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CAPÍTULO 12
“UM LUGAR AO SOL”
DE RICARDO NASCIMENTO
REVISADO EM
13/08/2012
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
AFONSO
ÁLVARO
ANDRÉA
BEATRIZ
CARLOS
CLARICE
DIVA
EDUARDO
ELISA
FÁTIMA
FERNANDA
GILSINHO
GILSON
GLADIS
HEITOR
INGRID
ISABEL
JOÃO
JURANDIR
LEINHA
LINDA
LÚCIA
MARCELO
MARIA LUIZA
MAURO
RAFAELA
REGINA
RITINHA
RUTE
SANDRA
SHEYLA
SILVIA
VERA
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DESTE CAPÍTULO:
Figurantes – Moradores comunidade carioca.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
2
CENA 01. ATELIÊ. INTERIOR. DIA.
Ponto onde paramos no capítulo anterior.
Fernanda, Carlos, Diva e Isabel. Tensão. Closes
alternados.
DIVA: - Carlos?
CARLOS: - A senhora não é quem eu to pensando/
Fernanda, ela é a/
FERNANDA: - Isso mesmo Carlos. Minha mãe.
ISABEL: - O que eu faço Fernanda?
FERNANDA: - Tudo bem Isabel. Pode ir. Eu vou
receber o seu Carlos.
Isabel sai de cena.
CARLOS: - Fernanda desculpa o meu jeito. Mas
eu tava ficando louco, eu precisava
falar com você.
DIVA: - Foi Deus que te colocou aqui hoje,
agora, nesse exato momento.
FERNANDA: - (repreende) Mãe.
CARLOS: - Dona Diva que bom que a senhora me
entende. Eu sei que pode parecer
loucura, mas eu amo a sua filha, e eu
sei que ela também me ama.
DIVA: - Carlos eu não vou falar quanto ao
amor, mas vocês tem uma história.
FERNANDA: - (apreensiva, repreende) Mãe!
CARLOS: - Fernanda desculpa mesmo o jeito que
eu invadi aqui o seu trabalho, nem
pensei, seu marido podia estar aqui
contigo, olha o problemão. Mas eu to
pirando. To entrando em parafuso.
Preciso de uma resposta sua. Eu quero
saber, se você ainda gosta mesmo de
mim, se eu devo esperar você resolver
a sua vida ai com o Bruno.
DIVA: - Então Fernanda, o Carlos esta
esperando uma resposta sua. E eu
também.
Close em Fernanda. Corte continuidade.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
3
CENA 02. CASA RAFAELA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO CENA 25. CAPÍTULO 11.
Afonso estarrecido com a cena. Rafaela esconde o
sorriso. Eduardo segura Marcelo.
AFONSO: - O que é isso, Eduardo? Você pode me
explicar o que isso significa?
EDUARDO: - Pai, eu não posso falar agora, o
Marcelo precisa de ajuda.
AFONSO: - Eu estou vendo o estado deplorável
em que esse rapaz se encontra.
EDUARDO: - Pois é. Ele esta com uns problemas,
me ligou querendo conversar, acabou
bebendo demais/
AFONSO: - E isso é só bebida mesmo?
EDUARDO: - Claro pai.
RAFAELA: - Esse rapaz não é aquele do
noticiário? Aquele que agrediu outro
na boate?
EDUARDO: - É sim. Marcelo Almeida Mota.
AFONSO: - E é esse o tipo de amizades que você
tem? É esse o tipo de gente que você
trás pra dentro da nossa casa?
EDUARDO: - Não estou entendendo a sua, doutor
Afonso. O Marcelo é filho do seu
amigo, aquele médico, doutor Heitor.
Ele estava aqui em casa, outro dia, no
casamento do Álvaro.
AFONSO: - Mas esse rapaz não é boa gente. A
presença dele não configura boa coisa.
Uma má influencia pra você.
EDUARDO: - Já passei dessa idade de sermão,
pai. Já sou bem grandinho. Sei me
cuidar. Agora deixa eu ajudar o meu
amigo, que esta precisando.
AFONSO: - Tem certeza que esse garoto não esta
drogado, Eduardo?
EDUARDO: - Depois a gente conversa. Gládis,
leva um café bem forte pra mim, por
favor.
Eduardo sobe as escadas levando Marcelo. Gladis sai de
cena.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
4
RAFAELA: - Ta vendo? Agora você esta entendendo
o motivo da minha preocupação.
AFONSO: - Agora eu estou começando a achar que
você tem razão. Esse rapaz ai, sei
não. O Edu é ingênuo, pode ser
influenciado.
RAFAELA: - Eu só quero o bem da nossa família,
meu amor. Eu prometi isso a Laura,
minha prima, que eu iria cuidar de
você, do Álvaro e do Eduardo.
AFONSO: - Você é uma super mulher, Rafaela.
Deus escreve certo por linhas tortas,
quando levou a Laura me deu você de
presente. (sedutor) Agora vem cá, to
morrendo de saudades de você. Há
quanto tempo a gente não fica junto,
hein. Há quanto tempo você não cumpre
com os seus deveres matrimoniais.
RAFAELA: - Êpa. Pode parar, pode tira o seu
cavalinho velho e manco da chuva.
AFONSO: - Que isso Rafaela. Esse cavalinho
aqui é um garanhão puro sangue.
RAFAELA: - Nem nos áureos tempos Afonso, o seu
cavalo é um pangaré cansado. Agora vai
lá em cima, vai, vai tomar um banho,
trocar essa roupa que eu estou
exausta.
Rafaela sai de cena. Afonso suspira desapontado e se
joga no sofá. Ele olha, certifica-se que Rafaela já
subiu as escadas, pega seu celular e disca.
AFONSO: - (cel) Sandra? Quero você hoje a
noite. Vou dar um jeito de fugir aqui
de casa e vou estar no seu apartamento
as nove. Esteja preparada, porque eu
to com a corda toda.
Já cortou.
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CENA 03. AP LÚCIA. INTERIOR. DIA.
Clima melancólico. Silêncio. Gilson sai do quarto, de
cabelos molhados, ainda se enxugando com uma toalha. Ele
esta escabreado. Lucia termina de por a mesa para o
jantar.
LUCIA: - (séria) O jantar já esta pronto.
Gilson muito sem graça se senta, em silêncio. Lúcia
serve o marido.
GILSON: - Lúcia Helena, eu quero te pedir
desculpas. Eu sei que eu to pisando na
bola direto, errei feio com você, com
as crianças. Mas eu to com a cabeça
quente. Aquele almofadinha lá da
construção, aquele Mauro, apareceu de
novo, pagando geral pra mim, me
humilhando na frente dos piões, eu
fiquei louco e o pior que eu não posso
falar nada, ele é sobrinho do dono da
construtora.
LUCIA: - Eu sei Gilson. Eu entendo os seus
problemas. Já conversei com a Ritinha
e o Gilsinho. Expliquei o que esta
acontecendo. Eles também entenderam.
GILSON: - Cadê eles, eu quero pedir desculpas.
LUCIA: - Ritinha ta na casa da amiga aqui do
andar debaixo. O Gilsinho ta no
quarto, fazendo a lição. Depois você
fala com eles.
GILSON: - Ce não vai ficar me tratando assim,
vai?
