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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Registros Públicos
PALMAS-TO/ 2006
Antonio Ianowich Filho Fabiana Cotian Meireles
Publio Borges Alves
2º PERÍODO
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Fundação Universidade do Tocantins
Reitor: Humberto Luiz Falcão Coelho Pró-Reitor Acadêmico: Galileu Marcos Guarenghi
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Extensão: Maria Luiza C. P. do Nascimento
Pró-Reitora de Pesquisa: Antônia Custodia Pedreira
Pró-Reitor de Administração e Finanças: Maria Valdênia Rodrigues Noleto
Diretor de Educação a Distância e Tecnologias Educacionais: Claudemir
Andreaci
Equipe Pedagógica – Unitins
Coordenação do Curso: José Kazuo Otsuka
Conteúdos da Disciplina: Antonio Ianowich Filho Fabiana Cotian Meireles Publio Borges Alves
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
APRESENTAÇÃO Prezado(a) Acadêmico(a), Após transcorridos os primeiros meses dessa caminhada que você se
propôs a trilhar, começamos agora a adentrar mais a fundo no mundo jurídico,
afinal, no semestre anterior, foi transmitido a vocês a base do estudo jurídico,
restando a partir de agora o estudo das diversas especializações desse
complexo e importante instrumento de manutenção e garantia da liberdade e
da democracia.
Para isso, dentre os diversos ramos do direito, um dos que
mais influencia em nosso cotidiano é este que iremos discutir e compreender
durante o transcorrer desse período, uma vez que em praticamente todos os
atos de nossa vida civil, como por exemplo na celebração do casamento, na
compra de uma casa, na assinatura de um contrato, enfim em praticamente
todos os atos da vida civil.
Portanto, fique atento ao material e siga a seqüência proposta para
seus estudos, acompanhe as tele-aulas e não deixe de visitar freqüentemente
as web-aulas, de forma a aprimorar e aprofundar seu aprendizado.
Para auxiliar em seus estudos, optamos por manter a divisão do
conteúdo em temas que abordam os diversos aspectos dos Registros Públicos.
Para que você tenha um melhor aproveitamento da disciplina, é que
optamos por essa divisão, pois acreditamos que essa organização irá
proporcionar um maior entendimento da matéria.
Esperamos que com a utilização de todos os recursos disponibilizados
pelo curso, em conjunto com o material elaborado para utilização em nossa
disciplina, você alcance o máximo de aproveitamento possível e acima de tudo,
consiga vislumbrar a relação entre a teoria e o seu cotidiano.
Atenciosamente os Autores.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS PLANO DE ENSINO CURSO: Fundamentos e Práticas Judiciárias DISCIPLINA: Registros Públicos ANO/SEMESTRE: 2006/01 PROFESSORES: Antonio Ianowich Filho e Públio Borges Alves EMENTA:
Estudo teórico e prático do Direito Notarial e Registral e das atribuições
e atos dos Notários e Registradores. Análise das disposições legais
pertinentes.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Aspectos históricos dos registros públicos no Brasil e no mundo
Direito notarial e direito registral
Princípios constitucionais
Princípios da atividade notarial
Princípios da atividade registral
Protesto de títulos e documentos
Registro civil das pessoas naturais
Registro de imóveis
Registro de títulos e documentos
Tabelionato de notas
Do registro civil das pessoas jurídicas
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CENEVIVA, Walter. Lei dos Notários e dos Registradores Comentada. 4.ed.,
São Paulo: Saraiva, 2002.
NASCIMENTO, Sândalo Bueno do. MOLINARI, Márcio de Castro. Breves
Anotações Sobre Registro de Imóveis. Goiânia: Editora KELPS, 1998.
SWENSSON, Walter Cruz. Lei de Registros Públicos Anotada. 3.ed., São
Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR PESSOA JURIDICA. In: CASTRO, Flavio de. Compacto Dicionário Jurídico.
1.ed. São Paulo: RT,1994, p.247.
LOUREIRO FILHO, Lair da Silva; LOUREIRO, Claudia Regina de Oliveira
Magalhães. Notas e Registros Públicos. São Paulo: Saraiva, 2004.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Sumário
Tema 01 – Aspectos históricos dos registros públicos no Brasil e no mundo...06
Tema 02 – Direito notarial e direito registral......................................................13
Tema 03 – Princípios constitucionais administrativos.......................................21
Tema 04 – Princípios da atividade notarial........................................................27
Tema 05 – Princípios da atividade registral.......................................................32
Tema 06 – Protestos de títulos e documentos..................................................39
Tema 07 – Registro civil de pessoas naturais...................................................49
Tema 08 – Registro de imóveis.........................................................................67
Tema 09 – Registro de títulos e documentos....................................................87
Tema 10 - Tabelionato de notas........................................................................93
Tema 11 – Registro civil das pessoas jurídicas...............................................100
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Tema 01 Aspectos Históricos dos Registros Públicos
Objetivo Compreender os aspectos históricos e a evolução dos Registros
Públicos no Brasil e no Mundo.
Introdução Neste tema faremos uma breve viagem ao passado para justificar e
entender o presente. Veremos os primeiros sinais da presença dos Registros
Públicos no Mundo, seus principais marcos históricos e a evolução do Direito
Notarial e Registral Brasileiro.
Sob a ótica nacional, vamos analisar a influência do descobrimento do
Brasil nos registros públicos, as primeiras regras jurídicas, as Constituições
brasileiras e a evolução do ordenamento jurídico, culminando, por fim, na
emenda nº 45 de 2005 (Reforma do Judiciário).
Primeiros Sinais
A humanidade sempre se preocupou com a publicidade dos imóveis.
Na Mesopotâmia existem indícios fósseis provenientes de escavações e
pesquisas, que apontam a existência de procedimentos destinados à
publicidade registral, antes mesmo do Código de Hamurábi (c. 1700 a.C.), em
que os contratos de transmissão imobiliária eram lavrados por escribas
(notário) em tabuletas de argila, contendo o selo do notário (kunuku).
No livro mais conhecido do planeta, “A Bíblia”, em “Jeremias”,
registra-se a formalidade da compra de um imóvel nos tempos de
Nabucodonosor, na seguinte passagem: Javé ordena a Jeremias: “toma estes
documentos, este contrato de compra, o exemplar selado e a cópia aberta e
coloca-os em um lugar seguro, para que se conservem por muito tempo.
Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: ainda se
comprarão casas, campos e vinhas nesta terra” (Jer. 32:14-15).
Os registros públicos modernos, nos moldes conhecidos na
atualidade, datam de meados do século XIX, e vêm, a partir de então,
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS passando por um processo evolutivo nos países ocidentais, dentre eles o
Brasil, Espanha, Portugal etc.
Descobrimento do Brasil No ano de 1500, o Brasil foi descoberto; Portugal estabeleceu o seu
domínio e iniciou-se o período Colonial, implantando a princípio relações
escravistas e atividades extrativistas, principalmente a exploração do pau-
brasil, pois aqui habitavam, naquele momento, apenas populações indígenas.
Sendo detentora do domínio das terras brasileiras, a Coroa
Portuguesa, visando a incentivar a ocupação do solo, instituiu as Sesmarias,
que nada mais eram do que Cartas de terras destacadas para o domínio
privado, especificamente aos capitães donatários, os quais poderiam doá-las a
quem pretendesse cultiva-la, segundo as Ordenações do Reino. As Ordenações do Reino de 1603 foram a primeira regra jurídica introduzida na então Colônia, a qual determinou que os registros estariam a cargo do Tabelião, nomeados pelo Rei, sem existir, contudo, um sistema geral de Registros Públicos. (Livro II, Título XLV, § 15).
O Registro do Vigário (Lei nº 601, de 18-09-1850).
Considerada a primeira lei agrária brasileira, elaborada no período
imperial, com finalidade de discriminar os bens do domínio público do domínio
particular, com efeito declaratório, pois reconhecia e legitimava a aquisição
pela posse.
Surge, neste momento, a figura do registrador, pessoa que estava
incumbida de efetuar os primeiros registros junto aos livros da Paróquia
Católica, levando-se em consideração o local onde o imóvel estivesse situado.
As terras não registradas, que não fossem distribuídas, ou que,
sendo distribuídas, fossem concedidas a terceiros, voltavam para o Estado, e
logo eram consideradas como devolutas.
O termo devoluto era considerado o solo que dado a particulares,
fora devolvido posteriormente ao poder público, tornando, portanto ao senhor
primitivo.
Por outro lado, se os beneficiários regulares da sesmaria
cumprissem todas as condições e exigências legais, os mesmos poderiam
adquirir o domínio pleno da terra, conforme assegurava o art. 179, inciso XXII,
da Constituição do Império de 1824:
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos
Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte.
XXII. E'garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem
publico legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Cidadão, será ele previamente indenizado do valor dela. A Lei marcará os
casos, em que terá lugar esta única exceção, e dará as regras para se
determinar a indenização..
Regime Hipotecário
Em razão da necessidade de garantia para os primeiros negócios
que se formavam, instituiu-se, em 21.10.1843, o Regime Hipotecário pela Lei
Orçamentária nº 317, que, posteriormente, foi transformado em “Registro
Geral” pela Lei nº 1.237, de 24-9-1864.
O Registro Geral teve um papel econômico e social importantíssimo,
trazendo substancial avanço no sistema registral brasileiro, pois possibilitava o
negócio inter vivos e a constituição dos ônus real (art. 7º) para que a
transmissão não se operasse a respeito de terceiros, senão pela transcrição e
desde a sua data, exigindo-se a escritura pública como substância do contrato
e sua inscrição no registro.
Com o advento do Decreto 3.453 de 1865, foram acrescentadas
algumas exceções à lei anterior, dispensando-se a exigência da inscrição junto
ao Registro Geral nas transmissões “causa mortis”, nos atos judiciais, e nas
hipotecas gerais em favor da mulher casada, dos menores e dos interditos,
assim permanecendo até o Código Civil de 1916.
Constituição de 1824
A Constituição de 1824 é a primeira norma fundamental brasileira,
elaborada no regime Imperial. Entretanto seu texto não contemplou matéria
referente aos registros públicos.
Apesar da omissão de dispositivos constitucionais acerca dos
registros públicos, houve, para a época, um grande avanço nas garantias à
inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, no tocante
à liberdade, segurança individual e à propriedade.
Constituição de 1891
A primeira Constituição Republicana do Brasil nada dispôs sobre os
registros públicos, porém garantiu igualdade e não admitia privilégios de
nascimento, extinguindo privilégios como os foros de nobreza (Duque, Barão
etc) e as ordens honoríficas existentes à época, nos termos do artigo 72, § 2º.
O § 4º do artigo 72 somente reconheceu o casamento civil,
determinando a competência legislativa ao Congresso Nacional para tratar do
direito civil, mas não mencionava os registros públicos.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Código Civil de 1916
Os Registros Públicos, com a entrada em vigor do Código Civil de
1916, consolidaram-se numa instituição pública com a finalidade de operar a
transmissão do domínio, por considerá-lo como um dos meios aquisitivos da
propriedade, tendo inclusive o legislador, à época, separado dentro do corpo
normativo um Livro para o Direito das Coisas e, mais especificamente, ao
Registro de Imóveis uma Seção distinta, nos artigos 856 a 862 do Código
Revogado.
Constituição de 1934
O termo Registro Público foi incorporado em uma Constituição
Brasileira somente a partir da Constituição de 1934, tendo a referida Carta
Política fixado a competência da União para legislar sobre a matéria registral,
conforme art. 5º, alínea “a”:
“Art 5º - Compete privativamente à União: XIX - legislar sobre: a) direito penal, comercial, civil, aéreo e processual, registros públicos e juntas comerciais;”
Além da inserção expressa da competência da União, verificou-se
ainda a fixação da competência dos Tribunais em elaborar seus regimentos
internos e organizar seus cartórios e serviços auxiliares, segundo o art. 67
alínea “a”.
As demais constituições (1937, 1946 e 1967) mantiveram as
disposições e fixações estabelecidas acerca do tema “Registros Públicos”, tais
como a equiparação do casamento religioso ao casamento civil, desde que
observados os impedimentos e as prescrições da lei (art. 163, § 1º Constituição
de 1946).
Constituição Federal de 1988
Até o advento da Constituição Federal de 1988, acreditava-se
erroneamente que as Serventias, “Cartórios”, eram passados dos pais aos
filhos, como se Direito Sucessório fosse.
Porém, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em seu
art. 236, parágrafo 3º, reconheceu-se o caráter privado da função registral e
notarial, bem como a necessidade da realização de concurso público para a
obtenção da delegação pelo Poder Público.
Pela Constituição de 1988, foi determinado ainda que a atividade
seria regulamentada por lei federal, o que ocorreu com a edição da Lei nº
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 8.935/94, que em seu art. 1º, visa a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos.
Emenda Constitucional nº 45/04
A Emenda Constitucional nº 45/04 reformulou o Judiciário,
instituindo-se para tanto o Conselho Nacional de Justiça, como órgão de
controle externo do Poder Judiciário.
Além do poder de fiscalização do Poder Judiciário, o Conselho
Nacional de Justiça ainda obteve a atribuição de receber e conhecer as
reclamações contra serventias e órgãos prestadores notariais e registrais
atuantes por delegação do poder público.
Síntese da Aula
Os Registros Públicos existem desde a antiguidade e, no caso
específico do Brasil, a partir do período colonial, evoluindo, ao longo da
história, na prestação desta relevante função social.
O ápice da evolução das funções registral e notarial ocorreu pela
promulgação da Constituição Federal de 1988, que reconheceu o caráter
privado, mediante a inescusável necessidade de concurso público para
obtenção da delegação do Poder Público para o seu exercício.
Atividades
1 - O registro Geral teve um papel econômico e social importante, trazendo
substancial avanço no sistema registral brasileiro, pois possibilitava o negócio
inter vivos e a constituição dos ônus real (art. 7º); para que a transmissão não
se operasse a respeito de terceiros, senão pela transcrição e desde a sua data,
exigindo-se a escritura pública como substância do contrato e sua inscrição no
registro. Qual a razão da instituição do Registro Geral?
Comentário: A questão se fundamenta nas reais necessidades que surgiam
àquela época, face às transações econômicas que surgiram.
2 – Antes da Constituição de 1988, o Substituto imediato do Tabelião ou
Registrador poderia assumir a serventia, independentemente de grau de
parentesco com o Tabelião. Dessa forma, qual o principal reconhecimento
obtido pela atividade registral e notarial após a CF de 1988?, e qual a exigência
para a obtenção da delegação da atividade registraria?
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Comentário: O principal objetivo do enunciado é desenvolver no aluno, o
raciocínio jurídico, para que ele possa identificar a mudança no caráter da
atividade notarial, bem como a substancial necessidade imposta pela
Constituição, para se evitar nomeações indesejáveis e prejudiciais à sociedade.
Atividades
1 - Sobre os Aspectos Históricos dos Registros Públicos é correto afirmar:
a) No momento em que surgiu o Registro do Vigário (Lei nº 601, de 18-09-
1850), não houve nenhuma manifestação de existência da figura do
registrador, pessoa que estava incumbida de efetuar os primeiros registros
junto aos livros da Paróquia Católica, levando-se em consideração o local onde
o imóvel estivesse situado.
b) A Constituição de 1824 é a primeira norma fundamental brasileira, elaborada
no regime Imperial, que contemplou em seu texto normativo todas as matérias
referentes aos registros públicos.
c) Pela Constituição de 1988, foi determinado que a atividade registral seria
regulamentada por lei federal, o que ocorreu com a edição da Lei nº 8.935/94,
que em seu art. 1º, visa a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e
eficácia dos atos jurídicos.
d) A Emenda Constitucional nº 45/04 reformulou o Judiciário, instituindo-se
para tanto o Conselho Nacional de Justiça, como órgão de controle externo do
Poder Judiciário. Entretanto, o Conselho Nacional de Justiça não obteve
nenhuma atribuição para receber ou conhecer das reclamações contras as
serventias e órgãos prestadores notariais e registrais.
Comentário: a)- Antes que o aluno possa marcar a alternativa correta, o mesmo terá que
voltar ao texto, e identificar se no momento da vigência do Registro do Vigário
existia a figura do registrador.
b) – Na presente alternativa, o acadêmico deverá observar se a Constituição de
1824 contemplou matérias concernentes aos registros públicos
c) – Verificar se a Constituição Federal de 1988 determinou a regulamentação
por lei federal a atividade registral.
d) – A Emenda Constitucional nº 45/04 reformou o Judiciário. Porém a
alternativa visa obter a informação se o Conselho Nacional de Justiça obteve
atribuições para conhecer das reclamações referentes às serventias.
Referências Bibliográficas SILVA.Domingos.Nascimento.Siva. Aspectos da formação do espaço agrário
brasileiro, in:
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS http://www.seagri.ba.gov.br/revista/rev_1199/esp_agra.htm,.Acessado.em.13.n
ov.2005.
ARRUDA, Ridalvo Machado de Arruda. O Registro de imóveis e o cadastro, in:
http://www.datavenia.net/opiniao/rivmach.html. Acessado em 13.nov.2005.
MELO, Marcelo Augusto Santana de Melo. Breves anotações sobre o Registro
de Imóveis.
in:http://www.tj.ro.gov.br/emeron/sapem/2004/SETEMBRO/0309/ARTIGOS/A07
.htm .Acessado em 13.nov.2005.
O Notário no
Brasil,in:http://www.notariado.org.br/his.asp.Acessado.em.12nov.2005.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 02
Direito Notarial e Direito Registral
Objetivos Ser apresentado ao Direito Notarial e Registral, abordando importância
dos serviços prestados por estes profissionais à sociedade.
Introdução
Caro (a) Acadêmico (a), nesta aula, iremos abordar o Direito Registral
e Notarial, juntamente com as atividades e funções de seus profissionais.
Faremos, também, um estudo da relação de fé publica com estes indivíduos.
Fé Pública
Primeiramente para relatarmos sobre este conteúdo, devemos nos
perguntar: QUAL O SIGNIFICADO DAS
PALAVRAS “FÉ” E “PÚBLICA”?
As palavras fé e pública significam, respectivamente: “fé” é a convicção
em alguém ou alguma coisa, crédito, confiança; já a palavra “pública” é relativa
ao povo, o que é de todos, comum a todos (FERREIRA; 1999; p. 886).
Já no mundo jurídico, esta expressão significa dizer que “é a confiança
que se tem em atos emanados de autoridade no exercício de sua função, ou de
funcionários autorizados, quanto à sua legitimidade e verdade” (CASTRO;
1994; p.164).
A fé pública, portanto, seria o Estado depositando confiança em um
individuo, por meio de uma atividade que será oferecida a uma sociedade,
sendo ele o detentor da fé publica, afirmando a eficácia da atividade, ajustado
com base no declarado ou praticado pelo profissional.
A fé pública que iremos estudar neste tema será aquela direcionada ao
Notário e Registrador, que atuam como representantes do Estado na sua
atividade profissional.
Existem alguns atos jurídicos da vida dos particulares que possuem
tamanha importância que passam a ser de interesse da coletividade e, para
que tais atos possam ter validade, é necessária a intervenção do Estado,
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS emitindo declaração de vontade, querendo o ato em si e querendo também o
resultado visado pelas partes, assim com também existem atos notariais e
registrais que não contêm declaração de vontade, apenas o reconhecimento do
Estado, como no caso de reconhecimento de firma e autenticação de
documentos.
Para entendermos melhor a fé pública, será necessário conhecermos
melhor os indivíduos que estudaremos neste tema, o que pode ser feito por
meio da leitura do art. 3º da Lei 8935/94.
Fé pública na atividade registral e notarial
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 236, atribuiu tratamento
igualitário aos serviços notariais e de registros, dispondo: "Os serviços notariais
e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público”.
Notários, ou tabeliães, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.
Sendo ela atribuída por lei "afirma a certeza e a verdade dos
assentamentos que o notário e oficial de registro pratiquem e das certidões que
expeçam nessa condição, com as qualidades de publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos, referidas no art. 1° da Lei n. 8.935/94.
(CENEVIVA, 2002, p.3).
Neste caso, quem representa o Estado são os indivíduos já
mencionados. E, por serem representantes do Estado, possuem fé pública,
assim tornando o ato autêntico e válido. Os serviços notariais e registrais são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público. O notário e o registrador são agentes delegados
que exercem uma função pública, atendendo a interesses gerais da população,
de cunho patrimonial ou moral, visando a garantir segurança jurídica, mediante
a fé pública que é outorgada a estes profissionais em razão da especificidade
do seu ofício.
