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APONTAMENTOS SOBRE A ESTRUTURA DA ESCRAVIDÃO INDÍGENA NA
FRONTEIRA SUL DO IMPÉRIO PORTUGUÊS (1750-1760).
ISADORA LUNARDI DIEHL
Mestranda- PPGH-UFRGS
isadoradiehl@gmail.com
O presente trabalho é fruto das reflexões sobre as categorias classificatórias
presentes em registros de batismos, óbitos e casamento, além de Róis de Confessados,
da década de 1750 nos chamados Campos de Viamão. Través da analise destes
classificativos buscou-se apontar alguns dos caminhos possíveis para compreensão da
inserção dos indígenas como mão-de-obra na sociedade luso-brasílica em formação1.
Desta forma, buscou-se contribuir para a desconstrução de uma visão historiográfica
bastante arraigada que minimiza a participação do trabalho indígena na sustentação do
desenvolvimento do Brasil (MOREIRA, 2013, p. 133).
Os Campos de Viamão eram uma vasta área, que abarcava praticamente toda a
porção setentrional do então Continente de São Pedro. A ocupação luso-brasílica desta
região segue uma continuidade do povoamento de Laguna, que se situa nos “estertores
da exploração bandeirista do século XVII”, sendo um empreendimento familiar de
Domingos Brito Peixoto (KÜHN, 2006, p. 32). O filho de Domingos, Francisco Brito
Peixoto, foi o cometedor do povoamento dos Campos. Junto a ele veio sua prole,
“composta por filhos naturais tidos com índias”, e também seus índios administrados
(GARCIA, 2003, p. 34).
Durante a década de 1750, essa área da fronteira sul do Império português é
ocupada mais efetivamente. Paradoxalmente, este é também um período de considerável
aumento das tensões na região missioneira. Os indígenas dos Sete Povos das Missões se
opunham aos resultados das negociações entre as nações ibéricas que previam sua
transmigração para outro lado do rio Uruguai e, para continuar no território, iniciam a
chamada Guerra Guaranítica (1754-1756) contra as duas Coroas (NEUMANN, 2004).
1 Esta pesquisa não pretende analisar todos os indígenas do atual estado do Rio Grande do Sul, nem
mesmo aos que circulavam na região dos Campos de Viamão. Trata-se de uma análise das relações de
sujeitos presentes em registros paroquiais, e, portanto, altamente inseridos na sociedade luso-brasílica e
no âmbito da Igreja Católica. Isso não significa que estes indivíduos partilhavam totalmente desta cultura
religiosa, significa dizer que eles estavam em um meio ao qual o catolicismo se impunha.
2
Essa preocupação com a fronteira sul está inserida em um contexto mais amplo
de disputas territoriais que geraram numa série de cartas, papéis e alvarás
confeccionados pelos agentes portugueses (ALMEIDA, 1997, p.154), que, por
consequência, se ocupam da questão índigena. Os agentes lusos buscavam atrair os
guaranis para as possessões e para a vassalagem do Império português. Desta forma,
este é um momento de significativa mudança no status jurídico dos ameríndios no
Império português.
No ano de 1755, é promulgada a Lei de Liberdade dos índios, que proíbe a
administração particular e reitera a proibição da escravidão. Incorporando esta lei, o
Diretório que se deve observar nas povoações dos Índios do Pará, e Maranhão, foi
assinado em 1757, e no ano seguinte, estendido à todo o Brasil, ficando conhecido como
Diretório Pombalino. O Diretório previa uma série de medidas cujo objetivo era a
extinção das diferenças entre índios e brancos, buscando assimilá-los completamente à
sociedade lusa.
Registros paroquiais e categorias classificatórias: um caminho para encontrar os
indígenas.