LUCIA: - Não Gilson, deixa eu digerir essa
situação. Amanhã eu já to bem. Eu não
vou jantar que eu to sem fome. Vou
tomar um banho e vou deitar.
Lucia sai de cena. Gilson come sozinho. Clima
melancólico.
Já cortou.
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CONTINUAÇÃO CENA 01. ATELIE FERNANDA.
Close em Fernanda. Tensa. Suspira. Carlos e Diva a
encaram.
FERNANDA: - Carlos. (para, pensa, chora) Eu não
posso.
Fernanda chorando copiosamente se senta. Diva
rapidamente vai consolar a filha. Carlos muito
desconfiado.
CARLOS: - Não pode o que?
DIVA: - Minha filha seja forte. Esse é o
momento.
FERNANDA: - Eu não posso mãe. Eu não consigo.
CARLOS: - Fernanda o que esta acontecendo.
CORTE CONTINUIDADE.
CENA 04. ATELIE FERNANDA. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA.
Isabel sentada em sua mesa. Silvia chega com algumas
sacolas.
SILVIA: - Nossa, estou faminta. Bel trás
aquele jogo americano pra gente
almoçar. Ou melhor, jantar né. Nesse
horário.
ISABEL: - Silvia, se eu fosse você não entrava
ai agora. Chegou um tal de Carlos, um
sujeito bronco, querendo falar com a
Fernanda, invadiu a sala. Ta o maior
climão ai dentro. Eu to aqui sem saber
o que fazer.
SILVIA: - (surpresa) O Carlos?
ISABEL: - É. (estranha) Você conhece ele?
SILVIA: - Conheço. (pensa, gagueja) Não, que
dizer, não conheço. Já ouvi falar. É
um amigo da Fernanda. A dona Diva esta
com eles?
ISABEL: - Ta sim.
SILVIA: - (fala baixo, pra si mesma) Ai meu
Deus. Força minha amiga.
Já cortou.
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CONTINUAÇÃO CENA 01.
Fernanda sentada chorando. Diva consola a filha. Carlos
de pé assistindo a tudo estarrecido.
CARLOS: - Fernanda eu não quero causar
problemas, mas pelo o que eu estou
vendo já causei.
FERNANDA: - Carlos desculpa. Eu não quero te
magoar. Eu amo o Bruno. A nossa
história ficou no passado. Eu sou
casada. Eu tenho uma vida, eu tenho
uma família. Eu imagino que você
também tenha. Me desculpa, mas não me
procura mais. Me esquece. Por favor.
Carlos ouve a tudo estarrecido. Fernanda chora. Quando
termina de falar olha para Diva, procurando aprovação no
que acabou de dizer, Diva encara a filha, séria, sem
esboçar nenhuma emoção.
CARLOS: - É isso mesmo? Você tem certeza que é
isso que você quer? Que eu suma,
desapareça. Saia da sua vida.
Fernanda não consegue responder. Apenas balança a
cabeça.
FERNANDA: - É o melhor a ser feito. Pra gente
não se machucar remexendo essa
história toda.
DIVA: - Carlos, meu filho. Agora não é a
hora, nem o local pra vocês
conversarem um assunto tão delicado.
Dá mais um tempo pra minha filha. Pra
ela colocar a cabeça no lugar. Depois
vocês conversam. Eu tenho certeza que
vocês ainda têm muito que conversar.
CARLOS: - Eu to esperando por esse dia. Mas a
sua filha não me dá uma chance.
DIVA: - Entenda, ela esta confusa. Mas eu
estou me comprometendo com você. Essa
história vai ser passada a limpo. Te
dou minha palavra. Agora vai, por
favor.
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Carlos se vira e sai.
FERNANDA: - Eu não posso!
DIVA: - Você não tinha o direito de esconder
mais uma vez essa história desse pobre
coitado. Não viu a cara dele. Ele te
ama, minha filha. Você tem que colocar
um rumo na sua vida. E a primeira
coisa a ser feita e tirar o peso dessa
mentira das suas costas. Contar de uma
vez por todas que ele é pai da Maria
Luiza.
FERNANDA: - Eu não posso, eu não consigo.
DIVA: - Não consegue? E esse sofrimento
todo? Também esta na cara que esse
homem ainda meche com você. Você tem
que decidir se é com o Bruno ou com
ele que você quer ficar.
Silvia entra em cena.
SILVIA: - Esta tudo bem?
Já cortou.
CENA 05.
ANOITECE NO RIO DE JANEIRO.
CENA 06. CASA RAFAELA. QUARTO RAFAELA. INTERIOR. NOITE.
Afonso se arruma. Rafaela entra em cena e desconfia.
RAFAELA: - Essa produção toda é só para o
jantar em família, doutor Afonso?
AFONSO: - Não meu bem. Teve uma mudança nos
planos. O Duarte me ligou agora,
parece que surgiu um problema de
última hora com aquele contrato dos
espanhóis. Coisa chata, só
aporrinhação. To indo lá no escritório
dele.
RAFAELA: - (desconfiada) Problema? No contrato
com os espanhóis? A essa hora da
noite? Tudo bem Afonso, pode ir. Só
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espero que esse (ênfase) problema com
os espanhóis não seja um rabo de saia,
desses mais “pérrapados” que você
gosta de cortejar na minha ausência.
AFONSO: - Que isso Rafaela. Desse jeito você
me ofende. Você sabe que eu prezo a
fidelidade no casamento. Aliás, essa é
uma das minhas maiores qualidades. Eu
sou um homem fiel.
RAFAELA: - Fiel? Faz-me rir, Afonso. Do mesmo
jeito que era fiel quando era casado
com minha prima Laura.
AFONSO: - Que isso Rafaela. Eu nunca trai a
minha primeira esposa.
RAFAELA: - A primeira não. E a segunda? (pausa)
Pode não ter traído porque não
oportunidade, nem competência, mas que
tentou, tentou. E aqueles olhos gordos
de menino pidão pra cima de mim quando
ia passar uma temporada na casa de
vocês?
AFONSO: - Você que interpretou errado.
RAFAELA: -Voc ê quer ensinar a missa ao
vigário? Aprenda uma coisa, Afonso.
Traição, quando se é novo e viçoso, eu
até entendo. Acho charmoso, um homem
viril ter uma legião de mulheres
suspirando por ele, mas claro, tudo
com muita discrição e elegância. Mas
traição depois de velho e babão é
ridículo. Então, doutor Afonso, muito
cuidado.
AFONSO: - Que delicia que a minha mulherzinha
ainda tem ciúme de mim mesmo depois de
tantos anos de casados.
RAFAELA: - Não é ciúme, Afonso. Eu preso pela
família, pela tradição, pelo
casamento, e o nosso é praticamente
público e eu bem sei, que senso do
ridículo nunca foi o seu forte. Então
se contenha e lembre-se: Descrição e
elegância.
AFONSO: - Pode deixar, dona Rafaela.
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Afonso ri, dá um beijo no rosto de Rafaela, que
imediatamente limpa e vai em direção a porta.
RAFAELA: - Mande lembranças minhas ao Duarte.
Afonso sai do quarto. Rafaela pega seu celular e disca.
RAFAELA: - (cel) Mauro. To indo pro seu
apartamento.
Já cortou.
CENA 07. AP SILVIA. INTERIOR. NOITE.