Delegação: “Comissão que dá a alguém o
direito de agir em nome de outrem , quer em
caráter particular , quer com representante.”
(Ferreira, 1999, p. 61)
Importante observar que os atos notariais são técnicos, pelo fato de
preencherem os requisitos formais para sua consecução, devendo ser
redigidos de maneira clara e utilizando os meios jurídicos mais adequados à
obtenção do fim visado.
De acordo com o disposto no art. 5º. da Lei 8935/94 que regula as
notas e registros, os titulares de serviços de notas e registros são os:
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
I - tabeliães de notas;
II - tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III -tabeliães de protesto de títulos;
IV - oficiais de registro de imóveis;
V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas;
VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;
VII - oficiais de registro de distribuição.
Serventias não oficializadas seria aquelas que são determinadas pelo Estado a particulares, porem não sendo estes indivíduos considerados funcionários público.
Notários e registradores são indivíduos remunerados por pessoas
naturais ou jurídicas. Não podem ser remunerados pelo Estado, são titulares de
serventias não oficializadas, assim se tratando de serviço não estatizado.
O trabalho desses profissionais passou a ser denominados “Serviços”,
para assim fugir do termo tradicional cartório, mas o termo ainda continua
vigente na fala do povo.
Como relata o autor Walter Ceneviva em sua obra “Lei dos Notários e
dos Registradores Comentada” (2002, p. 21), o vocábulo “serviço” caracterizou
os serviços registrais e notariais como trabalho técnico desenvolvido sob as
ordens de um delegado do Poder Público, para exclusivo cumprimento de
funções ali indicadas. Mas mesmo contendo independência ele estará sujeito a
fiscalização do Poder Judiciário.
15
Art. 30. São deveres dos notários e dos oficiais de registro:
I - manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua serventia, guardando-os em
locais seguros;
II - atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza;
III - atender prioritariamente as requisições de papéis, documentos, informações ou
providências que lhes forem solicitadas pelas autoridades judiciárias ou administrativas
para a defesa das pessoas jurídicas de direito público em juízo;
IV - manter em arquivo as leis, regulamentos, resoluções, provimentos, regimentos,
ordens de serviço e quaisquer outros atos que digam respeito à sua atividade;
V - proceder de forma a dignificar a função exercida, tanto nas atividades profissionais
como na vida privada;
VI - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza reservada de que
tenham conhecimento em razão do exercício de sua profissão;
VII - afixar em local visível, de fácil leitura e acesso ao público, as tabelas de emolumentos
em vigor;
VIII - observar os emolumentos fixados para a prática dos atos do seu ofício;
IX - dar recibo dos emolumentos percebidos;
X - observar os prazos legais fixados para a prática dos atos do seu ofício;
XI - fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos que devem praticar;
XII - facilitar, por todos os meios, o acesso à documentação existente às pessoas
legalmente habilitadas;
XIII - encaminhar ao juízo competente as dúvidas levantadas pelos interessados,
obedecida a sistemática processual fixada pela legislação respectiva;
XIV - observar as normas técnicas estabelecidas pelo juízo competente.
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Esta lei também veio esclarecer a natureza da responsabilidade dos
notários e registradores, em seu art.22, o qual relata que: ”os notários e oficiais
de registros responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a
terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros
direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos”.
Apesar dos serviços notarias e de registros serem exercidos em caráter
privado, por se constituírem delegação do poder público, a própria constituição
federal, em seu art. 236, §3º, impõe que o ingresso em tal atividade se dê
mediante concurso publico de provas e títulos.
Direito notarial São vários os conceitos dados a direito notarial, um deles seria o de
Néri: "o direito notarial pode definir-se como o conjunto de normas positivas e
genéricas que governam e disciplinam as declarações humanas formuladas
sob o signo da autenticidade pública" (1980, p. 322.)
Mais claro seria dizer que são serviços prestados por notários ou
tabeliões, autorizados por lei, de redação, formalização e autenticação, com fé
publica, de instrumentos que dão veracidade aos atos jurídicos extrajudiciais
dos interesses dos solicitantes. Possuindo também um papel essencial na
elaboração da documentação que valide os direitos dos cidadãos, como por
exemplo: procurações, autenticação de documentos etc.
É também motivo de muita discussão, tanto em nosso país, como no
exterior, se o tabelião é exercente de funções parajurisdicionais, se o notário
tem caráter institucional ou se é um serviço. Assim, a lei 8.935/94 veio resolver
este problema, afirmando que notário e registradores são profissionais do
direito, mas praticante de serviços do interesse publico. Assim, sabendo que o direito notarial se trata de um conjunto de
normas que regulam a função do notário, veremos agora a função notarial.
Função Notarial O art. 5º em seus incisos I, II, II da lei 8935/94, relata quem exerce a
função de notários, sendo eles:
- Tabeliães de notas (inciso I) que exercem a função de receber e
registrar informações pessoais do cidadão e atestar a sua
autenticidade promovendo assim comum acordo e a paz social de um
país. - Tabeliães e oficiais de registros de contrato marítimos (inciso II) são
especialistas limitados a uma espécie contratual: a dos negócios
relacionados com o comércio marítimo, são subordinados, portanto aos
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
principio gerais do Direito Comercial e aos preceitos próprios do Direito
do Mar.
- Os tabeliães de protesto de títulos (inciso III) atuam exclusivamente no
Direito Comercial, consta que a denominação de tabeliães também
lhes é reservada, posto que são encarregados de lavrar protestos.
No exercer de sua função, o notário faz muito mais do que autenticar
atos e documentos. Ele dá forma e sanção pública nos atos em que intervém,
direcionando o direito e estabelecendo regras de convivência. De acordo com o
art 6 º da lei 8.935/94:
Aos notários compete:
I - Formalizar juridicamente à vontade das partes;
II - Intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou
queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo
os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo copias
fidedignas de seu conteúdo;
III - Autenticar fatos. De acordo com a lei, a função do notário é de dar forma legal e conferir
fé pública aos atos jurídicos, garantindo a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos preventivamente, assim visando a
desobstruir o Judiciário do acúmulo de processos instaurados, no intuito de
restabelecer a Ordem Jurídica do país, e atuando como instrumento de
pacificação social.
A atividade notarial apresenta seu caráter jurídico pelo fato de ser
apenas admitida quando praticada por profissional habilitado. O tabelião orienta
as partes e concretiza a sua vontade na formulação do instrumento jurídico
adequado à situação jurídica apresentada. O notário poderá também oferecer
pareceres jurídicos a seus clientes, esclarecendo-os sobre a possibilidade
jurídica de realizar-se determinado ato, sobre a forma jurídica adequada, bem
como sobre as conseqüências que serão engendradas pelo ato. A parte é a pessoa natural ou jurídica que participa do ato formalizado,
com interesses juridicamente protegidos, comparecendo em pessoa ou por
representante aceito e identificado na forma da lei. E que o notário precisa ser
provocado pela parte interessada para agir, não podendo exercer a sua função
por iniciativa própria.
A vontade das partes se refere à capacidade delas de quererem um
resultado e de escolher livremente entre as alternativas expostas o que lhes é
mais favorável. Possui, assim, um caráter técnico por ser essencial o
*Importante ressaltar que no inciso II, deste artigo, encontramos notários e
registradores exercendo esta função.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS preenchimento dos requisitos formais para que haja uma validade jurídica dos
atos.
Os notários devem exercer sua função de forma absolutamente
imparcial, pois possuem o dever de investigar os elementos levados pelas
partes para a realização de um ato, assim dar o seu parecer acerca de suas
concretização, buscando os meios mais adequados e condizentes com o
sistema jurídico-normativo e a guarda de documentos, com a intenção de
revestir o ato de maior segurança jurídica.
Os atos redigidos pelo notário deverão traduzir-se em instrumentos
públicos, no caso instrumentos notariais. A lei 8935/94, em seu artigo 7o,
assegura ser de competência exclusiva dos tabeliães: lavrar escrituras e
procurações públicas; lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados; lavrar
atas notariais; reconhecer firmas; autenticar fotocópias. Para melhor visualização deste conteúdo, segue abaixo um modelo de
procuração, a qual o notário poderá com suas atribuições lavrar e
proporcionando assim fé publica a este documento.
Direito registral:
O Direito Registral é voltado para o assentamento de títulos de
interesse privado ou público, para garantir oponibilidade a todos os terceiros
com a publicidade que lhes é inerente, garantindo a segurança, autenticidade e
a eficácia dos atos da vida civil a que se refiram.
Função registral:
Como já mencionado o art. 5º da lei 8935/94, relata tanto os titulares
dos serviços notariais, quantos os registros. Neste momento, iremos estudar os
de registros, quais sejam:
- Tabeliães e oficiais de registro de contrato marítimos (inciso II) limitam-
se aos negócios relacionados com o comércio marítimo, conforme se
colocou no tópico acima são subordinados, portanto aos principio
gerais do Direito Comercial e aos preceitos próprios do Direito do Mar.
- Oficial de registros de imóveis (inciso IV): sua existência no Direito
Brasileiro demonstra claramente que os negócios jurídicos, por si só,
não transferem o domínio do bem imóvel, sendo necessário o registro
do ato translativo de propriedade na circunscrição imobiliária
competente, visando a garantia de autenticidade, segurança e eficácia.
- Oficiais de registros de títulos e documentos e civis das pessoas
jurídicas: são profissionais titulares de duas serventias diversas, sendo
que, também são encarregados de matricular órgãos relacionados com
a comunicação social.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
- Oficiais de registros civis das pessoas naturais e de interdições e
tutelas (inciso VI) são profissionais que assentam atos e fatos da vida
da pessoa natural.
- Oficiais de registro de distribuição (inciso VII): a lei federal estendeu a
obrigação do registro de distribuição a todas a comarcas em que haja
mais de um serviço de protestos.
Por fim, a função registral tem por finalidade constituir ou declarar o
direito real, através da inscrição do título respectivo, dotando as relações
jurídicas de segurança, dando publicidade registral erga omnes (ou seja, a
todos indistintamente), até prova em contrário. Sintese da Aula Nesta aula abordamos o Direito Notarial e Registral, juntamente com suas
funções e, como já visto primeiramente analisamos a fé pública que é atribuída
aos notários e registradores. Logo após, especificamos cada atividade
desenvolvida por estes profissionais, para assim podermos compreender a
importância desse direito para sociedade.
Atividades
1. No que se refere ao Direito Notarial e Direito Registral, podemos
afirmar que:
a - Os notário e registradores são dotados de fé pública, o qual são
remunerados por pessoas naturais ou jurídicas, que possuem atos
atribuídos por lei;
b- Consta que tantos os notários quanto os registradores, recebem
remuneração do Estado para exercerem suas funções;
c- Os registradores e notários não são dotados de fé publica, por não
serem funcionários públicos;
d - Não pode ser considerado técnico o serviço desenvolvido pelos notários, por não preencherem os requisitos formais para sua execução.
2. Qual a diferença de função Notarial e função Registral?
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Comentários Questão nº 1: para desenvolverem esta atividade, será necessário
que verifiquem o conteúdo exposto na apostila e a bibliografia indicada.
Questão nº 2: Na questão discursiva apresentada acima será
necessário que verifiquem o conteúdo exposto na apostila e na bibliografia
indicada.
Para obterem a resposta desta questão será necessário uma pesquisa
na apostila na parte relata as funções dos notários e registradores.
Referências Bibliográficas DELEGAÇÃO; FÉ, PÚBLICA. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Dicionário de Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999,
p. 617; 886; 61.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
21
Tema 03
Princípios Constitucionais Administrativos
Objetivo Conhecer os Princípios Constitucionais da Administração Pública e sua
aplicação às atividades objeto dos Registros Públicos.
Introdução
Com a evolução da sociedade e das relações jurídicas estabelecidas
entre os cidadãos, surgiram necessidades como a segurança jurídica, proteção
da propriedade, e publicidade dos atos, instrumentos que garantam a eficácia
dos atos, individualização e atualização dos atos da vida civil, entre outros.
Dessa forma, se fez imprescindível o surgimento dos serviços notariais
e registrais para concretizar registros com fé pública, além de garantir
publicidade, autenticidade, eficácia e segurança nas relações jurídicas e fatos
naturais.
Como já vimos, as atividades notariais e registrais são serviços
públicos executados por particulares, conforme as normas estabelecidas pelo
Estado, que as delega e mantém sob sua permanente fiscalização. Logo, aos
atos praticados terão que ser aplicados os Princípios Constitucionais que
norteiam a Administração e as atividades públicas, os quais se encontram
explicitados no caput do art. 37 da Constituição Federal, a saber: legalidade,
impessoalidade, publicidade, moralidade administrativa e eficiência. Princípio da legalidade
Vejamos a dimensão do princípio da legalidade, segundo Hely Lopes
Meirelles (1997,p.82)
A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. (...) As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não podem
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez que contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos. Por outras palavras, a natureza da função pública e a finalidade do Estado impedem que seus agentes deixem de exercitar os poderes e de cumprir os deveres que a lei lhes impõem.
Apesar dos notários e registradores exercerem função em caráter
privado, a natureza de suas funções é pública: os mesmos deverão se
submeter ao princípio da legalidade, só podendo praticar atos permitidos em
lei.
O princípio da autonomia da vontade, que prevalece nas relações
privadas, no caso dos Registros Públicos não pode imperar, pois a função
pública foi delegada pelo Estado ao particular, logo devem prevalecer os
princípios norteadores da Administração Pública.
A lei 8.935/94, em seu art. 3º, qualifica os oficiais de registro ou
registradores como profissionais do direito; portanto, detentores de
conhecimento dos princípios e normas atinentes aos seus ofícios e à
Administração Pública. Na mesma norma, em seu art. 31, I, está prevista,
inclusive, sanção disciplinar àqueles que não observarem as prescrições legais
e normativas.
Princípio da impessoalidade.
Todos os atos praticados na função notarial e registral devem ser de
modo impessoal, para não privilegiar e não prejudicar qualquer indivíduo que
venha a se utilizar desses serviços.
Para Meirelles (1997, p.85.): O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas (CF, art. 37, § 1°). E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo; o interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á à invalidação por desvio de finalidade.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Dessa forma, se o notário ou registrador, no exercício de seus ofícios,
praticar atos contrários ao princípio da impessoalidade, o mesmo estará sujeito
às sanções administrativas que serão impostas pela Corregedoria de Justiça,
que é o órgão fiscalizador dos serviços.
Princípio da publicidade Para Meirelles (1997, p.86):
Publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. Daí por que as leis, atos e contratos administrativos que produzem conseqüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto é, perante as partes e terceiros. (...) A publicidade, como princípio de administração pública abrange toda atuação estatal, não só pelo aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes.
O princípio da publicidade exige a ampla divulgação dos atos
praticados pela Administração Pública. Na esfera administrativa o sigilo
somente poderá ser admitido quando imprescindível à segurança da Sociedade
e do Estado, de acordo com o teor do art. 5°, XXXIII da Constituição Federal.
Este mesmo artigo 5º, inciso XXXIII, garante que: Todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
O notário ou registrador poderá cobrar emolumentos, que representam
a sua remuneração, para o fornecimento de certidões, podendo, entretanto,
recusar o seu fornecimento se não houver clareza do objeto solicitado.
Conforme Ceneviva (2002, p. 25) "a publicidade legal própria da
escritura notarial registrada é, em regra, passiva, estando aberta aos
interessados em conhecê-la, mas obrigatória para todos, ante a oponibilidade
afirmada em lei."
Princípio da moralidade administrativa
No princípio da moralidade administrativa, procura-se resguardar o
bem maior que são os direitos da sociedade, os valores éticos impostos aos
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS agentes públicos e àqueles que recebem uma função pública delegada, como
os notários e registradores.
Para Meirelles (1997, p. 83) preleciona que a moralidade administrativa
tornou-se, juntamente com o princípio da legalidade e da finalidade,
pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública. Para ele, a
moral comum difere da moral administrativa, sendo esta "imposta ao agente
público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que
serve e a finalidade de sua ação: o bem comum."
Para Bandeira de Melo (1997, p.72 e 73), de acordo com o princípio da
moralidade administrativa:
A Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de
princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio Direito, configurando
ilicitude que a sujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal princípio
assumiu foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37 da Constituição
Federal. Compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados
princípios da lealdade e boa-fé.
Princípio da eficiência
O princípio da eficácia incorporou no art. 37 da Constituição Federal,
por força da Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.1998, que promoveu a
reforma administrativa, visando ao melhoramento e capacitação dos serviços
prestados pela Administração Pública, direta, indiretamente ou de forma
delegada. Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros (MEIRELLES, 1997. p.90).
O princípio da eficiência pauta-se pelo bom andamento dos trabalhos
da administração pública, e aplica-se aos notários e registradores em razão da
delegação da função pública pelo Estado, tendo os mesmos que realizar suas
tarefas de forma segura, ágil e eficaz.
Síntese da aula Neste tema estudamos os princípios administrativos constitucionais da
legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade administrativa e eficiência,
que devem ser observados no exercício das funções registrais e notariais
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS delegadas pelo Estado, uma vez que estas são de natureza pública, apesar de
exercidas em caráter privado.
Atividades: 1 - As atividades notariais e registrais são serviços públicos executados por
particulares, conforme as normas estabelecidas pelo Estado, que as delega e
mantém sob sua permanente fiscalização todos os atos praticados. Assim,
porque é necessária a aplicação dos princípios constitucionais?
Comentário: Para que o aluno(a) consiga resolver esta questão, o mesmo deverá identificar
o caráter da atividade registral e notarial, observando, entretanto, a natureza
da função exercida.
2 – O princípio da publicidade consiste na divulgação do ato para
conhecimento público e início de seus efeitos externos. Portanto, qual a
importância da sua observância às atividades notariais e registrais?
Comentário: O objetivo da questão é levar o acadêmico a refletir sobre as conseqüências
do princípio da publicidade, quais os efeitos buscados pelo mesmos, e diante
de quem os mesmos poderiam ser percebidos.
EXERCÍCIOS: 1 – Sobre os princípios Constitucionais da Administração Pública é correto
afirmar que:
a) No Principio da Legalidade, a eficácia de toda atividade administrativa
não está condicionada ao atendimento da lei.
b) No Princípio da Impessoalidade, o exercício da atividade notarial e
registral poderá ocasionar benefício de algum indivíduo, ou mesmo o
prejuízo.
c) No Princípio da Publicidade, os efeitos externos dos atos
administrativos se manifestam antes que ocorra a divulgação oficial do
ato para que todos os cidadãos dele conheçam.
d) Dever de eficiência é o que se impõem a todo agente público de
realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento
funcional.
Comentário:
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
a) Para analisar esta alternativa, o aluno deverá observar qual o objetivo
do Princípio da Legalidade para os atos praticados junto à
administração pública.
b) O objetivo desta alternativa é levar o acadêmico a refletir sobre o
princípio da impessoalidade e sua função.
c) Nesta opção é necessário observar se os efeitos ocorrem antes da
publicação dos atos.
d) Para analise desta alternativa, é preciso recorrer ao texto e verificar a
forma pela qual, os agentes públicos praticaram os seus atos.
Referências Bibliográficas MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22.ed. São Paulo:
Malheiros, 1997.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 9.ed. São
Paulo: Malheiros, 2000.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 04
Princípios da Atividade Notarial
Objetivo Compreensão dos princípios que regem a função e sua importância para
as atividades notariais.
Introdução No tema anterior nós vimos que apesar da atividade notarial ser uma
função pública delegada pelo Estado ao particular, portanto, de caráter privado,
a mesma é regida pelos princípios constitucionais da legalidade,
impessoalidade, publicidade, moralidade administrativa e eficiência.
Em razão de seu caráter privado, a atividade notarial deverá atender a
outros princípios que lhe são próprios, quais sejam: fé publica notarial, forma e
autenticidade. Atividade notarial
A função notarial é uma função pública, de caráter privado exercida por
um profissional de Direito (bacharel em Direito) que foi delegado pelo Estado,
de maneira independente e sem vinculação hierárquica para com os
funcionários da administração pública ou seus servidores.
A função notarial está embasada na fé pública, e seu objetivo é
formalizar atos jurídicos de interesse das partes, auxiliando o Estado no
cumprimento das normas jurídicas, podendo, ainda, notificar e reconhecer
como autênticos os atos públicos que lhe são apresentados.
A Lei nº 8.935/94, em seu artigo 1º, disciplina que os serviços notariais
e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.