O mundo que se formava na fronteira sul durante o século XVIII pode ser
entendido como fruto da interação de característica do Antigo Regime português com
lógicas e situações concretas encontradas na América. Essa era uma sociedade
informada por uma lógica europeia, altamente hierarquizante, mas que agregava
elementos das sociedades nativas do continente e dos africanos trazidos para cá
forçadamente. Neste contexto, a escravidão, as questões raciais e de cor exerceram
papeis fundamentais de consolidar as posições desiguais existentes:
Essa sociedade herdou concepções clássicas e medievais de organização e
hierarquia, mas acrescentou-lhes sistemas de graduação que se originaram da
diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social, diferenciação esta
resultante da realidade vivida na América. (SCHWARTZ, 1988, p. 209)
Como coloca Laura de Mello e Souza (2006, p. 56): “o mundo das colônias (...) não
pode ser visto predominantemente pela ótica da norma, da teoria ou da lei, que muitas
vezes permanecia letra morta e outras tantas se inviabilizava ante a complexidade e a
dinâmica das situações específicas”. Desta forma, cabe ver as relações de trabalho
estabelecidas na fronteira sul para além do formalismo da lei. Se esta proibia a
3
escravidão dos nativos americanos, o “costume” a instituía, sob a alcunha de
“administração”:
Apesar da legislação contrária ao trabalho forçado dos povos nativos, os
paulistas conseguiram contornar os obstáculos jurídicos e moldar um arranjo
institucional que ordenasse as relações senhores e escravos. Assumindo o
papel de administradores particulares dos índios – considerados como
incapazes de administrar a si mesmos- os colonos produziram um artifício no
qual se apropriaram do direito de exercer pleno controle sobre a pessoa e a
propriedade dos mesmos sem que isso fosse caracterizado juridicamente
como escravidão. (MONTEIRO,1994, p.114)
Uma das formas de entrever os lugares sociais ocupados pelos indígenas nessa
sociedade em formação, para além das formalidades legais, é através dos registros
paroquiais. Neles estão colocadas uma série de categorias classificatórias que revelam
códigos partilhados pela sociedade que são definidores “dos lugares sociais ocupados
pelos envolvidos na comunidade local” (FARIA, 1998, p. 312):
A interpretação e a redação final, entretanto, ficavam a cargo do pároco. Era
ele que designava o “preto angola, mina, guiné” etc., o “pardo escravo de...” e
o “crioulo”. Nitidamente o vocabulário classificatório transcendia as
informações dadas pelos cativos (...). Representava, através das escrituras dos
padres, o que as pessoas indicavam sobre elas próprias e o que a comunidade
local sabia ou murmurava sobre elas”. ( FARIA, 1998, p. 310-312)
Os Róis de Confessados- documento no qual o padre confessor anota os nomes
daqueles que se confessaram em cada domicílio (fogo) durante a quaresma- também nos
permite observar os lugares sociais ocupados pelos indivíduos naquela sociedade. Essa
documentação apresenta arranjos familiares bastante variados. Entretanto, podemos
observar em muitos domicílios o seguinte padrão organizativo: o chefe do fogo aparece
na primeira linha; sua esposa na segunda, com o designativo “mulher” ao lado do nome;
abaixo vêm os “filhos” e “filhas” e em seguida, caso haja, outros parentes. Em fogos
com poucos escravos estes aparecem logo baixo do nome dos familiares, com a palavra
“escravo” ao lado do nome. Para os domicílios com mais cativos geralmente aparece o
título “escravos” e abaixo dele são arrolados os cativos com suas respectivas relações
(mulher, filho, etc.)2.
Os indígenas aparecem nos Róis sob o designativos de “administrado(a)”,
“índio(a)” e mais raramente “tape”. Apenas um dos domicílios apresenta
2 Para uma problematização da questão sobre hierarquia em Róis de Confessados ver: SIRTORI, 2006.
4
“administrados” como título de uma listagem, nos outros os designativos aparecem ao
lado dos nomes.
Os administrados e a escravidão.
A composição da população ao longo da década de 1750 não varia
significativamente. Os sem denominação alguma de cor ou condição social serão aqui
chamados de “brancos”. Certamente, não se tratam exclusivamente de pessoas de “cor
branca”, mas sim aquelas que eram entendidas como brancas pela comunidade local3.
Os indivíduos “brancos” compõem em média 55,4% (416 indivíduos) da
população ao longo da década, os “escravos” 41,4% (311 indivíduos) e os indígenas
apenas 3,2% (variando entre 28 e 20 indivíduos).4 Os livros de batismo da paróquia
mostram indícios de que a população ameríndia está subestimada nos Róis de
Confessados. No 1º Livro (1747-1759) os ameríndios são 17,8%, entre pais, avós,
padrinhos e batizandos (GARCIA, 2003, p.66).