Silvia acabou de entrar em casa. Joga sua bolsa em cima
do sofá e senta-se. Bia vem receber a mãe.
BIA: - Mãe.
SILVIA: - Oi meu amor. To exausta. Cadê seu
pai e seu irmão?
BIA: - O Marcelo não vi o dia todo.
O telefone toca.
BIA: - Ó, deve ser o papai dizendo que vai
ser atrasar pro jantar.
SILVIA: - Pra variar, né. Isso que dá se casar
com médico.
Conceição já atendeu ao telefone, em segundo plano. Só
agora damos ênfase ao que ela fala. Silvia escuta.
CONCEIÇÃO: - (tel) Sim, é da casa do Marcelo sim.
SILVIA: - (assustada) Aconteceu alguma coisa
com o Marcelo? Quem esta falando
Conceição?
Conceição coloca a mão no fone.
CONCEIÇÃO: - É o Eduardo, amigo do Marcelo.
SILVIA: - O que aconteceu com meu filho? Deixa
eu falar com ele.
Silvia toma o telefone das mãos de Conceição.
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SILVIA: - (tel) Oi Eduardo, sou eu Silvia, mãe
do Marcelo, aconteceu alguma coisa?
Corte continuidade.
CENA 08. CASA RAFAELA. INTERIOR. NOITE.
Edu fala ao telefone com Silvia. Afonso entra em cena,
em segundo plano e ouve a conversa.
EDU: - (tel) Oi Silvia, pode ficar
tranquila. Não aconteceu nada demais
com o Marcelo. Nós saímos pra beber,
ele acabou se excedendo. Mas ele ta
bem. Ta aqui em casa, vai dormir aqui.
SILVIA: - Você me garante que o meu filho esta
bem? Eu to indo ai buscar o Marcelo.
EDU: - Fica tranquila Silvia, eu só achei
melhor ele não ir pra casa de
pilequinho.
SILVIA: - Deixa eu falar com meu filho.
EDU: - Silvia, ele ta dormindo agora.
Chegou, tomou um banho, tomou um café
bem forte e dormiu.
SILVIA: - Edu eu vou confiar em você porque eu
sei que você é um rapaz direito. Meu
filho esta bem, né?
EDU: - Pode confiar Silvia. Se ele acordar
ainda hoje eu peço pra te ligar, pra
te tranquilizar, mas eu acho difícil.
SILVIA: - Por favor. Não esta sendo nenhum
transtorno? Ele aprontou alguma coisa?
EDU: - Não Silvia, transtorno nenhum.
Conheço o Marcelo desde moleque. Ele
só bebeu demais. Parece que tava na
fossa. Brigou com a namorada.
SILVIA: - Tudo bem. Obrigada viu Edu. Deus te
pague. Um beijo.
EDU: - De nada Silvia. Outro.
Edu desliga o telefone e vê Afonso.
AFONSO: - Agora virou babá de marmanjo?
EDU: - Amizade pai. Sabe o que é isso? To
começando a achar que esses anos de
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casado com a Rafaela não te fizeram
bem. Ta começando a pensar e falar
igualzinho a ela.
AFONSO: - To preocupado com você, meu filho.
EDU: - Fica tranquilo, seu Afonso. To bem.
E você vai sair?
AFONSO: - Compromisso de negócios.
EDU: - Negócios? A essa hora? Sei!
Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 07.
SILVIA: - O meu filho não toma jeito. Bebeu
demais. Vai dormir na casa do Eduardo.
CONCEIÇÃO: - Ai meu Deus.
SILVIA: - Espero que o Marcelo não tenha
aprontado novamente.
BIA: - É melhor nem dizer nada pro papai.
Já cortou.
CENA 09. AMSTERDÃ. SUITE HOTEL. INTERIOR. NOITE.
Mesmo cenário da cena 01, capítulo 11. Andréa se prepara
para dormir, usando uma camisola sensual, passa creme
nas pernas. Álvaro escova os dentes no banheiro. Os dois
conversam. Álvaro em off.
ANDRÉA: - Eu gostei deles, Álvaro. O Júlio e a
Carla me parecem ser ótimas pessoas.
ÁLVARO: - Eu também. Gente boa.
ANDRÉA: - Tudo bem que a Carla assim de
primeira impressão parece ser
insuportável, mas não é.
Álvaro entra, para e fica observando Andréa passar
cremes.
ANDRÉA: - E aquela coisinha fofa que é a
filhinha deles. Nossa to apaixonada.
ÁLVARO: - Quer dizer que eu fui trocado em
plena lua de mel por uma menininha
linda de seis anos.
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ANDRÉA: - Seu bobo. Você sabe que eu não te
troco por nada nem ninguém. Mas que eu
estou doida pra ter o nosso filho, eu
estou.
ÁLVARO: - Então vem, vamos treinar pra
encomendar o nosso filhote.
Álvaro beija Andréa. Já cortou.
CENA 10. AP FERNANDA. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE.
Banheira cheia de espuma, Fernanda deitada, relaxa.
Vemos algumas velas acesas. O clima é quebrado quando
Vera entra em cena. Bateu na porta, não esperou, já
entrou.
VERA: - Fernanda, já to indo.
FERNANDA: - Tudo bem Vera, pode ir.
VERA: - Ce ta parecendo aquelas atrizes de
novela ai dentro dessa banheira cheia
de espuma. Acho chique. Eu vou junta
um dinheirinho e vou reformar o meu
banheiro. Meu sonho ter uma banheira
assim, ou melhor, uma jacuzzi, igual
aquela do Big Brother. Ce bem que
podia fazer o projeto do meu banheiro,
né Fernanda.
FERNANDA: - Vera, depois a gente conversa. Pode
ser?
VERA: - Já entendi o recado. To saindo.
Deixei tudo pronto viu.
FERNANDA: - Obrigada.
VERA: - Luiza acabou de sair. Elisa ta na
faculdade e seu Bruno ainda não
chegou. Você pode relaxar ai sossegada
na sua banheira.
FERNANDA: - Se você deixar.
VERA: - Ai desculpa. Tchau Fernanda.
Vera saiu. Fernanda relaxa, submerge na água. Close, seu
olhar esta distante. Inicia trilha sonora “Belo Estranho
Dia de Amanhã – Roberta Sá”.
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FLASH BACK (mantém trilha sonora de fundo, ritmo)
CAPÍTULO 2. CENA 12.
BRUNO: - (começando a perder a paciência)
Fernanda, qual é a sua? Desde que eu
voltei de viagem você esta toda
estranha, cheia de “não-me-toques”.
Por que isso? Enjoou de mim?
FERNANDA: - Você sabe que há muito tempo o nosso
casamento não é o mesmo.
BRUNO: - Não é o mesmo porque você não quer.
Da minha parte eu continuo te amando,
te respeitando, te desejando do mesmo
jeito de antes...
CENA 30. CAPÍTULO 2.
CARLOS: - (anima-se) Mas agora eu estou aqui,
engolindo o meu orgulho, disposto a
passar uma borracha em tudo o que
aconteceu Fernanda. Eu vi que você é e
sempre foi a mulher da minha vida. Me
deixa entrar na sua vida, se dê essa
oportunidade de tentar reescrever a
nossa historia.
Tudo muito rápido, ritmo, nas ultimas falas do segundo
flash back, volta cam para Fernanda, close em seu rosto,
escorre uma lágrima, a voz de Carlos em off.
