View
221
Download
3
Category
Preview:
Citation preview
ANÁLISE CRÍTICA DOS INDICADORES DE
MONITORAMENTO DO CEO-R JUAZEIRO DO
NORTE X MODELO DE GESTÃO CONSORCIAL
EDLANE MARTINS DE ANDRADE MÁRIO CÉSAR SOUSA DE OLIVEIRA
JANINI FILGUEIRA ROSAS ANGÉLICA BARBOSA OLIVEIRA DANTAS
2
Painel 25/075 Planejamento estratégico e gestão por resultados na área da saúde
ANÁLISE CRÍTICA DOS INDICADORES DE MONITORAMENTO
DO CEO-R JUAZEIRO DO NORTE X MODELO DE GESTÃO CONSORCIAL
Edlane Martins de Andrade
Mário César Sousa de Oliveira
Janini Filgueira Rosas Angélica Barbosa Oliveira Dantas
RESUMO
O Centro de Especialidades Odontológicas Regional (CEO-R) Juazeiro do Norte-CE
é uma Unidade de Saúde gerida através de Consórcio Público de Saúde, composto por 6 municípios e o Estado do Ceará. Sua missão é promover a saúde bucal
através de serviços odontológicos especializados, resgatando sorrisos, elevando a auto estima e a qualidade de vida da população. É classificado como CEO Tipo III, dispõe de 11 consultórios e oferta 6 especialidades: Endodontia, Ortodontia, Prótese
Oral, Periodontia, Cirurgia Oral Menor com Ênfase na Detecção Precoce do Câncer de Boca e Atendimento a Pessoas com Deficiência. O CEO-R Juazeiro do Norte é
mantido por recursos financeiros das 3 esferas governamentais, e por receber recursos federais, é avaliado pelos indicadores da Portaria Nº 1.464, de 24 de Junho de 2011. O objetivo deste trabalho é analisar os indicadores de monitoramento da
referida portaria dos 3 últimos anos de funcionamento do CEO-R Juazeiro do Norte, finalizando com uma análise crítica do desempenho da unidade x modelo de gestão
adotado.
3
1 INTRODUÇÃO
A prática odontológica, no Brasil, esteve distante de se caracterizar
enquanto prática tradicionalmente instituída nos serviços públicos de saúde. As
desigualdades sociais presentes nos indicadores do processo saúde-doença
implicam em desigualdades nos padrões de doenças e também no padrão de
utilização dos serviços.
A redução das disparidades socioeconômicas e medidas de saúde
pública dirigidas aos grupos mais vulneráveis permanecem como um desafio para
todos os que formulam e implementam as políticas públicas no Brasil .
Como resposta, o Ministério da Saúde desde 2004, por meio da Política
Nacional de Saúde Bucal, conhecida como “Brasil Sorridente”, vem aumentando o
volume de investimentos e ações com vistas à melhoria da condição de saúde bucal
da população, consolidação de um modelo de atenção em saúde bucal pautados
nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS.
A política também incentiva o aumento da oferta de procedimentos nos
níveis secundário e terciário da atenção com a implantação dos CEO – Centros de
Especialidades Odontológicas, com vista a cumprir o princípio da integralidade da
atenção, pois se constatou que o perfil da assistência odontológica no SUS era
caracterizado por uma grande desproporção na oferta de procedimentos
odontológicos básicos e especializados.
Entretanto, as mudanças não ganharam a visibilidade almejada; pois para
além de uma articulação entre os três níveis de atenção há de evidenciar a
complexidade dos serviços odontológicos diretamente associado ao tipo de
investimento financeiro da gestão bem como sua relação com outros fatores,
características dos equipamentos e disponibilidade de profissionais especializados.
Pensando nisso, os gestores veem-se impulsionado a desenvolver
projetos onde os recursos sejam aproveitados de forma racional e econômica, a fim
de que não haja prejuízo na execução das ações administrativas a nível local,
especialmente as de caráter essencial e estratégica, como a saúde (CEARÁ, 2009).
Através da estratégia de Consórcios, a população tanto dos pequenos
como dos municípios de médio porte, passa a ter acesso aos mesmos serviços,
fortalecendo a regionalização. A sua prática na saúde opera na forma de rede em
4
diferentes graus de estruturação e abrangência, mas nenhuma delas tem sido tão
participativa e resolutiva no enfrentamento aos problemas de saúde no âmbito local,
quanto a rede consorciada e interfederativa em saúde (NOGUEIRA; SANTANA;
SILVA, 2014).
