se casar com
Lydia.
– Convenhamos, se você está tão ansioso por vê-la casada, ela deve
valer muito mais que isso. É a Srta. Bennet que capturou sua afeição, ou é a
adorável Elizabeth?
– Eu estou fazendo isso para minha própria consciência, – eu disse.
Ele riu na minha cara.
– Nenhum homem vai tão longe para aplacar sua própria
consciência. Deixe-me adivinhar. É a linda Jane Bennet. Doce, linda Jane.
Ela será um acréscimo esplêndido para Pemberley. Eu o parabenizo,
Darcy.
– Eu não tenho nenhuma intenção de me casar com a Srta. Bennet.
– Então, é Elizabeth.
Eu não disse nada, mas ele deve ter adivinhado por minha expressão.
– Ah! Então é isso! Sua animação o cativou. Eu não teria imaginado.
Você é tão pomposo, Darcy, mas dizem que os opostos se atraem.
Ele tinha uma mão favorável, e ele estava apreciando usar isto.
– Tenha cuidado, – eu o precavi. – Eu farei muito para salvar Lydia
Bennet da desgraça, mas se você for muito longe, ao invés de ter seus
débitos pagos e algo mais além, você se encontrará sendo perseguido por
cada credor de Brighton, e talvez, o exército, pois eu darei a eles seu
endereço.
– Eu posso ir para Bath, ou Lyme, ou o Distrito dos Lagos, – ele disse.
– Eu não tenho que viver aqui. – Mas eu poderia dizer que ele não teria
disposição para uma viagem mais distante.
– Faça isso, – eu disse, blefando. Levantei-me e fui em direção a
porta.
– Espere, – ele disse.
Eu parei.
– Eu me casarei com ela –
– Bom, – eu disse, sentando-me novamente.
– ...por trinta mil libras.
– O que? – Eu engasguei.
– Essa é a soma que eu teria recebido de Georgiana.
Eu controlei meu temperamento com dificuldade. – Eu não lhe darei
nada do tipo.
– Muito bem, então, vinte mil.
Eu me levantei e deixei o clube.
Ele virá a mim cedo o suficiente. Ele não tem nenhum outro lugar
para ir.
Eu não desfruto vendo-o, mas o conhecimento de que isso amenizará
o medo de Elizabeth me recompensa por qualquer tempo ou problema
que eu venha a enfrentar, e eu espero que, depois de muito tempo, eu
possa vê-la feliz novamente.
Sexta feira, 15 de agosto
Wickham me procurou esta tarde, como eu sabia que ele faria. Sua
situação é desesperadora, e ele não pode se dar ao luxo de recusar ajuda.
Apenas o pensamento da felicidade de Elizabeth me sustentou durante tal
provação, a qual foi tão desagradável quanto nosso encontro anterior. Se
não fosse por ela, eu teria abandonado o assunto. Nós determinamos pelo
menos cem libras para pagar suas dívidas e mais mil.
– E uma comissão, – ele disse.
– Eu não acredito que você seja bem vindo no exército.
– Você tem alguma influência lá. Vamos, Darcy, eu devo ter algo para
viver. Como mais poderei sustentar uma esposa?
Pelo menos, eu concordei, com a condição de ele se juntar a um
regimento no norte distante. Eu não quero vê-lo quando Elizabeth e eu
estivermos casados. Se Elizabeth e eu nos casarmos. Eu cometi, uma vez
antes, o erro de pensar que ela estava me esperando para propor a ela, mas
eu estava errado. Eu não cometerei o mesmo erro novamente.
Tendo acertado tudo com Wickham, eu decidi chamar o Sr. Gardiner
para deixá-lo a par do que foi decidido. Eu logo encontrei sua casa, mas
quando eu perguntei por ele, eu soube pelos criados que o Sr. Bennet
estava com ele. Eu hesitei. Num primeiro impulso de descobrimento, eu
temi que o Sr. Bennet pudesse fazer algo imprudente. Numa investigação
adicional eu descobri que o Sr. Bennet estaria retornando para casa
amanhã. Assim, eu julguei mais sábio aguardar, achando que seria mais
fácil falar com o Sr. Gardiner que com o Sr. Bennet. Sr. Gardiner está
necessariamente menos envolvido, e assim ele está apto a ser mais racional.
Sábado, 16 de agosto Eu procurei o Sr. Gardiner e dessa vez o encontrei sozinho. Ele estava
surpreso em ver-me, mas me recebeu cordialmente. –Sr. Darcy, eu não
sabia que você pretendia visitar a cidade tão cedo. Como está sua irmã?
Bem, eu espero?
– Muito bem.
– Nós ficamos encantados de conhecê-la em Derbyshire. Ela é uma
linda garota.
– Obrigada. Você é muito amável. Entretanto eu não vim para falar
sobre minha irmã, mas sobre sua sobrinha.
Eu o vi mudar de cor.
– Você quer se sentar?
– Obrigado. Eu a procurei logo após a entrega da carta de sua irmã, –
eu disse, – e descobri a infeliz verdade. Eu me sinto responsável pela
situação, por eu saber da índole de Wickham e ainda assim ter mantido
silêncio. Ele fez algo similar antes, mas eu não mencionei isso porque quis
proteger a reputação da jovem dama. Se eu tivesse tornado sua perfídia
conhecida, então nenhuma mulher estaria disposta a amá-lo e a Srta. Lydia
Bennet teria sido salva.
Ele disse alto: – Isso não é sua culpa.
– Todavia, determinei-me a segui-lo. Eu sei seus conhecidos e sabia
como encontrá-lo onde quer que ele estivesse. Eu o vi, e o convenci de que
o casamento deve realizar-se.
Ele parecia mais e mais surpreso conforme eu desdobrava os
detalhes. Ele recusou-se a me deixar arcar com os encargos financeiros,
mas enquanto eu argumentava em resposta e seguia, uma expressão
pensativa começou a se formar em seu rosto. Ele suspeita da natureza de
meus sentimentos por Elizabeth, eu tenho certeza disso, mas não disse
nada. Como ele poderia? Disse-me que havíamos conversado o suficiente
e convidou-me a encontrá-lo novamente amanhã. Acredito que ele deseja
consultar sua esposa sobre o quão longe dever-me-ia ser permitido ajudar.
Eu o deixei e me afastei para meu clube. Tudo será brevemente
acertado, estou confiante nisso. Tão logo Elizabeth ouça sobre isso ela terá
aliviadas suas preocupações, e este pensamento me sustenta. Ela será capaz
de rir novamente, burlar de mim, e irá esquecer tudo sobre sua irmã.
Domingo, 17 de agosto Eu encontrei o Sr. Gardiner novamente, e desta vez a Sra. Gardiner
estava com ele. Eles me receberam calorosamente, e após trocar
amabilidades, eu disse novamente que eu esperava saldar os débitos de
Wickham. Eles concordaram com isso, mas não me permitiram resolver
nada mais. Não obstante, há ainda alguns arranjos a serem feitos, e eu
tenciono trabalhar novamente com o Sr. Gardiner amanhã, até que ele
aceite que eu acerte tudo integralmente.
Segunda feira, 18 de agosto Tudo foi finalmente decidido. Eu, pelo menos, consegui fazer tudo
ao meu modo. O Sr. Gardiner tem uma correspondência expressa
destinada a Longbourn, e isso me deu a grande satisfação de saber que
Elizabeth logo terá sua aflição aliviada. O Sr. e Sra. Gardiner ofereceram a
Lydia sua proteção até a oficialização do casamento. Eu não os invejo. Ela
não mostrou remorso pelo que fez, e parece pensar que tudo é uma grande
piada. Ela é uma das garotas mais desprezíveis que conheço.
Terça feira, 19 de agosto Eu voltei a Pemberley, e estava satisfeito de descobrir que meus
convidados não viram nada de estranho em minha ausência. Se eles
soubessem que eu estava negociando um casamento, em vez de atendendo
a negócios, quão atônitos eles ficariam!
Sábado, 30 de agosto Eu viajei para Londres, e amanhã eu terei a desagradável tarefa de
garantir que Wickham compareça a seu próprio casamento.
Setembro
Segunda-feira, 1 de setembro Hoje Lydia estava casada, e sua reputação, salva.
A manhã começou mal. Eu chamei Wickham em seus alojamentos às
dez e meia, como combinado e o encontrei vestido pela metade.
– O que é isso? – Eu perguntei. – Você tem que estar na igreja em
meia hora.
Ele tinha se servido de uma bebida e a colocou para fora.
– Só vai custar-nos dez minutos para chegar à igreja. A tempo de
sobra.
– Se você está além da hora, você não será capaz de se casar hoje. –
Eu disse.
– Você sabe, Darcy se você tivesse me dado a vida que eu queria
quando pedi, todo esse sofrimento poderia ter sido evitado.
Não repliquei.
– Poderia me convir melhor casar outras pessoas que me casar. Estou
começando a pensar que eu não quero ser casado. – Disse ele.
– Então você deve enfrentar os cobradores.
– Ah. Eu gostaria que houvesse menos.
– Ele colocou o copo para baixo e pegou seu casaco. Encolheu os
ombros e ajeitou a gravata, então saímos para esperar o transporte.
– Isso é como a nossa infância. – Disse-me quando subimos. – Nós
dois juntos. Eu sempre achei que você estaria comigo em meu casamento.
Ultimamente eu comecei a duvidar, mas aqui está você, amigos
novamente.
– Você não é meu amigo. – Eu disse.
Ele sorriu sarcasticamente. – A menos que eu esteja errado, em breve
estaremos mais perto do que amigos. Seremos irmãos. – Ele pendeu para
trás ébrio. – Quão felizes nossos pais teriam ficado ao saber que vamos ser
tão próximos uns dos outros. Nós éramos quase irmãos no ano passado... –
Ele fez uma pausa, e eu usei de todo meu autocontrole para não responder.
– Mas, infelizmente, o destino tinha outras ideias. Ou, pelo menos, você
tinha. Como está Georgiana?
– Melhor agora que está longe de você.
– É uma pena. Eu não achei que ela iria me esquecer tão cedo. Eu
prefiro pensar que ela estava apaixonada por mim. Estou ansioso para vê-la
novamente, quando Lydia e eu visitarmos Pemberley.
– Isso é algo que você nunca vai fazer. – Eu disse com firmeza.
A viagem a São Clemente foi curta. A igreja havia sido escolhida
porque estava na mesma paróquia de Wickham e o reitor estava disposto a
realizar a cerimônia. Ele não sabia nada da circunstância que tinha levado
ao casamento, só sabia que o jovem casal pretendia se casar. Ele nos
cumprimentou com sorrisos quando entramos na igreja e nós esperamos
Lydia chegar.
– Talvez ela mudou de idéia. – Disse Wickham. – Você não poderia
usar isso contra mim. Você ainda teria que pagar minhas dívidas.
– Ela virá. Sua tia e tio irão ver isso.
Naquele momento, Lydia entrou na igreja. Ela olhou para o altar,
então irrompeu em alegria quando viu que Wickham já havia chegado.
Sua tia e o seu tio mal lembraram onde ela estava, e caminharam com ela
até a frente da igreja.
– Eu vou ficar feliz quando tudo isso acabar. – Disse-me o Sr.
Gardiner em um tom baixo.
– Eu concordo. – Disse a mulher. – Eu tentei fazê-la entender a
preocupação que causou aos parentes, a desgraça que trouxe a sua família e
gratidão que deve ter para aqueles que lembram sua ruína, mas não a
julgam. Ela não prestou atenção em mim e falava constantemente de
Wickham, cada um agora e depois de uma denúncia, de que nunca
colocamos os pés fora de casa.
A cerimônia começou, e o casamento que tinha levado tanto tempo
para acontecer foi rapidamente realizado.
– Espero que agradeça ao Sr. Darcy por tudo que ele fez. – Disse a
Sra. Gardiner quando tudo acabou.
– Senhora Wickham. Quão bem soa! – Disse Lydia, ignorando a tia e
olhando a aliança em seu dedo.
Um número de curiosos tinha entrado na igreja, e Lydia mostrou a
todos a aliança, dizendo que eles deveriam felicitá-la e serem os primeiros a
chamá-la pelo novo nome.
– Como minhas irmãs ficarão invejosas. – Disse ela, quando saímos
da igreja. – Elas não são casadas, embora todas fossem mais velhas do que
eu. Eu teria vergonha de ter mais de vinte e não ser casada. Jane está se
tornando rapidamente solteirona. Ela vai ter que ceder seu lugar para mim
na mesa, pois eu sou uma mulher casada agora. Que divertido vai ser!
“Jane”, eu direi, “Eu tomo o seu lugar agora, e você deve ir mais longe,
porque eu sou uma mulher casada”.
Sr. e Sra. Gardiner trocaram olhares.
– Elas terão inveja de mim e de meu marido bonito. Eu estava tão
preocupada esta manhã, quando estávamos indo para a igreja. Eu tinha
pavor dele vestir preto, mas a minha felicidade foi completa quando eu vi
que ele tinha escolhido o seu terno azul.
Senti uma onda de satisfação quando percebi que Lydia será tão tola
quanto sua mãe, e fiquei feliz ao saber que Wickham vai, afinal, ser punido
pelo resto de sua vida.
Terça-feira, 2 de setembro Jantei com os Gardiners esta noite. Nós todos ficamos aliviados que
tudo tinha corrido bem. As últimas semanas estiveram carregadas de
tensão, mas tudo acabou bem.
Eles são um casal agradável. Sr. Gardiner é inteligente, e a Sra.
Gardiner tem uma grande dose de bom senso. Eles são cultos e bem-
educados, e passei uma noite muito agradável em suas companhias – tão
agradável que eu esqueci que estava em Gracechurch Street. Eu passei
noites piores em endereços melhores.
E pensar que uma vez neguei-lhes, mesmo sem conhecê-los, e rejeitei
Elizabeth porque suas relações não tinham minha noção do que poderia
ser! Se eu tivesse virado um olho tão crítico sobre meus parentes eu
poderia ter percebido que ela não estava sozinha em ter ligações
indesejáveis. Lady Catherine, em toda sua elegância, desgraçou-se por
sugerir que Elizabeth - sua hóspede! - praticasse o piano no quarto da
governanta, algo que estou convencida que a Sra. Gardiner nunca faria. E
as relações de Bingley não são melhores. Caroline Bingley pode ser uma
mulher de reprodução e de moda, mas ela também é uma mulher que é
consumida por ciúme e despeito.
Quarta-feira, 3 de setembro Voltei para Pemberley ao descobrir que Caroline e Louisa estavam
cheias de planos para visitar Scarborough.
– Você pode vir com a gente, Sr. Darcy. – disse Caroline. –
Scarborough é tão refrescante nesta época do ano.
– Eu tenho muita coisa para fazer na minha propriedade. – Eu disse.
– Mas seria tão bom para Georgiana. Eu acredito que ela não vê o
mar desde o verão passado, quando ela esteve em Ramsgate. Ela deve estar
ansiosa por isso. – Ela se virou para Georgiana. – Você não gostaria de ver
o mar novamente?
Georgiana corou, e disse que não tinha vontade de fazê-lo. Caroline
se virou para mim.
– Você voltaria a Pemberley revigorado, e administraria duas vezes
mais trabalho do que se nunca tivesse ido. – Ela disse.
– Minhas intenções são fixas. Mas você deve ir. – Eu disse a boca para
mudar a opinião. – O ar do mar vai te fazer bem.
– O ar do mar. – Disse o senhor Hurst, então recuado em seu
estupor.
Quinta-feira, 4 de setembro
Caroline, Louisa e o Sr. Hurst partiram para Scarborough. Eles
tentaram convencer Bingley a ir com eles, mas ele disse que não tinha
vontade de ir e que permaneceria em Pemberley. Caroline incentivou a
idéia. Ela ainda acredita que ele se casará com Georgiana e que ele quer vê-
la com mais frequência, embora seja óbvio para um olho imparcial que ele
não quer isso.
Segunda-feira, 8 de setembro – Eu acho que vou para Netherfield novamente. – Disse Bingley
tranquilamente quando montamos esta manhã.
– É uma boa idéia. Se você quer manter a casa, você deve usá-la de
vez em quando.
– Isso é exatamente o que eu penso. Você vem comigo? Gostaria de
retribuir a sua hospitalidade.
Eu me animei. Se eu fosse a Netherfield, então teria uma
oportunidade de ver Elizabeth novamente.
– Quando você pretende ir? – Eu perguntei.
– Em uma semana. Eu pensei em enviar os empregados amanhã, para
aprontar a casa.
– Sim, eu irei.
Ele pareceu satisfeito.