3 Como coloca Sheila de Castro Faria (1998, p. 103): “A não referência à cor/condição em assentos
paroquiais corriqueiros e comuns significava um reconhecimento social sobre a situação dos envolvidos;
era a certeza da condição de livres. Caso não fossem brancos, havia os que, apesar de nunca terem sido
escravos, algumas vezes eram, e outras não, designados pela cor/condição”. Aqui, portanto, estamos
considerando “brancos” todos aqueles que não tem marcada uma distinção de cor/condição, ou seja que
não são enquadrados nas categorias classificativas que remetem a escravidão e, portanto, usufruem de um
status de “brancos”. 4 No ano de 1751, trabalho com 85% do total de fregueses, sendo este valor dado pela subtração entre o
total descrito pelo padre ao final do documento e o total de fregueses legíveis no documento. Este dado
está contido em Kühn (2004). O autor foi pioneiro no trabalho com os Róis de Confessados de Viamão.
Já para o de 1756, estimei através do mesmo método que utilizo o total de 88% dos fogos. No ano de
1757 e 1758 não existe um total descrito pelo pároco, impossibilitando saber a representatividade do
material utilizado, porém, devido à semelhança no estado de conservação, suponho que seja próxima a
dos outros dois anos.
5
Gráfico 1. Flutuação Temporal da população.
Fonte: ACMPA- Róis de Confessados de Viamão 1751, 1756, 1757 e 1758.
Essa sub-representação se deve a vários fatores. Primeiramente, as crianças
menores de sete anos não se confessavam, sendo assim, não aparecem no documento.
Outro fator é que a “indianidade” é bastante fugidia, tanto pela questão da cor, quanto
pela condição jurídica. Os qualificativos que denotam a condição indígena são bastante
ambíguos. Apenas consideramos aqui aqueles que indiscutivelmente podem significar
que tratam se de indígenas, como : “índio/a”, “administrado/a” e “tape”. Termos como
“pardo” não foram contabilizados 5.
A própria transmissão hereditária da marca da ascendência indígena é muito
menos marcante. Se para os africanos o desaparecimento da menção da cor ou condição
se dá em três gerações (FARIA, 1988, p.135), para o indígena parece acorrer em apenas
uma. Nos Róis analisados, absolutamente nenhum filho de indígena recebe qualquer
denominação que marque sua ascendência6. O caso de Rosa é um entre tantos que nos
exemplifica bem a situação.
Rosa, “índia forra” das Missões de Buenos Aires, era casada com Caetano
Angola. Os dois viviam com os filhos na fazenda da Figueira, de Domingos Gomes
Ribeiro. Os filhos desta união jamais foram designados como “índios”, nem mesmo
5 John Monteiro (1994), ao longo de seu trabalho, cita diversas denominações dadas aos indígenas
escravizados nas fazendas paulistas: “negros da terra”, “pardo”, “caboclo”, “tupi”, “carijó”, “gentil”. Até
o termo “mulato/a”, cuja associação comum é com a ascendência africana, por vezes era utilizado para
designar os ameríndios (1994, p. 217). 6 Ainda que seja mais comum que os escravos apareçam apenas com o designativo “escravo”, vários
tiveram a palavra “mulato” ou “mulata” escrita ao lado do nome.
0
100
200
300
400
500
600
1751 1756 1757 1758
po
pu
laçã
o
ano
Flutuação temporal da população
brancos
escravos
indígenas
6
como “cafuzos”, “mulatos”, “cabras”, “pardos”... Enfim, nenhum designativo marca sua
ascendência indígena e nem sequer sua miscigenação. Apesar de filhos de ventre livre,
Antônio e Caetana, os filhos do casal, estão arrolados em meio à senzala da Figueira.
Outro fator relevante para compreender o sub-registro de indígenas, tanto nos
Róis de Confessados quanto em outros registros paroquiais é que existe uma associação
das categorias classificativas que denotam “indianidade” com uma posição social
subalterna. Desta forma, aqueles que possuem antepassados indígenas e usufruem de
um status mais elevado na sociedade não recebem qualquer designativo que marque sua
ascendência. No cruzamento de informações bibliográficas e as diversas fontes
paroquiais foi possível observar indivíduos, em sua maioria mulheres, cujos pais eram
indígenas, mas que não recebiam nenhum classificativo relacionado à origem ameríndia.