Diante do exposto, analisar os indicadores de monitoramento do Centro
de Especialidades Odontológicas de Juazeiro do Norte abre a discussão sobre o
papel da oferta da atenção secundária no modelo Consorcial em saúde bucal.
2 OBJETIVO
Analisar os indicadores de monitoramento da Portaria Nº 1.464, de 24 de
Junho de 2011 nos 3 últimos anos de funcionamento do Centro de Especialidades
odontológicas Regional de Juazeiro do Norte, finalizando com uma análise crítica do
desempenho da unidade versus modelo de gestão adotado.
3 CONSÓRCIO PÚBLICO
Consórcios Públicos ou Consórcios intergovernamentais são associações
voluntárias entre entes governamentais para produção e compartilhamento de
valores públicos, requerendo cooperação entre as partes interessadas na realização
de objetivos comuns (ANDRADE; MACHADO, 2014).
É um modelo disponível para os gestores públicos e atores políticos que
podem ser utilizados em praticamente todas as áreas de atuação e de
responsabilidade da Administração Pública (BATISTA, 2011).
O mesmo consórcio pode abranger mais de uma área de atuação. Assim,
os mesmos entes podem utilizar uma estrutura administrativa já consolidada e
transformá-la em um consórcio multifuncional. Destacar como o principal objetivo da
construção e manutenção de um consórcio, a otimização na gestão pública
municipal ou regional uma maior sensibilidade política pela aproximação com a
realidade dos cidadãos (VIANA, 2008).
5
Os consórcios podem ser firmados entre todas as esferas de governo
(união, estados e municípios) e em dois sentidos. O sentido Horizontal compreende
a cooperação entre dois ou mais entes da mesma esfera e nível organizacional
como por exemplo: dois ou mais municípios, dois ou mais estados. No sentido
Vertical a cooperação destina-se a entes de diferentes esferas e níveis
organizacionais como: Estado e Municípios; União e Estados; União e Municípios;
União, Estado(s) e Município(s) entra outras (GOVERNO DO ESTADO DO
CEARÁ, 2009).
Após a publicação da Emenda Constitucional nº19/1998, alterando
dentre outros, o Art. 241 da Constituição Federal de 1988 passa a vigorar com a
seguinte redação:
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos (BRASIL, 1998).
Vale ressaltar que muitos destes projetos, recursos e ações, realizados
de forma comparti lhada, não estariam disponíveis ou não seriam viáveis para a
maioria dos municípios brasileiros se a caminhada fosse soli tária (DALLABRIDA &
ZIMERMANN, 2008).
Este modelo de gestão, com uma visão associativa e não centralizadora,
resulta em um melhor aproveitamento de recursos públicos. O consórcio auxilia
promovendo uma gestão com visão local, focada nas diferenças e dificuldades
peculiares a uma força regional, capaz de viabi lizar recursos financeiros e
aumentar o acesso e a complexidade na assistência aos munícipes (ANDRADE;
MACHADO, 2014).
6
Figura 1 – Tipos de prestação de serviços públicos.
Fonte: Da própria autora.
4 CONSÓRCIO PÚBLICO NA SAÚDE DO CEARÁ
A sociedade cada dia mais valoriza a qualidade de vida e cobra do setor
público este retorno. A prestação de serviços públicos deve ter como objetivo
atender às necessidades coletivas da sociedade com eficiência e qualidade. Para a
Administração Pública atender esta demanda que somente tende a aumentar,
recorre da transferência da prestação de seus serviços para suprir suas
competências e obrigações (ANDRADE; MACHADO, 2014).
Os Consórcios Públicos em Saúde ocupam, atualmente, o papel de
destaque na Política de Saúde do Estado do Ceará. Por meio dessa estratégia, está
sendo possível promover mudanças efetivas e possibilitar à população, o acesso a
serviços especializados, com qualidade, além de levantar a discussão sobre
financiamento da Atenção Especializada e o processo de organização da Rede de
saúde (CEARÁ, 2009).