– Faz quase um ano do dia que eu peguei. Eu pensei...
Sua voz se fez distante, e não era difícil adivinhar que direção seus
pensamentos tomaram. Eu não disse mais nada, mas o deixei se perder em
devaneios. Talvez eles se tornaria realidade antes de muito tempo. E meus
sonhos... O que será deles?
Quarta-feira, 17 de setembro Chegamos a Netherfield esta tarde. Bingley declarou sua intenção de
montar em Meryton logo que chegamos, e foi somente o início da chuva
que o fez desistir.
Quinta-feira, 18 de setembro Sir William Lucas ligou esta manhã, para nos receber de volta para o
bairro.
– Sr. Bingley, – Disse ele com uma reverência – traz muita honra em
voltar para o nosso humilde bairro. Nós pensamos que não tínhamos
diversões o suficiente para trazê-lo e aqui está você, vindo de seus triunfos
na cidade, para homenagear o nosso humilde vilarejo com sua presença.
Sr. Darcy – Disse ele, com uma reverência para mim. – Parece que faz um
momento que estávamos todos a tomar chá com Lady Catherine no
delicioso jantar no Salão de Rosings Park. Você se divertiu em sua estadia,
eu aposto?
Divertir? Essa não seria a maneira que eu teria descrito os meus
sentimentos durante as poucas semanas de turbulência, mas ele entendeu
meu silêncio como uma confirmação.
– Já visitou sua estimada tia, desde aquela época? – Perguntou ele.
– Não. – Eu disse brevemente.
– Eu espero visitar minha filha novamente antes de muito tempo –
Disse ele.
Ele embarcou em um discurso desconexo, exaltando as virtudes da
posição de sua filha. Quanto tempo ele teria levado se Sr. Long não tivesse
chamado eu não sei!
Quando os nossos convidados foram, Bingley disse:
– Foi depois de Sir William ligar no ano passado que o Sr. Bennet
nos chamou. Você acha que ele vai fazer isso de novo?
Pensei nos hábitos indolentes do Sr. Bennet e hesitei.
– Talvez eu poderia chamar aos Bennets mesmo sem essa civilidade.
– Sugeriu Bingley.
– Espere e veja se ele liga amanhã. – Foi o meu conselho.
Sábado, 20 de setembro O Senhor Bennet não ligou ontem e, nessa manhã, Bingley teve a
ideia de visitar Longbourn.
– Venha comigo, Darcy. – Ele disse.
Repetindo para mim que iria com ele para ver se a senhora Bennet
guardava qualquer respeito por ele, eu aceitei, mas minha real razão era ver
Elizabeth. Eu estava tão ansioso para vê-la assim como Bingley para ver sua
irmã, e eu estava tão apreensivo com isso.
Partimos. Bingley ficou em silêncio, e eu também estava perdido em
pensamentos, imaginando como eu seria recebido. Se Elizabeth guardasse
ressentimentos por causar a ruína de Lydia eu não poderia culpá-la,
sobretudo porque ela não sabia que eu havia ajudado a definir as questões
de direitos.
Eu tinha cuidado particularmente para que não soubesse. Eu não
queria sua gratidão. Se ela tivesse desenvolvido todos os sentimentos por
mim, eu queria saber que nasceu do amor, e de nada mais.
Chegamos. O criado mostrou-nos a entrada. Eu imediatamente vi
Elizabeth mudar o seu olhar, embaraçada, e se entreter com seu bordado.
O que isso significa? Eu desejei saber. Será que sentia a estranheza da
situação ou apenas não suportava olhar-me?
– Por que, Sr. Bingley! – Gritou a Sra. Bennet, aproximando-se com
um sorriso. – Como é maravilhoso vê-lo em Longbourn novamente.
Perdemos contato. Você foi com tal pressa no ano passado que não teve
tempo de dizer adeus! Eu espero que você não esteja pensando em deixar-
nos rapidamente?
– Não, eu espero que não. – Disse Bingley, olhando para a senhorita
Bennet.
Eu observei o sorriso dela, e desviou o olhar. Ela, pelo menos, eu
poderia entender, e ficou claro que as esperanças de Bingley não seriam
desapontadas.
– E Sr. Darcy. – Disse a Sra. Bennet, em uma voz mal-humorada,
olhando-me.
Eu não liguei para seu humor, e eu achei difícil acreditar que apenas
alguns meses atrás eu pensei que era uma razão para não propor a
Elizabeth. Que importava se sua mãe era boba e vulgar? Eu não casaria
com a Sra. Bennet.
Eu não poderia sentar ao lado de Elizabeth, por ser mais nova, mas eu
perguntei a ela como estavam seus tios. Ela respondeu educadamente, mas
depois voltou sua atenção para o bordado.
Exteriormente, estava calmo. Mas em meu interior estava de outra
forma, mas eu não podia fazer nada. Eu não estava perto o suficiente de
Elizabeth para continuar a conversa particular, e que eu poderia dizer a ela,
sob o olhar de sua mãe, o que eu queria dizer?
Para distrair meus pensamentos, olhei para a Srta. Bennet e perguntei
como eu não poderia ter visto sua parcialidade para Bingley ano passado.
Seus sentimentos por ele estavam em cada gesto, cada olhar e cada sorriso.
Eu tinha me cegado, querendo casar Bingley com Georgiana? Eu me
perguntava. Eu não tinha pensado assim na época, mas agora eu percebi
que deveria.
Olhei de novo Elizabeth, desejando que pudesse ler sua mente.
Depois de um tempo, ela disse: – Senhor Darcy está bem, espero?
– Sim, obrigado. – Eu disse contente em ouvir o som de sua voz.
Não houve oportunidade para mais nada. Sua mãe começou a falar
do casamento de Lydia. Elizabeth não levantou o olhar. Ela sabia que eu
estava envolvido? Mas não, eu tenho certeza que não. Eu tinha jurado a
Gardiners seu segredo, e eu sabia que ele não me trairia. Sua confusão veio
do assunto, sabendo que concluiu sobre as minhas relações com Wickham.
– É uma coisa maravilhosa, com certeza, ter uma filha bem casada. –
Disse a Sra. Bennet, um discurso que teria me revoltado há alguns meses
atrás, mas que agora deixou nenhuma impressão. Eu não me importava
com a Sra. Bennet. Deixei-a ser a mulher mais boba da cristandade, se ela
quer. Isso não vai impedir-me de casar com Elizabeth, se ela me quiser.
Sra. Bennet continuou a falar de Wickham, dizendo que ele tinha ido
para os regulares, e adicionando: “Graças a Deus!” Ele tem alguns amigos,
embora não tantos como ele merece.
O rosto de Elizabeth estava em uma cor vermelho ardente, e seus
olhos brilharam de mortificação, como eu queria ajudá-la! Mas como eu
pensei, a cor voltou ao normal.
Ela finalmente levantou a cabeça e falou:
– Quer dizer que permanecerá no país, Sr. Bingley? – Perguntou ela.
Eu queria ser Bingley, no momento, de modo que ela teria falado
para mim. Por que ela favorecia meu amigo? Por que não olhava a mim?
Não me desejava? Eu estava na miséria.
Enfim, a visita chegou ao fim. Eu teria ficado mais dias, se pudesse,
mas era impossível.
– Você voltará para jantar conosco na terça-feira, eu espero, Sr.
Bingley? – Disse a Sra. Bennet enquanto nós nos levantávamos para ir
embora. Ela virou os olhos frios para mim, acrescentando com hostilidade:
– E o Sr. Darcy.
O que eu fiz para que ela me tratasse assim? Olhei Elizabeth
novamente.
O próximo encontro irá dizer-me se poderá perdoar-me pelo que fiz,
eu aos graves erros de sua família e se ela pode me amar.
Eu viverei um tormento até saber.
Domingo, 21 de setembro – Eu pensei que a senhorita Bennet parecia bem na noite passada. –
Disse Bingley para mim esta manhã.
– Ela estava.
– Eu pensei que ela parecia muito bem. – Disse ele alguns minutos
mais tarde.
– Sim, ela estava.
– E no humor.Ela aprecia o verão, eu suponho. – Disse ele pensativo.
– É de se esperar isso. Você gostaria que ela estivesse infeliz?
– Não, claro que não. – Ele respondeu apressadamente.
– Eu pensei que ela não parecia tão florescente até entramos – Eu lhe
disse.
– Não? – Perguntou ele, esperançoso.
– Não. Mas ela pareceu florescer quando te viu.
Bingley sorriu. – A Sra. Bennet é uma mulher maravilhosa.
Verdadeiramente encantadora. E tão educada. Eu não esperava que ela me
pedisse para jantar tão cedo. É uma cortesia que não mereço.
Quem pode pensar que a Sra. Bennet é uma mulher maravilhosa a
não ser nas mãos de uma paixão. Ele é um apaixonado! Fico feliz por
Bingley, e eu só espero que a minha própria sorte possa ser tão boa.
Terça - feira, 23 de setembro Bingley estava pronto para sair para Longbourn meia hora antes.
– Nós não podemos ir tão cedo. – Eu disse, pensando que estava tão
ansioso para partir.
– Podemos atrasar-nos no caminho. – Disse ele.
– Não em uma viagem tão curta. – Eu respondi.
– Jennings não vai querer conduzir o cavalo muito rápido.
– Nós vamos chegar a Longbourn muito cedo, mesmo que
andássemos todo o caminho.
– Pode haver um congestionamento na estrada.
– Podemos conduzir à sua volta.
– Ou o carro pode perder uma roda.
– Nós não podemos ir por meia hora. – Eu disse, olhando para baixo,
para um livro.
Eu queria sentir-me tão satisfeito como parecia. Eu estava tão ansioso
para ir quanto Bingley, e eu ainda estava relutante em não ir ao mesmo
instante. Ele teve a felicidade de saber que seus sentimentos eram
correspondidos. Eu não tinha essa certeza. Ver Elizabeth de novo! Eu não
ousava pensar nisso. Se ela sorri, que alegria! Se ela evita meu olhar, que
miséria.
Bingley andou até a janela.
– Você pode fazer como eu faço escolher um livro. – Eu disse.
Ele andou até mim e tirou-o de minhas mãos, em seguida, inverteu
antes de devolvê-lo.
– Você fará melhor se for do jeito certo. – Disse ele.
Ele me olhou com curiosidade, mas eu não expliquei a causa da
minha distração. Em vez disso, eu mantive meus olhos sobre a página, mas
não vi nada. Saímos no momento indicado, e partimos para Longbourn.
Estávamos nós dois em silêncio. Chegamos. Entramos. Sra. Bennet
cumprimentou Bingley com um excesso de civilidade, e me deu calafrio.
Senhorita Bennet nos olhou quando entramos e Bingley, e tomou o lugar
ao seu lado. Bingley feliz! Eu não possuía tal sorte. Eu estava tão longe de
Elizabeth, quanto possível. Pior ainda, eu estava sentado ao lado de sua
mãe.
Sra. Bennet teve um grande número de problemas com o jantar, e
não foi difícil perceber o porquê. Seus olhares constantes para sua filha
mais velha e Bingley mostraram que direção seus pensamentos estavam
tomando. A sopa estava boa, e foi seguida por perdizes e veado.
– Espero que você tenha gostado das perdizes? – A senhora Bennet
me perguntou.
– Estão ótimas. – Eu respondi, fazendo um esforço para ser
agradável.
– E a caça? Você já viu um pernil tão gordo?
– Não.
– Você experimentará algum molho, espero? – Ela me pressionou.
Eu tinha pouco apetite, e eu não aceitei a oferta.
– Suponho que esteja acima de um molho simples. – Disse ela. –
Você deve usar uma variedade de molhos em Londres.
– Eu uso. – Eu respondi.
– Você jantou com o príncipe de Gales, suponho?
– Eu tive essa honra.
– Algumas pessoas pensam que esse tipo de gula é fabuloso, mas
confesso que sempre pensei que fosse vulgar. Nós não temos vinte molhos
para cada prato. Nós não desperdiçamos tanto no nosso país.
Ela voltou sua atenção para Bingley, e me esforcei para comer minha
refeição. Assisti Elizabeth, faminto por um olhar de uma forma que eu não
estava com fome para o alimento, mas ela não olhou para mim.
As senhoras se retiraram. Os senhores sentaram-se sobre o porto. Eu
não tive nenhum interesse na conversa. As iniqüidades do francês não me
interessam. As loucuras do príncipe de Gales não poderiam segurar a
minha atenção. Olhei para o relógio, um minuto depois nos cavalheiros.
Será que eles nunca param de falar?
Nós fomos reencontrar as senhoras e eu fui até Elizabeth, mas não
havia espaço perto dela. O jantar era grande, e como ela derramou o café
eu não podia chegar perto. Tentei, no entanto, mas uma jovem que vai ser
para sempre arruinada aos meus olhos aproximou-se dela e enredou-se na
conversa.
Elizabeth fez olhar aborrecido? Eu pensei que sim, e o pensamento
me deu esperança. Eu saí, mas logo que eu tinha terminado meu café, que
queimou minha boca, tão rapidamente que eu bebi, eu coloquei a xícara
sobre o pires.
– Sua irmã está em Pemberley? – Perguntou ela.
Ela parecia distante, fria.
– Sim, ela permanecerá lá até o Natal. – Eu disse.
Ela perguntou depois sobre os amigos de Georgiana, mas não disse
mais nada. Eu não sabia se devia falar ou me calar. Eu queria falar, mas eu
tinha tanta coisa para dizer que eu mal sabia por onde começar, e na
reflexão, percebi que nada disso poderia ser dito em uma sala lotada.
Meu silêncio chamou a atenção de uma das garotas, e eu era obrigado
a ir embora, me xingando por não ter feito mais da minha oportunidade.
As coisas do chá foram removidas e as cartas, colocadas nas mesas.
Esta era a minha oportunidade! Mas a Sra. Bennet exigia minha presença
na mesa de whist,e eu não podia recusar, sem ofender. Eu quase fiz. Eu
quase disse: “Eu prefiro muito falar com sua filha”. O que ela teria dito?
Será que ela me diria que tinha intenção de infligir em um homem tão
desagradável de Elizabeth, ou ela seria pega de surpresa, e felizmente cairia
em silêncio? Fiquei tentado, mas eu não poderia constranger Elizabeth.
Eu não pude manter minha cabeça no jogo. Perdi várias vezes. Eu
procurei uma oportunidade de falar com Elizabeth antes de sair, mas eu
não poderia encontrar uma, e eu voltei para Netherfield em clima sombrio.
Bingley, pelo contrário, estava transbordando de felicidade. Eu decidi
que, amanhã, devo dizer-lhe que a Senhorita Bennet estava na cidade, e
que guardei dele. Ele não ficará satisfeito, mas a decepção durará bastante.
Quarta-feira, 24 de setembro – A senhorita Bennet não é a garota mais bonita que você já viu? –
Bingley perguntou-me esta noite, quando jogávamos bilhar.
– Ela é.
– Eu acho que há. – Eu hesitei, mas eu tinha que falar. – Bingley, há
algo que eu tenho que te dizer.
– Oh?
Ele olhou para mim com toda a inocência, e me senti culpado por tê-
lo enganado.
– Eu fiz-lhe uma grande besteira. Na primavera passada, a senhorita
Bennet estava na cidade.
– Mas eu não a vi! – Disse ele, surpreso.
– Não. Eu sei. Eu deveria ter lhe dito, mas eu pensei que você
esquecesse. Não, deixe-me ser honesto, eu esperava que você a tivesse
esquecido, ou fosse esquecê-la, se você não a visse novamente.
– Darcy! – Ele estava ferido.
– Sinto muito. Eu não tinha o direito de intrometer-me em seus
assuntos. Foi impertinente de minha parte.
– Então, ela me seguiu para Londres? – Disse ele, esquecendo minha
decepção com a felicidade de pensar que ela tinha seguido-o.
– Ela foi para ficar com seus tios, mas ela tentou vê-lo. Ou seja, ela
escreveu para Caroline.
– Caroline! Ela sabia disso, também?
– Sim. Tenho vergonha de dizer que Caroline cortava a senhorita
Bennet, e que eu a encorajava.
– Darcy!
Ele ficou irritado.
– Eu me comportei muito mal, e eu peço o seu perdão.
– Se ela concordar em ser minha mulher, você terá. Mas talvez no
futuro você vai considerar que eu possa controlar meus próprios negócios.
– Eu vou, e sei que é melhor do que eu consigo controlar os meus.
Ele me olhou indagador.
Eu não disse mais nada. Eu não posso falar do meu amor por
Elizabeth, até eu saber que é recíproco. Supondo que eu saiba que é
recíproco.