Segundo Ceneviva (2005, p. 30), no direito brasileiro, notário e
registrador são agentes públicos: o Poder Público lhes delega funções
subordinadas subsidiariamente, e em certos casos, as regras colhidas no
regime único da Constituição, sem jamais atingirem, porém, a condição de
servidores públicos.
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
O exercício da atividade notarial deve sempre se pautar pela
imparcialidade, ao formalizar juridicamente a vontade das partes, na
intervenção dos atos e negócios jurídicos que lhe são apresentados, ou ainda
no momento da redação fidedigna de fatos, circunstâncias e documentos a
serem autenticados.
Tabelião de Notas A função de Tabelião de notas é concedida pelo Poder Público,
mediante delegação, após o candidato ser submetido e aprovado em concurso
público de provas e títulos, realizado pelo Poder Judiciário, com a participação
obrigatória do Ministério Público e da Ordem dos Advogados e do respectivo
Colégio Notarial do Estado.
O indivíduo que executa a atividade notarial, conforme sua
especialidade, será chamado de Tabelião de Notas ou Tabelião de Protestos. A
competência do primeiro é a lavratura de escrituras e procurações públicas,
testamentos públicos e aprovação dos cerrados, atas notariais, reconhecimento
de firmas e autenticação de fotocópias, conforme o art. 7º da Lei nº 8.935/94.
A competência do Tabelião de Protestos diz respeito à execução de
todos os atos relacionados à inscrição de protesto dos títulos cambiários não
adimplidos, tais como duplicatas, cheques, notas promissória, entre outros,
cumprindo ao mesmo efetuar os protocolos dos documentos de dívida para
prova do descumprimento da obrigação, intimações dos devedores do títulos
para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los, podendo ainda receber o pagamento
dos títulos protocolizados e dar quitação, entre outras funções enumeradas no
art. 11 da Lei nº 8.935 de 1994.
A atividade notarial é sempre remunerada pelas pessoas que utilizam
seus serviços, mediante o pagamento de emolumentos que são fixados em
uma tabela pelo Poder Público. A fiscalização do cumprimento desta e dos
demais atos dos notários é de responsabilidade do Poder Judiciário, que em
geral é a pessoa do Juiz Diretor do Foro de cada município onde está instalada
a serventia, mais conhecida como “cartório”. Princípios da atividade notarial
A atividade notarial é um serviço público de caráter privado, delegado a
particulares, conforme normas estabelecidas pelo Estado, executados com a
observância dos princípios administrativos da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.
Além dos princípios constitucionais, a atividade notarial, em todos os
seus atos, obedece a outros princípios, quais sejam: Fé Pública Notarial,
Forma e Autenticação.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Fé pública notarial
A lei confere aos notários crédito para a declaração ou execução de
seus atos, presumindo-se a veracidade e a eficácia dos negócios jurídicos que
lhes são apresentados pelos usuários dos seus serviços.
A fé pública se dá pelo art. 3º da Lei 8.935/94, que assim dispõe:
“Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do
direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade
notarial e de registro”.
A fé pública pode ser considerada administrativa, desde que esteja
presente no âmbito do Poder Público, sendo a certificação dos atos e fatos
executados por seus funcionários. É considerada judicial, quando se trata de
procedimentos da seara litigiosa, sendo a certificação dos atos e fatos
executados pelos funcionários do Poder Judiciário.
A fé pública notarial refere-se à presunção de veracidade e eficácia
concedida às pessoas autorizadas pela lei para a execução dos atos
pertinentes à função notarial.
A Lei nº 8.935/94 que atribui aos Notários a fé pública, também lhes
impõe o ônus da responsabilidade civil, administrativa e criminal pelos seus
atos, a serem fiscalizados pelo Poder Judiciário.
Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos.
A fé pública notarial tem por finalidade propiciar a segurança jurídica
aos atos e certificações praticados pelos notários, visando à plena eficácia das
disposições de vontades das partes, para que seja garantido o equilíbrio e a
tutela dos direitos subjetivos dos usuários dos serviços.
Forma
Os atos notariais devem obedecer a uma forma pública, visando a
garantir a validade e a convalidação dos atos e certificações praticadas,
obrigando-se os mesmos a serem praticados por profissionais habilitados, em
livros e termos próprios, para que seja preservada a motivação e a veracidade
buscada pelas partes.
Além da forma pública, os atos notariais deverão obedecer aos
princípios do ordenamento jurídico, para que sejam válidos e eficazes perante
a sociedade.
Se algum ato notarial for praticado sem obediência aos requisitos
formais e legais, poderá ser considerado nulo ou anulado, em determinadas
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS situações específicas, tais como: o testamento público, que estiver em
desconformidade aos requisitos e formalidades legais.
Autenticação
Na atividade notarial, a autenticação é a confirmação da existência e
das circunstâncias caracterizadoras do fato ou negócio jurídico apresentado
pelo usuário do serviço, para que os mesmos se constituam em
acontecimentos dotados de certeza e de significância jurídica para a
sociedade.
A certeza trazida pela autenticação do ato notarial caracteriza a
primeira e original manifestação de vontade, imprimindo publicidade aos
documentos apresentados pelo usuário do serviço público delegado.
Síntese da aula
Neste tema estudamos que a atividade notarial é uma função pública,
de caráter privado, embasada na fé publica, visando a formalizar o interesse
jurídico das partes e auxiliar o Estado no cumprimento das normas jurídicas.
Dessa forma, para que ocorra o estabelecimento da vontade das partes e o
cumprimento das leis, é necessário que a atividade notarial utilize-se dos
princípios que a norteia.
Atividades: 1 - O indivíduo que executa a atividade notarial, conforme sua especialidade,
será chamado de Tabelião de Notas ou Tabelião de Protestos. Assim, qual a
competência específica de cada um deles?
Comentário: - Para responder ao enunciado, o aluno deverá observar que existem duas
espécies de tabelião, “notas e protestos”, logo a competência de cada
profissional irá ser delimitada à respectiva classificação.
2 – Além dos princípios constitucionais, a atividade notarial, em todos os seus
atos, obedece a outros princípios, que lhes são próprios, a saber: Fé Pública
Notarial, Forma e Autenticação. Portanto, faça uma definição de cada um
desses princípios.
Comentário: O acadêmico poderá encontrar a resposta, partindo-se da concepção de que a
função notarial está embasada na fé pública, e seu objetivo é formalizar atos
jurídicos de interesse das partes, auxiliando o Estado no cumprimento das
normas jurídicas, podendo ainda notificar e reconhecer como autênticos os
atos públicos que lhe são apresentados, identificando, dessa maneira, quais os
princípios atinentes a cada situação específica.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Atividades 1 – Sobre a Atividade Notarial é correto afirmar:
a) Os atos notariais não devem necessariamente obedecer a uma forma
pública, visando garantir a validade e a convalidação dos atos e
certificações praticadas.
b) A lei confere aos notários crédito (fé pública) para a declaração ou
execução de seus atos, presumindo-se a veracidade e a eficácia dos
negócios jurídicos que lhes são apresentados pelos usuários dos seus
serviços.
c) a autenticação não significa a confirmação da existência e das
circunstâncias caracterizadoras do fato ou negócio jurídico
apresentado pelo usuário do serviço.
d) d) A Lei nº 8.935/94 que atribui aos Notários a fé pública, porem não
lhes impõe o ônus da responsabilidade civil em caso de danos aos
usuários dos serviços.
Comentários: a) Nesta alternativa o aluno deverá observar se para a validade e
convalidação dos atos notariais é necessário o atendimento à forma
pública.
b) O aluno precisa nesta assertiva verificar se a fé publica é conferida
pela lei, e caso seja, quais as conseqüências para os atos notariais.
c) È importante nessa opção analisar a princípio o que significa a
autenticidade dos atos notariais.
d) É imprescindível analisar se a fé publica é atribuída ao notário, e caso
afirmativo, se a responsabilidade civil também pode ser atribuída ao
notário.
Referências Bibliográficas: SILVA.Domingos.Nascimento.Siva. Aspectos da formação do espaço agrário
brasileiro, in: http://www.seagri.ba.gov.br/revista/rev_1199/esp_agra.htm,.Acesso.em.13.nov.
2005.
ARRUDA, Ridalvo Machado de Arruda.O Registro de imóveis e o cadastro, in:
http://www.datavenia.net/opiniao/rivmach.html. Acesso em 13.nov.2005.
MELO, Marcelo Augusto Santana de Melo. Breves anotações sobre o Registro
de Imóveis,
in:http://www.tj.ro.gov.br/emeron/sapem/2004/SETEMBRO/0309/ARTIGOS/A07
.htm .Acesso em 13.nov.2005.
O.Notário.no.Brasil,in: http://www.notariado.org.br/his.asp
31
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Tema 05
Princípios da Atividade Registral
Objetivo Trabalhar os princípios da atividade registral, conceituá-los e
apresentar suas principais características.
Introdução Da mesma forma que a atividade notarial, a função registral é
proveniente da delegação estatal, obedecendo, portanto, aos princípios
constitucionais do art. 37, que estudamos no Tema 03.
Neste tema estudaremos os princípios norteadores da atividade
registral, de extrema relevância para a execução da função delegada. São eles:
os princípios da inscrição; publicidade; presunção e fé publica; prioridade,
especialidade ou determinação; qualificação e continuidade,
Atividade Registral
A atividade registral é uma função de utilidade pública, delegada pelo
Estado, de caráter privado, destinada a atender diretamente os interesses
subjetivos das partes determinadas, desde que em conformidade com o
ordenamento jurídico.
A função registral atende a demandas sociais básicas, tutelando o
direito da sociedade, mediante a publicidade dos registros e inscrições,
disponibilizada a todos indistintamente, na esfera da federação competente,
propiciando autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, sendo suas
especificações: o registro de pessoas naturais, jurídicas, títulos e documentos,
e de imóveis.
A Lei 8.935/94 especifica no seu art. 12 e seguintes, as atribuições e
competências dos oficiais de registros:
Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e civis das
pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas
compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros
públicos, de que são incumbidos, independentemente de prévia distribuição,
32
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas naturais às
normas que definirem as circunscrições geográficas.
Oficiais Registradores
A função de Oficial registrador é concedida pelo Poder Público,
mediante delegação, após o candidato ser submetido e aprovado em concurso
público de provas e títulos, realizado pelo Poder Judiciário, com a participação
obrigatória do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil e do
respectivo Colégio Notarial do Estado.
O indivíduo que executa a atividade registral, conforme sua
especialidade, será chamado de Oficial Registrador, podendo exercê-la junta a
uma serventia específica, dentre as seguintes: registros de imóveis; registro de
títulos e documentos civis das pessoas jurídicas; registro civil das pessoas
naturais, de interdições e tutelas; e registros de distribuição.
O Oficial registrador é titular de uma serventia específica de interesse
geral, logo deverá obedecer aos princípios próprios da atividade registraria, os
quais passamos a estudar a seguir.
Princípio da inscrição
A partir da natureza específica do ato a ser realizado, a constituição,
transmissão, modificação ou extinção de um direito operar-se-á somente com a
devida inscrição no registro competente.
Portanto, caso ocorra estipulação negocial entre as partes, e esta não
seja inscrita no registro compete, tal ato não adquirirá a publicidade, “erga
omnes”, contra todos, não consumando assim, por exemplo, a mudança de
propriedade na transferência de um imóvel.
Princípio da publicidade registral
A publicidade registral é o meio utilizado para tornar público o estado
jurídico de determinados atos, bens, títulos e documentos.
Para Ceneviva, (2005, p. 82) a publicidade registrária se destina ao
cumprimento de tríplice função:
a) transmite ao conhecimento de terceiros interessados ou não
interessados a informação do direito correspondente ao conteúdo
do registro;
b) sacrifica parcialmente a privacidade e a intimidade das
pessoas, informando sobre bens e direitos seus ou que lhes sejam
referentes, a benefício das garantias advindas do registro;
33
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
c) serve para fins estatísticos, de interesse nacional ou de
fiscalização pública.
Princípio da presunção e fé pública registral
Os registradores, mediante sua fé pública, dão força probante de
validade e legalidade às relações jurídicas, garantido, quando presente o título
válido, o direito pertencente ao indivíduo em nome de quem o mesmo está
transcrito.
A exemplo do Registro de imóveis, toda a inscrição presume-se
verdadeira, até prova em contrário, visando à segurança jurídica, autenticidade
e à eficácia para a realização do negócio aquisitivo imobiliário. (art. 1231 do
Código Civil). Tratando-se, portanto, de presunção relativa. Princípio da prioridade
A prioridade é dada rigorosamente de acordo com a apresentação dos
registros, conforme disciplina a Lei n°. 6015/73 (LRP), em seu art. 182: "Todos
os títulos tomarão no protocolo o número de ordem que lhes competir em razão
da seqüência rigorosa de sua apresentação".
O exercício da função registral não poderá se dar de forma aleatória,
devendo o registrador observar rigorosamente a cronologia na ordem de
apresentação do título, pois o número do protocolo é o indicador da preferência
do direito tutelado.
Portanto, em caso de multiplicidade de títulos e direitos contraditórios,
será registrado o que primeiramente foi apresentado, observando a preferência
excludente, sendo o segundo título recusado por incompatibilidade com o
primeiro.
Caso ocorra a compatibilidade de igual natureza ou mesmo diversa,
subsistirá o título que tiver sido registrado em primeiro lugar.
Princípio da qualificação, da legalidade ou da legitimidade
Ao receber a incumbência de registrar um título específico, o
registrador deverá observar a forma, a validade e a conformidade com a norma
jurídica, a fim de atender ao princípio da qualificação, legalidade ou
legitimidade.
Portanto, antes de executar seu trabalho, o registrador, em razão da
função pública que exerce, deverá analisar o objeto que irá receber a inscrição
e certificar-se se o mesmo está sob a competente circunscrição registral, se
reveste dos requisitos legais, se todos tributos foram recolhidos, se existe a
correta qualificação e capacidade das partes.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Princípio da continuidade
A atividade registral é um encadeamento de atos e fatos jurídicos,
devendo se pautar por um eficiente critério de organização, mantendo-se a
conexão entre os distintos negócios modificativos, extintivos ou constitutivos
das situações jurídicas.
No direito registral imobiliário, por exemplo, o princípio da continuidade
é basilar, conforme o art. 195, da Lei n°.6015/73 (LRP): " Se o imóvel não
estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a
prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua
natureza, para manter a continuidade do registro".
Averbação: registros das situações que venham a modificar, extinguir ou
constituir algum direito, deverão, constar no registro próprio, ex.: separação
judicial no registro civil de pessoas naturais.
Princípio da especialidade ou determinação
No princípio da especialidade ou determinação, é necessário a
qualificação do interessado, nome, domicílio, nacionalidade e, em se tratando
de pessoa física, o estado civil, profissão, número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de
identidade, ou, à falta deste, sua filiação; em se tratando de pessoa jurídica, a
sede social e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do
Ministério da Fazenda.
No caso específico do registro de imóveis, o mesmo deverá estar
precisamente descrito e caracterizado, conforme preceitua o art. 176, § 1°, da
Lei n°. 6.015/73, observando matrícula própria, com o número de ordem, a
data, a identificação do imóvel, que será feita com indicação; se rural, do
código do imóvel, dos dados constantes do CCIR (Certificado de Cadastro de
Imóvel Rural), da denominação e de suas características, confrontações,
localização e área; se urbano, de suas características e confrontações,
localização, área, logradouro, número e de sua designação cadastral, se
houver.
A especificidade e a descrição visam a proporcionar maior segurança e
eficácia jurídica para os atos praticados, bem como sobre os fatos ou bens
particularizados no registro.
Princípio da instância ou rogação
O princípio da instância ou rogação não permite atos de ofício pelo
registrador, sem que ocorra a pedido da parte interessada no ato a ser
registrado.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Na legislação brasileira, a solicitação, que deve ser expressa, poderá
ser escrita ou verbal, estando ambas previstas no art. 167, inciso II, n. 4 e 5 da
Lei nº 6015/73 (LRP). da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; e da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas pessoas nele interessadas.
Existem algumas exceções ao princípio da instância que se encontram
no art. 13, da Lei nº 6.015/73: “Salvo as anotações e as averbações
obrigatórias, os atos do registro serão praticados: I - por ordem judicial; II ...,III -
a requerimento do Ministério Público, quando a lei autorizar.
No caso dos registros de imóveis, o art. 167 da Lei nº 6015/73 permite
que em algumas circunstâncias ocorram alterações no registro ex-oficio (sem
provocação da parte interessada), como o nomes de logradouros, decretados
pelo Poder Público comprovado por documento oficial, entre outros.
Síntese da Aula Neste tema, nós estudamos os princípios norteadores da atividade
registral, de forma a compreender que, na prestação dos serviços delegados,
os oficiais das respectivas serventias deverão exercê-los de forma vinculada,
para manter a segurança jurídica dos negócios modificativos, extintivos ou
constitutivos das situações jurídicas que lhe são apresentadas.
Atividade 1- A Lei 8.935/94 especifica no seu art. 12 e seguintes, as atribuições e
competências dos oficiais de registros: Aos oficiais de registro de imóveis, de
títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e
de interdições e tutelas compete a prática dos atos relacionados na legislação
pertinente aos registros públicos, de que são incumbidos, independentemente
de prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das
pessoas naturais às normas que definirem as circunscrições geográficas. Partindo dessas definições faça uma síntese e dê o conceito dos princípios que
norteiam a atividade registral.
Comentário: Para desenvolver esta atividade, o aluno deverá consultar o texto acima,
identificar cada princípio registral e conceituá-lo.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Aticidades
1 - A atividade registral é uma função de utilidade pública, delegada pelo
Estado, de caráter privado, destinada a atender diretamente os interesses
subjetivos das partes determinadas, desde que em conformidade com o
ordenamento jurídico. Sobre a atividade registral analise as proposições a
seguir:
I - A Atividade Registraria tutela o direito da sociedade, mediante a publicidade
dos registros e inscrições, disponibilizando a todas as pessoas indistintamente,
na esfera da federação competente, a autenticidade, segurança e eficácia dos
atos jurídicos.
II – A pessoa que executa a atividade registral, conforme sua especialidade
será chamado de Notário ou Tabelião, podendo exercê-la junto a uma serventia
específica, dentre as seguintes: Tabelionato de Notas e documentos,
tabelionato de protesto, registro civil das pessoas naturais, de interdições e
tutelas; e registros de distribuição.
III – A atividade Registral não poderá ocorrer de forma aleatória, devendo o
registrador observar rigorosamente a cronologia na ordem de apresentação do
título, pois o número do protocolo é o indicador da preferência do direito
tutelado. Estamos diante do “princípio da qualificação, da legalidade ou da
legitimidade”.
IV – O exercício da função registral é um encadeamento de atos e fatos
jurídicos, devendo se pautar por um eficiente critério de organização,
mantendo-se a conexão entre os distintos negócios modificativos, extintivos ou
constitutivos das situações jurídicas.O princípio apresentado é o da
Continuidade.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a proposição I é verdadeira;
b) As proposições II e IV são falsas;
c) As proposições I e III são verdadeiras;
d) As proposições I e IV são verdadeiras.
Comentário:
Proposição I - Para resolução da questão, o aluno deverá observar qual o
direito tutelado pela atividade registraria e o que está sendo disponibilizado
pela mesma.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Proposição II – A resposta será encontrada a partir da identificação do
profissional que executa a função registral, e quais as serventias que
compreendem nesta atividade.
Proposição III - O acadêmico deverá observar a maneira da execução da
função registral e sua compatibilidade ao princípio específico.
Proposição IV - Como na proposição anterior, o aluno deverá observar a
maneira da execução da função registral e sua compatibilidade ao princípio
específico
Referências Bibliográficas: SILVA.Domingos.Nascimento.Siva. Aspectos da formação do espaço Ridalvo
Machado de Arruda.O Registro de imóveis e o cadastro, in: http://www.datavenia.net/opiniao/rivmach.html. Acessado em 13.nov.2005.
MELO, Marcelo Augusto Santana de Melo. Breves anotações sobre o Registro
de Imóveis,
in:http://www.tj.ro.gov.br/emeron/sapem/2004/SETEMBRO/0309/ARTIGOS/A07
.htm. Acessado em 13.nov.2005.
O Notário no Brasil, in: http://www.notariado.org.br/his.asp
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 06
Protestos de Títulos e Documentos
Objetivo Conhecer as atribuições do Protesto de Títulos e Documentos, sua
importãncia e consequências dos registros.