O Ceará optou pela gestão consorciada, por ser a estratégia mais
compatível com os princípios do SUS e a que mais favorece o processo de
regionalização e descentralização das ações e serviços de saúde, entre outras
vantagens (CEARÁ, 2009).
7
A maior conquista alcançada com a implantação dos consórcios foi a
reversão do modelo de gestão individual, pouco resolutiva e onerosa para o sistema
de saúde, para um modelo compartilhado de recursos financeiros, recursos
humanos, tecnológicos, equipamentos, transportes, insumos, priorizando a parceria,
as decisões conjuntas sobre as questões de saúde (NOGUEIRA; SANTANA; SILVA,
2014).
Para condução do processo de implantação, a regionalização, que é uma
diretriz do Sistema Único de Saúde foi um eixo estruturante norteador da
descentralização e organização das ações e serviços de saúde, no âmbito regional
(CEARÁ, 2009).
O Ceará, através da Regionalização, dividiu e estado territorialmente em
vinte e duas microrregiões de saúde e cinco macrorregiões de saúde. Em cada
microrregião há uma instância de representação do Estado denominada
Coordenadoria Regional de Saúde (CRES).
As regionais de saúde por meio da participação das coordenadorias
regionais foram determinantes para a construção das redes de atenção à saúde no
SUS e no processo de implantação dos Consórcios, no levantamento e informações
sobre a saúde dos municípios, na realização de diagnósticos situacionais, demandas
atendidas e não atendidas, ofertas de serviços, organização das oficinas de
sensibilização aos gestores, equipes e prefeitos (NOGUEIRA; SANTANA; SILVA,
2014).
A estratégia de Rede Interfederativa em Saúde, ao mesmo tempo em que
estabelece uma nova forma de intervenção positiva para melhorar a situação de
saúde no interior do Estado, agrega valor histórico e de vanguarda nas suas práticas
(NOGUEIRA; SANTANA; SILVA, 2014).
A formação dos Consórcios envolve um conjunto de etapas a serem
seguidas e devem estar bem claras e definidas na lei da sua criação (CEARÁ,
2009).
O Estado do Ceará optou por estimular a formação de Consórcios em
saúde tomando por base os municípios localizados numa mesma microrregião de
saúde, visando facilitar o processo de estruturação de redes de atenção à saúde e
tendo como referência o Plano de Desenvolvimento Regional – PDR.
8
Etapas necessárias à constituição dos Consórcios:
Articulação entre os gestores municipais e coordenadorias
microrregionais de saúde – CRES.
Elaboração do Protocolo de Intenções.
Ratificação do Protocolo de Intenção pelo Poder Legislativo de cada
ente consorciado, o que o transforma na Lei do respectivo Consórcio.
Elaboração do Estatuto e/ou Regimento Interno.
Pactuação do Contrato de Programa, obrigações referentes a
encargos, serviços e bens necessários à implementação dos
Consórcios, transferência de bens, cessão de pessoal para o
Consórcio e outros compromissos não relacionados a recursos
financeiros.
Em relação à prestação de serviço de saúde, é fundamental a
elaboração de uma Programação Pactuada Consorcial – PPC.
Contrato de Rateio, cuja finalidade é estabelecer obrigações
financeiras, ou seja, os compromissos da aplicação dos recursos pelos
entes consorciados.
Definição da dotação orçamentária específica ou créditos adicionais
por cada ente consorciado para assumir os compromissos no
pagamento das despesas assumidas no contrato de rateio.
Estruturação e organização do Consórcio.
5 CONSÓRCIO PÚBLICO DE SAÚDE DA MICRORREGIÃO DE JUAZEIRO DO NORTE – CPSMJN
O programa de expansão a melhoria da assistência especializada a
saúde do estado do Ceará, através do processo de Regionalização, dividiu
territorialmente o Estado em 22 microrregiões de Saúde, na qual a microrregião de
Juazeiro do Norte corresponde a 21ª Região de Saúde – 21ª CRES.
9
Figura 2 – Mapa das Microrregiões de Saúde do Ceará e de Juazeiro do Norte.
Fonte: SESA/2014.
Essa regional de saúde foi compreendida por seis municípios conforme o
quadro abaixo.
Quadro 1 – Municípios consorciados e a população.
Fonte: IBGE Resolução Nº 10 – 28 de agosto 2013.