Quinta-feira, 25 de setembro Fui obrigado a voltar para a cidade. Quanto tempo eu ficarei
dependerá das circunstâncias.
Terça-feira, 30 de setembro Eu recebi uma carta de Bingley, esta manhã, evidentemente escrita às
pressas. Foi tão mal escrita que é quase ilegível. Mas, a última vez que fiz
isso, consegui.
Meu querido Darcy,
Felicite-me! Jane e eu estamos para casar! Ela é o mais doce anjo, mais
adorável! Eu não posso acreditar que eu tenho a sorte de ganhá-la. Sua mãe
está em êxtase. Eu não tenho tempo para mais nada. Caroline acaba de me
enviar suas saudações. Ela já está planejando seu vestido como dama de honra,
e aguarda para vê-lo no casamento.
Charles Bingley
Ps.: esqueci de perguntar. Você ficará comigo?
C.B.
Eu escrevi de volta, enviando-lhe meus mais sinceros parabéns e
dizendo-lhe que claro que vou estar com ele. Eu estava tentado a voltar a
Netherfield e dar-lhe os meus melhores desejos pessoais, mas Georgiana
está doente e tenho a intenção de permanecer na cidade até que ela
melhore.
Quando me sentei com ela, eu não pude deixar de pensar em
Elizabeth. As duas seriam amigas se Elizabeth fosse minha esposa. É em
todos os sentidos, uma almejada conclusão de tudo o que aconteceu, e
ainda estou apreensivo. Eu não vi nenhum sinal nas palavras de Elizabeth
ou maneira de me fazer pensar que os meus sentimentos são
correspondidos. E ainda não vi nada que me faça pensar que ela está
irremediavelmente contra mim. Estou quase com medo de voltar para
Longbourn. Embora eu esteja com Georgiana ainda tenho esperança, mas
quando eu voltar para Longbourn podem ser frustradas para sempre.
Outubro
Quinta-feira, 02 de outubro Coronel Fitzwillian chamou para ver como Georgina estava indo. Ela
está bem recuperada, e eu serei capaz de retornar a Netherfield em poucos
dias.
– Você foi a Netherfield, eu acredito? – Ele disse.
Estávamos comendo na sala de jantar. Georgina, ainda apática de sua
doença, teve de jantar em seu quarto.
– Sim. – Eu contei a ele sobre noivado de Bingley.
– E você se importa?
– Não. Estou muito feliz por ele. Estou feliz por ambos.
– Miss Elizabeth Bennet falou com você sobre a sua carta? Ela
aceitará que você não arruine Wickhan? – Ele perguntou hesitante.
– Ela não disse nada, mas eu acho que ela aceitou isso.
– E tem amolecido os seus sentimentos por você?
Eu não sabia como responder.
– Esses assuntos são dolorosos, enquanto duram, mas não devemos
permitir que durem para sempre. – Disse ele. – É hora de você olhar para o
futuro novamente, Darcy. Você deveria se casar. Seria bom para Georgiana
ter uma mulher na casa. – Ele tomou fôlego, então disse: – Anne tem
esperado a sua proposta à vários anos.
– Anne? – Eu perguntei, surpreso.
– Vamos, Darcy, você sabe que Lady Catherine encarou o seu
casamento como uma coisa resolvida desde que você estava em seu berço.
Fiquei surpreso que você ofereceu sua mão a Elizabeth, mas como não era
da minha conta eu segurei minha paz. Agora que ela rejeitou você, no
entanto, eu penso que você deveria formalizar seu noivado com Anne.
– Eu não tenho nenhuma intenção de casar com Anne. – Eu disse.
– Mas Lady Catherine espera. Ela e sua mãe desposaram você e Anne
em seus berços.
– Ela não é séria em tudo isto? Eu a ouvi dizer isso muitas vezes, mas
eu levei-o por uma fantasia ociosa, tais como: quando você era um bebê,
minha irmã e eu decidimos que iria para o exército, ou quando você era
criança, eu decidi que você iria entrar na política. Eu lhe asseguro, ela quer
dizer isso.
– E Anne? – Eu perguntei.
– Sim, ela também espera. É por isso que ela nunca se casou.
– Eu pensava que era porque ela era tão jovem...
– Ela tem vinte e oito, como você. Esqueceu-se de que vocês estavam
em seus berços juntos quando eram crianças, e que todos os três
brincávamos juntos quando nós éramos crianças.
Eu tinha esquecido. Ela costumava fugir atrás de meu primo e eu.
Não, não fugia atrás de nós. Ela podia correr quase tão rápido quanto eu
poderia. Meu primo, tendo cinco anos a mais, poderia ultrapassar nós dois.
– Você se lembra de como ela nos vencia no topo da árvore de
carvalho? – Perguntou ele. – Ela não foi feita para escalá-lo. Ela rasgou seu
vestido, e foi confinada ao quarto de crianças a pão e leite por uma semana.
– Eu me lembro. Também me lembro de como você levou um
sanduíche de carne fria e uma fatia de torta, embrulhados em um lenço. Eu
pensei que você iria certamente cair à medida que subia através do telhado
da sua janela. Alguma vez você foi pego por roubar da cozinha?
– Não. Sra. Heaney culpava o cachorro.
– Pobre Caesar! Eu tinha esquecido sobre as façanhas de Anne. Ela
era muito mais animada quando criança, quando sua saúde era boa. –
Comentei.
– E quando ela tinha Sir Lewis para defendê-la. Ele descobriu sobre a
ordem de Lady Catherine de que ela se limitasse ao quarto de criança, e ele
foi lá ele mesmo dar a ela metade de uma soberania.
– Fez, verdade? – Eu disse com um sorriso. Eu podia imaginá-lo. Sir
Lewis sempre foi muito afeiçoado a Anne, e ela por sua vez tinha sido
apaixonada por seu pai. Tinha sido um golpe triste para ela quando ele
morreu.
– Muitas vezes me pergunto... – começou o meu primo.
– Sim?
– Você notou que a tosse é sempre pior quando a mãe está perto?
– Não.
– E não apenas a tosse, mas sua timidez. Ela é muito mais animada
quando ela está comigo.
– Ela nunca é espirituosa comigo. – Eu disse, surpreso.
– Mas então, ela teme a você.
– A mim?
– Você é uma figura, Darcy, especialmente quando você está fora das
sortes. Deixe o tempo ser ruim, e o tédio transforma você em um ogro.
Eu estava prestes a dizer que ele estava falando bobagens, quando me
lembrei Bingley dizendo algo semelhante.
– Lamento por isto. Mas Anne não precisa sofrer mais. Eu vou visitar
Rosings e dizer-lhes que um casamento entre nós está fora de questão.
– Não há necessidade. Lady Catherine está em Londres, e Anne está
com ela. Vi então as duas esta noite, antes de eu vir para cá. Lady Catherine
irá chamá-lo antes que ela retorne para Rosings.
Nós terminamos a nossa refeição, e depois de sentar-me durante uma
hora, o coronel Fitzwillian à esquerda. Ele ficará em Londres pelas
próximas duas semanas, e prometeu recorrer a Georgiana todos os dias
para ter certeza que ela está bem e feliz.
Sábado, 04 de outubro Lady Catherine veio esta manhã, trazendo Anne com ela. Eu estava
prestes a perguntar da sua saúde, quando minha tia começou sem
preâmbulo.
– Você deve colocar um fim a esse absurdo de uma vez, Darcy. –
Disse ela, logo que ela sentou-se. Eu não sabia do que ela estava falando,
mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ela continuou:
– Eu ouvi do Sr. Collins, que estava prestes a propor a Miss Elizabeth
Bennet. Sente-se Anne. – Anne sentou-se rapidamente.
– Sabendo-se que esse relato é uma mentira grotesca, eu visitei
Loungbourn para que Miss Elizabeth Bennet negasse. A audácia da
menina! A perversidade! Embora o que mais se pode esperar com a mãe e
um tio em Cheapside? Ela se recusou a desmentir o relato, pensei que eu
sabia que devia ser falso. Eu nunca conheci uma garota tão insolente em
minha vida. Ela discutiu comigo da forma mais vulgar. Quando eu disse
que ela devia contradizer o relato, ela só respondeu que tinha declarado ser
impossível, por isso não precisava de nenhuma contradição. Naturalmente,
é impossível. Você é um homem muito orgulhoso para ser desenhado
assim, qualquer que sejam as artes que ela utilizou. De se aliar com uma
família! R, através deles, de se aliar com George Wickham, filho do
mordomo de seu pai. Ele, chamar você de irmão! Nem em pensamento. E
para colocar um fim em seus esquemas, eu disse a ela que estava
comprometido para Anne, e você sabe o que ela disse para mim?
– Não. – Eu disse, não sabendo o que fazer da fala de Elizabeth, mas
esperando - pela primeira vez, tendo razões para a esperança - que ela não
estivesse bem definida contra mim.
– Que, se fosse assim, você não poderia fazer uma oferta para ela! Ela
está perdida para cada sentimento de decoro. Decoro, honra e humildade
todos proíbem tal coincidência! E ainda assim ela não quis me dizer que os
rumores eram falsos ela não pensou na desgraça que ela traria para um
nome de orgulho, ou a poluição que ela poderia causar aos tons de
Pemberly. Pemberly! Quando eu penso em uma garota ignorante em
Pemberly! Mas é claro que é impossível. Você e Anne são feitos um para o
outro. Vocês são descendentes de uma mesma linha nobre. Suas fortunas
são esplêndidas. E ainda começando por isto, sem família, sem conexões
ou fortuna, não me daria uma garantia de que ela nunca iria se casar com
você.
Minhas esperanças aumentaram. Ela não tinha decidido contra mim!
Se ela tivesse, ela teria dito a minha tia. Depois, ainda havia uma chance
para mim.
– Bem? – Lady Catherine exigiu.
– Mama... – Anne começou timidamente.
– Fique em silêncio, Anne. – Ordenou a minha tia. – Bem, Darcy? –
Ela exigiu.
– Bem? – Eu perguntei.
– Você vai me garantir que você nunca vai pedir esta mulher para ser
sua esposa?
– Não, tia, eu não vou.
Ela olhou para mim.
– Então vocês estão noivos?
– Não tia, não estamos.
– Ah. Eu achei que não. Você não poderia estar tão perdido com o
que é certo e bom, e todo o senso comum.
– Mas se ela me aceitar, eu quero fazê-la minha esposa.
Seu silêncio era terrível, e foi seguido por uma torrente de palavras.
– Você nem pense que você será bem-vindo na Rosings, se você casar
com essa arrivista. Você não vai trazer essa vergonha e degradação em
minha própria casa, mesmo se você está louco o suficiente para colocá-la
em seu próprio domínio. Sua santa mãe ficaria horrorizada se descobrisse
quem é a mulher para sucedê-la na Pemberly.
– Minha mãe ficaria feliz por eu ter escolhido muito bem.
– Você tem uma febre. É a única explicação. – Disse ela. – Se você se
casar com aquela garota que você vai ser cortado da família e dos amigos.
Eles não vão visitá-lo, nem convidamos você a visitá-los na volta. Você vai
ser banido, expulso. Vou dar-lhe uma semana para voltar a seus sentidos.
Se eu não ouvir de você na época, dizendo que você estava inteiramente
equivocado neste plano absurdo, e se você não pedir o meu perdão por
manchar os meus ouvidos com essa bobagem censurável, então eu não vou
mais ser-lhe tia.
Eu fiz a proa um frio varrido para fora da sala, Anne ficou atrás.
– Eu lamento. – Eu disse a ela. – Eu nunca soube que você tinha o
nosso casamento como uma coisa resolvida até o meu primo me contou
isto, ou eu teria feito você saber que eu não me considero desposado com
você.
– Não há necessidade de se arrepender. Eu não queria me casar com
você. – Disse ela.
Ela sorriu, e eu fiquei surpreso. Não foi a timidez em seu sorriso, e
como ela se aproximou de mim ela parecia confiante e certa.
– Eu sou então tão terrível? – Eu perguntei.
– Não, nem isso. Como um amigo e um primo eu gosto de você
muito bem - contanto que o tempo esteja bom, e você não seja obrigado a
permanecer em casa - mas eu não te amo, e o pensamento de me casar com
você me fez infeliz. Estou feliz que você está para casar com Elizabeth. Ela
é apaixonada por você. Ela vai tirar você fora de sua rigidez, e seremos
todos amigos.
Ela está apaixonada por mim? Eu gostaria de poder ter tanta certeza.
– Uma mulher apaixonada reconhece a outra. – Ela disse. Ela sorriu
novamente e depois seguiu Lady Catherine para fora da sala.
Segunda-feira, 06 de outubro
Estou mais uma vez em Netherfield. Eu cheguei aqui com mais esperança
do que eu já senti, mas ainda não me atrevo a levar o amor de Elizabeth
como uma coisa resolvida. Bingley e eu deixamos Netherfield cedo e logo
chegamos a Longbourn. Miss Bennet estava tora corada e nunca nos
olhava. Elizabeth era mais difícil de entender. Ela, também, corou. Eu
gostaria de saber a causa!
Bingley sugeriu uma caminhada.
– Vou buscar o meu chapéu. – Disse Kitty. – Eu tenho saudade de ver
Maria. Podemos caminhar para o Lucas’s.
Sra. Bennet franziu o cenho para ela, mas Kitty não percebeu.
– Eu não sou uma grande andarilha, tenho medo. – Disse a Sra.
Bennet, voltando-se para Bingley com um sorriso. – Você deve me
desculpar. Mas Jane adora andar. Jane, minha querida, vá buscar seu
casaco. Esse homem, eu suponho, irá, também. – Ela disse, olhando para
mim como se eu fosse um inseto desagradável. Elizabeth corou. Eu ignorei
o comentário o melhor que pude, e pensei que só o meu amor por
Elizabeth poderia induzir-me a pôr os pés naquela casa, outra vez.
Bingley parecia desamparado.
– Lizzy, corra e busque o seu casaco, também. Você deve se manter
na companhia do Sr. Darcy. Tenho certeza que ele não estará interessado
em qualquer coisa Jane tenha a dizer.
– Estou muito ocupada para andar. – Disse Mary, levantando a
cabeça de um livro. – Eu tenho frequentemente observado que aqueles
que são os melhores caminhantes são aqueles que não têm capacidade
intelectual para instruir-se nos assuntos sérios da vida.
– Oh, Mary! – Disse a Sra. Bennet, impaciente.
Mary voltou para seu livro.
Elizabeth e sua irmã retornaram, tendo colocado sua roupa de sair, e
partimos. Bingley e sua amada logo ficaram para trás. Kitty, eu sabia, logo
nos deixaria para ir visitar a amiga.
Será que Elizabeth irá também? Eu não esperava. Se ela ficasse
comigo, então eu seria capaz de falar com ela. E eu devo falar com ela.
Chegamos de volta para o Lucas’s.
– Você pode ir sozinha. – Disse Elizabeth. – Não tenho nada a dizer a
Mary.
Kitty fugiu pelo caminho, deixando Elizabeth e eu a sós.
Eu virei-me para ela.
Elizabeth, eu estava prestes a dizer, quando ela me parou e falou ela
mesma.
– Sr. Darcy, eu sou uma criatura muito egoísta; e, por uma questão de
dar alívio aos meus próprios sentimentos, cuide para que eu não seja o seu
sofrimento.
Senti-me esfriar. Todas as minhas esperanças agora pareciam
vaidade.
Ela estava indo ferir meus sentimentos. Eu tinha errado ao ler tanto
na sua recusa em negar o comentário sobre nosso noivado. Isto não queria
dizer nada, exceto que ela não se dignou a negar um comentário ocioso
para o benefício de minha tia.
Ela estava evidentemente encontrando dificuldades para continuar.
Ela vai dizer-me para nunca vir a Longbourn novamente, pensei. Ela
não pode suportar ver-me. Dei-lhe um desgosto por mim que é grande
demais para ser superado. Eu não usei as minhas oportunidades. Tenho
visitado Longbourn com Bingley e não disse nada, porque eu tinha muito a
dizer. No entanto, nada disto poderia ter sido dito na frente dos outros. E
agora é tarde demais. Mas eu não vou deixar que seja tarde demais. Eu vou
falar com ela, se ela me quer ou não.
Mas então ela continuou, mesmo enquanto esses pensamentos iam
passando pela minha mente.
– Eu não posso ajudar mais que agradecer...
Agradecer a mim? Não me culpando, mas me agradecendo? Eu mal
sabia o que pensar.
– ...Pela sua sem igual bondade para com minha pobre irmã.