O caso de Ana da Guerra é bastante expressivo. Ela é filha de uma índia carijó
com Francisco Brito Peixoto e possui o maior plantel de administrados da região. Ana
da Guerra, assim como sua irmã Maria de Brito Peixoto - que era filha de Francisco
com “uma índia administrada”- não recebe nos registros paroquiais nenhum
classificativo que denote sua ascendência indígena. (KÜHN, 2008, p. 86 e 62)
A escravidão indígena.
Como demonstrado no Gráfico 2, predominantemente os indígenas receberam o
classificativo de “administrados” em detrimento daquele que foram classificados como
“índios”. Nos três primeiros anos analisados o índice de classificados como tal varia
entre 60% e 90%. Em 1758, há uma queda abrupta que praticamente inverte os índices
dos anos anteriores, os administrados passam a ser apenas 25%. Desta forma, as
categorias classificativas encontradas nos apontam para a predominância da condição
servil entre os ameríndios.
7
Gráfico 2. Denominação dos indígenas.
Fonte: ACMPA- Róis de Confessados de Viamão: 1751, 1756, 1757 e 1758.
A posição na qual os indígenas foram arrolados nos Róis de Confessados reforça
a ideia de que estes viviam na condição de escravos. Através desta documentação
podemos observar que posições hierárquicas estavam ocupando estes indivíduos
naquele contexto. Predominantemente, os indígenas estão arrolados entre os “escravos”
ou entre “administrados”. Vale ressaltar que, aqueles classificados como “entre
familiares” não necessariamente são membros da família, no sentido mais estrito do
conceito. Pelo contrário, predominantemente são índios administrados que estão
ocupando estas posições porque as famílias não possuem mais de um escravo ou
administrado e, portanto, o padre confessor arrolou estes indivíduos junto aos
familiares. Portanto, se unirmos as categorias “entre administrados” e “entre escravos”
teremos entre 60% e 90% de indígenas vivendo em condição servil (Gráfico 4).
Gráfico 3. Posicionamento dos indígenas nos domicílios
Fonte: ACMPA- Róis de Confessados de Viamão: 1751, 1756, 1757 e 1758.
0
20
40
60
80
100
1751 1756 1757 1758
%
Denominação dos indígenas
ìndio
administrado
outro
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Chefe Entre familiares Entre escravos Entre
Administrados
% i
nd
ígen
as
Posicionamento dos indígenas nos domicílios
1751
1756
1757
1758
8
Gráfico 4. Demonstrativo de condição escrava.
Fontes: ACMPA- Róis de Confessados de Viamão: 1751, 1756, 1757 e 1758.
Reforça esta noção de que tanto “administrados” quanto outros indivíduos que
receberam o classificativo de “índios” estavam em situação análoga a da escravidão é de
que, se observarmos as características clássicas da escravidão, sua condição é bastante
semelhante. Segundo David Brion Davis (2001, p.49-50). o que define a condição
escrava é: “sua pessoa é propriedade de outro homem, sua vontade está sujeita à
autoridade de seu proprietário e seu trabalho ou serviços são obtidos por meio de
coerção.” Ainda, a escravidão deve se dar fora das relações familiares. Acrescenta-se a
estas características, outras provenientes de sua definição como “bem móvel”: “Seu
status não depende de sua relação com um proprietário em particular e não é limitado
pelo tempo ou espaço. Sua condição é hereditária e a propriedade de sua pessoa é
alienável”.
Não pude localizar nenhum registro de propriedade de indígenas, seja em
testamentos, inventários ou cartas de alforria7. Na falta destes registros formais,
podemos observar que é costumeiro que nos registros de batismo, casamento e óbito, os
administrados sempre estejam relacionados aos seus senhores. Por exemplo, dos vinte e
7 Dentre todos os cabeças de fogo e suas esposas, dos domicílios onde haviam indígenas, apenas José
Brás Lopes deixou inventário( APERGS, Porto Alegre, 1º Cartório de Órfãos e Ausentes, estante 12,
maço 3, autos 25) e nele nada sobre os indígenas pôde ser encontrado. Também foram consultados:
PESSI, Bruno Stelmach (coord). Documentos da escravidão. Inventários: o escravo deixado como
herança. Porto Alegre: Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), 2010. v. 1, v. 2, v. 3 e v.