MUNICÍPIOS CONSORCIADOS POPULAÇÃO
Barbalha 57.818 hab.
Caririaçu 26.821hab.
Granjeiro 4.569 hab.
Jardim 27.067 hab.
Juazeiro do Norte 261.289 hab.
Missão Velha 35.056 hab.
TOTAL 412.620 hab.
21ª Microrregião de Saúde Juazeiro do Norte
GRANJEIRO
CARIRIAÇU
JUAZEIRO DO NORTE
BARBALHA
MISSÃO VELHA
JARDIM
10
Conforme a Rede assistencial, cada Consórcio Público é responsável
pelo gerenciamento de uma Policlínica, de um CEO-R e do transporte sanitário dos
pacientes que no presente caso, localiza-se no município de Barbalha e Juazeiro do
Norte, respectivamente. Conforme o modelo abaixo.
Figura 3 – Consórcio Público de Saúde da Microrregião de Juazeiro do Norte responsável
por duas unidades de Saúde de média complexidade.
MÉDIA COMPLEXIDADE
CEO – R* POLICLÍNICA
(Inaugurada 12/2009) (Inaugurada 12/2013) Fonte: Da própria autora.
6 CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS.
A Odontologia, durante anos esteve à margem das políticas públicas de
saúde. O acesso dos brasileiros à saúde bucal era extremamente difícil e limitado,
fazendo com que as pessoas se acostumassem a só procurar atendimento
odontológico em casos de dor.
Essa demora na procura ao atendimento aliada aos poucos serviços
odontológicos oferecidos perpetuou a visão da odontologia mutiladora e do cirurgião-
dentista com atuação apenas clínica.
CPSMJN
11
Para mudar esse quadro, em 2003 o Ministério da Saúde lançou a Política
Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente. O Brasil Sorridente constitui-
se de uma série de medidas que têm como objetivo garantir as ações de promoção,
prevenção e recuperação da saúde bucal dos brasileiros, entendendo que esta é
fundamental para a saúde geral e qualidade de vida da população.
Sua principal meta é a reorganização da prática e a qualificação das
ações e serviços oferecidos, reunindo ações voltadas para os cidadãos de todas as
idades, com ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito aos
brasileiros, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma das principais linhas de ação do Brasil Sorridente é a ampliação e
qualificação da atenção especializada (especialmente com a implantação de Centros
de Especialidades Odontológicas – CEO).
Figura 4 – Principais ações da Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente.
Fonte: Ministério da Saúde, 2010.
O papel do serviço de atenção secundária em saúde bucal nestes países
corresponde tanto à oferta de tratamento em especialidades odontológicas quanto à
elaboração de planos de tratamento pelos dentistas especialistas aos usuários
referenciados, onde a realização do tratamento é realizada na atenção primária após
a contra referência do caso, ou seja, funcionando também como um serviço de
consultoria odontológica (NOHL; FAIRBROTHER 2000).
12
Os Centros de Especialidades Odontológicas são serviços de atenção
secundária devendo se constituir em unidades de referência para a Atenção Básica,
integrados ao processo de planejamento loco-regional que devem ofertar,
minimamente, as especialidades de periodontia, endodontia, pacientes com
necessidades especiais, diagnóstico bucal e cirurgia oral menor.
Em função dos seus recursos físico-estruturais podem ser classificados
em três tipos: Centros de Especialidades Odontológicas tipo I (três cadeiras
odontológicas); Centros de Especialidades odontológicas tipo II (quatro a seis
cadeiras Odontológicas);e, Centros de Especialidades Odontológicas tipo III (mais
de sete cadeiras odontológicas). Devem funcionar 40 horas semanais, sendo o
número de profissionais variável em função do tipo de Centro de Especialidades
Odontológicas (SAÚDE, 2006).
Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) são
estabelecimentos de saúde classificados como clínica especializada/ambulatório de
especialidade que oferece serviços de odontologia gratuitos à população e realiza,
no mínimo, as seguintes atividades:
I – Diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer
bucal;
II – Periodontia especializada;
III – Cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros;
IV – Endodontia; e
V – Atendimento a pacientes com necessidades especiais.