Bondade sem precedentes? Então ela não me odeia! O pensamento
fez meu ânimo subir, embora com cautela, pois eu não sabia o que tinha
ouvido falar do negócio, ou o que mais ela ia dizer.
– Desde que eu soube disso, tenho ansiado para reconhecer-lhe com
a gratidão que eu sinto por isso. Se fosse de conhecimento do resto da
minha família, eu não teria apenas a minha própria gratidão para
expressar.
Gratidão. Eu não quero sua gratidão. Gosto, sim. Amor, sim. Mas não
gratidão.
– Lamento. – Disse eu – lamento extremamente, de que você foi
informada, de forma equivocada, deram-lhe desconforto. Eu não acho que
a Sra. Gardiner foi tão pouco para ser confiável.
– Você não deve culpar a minha tia. – Disse ela. – Foi Lydia que me
contou, e então eu perguntei a minha tia para maiores detalhes. Gostaria
de agradecer mais uma vez. – Passou Elizabeth. – Em nome de toda a
minha família, para com a compaixão generosa que levou você a ter tanta
dificuldade, e suportar tantas mortificações, por causa do descoberto até
então.
Generosa compaixão. Ela pensava bem de mim, mas de que maneira?
Eu estava num suspense agonizante.
– Se você vai me agradecer, deixa estar para si mesma. – Eu disse.
Minha voz era baixa e apaixonada. Eu não conseguia segurar meus
sentimentos. – Sua família não me deve nada. Eu tenho muito respeito por
eles, e acredite, eu pensei só em você. – Eu parei de respirar.
Eu tinha falado. Eu tinha ofertado os meus sentimentos. Eu tinha
oferecido a ela, e só podia esperar para ver se ela iria arremessá-los na
minha cara. Mas ela não disse nada. Por que ela não fala? Ela estava
chocada? Horrorizada? Satisfeita?
Então espero rosa no meu peito. Talvez ela se manteve em silêncio
por prazer? Eu tinha que saber.
– Você é muito generosa para brincar comigo. – Eu explodi. – Se
você ainda tem os sentimentos que tinha em Abril passado, diga-me então
de uma vez. Meus afetos e desejos permanecem inalterados. Mas nem
pense que você vai me calar sobre esse assunto para sempre. – Parecia se
passar uma era antes que ela falasse.
– Meus sentimentos são tão diferentes... – Ela começou. Eu comecei
a respirar novamente.
– ...Que eu sou humilde em pensar que você pode ainda me amar...
Eu comecei a sorrir.
– ...Agora eu recebo suas garantias com gratidão... E prazer...
– Eu vos tenho amado por tanto tempo. – Eu disse, ela deslizou suas
mãos em meus braaços e eu cobri-as com meus próprios.
Reivindicá-la era uma alegria. – Eu pensei que era impossível. Eu
tentei te esquecer, mas não adiantou. Quando eu vi você novamente em
Pemberley fui tomado de surpresa, mas rapidamente abençoei a minha
sorte. Eu tive uma chance de mostrar que eu não era tão mesquinho como
você pensava de mim. Eu tive uma chance de mostrar que eu poderia ser
um cavalheiro. Quando você não me desprezou, quando você aceitou meu
convite, me atrevi a ter esperança, mas sua irmã teve problemas e você se
afastou e nunca mais a vi. Eu não poderia deixar descansar esses assuntos.
Eu tinha que ajudar a sua irmã, ao saber que ao fazê-lo eu estava ajudando
você. Então, quando ela estava casada com segurança, eu tinha de te ver.
Eu tinha que te ver. Eu estava nervoso como Bingley quando chegamos a
Longbourn. Ficou claro que sua irmã era uma mulher apaixonada, mas eu
nada poderia dizer por suas maneiras. Você me ama? Você gosta de mim?
Poderia até me tolerar? Eu pensei que sim, então eu pensei que não. Você
disse tão pouco...
– Não era de minha natureza. – Disse ela arqueando um sorriso.
– Não. – Eu disse, voltando a sorrir. – Não era. Eu não sabia se era
porque estava insatisfeita de ver-me ou simplesmente envergonhada.
– Eu tinha vergonha. – Disse ela. – Eu não sabia por que você veio.
Eu estava com medo de mostrar muito. Eu não queria me expor ao
ridículo. Eu não podia acreditar que um homem de seu orgulho iria
oferecer a sua mão quando ela já tinha sido rejeitada.
– Sua mão, não, mas o seu coração, sim. Você é a única mulher com
quem eu sempre quis me casar, e por aceitar meu desejo você me colocou
para sempre em dívida com você.
– Eu vos farei lembrar disso, quando você estiver zangado comigo. –
Ela disse provocando.
– Eu nunca poderia me zangar com você.
– Você não acha, mas quando eu poluir os tons de Pemberley, é
possível que você possa!
Eu ri. – Ah sim, minha tia manifestou-se vigorosamente sobre nós
dois.
– Ela me disse que eu nunca viveria em Pemberley. – Disse Elizabeth.
– Eu devia desgostar dela por isso, mas estou muito em divida com
ela. Foi a sua visita que me trouxe para você.
– Ela veio ver-te?
– Ela fez. Em Londres. Ela estava em alta indignação. Ela me disse
que tinha vindo vê-lo, e que ela havia exigido que contradissesse o boato
de seu casamento iminente. Sua recusa a deixou cair com seus desejos,
infelizmente, mas ela me ensinou a ter esperança.
Falei de minha carta. – Fiz isso. – Disse eu. – Fazer isso fez com que você
pensasse melhor de mim? Será que você, ao lê-la, deu algum crédito ao seu
conteúdo?
– Isso me fez pensar muito melhor de você, e assim de imediato, me
sentia sinceramente envergonhada de mim mesma. Eu li-a de novo, e
novamente, e como eu fiz isso, cada um dos meus preconceitos foi
removido.
– Eu sabia que o que eu escrevi devia dar-lhe dor, mas era necessário.
Espero que você tenha destruído a carta.
– A carta certamente será queimada, se você acredita que é essencial
para a preservação do meu respeito, mas, embora tenhamos ambos razões
para pensar que as minhas opiniões não são totalmente inalteraveis, elas
não são, espero eu, tão facilmente mudadas como isso implica.
– Quando eu escrevi essa carta, eu estava perfeitamente calmo e frio,
mas estou convencido de que foi escrita em uma terrível amargura de
espírito.
– A carta, talvez, iniciou-se em amargura, mas não terminou assim. A
despedida é a caridade em si. Mas não pense mais na carta. Os sentimentos
da pessoa que o escreveu, e a pessoa que a recebeu, agora são tão
diferentes do que eram, então, que todas as circunstâncias desagradáveis
deveriam ser esquecidas. Você deve aprender algumas das minhas
filosofias. Pense-se apenas no passado como lembrança lhe dando prazer.
Eu não poderia fazê-lo. Eu não poderia deixar o passado sem lhe dizer
dos meus pais, pessoas boas mesmo ainda que me encorajaram a pensar
bem de mim e mal de outros. Eu disse a ela como eu era o único filho, na
verdade uma criança apenas para grande parte da minha vida e como eu
tinha chegado a nenhum valor além do meu próprio círculo familiar.
– Por você, eu estava devidamente humilhado. Eu vim para você, sem
dúvida, da minha recepção. Você me mostrou como foram insuficientes
todas as minhas pretensões de agradar a uma mulher digna de ser feliz.
Falamos de Georgiana e de Lydia, e do dia na pousada quando a carta
de Jane tinha chegado. Falar de Jane, naturalmente, levou à sua
contratação.
– Preciso saber se você estava surpreso? – Perguntou Elizabeth.
– Não em tudo. Quando fui embora, eu senti que iria acontecer em
breve.
– Ou seja, você tinha dado sua permissão. Achei o máximo. – Ela
brincou comigo.
A essa altura, tínhamos chegado a casa. Eu não havia percebido
quanto tempo havia se passado até que nós entramos em casa.
– Minha querida Lizzy, por onde você esteve andando? – Perguntou
a irmã, quando nos sentamos à mesa. Elizabeth corou, mas disse: – Nós
andamos, sem prestar atenção para onde estávamos indo, e nos perdemos.
– Tenho certeza de que esta triste por isso. – Disse a Sra. Bennet, em
um sussurro alto o suficiente para eu ouvir. – Deve ter sido muito difícil
para você, ter de falar com aquele homem desagradável.
Elizabeth ficou mortificada, mas eu peguei seu olhar e sorri. Sua mãe
pode ser a mulher mais terrível que tenho tido a infelicidade de conhecer,
mas eu iria tolerar uma dúzia de tais mães por causa de Elizabeth. Eu não
consegui falar com ela como eu queria durante a noite. Jane e Bingley
sentaram juntos, falando do futuro, mas até que eu tivesse pedido a mão de
Elizabeth à Sr Bennet, ela e eu não podiamos entrar em tais discussões. Era
hora de Bingley e eu voltarmos a Netherfield. Eu era capaz de aliviar meus
sentimentos um pouco no carro indo para casa.
– Eu já quis que você fosse feliz. – Eu disse. – Agora você deve fazer o
mesmo por mim. – Bingley pareceu surpreso.
– Eu vou casar com Elizabeth.
– Elizabeth?
– Sim. Propus durante a nossa caminhada. Ela concordou em se casar
comigo.
– Esta é uma notícia capital! Quase tão boa quanto a minha. Ela é
apenas a mulher certa para você. Ela é a única pessoa que eu já conheci que
pode ficar com você. Nunca vou esquecer o jeito que ela provocou-lhe
quando ela ficou conosco em Netherfield, quando Jane estava doente.
Você estava entediado e em um de seus humores imponentes. Caroline
estava admirando tudo o que você dizia e fazia. Lembro-me de pensar que
seria uma tragédia se casasse com ela, sabendo que ela iria confirmar a sua
vaidade. Ela iria convencê-lo que você estava acima de todo mundo em
todos os sentidos. Não que você precisava de uma grande quantidade de
convencimento!
Eu ri.
– Eu realmente estava tão arrogante?
– Você estava. – Disse Bingley. – Você sabe que você estava! Mas
Elizabeth vai garantir que você nunca se torne assim de novo. Quando
vocês pretendem casar?
– Logo que possível. Elizabeth vai precisar de tempo para comprar
roupas de casamento, e se ela quiser que eu faça alguma alteração em
Pemberley antes de ela chegar, então vou precisar de tempo para atendê-la.
Caso contrário, eu gostaria de me casar de uma vez.
– Alterações em Pemberley? Deve ser amor. – Disse Bingley. –
Tenho certeza eu espero que você seja muito feliz.
– Nós temos falado sobre isso, Elizabeth e eu decidimos que você e
Jane vão ser felizes, mas que seremos mais felizes.
– Oh não, nisso nunca iremos concordar.
O carro rolou até parar.
– Você vai dizer a Caroline, ou eu? – Perguntou Bingley, enquanto ia
dentro, em seguida, ele passou imediatamente: – Talvez fosse melhor
deixar-me dizer a ela, ou ela pode dizer algo, ela lamenta ao ouvir a
primeira notícia.
– Como você quiser.
Ao entrar na casa, retirei-me para a biblioteca, para pensar em
Elizabeth, e no futuro.
Terça Feira, 07 de Outubro Eu encontrei Caroline no café da manhã, e estava satisfeito ao ver
quão bem ela comportava-se.
– Eu entendo que devo felicitá-lo, – ela comentou.
– Sim. Eu vou me casar.
– Estou encantada, – ela disse. – Já era hora de você tomar uma
esposa. Quem teria pensado, quando viemos para Netherfield ano
passado, que tanto você como Charles encontrariam o verdadeiro amor.
Eu ignorei seu tom divertido.
– Talvez um dia você possa ter a mesma sorte.
– Eu não penso que irei algum dia me casar, – ela declarou. – Não
desejo deixar um homem controlar-me. Quando será o casamento?
– Em breve.
– Então devo ver minha costureira. Dois casamentos em tão curto
espaço de tempo irão requerer um planejamento cuidadoso.
– Oh, sim, – disse Louisa. – Nós devemos ter algo novo.
Logo após o café, Bingley e eu nos dirigimos novamente a
Longbourn.
– Caroline se portou muito bem, – eu disse a ele. – Eu penso que ela
recebeu bem as notícias.
– Ela não se portou tão bem quando eu contei a ela, – disse Bingley, –
mas eu a recordei de que se não fosse civilizada quanto a isso ela poderia
acabar sendo excluída de Pemberley.
Nós chegamos. A Sra. Bennet era toda sorrisos enquanto
cumprimentava Bingley, e toda caretas enquanto me fazia uma reverência.
Como reagirá quando souber que serei seu genro?
Bingley olhou calorosamente a Elizabeth, portanto estou certo que
ela adivinhou que contei a ele, então ele disse: – Sra. Bennet, você possui
alguma outra trilha por aqui na qual Lizzy possa se perder novamente
hoje?
A Sra. Bennet prontamente aceitou sua sugestão, ansiosa em
permitir-lhe um pouco de privacidade com Jane. Ela sugeriu que
caminhássemos pelo Monte Oakhan. Bingley, jovialmente, disse estar
certo que era demais para Kitty, e Kitty concordou que preferia ficar em
casa. Era uma mudança ter Bingley coordenando minha vida por mim!
Mas eu não poderia me queixar, desde que, alguns minutos depois, eu me
encontrei do lado de fora e livre para conversar com Elizabeth.
– Eu devo pedir a seu pai consentimento para o casamento. – Eu
disse, enquanto vagávamos pelo monte.
– E se ele não der? – Ela perguntou com um sorriso malicioso.
– Então eu terei que levá-la sem isso, – eu disse. – Você acha que ele
negará? – Eu perguntei mais seriamente.
– Não. Não tenho medo do que ele poderia dizer. Ao menos, não,
uma vez que ele venha a conhecê-lo, penso, para começar, que ele ficará
surpreso. Quando chegou a carta do Sr. Collins...
Ela parou.
Dei-lhe um olhar questionador.
– O Sr. Collins escreveu a ele, dizendo que eu não deveria desposá-lo,
pois isso enfureceria a Dama Catherine.
– E o que seu pai respondeu?
– Ele estava muito ocupado saboreando a brincadeira para
responder.
– Posso ver que terei dificuldades com ele. Pensará que estou
brincando quando pedir sua mão?
– Não creio que ele se atreverá, – ela disse.
Ela falou suavemente, mas posso dizer que estava preocupada.
– Tomarei cuidado em conhecê-lo, – eu disse. – Ele e eu nos
conheceremos melhor, e eu garantirei que ele nunca se arrependa por dar
seu consentimento.
Continuamos caminhando.
– E então há minha mãe, – ela disse.
– Vou deixar de ser aquele homem, não acha? – Eu perguntei com
um sorriso.
– Não, – ela disse estremecendo. – Se você soubesse quantas vezes eu
corei por ela, ou desejei que ficasse em silêncio. Acho que contarei a ela
quando estiver só, – ela continuou. – Então ela terá a oportunidade de
superar o primeiro susto, e talvez isso a torne mais racional quando
conversar com você.
– Exatamente o que pensou Bingley, quando decidiu que seria
melhor se ele contasse a Caroline.
– Eu me surpreenderia se ela continuasse a admirar a sua caligrafia
uma vez que esteja casado.
– Eu temo que não. Ela provavelmente achará extraordinariamente
desleixado.
Nós alcançamos o topo do monte.
– Bem, e o que você acha da vista? – perguntou-me Elizabeth.
Virei-me para ela.
– Eu gosto muitíssimo, – disse.
Ela parecia tão bonita que me vi impulsionado a beijá-la. Ela ficou
surpresa no início, mas então, respondeu calorosamente, e eu soube que
nosso casamento seria feliz em todos os sentidos.
Caminhamos juntos, falando do futuro. Eu estava ansioso por
mostrar Pemberley a Elizabeth, não como visitante, mas como sua futura
senhora.
– Você não vai objetar a visita de meus tios? – ela perguntou.
– Claro que não. Gostei deles.
– E minhas irmãs?
– Jane e Bingley estarão conosco freqüentemente. Suas irmãs mais
jovens serão bem vindas sempre que elas, ou você, escolherem. Mas eu não
quero Wickham lá.
Juntamo-nos a Jane e Bingley e retornamos a Longbourn.
Durante toda a noite, não foi fácil para Elizabeth. Eu desejava tirá-la
de sua miséria, mas não poderia falar com o Sr. Bennet até após o jantar.
Tão logo eu o vi retirar-se para a biblioteca, o segui.
– Sr. Darcy, – ele disse surpreso, quando fechei a porta da biblioteca
atrás de mim.
– Eu gostaria de falar com você, – eu disse.