4. ; PESSI, Bruno Stelmach (coord). Documentos da escravidão. Testamentos: o escravo deixado como
herança. Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), 2010.
PESSI, Bruno Stelmach; SILVA, Graziela Souza (coord). Documentos da escravidão. Processos crime :
o escravo como vítima ou réu.. Porto Alegre:Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG),
2010.
0
20
40
60
80
100
1751 1756 1757 1758
% d
e in
díg
ena
s
Demonstrativo de condição escrava
Condição escrava
Entre familiares
Chefe
9
um registros referentes aos administrados de Ana da Guerra, em dezoito consta o nome
da administradora. Essas notações são equivalentes as referentes aos escravos africanos,
onde a menção do proprietário é constante. Observa-se que essa associação do
administrado com o administrador não se rompe quando, de alguma forma, este deixa
de estar sob a tutela do senhor. No registro de batismo de sua filha, Bárbara não se
desvencilhou da ligação com a sua senhora, pois ali consta: “foi índia administrada de
Ana da Guerra” 8.
O batismo de Josefa pode nos esclarecer melhor a condição do administrado
como propriedade e “bem móvel”, elucidando a questão da hereditariedade da servidão.
No mês de janeiro de 1750 o padre declara que batizou:
Josefa inocente, filha de Catarina administra de Francisco Rodrigues
Machado e sua mulher Ana Barbosa Maciel, naturais da cidade de São Paulo
moradores nestes Campos de Viamão e é dito que sedem da dita
administração que tem da dita inocente Josefa e a dão a Nossa Senhora da
Conceição deste Viamão por sua livre vontade, sem constrangimento de
pessoa alguma (...)9
Interessante constatar que os senhores sedem a propriedade a outro
administrador, no caso a Capela, dentro da lógica de tutela impreterível dos índios.
Quando Josefa falece, oito dias após seu batismo, já é registrada como administrada da
Igreja.10 Note-se que Josefa já nasce na condição de administrada, provavelmente,
porque a herdou da mãe. O caso não é isolado, apesar de não ser comum constar ao lado
do nome do batizando qualquer informação, existiram alguns filhos de indígenas
administrados que receberam já no ato de introdução na vida católica a denominação de
“administrado”. Mais recorrente é que possamos identificar nos registros de óbito
crianças pequenas que nascem sob a administração. A situação é, portanto, análoga à
herança da escravidão africana. Sua caracterização como propriedade fica assim
evidenciada, pois é necessário que os senhores “abram mão de sua administração”, tal
qual se abre mão de um bem.
Tampouco foi possível localizar registros de compra e venda de indígenas.
Entretanto, podemos entrever a alienação através dos registros paroquiais. Por exemplo,
8 AHCMPA- [PROJETO RESGATE]- Registro de batismo de Páscoa. 1º Livro de Batismo de Viamão,
f.125, 17/06/1756. 9 AHCMPA- Registro de batismo de Josefa. 1º Livro de Batismo de Viamão, f. 90/90v. 11/01/1750.
10 AHCMPA- [PROJETO RESGATE]- Registro de óbito de Josefa, 1º Livro de Óbitos de Viamão, f. 92,
t. 540, 19/01/1750.
10
no registro de casamento de Manoel e [corr.] Pinta, então escravos de Dionísio
Rodrigues Mendes, sobre noiva foi dito: “administrada que foi de Antônio José
Viegas”11
. Observa-se assim, que houve uma troca de senhores. Não sabemos que ela
se deu por meio de compra, mas parece bastante improvável que, em um contexto de
grande valorização da mão-de-obra, esta transmissão tenha respeitado apenas a vontade
da administrada. Desta forma, é possível perceber que a administração indígena, assim
como a escravidão, não estava condicionada a um proprietário em particular.
As questões da sujeição à autoridade do proprietário e do trabalho ser obtido por
meio de coerção são já relativizadas pela própria historiografia da escravidão (LIBBY,
2008 e LARA, 1995). Ainda que tenhamos relatos de violência perpetrados contra
índios administrados não podemos tomá-los como paradigmático de todas as relações de
trabalho estabelecidas entre indígenas e “não indígenas”.