Introdução
Durante o estudo deste tema, iremos trabalhar os conceitos e
atribuições do Protesto de Títulos e Documentos, enfocando sua aplicabilidade
ao nosso cotidiano, de forma que ao estudar o tema você possa entender sua
importância legal, e vislumbrar sua aplicação prática.
GENERALIDADES Ao iniciarmos o estudo deste tema, precisamos inicialmente conhecer
algumas características do mesmo. O regime jurídico do Protesto de Títulos e
Documentos está definido na legislação federal, mais precisamente nas Leis nº
8.935/97, 9.492/97 e 9.841/99.
Assim como nos demais cargos públicos, principalmente naqueles que
tratam dos diversos registros públicos, os tabeliães e cartórios devem realizar
suas funções que a legislação atribui de forma a garantir os princípios que
regem os registros públicos, quais sejam: a publicidade, a autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos.
No que diz respeito ao protocolo, este será realizado imediatamente
após a sua apresentação, obedecendo à ordem cronológica de entrada,
mediante recibo contendo os dados essenciais do título, se houver mais de um
Tabelionato, a emissão do recibo se dará pela distribuição (onde houver mais
de um tabelionato de protesto de títulos e documentos, será obrigatório a
manutenção por parte destes de um centro de distribuição, sendo que o envio
do títulos ao cartório para o qual foi distribuído deverá ocorrer na mesma data,
adotando critérios de eqüidade na distribuição) . Havendo algum impedimento
justificado para o imediato protocolo, este terá que ser feito impreterivelmente
no prazo de vinte e quatro horas a contar do momento do protocolo, sendo que
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS este lançamento deve ser feito antes da expedição da intimação, pois se o
protocolo ocorrer após a emissão desta, será automaticamente irregular.
Consistindo essas em características gerais desses Tabelionatos.
DA RECEPÇÃO E APONTAMENTO DOS TÍTULOS.
Para o recebimento dos títulos e documentos levados a protesto, é
necessária a adoção de alguns procedimentos:
Quando do recebimento dos títulos e documentos, cabe ao Tabelião
verificar se estão presentes suas características de ordem formal, não sendo
de sua competência tecer juízo de mérito a respeito de prescrição ou
caducidade, sendo que se vrificada a existência de qualquer irregularidade de
ordem formal, os títulos e documentos serão devidamente entregues ao
apresentante com os devidos apontamentos especificando as irregularidades
que impossibilitam o apontamento e o protesto. Além dessa situação, o
protesto também não será devidamente efetivado quando for verificada a
existência de vício formal, mesmo após o devido protocolo do título, ou ainda
se houver a desistência volntária do protesto por parte do apresentante, sendo
que por óbvio, com o pagamento do título no tabelionato, também não se
efetiva o protesto, e também por determinação judicial que determina a
sustação do protesto. As letras de Câmbio constituem-se em caso específico,
pois desde que tenham circulado por endosso, não possuam aceite e o
sacador e o beneficiário consistam na mesma pessoa, é vedado seu
apontamento ou protesto.
A comarca competente para se protestar ou protocolar o título é do
local indicado neste e, na falta de local determinado no título ou documento e,
este local não se constituir em requisito formal deste, a praça será a do
domícilio do sacado, mas se o título também não contiver essa indicação, a
praça será a do credor, no caso de cheque a competência para lavrar-se o
protesto é a do domicílio do emitente ou do lugar do pagamento.
Para a apresentação de títulos cuja emissão se deu fora do território
brasileiro e em moeda estrangeira, é imprescindível que se faça acompanhar
de tradução juramentada, devendo ambos, a tradução e o título, serem
devidamente transcritos no termo do protesto. Já nos títulos emitidos no Brasil,
mas em moeda estrangeira, deverá ser observado o Decreto-Lei nº 857/69,
que prevê quais os títulos e documentos passíveis de emissão em moeda
estrangeira, para a sua apresentação é necessária a sua conversão para a
moeda nacional, uma vez que o título somente poderá ser pago em moeda
corrente nacional.
Os valores constantes dos títulos podem ser devidamente corrigidos,
desde que essa correção esteja devidamente prevista no próprio título,
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS considerando-se como data final para conversão a data da apresentação e de
acordo com o valor indicado pelo apresentante.
É pressuposto essencial para o apontamento e protesto de cheque a
comprovação de sua apresentação ao banco e conseqüente recusa de
pagamento, com exceção dos casos em que o protesto tem finalidade de
instruir ação contra o próprio estabelecimento de crédito, o pontamento de
cheques devolvidos por motivo de furto, roubo ou perda também é vedado, a
não ser que tenham circulado mediante endosso e não possuam aval, pois se
houver endosso ou aval o protesto poderá ser efetivado independente de
intimação, sendo suprimido dos assentamentos o nome dos titulares da conta
bancária de seus documentos pessoais, considerando o emitente
desconhecido, e em separado deverá ser elaborado índice com o nome do
representante.
Segundo Lair da Silva Loureiro Filho e Claudia Regina Magalhães
Loureiro, a partir de sua Obra “Notas e Registros Público”, Editora Saraiva,
2004, pg. 50, podemos dizer que: As duplicatas, mercantis ou de prestação de serviços, não aceitas somente poderão ser recepcionadas, apontadas e protestadas mediante a apresentação de documento que comprove a venda e compra mercantil ou a efetiva prestação do serviço e o vínculo contratual que autorizou, respectivamente, bem como, no caso da duplicata mercantil, do comprovante da efetiva prestação do serviço e o vínculo contratual que a autorizou, respectivamente, bem como, no caso da duplicata mercantil, do comprovante da efetiva entrega e do recebimento da mercadoria que deu origem ao saque da duplicata. Ao apresentante do título é facultado, no que concerne às duplicatas mercantis, que a apresentação dos documentos seja substituída por simples declaração escrita, do portador do título e apresentante, feita sob as penas da lei , assegurando que aqueles documentos originais, ou cópias devidamente autenticadas, que comprovam a causa do saque, a entrega e o recebimento da mercadoria correspondente são mantidos em seu poder, com o compromisso de exibí-los a qualquer momento que exigidos, no lugar em que for determinado, especialmente no caso de sobrevir a sustação judicial do protesto.
Quando a duplicata contiver endosso não translativo, com a finalidade
única de autorizar a cobrança por terceiro com mandato do credor, a
declaração pode ser feita pelo credor-endossante e pelo apresentante e
portador do título, devendo nela constar que o mandatário age em nome do
mandante e todos os atos correm por conta e risco deste, que mantém consigo
os documentos para uso futuro em caso de necessidade. Pode ainda a
declaração versar por mais de uma duplicata, desde que todas estejam
devidamente identificadas e individualizadas.
Para a efetivação, é obrigatório a descrição dos documentos de forma
resumida, ou da declaração que veio em sua substituição, que devem constar
do instrumento de protesto.
41
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS No que diz respeito à duplicata sem aceite mas que circulou sem
endosso e o protesto tem a finalidade específica de assegurar o direito
regressivo do portador contra qualquer das partes envolvidas, é permitido a
apresentação para protesto pelo portador sem a documentação exigida por lei
e, sem a declaração substitutiva, constando da certidão, do termo e do
instrumento de protesto. Nesse caso, apenas aqueles que estão efetivamente
obrigados pelo título, ou seja, aqueles que nele depositaram suas assinaturas,
proibindo-se a inclusão dos sacados que não assinaram o aceite e dos quais
não há a prova da causa do saque, entrega e recebimento da mercadoria que
deu origem a duplicata.
Ainda no que diz respeito as duplicatas, assim se manifestam Loureiro
Filho e Loureiro (2004, p. 52): O nome do sacado não aceitante não constará, em qualquer hipótese, dos índices de protesto, elaborando-se outro em separado, pelo nome do apresentante. As indicações de duplicatas mercantis poderão ser transmitidas e recepcionadas por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, cujas declarações substitutivas poderão ser feitas e encaminhadas pelos mesmos meios.
Para que se retire o protesto, o prazo legal é de três dias úteis a contar
da data do protocolo do título, excluindo-se o dia do início (protocolo) e
acrescentando-se o dia do fim (vencimento). A legislação considera dia útil todo
aquele em que o expediente judicial e bancário for normal, não sendo lavrado o
protesto antes do decurso de um dia da útil data da efetiva intimação. Caso a
intimação ocorra no último dia do prazo legal, ou até mesmo após o término
desse prazo por motivo de força maior, ocorrerá o protesto no dia útil
imediatamente posterior a este, devendo ser devidamente mencionado no título
o motivo do excesso de prazo.
Para que a intimação seja válida, ela deverá ser expedida pelo tabelião
para ser realizada no endereço fornecido pelo portador do documento, sendo
devidamente cumprida quando for comprovada e entregue neste endereço,
sendo efetivada por emissário do próprio tabelião ou por outro meio idôneo e
do qual não paire qualquer dúvida sobre o efetivo recebimento da intimação
como por exemplo por carta com aviso de recebimento. Não havendo retorno
dos avisos de recebimento no prazo legal, o tabelião expedirá a intimação
pessoal independente da intimação por outro meio.
Segundo Loureiro Filho e Loureiro (2004, p. 53), as intimações deverão
conter:
a) o nome dos devedores com seus respectivos
domicílios e residências;
b) a advertência de que o pagamento do título,
quando se tratar de valor superior ao correspondente
a quinze UFESPs, só poderá ser efetuado mediante
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
cheque visado e cruzado, ou cheque administrativo,
no valor equivalente ao da obrigação, emitido em
nome e à ordem do apresentante e pagável na
mesma praça, sem prejuízo dos emolumentos
devidos que serão pagos no ato e em apartado,
ficando esclarecido que a quitação é condicionada à
efetiva liquidação do cheque;
c) a advertência, quando caso, de que o
apontamento foi para protesto por falta de aceite, e
não de pagamento, assim intimando-se o sacado a vir
a aceitar ou justificar a recusa;
d) a data para o pagamento;
e) o nome do apresentante do título;
f) a natureza do título, o número, a data da
emissão, o valor e data do vencimento;
g) o endereço do tabelionato
h) a data da apresentação do título e o número do
respectivo protocolo.
Sendo o protesto para garantir direito regressivo em caso de duplicata,
as intimações serão feitas apenas para as pessoas que tiverem obrigação em
relação ao título e forem especificadas pelo representante, elaborando-se
contudo o índice normalmente.
As despesas decorrentes da intimação (condução), serão fixadas pelo
juiz corregedor permanente, levando em consideração as peculiaridades de
cada comarca, passando ao tabelião a incumbência de provocar a sua
efetivação. Esses valores devem ter por base os valores de transporte
coletivo, ou na sua falta o menos oneroso possível. Em se tratando de
intimação por via postal, o valor a ser pago será o correspondente ao cobrado
pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) para a remessa da
intimação.
As intimações podem ainda ser efetivadas por intermédio de empresas
constituídas especificamente para prestar esse tipo de serviço, que para
efetuarem as intimações precisam primeiramente arquivar as procurações de
seus mandatários no tabelionato de protesto de títulos competente.
Deverão ser realizadas todas as buscas necessárias à efetiva
intimação do devedor, e sendo o mesmo encontrado e recusando-se a
receber a intimação, deve ser devidamente certificado, expedindo-se, assim
como ocorre quando não há a sua localização, o edital. Lembrando ainda que
a intimação por edital ocorrerá, segundo Loureiro Filho e Loureiro (2004, p.
55-56):
43
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
A intimação será feita por edital, ainda, se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for desconhecida, incerta ou ignorada, ou, ainda, quando for tentada a intimação pessoal no seu endereço, desde que seja na Comarca ou numa das Comarcas agrupadas...
Para a garantia da publicidade, os editais deverão ser divulgados por
jornais locais e afixados no próprio tabelionato, contendo todos os requisitos da
intimação e também a data de sua publicação, devendo posteriormente ser
arquivados em ordem cronológica.
A intimação não é obrigatória quando o aceitante ou devedor tenha
feito declaração no próprio título de recusa do aceite ou pagamento do título, e
tratando-se de protesto em que constata-se a falência do aceitante a intimação
é facultativa.
DA DESISTÊNCIA E DA SUSTAÇÃO DO PROTESTO
Anteriormente a efetiva lavratura do protesto, é facultado ao
apresentante desistir do protesto, desde que pague as devidas custas, sendo
que essa desistência deverá ser feita de forma expressa e por meio de
requerimento escrito, devolvendo o tabelião o título imediatamente após o
protocolo do pedido, arquivando o pedido de desistência e anotando a
devolução do título no livro de protocolo.
Outro fato que pode ocorrer é a sustação judicial do protesto,
ocasionando a indisponibilidade do mesmo, uma vez que após sua sustação, o
mesmo somente poderá ser protestado, pago ou retirado, mediante expressa
determinação do juízo que determinou a sua sustação.
Os mandados de sustação devem ser imediatamente cumpridos, sendo
que se a decisão for transmitida via fax, o tabelião cumprirá imediatamente a
determinação, cabendo aos interessados, no prazo de dois dias, apresentar o
original da decisão. Não o fazendo nesse prazo, o tabelião efetivara o protesto.
Havendo necessidade de consulta ao apresentante para a materialização do
ato, o protesto não será tirado no dia útil imediatamente posterior. Após a
ordem de sustação tornar-se definitiva, será encaminhada ao juízo competente,
exceto se da decisão constar determinação diversa.
DO PAGAMENTO
Os títulos e documentos apresentados para protesto serão pagos ao
tabelião no valor declarado quando de sua apresentação, acrescido das custas
decorrentes do protesto, sendo esse pagamento em dinheiro, a não ser que o
valor exceda a quinze UFESPs, quando deverá ser pago em cheque visado e
cruzado ou cheque administrativo, nominal ao apresentante e da praça
devendo as demais custas decorrentes serem pagas em espécie de forma
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS individualizada. É vedada a escusa do pagamento desde que efetuado no
prazo legal, dentro do tabelionato em seu horário normal de funcionamento.
Com o efetivo pagamento, o título é imediatamente devolvido ao credor ou a
quem efetuou o pagamento. Sendo a quitação efetuada por meio de cheque,
fica condicionada à liquidação deste e a entrega do título somente se dará
depois de efetivamente liquidado. Se o pagamento consistir de parcela da
dívida, essa será devidamente quitada em documento separado e o original
será devolvido ao apresentante. Os valores referentes à quitação do título
serão disponibilizados ao credor no primeiro dia útil posterior ao pagamento,
mediante recibo. Salvo disposição legal expressa, não há juros nem tampouco
comissão de permanência no cálculo do totak do débito.
DO PROTESTO
Não ocorrendo nenhuma hipótese que impeça o protesto, como o
pagamento e a sustação do mesmo, este será devidamente protestado no
prazo legal, sendo entregue o respectivo instrumento ao apresentante no dia
útil imediatamente posterior a sua lavratura. Este protesto será efetivado
apenas por falta de pagamento, devolução, aceite, para fins falimentares
específicos, sendo vedada sua lavratura sem previsão expressa em lei.
A lavratura de protesto por falta de aceite somente será efetivada antes
de vencida a obrigação e dentro do prazo legal para o aceite ou a evolução,
pois, após vencida a obrigação, somente poderá ser protestado o título por falta
de pagamento.
No que diz respeito à duplicata e à letra de câmbio, são pertinentes os
comentários de Loureiro Filho e Loureiro (2004, p. 59-60): Quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite além do prazo legal, o protesto por tais fundamentos poderá ser baseado nas indicações da duplicata ou por segunda via da letra de cãmbio, vedada a exigência de qualquer formalidade não prevista na lei que regula a emissão e circulação das duplicatas. As duplicatas mercantis e de serviços sem aceite dependerão de comprovação de sua causa, da entrega e do recebimento da mercadoria, ou da efetiva prestação do serviço e do vínculo contratual que autorizou o saque, para que sejam tidas como exigíveis e possam ser protestadas, na forma da Lei Federal n. 5474, de 18 de julho de 1968, com a redação dada pela Lei Federal n. 6458, de 1º de novembro de 1977.
Os devedores dos títulos e documentos, bem como aqueles que forem
indicados como responsáveis pelo cumprimento das obrigações neles contidos
deverão, obrigatoriamente, constar no termo de protesto, excetuado o titular de
conta corrente bancária que tenha cheques devolvidos por motivos justificáveis,
como furto roubo ou perda desses títulos, cujo nome não poderá ser apontado.
Bem como nos casos em que o aceite é pressuposto de validade do título; na
falta desse, é vedado o apontamento.
45
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Para a formação do termo do protesto é necessário a observãncia de
alguns pressupostos:
• data e número de protocolo;
• nome e endereço do apresentante;
• transcrição do título ou documento de dívida e de suas declarações, ou
a reprodução das indicações que tiverem sido feitas pelo apresentante;
• certidão da intimação feita e de eventual resposta;
• certidão de não haver sido encontrada ou de ser desconhecida a
pessoa indicada para aceitar ou pagar;
• indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles
honradas;
• aquiescência do portador do aceite por honra;
• número do documento de identificação do devedor, com seu respectivo
endereço;
• data e assinatura do tabelião, seu substituto legal ou escrevente
autorizado.
Havendo, no tabelionato, instrumento de reprografia ou qualquer forma
de gravação eletrônica da imagem do título, a transcrição literal é substituída
por esta reprodução que passa a ser parte integrante do documento
protestado, devidamente inscrito no termo.
DOS LIVROS E ARQUIVOS
Assim como nos demais serviços registrais, o protesto de títulos e
documentos mantém os livros obrigatórios, mas além destes, possui dois livros
específicos, o Livro Protocolo dos títulos e documentos que lhe são
apresentados, e o Livro de Protesto, que necessariamente possui índice. Esses
livros serão escriturados pelo tabelião, por seu substituto legal ou escrevente
com a devida autorização, tudo de acordo com a legislação.
O Livro Protocolo pode ser escriturado tanto manual como
mecanicamente, contendo necessariamente as seguintes informações: número
de ordem, natureza do título ou documento de dívida, valor, nome da pessoa
que o apresenta, nome dos devedores, espécie de protesto e ocorrências. Sua
escrituração é obrigatoriamente diária, havendo a necessidade de diariamente
se realizar o seu fechamento, lavrando-se o devido termo de encerramento,
com o número total de títulos apresentados no dia.
O livro de protesto será iniciado e encerrado pelo tabelião, por seu
substituto legal ou pelo escrevente autorizado, com todas as folhas
devidamente rubricadas e numeradas. É nesse livro que são feitos os
assentamentos dos protestos, “que será único e no qual serão lavrados os
termos dos protestos especiais para fins falimentares, por falta de pagamento,
46
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS por falta de aceite ou de devolução” Loureiro Filho e Loureiro (2004, p. 63):,
com todos os elementos para a identificação do título, seu tipo e motivo do
protesto.
Existem, ainda, alguns documentos que devem ser arquivados nos
tabelionatos de protesto, são eles: as intimações; os editais; os documentos
apresentados para a averbação e o cancelamento dos protestos; mandados de
cancelamento e de sustação de protestos; ordens de retirada de títulos pelo
apresentante; comprovantes de entrega de pagamento aos credores;
comprovantes de devolução dos títulos ou documentos de dívida irregulares
que não possam ser apontados; documentos apresentados para a expedição
de certidões de homônimos; procurações e respectivos atos constitutivos que
comprovem a representação legal, quando outorgantes e outorgados forem
pessoas jurídicas; documentos comprobatórios da causa das duplicatas
mercantis ou de serviços, nota fiscal – fatura ou respectivo contrato de
prestação de serviço; além do comprovante da entraga e do recebimento das
mercadorias, ou do respectivo comprovante da prestação do serviço, conforme
o caso; declarações substitutivas, devendo ser conservados, juntamente com
os livros, pelo tabelião, pelo prazo legal, e somente podendo ser descartados
com expressa autorização do juízo corregedor, ou devidamente guardados por
meio eletrônico.
DAS RETIFICAÇÕES, CANCELAMENTOS E AVERBAÇÕES
As retificações de erros materiais podem ser realizadas de ofício ou por
requerimento da parte, desde que observadas as devidas formalidades. As
realizadas de ofício são pertinentes a assentamentos específicos do serviço
realizado pelo próprio ofício ou, ainda, em documentos devidamente
arquivados. Já quando a retificação for oriunda de requerimento do próprio
interessado, ficará vinculada à apresentação dos documentos que demonstrem
o erro e com o eventual instrumento de protesto, além é claro, do requerimento.
Qualque interessado pode solicitar ao tabelionato o cancelamento do
protesto, mediante a apresentação do título protestado, que terá sua cópia
devidamente arquivada. Tendo o cancelamento base em pagamento e este
não puder ser comprovado pelo título, poderá ser provado por declaração de
anuência do credor originário devidamente reconhecida a firma deste, e se
tratando de endossatário, a anuência será dada por este.