6.1 Centro de Especialidades Odontológicas Regional Doutor Ticiano Van Den
Brule – CEO-R Jn
O Centro de Especialidades Odontológicas recebeu esse nome em
homenagem ao odontólogo Ticiano Van Den Brule Matos nascido em 05 de março
de 1957, em Juazeiro do Norte.
O Centro de Especialidades Odontológicas Doutor Ticiano Van Den Brule
Matos oferece serviços especializados em saúde bucal à população de 412.620 mil
habitantes de Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Jardim, Missão Velha e Juazeiro do
Norte, municípios que integram a 21ª Microrregião de Saúde.
13
O Centro de Especialidades Odontológicas tem uma equipe de 41
profissionais entre técnicos e cirurgiões-dentistas. São 16 dentistas realizando uma
média de 110 atendimentos diários garantido pelo Sistema Único de Saúde.
O CEO-R inaugurado em dezembro de 2009 tem um perfil físico funcional
composto por uma Clínica Integrada com 09 cadeiras odontológicas destinadas ao
atendimento nas seguintes especialidades: Endodontia, Prótese/Dor Orofacial,
Periodontia e Ortodontia/Ortopedia Funcional dos Maxilares; 02 consultórios
dedicados para procedimentos em Cirurgia Oral Menor/Estomatologia e para
Atendimento a Pacientes Portadores de Necessidades Especiais. A Unidade
apresenta ainda Laboratório de Prótese e Órtese Odontológica e Serviço de Apoio
Diagnóstico com Radiologia Odontológica Periapical e panorâmico digital.
7 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo desse trabalho foi do tipo descritivo, quantitativo, de caráter
avaliativo normativo; utilizou dados da série histórica da produção de procedimentos
odontológicos realizados no Centro de Especialidades Odontológicas Regional de
Juazeiro do Norte registrados pelo SIA/SUS nos anos de 2012 a 2014.
Os dados coletados foram retirados do Departamento de Informática do
SUS (DATASUS); tabulados pelo programa TABWIN (Ministério da Saúde, Brasil)
sendo exportados para o programa Excel, versão 2000 (Microsoft Corp. Estados
Unidos), onde foi feita consolidação e agrupamento de acordo com os grupos de
procedimentos odontológicos que deveriam ser avaliados.
A avaliação normativa consistiu na análise da produção anual por grupo
de procedimentos odontológicos em função das metas de desempenho
estabelecidas para o Centro de Especialidade Odontológica tipo III, segundo a
Portaria nº. 1464/GM de 2011. As especialidades odontológicas oferecidas pela
Unidade foram agrupadas em procedimentos da atenção básica destinado ao
atendimento de Pacientes com Necessidades Especiais; assim como os demais nos
grupos de Cirurgia Oral Menor, Periodontia e Endodontia.
14
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O CEO-R está inserido dentro da Rede de Atenção da Saúde Bucal,
ficando responsável por realizar ações de reabilitação e recuperação das sequelas
de problemas orais, além de priorizar o atendimento para pacientes com suspeita de
câncer de boca, no intuito da detecção precoce da doença, garantindo um
diagnóstico ainda em fase inicial, promovendo uma maior sobrevida aos pacientes.
A integralidade da Atenção em Saúde Bucal se faz presente quando
consegue-se dar continuidade ao cuidado iniciado na Atenção Básica e, quando
necessário, atuar como a porta de entrada da Atenção Terciária, acompanhando o
paciente em toda sua trajetória.
Este estudo foi baseado na necessidade de se analisar o serviço de
saúde ofertado pelo CEO-R de Juazeiro do Norte, Tipo III, levando em conta o
modelo de gestão consórcios públicos, adotado pelo Estado do Ceará para suas
Unidades de Atenção Secundária.
Em relação a estudos de Desempenho de CEOs geridos por
administração direta, Paulo Goes (2007) diz que “avaliação do Desempenho, pela
medição do Cumprimento Global das Metas segundo macrorregião mostrou que na
maioria das regiões o desempenho dos CEO foi ruim”.
A análise dos dados vai permitir a visualização da produção da Unidade e
servir de base orientadora na tomada de decisão pela direção, ajustando e/ou
mantendo o que for necessário para o alcance das metas propostas pela Portaria Nº
1.464, de 24 de junho de 2011.