Portanto, ao menos em seus traços mais gerais, me parece possível ver a
administração indígena como análoga a escravidão africana. O caso de Mônica é
emblemático. Em 1748, a indígena Mônica é batizada, contudo, só vem a aparecer como
“administrada” nos Róis de Confessados nos ano de 1756. Seu batismo nos demonstra
muito claramente sua condição; ela é descrita ali como “carijó catecúmena12
, escrava de
João de Magalhães e sua esposa Joana Garcia Maciel.” 13
Note-se que no batismo é
utilizada a palavra “escrava” e nos Róis ela aparece como “administrada”, nos
demonstrando de forma bastante conclusiva a equivalência destas situações.
Senhores de escravos indígenas.
Predominantemente, os casais de possuidores de cativos indígenas tinham um
dos membros oriundo de São Paulo ou Laguna, o que demonstra a reprodução desse
tipo de escravismo no povoamento da fronteira sul do Império português. Porém,
senhores provenientes de outras paragens também possuíam cativos ameríndios. É o
11
AHCMPA- [PROJETO RESGATE]- Registro de Casamento de Manoel. 1º Livro de Casamento de
Viamão, f.66 .1758 12
O termo catecúmeno designa “aquele que se prepara e instrui par receber o batismo” e também “aquele
que acaba de ser admitido em determinada instituição e guarda todo seu entusiasmo por este motivo
(neófito)” (FERREIRA, 1975). Podemos inferir que Mônica recebera o batismo já adulta e que este marca
sua introdução no mundo luso-brasílico. 13
AHCMPA [PROJETO RESGATE]- Registro de Batismo de Mônica. 1º Livro de Batismo.
f.6v.09/02/1948.
11
caso do casal “açoriano” Jacinto Mateus da Silveira e dona Isabel Francisca de
Bittencourt, senhores do administrado Antônio14
.
ANO
Fogos com
indígenas
Proprietários
com a origem
localizada
Total de casais
com um dos
membros
lagunenses ou
paulistanos.
Percentual de
lagunenses/
paulistanos
nos casais com
indígenas
1751 18 14 10 71,4
1756 13 10 6 60
1757 7 6 5 83,3
1758 17 11 7 63,3
Tabela 1. Origem dos proprietários.
Fontes: ACMPA- 1º Livro de Batismo de Viamão (1747-1759), 2º Livro de Batismo de Viamão ( 1759-
1769) , 1º Livro de Casamentos de Viamão (1747-1785), 1º Livro de Óbitos de Viamão( 1748-1777).
Essa persistência da prática de escravização de indígena, mesmo que houvesse
o predomínio da escravidão africana ( Gráfico 1), possivelmente relaciona-se a a ainda
insipiente vinculação econômica dos Campos de Viamão com o comércio transatlântico
(ALENCASTRO, 2000, p.126). A impossibilidade de comprar africanos suficientes
para suprir a necessidade de mão-de-obra era fruto da falta de capital e de crédito dos
senhores que não podiam arcar com o dispendioso tráfico atlântico (SCHWARTZ,
1988, p. 46). Desta forma, naqueles locais onde os produtos tinham menor rentabilidade
a solução encontrada era a exploração da mão-de-obra ameríndia:
Ora, praticamente sem capital e sem maior acesso a creditos, reconheciam a
impossibilidade de importar escravos africanos em número considerável. (...)
A solução, conforme já vimos, residia na exploração impiedosa de milhares
de lavradores e carregadores índios, trazidos de outras regiões (MONTEIRO,
1994, p. 133).
De fato, o que podemos observar para os Campos de Viamão é que os indígenas
aparecem predominantemente nos domicílios onde não há escravos africanos ou há um
pequeno plantel, de até cinco escravos (Gráfico 5). Corrobora a hipóteses de que os
senhores possuidores de cativos ameríndios eram homens de poucas posses o fato de
nenhum possuir inventário. Os testamentos de alguns deles também reforça esta ideia de
relativa “pobreza”. É o caso de dois senhores de administrados, Manuel Gonçalves
14
AHCMPA [PROJETO RESGATE]- Registro de Batismo de Maria. 1º Livro de Batismo. f.51.
25/06/1755.
12
Ribeiro e Agostim Guterres, ambos possuidores de parcos bens (KÜHN, 2008, p.84 e
87).