CORTE CONTINUIDADE.
CENA 11. AP SANDRA. INTERIOR. NOITE.
Barulho de chaves a porta se abre, revela Afonso. Ele
olha ao redor, não vê ninguém. Irrita-se.
AFONSO: - (chama) Sandra.
Afonso caminha até o quarto e fala pra si mesmo em voz
alta.
AFONSO: - Eu falei pra essa piranha que eu ia
vir. Não acredito que ela vai me
deixar na mão.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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Antes de entrar no quarto, parou. Esta impressionado com
o que esta vendo. Não revelar ainda. Inicia
imediatamente trilha sonora: “Losing My Ground –
Fergie”. PV de Afonso. Sandra, usando apenas uma
lingerie vermelha, deitada em sua cama numa pose
sensual, fumando um cigarro, acompanhada por um copo de
whisky que esta no criado mudo, ela vai dar um gole
durante a cena.
SANDRA: - Você acha que eu ia te deixar na mão
Afonsinho?
AFONSO: - (boquiaberto, não pisca, nem tira os
olhos de Sandra) Assim você mata o
papai.
Afonso tira a camisa e se prepara para cair em cima de
Sandra. Ela se levanta e ele cai de cara na cama.
AFONSO: - Que isso? Ce vai fugir de mim? Ce ta
linda.
SANDRA: - (bebe, enquanto fala) Não vou fugir,
mas vamos estabelecer algumas regras.
Primeiro a obrigação, depois a
diversão.
AFONSO: - A única obrigação que você tem é vir
aqui pra essa cama agora.
SANDRA: - Olha ao seu redor Afonso. (faz
drama) Ta vendo esse quarto, esse
apartamento. Olha pra mim. Me diz se
eu mereço isso?
AFONSO: - (não presta atenção) Claro que
merece, meu amor.
SANDRA: - (indignada) Mereço?
AFONSO: - (confuso) Não merece?
SANDRA: - Claro que não. Você não quer uma
mulherzinha gostosa, cheirosa,
esperando por você. Um lugar
confortável pra gente se encontrar.
AFONSO: - Claro que eu quero.
SANDRA: - Então me diz, como eu posso te
receber aqui nessa caixa de fósforos,
que é esse apartamento. Olha o tamanho
dessa cama. Mal cabemos nós dois
juntos.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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AFONSO: - Para com isso. Esse apartamento é
ótimo. Essa cama é maravilhosa, mas
mais maravilhosa ainda é você. Vem pra
cá, vem, hoje eu vou acabar com você.
SANDRA: - Nem pensar. Eu vi o seu quarto com a
megera, vi a cama king size, vi o
closet dela, vi a casa de vocês.
AFONSO: - (irrita-se) Que/que foi? Ficou
maluca? Agora vai querer uma casa
igual a que eu moro com a minha mulher
e meus filhos? Você ta querendo
demais, não?
SANDRA: - To. To sim. Até porque eu não quero
nada igual a da sua mulher. Eu quero
melhor. (meiga, faz voz carinhosa)
Poxa Afonsinho, eu gosto tanto de
você. Gosto tanto dos nossos
encontros. Eu quero te dar um conforto
quando você vem me visitar. Não é só
pra mim. É pra nós.
AFONSO: - (desarma-se) Ta bom Sandra. Vamos
dar um “upgrade” aqui no seu apê.
Comprar uma king sike, uns apetrechos.
Agora vem cá, que eu to que não to me
aguentando.
SANDRA: - Você acha que uma king size cabe
nesse quarto? Entra a cama e saímos
nós dois.
AFONSO: - Ta Sandra, então vamos procurar um
apartamento maior pra você. Pronto, ta
satisfeita? Agora vem cá. Vem matar o
papai aqui.
SANDRA: - (anima-se) Você jura? Eu já andei
vendo uns apartamentos lindos, tem um
ali no Flamengo/
AFONSO: - (interrompe) Ta Sandra, depois a
gente vê isso, se você quiser a gente
consegue um apartamento pra você até
nos Emirados Árabes. Agora, vem cá.
Afonso levanta-se, agarra Sandra. Sobe trilha sonora. Os
dois se beijam loucamente.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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SANDRA: - (se esquiva) Só me explica uma
coisa, como você conseguiu fugir da
megera pra vir me ver?
AFONSO: - A Rafaela se acha muito esperta, mas
no fundo eu sou/
Atenção sonoplastia. Inserir imediatamente a primeira
fala do próximo diálogo ao término de Afonso. Já cortou
rapidíssimo.
CENA 12. FLAT MAURO. INTERIOR. NOITE.
Rafaela e Mauro deitados, nus, ela toma um copo de
champagne. Ele ao seu lado. Subtende-se que terminaram
uma transa.
RAFAELA: - Um idiota. O Afonso é um idiota. Ele
pensa que me engana com esse papinho
furado. Resolver problemas de negócios
a essa hora da noite. Eu bem sei que
ela dá os pulinhos fora do casamento.
Mas eu faço vista grossa. Deixo o
pobre coitado se divertir um pouco.
MAURO: - E enquanto isso você também se
diverte com o sobrinho dele.
RAFAELA: - Pois sim. Direitos iguais. Eu sou
uma feminista de carteirinha. E afinal
chifre trocado não dói.
MAURO: - Quem diria, o Afonso com aquela cara
de paspalho, passando pra trás a toda
poderosa Rafaela Martins Brandão.
RAFAELA: - Não existe mais fidelidade Mauro.
Você sabe disso muito bem. Ninguém é
mais de ninguém. O mundo hoje em dia é
uma grande promiscuidade. E eu nunca
confiei em homens. Sempre mentindo.
Quando se tornam marido então, piora.
A mentira triplica. Minha mãe que foi
feliz. Passou grande parte da vida
viúva. Sabia exatamente onde papai
estava.
Já cortou.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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CONTINUAÇÃO CENA 10.
BANHEIRO DE FERNANDA.
Ela continua na banheira. Agora de olhos fechados.
Completamente relaxada. Ela volta a realidade com a
próxima fala, em off.
BRUNO: -(off) Será que tem espaço para mais
um nessa banheira?
Só agora corta para Bruno. Já de roupão. Ele abre um
sorriso. Ele de costa, abre o roupão, a cam agora
focaliza seus pés, o roupão cai no chão. Ele entra na
banheira. Posiciona-se atrás de Fernanda. Ela esta um
tanto incomodada com a presença dele, mas Bruno não
percebe.
BRUNO: - Que delicia que chegar de um dia de
trabalho cansativo e encontrar a minha
mulher assim, na banheira esperando
por mim. Eu te amo, sabia? Você é a
mulher da minha vida.
Já cortou.
CENA 13.
Clipe em quick motion. Amanhecer noRio de Janeiro,
praias cariocas. Bairro de Ipanema. Trilha sonora “O Sol
– Jota Quest”. Inserir legenda: “Alguns Dias Depois”.
Atenção sonoplastia: Manter a trilha sonora pelas
próximas três cenas. Agilidade. Ritmo.
CENA 14. AP REGINA. INTERIOR. DIA.
Regina arrumada elegantemente se prepara para sair. Rute
percebe e comenta.
RUTE: - Nossa, mas pra onde que a senhora
vai assim toda emperiquitada?