Quando o cancelamento se der por outro motivo que não pelo
pagamento, somente ocorrerá pela via judicial, não isentando do pagamento
dos emolumentos devidos ao tabelião.
Uma vez cancelado, o protesto não mais cosntará de nenhuma
certidão, salvo por requerimento por escrito do próprio devedor ou por ordem
47
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS judicial, devendo ainda este ser comunicado, mediante certidão a todas as
entidades interessadas.
DAS INFORMAÇÕES E CERTIDÕES
Todas as informações relativas aos protestos têm caráter sigiloso. Em
função disso, seu fornecimento é de competência exclusiva dos tabeliães de
protesto, de acordo com a legislação, Essas informações somente poderão ser
fornecidas por meio de requerimento escrito do devedor ou por determinação
judicial, inclusive certidões. É permitida a emissão de certidão com fins
estatísticos, desde que não mencionem o nome de nenhuma das partes
constantes dos títulos, atendo-se exclusivamente às quantidades. Respondem
ainda civilmente os tabeliães que por seus atos causarem prejuízos a terceiros,
por culpa ou dolo, sua ou daqueles que lhe representam na qualidade de
prepostos.
As certidões individuais emitidas pelo tabelião a pedido da parte, de
regra abrangerá os últimos cinco anos, a menos que a parte especifique um
protesto em especial ou solicite prazo superior, devendo a mesma ser entregue
em no máximo cinco dias úteis. No que diz respeito as certidões em forma de
relação, também serão entregues em cinco dias úteis, desde que solicitadas
por entidade representativa de segmento econômico, especificando, em seu
pedido, as características referentes aos nomes e documentos de seu
interesse.
As certidões expedidas pelo Serviço de Protesto de Títulos e outros
documentos deve sempre fornecer o nome do solicitante e seu documento de
identidade; o nome do devedor, bem como seu documento de identidade ou
CPF, ou CNPJ, se tratar de pessoa jurídica e o tipo de protesto, sendo
expressamente vedada a supressão do nome de qualquer dos devedores.
Síntese da aula Neste tema vimos a importância do Cartório de Protesto de Títulos e
Documentos, uma vez que este serviço é imprescindível ao exercício de
diversas atividades, principalmente aquelas de caráter econômico. Para
alcançarmos nosso objetivo, dividimos o tema de forma a abordarmos todos os
aspectos pertinentes ao assunto trabalhado, conseguindo assim fazer um
apanhado geral sobre a legislação que trata do assunto.
Atividades Leia o texto atentamente e faça um resumo estrutural, apontando os
principais tópicos abordados, de forma a resumir o texto em apenas uma lauda.
Comentário Essa atividade tem por finalidade o auxiliar na compreensão do tema e
o orientá para que alcance um melhor aproveitamento em seus estudos.
48
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
49
Tema 07
Registro Civil de Pessoas Naturais
Objetivo
Neste tema, estudaremos o Registro Civil das Pessoas Naturais,
identificando os principais institutos e as normas jurídicas reguladoras da
atividade registral.
Introdução Os principais atos e fatos jurídicos passíveis de registro e averbação
no Registro Civil de Pessoas Naturais são estabelecidos ao longo dos
dispositivos da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). São os mesmos de
extrema relevância para a vida das pessoas: esta norma jurídica disciplina o
nascimento, casamento, óbito, emancipação, interdição, sentença declaratória
de ausência, sentença que defere adoção a menores, entre outros casos.
Veremos, por fim, as principais anotações previstas na Lei de
Registros Públicos, quais sejam: anotações em remissões recíprocas feitas em
relação a registros e averbações posteriores em atos realizados no passado,
como por exemplo: o casamento anotado no registro de nascimento, e o óbito
anotado no registro de casamento etc.
REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
Os Ofícios de Registro Civil de Pessoas naturais possuem a sua área
de abrangência e circunscrição territorial delimitada em conformidade com a
Lei de Organização Judiciária local do Estado da Federação a que pertencer,
que no caso específico do Tocantins é denominada Lei Orgânica.
Todos os atos e fatos jurídicos que podem ser registrados ou
averbados junto ao Registro Civil de Pessoas Naturais encontram-se
determinados junto ao art. 29 da Lei nº 6015/73 (Registros Públicos), quais
sejam: “registros de nascimentos, casamentos, óbitos, emancipações,
interdições, sentenças declaratórias de ausência, opções de nacionalidade e
sentenças que defiram a legitimação adotiva; averbações de sentenças de
nulidades ou anulação do casamento, sentença declaratória de ilegitimidade ou
legitimidade dos filhos na constância do casamento, reconhecimentos de filhos
ilegítimos, adoção, e alterações de nomes”.
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Em razão da promulgação da Lei nº 6.515/1977, a extinção da
sociedade conjugal, mantido o vínculo, que antes se denominava desquite,
passou a se chamar separação judicial, emergindo ainda a figura do divórcio.
Da mesma forma, em razão da promulgação da Lei nº 8.069/90
“Estatuto da Criança e do Adolescente”, a legitimação adotiva foi substituída
pela adoção de menor.
Swensson (2005, p. 30) afirma que:
Com a equiparação dos filhos havidos ou não da relação do
casamento ou por adoção, quanto aos direitos e qualificações, são proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação (art. 227, § 5º, da
CF) é de ser excluída a letra c, bem como a supressão do termo “ilegítimos”,
inserido na letra d, ambas do § 1º, do art. 29, da LRP.
O ato de Registrar compreende a fatos ou atos jurídicos relevantes
da vida dos seres humanos, tais como o nascimento, casamento, óbito,
emancipação etc.
A averbação se dá em razão da modificação ou alteração do
conteúdo do registro, sendo feita portanto à margem deste, devendo
obrigatoriamente ser mencionada nas certidões expedidas posteriormente ao
ato.
Isenção de Emolumentos A Lei de Registros Públicos estabelece condições de isenção de
emolumentos para os atos mais importantes da vida de um ser humano, a
saber; custas e emolumentos pelo registro civil de nascimento e de óbito, bem
como a primeira certidão respectiva.
Outra hipótese de isenção está inserida pelo § 1º do art. 226 da
Constituição Federal, e no art. 1.512 do Código Civil, onde se diz que “O
casamento é civil e gratuita sua celebração”, logo sendo gratuita sua
celebração, também deverá ser gratuito seu registro.
Quanto às demais certidões extraídas do cartório de registro civil, as
custas e emolumentos são isentos aos comprovadamente pobres, em
conformidade ao que determina a Lei nº1060/50, onde o próprio interessado
poderá se declarar nesta condição. Entretanto, vale lembrar que a falsidade da
declaração ensejará a responsabilidade civil e criminal do declarante.
Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja
situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família (Lei nº
1060/50).
Nascimento Circunstancial
50
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Os nascimentos, casamentos e óbitos, que se derem a bordo dos
navios mercantes ou de guerra, em viagem ou no exército em campanha,
serão imediatamente registrados e comunicados, oportunamente, ao Ministério
da Justiça para o devido registro, averbações e anotações, conforme o caso
concreto, segundo o art. 31 da Lei de Registros Públicos.
Swensson (2005, p. 79), sobre o art. 32 da LRP, afirma que os
nascimentos, óbitos e casamentos de brasileiros no exterior, embora sejam
considerados autênticos, para terem validade no Brasil, deverá a respectiva
certidão ser legalizada pelos cônsules, devendo num caso ou noutro ser
trasladados no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais do Município da
sede da Comarca em que se situa o domicílio do registrado ou no 1º Ofício do
Distrito Federal, em falta de domicílio conhecido, para só assim surtirem efeitos
no Brasil.
Livros Específicos
O oficial manterá um índice alfabético dos assentamentos, por
sistema de fichas, obedecendo à ordem cronológica de declarações, sendo que
a escrituração e a ordem do serviço obedecerão em cada serventia a ordem
dos livros, que conterão 300 (trezentas) folhas cada, da seguinte forma:
- O livro “A” destinado a registro de nascimento.
- O livro “B” destinado ao registro de casamento.
- O livro “B auxiliar” de registro de casamento religioso para efeitos civis.
- O livro “C” ao registro de óbitos.
- O livro “C auxiliar” de registro de natimortos.
- O livro “D” registro de proclama.
No cartório do 1º Ofício ou da 1ª Subdivisão Judiciária, em cada
comarca, existirá outro livro para inscrição dos demais atos relativos ao estado
civil, livro de letra “E”, com a metade dos livros principais, 150 (cento e
cinqüenta) folhas.
Os assentos deverão ser assinados pelas partes, ou seus
procuradores , e as testemunhas, inserindo-se nos livros respectivos as
declarações de acordo com a lei ou conforme determinação sentencial.
Se os declarantes ou testemunhas não puderem assinar, far-se-á
declaração no assento, assinando a rogo outra pessoa e tomando-se a
impressão datiloscópica do não assinante à margem do assento.
Existe a possibilidade da ocorrência de erros ou omissões no
assento, podendo ocorrer a adição, desde que, antes de serem colhidas as
assinaturas, e não tenha sido lavrado outro assento.
Swensson (2005, p. 97) afirma que eventuais emendas ou alterações
por ventura existentes, e posteriores à lavratura do assento não ressalvadas ou
51
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS na hipótese de serem desatendidas as regras mencionadas, serão tidas por
inexistentes e sem efeitos jurídicos. Sujeitando tal fato às sanções disciplinares
cabíveis, respondendo o oficial registrador por perdas e danos.
Prazo para o Registro
O prazo para o registro é de 15 (quinze) dias, sendo que na hipótese
do impedimento paterno, a incumbência do registro caberá diretamente à mãe,
que para isso disporá de 45 (quarenta e cinco) dias (art. 50 da LRP).
Os nascimentos ocorridos a bordo de navios, ou aeronave, deverão
ser registrados em 05 (cinco) dias da chegada no destino, na serventia do local
da residência dos pais, se no Brasil, ou no consulado, se no estrangeiro.
Ultrapassado o prazo legal para o registro, o oficial ouvirá
testemunhas, e lavrará a certidão minuciosa a respeito das informações
colhidas, sendo que para os maiores de 12 (doze) anos é necessária a
intervenção do Juiz de Direito para o registro.
Retardamento ou Recusa
Havendo recusa por parte do oficial de registro civil em efetuar o
registro, averbação, anotação ou fornecimento de certidões, o destinatário do
serviço que se sentir prejudicado poderá queixar-se junto à autoridade
judiciária. Constatando-se injustificada demora, o Juiz de Direito poderá impor
uma multa de 01 (um) a 10 (dez) salários mínimos, podendo ainda, o
magistrado ordenar que o oficial cumpra os atos necessários, sob pena de
prisão de 05 (cinco) a 10 (dez) dias.
Fiscalização e correição
As atividades registrais no âmbito civil possuem tamanha relevância
para o desenvolvimento social do país, que o legislador entendeu necessário
que o poder judiciário, por meio de seus magistrados realize correções nos
livros de registros, sendo que os dados registrais (nascimento, casamento e
óbito) do último trimestre de cada ano deverão ser remetidos ao IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), cabendo inclusive a aplicação de multa
aos oficiais descumpridores. (§ 2º, art. 49 da LRP).
NASCIMENTO
O nascimento de toda e qualquer criança, na vasta extensão do
território nacional deverá ser registrado junto à serventia de pessoas naturais,
no lugar onde ocorreu o parto, ou no lugar da residência dos pais, no prazo de
52
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 15 dias, que será ampliado a 90 (noventa) dias em caso de residência distante
30 quilômetros do local do registro.
Os índios não estão obrigados a ser registrados, desde que não
integrados à sociedade, podendo o seu registro realizar-se em livro próprio do
órgão federal de assistência aos indígenas (FUNAI).
A necessidade e conseqüente exigência do registro dos nascimentos
foi abordada pela comunidade mundial, a partir do Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos na XXI Seção da Assembléia Geral das Nações
Unidas em 16 de dezembro de 1966, tendo sido estabelecido em seu art. 25,
que “toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e
deverá receber um nome” e que “toda criança terá direito de adquirir uma
nacionalidade”. Sendo o referido texto internacional aprovado pelo Congresso
Nacional pelo Decreto Legislativo nº. 226, de 12 de dezembro de 1991.
A Lei de Registros Públicos, em seu artigo 52, estabelece a ordem
sucessiva, das pessoas que estão obrigadas a realizar a declaração do
nascimento de uma criança, na seguinte ordem:
- Ao pai;
- A mãe, em falta ou impedimento do pai, sendo neste caso o prazo para
declaração prorrogado por 45 (quarenta e cinco); lembrando que falta
não significa a morte do pai, podendo ocorrer o desconhecimento,
estar em local incerto, ou mesmo a recusa no reconhecimento do
registrando como filho.
Na ausência ou impedimento do pai e da mãe, o parente mais próximo,
maior que se ache presente, e na falta ou impedimento do parente, os
administradores do hospital ou os médicos e parteiras, que assistiram o parto,
ou pessoa idônea da casa onde ocorreu, podendo em caso de dúvida o oficial
se dirigir à casa do recém nascido, para verificar sua existência, exigir atestado
médico e testemunhas.
Telinho: A legislação não prevê sanção pela ausência de declaração,
se limitando a estabelecer uma ordem sucessiva.
Se a criança nasceu morta (não respirou), será o registro feito no
livro “C auxiliar”, com os elementos que couberem ao livro de óbitos. Se a
criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, será feito os
dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com
remissões recíprocas.
Lembrando que tal distinção é importantíssima, uma vez que: “a
personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo desde a concepção os direitos dos nascituros” (art. 2º do Código Civil
53
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Brasileiro), conforme estudado na disciplina Direito Civil I, bem como na
disciplina de Introdução ao Estudo do Direito.
Os dados referentes ao registrando são imprescindíveis para a
perfeita individualização e identificação do indivíduo perante a sociedade, pois
a partir das características pessoais, se definirá a capacidade ou incapacidade,
no âmbito do Direito Civil, a imputabilidade ou inimputabilidade, na esfera
penal.
São exigências que deverão constar no assento do nascimento da
criança junto ao registro civil, observada a seguinte ordem legal: “o dia, mês,
ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la ou
aproximá-la; o sexo do registrando; o fato de ser gêmeo, quando assim tiver
acontecido; o nome e o prenome, postos à criança; a declaração de que
nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto; a ordem de filiação de
outros irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem existido; os nomes
e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde se
casaram, a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião
do parto, e o domicilio ou a residência do casal; os nomes e prenomes dos
avós paternos e maternos; os nomes e prenomes, a profissão e residência das
testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência
médica em residência ou fora de unidade hospitalar ou casa de saúde”. (art 54
da LRP).
Swensson (2005, pág. 124) citando R. Limong França afirma que
“Sendo o homem distinto de seus semelhantes e devendo manter com eles
relações de ordem social e jurídica, é necessário que a sua distinção se faça
claramente, através de um signo exterior e preciso. Esse signo, diz Humblet, é
o nome. Pelo nome o homem é designado, individualizado. Não se
compreende, na vida social, um homem que não tivesse nome”.
Se o declarante no momento do registro não indicar o nome
completo, o oficial da serventia de pessoas naturais poderá lançar o adiante do
prenome escolhido o nome do pai, e, na falta, o da mãe, se forem conhecidos.
(Art. 55 da LRP)
Swensson (2005, pág. 124) novamente citando R. Limong França
afirma que “nome civil é a designação pela qual se identificam e distinguem as
pessoas naturais, nas relações concernentes ao aspecto civil da sua vida
jurídica” e “prenome é o mesmo que nome individual, nome próprio da pessoa,
correspondente ao antigo nome de batismo, e que, entre nós, vem em primeiro
lugar na enunciação do nome completo”.
Alteração do Nome
54
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Após um ano de completada a maioridade civil, o próprio
interessado, ou mediante procurador poderá alterar o nome, desde que ocorra
a publicação pela imprensa e averbação da mesma. (art. 56 da LRP).
As demais alterações somente poderão se realizar motivadamente
após audiência do Ministério Público, mediante sentença do juiz a que tiver
sujeito o registro, quando por exemplo ocorrer a fundada coação ou ameaça
decorrente de colaboração com a apuração de crime, ou ainda na hipótese de
adoção por parte da companheira, solteira, separada judicialmente, divorciada
ou viúva, do sobrenome do seu companheiro na mesmas condições que as
suas. (art. 57 da LRP).
Habilitação para o Casamento Antes mesmo de um homem e uma mulher se casarem, é necessário
o atendimento a certos requisitos legais presentes no Código Civil e que não
incidem nas proibições nele indicadas, face à gravidade das conseqüências
geradas pela celebração do casamento existindo impedimento (art. 1.521 do
CC) ou causa suspensiva (art. 1523 do CC), bem como a opção por
determinado regime de bens (art. 1639 e ss. do CC).
Devem os interessados apresentarem os documentos exigidos na lei
Civil, requerendo ao oficial do registro que lhes expeça a certidão que expresse
a condição de habilitados ao casamento.
Depois de reunida a documentação e apresentada pelos nubentes,
serão afixadas os proclamas de casamento em lugar ostensivo ao cartório e na
impressa local, se houver, ouvindo sem seguida o órgão do Ministério Público.
Proclamas são editais expedidos pelo Oficial de Registro Civil dando
notícia de que os nubentes pretendem se casar (§ 1º do art. 67 e art. 181 do
Código Civil).
Após 15 (quinze) dias da afixação dos editais em cartório, não
havendo a oposição de impedimento, o oficial entregará aos nubentes a
certidão de habilitação para o casamento no prazo previsto em lei. Caso ocorra
apresentação de impedimento, o oficial dará ciência aos nubentes e oponentes,
para que em 03 (três) dias indiquem provas, ouvindo o Ministério Publico o juiz
decidirá.
Os interessados poderão requerer ao juiz a dispensa de proclamas,
deduzindo os motivos de urgência do casamento, provando, desde logo, com
documentos ou indicando outras provas para demonstração dos fatos por eles
alegados.
Regime de bens
55
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Os nubentes poderão optar por outro regime, que não seja o legal
(comunhão parcial – art. 1.640 do CC), desde que façam mediante pacto
antenupcial por escritura pública (parágrafo único do art. 1.640 do CC) que
deverá ser incorporado ao processo de habilitação de casamento e anotado no
registro do casamento (inciso VII do art. 1.536 do CC) SWENSSON (2005, pág.
167)
CASAMENTO
A Lei de Registros Públicos estabelece os requisitos que deverão ser
preenchidos no momento da lavratura do assento do casamento junto à
serventia do registro de pessoas naturais. A cerimônia de celebração do
casamento é disciplinada pelo Código Civil, no art. 1.533 e seguintes.
Após a celebração do casamento, será lavrado assento, assinado
pelo oficial, cônjuges, testemunhas e oficial, sendo exarado o seguinte: os
nomes, prenomes, nacionalidade, data e lugar do nascimento, profissão,
domicílio e residência atual dos cônjuges, bem como dos pais, do cônjuge
precedente (casamento anterior) se houver, e das testemunhas, data da
publicação dos proclames, regime de casamento, o nome que passa a ter a
mulher. (art. 70 da LRP).
Registro do Casamento Religioso para efeitos Civis A Constituição Federal, no seu art. 226, § 1º dispõe que “o
casamento é civil e gratuita a celebração”, e no § 2º do mesmo artigo prevê a
possibilidade do casamento religioso ter efeito civil “o casamento religioso tem
efeito civil, nos termos da lei”.
Desde que os nubentes se encontrem habilitados para o casamento,
poderão requerer certidão junto ao oficial do registro civil, para se casarem
perante a autoridade religiosa de seu credo, desde que mencionado na
certidão o prazo de validade da habilitação. No prazo de 30 (trinta) dias da
celebração poderá requerer o registro ao oficial do cartório expedidor da
certidão de habilitação.
O casamento no religioso, celebrado sem a prévia habilitação
perante o oficial da serventia, poderá ser registrado, desde que apresentado
pelos nubentes, com o requerimento de registro, a prova do ato religioso e os
documentos exigidos pelo Código Civil.
Casamento em Iminente Risco de Vida
56
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Se algum dos nubentes se encontrar em iminente risco de vida, e
nessa circunstancia não se verificar a presença do oficial para presidir o ato, o
casamento poderá ser realizado, desde que se encontrem presentes 06 (seis)
testemunhas, que comparecerão nos 05 (cinco) dias subseqüentes perante à
autoridade judiciária mais próxima, para reduzir-se a termo suas declarações.