Foram analisados os dados do CEO Regional de Juazeiro do Norte –
Ceará nos anos de 2012, 2013 e 2014. A avaliação do desempenho da unidade,
feita pela medição do cumprimento metas da Portaria supracitada, mostrou o
seguinte resultado de acordo com os gráficos abaixo:
15
8.1 análise das metas por especialidade
Fonte: DATASUS
8.2 Análise da especialidade de endodontia
Para o cumprimento da produção mínima mensal dos procedimentos de
endodontia é obrigatório que seja realizado, no mínimo, 20% dos procedimentos
obturação em dente permanente com três ou mais raízes e/ou retratamento
endodôntico em dente permanente com 3 ou mais raízes. Se a meta da
especialidade é 95 procedimentos mês, desses, 19 devem ser em dentes com 3 ou
mais raízes.
*Fonte: DATASUS
16
8.3 Análise da meta da especialidade de pacientes especiais
Para o cumprimento da produção mínima mensal dos procedimentos
básicos é obrigatório que seja realizado, no mínimo, 50% de procedimentos
restauradores. Se a meta da especialidade é 190 procedimentos mês, desses, 95
devem ser restauradores.
*Fonte: DATASUS
Diante dos resultados, podemos observar que na análise da
especialidade de Cirurgia, em 2012, não se alcançou o proposto, e a meta
específica de procedimentos restauradores de Pacientes Especiais, em 2012, não
se atingiu a proporção de 50% em relação aos procedimentos totais. Vale salientar
que esses dois casos foram pontuais. No restante, todas as metas foram atingidas
com êxito e se mantendo ao longo dos anos de funcionamento da Unidade.
Acredito que o modelo de gestão Consórcio Público tenha impacto direto
nesse resultado, visto que o financiamento do CEO se mantém uniforme, garantindo
insumos e profissionais constantes, fazendo com que não haja solução de
continuidade nos atendimentos, ficando totalmente viável o alcance das metas
propostas.
17
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do total das metas analisadas, pode-se considerar que o CEO-R Juazeiro do
Norte vem mantendo um excelente desempenho ao longo dos anos de
funcionamento.
Fica clara a importância do monitoramento e avaliação da Unidade no que
concerne a orientação da tomada de decisões por parte da direção, para que se
garanta alcance de metas, sem queda na qualidade do serviço.
O modelo de gestão Consórcio Público vem se mostrando eficiente e eficaz
na manutenção e custeio deste CEO, o que se pôde comprovar pelo alcance do que
foi proposto pelo Ministério da Saúde, dentro da política do Brasil Sorridente.
Garantir um SUS resolutivo e de qualidade é o desafio de cada dia dos
gestores dos serviços de saúde, mas não impossível, desde que se lance mão de
estratégias para se alcançar a excelência, como a experiência que foi relatada aqui.
10 REFERÊNCIAS
AMORIM, M. R. M. A. J.; Consórcios Públicos – O Poder de diálogo das
prefeituras junto aos governos estadual e federal. Disponível em < http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/conj/conj8/10.htm > Acesso em 27 de fevereiro de 2015. ANDRADE, M. L. C.; MACHADO, J. A. Cooperação intergovernamental, consórcios públicos e sistemas de distribuição de custos e benefícios. Revista da Administração Pública, v. 48, n.3, maio/junho, Rio de Janeiro, 2014.
BASTOS, F. A. Os Consórcios intermunicipais e a Nova Legislação. Revista Polêmica, nº 19, mar/jun, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: Acesso em: 01 de
fev. de 2012. BATISTA, S. As Possibilidades de implementação do consórcio público. 1. Ed. – Brasília, DF: Caixa Econômica Federal, 244p. (Guia de Consórcios Públicos; v.3), 2011. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil.
Brasília, promulgada em 05 de outubro de 1988.