REGINA: - A Andréa esta chegando de viagem
hoje, vou esperá-la no aeroporto.
Estou morrendo de saudades da minha
filha.
Já cortou.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
19
CENA 15. AP LUCIA. INTERIOR. DIA.
Lucia termina de retirar a mesa de café da manhã.
LUCIA: - (grita) Vambora Dona Rita e seu
Gilsinho. Vocês vão chegar atrasados
hoje na escola.
Gilson entra pela da rua.
LUCIA: - (estranha) Ué, você em casa a essa
hora? O que houve?
GILSON: - Vim fazer uma surpresa pra minha
mulher. (mostra alguns papéis) Sabe o
que é isso aqui?
LUCIA: - Eu não faço a mínima ideia. Mas eu
adoro surpresa. Anda diz logo.
GILSON: - São as passagens e a reserva daquele
hotel que você queria em São Paulo.
Vamos todos pra formatura do Juliano.
Lucia eufórica pula nos braços no marido.
LUCIA: - Você fez reserva naquele hotel que
eu queria? Aquele que você reclamou o
mês inteiro porque era o olho da cara?
GILSON: - Pois é. Você disse que é coisa boa,
então eu reservei. A ocasião merece. A
formatura do nosso moleque. E ó, tem
mais. A gente não volta correndo pro
Rio não. Depois da formatura ainda
ficamos por um dia em São Paulo pra
fazer umas compras la na 25 de Março,
do jeito que você queria.
LUCIA: - Gilson, você não existe. É o melhor
marido do mundo.
GILSON: - Tanto você falou no meu ouvido, que
eu vi que ta certo. Tem que se
desapegar de dinheiro. Fazer umas
graças dessas de vez em quando. Joguei
tudo no cartão, dividi a perder de
vista e depois... Depois a gente
trabalha pra pagar.
Já cortou.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
20
CENA 15. RUAS CARIOCAS. EXTERIOR. DIA.
Heitor dirige o seu carro, com Silvia a seu lado e
Biatriz no banco traseiro.
HEITOR: - Me diz o que é que o Marcelo esta
aprontando dessa vez?
SILVIA: - Eu não sei. Ele só pediu pra gente
ir pra casa da Fernanda e esperar por
ele lá. (pausa) Na verdade, eu imagino
o que ele esteja planejando, não
concordo, mas se é isso mesmo que ele
quer, vamos ficar do lado dele.
Já cortou imediatamente.
CENA 16. AP FERNANDA. INTERIOR. DIA.
Mesa posta para o café da manhã. Fernanda, Bruno, Luiza
e Elisa sentados. Toca a campainha. Vera vai atender.
BRUNO: - Esta tudo certo, eu saio da
construtora na hora do almoço e
pegamos a estrada para Petrópolis.
FERNANDA: - Eu nem vou pro ateliê, já deixei
tudo encaminhado. Dei até folga pra
Isabel.
LUIZA: - Eu acho uma chatice esses programas
em família.
FERNANDA: - Aniversário da sua vó, Luiza. É
importante pra ela que a família
inteira esteja reunida. Até o seu tio
Júlio está vindo de Amsterdã.
ELISA: - Eu vou adorar um final de semana
inteiro de descanso na serra.
Vera abriu a porta. Entram Heitor, Silvia e Bia. Silvia
esta falando ao telefone.
FERNANDA: - Acho que vocês estão um pouco
adiantados. Nós só pegamos a estrada
depois do almoço.
HEITOR: - Eu sei. Mas o motivo da visita é
outro.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
21
BRUNO: - Sentem-se e tomem café da manhã
conosco.
Corta para Silvia falando ao celular.
SILVIA: - (cel) Já estamos todos aqui. Na hora
que você quiser.
Corta para a mesa.
BIA: - Lisa, que blusa linda onde você
comprou?
LUIZA: - (deboche) Que bom, vamos entrar no
ritmo da família buscapé desde cedo.
Esse final de semana vai ser
inesquecível.
SILVIA: - Algo me diz, que vai ser sim.
Em off, ouvimos a voz de Marcelo num mega fone.
MARCELO: - (grita) Luiza. Luiza.
Todos escutam e ficam intrigados.
LUIZA: - Que isso? Que palhaçada é essa?
FERNANDA: - É a voz do Marcelo?
Fernanda olha para Silvia buscando uma resposta, ela
balança a cabeça em sinal de positivo. Luiza se levanta
e vai até a sacada do apartamento. Todos a acompanham.
PV Luiza.
Marcelo com um mega fone, na porta do prédio de Luiza.
LUIZA: - O que esta acontecendo aqui? Que
palhaçada é essa?
Já cortou.
CENA 16. PRÉDIO FERNANDA. EXTERIOR. DIA.
Hall de entrada do Prédio, Luiza, Fernanda, Bruno,
Heitor, Silvia, Elisa e Bia chegam. Marcelo continua com
o mega fone, acompanhado por dois amigos que tocam
violão. Luiza fica envergonhadíssima.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
22
MARCELO: - (megafone) Luiza.
LUIZA: - Marcelo, para com esse mico agora.
FERNANDA: - (a Silvia) Eu não acredito que ele
vai fazer o que eu to pensando.
SILVIA: - Nem eu estou acreditando. O mais
incrível que é tudo partiu dele, desde
a ideia a execução.
MARCELO: - (megfone) Luiza, eu sei que você
deve estar achando isso um mico, e
realmente é. Mas foi a única forma que
eu achei de você me perdoar e voltar
pra mim.
Luiza começa a desarmar-se e ficar tocada com a cena.
MARCELO: - Eu queria fazer uma serenata pra
você, a moda antiga, mas o mico ia ser
muito maior e você sabe que uma porta
canta melhor que eu. Então a melhor
maneira que eu encontrei de vir aqui,
com a cara e com a coragem pedir pra
você voltar pra mim, foi essa. Caso
você aceite voltar pramim, eu também
quero dar um passo a mais no nosso
relacionamento. Luiza Almeida Viana,
você aceita se casar comigo?
BRUNO: - (a Heitor) Pois agora não tem mais
como fugir. Estamos ficando velhos. A
minha princesinha que ontem brincava
de boneca esta sendo pedida em
casamento.
HEITOR: - Será que o meu filho esta enfim
tomando juízo?
BIA: - Que lindo, Luiza. O meu irmão se
superou. Eu não imaginava tanto
romantismo vindo dele.
ELISA: - Muito menos eu. (fala baixo) Apesar
de achar que a Luiza não merece isso
tudo.
Corta para a mesa do porteiro. Regina chega e fica
irritada com o som.
REGINA: - Que confusão é essa aqui na
portaria, seu João?
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
23
Lucia, Gilson, Ritinha e Gilsinho chegam de elevador
nesse momento.
JOÃO: - A Luiza, filha da dona Fernanda,
esta sendo pedida em casamento.
LUCIA: - Quem te viu, quem te vê. Será que a
Luiza vai casar?
GILSON: - Sei não. Com o gênio que essa menina
tem.
REGINA: - Eu espero que esse circo não dure
por muito tempo. Não quero ouvir
reclamação dos condôminos.
LUCIA: - Que isso, Regina. Larga de ser
azeda. Cadê o seu romantismo?
REGINA: - Eu como síndica desse prédio tenho o
dever de zelar pelo bem estar dos
moradores.