Mesmo que as testemunhas não compareçam posteriormente ao ato,
poderá o interessado requerer suas intimações, sendo autuadas as mesmas e
encaminhadas à autoridade judiciária, que ouvirá o Ministério Público, e caso
necessário realizar diligências para apurar possíveis impedimentos, decidindo o
juiz no prazo de 05 (cinco) dias, da qual caberá apelação, com ambos os
efeitos (devolutivo e suspensivo).
Para disciplinar a situação acima descrita, deverá o oficial da
serventia observar os termos do art. 76 da Lei de Registros Públicos, bem
como os artigos 1.540 e 1541 do Código Civil Brasileiro.
ÓBITO
A morte de um ser humano se dá com a cessação das
manifestações vitais, quais sejam: sistema cardiovascular (circulatório),
respiratório, nervoso central e funções cerebrais, devendo a pessoa ser
sepultada em local próprio.
O Código Civil em seu art. 6º dispõe que “A existência da pessoa
natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos
em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva”.
Todo sepultamento deverá ser feito com a certidão do oficial de
registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito,
com vista de médico ou, caso não exista no local, de duas pessoas qualificadas
que presenciaram ou verificaram a morte.
Se uma criança falecer com menos de 01 (um) ano, antes de
proceder o assento, o oficial registrador se certificará primeiro da existência de
registro de nascimento, e caso não tenha ocorrido, o mesmo providenciará o
registro.
É possível que uma pessoa manifeste em vida o seu interesse de
cremar seu cadáver, podendo ainda ocorrer a necessidade de manifesto
interesse público pela cremação, desde que firmado por dois médicos ou por
um médico legista e, no caso de morte violenta, após a autorização judicial.
Se, pela distância ou qualquer outro motivo justificável, o registro não
puder ser feito em 24 (vinte e quatro) horas do falecimento, o assento poderá
ser lavrado, com a maior urgência nos prazos estabelecidos no art. 50 da
LRP.(15 dias ou 03 meses para os lugares distantes 30 Km do óbito).
57
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
A declaração de óbito é obrigatória, podendo ser realizada por
preposto autorizado pelo declarante por escrito, tendo o legislador especificado
as pessoas na ordem seguinte: (art. 79, LRP)
- - o chefe da família, a respeito de sua mulher, filhos, hospedes,
agregados e - fâmulos;
- - a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas
indicadas no número antecedente;
- - o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão a respeito dos irmãos, e
demais - pessoas de casa, indicadas no n. 1; o parente mais próximo
maior e presente;
- - o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento
público ou particular, onde tenha falecido a pessoa, exceto na
presença de algum dos parentes acima indicados;
- - na ausência de pessoa competente indicada, nos casos acima, as
que tiverem assistido aos últimos momentos de vida do finado, o
médico, o sacerdote ou vizinho que do falecido tiver notícias;
- - a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas.
O registro do óbito deverá conter obrigatoriamente: (art. 80 LRP).
- a hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento;
- o lugar do falecimento, com indicação precisa;
- o prenome, nome, sexo, idade, cor, estado civil, profissão,
naturalidade, domicílio e residência do morto;
- se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo quando
separado, se viúvo, o do cônjuge pré-defunto, e o cartório e casamento
de ambos os casos;
- os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residência dos pais;
- se faleceu com testamento conhecido;
- se deixou filhos, nome e idade de cada um;
- se a morte foi natural ou violenta e a causa conhecida, com o nome
dos atestantes;
- o lugar do sepultamento;
- se deixou bens e herdeiros menores ou interditos;
- se era eleitor;
Além dos requisitos acima, o legislador enumerou a obrigatoriedade
da informação no assento de óbito de pelo menos o número de inscrição de
algum dos documentos seguintes: PIS/PASEP, INSS, CPF, RG, Título de
Eleitor, numero do registro de nascimento e suas especificações, ou número da
carteira de trabalho.
Existem situações em que o falecido seja desconhecido; logo, o
assentamento deverá conter declaração de estatura ou medida, se for possível,
58
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS cor, sinais aparentes, idade presumida, vestuário ou qualquer outra indicação
que possa contribuir para uma futura identificação.
Sendo encontrado morto, e nada se saiba dessa pessoa, serão
inseridos no registro as circunstâncias, o lugar, e a necropsia, se realizada.
Se ocorrer primeiramente o enterro, e faltar atestado médico ou de
duas pessoas qualificadas, assinarão duas testemunhas que assistiram ao
falecimento ou ao funeral.
Um ser humano pode falecer em diversas circunstâncias, das quais a
Lei de Registros Públicos prevê as seguintes regras específicas:
- falecimento a bordo de navio será lavrado de acordo com as regras do
registro do nascimento do art. 80 da LRP.
- óbitos em campanha ou guerra, será registrado em livro próprio, com a
assinatura do médico chefe da corporação, nas formações de tropa,
pelo oficial militar, que será publicado em boletim da corporação e
posteriormente no registro civil.
No desaparecimento de pessoas em situações de naufrágio,
inundação, incêndio, terremoto ou quaisquer outras catástrofes, das quais se
presuma a morte, os juizes poderão admitir a justificação para o assentamento.
EMANCIPAÇÃO, INTERDIÇÃO E AUSÊNCIA Emancipação
A emancipação é uma das formas de cessação da incapacidade, que
pode ser concedida pelos pais mediante escritura pública ou, se ambos forem
mortos, por sentença judicial, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos
completos, conforme o art. 5º, inciso I do Código Civil. Devendo a emancipação
ser registrada, em ambos os casos, na serventia do 1º Ofício ou da 1ª
Subdivisão Judiciária de cada comarca. (art. 89 LRP).
No registro da emancipação sempre constará: a data do registro e a
data da emancipação, o nome, prenome, idade, filiação, profissão, naturalidade
e residência do emancipado, dos pais ou tutores; data e cartório em que foi
registrado o seu nascimento. (art. 90 da LRP).
Concedida pelo magistrado a emancipação, este deverá comunicá-la
de ofício ao oficial de registro, para que só então possa produzir os efeitos
jurídicos.
Além da sentença judicial e autorização por instrumento público dos
responsáveis,a emancipação e conseqüente capacidade plena poderá se dar
pelo casamento, exercício de emprego público efetivo, colação de grau em
curso superior, estabelecimento civil ou comercial, existência de relação de
emprego, que possam propiciar ao emancipado economia própria.
59
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Interdição
A interdição pode ocorrer quando a pessoa (homem ou mulher) for
considerada absolutamente incapaz para o exercício dos atos da vida civil, em
razão de enfermidade ou deficiência mental, que lhe impeça o necessário
discernimento para os atos da vida civil, cabendo ao juiz, ao decretar a
interdição do incapaz, proporcionar-lhe curador e fixar os limites da curatela.
(art. 3º, I do Código Civil).
O registro da interdição dar-se-á em livro especial da serventia do 1º
Ofício ou da 1ª Subdivisão de cada comarca, declarando-se a data da
sentença, nome e vara do juiz proferidor; nome, profissão, estado civil,
domicílio e residência do curador e do requerente da interdição, bem como os
limites da curadoria, quando esta restar-se parcial, e o lugar onde se encontrar
internado o interdito.
Declarada a interdição pelo magistrado, este deverá comunicá-la de
ofício ao oficial de registro, caso o curador ou requerente não tenha feito em 08
(oito) dias, para que só então o ato possa produzir os seus efeitos jurídicos.
Ausência Considera-se ausente a pessoa natural que desapareceu de seu
domicílio, sem deixar representante ou procurador, não havendo dela notícia,
dando-se a solução da matéria em 03 (três) etapas, quais sejam: declaração de
ausência, sucessão provisória e sucessão definitiva. (art. 6º, art. 1728, 1571,
todos do Código Civil).
O juiz, portanto, fará a arrecadação dos bens do ausente, e declarará
a ausência, dando-lhe curador. Prolongando-se a ausência, será requerida a
sucessão provisória e, posteriormente, a conversão dela em definitiva.
As sentenças declaratórias de ausência, que nomearem curador,
terão seu registro junto ao cartório do domicílio anterior do ausente, constando-
se a data do registro, nome, idade, estado civil, profissão, último domicílio do
ausente e do curador, bem como os limites da curatela; a data e cartório em
que foram registrados o nascimento e o casamento, bem como o nome do
cônjuge, se casado for.
É imprescindível ainda que conste no registro, o tempo da ausência
até a data da sentença, nome do membro do Ministério Público atuante no
processo, data da sentença, nome e vara do juiz que a proferiu. (art. 94 da
LRP).
60
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS LEGITIMAÇÃO ADOTIVA
A adoção de criança é disciplinada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº. 8.069/1990), e previsto seu registro em conformidade aos
arts. 95 e 96 da LRP.
As sentenças de legitimação adotiva serão registradas junto ao
Registro Civil de Pessoas Naturais, desde que consignado os nomes dos pais
adotivos como legítimos e os ascendentes dos mesmos vivos ou falecidos,
manifestando por escrito a adesão ao ato.
Uma vez feito o registro, será cancelado o assento de nascimento
original do menor, sendo o mandado de registro arquivado, não podendo o
oficial fornecer certidão, em razão do segredo de justiça. (Lei nº. 4.655/65).
AVERBAÇÃO A averbação é o ato pelo qual o oficial da serventia registra os atos e
fatos constantes de carta de sentença, de mandado ou de petição
acompanhada de documento legal e autentico, com posterior audiência do
Ministério Público.
“Se o Ministério Público manifestar-se contrariamente à averbação
aplicar-se-á, por analogia, o disposto no § 2º, do art. 67, da LRP (“se o
Ministério Público impugnar o pedido ou a documentação, os autos serão
encaminhados ao juiz, que decidirá sem recurso”).(SWENSSON (2005, p. 205)
A averbação é sempre vinculada à alteração de determinado registro,
sendo esta feita à margem do assento e, quando não houver espaço, no livro
corrente, com as notas e remissões recíprocas, que possam facilitar a busca,
constando ainda a indicação minuciosa da sentença ou ato que a determinar.
Swensson (2005, p. 207) afirma que o fato ou ato jurídico posterior
ao registro deve ser mencionado, ao lado deste, de forma sintética, mas
contendo todas as informações necessárias para que se entendam quais as
alterações procedidas, como, também, seja possível identificar a sentença
(número do processo, indicação da vara e comarca, nome do juiz, data em que
foi prolatada a sentença, data do trânsito em julgado) ou o ato (se escritura
serventia, Comarca, livro, folhas, data).
Averbação no Casamento Quanto ao casamento, poderá ser feita a averbação da sentença de
nulidade e anulação, separação ou o restabelecimento da sociedade conjugal,
informando-se a data em que o juiz a proferiu, a sua conclusão, os nomes das
partes e o trânsito em julgado.
61
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
As sentenças não poderão ser averbadas, enquanto haja
possibilidade de recurso, não produzindo efeitos contra terceiros, antes da
averbação.
O Oficial comunicará, no prazo de 48 horas, a averbação ao
magistrado subscritor da carta de sentença mediante registro postal, e, caso
não cumpra tal obrigação, ser lhe-á imposta uma multa de 5 (cinco) salários
mínimos e a suspensão do cargo até 6 (seis) meses, e em caso de
reincidência, ser-lhe-á fixada pena pecuniária em dobro, podendo este inclusive
perder seu cargo junto à serventia (art. 100 LRP.
Averbação no Nascimento O art. 102 da LRP disciplinava sobre a averbação das sentenças que
julgassem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento, que
declarassem legítima a filiação, escrituras de adoção e atos que a
dissolvessem, reconhecimento judicial ou voluntário dos filhos ilegítimos, perda
da nacionalidade brasileira, quando comunicada pelo Ministério da Justiça,
bem como a perda do pátrio poder.
Entretanto, os itens 1º e 2º, do art. 102, e o art. 103 foram revogados
pelos arts. 227, § 6º da Constituição Federal, 3º e 6º da Lei n. 8.560/1992, 20
da lei n. 8069/1990, excluindo-se de tais dispositivos o termo “filho ilegítimo” do
item 4º.
O art. 155 do Código de Processo Civil dispõe que correm em
segredo de justiça os processos “que dizem respeito a casamento, filiação,
separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de
menores”.
Outras Averbações
- As sentenças que puserem termo à interdição, das substituições dos
curadores de interditos ou ausentes, das alterações dos limites de
curatela, da cessação ou mudança de internação, bem como da
cessação de ausência pelo aparecimento do ausente serão lavradas
no livro de emancipação, interdição e ausências.
- A averbação de escritura de adoção de pessoa cujo registro de
nascimento haja sido feito fora do País, será trasladado, sem ônus pra
os interessados, no livro “A” do cartório do 1º Oficio ou da 1ª
Subdivisão Judiciária da Comarca em que for domiciliado o adotante,
aquele registro, legalmente traduzido, se for o caso, para que faça, à
margem dele, a competente averbação. (art. 105 da LRP).
62
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS ANOTAÇÕES
Os registros ou averbações feitos pelo oficial, no prazo de 05 (cinco)
dias, deverão ser anotados nos atos anteriores, com remissões recíprocas, se
lançados em seu cartório, ou feitas às comunicações, contendo o resumo do
assento, pelo oficial em cujo cartório estiverem os registros primitivos. (art. 106
da LRP).
Dessa forma, se os atos anteriores estiverem registrados ou
averbados em outro cartório, caberá ao oficial que lavrou o ato posterior
comunicá-lo por carta ao oficial da serventia em que foram lavrados os atos
cronologicamente considerados primitivos, para que proceda as anotações.
Swensson (2005, p. 217) “a alteração pode ser em relação à situação
da pessoa mencionada no registro (casamento, óbito, emancipação, interdição,
declaração de ausência, adoção de criança ou adolescente), ou, então,
circunstância relevante que traga modificações em relação ao ato ou fato
registrado (anulação ou nulidade de casamento, separação judicial,
restabelecimento da sociedade conjugal, escrituras de adoção dos maiores de
18 anos, alterações e abreviaturas de nomes)”.
O óbito deverá ser anotado, com as remissões recíprocas, nos
assentos de casamento e nascimento, e o casamento no de nascimento.
A dissolução e a anulação do casamento, bem como o
restabelecimento da sociedade conjugal serão anotados nos assentos de
nascimento dos cônjuges, (§ 2º do art. 107 da LRP).
A emancipação, a interdição e a ausência serão anotadas pela
mesma forma, nos assentos de nascimento e casamento, bem como a
mudança do nome da mulher, em razão do casamento, a sua anulação ou
separação, ou restabelecimento da sociedade conjugal.(art. 108 da LRP).
RETIFICAÇÕES, RESTAURAÇÕES E SUPRIMENTOS
Retificação – é a correção das informações constantes de um registro ou
averbação, para que os mesmos possam representar a máxima expressão da
verdade, correspondendo à estrita realidade dos fatos.
Restauração – é a reconstituição de registros por ventura estraviados,
dilacerado, danificados ou inutilizados, para que seja restabelecida a situação
dos fatos ao estado anterior.
Suprimento – é a inserção ou acréscimo de informações que se encontravam
ausentes à averbação ou registro.
63
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
A pessoa que pretender a retificação, restauração ou suprimento, o
requererá em petição fundamentada e instruída com documentos e indicação
de testemunhas, pra que o juiz o ordene, ouvindo o Ministério Público ou
interessados, no prazo de 05 (cinco) dias e, caso ocorra impugnação, o juiz
determinará a produção de prova, dentro do prazo de 10 dias ouvindo,
sucessivamente, em 03 dias, os interessados e o órgão do Ministério Público.
Da decisão proferida pelo magistrado caberá recurso de apelação nos efeitos
devolutivo ou suspensivo. (art. 109 da LRP).
Os erros de grafia poderão ser corrigidos, processando-se no próprio
cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo
interessado, ou seu procurador, sem pagamento de custas ou taxas, sendo em
seguida submetida ao Ministério Púnblico e posteriormente conclusos ao juiz
togado.
O Juiz de Direito, ao receber a petição devidamente instruída,
despachará em 48 (quarenta e oito) horas, e se deferido, será averbado pelo
oficial da serventia a retificação junto à margem do registro, mencionando
número do protocolo, data da sentença e seu trânsito em julgado.
Síntese da aula Neste tema, você pode compreender que os atos e fatos jurídicos
dos seres humanos são disciplinados pela Lei de Registros Públicos, que
determina a competência registral para os assentamentos junto à serventia do
Registro Civil de Pessoas Naturais.
Foram abordadas, ainda, as principais circunstâncias e atos da vida
civil das pessoas naturais, quais sejam; o nascimento, casamento, óbito,
emancipação, interdição, sentença declaratória de ausência, sentença que
defere adoção à menores, averbações, anotações, retificações, suprimentos
etc.
O Registro Civil das Pessoas Naturais é norma jurídica que deverá
ser aplicada aos casos concretos da vida do homem no seu convívio social.
Atividades
1- O Registro Civil de Pessoas Naturais, estão diretamente ligados à vida das
pessoas, uma vez que esta norma jurídica disciplina o nascimento, casamento,
óbito, emancipação, interdição, sentença declaratória de ausência, sentença
que defere adoção a menores, entre outros casos. Dessa forma, qual é a área
de abrangência e circunscrição territorial desta serventia? A Lei de Registros
Públicos estabelece condições de isenção de emolumentos (custas)?, caso
afirmativo, quais são as hipóteses de isenção de custa?
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Comentário:
Para desenvolver a atividade, o aluno deverá observar no texto acima, como é
definida a área de abrangência de cada serventia.
Na segunda parte, da atividade é necessário que o acadêmico pesquise no
texto acima, se existem condições legais de isenção e quais são elas.
Exercícios
1 – Todos os atos e fatos jurídicos que podem ser registrados ou averbados
junto ao Registro Civil de Pessoas Naturais encontram-se determinados junto à
Lei de Registros Públicos nº 6.015/73 em seu art.29, quais sejam: “registros de
nascimentos, casamentos, óbitos, emancipações, interdições, sentenças
declaratórias de ausência, opções de nacionalidade e sentenças que defiram a
legitimação adotiva; averbações de sentenças de nulidades ou anulação do
casamento, sentença declaratória de ilegitimidade ou legitimidade dos filhos na
constância do casamento, reconhecimentos de filhos ilegítimos, adoção, e
alterações de nomes”. Sobre o Registro Civil das Pessoas Naturais assinale a
alternativa falsa.
a) A Lei de Registros Públicos estabelece que não são isentos todos e
quaisquer emolumentos, somente àqueles especificados na LRP e Constituição
Federal, a saber, custas e emolumentos para o registro civil de nascimento e
de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.
b) Se o oficial de registro civil recusar-se a efetuar o registro, averbação,
anotação ou fornecimento de certidões, o destinatário do serviço que sentir-se
prejudicado poderá queixar-se junto à autoridade judiciária, e constatando-se a
injustificada demora, o juiz poderá impor uma multa de 01 (um) a 10 (dez)
salários mínimos, podendo ainda o magistrado, ordenar que o oficial cumpra os
atos necessários, sob pena de prisão de 05 (cinco) a 10 (dez) dias.
c) O nascimento de uma criança deverá ser registrado junto à serventia de
pessoas naturais, no lugar onde melhor lhe convier, no prazo de 120 (cento e
vinte ) dias, que poderá ser ampliado por mais 01 (um) ano caso a residência
seja distante a mais de 50 KM do local do registro.
d) O casamento realizado no religioso, celebrado sem a prévia habilitação
perante o oficial da serventia, poderá ser registrado, desde que apresentado
pelos nubentes, com o requerimento de registro, a prova do ato religioso e os
documentos exigidos pelo Código Civil.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Comentários: Alternativa a) – Para analisar esta proposição o aluno deverá identificar se
existe a gratuidade de todos os emolumentos, e caso verifique não existir a
gratuidade, deverá identificar quais atos poderão ser beneficiados.
Alternativa b) – Esta assertiva implica em verificar se o oficial de registro civil
pode recusar-se a efetuar o registro, e posteriormente quais as providencias a
serem tomadas pelo interessado.
Alternativa c) – Consiste a proposição em levar o aluno a identificar o lugar do
registro de uma criança e quais os prazos estabelecidos na LRP para faze-lo
diante do caso concreto.
Alternativa d) – A assertiva tem por objetivo verificar a possibilidade de um
casamento feito no religioso sem prévia habilitação, ser registrado
posteriormente, e caso afirmativo quais as exigências para o ato.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 08
Registro De Imóveis Objetivo
Conhecer as atribuições do Registro de imóveis, sua importãncia e
consequências dos registros
Introdução Neste tema, iremos tratar sobre os Registros de Imóveis, enfocando
sua aplicação prática, uma vez que é por meio desse registro que efetivamos a
propriedade de nossa casa e de todos os nossos imóveis. Trataremos, ainda,
de algumas outras inscrições que poucos conhecem.