18
BRASIL. Decreto nº 6.017 de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a Lei no 11.107,
de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. Diário Oficial da União em 18 de janeiro de 2007. _______. Lei nº 11.107 de 06 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de
contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Diário Oficial da União em 07 de abril de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm> CEARÁ (Estado). Secretaria da Saúde. Manual de Orientação – Consórcios
Públicos em Saúde no Ceará – Estratégia para o fortalecimento da regionalização da saúde. Ceará, 2009. CEARÁ. SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ – Consórcios Públicos de Saúde do Estado do Ceará. Estatutos padronizados; Fortaleza,
2009. CRUZ, M. C. M. T.; ARAÚJO, F. F.; BATISTA, S. Consórcios numa perspectiva histórico-institucional. Cadernos Adenauer XII. Municípios e Estados: experiências
com arranjos cooperativos, Rio de Janeiro, n. 4, p. 111-124, 2011. Disponível em http://www.kas.de/wf/doc/6761-1442-5-30.pdf Acesso: 27 de fevereiro de 2015. DALLABRIDA, V. R.; ZIMERMANN, V. J. Descentralização na gestão pública e estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento: o papel dos consórcios 32 intermunicipais. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v.5,
n. 3, p. 3-28, set./dez. 2009. Disponível em: < www.rbgdr.net/032009/artigo1.pdf>. Acesso em: 17 de fev. de 2015. Diário Oficial do Estado do Ceará (DOECE). Pág. 72. Caderno 2. de 13 de Dezembro de 2013. Extrato Contrato do Programa do Consorcio Público de Saúde da Microrregião de Juazeiro do Norte, 2014.
FAIRBROTHER KJ, NOHL FSA. Perceptions of general dental practitioners of a local secondary care service in restorative dentistry. Br Dent J 2000; 188:99-
102. GOES, P.S.A.; FIGUEIREDO, N. Construção da Atenção Secundária em Saúde Bucal: um estudo sobre os Centros de Especialidades Odontológicas em Pernambuco, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25 (2): 259-267,
fev.2009. KNIGHT, Jack. Institutions and social conflict. Cambridge: Cambridge University
Press, 2001. MACHADO, G. G.; DANTAS, C. B. Constituição de consórcios públicos e implicações da Lei no 11.107/2005 nas associações intermunicipais anteriores.
In: PIRES, M.C. S.; BARBOSA, M. E. B. Consórcios públicos: instrumento do federalismo cooperativo. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 165-192.
19
MILLER, G.; HAMMOND, T. Why politics is more fundamental than economics. Journal of Theoretical Politics, v. 6, n. 1, p. 5-26, 1994.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº. 599 de 2006. Define a implantação de
Especialidades Odontológicas (CEO) e de Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPDs) e estabelecer critérios, normas e requisitos para seu
credenciamento. Diário Oficial da União 2006. MINISTERIO DA SAÚDE, Portaria nº 718/SAS, de 20 de dezembro de 2010,
republicada em 31/12/2010. NOTA TÉCNICA Assunto: Passo a Passo para implantar Centro de Especialidades Odontológicas – Programa Brasil Sorridente.
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_brasil_sorridente.php?conteudo=ceo <Acessado em 28 de abri l de 2015>.
NOGUEIRA,M.F.N; SANTANA, W.W.M.; SILVA, L.A.C. Consórcios Públicos de Saúde no Ceará: da implantação à gestão. Fortaleza, 2014.
OLSON, J.M. The logic of collective action: public goods and the theory of
groups. Nova York: Schocken Books, 1968.
VIANA, A. L. A. et al. Novas perspectivas para a regionalização da saúde. São
Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. São Paulo, 2008. Disponível em: www.seade.gov.br/produtos/spp/v22n01/v22n01_07.pdf. Acesso em: 11 de
janeiro de 2015. RIBEIRO, W. A. Cooperação Federativa e a Lei de Consórcios Públicos. –
Brasília DF: CNM, 2007. SCHARPF, F. W. Games real actors play: actor-centered institucionalism.
Boulder: Westview Press, 1997. TSEBELIS, G. Jogos ocultos: escolha racional no campo da política comparada. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 1998.
20
___________________________________________________________________
AUTORIA
Edlane Martins de Andrade – Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Juazeiro do Norte.
Endereço eletrônico: edlanemartins@hotmail.com
Mário César Sousa de Oliveira – Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Juazeiro do Norte Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Juazeiro do Norte.
Endereço eletrônico: objetiva.gestão@hotmail.com
Janini Filgueira Rosas – Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Juazeiro do Norte.
Endereço eletrônico: janinifr@hotmail.com
Angélica Barbosa Oliveira Dantas – Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Juazeiro do Norte.
Endereço eletrônico: abarbosaodantas@yahoo.com.br
Recommended