GILSON: - Dona Regina. Sem caô.
Corta para a Luiza e Marcelo.
MARCELO: - (megafone) Então Luiza, você aceita
se casar comigo?
Luiza olha para todos. Close alternado. Luiza corre
abraça Marcelo. Cam aérea. Panorâmica do local. O casal
apaixonado se beijando.
SILVIA: - Não adianta a gente tentar modificar
o destino. O que tem de ser, vai ser.
A gente querendo ou não.
FERNANDA: - Nada é coincidência, Silvia. Tudo
esta escrito. E essa história já
estava escrita há muito tempo.
Já cortou.
CENA 17. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. DIA.
Salão já aberto, sem muito movimento. Clarice acaba de
chegar. Ela esta triste, cabisbaixo. Jurandir logo
observa.
JURANDIR: - Tu virou chefe agora, é?
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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Clarice passa direto e não dá importância a Jurandir.
Ele vai atrás dela e continua falando.
JURANDIR: - Chefe que chega atrasada e nem liga
pra dar satisfação. Teve uma cliente
sua que eu tive que passar pra
Clarice, porque a pobre coitada da
amapô ficou ai um tempão te esperando
e euzinho aqui com cara de banana.
CLARICE: - Tudo bem.
Fátima entra em segundo plano, presta atenção.
JURANDIR: - Como tudo bem? Cê ta louca? Sorte
sua que a Linda ainda deu as caras e
vou aliviar a tua barra. Me agradece,
porque se fosse outro.
CLARICE: - Ta obrigada.
JURANDIR: - O que deu em você, hein?
FATIMA: - Logo se vê que você não entende nada
de mulher, mesmo. (fala baixo) Apesar
de querer ser uma. (pra todos) Não ta
vendo a cara dela, com certeza
aconteceu alguma coisa. O que foi
Clarice?
CLARICE: - Não foi nada, Fátima. Ta tudo bem.
FÁTIMA: - Não ta tudo bem, né Clarice. Olha
sua cara de enterro.
Vemos em segundo plano, Leinha que faz a unha de uma
cliente, mas agora presta atenção na conversa.
CLARICE: - É o Carlos, de novo.
JURANDIR: - Ai amiga, tu ta com problemas com
teu bofe?
CLARICE: - Ele não dormiu em casa, não deu as
caras, não ligou, não apareceu na
oficina.
FÁTIMA: - Mas Clarice, pode ter acontecido
alguma coisa. Você já foi na
delegacia?
CLARICE: - Não aconteceu nada. Eu tenho
certeza. Ele não quis voltar pra casa.
Leinha se levanta e passa próximo.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
25
LEINHA: - Vai ele cansou, né “nem”? Cansou de
olhar “pa” essa tua cara. Agora tu deu
sorte, tem que rezar bastante “pa”
Deus “pa” quando ele voltar, não te
botar “pa” fora de casa.
CLARICE: - O que/que tu falando ai garota?
LEINHA: - To dizendo o que todo mundo aqui na
vila ta cansando de saber. Que o
Carlos só te dá um “teto” por causa do
teu filho.
CLARICE: - Cala essa sua boca.
FÁTIMA: - Leinha, segura a tua onda.
JURANDIR: - Tava demorando pra essa daí colocar
as unhas de fora.
CLARICE: - Não se mete no que tu não sabe.
LEINHA: - Sei sim. Mas se tu quiser “nem”, vou
te dá uma dica, eu conheço um albergue
ali no Alemão, mas fica tranquila que
já foi pacificado e é baratinho. Ou
então tem aquele hotelzinho popular la
na Central do Brasil. Tu consegue
pernoitar por um realzinho apenas, ó
que bom, mel na chupeta.
Leinha mal terminou de falar e vira-se para sair de
cena. Clarice irada avança em Leinha e a segura pelos
cabelos, agressivamente. Fatima e Jura logo se aproximam
para tentar separar;
CLARICE: - Eu acho que tu ta esquecendo quem dá
as cartas por aqui.
LEINHA: - Me larga sua desgraçada.
FÁTIMA: - Clarice, para com isso. Não cai nas
provocações dela.
JURANDIR: - Vocês duas, tem cliente no salão. Se
a Linda vê isso é justa causa pras
duas.
CLARICE: - Tu não abre essa sua boca suja pra
falar da minha vida, sua safada. Eu
acabo contigo.
FATIMA: - Solta ela.
Clarice solta Leinha.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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LEINHA: - Isso não vai ficar assim.
CLARICE: - Num vai mesmo. O que é teu, ta
guardado. Tu ta mexendo com a pessoa
errada. Tu não sabe do que eu sou
capaz, “nem”.
Já cortou.
CENA 18. CHÁCARA DIVA. EXTERIOR. DIA.
Long shot da chácara. Trilha sonora “Flávio Venturine –
Clube da Esquina II”. Vemos movimentação de alguns
funcionários arrumando uma grande mesa ao ar livre e a
decoração da festa. A cam vai buscar Diva que sai da
casa grande, em off, ela fala aos funcionários, dá
ordens, aponta onde que a decoração, reclama.
DIVA: - Antes eu tivesse ido pra cozinha.
Vocês não sabem fazer absolutamente
nada sozinhos. (aos funcionários) Olha
isso, cuidado meu filho. Já vi que vou
me estressar com esse bufê.
A cam agora busca Sheyla que trás o telefone.
SHEYLA: - Já reclamando com os meninos? Deixa
os pobres coitados fazerem o trabalho
deles sossegados.
DIVA: - Isso é culpa sua. Sua e do Bruno.
Que inventaram essa festa. Eu queria
uma coisinha simples, só pra família.
Agora me contrata um bufê, um povo
incompetente.
SHEYLA: - Para de reclamar dona Diva. É seu
aniversário, só se faz sessenta e
cinco anos uma vez na vida.
DIVA: - Precisa ficar divulgando a minha
idade? Daqui a pouco esse povo vai
começar a me chamar de velha caduca.
SHEYLA: - Advinha quem esta no telefone?
DIVA: - Deixa eu ver? A Dilma? Não, o Obama.
Ah, já sei, a Madre Teresa de Calcutá.
Ih não, essa ai já morreu. Meu Deus,
to ficando velha mesmo.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
27
SHEYLA: - Ligação internacional. A senhora ta
importante mesmo.
Diva atende.
DIVA: -(tel) Alo.
CORTE CONTINUIDADE.
CENA 19. PARIS. PIANO BAR. INTERIOR. DIA.
Piano bar vazio. Somente os funcionários. Ingrid ao
telfone. Toca ao fundo “La Vie Em Rose – Edite Piaf”.
INGRID: - (tel) Mesdemoiselle Diva. Çava?
ALTERNANCIAS CENÁRIOS
DIVA: - Ingrid? Mas eu não acredito. Très
bien, merci, et vous?
INGRID: - Pas terrible, ça pourrait aller
mieux.
DIVA: - Anos e anos se passam e a sua voz
continua a mesma. Linda!
INGRID: - São os ares e a água de Paris.
DIVA: - Mas a que devemos esse telefonema
ilustríssimos.
INGRID: - Mas até parece que a senhora não
sabe, ou melhor, sabe, mas faz questão
de ouvir. Eu liguei para dar os
parabéns pelo seu aniversário. Joyeux
Anniversaire, ma chéri.