Atribuições do Registro de Imóveis: As atribuições do Registro de imóveis estão descritas no art. 172 da Lei
de Registros Públicos. Consistem no registro e na averbação de títulos ou atos
constitutivos, declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre
imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa, tanto para sua
constituição, transferência e extinção, como para sua validade contra terceiros
ou para sua disponibilidade. Essas são as suas funções legais.
A legislação determina que serão feitos, além da mátricula, registros e
averbações de alguns atos e negócios jurídicos. Vamos trabalhar com a
contribuição de Lair da Silva Loureiro Filho e Cláudia Regina Magalhães
Loureiro, a partir de sua Obra “Notas e Registros Público”, Editora Saraiva,
2004, pg. 206/211. Você vai perceber que eles trabalham o registro de imóveis
utilizando uma classificação por meio do ordenamento jurídico brasileiro. Para
facilitar seu estudo, nós dividimos essa classificação da seguinte maneira, pois
os autores, ao citar a legislação, o fazem com uma outra metodologia.
Do Registro:
• de instituição de bem de família; de hipotecas legais, judiciais e
convencionais;
• de contratos de locação de prédios nos quais tenha sido consignada
cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada e para fins
de exercício de direito de preferência na sua aquisição;
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• de penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria,
instalados e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem
eles;
• de penhoras, arrestos e sequestros de imóveis; de servidão em geral;
• de usufruto e uso sobre imóveis, e o da habilitação, quando não
resultarem do direito de família;
• de rendas constituídas sobre imóveis ou a ele vinculadas por
disposição de última vontade;
• de contratos de compromisso de compra e venda, de cessão deste e
de promessa de cessão, com ou sem clausula de arrependimento, que
tenham por objeto imóveis não loteados, cujo preço tenha sido pago no
ato de sua celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em
prestação;
• de enfiteuse;
• de anticrese;
• de convenções antenupciais; de cédulas decrédito rural;
• de cédulas de crédito industrial, à exportação e comercial;
• de contratos de penhor rural;
• de empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as
conversíveis em ações; de incorporações, instituições e convenções de
condomínio;
• de contratos de promessa de compra e venda, cessão ou promessa
de cessão de unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº
4.591/64, quando a incorporação ou a instituição de condomínio se
formalizar na vigência da Lei nº 6.015/73;
• de loteamentos urbanos e rurais e desmembramentos urbanos;
• de contratos de promessa de compra e venda, cessão e promessa de
cessão de terrenos loteados ou desmembrados na forma do Decreto-
Lei nº 58/37, e da Lei nº 6.766/79, não compreendidas no nº 3, 2 ª
parte, deste item;
• de citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a
imóveis;
• de fideicomisso;
• de julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os
demarcarem, inclusive nos casos de incorporações que resultarem em
constituições de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos
incorporadores;
• de sentenças que, nos inventários, arrolamentos e partilhas,
adjudicarem bens de raiz em pagamento das dívidas de herança;
68
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• dos atos de entrega de legados de imóveis, formais de partilha e
sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento, quando não
houver partilha;
• de arrematação e adjudicação em hasta pública;
• de dote;
• de sentenças declaratórias de usucapião;
• de compra e venda, pura e condicional;
• de permuta;
• de dação em pagamento;
• de transferência de imóvel à sociedade, quando integrar quota social;
• de doação entre vivos;
• de desapropriação amigável e sentenças que em processo de
desapropriação, fixarem o valor da indenização;
• de ato de tombamento definitivo de bens imóveis, requerido pelo órgão
competente, federal , estadual ou municipal, do serviço de proteção ao
patrimônio histórico e artístico;
• de alienação fiduciária em garantia de coisa móvel;
• da constituição de direito de superfície de imóvel urbano;
• do contrato de concessão de direito real de uso de imóvel público;
• dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias de
concessão de uso especial para fins de moradia.
Em todos os casos acima elencados será obrigatório o registro, para
que esses atos surtam todos os seus efeitos legais, uma vez que seu efetivo
registro não é facultativo, mas sim expresso em Lei, e, portanto, obrigatório.
A Averbação:
• de convenções antenupciais e dos regimes de bens diversos do legal,
nos registros referentes a imóveis ou direitos reais pertencentes a
qualquer um dos cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao
casamento;
• extinção de ônus e direitos reais, por cancelamento; contratos de
promessa de compra e venda, cessões e promessas de cessões a que
alude o Decreto-Lei nº 6.015/73; mudança de denominação e de
numeração dos prédios, edificação, reconstrução, demolição e
desmembramento de imóveis;
• alteração de nome por casamento ou por separação judicial, ou, ainda,
por outras circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no
registro e nas pessoas nele interessadas;
• ato pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude a Lei
nº 4.592/64, quando a incorporação tiver sido formalizada
anteriormente à vigência da Lei nº 6.015/73;
69
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• cédulas hipotecárias;
• caução e cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis;
• sentença de separação de dote;
• restabelecimento da sociedade conjugal;
• cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade
impostas a imóveis, bem como constituição de fideicomisso;
• decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou
títulos registrados ou averbados;
• nomes dos logradouros, decretados pelo Poder Público;
• sentenças de separação judicial, divórcio, nulidade ou anulação de
casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou
direitos reais sujeitos a registro;
• re-ratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em
favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação,
ainda que importando elevação da dívida, desde que mantidas as
mesmas partes e que inexista outra hipoteca registrada em favor de
terceiros;
• contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência;
• termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a
regime fiduciário; notificação para parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios de imóvel urbano; extinção da concessão de
uso especial para fins de moradia;
• extinção do direito de superfície do imóvel urbano;
• cessão de crédito imobiliário; fusão, cisão e incorporação de
sociedades; arquivamento de documentos comprobatórios de
inexistência de débitos para com a Previdência Social;
• indisponibilidade dos bens que constituem reservas técnicas das
Companhias Seguradoras;
• tombamento definitivo de béns imóveis promovido pelo órgão
competente, federal, estadual ou municipal, do serviço de proteção do
patrimônio histórico e artístico.
O local para serem efetuados os atos é o Cartório da Comarca onde se
encontra o imóvel, já a averbação se dá na própria mátrícula ou à margem do
registro, mesmo que não faça mais parte desta circunscrição, e em caso de
imóvel com área em comarcas adjacentes, estes serão feitos em todas estas,
sendo tal situação devidamente apontada em todos os Registros de Imóveis
envolvidos. A designação de registro aqui adotada inclui a inscrição e a
transcrição devidamente referidas na legislação civil.
Em caso de desmembramento do território em que se encontra o
imóvel, desde que já devidamente registrado, este não irá ser repetido na nova
circunscrição.
70
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Da Escrituração dos Livros Nos Registros de Imóveis, existem alguns livros específicos a essa
atividades registral e que merecem especial atenção. Veremos as funções e as
especificidades de cada um.
Livro de Recepção e Títulos Segundo o disposto no art. 12, parágrafo único, da Lei nº 6015/73,
neste livro serão lançados os títulos apresentados para o cálculo e averiguação
dos emolumentos devidos, e que não possuam prioridade, sendo que os
demais atos podem ser registrados diretamente no Livro de Protocolo, desde
que todos os títulos sejam lançados nele. Sendo que para a recepção de títulos
para simples cálculo e exame será aceito com requerimento escrito e expresso
do interessado, que deve ser devidamente arquivados, não havendo custas a
serem pagas quando do simples exame para calculo.
Este livro deverá conter alguns elementos considerados pela legislação
como imprescindíveis para a sua organização, que será necessariamente em
colunas. Segundo os autores Filho e Loureiro (2004, p. 213), são os seguintes
os elementos essenciais:
a) número de ordem, que seguirá
indefinidamente;
b) nome do apresentante;
c) natureza formal do título;
d) data da devolução do título;
e) data de entrega ao interessado.
Devendo o Cartório de Registro de Imóveis manter uma organização,
criando mecanismos que controlem a tramitação simultânea sobre um mesmo
imóvel.
É obrigatória a entrega de recibo dos documentos, com numeração
compatível com à do livro de protocolo, sendo que este recibo: deverá conter necessariamente, o nome do apresentante, do outorgante e outorgado, a natureza do título, o valor do depósito prévio, a data em que foi expedido, a data prevista para eventual devolução do título com exigências (máximo de 15 dias), a data prevista para a prática de ato e a data em que cessarão automaticamente os efeitos da prenotação. O recibo-protocolo de títulos ingressados excepcionalmente na serventia apenas para exame e cálculo deverá conter a data em que foi expedido, a data prevista para devolução e a expressa advertência de que não implica a prioridade prevista no art. 186 da Lei nº 6.015/73. (FILHO, LOUREIRO, 2004, p. 214)
71
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
As exigências devem sempre ser claras e específicas, de forma a não
deixar nenhuma dúvida, nem sobre Seu conteúdo, muito menos sobre a sua
legitimidade, expondo as razões e a pessoa que está solicitando.
A entrega de títulos e restituição de valores deverá ocorrer sempre
mediante a entrega de comprovante que deverá ser arquivado por um período
mínimo de um ano, sendo que existe a possibilidade de substituição dos Livros
por fichas.
Livro Protocolo Este livro tem por finalidade apontar todos os títulos que são levados
ao conhecimento do Cartório de Registro de Imóveis, com exceção daqueles
tratados no item anterior: para que seja efetivado o registro de um imóvel,
primeiramente precisamos levar este documento ao conhecimento do Registro,
como forma de garantir a ordem, de preferência em relação a outros títulos que
possam a vir sobre o mesmo imóvel. A legislação prevê alguns elementos
necessários à escrituração do protocolo:
a) número de ordem, que seguirá indefinidamente; b) data da apresentação, apenas no primeiro lançamento; c) nome do apresentante; d) natureza formal do título e) atos formalizados, resumidamente lançados, com menção de sua data; f) devolução com exigência e sua data; g) data de reingresso do título, se na vigência da prenotação. (FILHO, LOUREIRO, 2004, p. 214)
Livro Registro Geral Este livro tem por finalidade a matrícula dos imóveis e o registro ou
averbação dos atos que não dizem respeito ao livro de registro auxiliar que
estudaremos mais adiante. Importante frisar que cada imóvel terá sua própria
matricula, que lhe será atribuída quando do primeiro registro ou quando se
tratar de averbação que deva ser feita no antigo livro de transcrição da
transmissão e não restar mais espaço neste, bem como nos casos em que haja
a fusão de um imóvel ou a requerimento expresso do proprietário do imóvel.
Livro de Registro Auxiliar Nesse livro tem a finalidade de registrar os atos que mesmo não
versando sobre imóveis, por força de lei são atribuídos a este registro. Os atos
que serão registrados nesse livro são:
a) a emissão de debêntures, sem prejuízo do registro eventual e definitivo, na matrícula do imóvel, da hipoteca, anticrese ou penhor que abonarem especialmente tais emissões, firmando-se pela ordem
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
do registro a prioridade entre as séries de obrigações emitidas pela sociedade; b) as cédulas de crédito rural, de crédito industrial, de crédito à exportação e de crédito comercial, sem prejuízo da hipoteca cedular; c) as convenções de condomínio; d) o penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na industria, instalados e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles; e) as convenções antenupciais; f) os contratos de penhor rural; g) os títulos que, a requerimento do interessado, forem registrados no seu inteiro teor, sem prejuízo do ato praticado no livro de registro geral; h) a transcrição integral da escritura de instituição do bem de família, sem prejuízo do seu registro no livro de registro geral i) o tombamento definitivo do imóvel. (FILHO, LOUREIRO, 2004, p. 228/229)
Nesse livro os registros serão feitos de forma resumida, arquivando o
cartório uma via dos documentos que lhe deram origem.
Livro Indicador Real Este livro tem como finalidade servir de repositório das indicações dos
imóveis, sem exceção, que constam do Livro de Registro Geral, trazendo sua
identificação e seu número de matrícula.
Livro Indicador Pessoal Tem por função reunir o nome de todas as pessoas que figurarem em
qualquer dos outros livros, seja no pólo passivo, ativo, de forma direta ou
indireta, fazendo referência aos seus respectivos números de ordem.
Livro de Registro de Aquisição de Imóveis Rurais por Estrangeiros Este livro possui formato e lançamentos definidos por legislação própria
e servem para auxiliar no controle de aquisição de terras no Brasil por
estrangeiros, sendo uma inscrição complementar, uma vez que não dispensa,
nem tampouco substitui a inscrição no Livro de Registro Geral.
Livro de Registro de Indisponibilidades Esse livro se destina ao registro dos ofícios oriundos da Corregedoria-
Geral de Justiça, bem como dos interventores e liquidantes das instituições
financeiras que, passando por dificuldades, sofrem intervenção ou liquidação
extrajudicial, em que há necessidade de comunicar-se a indisponibilidade dos
bens de seus diretores e ex-administradores.
DO PROCESSO DE REGISTRO
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS A finalidade do registro é escriturar os atos translativos ou declaratórios
referentes à propriedade dos bens imóveis e ainda os constitutivos de direitos
reais, devidamente citados no art. 167, I da Lei de Registros Públicos, sendo da
sua essência a necessidade de existência de matricula prévia do imóvel. Mas a
simples matrícula não é garantia do registro, uma vez que, mesmo matriculado,
não ocorrerá o registro que dependa de apresentação de título anterior em
respeito à continuidade dos registros.
A Lei de Registros Públicos define expressamente a forma como se
processa o registro.
• Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de ordem que lhes
competir em razão da seqüência rigorosa de sua apresentação.
• Reproduzir-se-á, em cada título, o número de ordem respectivo e a
data de sua prenotação.
• O Protocolo será encerrado diariamente.
• A escrituração do protocolo incumbirá tanto ao oficial titular como ao
seu substituto legal, podendo ser feita, ainda, por escrevente auxiliar
expressamente designado pelo oficial titular ou pelo seu substituto
legal mediante autorização do juiz competente, ainda que os primeiros
não estejam nem afastados nem impedidos.
• O número de ordem determinará a prioridade do título, e esta a
preferência dos direitos reais, ainda que apresentados pela mesma
pessoa mais de um título simultaneamente.
• Em caso de permuta, e pertencendo os imóveis à mesma
circunscrição, serão feitos os registros nas matrículas correspondentes,
sob um único número de ordem no Protocolo.
• Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do prazo de 30
(trinta) dias, salvo nos casos previstos nos artigos seguintes.
• Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à
existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará
durante 30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a
inscrição. Esgotado esse prazo, que correrá da data da prenotação,
sem que seja apresentado o título anterior, o segundo será inscrito e
obterá preferência sobre aquele.
• Não serão registrados, no mesmo dia, títulos pelos quais se constituam
direitos reais contraditórios sobre o mesmo imóvel.
• Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando
apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados no Protocolo sob
número de ordem mais baixo, protelando-se o registro dos
apresentados posteriormente, pelo prazo correspondente a, pelo
menos, um dia útil.
• O disposto nos arts. 190 e 191 não se aplica às escrituras públicas, da
mesma data e apresentadas no mesmo dia, que determinem,
74
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
taxativamente, a hora da sua lavratura, prevalecendo, para efeito de
prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar.
• O registro será feito pela simples exibição do título, sem dependência
de extratos.
• O título de natureza particular apresentado em uma só via será
arquivado em cartório, fornecendo o oficial, a pedido, certidão do
mesmo.
• Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do
outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título
anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade
do registro.
• A matrícula será feita à vista dos elementos constantes do título
apresentado e do registro anterior que constar do próprio cartório.
• Quando o título anterior estiver registrado em outro cartório, o novo
título será apresentado juntamente com certidão atualizada,
comprobatória do registro anterior, e da existência ou inexistência de
ônus.
Dúvida Diante da possibilidade de vício nos documentos apresentados ao
registro, a legislação prevê a probabilidade de o oficial exigir do apresentante
algumas providências, por meio de exigências, uma vez que não solucionados
ou não concordando o apresentante com as exigências impostas, poderá se
socorrer com a declaração de dúvida.
• Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não
se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a
podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a
declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la,
obedecendo-se ao seguinte:
o no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a
ocorrência da dúvida;
o após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da
dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas;
o em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao
apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e
notificando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no
prazo de 15 (quinze) dias;
o certificado o cumprimento do disposto no item anterior,
remeterse-ão ao juízo competente, mediante carga, as razões
da dúvida, acompanhadas do título.
• Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido no item III
do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por sentença.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• Impugnada a dúvida com os documentos que o interessado
apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de dez dias.
• Se não forem requeridas diligências, o juiz proferirá decisão no prazo
de quinze dias, com base nos elementos constantes dos autos.
• Da sentença, poderão interpor apelação, com os efeitos devolutivo e
suspensivo, o interessado, o Ministério Público e o terceiro prejudicado.
• Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á do seguinte
modo:
o se for julgada procedente, os documentos serão restituídos à
parte, independentemente de translado, dando-se ciência da
decisão ao oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele
a prenotação;
o se for julgada improcedente, o interessado apresentará, de
novo, os seus documentos, com o respectivo mandado, ou
certidão da sentença, que ficarão arquivados, para que, desde
logo, se proceda ao registro, declarando o oficial o fato na
coluna de anotações do Protocolo.
• A decisão da dúvida tem natureza administrativa e não impede o uso
do processo contencioso competente.
• Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30
(trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido
registrado por omissão do interessado em atender às exigências
legais.
• Se o documento, uma vez prenotado, não puder ser registrado, ou o
apresentante desistir do seu registro, a importância relativa às
despesas previstas no art. 14 será restituída, deduzida a quantia
correspondente às buscas e a prenotação.
• No processo, de dúvida, somente serão devidas custas, a serem pagas
pelo interessado, quando a dúvida for julgada procedente.
Das Pessoas No que diz respeito ao Registro de Imóveis, não há que se falar em
qualquer espécie de vedação ao exercício dos atos de registro averbação, pois
a legislação permite que qualquer pessoa realize os atos necessários, vejamos:
• o registro e a averbação poderão ser provocados por qualquer
pessoa, incumbindo-lhe as despesas respectivas;
• nos atos a título gratuito, o registro pode também ser promovido
pelo transferente, acompanhado da prova de aceitação do
beneficiado;
• o registro do penhor rural independe do consentimento do credor
hipotecário;
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• são considerados, para fins de escrituração, credores e devedores,
respectivamente:
o nas servidões, o dono do prédio dominante e dono do
prédio serviente;
o no uso, o usuário e o proprietário;
o na habitação, o habitante e proprietário;
o na anticrese, o mutuante e mutuário;
o no usufruto, o usufrutuário e nu-proprietário;
o na enfiteuse, o senhorio e o enfiteuta;
o na constituição de renda, o beneficiário e o rendeiro
censuário;
o na locação, o locatário e o locador;
o nas promessas de compra e venda, o promitente
comprador e o promitente vendedor;
o nas penhoras e ações, o autor e o réu;
o nas cessões de direitos, o cessionário e o cedente;
o nas promessas de cessão de direitos, o promitente
cessionário e o promitente cedente.
Dos Títulos A Lei de Registros Públicos admite apenas para registro os
documentos constantes de seu art. 221, não admitindo qualquer outro além dos
enumerados neste artigo.
• Somente são admitidos registro:
o escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados
brasileiros;
o escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas
partes e testemunhas, com as firmas reconhecidas,
dispensado o reconhecimento quando se tratar de atos
praticados por entidades vinculadas ao Sistema Financeiro
da Habitação;
o atos autênticos de países estrangeiros, com força de
instrumento público, legalizados e traduzidos na forma da
lei, e registrados no cartório do Registro de Títulos e
Documentos, assim como sentenças proferidas por
tribunais estrangeiros após homologação pelo Supremo
Tribunal Federal;
o cartas de sentença, formais de partilha, certidões e
mandados extraídos de autos de processo.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Da matrícula Segundo nossa legislação vigente, a matrícula pode ser definida como
um ato que individualiza o imóvel, descrevendo-o e situando-o
geograficamente. É na matricula que estão e serão escritos todo e qualquer
ato, seja de registro seja de averbação. Cada imóvel possui apenas um número
de matrícula que auxilia em sua localização.
• Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar
matriculado no Livro nº 2 - Registro Geral - obedecido o
disposto no art. 176.
• A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser
lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos
constantes do título apresentado e do registro anterior nele
mencionado.