– Estou a sua disposição. Você deve ter ouvido, suponho, o rumor de
que irá se casar com Elizabeth e deseja pará-lo, mas eu o aconselho a
divertir-se com esse disparate, ao invés de se preocupar com o que não
passa de um pequeno absurdo.
– Eu não acho isso nem um pouco absurdo, – eu disse a ele. – Eu
acho altamente desejável. Eu o segui com a intenção de pedir a mão de
Elizabeth em casamento.
Sua boca caiu aberta.
– Pede-me a mão de Elizabeth em casamento? – ele repetiu ao
menos.
– Sim.
– Mas deve haver algum engano.
– Não há qualquer engano.
– Mas eu pensei... é isso. O Sr. Collins é um tolo! Está sempre me
regalando com alguma nova e absurda história, e eu estava certo que ele
havia se enganado. Você, que nunca olhou para Elizabeth em sua vida! E,
ainda agora, você me diz que quer casar-se com ela.
– Eu quero. Eu a amo, e quanto a nunca ter lhe prestado atenção, tem
sido algo um pouco diverso. Mas, você não esteve lá, portanto eu não
posso culpá-lo por estar surpreso. Quando ela foi uma convidada em
Netherfield, eu tive o prazer de sua companhia por quase uma semana, e
gastei muito de meu tempo com ela. Eu a vi novamente no Kent, quando
ela estava visitando o Sr. Collins, e viemos a nos conhecer muito melhor.
Eu a vi recentemente em Derbyshire, e cada vez que a encontrava, eu a
amava mais. Meus sentimentos não são recentes. Existem há muito tempo
e não vão mudar.
– Mas ela sempre te odiou! – Ele disse. – Qualquer homem que
persista diante de tão óbvia aversão é louco.
Por isso sorri.
– Posso assegurar-lhe minha sanidade. Sua aversão foi superada há
muito tempo. Eu já a pedi em casamento e ela disse sim.
– Disse sim! – Exclamou o Sr. Bennet em tom débil.
– E como nós dois estamos de acordo, só necessitamos a sua
permissão para marcar a data.
– E se eu não a der?
– Então eu temo que teremos de nos casar sem isso.
Ele olhou para mim como a decidir se eu falava a sério. Então,
recobrando o juízo, disse: – Se é como você diz, e Elizabeth realmente
quer se casar com você, vocês terão meu consentimento e minha bênção.
Mas eu quero ouvir isso de seus próprios lábios. Mande-a a mim.
Eu o deixei e fui ao encontro de Elizabeth. Ela viu por minha
expressão que ele havia consentido.
– Ele quer falar com você.
Ela concordou e deixou a sala.
A Sra. Bennet, que tinha estado conversando com Jane e Bingley,
elevou o olhar a isto.
– Onde foi Lizzy? – Ela perguntou a Jane.
– Eu não sei, – Jane respondeu, embora por sua expressão eu poderia
dizer que ela adivinhava.
– Ela deu uma desculpa para deixar a sala, estando cansada de
conversar com aquele homem desagradável, eu suponho. – Disse a Sra.
Bennet, não se dando ao trabalho de abaixar a voz. – Eu não a culpo.
Agora, Jane, você precisa de um novo vestido para o casamento. Que cor
você acha que deveria ser? Eu me casei de azul. – Ela disse, –
absolutamente o mais lindo vestido, não como as modas atuais. Tinha uma
saia ampla, e um corpete pontiagudo. Temos que nos certificar que você
tenha algo igualmente bom. Cetim, eu acho, ou rendas de Bruges.
Jane lançou-me um olhar apologético no início de seu discurso, e
então participou com sua mãe, mas eu mal ouvi as efusões da Sra. Bennet.
Eu estava imaginando o que estaria acontecendo na biblioteca. Parecia-me
que Elizabeth havia saído há muito tempo. O que estaria seu pai dizendo a
ela? Estava realmente levando tanto tempo para ela convencê-lo de seus
sentimentos por mim?
– Eu tenho observado constantemente, que os adornos do vestido de
casamento não têm qualquer relação com a felicidade do enlace, – disse
Mary, olhando sobre seu livro. – Tais coisas são vaidades, criadas para
prender mulheres descuidadas e conduzi-las para o caminho da tentação.
– Oh, silêncio Mary, fique quieta, ninguém te perguntou, – disse a
Sra. Bennet, aborrecida. – Quando você encontrar um marido, poderá
discursar sobre a natureza dos vestidos de casamento o quanto quiser.
Mary foi silenciada.
– Quando eu me casar, eu terei a saia de baixo de cetim e uma sobre
saia de gaze, – disse Kitty, – e eu não fugirei com meu marido e viverei com
ele em Londres antes.
– Kitty, fique quieta, – disse a Sra. Bennet. Ela se voltou pra Bingley
com um sorriso. – O que você usará Sr. Bingley? Um casaco azul ou um
preto? Wickham se casou de casaco azul. Meu querido Wickham! – Ela
disse suspirando. – Um homem tão bonito. Mas, nem de perto, tão bonito
quanto você.
Eu capturei o olhar de Bingley. É provável que, se Wickham
possuísse cinco mil libras por ano, ele seria considerado tão bonito quanto
Bingley.
– Eu usarei o que Jane desejar, – ele disse.
Onde estava Elizabeth? Eu sentia minha impaciência crescendo. Ao
menos ela retornou para a sala e sorriu. Tudo estava bem.
A noite passou calmamente. Eu recebi um frio aceno da Sra. Bennet
quando parti, e me perguntei como seria recebido no dia seguinte. Eu vi
linhas de tensão em torno da boca de Elizabeth e eu sabia que ela estava
imaginando sua entrevista com a mãe.
– Por esta altura, amanhã, estará feito, – eu disse.
Ela concordou, depois Bingley e eu partimos.
– O pai dela deu seu consentimento? – perguntou Bingley, assim que
retornamos para Netherfield.
– Ele deu.
– Jane e eu já marcamos a data de nossas bodas. Nós estávamos
imaginando o que você e Elizabeth pensariam de um casamento duplo?
Fiquei muito impressionado pela idéia.
– Eu gosto. Se Elizabeth estiver de acordo, então será isso que
faremos.
Quarta feira, 08 de Outubro Bingley e eu fomos a Longbourn cedo esta manhã.
– Sr. Bingley, – disse a Sra. Bennet, inquieta enquanto o recebia. Ela
se voltou para mim, e eu senti Elizabeth ficar tensa. Mas sua mãe
simplesmente olhou para mim admirada e disse: – Sr. Darcy.
Não havia indiferença em sua voz. De fato, ela parecia aturdida. Eu fiz
uma reverência a ela e fui sentar-me ao lado de Elizabeth.
A manhã passou muito bem. A Sra. Bennet subiu com as irmãs mais
jovens, sob algum pretexto, e Elizabeth e eu ficamos livres para conversar.
Quando o almoço foi servido, a Sra. Bennet sentou-se a um de meus lados
e Elizabeth ao outro.
– Molho holandês, Sr. Darcy? – Disse a Sra. Bennet. – Eu acredito
que você goste de molhos.
Eu lancei um olhar ao redor da mesa, e vi não menos que seis
molheiras. Eu estava a ponto de recusar o molho holandês quando avistei a
expressão mortificada de Elizabeth e determinei-me a pagar a nova
civilidade da Sra. Bennet com a minha própria civilidade.
– Obrigado.
Peguei um pouco de molho holandês.
– E barnaise? Eu o tenho feito especialmente.
Eu hesitei, então pus um salpico de molho barnaise junto ao molho
holandês.
– E um pouco de molho de vinho do Porto? – Ela disse. – Eu espero
que você pegue um pouco. A cozinheira o fez especialmente.
Eu peguei um pouco de molho de vinho do Porto e olhei para meu
prato com desânimo. Eu capturei o olhar de Elizabeth e a vi rindo. Eu
peguei um pouco de molho bechamel, molho de mostarda e molho de
queijo também, e assim comecei a comer minha estranha refeição.
– Você está apreciando seu almoço? – perguntou a Sra. Bennet
solicitamente.
– Sim, obrigado.
– Não é o que você está acostumado, eu suponho.
Eu poderia dizer honestamente que não.
– Você possui dois ou três cozinheiros franceses, eu suponho.
– Não, eu tenho apenas uma cozinheira, e ela é inglesa.
– Ela é a cozinheira em Pemberley?
– Sim, ela é.
– Pemberley, – disse a Sra. Bennet. – O quão grande isso soa. Estou
feliz que Lizzy tenha recusado ao Sr. Collins, um presbitério é nada
comparado a Pemberley. Eu suponho que a chaminé seja maior que até
mesmo a de Rosings. Quanto custou, Sr. Darcy?
– Eu não estou certo.
– Muito provavelmente mil libras ou mais.
– Deve ser difícil de manter, – disse o Sr. Bennet. – Mesmo em
Longbourn, é difícil manter com todos os reparos.
Entramos em uma discussão a respeito de nossas propriedades, e eu
encontrei no Sr. Bennet um homem sensato. Ele pode ser negligente em
relação aos interesses de sua família, mas suas funções em outras áreas são
realizadas de forma responsável.
Eu tenho que perdoá-lo por sua negligência pela forma que se
produziu Elizabeth. Sua vivacidade e vitalidade poderiam ter sido
esmagadas sob uma educação comum.
Eu decidi que Georgiana deve ter um descanso temporário de
governantas e acompanhantes, assim ela pode desenvolver sua própria
personalidade. Eu estou certo que Elizabeth irá concordar.
Sexta feira, 10 de Outubro Elizabeth começou a me perguntar como me apaixonei por ela.
– Como você pôde começar? – ela perguntou. – Eu posso
compreender como prosseguiu o encantamento, depois que você
começou, mas o que foi que o impulsionou inicialmente?
Eu pensei. O que foi que me fez começar a me apaixonar por ela? Foi
quando ela olhou satiricamente para mim na assembléia? Ou quando ela
andou pela lama para ver Jane? Ou quando ela negligenciou me lisonjear,
não me dizendo quão bem eu escrevia? Ou quando ela se recusou a tentar
e atrair minha atenção?
– Eu não posso determinar à hora, ou o local, ou o olhar, ou as
palavras, que lançaram as bases. Isso foi há tanto tempo atrás. Eu estava no
meio, antes de perceber que havia começado.
Ela me importunou, dizendo que eu resisti a sua beleza, e
conseqüentemente devo ter me apaixonado por sua impertinência.
– Para ser claro, você não reconhece nada realmente bom em mim –
mas ninguém pensa nisso quando se apaixona.
– Não havia nada de bom em seu comportamento afetuoso para com
Jane, enquanto ela estava doente em Netherfield?
– Querida Jane! Quem poderia fazer menos por ela? Mas faça disso
uma virtude, de qualquer forma. Minhas boas qualidades estão sob sua
proteção, e você está a exagerá-las o máximo possível.
– Você não se ofende facilmente. Não deve ter sido fácil para você
estar em Netherfield – você não foi muito bem recebida – e ainda assim
você ficou mais divertida do que qualquer outra coisa pela nossa rudeza.
– Eu gosto de rir, – ela admitiu.
– E você é leal aos seus amigos. Você me repreendeu por meu
tratamento ao Wickham –
– Não fale dele! – Ela me implorou. – Eu dificilmente suporto pensar
sobre isso.
– Mas eu posso. Ele é um indivíduo repugnante, mas você não
poderia saber disso naquele momento, e o defendeu. Não há muitas
mulheres que defenderiam um pobre amigo contra um solteirão rico e
elegível.
– Por mais indigno que o “amigo” possa ser, – ela disse com pesar.
– E você não teve medo de mudar seu pensamento quando descobriu
a verdade. Você não se agarrou aos seus preconceitos, tanto em relação ao
Wickham quanto a mim. Você reconheceu a justiça do que eu disse.
– Sim, eu reconheci que um homem que não sustenta um perdulário
não é um bruto. Isso é um indício de grande bondade, de fato.
– Você fez tudo em seu poder para ajudar Lydia, mesmo sabendo que
ela era imprudente e incivilizada, – eu apontei.
– Ela é minha irmã. Eu dificilmente poderia abandoná-la a um patife,
– ela respondeu.
– Mas eu estou permitido a exagerar seus pontos positivos, – eu
lembrei a ela. –Você mesma disse.
Ela riu.
– Pobre Lydia. Eu pensei que ela havia arruinado minha chance de
felicidade com você para sempre. Eu não imaginei que você iria querer
estar ligado a uma família em que uma das garotas fugiu, especialmente
quando esta fugiu com seu maior inimigo.
– Eu nunca pensei nisso. Você me ensinou que essas coisas não
importam.
– Eu ensinei a você mais do que pensava então. Quando você veio a
Longbourn, após o casamento de Lydia –
– Sim?
– Você falou tão pouco. Pensei que não se importasse comigo.
– Porque você estava séria e silenciosa, e não me deu encorajamento.
– Eu estava embaraçada, – ela disse.
– E eu também estava.
– Diga-me, por que você veio a Netherfield? Foi apenas para cavalgar
até Longbourn e ficar embaraçado? Ou você pretendia conseqüências mais
sérias?
– Meu objetivo real era vê-la, e julgar, se eu pudesse, se seria possível
fazê-la me amar. Meu motivo declarado, ou o que eu declarei a mim
mesmo, era ver se sua irmã ainda estava inclinada para Bingley, e, se ela
estivesse, confessar a ele o que eu havia feito.
– Você terá, algum dia, coragem para declarar a Dama Catherine, o
que está para acontecer?
– É mais provável que eu precise de tempo que coragem, Elizabeth.
Mas isso deve ser feito, e se você me der uma folha de papel, será feito
imediatamente.
Enquanto eu redigia minha carta para Dama Catherine, Elizabeth
escrevia uma carta para sua tia e tio na Rua Gracechurch. A dela foi mais
fácil de escrever que a minha, visto que esta ia proporcionar prazer,
enquanto a minha ia causar pesar. Mas precisava ser feito.
Dama Catherine,
Eu estou certo que você desejará me felicitar. Eu pedi a Srta.
Elizabeth Bennet em casamento, e ela me deu uma grande honra dizendo
sim.
Seu sobrinho,
Fitzwilliam Darcy.
– E agora eu vou escrever uma carta muito agradável, – eu disse.
Eu peguei outra folha de papel e escrevi para Georgiana.
Minha querida irmã,
Eu sei que você ficará encantada em saber que Elizabeth e eu vamos
nos casar. Eu te contarei tudo quando a vir em breve.
Seu amado irmão,
Fitzwilliam.
Foram curtas, mas não havia tempo para mais. Eu as li
completamente, limpei com areia e enderecei os envelopes.
– Você se importaria de ter outra irmã? – eu perguntei a Elizabeth.
– De forma alguma. Estou ansiosa por isso. Ela viverá conosco em
Pemberley?
– Se você não tiver objeções?
– Nenhuma.
– Ela pode aprender muito com você.
– E eu com ela. Ela será capaz de me dizer tudo sobre as tradições de
Pemberley.
– Você pode alterar qualquer coisa que não goste.
– Não, eu não alterarei nada. Minha tia e eu já estamos de acordo,
Pemberley é perfeita exatamente como é.
Terça feira, 14 de Outubro Elizabeth está encantada com a carta de Georgiana que chegou esta
manhã. Estava bem escrita, e em quatro páginas expressava o prazer de
Georgiana ante a perspectiva de ter uma irmã.
Menos bem vinda foi a carta da Dama Catherine.
Fitwilliam,
Não vou chamá-lo sobrinho, pois você não o é mais para mim. Estou
chocada e surpresa que você pôde rebaixar-se a oferecer sua mão a uma
pessoa de nascimento tão inferior. Isso é uma mancha na honra e
reputação do sobrenome Darcy. Ela não trará a você nada além de
degradação e embaraço, e reduzirá sua casa a um lugar de impertinência e
vulgaridade. Seus filhos serão selvagens e indisciplinados. Suas filhas
irão fugir com cavalariços e seus filhos serão advogados. Você nunca será
recebido por seus conhecidos. Você estará desgraçado aos olhos do mundo,
e se tornará uma figura desprezada. Você lamentará amargamente este
dia. Lembrar-se-á que o adverti das conseqüências de tão desastroso ato,
mas já será tarde demais. Não terminarei esta carta te desejando
felicidade, pois nenhuma felicidade pode seguir tão maligna união.
Dama Catherine de Bourgh
Quarta feira, 15 de Outubro Jantei com Elizabeth esta noite, e me surpreendi ao encontrar uma
grande recepção lá, consistindo na Sra. Philips, Sir William Lucas e Sr. e
Sra. Collins. O inesperado aparecimento dos Collins foi logo explicado.