DIVA: - Mon Dieu. Você lembrou. Quer dizer,
você nunca esqueceu, porque em todos
os anos que você esteve fora, sempre
me liga religiosamente no dia meu
aniversário.
INGRID: - Como eu poderia esquecer da mulher
que me acolheu, me deu carinho e ainda
me deu a melhor amiga desse mundo.
DIVA: - C'est très gentil de votre part.
INGRID: - E o seu francês cadê vez melhor.
Anda treinando, aposto.
DIVA: - Ah, meu bem. Eu acho tão bonita a
língua francesa. É romântica. E eu
quero me preparar, em breve, passarei
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
28
uma temporada em Paris. Quero retornar
a cidade luz.
INGRID: - C'est vachement bien!
DIVA: - E você, meu bem? Quando vem nos
visitar? Hoje vamos fazer uma pequena
comemoração, somente os familiares e
alguns amigos. Só vai faltar você.
INGRID: - Em breve. Daqui a alguns meses eu
termino a apresentação desse concerto
e enfim tiro as minhas merecidas
férias. Já tenho o roteiro formado,
passarei alguns dias no Brasil pra
matar a saudade de vocês.
DIVA: - Que maravilha, estamos todos
morrendo de saudade de você.
INGRID: - Do Brasil, eu só sinto falta de
vocês. Dona Diva mandei uma
lembrancinha, espero que chegue a
tempo.
DIVA: - Il ne fallait pás.
INGRID: - J´espère que vous aimerez. Bom, Mes
félicitations.
DIVA: - Obrigada, mais uma vez. Espero que
nos vejamos em breve.
Já desligou. Diva olha para Rute que estava ao seu lado
ouvindo a conversa.
DIVA: - Que/que foi? Ao invés de ficar ai
pensando na morte da bezerra porque
não vai fiscalizar o trabalho desses
incompetentes do bufê. Já conseguiu
falar com o ingrato do meu filho
Julio? E a Fernanda e o Heitor? Liga
pra eles, eu quero saber em que ponta
da estrada eles estão.
Sobre trilha sonora. Diva continua dando ordens para
Sheyla. Clima engraçado. Já cortou.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
29
CENA 20. AEROPORTO GALEÃO. INTERIOR. DIA.
Regina no saguão do aeroporto. Esta falando ao celular.
Diálogo já iniciado.
REGINA: - (cel, irritada) Como já chegou? Mas
o voo deles é agora. Esta no horário.
JÁ CORTOU.
CENA 21. CASA RAFAELA. INTERIOR. DIA.
Rafaela de pé, fala ao telefone.
RAFELA: - (tel) O Álvaro e Andréa adiantaram o
voo, meu bem. Chegaram hoje mais cedo
e partiram para Teresópolis. Vão
passar o final de semana por lá e
voltam no domingo à noite.
CORTE CONTINUIDADE.
CONTINUAÇÃO CENA 20. AEROPORTO.
REGINA: - (cel, indignada) Não acredito, não
tiveram nem a coragem de me avisar. Ao
menos pra eu não vir ao aeroporto à
toa. Eu nem vou reclamar mais da
saudade, mas a consideração.
ATENÇÃO SONOPLASTTIA: Inserir esta ultima fala em off
na próxima cena. Ritmo. Já cortou imediatamente.
CENA 21. ESTRADA SERRA. DIA.
Álvaro dirige seu carro com Andréa ao seu lado. Os dois
estão felizes, se olham apaixonados. Andréa recosta sua
cabeça no ombro de Álvaro. Já cortou.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
30
CONTINUAÇÃO CENA 21. CASA RAFAELA.
Rafaela desliga o telefone. A cam vai buscar Gladis que
trás a bolsa e as chaves do carro e entrega para
Rafaela.
RAFAELA: - Francamente, essa mãe da Andréa
cansa a minha beleza.
GLADIS: - A dona Regina?
RAFAELA: - Tem outra? Vê se pode, foi pro
aeroporto dar plantão pra esperar o
Álvaro e a Andréa chegar de viagem. Se
bobear levou uma faixa e um buquê de
flores. Tem coisa mais cafona? Eu to
achando que o meu Álvaro vai pagar um
preço muito caro casando com uma
emergente, ex classe C. Sabe aquelas
promoções de supermercado, compre um
leve 3. Pois então, o Álvaro casou com
a Andréa, mas vai levar a sogra
indigesta de brinde.
GLADIS: - Eu já pedi pra tirar o seu carro. A
senhora não quer mesmo que o motorista
a leve? Ela ta aqui na cozinha fazendo
um lanche.
RAFAELA: - Não, hoje eu quero folga da
criadagem. Folga pra mim, não pra
vocês, é claro. Aproveita que eu não
estarei em casa e faça uma faxina
geral, bata os tapetes, espane os
móveis, limpe a prataria. Viu como eu
sou uma patroa ótima.
GLADIS: - A senhora não almoça em casa?
RAFAELA: - Vou passar praticamente o dia
inteiro fora. Agora zunindo Gladis.
Rafaela já saiu. A cam vai buscar Eduardo descendo as
escadas.
EDUARDO: - A Rafaela não disse pra onde ia?
GLADIS: - Não, ela só disse que vai passar o
dia inteiro fora.
EDUARDO: - Tá, to indo então.
GLADIS: - (apreensiva) Edu, meu filho, não vai
se meter com a dona Rafaela. Pelo amor
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
31
de Deus, deixa ela. Você não sabe do
que ela é capaz.
EDUARDO: - Pode ficar tranquila, Gladis. Eu sei
o que eu to fazendo. A Rafaela só
rosna. E cão que late não morde.
Já cortou.
CENA 22. CASA RAFAELA. EXTERIOR. DIA.
Rafaela charmosíssima e imponente em seu carro aguarda
um funcionário abrir o portão da mansão. Enquanto isso
ela pega um batom em sua bolsa e retoca a maquiagem.
Olhou-se no retrovisor e partiu. Imediatamente a cam vem
buscar Eduardo já em cima de sua moto que sai logo em
seguida. Já cortou.
CENA 23. RUAS CARIOCAS. DIA.
Rafaela dirige seu carro. O celular toca. Já atendeu.
RAFAELA: - (cel) Oi Mauro. Cadê você?
Inicia trilha sonora que vai continuar durante a próxima
cena. “7 Vezes – O Rappa”.
Corte descontinuo.
CENA 24. COMUNIDADE CARIOCA. DIA.
Visão geral das ruelas e becos de uma comunidade
carioca. A cam vai buscar Mauro, muito bem vestido, de
óculos escuros, andando no meio dos moradores,
despertando olhares curiosos por ele passa. Efeito: Slow
Motion. Em determinado momento, ele vai cruzar com uma
moradora, trajando roupa curta, que passa rebolativa,
tem corpo bonito, chama a atenção de Mauro. Ela já
passou, ele continua a andar, mas vira-se para conferir
os atributos da moça, abaixo os óculos. Mauro sobe uma
grande escadaria estreita, vamos moradores segurando
armas, subentende-se que ele chegou numa “boca de funo”.
PV Mauro. Um dos rapazes armados estica sua mãe com sua
arma em punho, deixando claro que a entrada é proibida.