Gráfico 5. Tamanho dos plantéis de escravos dos fogos onde há indígenas.
Fonte: ACMPA- Róis de Confessados de Viamão: 1751, 1756, 1757, 1758.
O desaparecimento dos indígenas e o Diretório pombalino.
Durante a década de 1750 podemos observar uma progressiva diminuição da
proporção de indígenas na população geral. Em 1751, eram 4,5% da população; em
1758, eram apenas 2,5%. A categoria “administrado” também sofre uma drástica
baixa, passando de 90% do total de indígenas em 1757, para apenas 25% no ano
seguinte (Gráfico 2). Isso parece decorrência de mais uma vez ter sido proibida a
administração particular dos indígenas. Essa proibição advém da conhecida Lei de
Liberdade de 1755; que em 1758 é estendida dos índios maranhenses para o restante
dos indígenas do território do Brasil15
.
A bula do Papa Bento XIV (1741) também parece explicativa.16
Observe-se que
o documento coincide com o período estudado neste trabalho17
. Nestas ordens o Papa
atesta que lhe foram enviadas cartas solicitando, uma vez mais, que condenasse, assim
como seus antecessores, à escravização dos índios, já que esta persistia. O Sumo
Pontífice salienta que até mesmo os nativos batizados eram sujeitos ao cativeiro,
afastando os demais da religião. O documento proibindo o cativeiro indígena e as
15
Ver: Inventário da Legislação Indigenista (PERRONE-MOISÉS, 1992, p. 557). 16
Ainda que a Bula seja citada no Inventário da Legislação Indigenista feito por Beatriz Perrone- Moisés
(1992, p. 557) não foi possível localizar nenhum outro trabalho que trate da influência deste documento
pra a proibição da escravidão ameríndia. 17
O documento foi registrado e transcrito no Bispado do Rio de Janeiro apenas em 1760; no entanto, é
possível que existam transcrições anteriores, já que o documento era destinado ao Brasil e mesmo com a
demora na correspondência da época, o intervalo aqui existente é bastante largo.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
1 a 5
5 a 9
10 +
% Proprietários
nº
de
escr
av
os
Tamanho dos plantéis de escravos dos fogos onde há indígenas
1758
1757
1756
1751
13
práticas dele decorrentes deveria ser publicado em dia de missa festiva e fixado no
interior de todas as paróquias. O não cumprimento da Bula resultaria em excomunhão18
.
A reiteração da proibição do cativeiro indígena, tanto por parte da Coroa, quanto
por parte do Vaticano, faz parte das tentativas de assegurar a liberdade dos índios para
que estes se mantenham ou se tornem vassalos do Rei português e sigam no âmbito da
Igreja católica. Tais intentos legislativos aparentemente esbarraram nas intenções dos
colonos que, mais uma vez, parecem ter encontrado subterfúgios para mascarar a
escravidão dos nativos. Muitos daqueles que antes recebiam algum designativo que
marcasse sua “indianidade” passaram a ser indicados apenas como escravos no ano de
1758.
Voltemos a Ana da Guerra. No ano de 1751, a viúva é proprietária de oito
“administrados”. No ano de 1756, salta para quatorze o número de cativos indígenas
em seu domicílio, demonstrando que ainda durante a década de 1750 era possível
incorporar nativos à sociedade através da administração particular. No entanto, no ano
de 1758 a proprietária passa a não ter mais nenhum administrado em seu fogo. Nesta
data, consta apenas a denominação “escravos” para os treze indivíduos arrolados abaixo
da família nuclear. Disto, deduziríamos que são cativos de origem africana, no entanto,
ao observarmos os nomes, percebemos que nove deles são os mesmos administrados do
ano anterior.
Outro subterfúgio para incorporação mais definitiva dos indígenas a escravidão
parece ter sido o estímulo de casamentos destes com africanos. Essa era uma estratégia
comumente usada pelos senhores de engenho baianos (SCHWARTZ, 1988, p.48). No
caso dos Campos de Viamão, ao longo da década os matrimônios entre indígenas e
africanos, passiveis de serem identificados nos Róis, figuravam 50%. No ano de 1758,
esse índice sofre um aumento, configurando 80% dos matrimônios, podendo significar
que houve um estímulo a estas uniões. Recordemos o caso de Rosa, citado no início
deste artigo, casada com um escravo africano e cujos filhos foram incorporados ao
plantel de escravos da fazenda em que viviam.