Dama Catherine tem estado tão excessivamente irada com nosso enlace,
que eles pensaram que seria mais sábio deixar o Kent por um tempo e
retirar-se à Residência dos Lucas.
Elizabeth e Charlotte tinham muito a discutir, e enquanto as duas
conversavam depois do jantar, eu fui deixado às ofertas misericordiosas do
Sr. Collins.
– Eu fiquei deleitado ao saber que você ofereceu casamento a minha
leal prima, e que ela, em sua graciosa e feminina sabedoria, o aceitou, – ele
disse radiante. – Eu agora entendo porque ela não pôde aceitar a proposta
que eu inadvertidamente fiz a ela outono passado, quando eu não sabia
nada dos presentes acontecimentos felizes. Eu pensei, naquele tempo, que
era estranho uma jovem e amável mulher recusar uma proposta totalmente
irrepreensível de um respeitável homem jovem, particularmente um que
possui tão bom benefício eclesiástico, e quem, se eu puder dizer tanto,
possui as vantagens de sua vocação para oferecer a ela tão boas quanto as
vantagens de sua pessoa. Sua recusa me pareceu inexplicável naquele
momento, mas eu compreendo totalmente agora. Minha leal prima havia
perdido seu coração para alguém que, se eu puder dizer tanto, é, em
virtude de sua posição, mais digno que um clérigo, pois ele tem o destino
do clero em suas mãos.
Eu vi Elizabeth olhando satiricamente para mim, mas eu suportei sua
conversação com compostura. Eu pude até, no momento, me divertir com
isso.
– Admiravelmente expressado, – disse Sir William Lucas, ao se juntar
a nós. Ele me reverenciou, então ao Sr. Collins, depois a mim novamente.
– Somente tanto mérito pode nos resignar ao fato de que você está
levando embora à jóia mais brilhante de nosso condado, quando você levar
Elizabeth para Derbyshire, – ele continuou com outra reverência. – Eu
espero que nos vejamos muito frequentemente, quer em Longbourn ou
em St. James.
Afortunadamente fomos jantar, mas quando me vi livre da
companhia do Sr. Collins e Sir William, me encontrei sentado ao lado da
Sra. Philips. Ela parecia ter muito respeito por mim para dizer muito, mas
quando ela falou tudo foi muito vulgar.
– Então Sr. Darcy, é verdade que você ganha dez mil por ano? – ela
perguntou.
Eu a olhei subjugado.
– Eu estou certa que deve ser, pois eu ouvi isso em todo lugar.
Pemberley é maior que Rosings?
Quando eu não respondi, ela perguntou novamente.
– Sim, é, – eu disse.
– E quanto custou a estante da lareira? O Sr. Collins estava me
dizendo que a estante de Rosings custou oitocentas libras. Eu espero que a
de Pemberley tenha custado mais de mil. Minha irmã e eu conversamos
sobre isso outro dia mesmo. –
– Eu confio, – eu disse, – que deve ter custado bem mais que mil
libras.
– Muito possível que tenha custado mais de mil e duzentas libras, –
ela respondeu. – É uma boa coisa que Lizzy não tenha se casado com o Sr.
Collins. Depois de tudo, embora minha irmã tenha ficado aborrecida
naquele momento, o que é o Sr. Collins comparado ao Sr. Darcy? Mesmo
a Sra. Lucas concorda que ele não é nada que possa se comparar.
Eu escutei seus comentários aborrecidos tão bem quanto pude, e
imaginei o dia em que teria Elizabeth comigo em Pemberley, livre de todas
as suas relações.
Terça feira, 28 de Outubro Eu não sabia que poderia me sentir tão nervoso, mas esta manhã eu
me sinto mais nervoso que no dia em que pedi Elizabeth em casamento.
Bingley e eu partimos para a igreja juntos. Eu acredito que ele estava mais
ansioso que eu quando fomos e tomamos nossos lugares na frente.
Os convidados começaram a chegar. O Sr. Collins foi o primeiro. Sua
esposa não estava com ele, pois ela estava auxiliando Elizabeth. A Sra.
Philips chegou logo depois. Então chegaram os Lucas, e depois os
numerosos convidados de Elizabeth. De minhas relações estavam somente
o Coronel Fitzwilliam e minha irmã, Georgiana. Dama Catherine e Anne
não compareceram. Eu não esperava isso, e fiquei feliz que minha tia tenha
decidido manter distância, mas eu não gostei de não ver Anne, e eu
suspeito que ela teria gostado de me ver seguramente casado com
Elizabeth.
A igreja encheu. Os convidados tomaram seus lugares. Bingley e eu
trocamos olhares. Olhamos para a porta. Olhamos para trás novamente.
Olhei meu relógio. Bingley olhou o dele. Ele sorriu nervosamente. Eu sorri
tranquilizadoramente. Ele concordou. Eu apertei minhas mãos. E então,
nós ouvimos um suspiro, e, olhando em volta, eu vi Elizabeth. Ela estava
andando pelo corredor conduzida por seu pai, com Jane ao outro lado.
Mas eu não tinha olhos para Jane. Eu só tinha olhos para Elizabeth. Ela
parecia radiante. Eu senti meu nervoso me deixar enquanto ela vinha até
mim, tomando seu lugar ao meu lado como Jane tomou o seu ao lado de
Bingley.
A cerimônia foi simples, mas me tocou profundamente. Quando
Elizabeth e eu trocamos votos eu pensei que não poderia haver homem
mais feliz que eu em toda a Inglaterra.
Nós deixamos a igreja, e quando eu olhei para Elizabeth eu sabia que
ela era, agora, a Sra. Darcy.
– Sra. Darcy! – Disse sua mãe, ecoando meus pensamentos. – Quão
bem isso soa. E Sra. Bingley! Oh! Se eu puder ver minhas duas outras filhas
tão bem casadas, eu não terei nada mais a desejar.
Nós retornamos a Longbourn para o café-da-manhã do casamento, e
então, Elizabeth e eu, partimos para um tour pelo Distrito dos Lagos. Jane
e Bingley vieram conosco. Nós paramos a noite em uma estalagem, e eu
estou usando todas as oportunidades para escrever em meu diário, visto
que depois não haverá tempo. Eu estou imaginando esta noite. Depois do
jantar, nosso verdadeiro casamento irá começar.
Novembro
Terça-feira, 11 de novembro Hoje voltamos para Pemberley, depois da nossa lua de mel pelos
lagos. Elizabeth parecia bem e feliz. Eu a observei enquanto a carruagem
enrolava o caminho, vendo em seu rosto a alegria em sua nova casa.
A carruagem parou do lado de fora da porta. Nós entramos. Sra
Reynolds tinha montado a equipe, e eles nos acolheram. Sra Reynolds, eu
sei, está encantada de ver uma senhora em Pemberley novamente.
Subimos para nossos quartos. Entrei em sua suíte com Elizabeth. Era
o único conjunto de quartos que ela queria alterar, e tinha sido decorado
exatamente como ela desejava.
– Você gostou? – Eu perguntei
Ela olhou a sua volta apreciando. – É perfeito.
Eu fui até ela e beijei-a.
– Você gostou? – Ela perguntou, olhando em volta do quarto
novamente.
– Não importa se eu gosto ou não.
– Eu acho que importa. – Ela brincou comigo. – Afinal de contas,
você será um visitante assíduo.
Eu sorri e beijei-a novamente.
Eram algumas horas mais tarde quando descemos as escadas.
– Você tem certeza que não quer nenhum dos outros quartos
redecorados? – Eu perguntei a ela, enquanto entrávamos na sala de jantar.
– Não, eu gosto deles do jeito que são. Eles me lembram da minha
primeira visita em Pemberley. – Ela andou até a janela e olhou para fora. –
É uma linda paisagem.
Eu concordei. A colina arborizada era linda, e o rio brilhava enquanto
ele serpenteava seu caminho através do vale. Eu amo cada arvore e cada
folha do gramado, e aquece-me saber que ela ama, também.
– O que você pensou quando viu pela primeira vez? – Eu perguntei a
ela.
Ela sorriu maliciosamente. – Que eu poderia ter sido a senhora de
tudo isso, se eu tivesse aceitado você!
– E não se arrepende?
– Por um minuto, até que me lembrei que não teria sido permitido
acolher minha tia e meu tio aqui.
– Eu não posso acreditar que eu fui sempre tão orgulhoso. Se não
fosse por sua tia e seu tio, talvez nunca nos encontrássemos novamente.
Vamos recebê-los a qualquer momento que você desejar fazê-lo.
Coloquei meus braços ao redor dela.
– Devemos tê-los para se hospedar em breve. Eu prometi a minha tia
que ela pode cavalgar em volta do parque em uma carruagem leve e um par
de cavalos. – Ela virou-se no circulo dos meus braços e acariciou minha
bochecha. – Mas não vamos convidá-los ainda.
Terça-feira, 18 de Novembro Temos estado em Pemberley por uma semana, e Elizabeth e
Georgiana estão ficando juntas bem como eu poderia ter esperado.
Georgiana está começando a perder um pouco sua timidez através de sua
proximidade com Elizabeth, e embora ela não é tão brincalhona quanto
Elizabeth, ela tem se aventurado a me gozar em uma ou duas ocasiões.
Eu finalmente sinto que posso ser um irmão para Georgiana
novamente, e não um pai ou mãe. Ela está crescendo agora, e com
Elizabeth me orientando, já não me preocupo que eu não entenda as
jovens senhoras. Se estou alguma vez em dúvida, tenho apenas que
perguntar a Elizabeth.
Vida está muito mais fácil para Georgiana, também, porque, ela tem
uma confidente bem como uma irmã em Elizabeth.
Quinta-feira, 20 de
Novembro
Elizabeth recebeu uma carta de Lydia esta manhã, pedindo ajuda
com algumas contas. Deparei-me com ela por acaso enquanto ela estava
lendo-a em seu quarto. Ela olhou para cima com culpa enquanto eu
entrava.
– Segredos? – Eu perguntei.
Ela olhou magoada.
– É de Lydia. Ela é tão extravagante que excedeu sua renda
novamente. Ela escreve para mim que deve ser ótimo ser tão rica, e pede
minha ajuda.
– Você não vai dar a ela? – Eu vi seu rosto. – Você irá.
– Ela é minha irmã, depois de tudo. – Ela disse.
– Deixe-a pedir a Jane.
– Ela já pediu a Jane, – Elizabeth disse, sua graça retornando. – Eu
sinto ela medíocre por pedir para cada um de nós.
– Você deve dizer não. Então ela aprenderá gerenciar.
– Não a Lydia. Ela irá acumular contas até os lojistas exigirem o
pagamento, e depois ela e Wickham mudarão de hospedagem e começarão
tudo de novo. Pense nisso desta maneira, eu não ajudando Lydia, estou
ajudando os lojistas que ela está enganando”.
Com isso ela sabia que eu concordaria.
– Eu nunca paro de perguntar como é que você e Jane saíram tão
bem, quando suas outras irmãs tão mal. – Eu disse indo até ela e beijando-a
na bochecha.
– Kitty não é tão mal, – Elizabeth disse. – Eu estava pensando em
pedi-la pra ficar conosco. Depois da nossa festa de Natal mês que vem.
Vou convidá-la para ficar conosco. Um pouco de excelente companhia fará
muito para influenciá-la para o melhor.
– Se você deve, você deve. Eu preferia ter você para mim.
– Ela não vai estar dentro da casa o tempo todo. Ela fará longas
caminhadas com Georgiana, – disse Elizabeth.
– Ou longo passeios de carruagem, – eu disse beijando-a nos lábios.
– Ou piqueniques, – Elizabeth disse me beijando de volta.
– Meu amor, acho melhor trancar a porta.
Dezembro
Sexta-feira, 5 de Dezembro Elizabeth tinha pedido um phaeton8 com dois cavalos para o natal.
Sua tia e seu tio estariam juntos conosco, e eles estariam lá em pouco mais de quinze dias. Elizabeth persuadiu-me a convidar minha tia, também. “É tempo de por fim as hostilidades”, ela disse, e ela estava certa. Eu não poderia estar em maus termos com Lady Catherine para sempre.
Jane e Bingley estão vindo para ficar, e eles estão trazendo com eles Caroline e Louisa. Sr. e Sra. Bennet também estarão vindo com Mary e kitty e Lydia será a única de sua parte. Eu relutantemente concordei em recebê-la, mas na condição de que Wickham não venha com ela. Eu não vou recebê-lo em Pemberley, agora e sempre. Elizabeth entende. Ela não tem desejo de vê-lo, e ambos sabemos que isto seria mortificante para Georgiana.
As duas pessoas que nós não estaremos vendo são Sr. e Sra. Collins. Charlotte está em uma interessante condição e não pode viajar. Elizabeth tem me lembrado de procurar por um trabalho para Sr. Collins, um melhor do que ele tem no presente.
— Uma casa maior para Charlotte — disse Elizabeth, — e uma farta, para manter Sr. Collins ocupado. Se há alguma coisa para ele fazer fora de casa, talvez alguma casa de caridade pra executar, tanto melhor. E certifique que a casa tenha dois agradáveis quartos, de modo que Charlotte possa ter um, assim como seu marido.
— Muito bem, mas, eu não os terei dentro de uma hora de carro de Pemberley. Eu gosto muito de Charlotte, mas nem mesmo sua amizade com ela pode me reconciliar com seu marido.
Nisto, Elizabeth e eu somos como um.
8 * Uma espécie de charrete, ou carruagem:
http://www.oilpaintinghk.com/art/oil_paintings_44093.html
Sábado, 13 de Dezembro Todos os nossos convidados estariam chegando na segunda. Um a
mais foi adicionado ao numero. Coronel Fitzwilliam estará vindo com Lady Catherine e Anne.
Segunda-feira, 15 de Dezembro
Em fim, eles estão aqui. Jane e Bingley foram os primeiros a chegar,
trazendo com eles Caroline e Louise. — Sr. Darcy. — Disse Caroline com excessiva cortesia. — É uma
satisfação vê-lo novamente. — Ela sorriu enquanto eu pensei que ela e Elizabeth sempre tinham sido as melhores amigas, depois se virou para mim. — Sr. Darcy, você parece muito bem. — Ela disse. — E Georgiana. Como você cresceu! Deve ser esse ar de Derbyshire. Isto é tão revigorante.
Louisa estava menos vocal, mas cumprimentou cordialmente. Sr. Hurst apenas grunhiu antes de se retirar para a sala de bilhar. Caroline e Louisa subiram, deixando Georgiana, Elizabeth e eu livres para conversar com Jane e Bingley.
—Então Lydia está vindo? — Perguntou Bingley enquanto todos nos sentávamos na sala de estar.
— Sim, ela está, embora não seu marido. — Elizabeth disse. — ‘Você acha que foi feio de minha parte, não convidá-lo?’ — Ela perguntou a Jane.
— Querida Lizzy, é claro que não. Não é como se ele e Lydia não tivessem mais pra onde ir. Eles só estiveram conosco duas vezes. É mais barato pra eles ficarem com a gente do que por conta própria. Eles desistiram de um conjunto de alojamentos antes de vir para nós, para que eles não tivessem que pagar aluguel, e depois tomaram outro conjunto quando retornaram.
— Que angustiante. — Disse Elizabeth. —Não para Lydia. Ela está na mesma de sempre. Exuberante e alto
astral. Ela prospera na mudança.
— A próxima vez que eles vierem. Eu acho que terei os serventes
dizendo ‘nós não estamos em casa’! — Disse Bingley. — Nós também somos convenientes para Netherfield, esse é o
problema. — Disse Jane. — Eles visitam Longbourn, e em seguida eles vêm para nós, quando eles ficam fora das boas vindas de lá. E não é apenas Lydia quem nos visita. Parece que todo dia minha mãe acha uma razão para ligar. Nós estamos pensando em tomar uma casa em outro lugar.
— Pobre Jane! Você deve vir e viver em Derbyshire. — Disse Elizabeth.
— Há algumas muito finas propriedades bem por aqui. — Eu disse. — Eu acho que nós poderíamos. — Disse Bingley. Uma carruagem puxando lá fora nos alertou para o fato de que Lady
Catherine havia chegado. Ela desceu com toda a classe e entrou na casa. Alguns minutos depois ela varreu através da sala de estar sem esperar ser anunciada.
Ela olhou ao redor com um olho invejoso. —Os móveis não foram substituídos. Eu vejo. — Ela disse sem
qualquer saudação a Elizabeth e a mim. — Eu pensei que vocês colocariam os moveis de minha irmã no sótão e os substituiriam com algo de mão de obra inferior.