Mauro levanta o blazer que esta usando e tira dinheiro e
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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dá ao rapaz que deixa seguir seu caminho. Trilha sonora
de fundo. Efeito slow motion. Durante esta cena, ouvimos
a voz de Mauro ao fundo, em off, falando com Rafaela.
MAURO: - (cel) Já to aqui, no meio da favela.
Sempre sou eu que fico com todo o
trabalho sujo, né. Vim buscar aquela
sua encomenda. Agora espero que esse
seu plano dê certo, porque eu to
arriscando a minha vida subindo nesse
morro. Sem contar o risco de pegar uma
doença, ou até mesmo piolho nesse
lugar repleto de gente feia.
Já cortou.
CONTINUAÇÃO 23. CARRO RAFAELA.
Mantém trilha sonora. Rafaela continua dirigindo.
RAFAELA: - (cel) Muito bem, Mauro. Nada pode
dar errado. Eu já quero estar
preparada pro momento certo. Tô indo
pro seu flat. Me encontra lá.
Para no sinal vermelho. PV Rafaela. A moto de Eduardo
esta logo atrás, dois ou três carros após.
RAFAELA: - (franzindo o cenho) Esse idiota do
Eduardo esta me seguindo? (ri) Mas nem
isso ele consegue fazer direito. Puro
amadorismo. (diabólica) A sua hora
chegou, bebê.
Rafaela faz uma manobra arriscada e entra num shopping.
Eduardo continua seguindo e entra também. Rafaela ainda
dirigindo sobe para o segundo piso do estacionamento e
sai do shopping. Ela canta pneus. Eduardo vem logo em
seguida, não viu para onde Rafaela foi, estaciona a moto
e tira o capacete.
EDUARDO: - Pra onde ela foi? Não acredito que a
perdi de vista. Mas eu acho que eu sei
pra onde ela foi.
Já cortou para Rafaela.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 12 PÁG.:
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RAFAELA: - (ri) Você esta brincando com fogo,
seu moleque.
Já cortou.
CENA 25. AP FERNANDA. INTERIOR. DIA.
Algumas malas na sala. Movimento. Ritmo. Fernanda,
Bruno, Elisa e Vera.
BRUNO: - Tudo pronto. Quer dizer, eu acho.
Não sei por que tanta coisa. É muita
mala pra um final de semana em
Petrópolis.
FERNANDA: - Não reclame, nem me culpe. As malas
não são apenas minhas. E esse é o ônus
de morar numa casa predominantemente
feminina.
BRUNO: - Já vi que eu sou voto vencido.
ELISA: - É apenas um final de semana, mas
temos que estar preparadas. Pode
esfriar, pode fazer sol. E sempre
temos um modelito adequado pra cada
situação.
VERA: - Manda um beijo e um abraço pra Dona
Diva. Nem acredito que vou perder essa
boca livre.
FERNANDA: - Tem certeza que não vem com a gente?
VERA: - Não vou perder meu pagode nem por um
decreto, vai ter show daquele grupo
famoso e eu to esperando pra mais de
“mês”.
Toca a campainha. Luiza corre e vai atender.
LUIZA: - É o Marcelo.
Ela abre.
MARCELO: - Vamos?
LUIZA: - Vamos, to pronta.
FERNANDA: - Marcelo, pelo amor de Deus, dirige
com cuidado na estrada, você sabe que
a serra de subida é perigosa.
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MARCELO: - Pode deixar tia, sem grilo.
BRUNO: - Cuidado mesmo com a minha
princesinha.
MARCELO: - Somos noivos agora. Pode ficar
tranquilo sogrão. Cuidado redobrado
com a minha futura esposa.
LUIZA: - Uma coisa foi boa em nós termos
feito as pazes agora. Não ter que
encarar essa viagem com meu pai e a
Fernanda. Eu ia surtar.
FERNANDA: - Que absurdo. Sua ingrata. Já estamos
saindo. Eu só vou falar com a Lúcia.
Já cortou.
CENA 25. AP LÚCIA. INTERIOR. DIA.
Lúcia e Fernanda de pé. Diálogo iniciado.
FERNANDA: - É uma pena que você não vá conosco.
Eu só vou te perdoar porque eu sei que
é a formatura do Juliano.
LUCIA: - Minha amiga, to tão feliz. Essa
viagem só veio a calhar. Parece que
meu casamento ta entrando nos trilhos
de novo. O Gilson melhorou da água pro
vinho, ta uma seda. Animadíssimo com a
viagem, às vezes parece que ele é o
pai do formando.
FERNANDA: - Que bom, Lúcia. Eu fico muito feliz
por você.
LUCIA: - Você também esta com uma carinha
melhor.
FERNANDA: - Sim, eu acho que consegui colocar um
ponto final nesse dilema que estava o
meu casamento. Me acertei com o Bruno
e essa viagem vai servir pra tirar o
Carlos de uma vez por todas da minha
cabeça.
LUCIA: - Gente, então essa viagem vai ser um
divisor de água nas nossas vidas. Eu
fico até arrepiada.
FERNANDA: - Pois é, minha amiga. Algo me diz que
as nossas histórias vão começar a ser
escritas agora.
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LUCIA: - Espero que uma história de amor.
Pra nós duas. Estamos precisando.
FERNANDA: - Deus te ouça.
As duas se abraçam. Já cortou.
CENA 26. LINDA COIFEUR. INTERIOR. DIA.
Linda no balcão, fala ao celular.
LINDA: - (cel) O que é que tu ta me dizendo
Reginaldo? (pausa) O Carlos? (pausa)
Onde é que ele ta? (pausa) Eu resolvo
esse “quiprócó”. Pode deixar.
Jura, ao fundo, aflitíssimo, querendo saber do que se
trata.
JURA: - Que foi, patroinha? Aconteceu alguma
coisa com o bofé da Clarice?
LINDA: - Se assunte “homi” de Deus. Isso não
é da tua conta.
Linda vai até Clarice, que atende uma cliente.
LINDA: - Clarice, largue isso ai. Vá atrás de
teu “homi” que ta precisando de você.
Leinha, pegue essa cliente de Clarice
que ela tem um problema pessoal pra
resolver.
Já cortou.
CENA 27. FLAT MAURO. BANHEIRO. INTERIOR. DIA.
Rafaela toma banho. Mauro, nu, do lado de fora.
RAFAELA: - Você acredita que o songa-monga do
Eduardo me seguiu. Ta na hora de
coloca-lo em seu devido lugar. Ele vai
aprender a não mexer com Rafaela
Martins Brandão.
MAURO: - Quem será?
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Toca a campainha. Mauro se enrola em uma toalha e vai
atender. Mauro abre a porta, é Eduardo.
MAURO: - (surpreso) Eduardo?
EDUARDO: - Porque a surpresa? Vim fazer uma
visita. Afinal somos da mesma família.
Corta imediatamente para o banheiro. Rafaela trajando um
roupão, de cabelo molhado, já saiu do Box. Tensão. Close
no rosto aflito de Rafaela. Em off a voz de Eduardo.
EDUARDO: - Achei que seria um bom momento pra
um encontro familiar. Já que a Rafaela
também esta ai.
MAURO: - (assustadíssimo) Rafaela?
EDUARDO: - Sim. O carro dela ta ai embaixo, eu
vi.
CORTE CONTINUIDADE.
FIM DO CAPÍTULO
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