18
Não podemos saber se o documento efetivamente chegou ao Pároco de Viamão, já que, possivelmente,
o primeiro livro de registro de pastorais e ordens da freguesia de Viamão tenha se perdido. Essa
constatação parte do fato de que no livro subsequente (ACMPA- Livro de registro de pastorais e ordens.
Vigário Geral do Rio Grande do Sul 1785-1845) há a menção a um livro anterior não localizado.
14
Esse caminho de perda de designativos indígenas e associação com a escravidão,
ainda que possa ter sido o predominante, certamente não foi o único possível. O casal
José da Siqueira e Laura de Brito, também administrados de Ana da Guerra, deixam de
aparecer no domicílio no ano de 1758, quando aparecem nos registros de batismo não
mais como “administrados”, mas sim como “gente da terra”19
.
Certamente o contexto legal oferecia novas oportunidades de saída do cativeiro
para os ameríndios. O Diretório pombalino, aliado ao estabelecimento de aldeamentos
de indígenas oriundos das missões na região dos Campos de Viamão, como o
aldeamento de Nossa Senhora dos Anjos, pode ter proporcionado aos ameríndios não só
novas oportunidades de trabalho e vivência como novas formas de serem identificados
pelos párocos, já que estes iguais estavam tão próximos e vivendo em liberdade.
Portanto, o próprio processo de constituição identitária pode explicar estas mudanças e
omissões nos registros dos ameríndios. Como coloca Boccara, a respeito da criação de
etnias, “las luchas de clasificación que se desarollan em torno de diferentes grupos
ameríndios contituyen uma dimensión fundamental de toda lucha social, de clase, o
étnica” (BOCCARA, 2003, p.68).
Apontamentos finais.
Através das categorias classificatórias foi possível demostrar que os indígenas,
ainda que configurassem uma parte pequena da população da região dos Campos de
Viamão, contribuíram para formação da mão-de obra desta área. Tanto as categorias
pelas quais são arrolados nos Róis de Confessados quanto as posições ocupadas na
hierarquia dos domicílios levam a crer que viviam em condições análogas a da
escravidão. Da mesma forma, foi possível perceber que algumas questões características
da escravidão estavam bastante presentes também na administração indígena, como o
fato de serem considerados propriedade e a transmissão hereditária da condição de
administrado. Também foi possível identificar que existe uma sub-representação dos
indígenas nos registros, em grande parte fruto da associação destes a uma posição
subalterna. Sendo assim aqueles que usufruem de um status social mais elevado, mas
19
AHCMPA [PROJETO RESGATE]- Registro de Batismo de Malaquias. 1º Livro de Batismo. f.99v.
13/11/1751; Registro de Batismo de Simiano. 1º Livro de Batismo. f. 116. 28/10/1754; Registro de
Batismo de Jenuária. 1º Livro de Batismo f. 134v, 20/09/1758; Registro de Batismo de Eugência. 1º Livro
de Batismo. f. 135. 08/12/1758.
15
que não necessariamente são ricos, não são identificados a partir de categorias que
denotem “indianidade”.
A análise dos padrões de posse de administrados demonstrou que os senhores
que possuem escravos indígenas tem vinculações com a rota migratória oriunda de São
Paulo, mas também demonstrou que não estava restrita a eles. Apontou-se a
possibilidade destes senhores não serem detentores de grandes fortunas e, por isso, não
possuírem acesso à mão-de-obra africana.
Por fim, foi possível identificar que muitos indígenas foram definitivamente
incorporados a escravidão ao final da década, perdendo qualquer designativo étnico de
diferenciação dos cativos africanos. O que parece ter ocorrido foi o oposto ao previsto
no Diretório pombalino, os indígenas não foram aproximados dos livres e sim dos
escravos. Portanto, podemos observar que a política indigenista, ainda que sejam um
ponto de partida importante para a compreensão das formas de integração dos nativos as
comunidades luso-brasílicas, por si só não dão conta de todo o processo histórico. As
estratégias dos colonos para manutenção da mão-de-obra e as estratégias dos indígenas
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