— Vossa senhoria não pode pensar que eu estragaria minha própria casa. — Disse Elizabeth.
— Sua casa. Hah! — Disse minha tia. Elizabeth lançou-me um olhar satírico, mas fazendo um determinado
esforço ela cumprimentou Lady Catherine, Anne, e Coronel Fitzwillian. — Nos encontramos novamente. — Ele disse. — Sim. — E em uma circunstancia feliz. Darcy é um homem sortudo. — Ele
disse a ela. — Darcy não é tal coisa. — Disse minha tia. — Ele deveria ter se
casado com Anne. Anne lançou seu olhar para o chão. —Espero que tenha tido uma boa viagem, heim? — Elizabeth a
perguntou. Anne ergueu os olhos um pouco, mas não respondeu. Eu estava
impressionado com a mudança em seu comportamento desde a ultima vez
que eu a havia visto, e meu primo tinha tido que ela tinha muito mais espírito longe de sua mãe.
— A saúde de Anne é precária. Ela nunca viaja bem. — Disse minha tia.
— Mas a viagem foi boa. — Disse coronel Fitzwillian. — A carruagem de Lady Catherine é confortável, e as estradas não estavam muito ruins.
— Deixe-me mostrá-los seus quarto. — Disse Elizabeth. — Este é o trabalho das camareiras. — Disse Lady Catherine
desdenhosamente. — Então eu pedirei a Sr. Reynolds para mostrar lhes o caminho. —
Disse Elizabeth. Ela voltou para Anne. — Permita lhe mostrá-la seu quarto. — Ela disse. — Este é o quarto que você sempre teve. Eu ordenei a Sr. Reynolds que era seu.
Anne lançou um olhar preocupado a sua mãe. Mas permitiu que Elizabeth a levasse a cima. Jane foi com elas, enquanto minha tia esperava por Sr. Reynolds.
Coronel Fitzwillian riu. — Elizabeth não teme ninguém. — Ele disse, enquanto Sr. Reynolds levava Lady Catherine acima.
— É claro que não. — Disse Bingley. — Ela casou com Darcy! Embora eu pense que ele não é tão terrível como costumava ser. O casamento o mudou.
— Isto faz dois de você. Talvez eu devesse finalmente tomar o meu passo. — Disse o Coronel.
Elizabeth voltou a nós, e logo as outras damas acharam seus caminhos para a sala de estar. Minha tia e Anne já conheciam Caroline e Louisa, e uma vez que as quatro delas haviam trocado cumprimentos, minha tia começou a falar, sem parar enquanto ouviu outra carruagem chegar.
— Quem são esses? — Ela perguntou olhando para fora da janela. — Minha tia e meu tio. — Chorou Elizabeth, pulando. — O tio que é um advogado ou o tio que vive em Cheapside? —
Perguntou Lady Catherine desdenhosamente. Elizabeth não respondeu, mas foi à frente para cumprimentar seus
convidados, logo que eles entraram na sala. — Elizabeth! Você parece ótima. — Disse Sra. Gardiner. Ela estava vestida elegantemente, e tinha um ar de encanto sobre ela. — Positivamente florescendo. — Adicionou Sr. Gardiner.
Eu vi que Elizabeth estava satisfeita com o olhar de surpresa no rosto de Caroline. Nós trocamos olhares, e nossos pensamentos foram de volta para a primeira vez que eu tinha conhecido os Gardiners, quando eu, também, tinha sido agradavelmente surpreendido.
Seguiu-se uma usual conversação sobre estradas, e depois de falarmos sobre o transporte dos Gardiners, levou Elizabeth a dizer: — Eu tenho uma carruagem com dois cavalos, tudo pronto para você, do jeito que você pediu. Assim que você se sinta bem para viajar novamente, nós vamos levá-los a redor do parque.
— Uma carruagem de par? O que é isso? Uma equipagem para passeio? Eu devo ter minha parte de prazer. Eu gostaria de andar ao redor do parque e de todas as coisas. Eu gostaria de ter aprendido a dirigir se Sr. Lewis tivesse me ensinado, e eu teria me destacado nisto. — Disse Lady Catherine. — Sr. Lewis disse-me assim mesmo. Você deve me deixar saber quando quiser ir, eu irei com você, assim como Anne.
— Mas há apenas dois assentos. — Pontuou Elizabeth. — Então Anne e eu pegaremos a carruagem. — Estou certa de que a Vossa Senhoria não vai gostar da expedição.
— Disse Elizabeth. — Nós não estaremos apenas seguindo o rio, mas também estaremos indo através das matas.
— O que isso significa? — Pediu Lady Catherine. — As matas são meu maior prazer. Quando minha irmã era viva, nós
fomos lá muitas vezes. Mas, como Vossa Senhoria me informou em nosso ultimo encontro, minha presença tem os poluído. — Disse Elizabeth maliciosamente.
Minha tia não pode pensar em nenhuma resposta. Eu nunca a vi perder as palavras. E isto foi uma bem vinda experiência. Ela não estava vencida, no entanto, e depois de um minuto ela superou seu espanto e disse: — Sua mãe e sua irmã estão vindo, certo?
— Sim, elas estão. — Todas elas? — Sim, todas elas. —Até aquela que fugiu com o filho do mordomo de Darcy? — Sim, até Lydia. — Eu soube que sua mãe a recebeu em Longbourn depois do
escandaloso comportamento dela. Isto não pode ser verdade, é claro. A noticia deve ser falsa. Nenhuma mãe pode endossar infame comportamento da parte de sua filha. Ela deveria imediatamente
arremessá-la fora e deixá-la viver com as conseqüências do comportamento dela.
Em sua estimativa do caráter de Sra Bennet, ela estava totalmente errada. Sra Bennet chegou logo depois de seu irmão e sua esposa, e ela não só endossou o comportamento de Lydia, ela glorificava isso.
— Lady Catherine é tão bom vê-la novamente. — Ela disse enquanto ela fazia sua reverencia. — É como se fosse ontem que você estava nos visitando em Longbourn, trazendo nos palavras de Charlotte em seu caminho através da vila. Se você tivesse me dito o que eu sei agora, eu não deveria ter acreditado em você. Minha Lizzy casou com Sr. Darcy! É claro, isto não é de admirar. Ela sempre foi uma garota de muita sorte, a favorita de seu pai, embora Jane tenha mais beleza, Lizzy tem mais inteligência, embora é claro eu não deveria chamá-la de Lizzy mais, deveria chamá-la de Sra. Darcy. Sra. Darcy! Isso soa tão bem. E pensar que ela é a dona de Pemberley! Eu sabia que ela não podia estar tão animada por nada. Pemberley é uma casa muito fina. Eu não tinha idéia de que poderia ser tão refinada. Lucas Lodge é nada comparado a isso, e isto é ainda melhor que a casa grande em Stoke. Enquanto Purvis Lodge tem o sótão mais terrível, mas Lizzy — Sra. Darcy — Me assegurou que os sótãos em Pemberley são os melhores que ela já viu.
— Estou certo que ela lhe dará um tour por ela, se você pedi-la gentilmente. — Disse Sr. Bennet secamente enquanto ele caminhava em frente e beijava Elizabeth. — Como você está Lizzy? Você está bonita.
— Estou bem, Papai. — Darcy está tratando você bem? — Sim, ele está. — Bom. Então eu não terei que chamá-lo para um duelo. — Estou certo que iria acabar comigo em um instante, senhor. — Eu
disse. — Eu terei todo o prazer em fazê-lo. — E você, também, está incluído no convite, é claro. — Eu disse a Sr.
Gardiner. — Isto me dará um grande prazer. — O que você acha do meu gorro Lizzy? — Perguntou Lydia, vindo
em frente. — Não acha que é encantador? Eu o comprei ontem. — Eu penso que você precisa economizar. — Disse Elizabeth. — E eu fiz. — Disse Lydia. — Havia três gorros que eu gostei na loja,
e eu comprei apenas um.
— De tudo que eu tenho lido, praticas de economia não vem naturalmente para mulheres. — Disse Mary.
Terça-Feira, 16 de Dezembro Elizabeth guiou sua tia hoje pelas terras na carruagem aberta como
prometido, e ambas voltaram com brilhos nos olhos e um rubor em suas maçãs do rosto.
– E você gosta de Pemberley tanto quanto a última vez que você visitou? – Perguntei a ela.
– Muito mais, – respondeu ela. – Antes, era simplesmente uma casa muito boa. Agora é a casa de Elizabeth.
– Deve ser uma maneira agradável de ver as terras, – disse Anne. Havia um traço de melancolia na voz dela. Elizabeth ouviu, e disse. –
Você deve fazer um passeio comigo esta tarde. Eu a abençoei por isso, Anne tem poucos prazeres em sua vida, eu
acredito. Elas partiram depois do almoço, e embora a viagem fosse mais curta
que a anterior, voltaram com o humor animado. – Eu acho que me equivoquei sobre Anne, – disse Elizabeth mais
tarde. – Eu, que me orgulhava de minha habilidade ao julgar pessoas a partir de primeiras impressões das mesmas, pareço ter feito nada mais que me equivocar este ano. Eu cometi um erro grave referente a você, e acredito que tenha errado sobre Anne também. Tomei ela como doente e indisposta, e eu pensei... – Ela parou abruptamente.
– Sim, o que você pensou? – Eu perguntei. – Eu pensei que vocês dois, mereciam um ao outro, – disse ela
maliciosamente. – É uma pena que eu não soube disto mais cedo, ou poderia tê-la
atendido casando com ela, – provoquei-a. Eu nunca soube o que era provocar ou ser provocado antes de
conhecer Elizabeth, mas estava aprendendo. – Ela não é tão doente ou indisposta como eu supus. Na verdade,
quanto mais saimos de casa, mais animada, ela se torna.
– Ela costumava ser muito mais animada quando erámos crianças, até o inverno, quando ela teve um forte resfriado e uma tosse constante em seu peito. Minha tia levou-a até o seminário e disse que ela não estava bem o suficiente para voltar.
– Ah. Então ela esta sozinha em Rosings com Lady Catherine desde então?
– Ela tinha seu companheiro. – Era um companheiro corajoso estando com Lady Catherine. – Eu
concordei. - O que você conversou com Anne? – Para começar, falamos do parque. Ela tem boas recordações das
visitas de criança, e ela apontou o local em que perdeu a boneca, e o ponto em que o Coronel Fitzwilliam a encontrou, embora ele não fosse um coronel até então. Mas ele parece ter sido um bom menino. Não deveria ser agradável para ele ter uma menina se arrastando atrás dele, mas ele pareceu ter-lhe mostrado muita bondade.
– Ele sempre foi amavel com Anne. – E então nós falamos de livros. Ela tem lido muito, e nós tivemos um
animado debate. Eu penso que ela é melhor longe de sua mãe. Vou pedir a minha tia Gardiner que leve-a para fora na carruagem amanhã. Nós duas, devemos ser capazes de separá-la de Lady Catherine durante a maioria de sua estada.
Quinta-feira, 18 de Dezembro
O grupo de casa está provando ser surpreendentemente agradavel.
Sra. Bennet está contente com o comprimento e a largura do caminho de Pemberley, memorizando sua elegância para que ela possa perturbar seus vizinhos relatando o esplendor no seu retorno à Longbourn. Lydia gasta seu tempo flertando com o jardineiro. É inutil tentar pará-la, e pelo menos isso a mantém longe das portas. Sr. Bennet fica na biblioteca na maioria das vezes, se aventurando somente para as viagens de pesca. Lady Catherine se ocupou em instruir Kitty e Mary no comportamento correto para jovens senhoras, Kitty é tão admirada com a minha tia que se senta e
escuta-a com uma atenção lisonjeira pelas horas que passam juntas. Mary também, se senta e escuta, intercalando com seus profundos pensamentos de suas leituras. Caroline e Louisa se ocupam com suas revistas de moda, enquanto o Sr. Hurst dorme durante a maior parte do tempo.
Anne tem mais chances de escapar sem avisar sua mãe, e tomou a andar pelo terreno, onde ela muitas vezes é acompanhada pelo coronel Fitzwilliam. A tosse parece perturbá-la menos do que antigamente, e ela diz que é o exercício que está fazendo bem.
Quando os outros estão ocupados, é com Jane e Bingley, Georgiana, Sr. e Sra. Gardiner, que Elizabeth e eu podemos passar a maior parte do nosso tempo.
Sabado, 20 de Dezembro Elizabeth e eu cavalgavamos com Jane e Bingley esta manhã para ver
uma propriedade a cerca de dez milhas de Pemberley. É uma excelente casa, com boas vistas. Olhamos em volta, e Jane e Bingley ficaram muito interessados com ela.
– Se não encontrar nada melhor, eu penso que vamos comprá-la, – disse Bingley.
– Eu acredito que você está aprendendo a ter cautela, – eu disse a Bingley. – Um ano atrás, você teria comprado de imediato.
– Impossível para mim fazer isso agora, – disse ele, sacudindo a cabeça. – Se tem uma coisa que aprendi com você, Darcy, é que não se deve comprar uma casa sem primeiro investigar em volta as outras chaminés!
– Eu repreendi Bingley por não fazer nenhuma pergunta inteligente, quando ele quis Netherfield, – eu expliquei, quando Elizabeth me olhou intrigada.
– É uma coisa boa ele não tenha perguntado muito, – disse Elizabeth, – Ou então talvez nós nunca teriamos nos encontrado.
Andamos de volta à casa, onde encontramos Sra. Bennet em uma profunda conversa com a Sra. Reynolds, discutindo sobre quanto as cortinas tinham custado, e quais eram as dimensões exatas do salão de baile.
Anne estava na sala de estar com a senhora Gardiner, e suas risadas alcançaram nós assim que entramos na sala.
Anne estava com uma expressão facial melhor do que antigamente. Havia uma animação sobre ela que estava totalmente ausente quando ela estava confinada com Lady Catherine, e, comigo mesmo, quando ela pensou que teria que se casar comigo.
– Você gostou da casa? – perguntou a Sra. Gardiner. – Sim, muito. – Disse Jane. – É um pouco menor que Netherfield,
mas ainda é uma casa de bom tamanho. – Menor que Netherfield? – Perguntou a Sra. Bennet, entrando na
sala. – Isso nunca será. – Mas está a uma curta distância de Pemberley, – disse Jane. – Está certo, isso seria um favor. Nessa altura eu poderia visitá-las ao
mesmo tempo. Eu posso ficar com Lizzy primeiro e depois, querida Jane, eu posso ficar com você. É uma longa jornada até Derbyshire para visitar uma filha, mas uma distancia fácil para visitar duas. Ouso dizer que vou estar aqui toda a hora.
– Eu pensei que o parque era um pouco pequeno, – disse Bingley, com um olhar para Jane.
– E os sótãos são medíocres, – disse ela. – Ah, se os sótãos são mediocres eu não devo contemplá-los, – disse
Sra. Bennet. – Era melhor que vocês tivessem permanecido em Netherfield.
Segunda-Feira, 22 de Dezembro
Hoje foi um dia úmido. Depois do jantar, Lady Catherine se recolheu
cedo. Kitty e Lydia estavam ocupadas adornando gorros, e Mrs Bennet estava contando para Kitty que quando ela se casar, ela deve certificar-se de ter uma casa tão refinada quanto Pemberley. Mr Gardiner e Mr Bennet estavam jogando xadrez, enquanto Mrs Gardiner estava olhando um livro de estampas.
— Alguém poderia dar atenção ao jogo de bilhar? — perguntou Coronel Fitzwilliam.
— Darcy irá jogar com você e eu irei assistir — falou Elizabeth. — Anne, você irá se juntar a nós?
Anne concordou, e nós quatro fomos para a sala de bilhar. Nós mal entramos, porém, quando Elizabeth excluiu a si mesma com uma desculpa de dor de cabeça, e me pediu para ajudá-la a voltar para a sala de desenho.
Quando a porta da sala de bilhar fechou atrás de nós, sua dor de cabeça pareceu ter desaparecido.
— Eu acho que Fitzwilliam e Anne ficarão melhores sem nós — ela falou.
Eu olhei para ela, com surpresa. — Ele precisa de apenas um empurrãozinho para perceber que está
apaixonado por ela. — Fitzwilliam e Anne? — Eu acho que eles se encaixam. Os olhos dela o seguem em
qualquer momento que ele esteja na sala, e ela raramente fala sobre algum assunto sem mencioná-lo. Por parte dele, ele sempre esteve caidinho por ela, e está é uma união tão certa quanto o amor. Ele precisa se casar com uma herdeira, e Anne irá herdar a Rosings e uma considerável fortuna além disso.
Eu estava ainda mais surpresa. — Como você sabe que ele precisa se casar com uma herdeira? — Ele me disse. — Quando ele te disse? — Na Rosings, quando estávamos todos juntos na última Páscoa. Eu
suspeito que isto fosse para me colocar em guarda, e me avisar que eu não deveria esperar nenhuma oferta vinda dele.
— Como os homens são arrogantes! Nós dois achamos que você desejava uma oferta nossa!
— Talvez eu até quisesse uma vinda do Coronel, — ela me provocou.
— Meu amor, eu avisei você que eu sou um marido ciumento. Eu vou banir o meu primo de Pemberley a menos que você me conte neste minuto que você não desejava uma oferta dele. — eu respondi.
— Muito bem, eu não desejava. Mas Anne, eu acho, deseja. — Isto pode não ser uma coisa ruim. — eu falei — De fato, quanto
mais eu penso nisso, mais eu fico agradecida. — Lady Catherine, também, ficará agradecida.
— Então você está encorajando isto para deixar Lady Catherine agradecida? — Eu o perguntei inocentemente.
— Mr Darcy, você está se tornando tão impertinente quanto a sua esposa! — ela me alfinetou.
— Mas eu não tenho certeza de que Lady Catherine irá aprovar. — eu falei pensativamente.
— Ela não pode reclamar da descendência dele. — Talvez não, mas ele é o filho mais novo e empobrecido — eu a
lembrei. — Mas a fortuna da Anne é grande o suficiente para dois. — Meu primo não tem casa. — Ele viverá na Rosings, — ela disse. — Mandando a Lady Catherine para a casa do dote. — Considerando que, se você tivesse se casado com a Anne, ela
poderia ter sido a soberana de Pemberley, e Lady Catherine poderia ter continuado sendo a soberana de Rosings.
Nós dois imaginamos como Lady Catherine reagiria quando ela se desse conta que ela poderia ter que se mudar para a casa do dote.
— Você acha que a Anne vai achar coragem para abandonar sua mãe? — eu perguntei.
— Isto seria interessante de ver.
Quinta-feira, 25 de Dezembro
Eu pouco pensei, enquanto eu celebrava o Natal com Georgiana em
Londres no ano passado, que a próxima vez eu comemorasse seria casado. Pemberley está parecendo muito festivo. Verdura foi torcida em volta do corrimão, enquanto o azevinho, espesso, com bagas vermelhas, adorna as fotos e, visco pende dos lustres.
Nós acordamos com um cheiro de fermento, e depois de café da manhã, freqüentamos a igreja. O clima era tão fino que Elizabeth, Jane, Bingley e eu decidimos caminhar até igreja, enquanto o resto dos nossos hóspedes foi levado para lá de carro.
— Isso me faz lembrar dos passeios que tomou quando Jane e eu estávamos recém-casados. — Disse Bingley, à medida que o gelo triturava sob nossos pés. - Apesar de então não estava tão frio.
— Você e Jane estavam na posição de ser feliz amantes. Vocês poderiam passar o seu tempo a falar uns com os outros e ignorando todos os outros, enquanto que Elizabeth e eu não conseguíamos nem sentar juntos.
— Mas você conseguiu se perder nas pistas do país, sempre que estávamos porta a fora. Bingley disse com um sorriso.
—As pistas foram muito úteis. — Disse Elizabeth. — E sua mãe te ajudou muito, ao insistir em manter o homem
ocupado. Disse Jane. — Eu nunca estive tão mortificada na minha vida. Disse Elizabeth,
mas ela estava rindo como ela disse. Nós viemos para a igreja e entramos. Os nossos convidados já
estavam reunidos, e mais rápido do que entramos o serviço começou. É vivo e interessante, cheio do bom ânimo da ocasião. Lady Catherine se queixou dos hinos, do sermão, das velas e livros de oração, mas estou convencido de que todo mundo estava encantado pelo serviço.
Tivemos um esplêndido jantar, e depois nós jogamos charadas.
Caroline escolheu o coronel Fitzwilliam como seu parceiro, mas Elizabeth obstruiu seus esforços para reivindicar a sua atenção no final da tarde, convidando-o a dançar com Anne. Eles fizeram um casal animado, mesmo com as terríveis advertências refutadas de Lady Catherine de que Anne iria sofrer um ataque de tosse.
Kitty dançou com o Sr. Hunter, e até mesmo Mary foi persuadida a ir para a pista, mas ela protestou que a dança não era uma atividade racional e declarou que ela estaria muito melhor lendo um livro.
Quando todos os nossos hospedes se retiraram, fomos ao andar de cima.
— Cansada? Eu perguntei. Para responder, ela levantou a mão acima da cabeça, e vi que ela
estava segurando um ramo de visco.
Segunda-feira, 29 de Dezembro
Nossa festa terminou esta manhã. Lady Catherine e Anne foram as
primeiras a sair, acompanhadas pelo coronel Fitzwilliam. Elizabeth tinha a esperança de ouvir sobre o noivado, mas ainda que Fitzwilliam e Anne tenham passado uma grande parte do tempo na companhia um do outro, nada foi dito.
Os Bennets foram os próximos. Os últimos a partir foram Jane e Bingley.
— Vocês devem vir e nos visitar em Netherfield. Disse Jane. — E tragam Georgiana. Disse Bingley. Nós prometemos ir vê-los antes de muito tempo. No fim tivemos a casa só para nós. — É muito agradável ter convidados. Eu disse, depois que a
carruagem partiu. — Mas é ainda melhor vê-los partir. Nós voltamos para a sala de estar. Georgiana e Elizabeth foram logo
revivendo a visita, discutindo sobre as pessoas que tínhamos visto. Georgiana se aventurou a fazer um comentário humorístico sobre Lady Catherine, e olhou para mim para ver se ele tinha ofendido. Ao ver meu rosto, ela relaxou. Ela perdeu muito de sua timidez e está no caminho de se tornar uma aberta e confiante jovem mulher. Por isso, e por tantas coisas, eu tenho que agradecer a Elizabeth.
Terça-Feira, 16 de Dezembro Elizabeth guiou sua tia hoje pelas terras na carruagem aberta como
prometido, e ambas voltaram com brilhos nos olhos e um rubor em suas
maçãs do rosto.
– E você gosta de Pemberley tanto quanto a última vez que você
visitou? – Perguntei a ela.
– Muito mais, – respondeu ela. – Antes, era simplesmente uma casa
muito boa. Agora é a casa de Elizabeth.
– Deve ser uma maneira agradável de ver as terras, – disse Anne.
Havia um traço de melancolia na voz dela. Elizabeth ouviu, e disse. –
Você deve fazer um passeio comigo esta tarde.
Eu a abençoei por isso, Anne tem poucos prazeres em sua vida, eu
acredito.
Elas partiram depois do almoço, e embora a viagem fosse mais curta
que a anterior, voltaram com o humor animado.
– Eu acho que me equivoquei sobre Anne, – disse Elizabeth mais
tarde. – Eu, que me orgulhava de minha habilidade ao julgar pessoas a
partir de primeiras impressões das mesmas, pareço ter feito nada mais que
me equivocar este ano. Eu cometi um erro grave referente a você, e
acredito que tenha errado sobre Anne também. Tomei ela como doente e
indisposta, e eu pensei... – Ela parou abruptamente.
– Sim, o que você pensou? – Eu perguntei.
– Eu pensei que vocês dois, mereciam um ao outro, – disse ela
maliciosamente.
– É uma pena que eu não soube disto mais cedo, ou poderia tê-la
atendido casando com ela, – provoquei-a.
Eu nunca soube o que era provocar ou ser provocado antes de
conhecer Elizabeth, mas estava aprendendo.
– Ela não é tão doente ou indisposta como eu supus. Na verdade,
quanto mais saimos de casa, mais animada, ela se torna.
– Ela costumava ser muito mais animada quando erámos crianças, até
o inverno, quando ela teve um forte resfriado e uma tosse constante em
seu peito. Minha tia levou-a até o seminário e disse que ela não estava bem
o suficiente para voltar.
– Ah. Então ela esta sozinha em Rosings com Lady Catherine desde
então?
– Ela tinha seu companheiro.
– Era um companheiro corajoso estando com Lady Catherine. – Eu
concordei.
– O que você conversou com Anne?
– Para começar, falamos do parque. Ela tem boas recordações das
visitas de criança, e ela apontou o local em que perdeu a boneca, e o ponto
em que o Coronel Fitzwilliam a encontrou, embora ele não fosse um
coronel até então. Mas ele parece ter sido um bom menino. Não deveria
ser agradável para ele ter uma menina se arrastando atrás dele, mas ele
pareceu ter-lhe mostrado muita bondade.
– Ele sempre foi amavel com Anne.
– E então nós falamos de livros. Ela tem lido muito, e nós tivemos um
animado debate. Eu penso que ela é melhor longe de sua mãe. Vou pedir a
minha tia Gardiner que leve-a para fora na carruagem amanhã. Nós duas,
devemos ser capazes de separá-la de Lady Catherine durante a maioria de
sua estada.
Quinta-feira, 18 de
Dezembro
O grupo de casa está provando ser surpreendentemente agradavel.
Sra. Bennet está contente com o comprimento e a largura do caminho de
Pemberley, memorizando sua elegância para que ela possa perturbar seus
vizinhos relatando o esplendor no seu retorno à Longbourn. Lydia gasta
seu tempo flertando com o jardineiro. É inutil tentar pará-la, e pelo menos
isso a mantém longe das portas. Sr. Bennet fica na biblioteca na maioria
das vezes, se aventurando somente para as viagens de pesca. Lady
Catherine se ocupou em instruir Kitty e Mary no comportamento correto
para jovens senhoras, Kitty é tão admirada com a minha tia que se senta e
escuta-a com uma atenção lisonjeira pelas horas que passam juntas. Mary
também, se senta e escuta, intercalando com seus profundos pensamentos
de suas leituras. Caroline e Louisa se ocupam com suas revistas de moda,
enquanto o Sr. Hurst dorme durante a maior parte do tempo.
Anne tem mais chances de escapar sem avisar sua mãe, e tomou a
andar pelo terreno, onde ela muitas vezes é acompanhada pelo coronel
Fitzwilliam. A tosse parece perturbá-la menos do que antigamente, e ela
diz que é o exercício que está fazendo bem.
Quando os outros estão ocupados, é com Jane e Bingley, Georgiana,
Sr. e Sra. Gardiner, que Elizabeth e eu podemos passar a maior parte do
nosso tempo.
Sabado, 20 de Dezembro
Elizabeth e eu cavalgavamos com Jane e Bingley esta manhã para ver
uma propriedade a cerca de dez milhas de Pemberley. É uma excelente
casa, com boas vistas. Olhamos em volta, e Jane e Bingley ficaram muito
interessados com ela.
– Se não encontrar nada melhor, eu penso que vamos comprá-la, –
disse Bingley.
– Eu acredito que você está aprendendo a ter cautela, – eu disse a
Bingley. – Um ano atrás, você teria comprado de imediato.
– Impossível para mim fazer isso agora, – disse ele, sacudindo a
cabeça. – Se tem uma coisa que aprendi com você, Darcy, é que não se
deve comprar uma casa sem primeiro investigar em volta as outras
chaminés!
– Eu repreendi Bingley por não fazer nenhuma pergunta inteligente,
quando ele quis Netherfield, – eu expliquei, quando Elizabeth me olhou
intrigada.
– É uma coisa boa ele não tenha perguntado muito, – disse Elizabeth,
– Ou então talvez nós nunca teriamos nos encontrado.
Andamos de volta à casa, onde encontramos Sra. Bennet em uma
profunda conversa com a Sra. Reynolds, discutindo sobre quanto as
cortinas tinham custado, e quais eram as dimensões exatas do salão de
baile.
Anne estava na sala de estar com a senhora Gardiner, e suas risadas
alcançaram nós assim que entramos na sala.
Anne estava com uma expressão facial melhor do que antigamente.
Havia uma animação sobre ela que estava totalmente ausente quando ela
estava confinada com Lady Catherine, e, comigo mesmo, quando ela
pensou que teria que se casar comigo.
– Você gostou da casa? – perguntou a Sra. Gardiner.
– Sim, muito. – Disse Jane. – É um pouco menor que Netherfield,
mas ainda é uma casa de bom tamanho.
– Menor que Netherfield? – Perguntou a Sra. Bennet, entrando na
sala. – Isso nunca será.
– Mas está a uma curta distância de Pemberley, – disse Jane.
– Está certo, isso seria um favor. Nessa altura eu poderia visitá-las ao
mesmo tempo. Eu posso ficar com Lizzy primeiro e depois, querida Jane,
eu posso ficar com você. É uma longa jornada até Derbyshire para visitar
uma filha, mas uma distancia fácil para visitar duas. Ouso dizer que vou
estar aqui toda a hora.
– Eu pensei que o parque era um pouco pequeno, – disse Bingley,
com um olhar para Jane.
– E os sótãos são medíocres, – disse ela.
– Ah, se os sótãos são mediocres eu não devo contemplá-los, – disse
Sra. Bennet. – Era melhor que vocês tivessem permanecido em
Netherfield.
Março
Quarta-feira, 4 de março Sr. e a Sra. Collins chegaram esta manhã, e devem ficar por uma
semana. Eles acharam que era melhor deixar Kent enquanto a Sra
Catherine está em fúria. Ela acaba de saber que Anne está para se casar
com Coronel Fitzwillian.
– Sua senhoria não estava infeliz com a idéia a princípio, embora ela
gentilmente me confidenciou que preferia ter um homem de fortuna como
genro. Mas o respeitável Coronel tem um antigo e venerado nome, e ela
generosamente achou apropriado que ele deve aliar-se com seu próprio,
mais estimado, ramo da família. Ela foi condescendente o suficiente para
dar o seu consentimento, e dizer que Anne seria a noiva mais elegante do
ano. Eu era capaz de agradar sua senhoria dizendo que a Senhorita de
Bourgh será elegante em qualquer igreja na qual ela deve escolher para
casar.
– Mas sua senhoria mudou de idéia quando Anne deixou claro que
pretendia viver em Rosings, e que ela pretendia mudar sua mãe para a casa
do dote, – interferiu Charlotte.
– Senhora Catherine mais amavelmente declarou ser impossível. Ela
me honrou com a mais gentil confiança, dizendo que ela não sairia de sua
casa para atender a conveniência de um garoto imprudente, e ela foi para
graciosamente me informar que Anne era uma menina teimosa que não
tinha gratidão adequada.
– Anne apontou que, se ela fosse homem, sua mãe teria que deixar a
casa em seu casamento, para que sua senhoria respondeu que Anne não
era um homem, e que, portanto ela permaneceria. Eu esperava Anne para
ceder, – disse Charlotte, – mas ela não fez nada do tipo. O amor a fez forte
– A atmosfera, infelizmente, não foi das mais harmoniosas. De todas
as coisas, eu não gosto de um ar de discórdia. Ofende um homem de
minha profissão de uma forma que mal posso descrever. Eu tentei oferecer
um ramo de oliveira, dizendo que a casa dote era um edifício muito fino,
com apartamentos elegantes e suntuosos jardins, mas a Senhora Catherine
virou para mim um olhar de desaprovação que minha coragem vacilou, e
fui obrigado a adicionar: mas não tão fino como Rosings. Eu acho que
agradou sua senhoria.
– Mas não sua filha, – eu disse.
O rosto do Sr Collins caiu.
– Não. Eu temo que é impossível permanecer em bons termos com
os dois, e assim nós sentimos que era melhor virmos embora.
– E não havia outra razão para nossa visita. Eu queria que você visse
Elinor, – disse Charlotte.
A enfermeira trouxe Elinor pra frente. Eu nunca vi nenhum atrativo
em bebês, mas Elizabeth ficou encantada com a pequena menina, e levou-a
da enfermeira. Enquanto ela embalava o bebê nos braços, ela olhou para
mim de uma forma que fez meu coração parar, e de repente, os bebês se
tornaram a coisa mais interessante no mundo para mim.
Eu pensei que ano passado foi o mais feliz da minha vida, mas eu
acho que este vai ser ainda melhor.
Fim!
Este e-book é um trabalho feito de fãs para fãs, proporcionando
assim o beneficio da leitura para aqueles que não compreendem
outras línguas.
A venda ou troca desses livros é expressamente proibida e
condenável em qualquer circunstancia.
Gostou do livro? Então por favor, considere seriamente a
possibilidade de comprá-lo quando ou se for lançado no Brasil.
Assim os autores continuam a escrever e Editoras a publicar.
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