• Se o registro anterior foi efetuado em outra circunscrição, a
matrícula será aberta com os elementos constantes do título
apresentado e da certidão atualizada daquele registro, a qual
ficará arquivada em cartório.
• Se na certidão constar ônus, o oficial fará a matrícula e, logo
em seguida ao registro, averbará a existência do ônus, sua
natureza e valor, certificando o fato no título que devolver à
parte, o que o correrá, também, quando o ônus estiver lançado
no próprio cartório.
• No preenchimento dos livros, observar-se-ão as seguintes
normas:
o no alto da face de cada folha será lançada a matrícula
do imóvel, com os requisitos constantes do art. 176 e,
no espaço restante e no verso, serão lançados, por
ordem cronológica e em forma narrativa, os registros e
averbações dos atos pertinentes ao imóvel
matriculado;
o preenchida uma folha, será feito o transporte para a
primeira folha em branco do mesmo livro ou do livro da
mesma série que estiver em uso, onde continuarão os
lançamentos, com remissões recíprocas.
• Cada lançamento de registro será precedido pela letra " R " e o
da averbação pelas letras " AV ", seguindo-se o número de
ordem do lançamento e o da matrícula (ex: R-1-1, R-2-1, AV-3-
1, R-4-1, AV-5-1, etc.)
• A matrícula será cancelada:
o por decisão judicial;
o quando em virtude de alienação parciais, o imóvel for
inteiramente transferido a outros proprietários;
78
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
o pela fusão, nos termos do artigo seguinte.
• Quando dois ou mais imóveis contíguos, pertencentes ao
mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode
ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número,
encerrando-se as primitivas.
• Podem, ainda, ser unificados, com abertura de matrícula única:
o dois ou mais imóveis constantes de transcrições
anteriores a esta Lei, à margem das quais será
averbada a abertura da matrícula que os unificar;
o dois ou mais imóveis, registrados por ambos os
sistemas, caso em que, nas transcrições, será feita a
averbação prevista no item anterior, as matrículas
serão encerradas na forma do artigo anterior.
Os imóveis de que trata este artigo, bem como
os oriundos de desmembramentos, partilha e
glebas destacadas de maior porção, serão
desdobrados em novas matrículas, juntamente
com os ônus que sobre eles existirem, sempre
que ocorrer a transferência de uma ou mais
unidades, procedendo-se, em seguida, ao que
estipula o item II do art. 233.
Da Averbação e do Cancelamento A averbação pode ser definida como o ato responsável pela
escrituração das alterações e extinções do ato do registro, estando definidas no
art. 167, II da Lei de Registros Públicos de forma expressa e taxativa. Essas
averbações serão feitas á margem da inscrição a que se refere, ou ainda em
sua transcrição ou até mesmo na matrícula. Vejamos as definições legais de
averbação e cancelamento.
• Além dos casos expressamente indicados no item II do artigo
167, serão averbados, na matrícula, as subrogações e outras
ocorrências que, por qualquer modo, alterem o registro.
As averbações a que se referem os itens 4 e 5
do inciso II do art. 167 serão as feitas a
requerimento dos interessados, com firma
reconhecida, ilustrado com documento dos
interessados, com firma reconhecida, instruído
com documento comprobatório fornecido pela
autoridade competente. A alteração do nome
só poderá ser averbada quando devidamente
comprovada por certidão do Registro Civil.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Tratando-se de terra indígena com demarcação
homologada, a União promoverá o registro da
área em seu nome.
Constatada, durante o processo demarcatório,
a existência de domínio privado nos limites da
terra indígena, a União requererá ao Oficial de
Registro a averbação, na respectiva matrícula,
dessa circunstância.
As providências a que se referem os §§ 2o e 3o
deste artigo deverão ser efetivadas pelo
cartório, no prazo de trinta dias, contado a
partir do recebimento da solicitação de registro
e averbação, sob pena de aplicação de multa
diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), sem
prejuízo da responsabilidade civil e penal do
Oficial de Registro.
• Averbar-se-á, também, na matrícula, a declaração de
indisponibilidade de bens, na forma prevista na Lei.
• O cancelamento efetuar-se-á mediante averbação, assinada
pelo oficial, seu substituto legal ou escrevente autorizado, e
declarará o motivo que o determinou, bem como o título em
virtude do qual foi feito.
• O cancelamento poderá ser total ou parcial e referir-se a
qualquer dos atos do registro.
• Far-se-á o cancelamento:
o em cumprimento de decisão judicial transitada em
julgado;
o a requerimento unânime das partes que tenham
participado do ato registrado, se capazes, com as
firmas reconhecidas por tabelião;
o A requerimento do interessado, instruído com
documento hábil.
• O cancelamento de hipoteca só pode ser feito:
o à vista de autorização expressa ou quitação outorgada
pelo credor ou seu sucessor, em instrumento público
ou particular;
o em razão de procedimento administrativo ou
contencioso, no qual o credor tenha sido intimado (art.
698 do Código de Processo Civil);
o na conformidade da legislação referente às cédulas
hipotecárias.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• O registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos
legais ainda que, por outra maneira, se prove que o título está
desfeito, anulado, extinto ou rescindido.
• Ao terceiro prejudicado é lícito, em juízo, fazer prova da
extinção dos ônus, reais, e promover o cancelamento do seu
registro.
• Se, cancelado o registro, subsistirem o título e os direitos dele
decorrentes, poderá o credor promover novo registro, o qual só
produzirá efeitos a partir da nova data.
• Além dos casos previstos nesta Lei, a inscrição de
incorporação ou loteamento só será cancelada a requerimento
do incorporador ou loteador, enquanto nenhuma unidade ou
lote for objeto de transação averbada, ou mediante o
consentimento de todos os compromissários ou cessionários.
• O cancelamento da servidão, quando o prédio dominante
estiver hipotecado, só poderá ser feito com aquiescência do
credor, expressamente manifestada.
• O dono do prédio serviente terá, nos termos da lei, direito a
cancelar a servidão.
• O foreiro poderá, nos termos da lei, averbar a renúncia de seu
direito, sem dependência do consentimento do senhorio direto.
• O cancelamento não pode ser feito em virtude de sentença
sujeita, ainda, a recurso.
Do Bem de Família O bem de família constitui-se na residência escolhida pela família como
seu lar, sendo por força de lei impenhorável, mas para que surta todos os seus
efeitos, é necessário a sua determinação por meio de escritura pública e
conseqüente deve apresentá-la ao oficial do registro de imóveis em
consonância com a legislação sobre o tema. Vejamos suas características:
• A instituição do bem de família far-se-á por escritura pública,
declarando o instituidor que determinado prédio se destina a
domicílio de sua família e ficará isento de execução por dívida.
• Para a inscrição do bem de família, o instituidor apresentará ao
oficial do registro a escritura pública de instituição, para que
mande publicá-la na imprensa local e, à falta, na da Capital do
Estado ou do Território.
• Se não ocorrer razão para dúvida, o oficial fará a publicação,
em forma de edital, do qual constará:
o o resumo da escritura, nome, naturalidade e profissão
do instituidor, data do instrumento e nome do tabelião
que o fez, situação e característicos do prédio;
81
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
o o aviso de que, se alguém se julgar prejudicado,
deverá, dentro em trinta (30) dias, contados da data da
publicação, reclamar contra a instituição, por escrito e
perante o oficial.
• Findo o prazo do nº II do artigo anterior, sem que tenha havido
reclamação, o oficial transcreverá a escritura, integralmente, no
livro nº 3 e fará a inscrição na competente matrícula,
arquivando um exemplar do jornal em que a publicação houver
sido feita e restituindo o instrumento ao apresentante, com a
nota da inscrição.
• Se for apresentada reclamação, dela fornecerá o oficial, ao
instituidor, cópia autêntica e lhe restituirá a escritura, com a
declaração de haver sido suspenso o registro, cancelando a
prenotação.
O instituidor poderá requerer ao Juiz que
ordene o registro, sem embargo da
reclamação.
Se o Juiz determinar que proceda ao registro,
ressalvará ao reclamante o direito de recorrer à
ação competente para anular a instituição ou
de fazer execução sobre o prédio instituído, na
hipótese de tratar-se de dívida anterior e cuja
solução se tornou inexeqüível em virtude do
ato da instituição.
O despacho do Juiz será irrecorrível e, se
deferir o pedido será transcrito integralmente,
juntamente com o instrumento.
• Quando o bem de família for instituído juntamente com a
transmissão da propriedade (Decreto-Lei n. 3.200, de 19 de
abril de 1941, art. 8°, § 5º), a inscrição far-se-á
imediatamente após o registro da transmissão ou, se for o
caso, com a matrícula.
3.7 Da Remição do Imóvel Hipotecado A remição do imóvel hipotecado consiste na prerrogativa que o credor
possui de resgatar o imóvel dado em garantia de obrigação, possuindo direito
de preferência sobre esse imóvel. A lei de registros públicos também se
preocupou com esta situação e definiu algumas regras que devem ser
observadas. São elas:
• Para remir o imóvel hipotecado, o adquirente requererá, no
prazo legal, a citação dos credores hipotecários propondo,
82
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
para a remição, no mínimo, o preço por que adquiriu o
imóvel.
• Se o credor, citado, não se opuser à remição, ou não
comparecer, lavrar-se-á termo de pagamento e quitação e
o Juiz ordenará, por sentença, o cancelamento de
hipoteca.
No caso de revelia, consignar-se-á o preço à
custa do credor.
• Se o credor, citado, comparecer e impugnar o preço
oferecido, o Juiz mandará promover a licitação entre os
credores hipotecários, os fiadores e o próprio adquirente,
autorizando a venda judicial a quem oferecer maior preço.
Na licitação, será preferido, em igualdade
de condições, o lanço do adquirente.
Na falta de arrematante, o valor será o
proposto pelo adquirente.
• Arrematado o imóvel e depositado, dentro de quarenta e
oito (48) horas, o respectivo preço, o Juiz mandará
cancelar a hipoteca, sub-rogando-se no produto da venda
os direitos do credor hipotecário.
• Se o credor de segunda hipoteca, embora não vencida a
dívida, requerer a remição, juntará o título e certidão da
inscrição da anterior e depositará a importância devida ao
primeiro credor, pedindo a citação deste para levantar o
depósito e a do devedor para dentro do prazo de cinco dias
remir a hipoteca, sob pena de ficar o requerente sub-
rogado nos direitos creditórios, sem prejuízo dos que lhe
couberem em virtude da segunda hipoteca.
• Se o devedor não comparecer ou não remir a hipoteca, os
autos serão conclusos ao Juiz para julgar por sentença a
remição pedida pelo segundo credor.
• Se o devedor comparecer e quiser efetuar a remição,
notificar-se-á o credor para receber o preço, ficando sem
efeito o depósito realizado pelo autor.
• Se o primeiro credor estiver promovendo a execução da
hipoteca, a remição, que abrangerá a importância das
custas e despesas realizadas, não se efetuará antes da
primeira praça, nem depois de assinado o auto de
arrematação.
• Na remição de hipoteca legal em que haja interesse de
incapaz intervirá o Ministério Público.
83
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• Das sentenças que julgarem o pedido de remição caberá o
recurso de apelação com ambos os efeitos.
• Não é necessária a remição quando o credor assinar, com
o vendedor, escritura de venda do imóvel gravado.
3.8 Do Registro Torrens
• Requerida a inscrição de imóvel rural no Registro Torrens,
o oficial protocolará e autuará o requerimento e
documentos que o instruírem e verificará se o pedido se
acha em termos de ser despachado.
• O requerimento será instruído com:
o I - os documentos comprobatórios do domínio do
requerente;
o II - a prova de quaisquer atos que modifiquem ou
limitem a sua propriedade;
o III - o memorial de que constem os encargos do
imóvel os nomes dos ocupantes, confrontantes,
quaisquer interessados, e a indicação das
respectivas residências;
o IV - a planta do imóvel, cuja escala poderá variar
entre os limites: 01h50min (1/500) e 1:5. 000m
(1/5.000).
O levantamento da planta
obedecerá às seguintes regras:
empregar-se-ão goniômetros ou
outros instrumentos de maior
precisão;
a planta será orientada segundo o
mediano do lugar, determinada a
declinação magnética;
fixação dos pontos de referência
necessários a verificações
ulteriores e de marcos especiais,
ligados a pontos certos e estáveis
nas sedes das propriedades, de
maneira que a planta possa
incorporar-se à carta geral
cadastral.
Às plantas serão anexados o memorial e
as cadernetas das operações de campo,
autenticadas pelo agrimensor.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
• O imóvel sujeito a hipoteca ou ônus real não será admitido a
registro sem consentimento expresso do credor hipotecário ou
da pessoa em favor de quem se tenha instituído o ônus.
• Se o oficial considerar irregular o pedido ou a documentação,
poderá conceder o prazo de trinta (30) dias para que o
interessado os regularize. Se o requerente não estiver de
acordo com a exigência do oficial, este suscitará dúvida.
• Se o oficial considerar em termos o pedido, remetê-lo-á a juízo
para ser despachado.
• O Juiz, distribuído o pedido a um dos cartórios judiciais se
entender que os documentos justificam a propriedade do
requerente, mandará expedir edital que será afixado no lugar
de costume e publicado uma vez no órgão oficial do Estado e
três (3) vezes na imprensa local, se houver, marcando prazo
não menor de dois (2) meses, nem maior de quatro (4) meses
para que se ofereça oposição.
• O Juiz ordenará, de ofício ou a requerimento da parte, que, à
custa do peticionário, se notifiquem do requerimento as
pessoas nele indicadas.
• Em qualquer hipótese, será ouvido o órgão do Ministério
Público, que poderá impugnar o registro por falta de prova
completa do domínio ou preterição de outra formalidade legal.
• Feita a publicação do edital, a pessoa que se julgar com direito
sobre o imóvel, no todo ou em parte, poderá contestar o pedido
no prazo de quinze dias.
A contestação mencionará o nome e a
residência do réu, fará a descrição exata do
imóvel e indicará os direitos reclamados e os
títulos em que se fundarem.
Se não houver contestação, e se o Ministério
Público não impugnar o pedido, o Juiz
ordenará que se inscreva o imóvel, que ficará,
assim, submetido aos efeitos do Registro
Torrens.
• Se houver contestação ou impugnação, o procedimento será
ordinário, cancelando-se, mediante mandado, a prenotação.
• Da sentença que deferir, ou não, o pedido, cabe o recurso de
apelação, com ambos os efeitos.
• Transitada em julgado a sentença que deferir o pedido, o oficial
inscreverá, na matrícula, o julgado que determinou a
submissão do imóvel aos efeitos do Registro Torrens,
arquivando em cartório a documentação autuada.
85
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Síntese da aula No decorrer deste tema, procuramos trabalhar os diversos aspectos e
peculiaridades referentes ao Registro de Imóveis, fazendo uma análise de cada
um de seus institutos e suas coesões, demonstrando a importância dos atos
praticados por este ofício. Dentre os temas abordados, vimos os conceitos de
matrícula, averbação e até mesmo registro, sendo importante frisar que esse
tema assim como toda essa disciplina é extremamente positivista, uma vez que
os registros devem ser precisos e seguir seus ritos garantindo assim os
princípios que o norteiam.
Atividade
Dentre as afirmativas abaixo, marque a incorreta:
a) O Livro Indicador Pessoal tem por função reunir o nome de todas as
pessoas que figurarem em qualquer dos outros livros, seja no pólo passivo,
ativo, de forma direta ou indireta, fazendo referência aos seus respectivos
números de ordem.
b) As atribuições do Registro de imóveis estão descritas no art. 172 da Lei de
Registros Públicos e consiste no registro e na averbação de títulos ou atos
constitutivos, declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre
imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa, tanto para sua
constituição, transferência e extinção, como para sua validade contra terceiros
ou para sua disponibilidade, resumindo-se nestas as suas funções legais.
c) Na remição de hipoteca legal em que haja interesse de incapaz não intervirá
o Ministério Público.
d) A averbação pode ser definida como o ato responsável pela escrituração das
alterações e extinções do ato do registro, estando definidas no art. 167, II da
Lei de Registros Públicos de forma expressa e taxativa. Essas averbações
serão feitas á margem da inscrição a que se refere, ou ainda em sua
transcrição ou até mesmo na matrícula. Vejamos as definições legais de
averbação e cancelamento.
Comentário Esta atividade tem como alvo incentivá-lo a leitura do texto, instigando-
o a encontrar a alternativa que não corresponde ao que efetivamente se
encontra no texto.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 09
Registros de Títulos E Documentos
Objetivos Conhecer um pouco mais o funcionamento dos Cartórios de
Registros de Títulos e Documentos;
Discutir a importância dessa atividade prestada à sociedade.
Introdução Nesta aula, iremos estudar como é o funcionamento dos Registros e
Títulos e Documentos, discriminando a diligência e o desempenho de seus
profissionais.
Depois de verificar o que são os Registros e suas funções, iremos
abordar um tipo de registro especifico, assim para melhor compreensão vamos
entender o que seria um Registro de Títulos e Documentos.
Seria um registro que traz um domínio e segurança jurídica para vários de tipos
de documentos. E com isso traz também a eternidade de um documento
importante.
ATRIBUIÇÕES São exercidas por profissionais que recebem confiança do Estado e,
assim sendo, possuidor da fé pública. Os registradores são designados para
receber e registrar informações pessoais dos documentos e títulos a serem
registrados e com isso promovendo a sua autenticidade.
A lei 6015/73 em seu art. 127 menciona, que “no Registro de Títulos e
Documentos será feita a transcrição:
I - dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações
convencionais de qualquer valor;
II - do penhor comum sobre coisas móveis;
III - da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal,
estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
IV - do contrato de penhor de animais, não compreendido nas
disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934;
V - do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI - do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento
para sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de terceiros
(art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934);
VII - facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
OBS.: VALE LEMBRAR QUE CABERÁ AO REGISTRO DE TITULOS E
DOCUMENTOS A CONSUMAÇÃO DE QUAISQUER REGISTROS NÃO
COMINADO EXPRESSAMENTE A OUTRO OFÍCIO.
Para surtir efeitos a terceiros, certos títulos e documentos terão que ser
registrados neste cartório; estes estão mencionado na lei em seu art 129, os
quais são:
1º) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do
artigo 167, I, nº 3;
2º) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado
dos respectivos instrumentos;
3º) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja
qual for a natureza do compromisso por elas abonado;
4º) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras
repartições;
5º) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de
domínio ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de alienação
ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de alienação
fiduciária;
6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das
respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer
instância, juízo ou tribunal;
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de
automóveis, bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que
revistam;
8º) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões
judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a entrega, pelas
alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias procedentes do exterior.
9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação
e de dação em pagamento.
Nos casos enumerados acima, obterá um prazo de vinte dias, contar
da data da assinatura pelas partes; serão registrados no domicílio das partes
contratantes e, quando habitar estas em circunscrições territoriais diferente, far-
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS se-á o registro em todas elas. Caso esses registros sejam apresentados depois
de acabado o prazo, germinarão efeitos a partir da data da exibição. Sendo
esses registros feitos sem antecedente distribuição.
Consta que nos cartórios de Títulos e Documentos será obrigatório o
uso de determinados livros os quais são:
I - Livro A - protocolo para comentário de todos os títulos, documentos
e papéis apresentados, para serem registrados diariamente;
Agora, Vejamos o Funcionamento e a Organização desses Registros de Titulos e Documentos!!!!!!!!
II - Livro B - para transporte integral de títulos e documentos, seu
amparo e validade contra terceiros, ainda que registrados por extratos em
outros livros;
III - Livro C - para inscrição, por saída, de títulos e documentos, a fim
de surtirem efeitos em relação a terceiros e autenticação de data;
IV - Livro D - indicador pessoal, substituível pelo sistema de fichas, a
critério e sob a responsabilidade do oficial, o qual é obrigado a fornecer, com
presteza, as certidões pedidas pelos nomes das partes que figurarem, por
qualquer modo, nos livros de registros.
OBS.: O art. 134, da lei 6015/73, menciona que “ o Juiz, em caso de afluência
de serviço, poderá autorizar o desdobramento dos livros de registro para
escrituração das várias espécie de atos, sem prejuízo da unidade do protocolo
e de sua numeração em ordem rigorosa.
Visando assim à agilidade e praticidade neste serviço, consta, porém,
que o protocolo deverá conter colunas para as seguintes anotações: a) número
de ordem, continuando, indefinidamente, nos seguintes; b) dia e mês; c)
natureza do título e qualidade do lançamento (integral, resumido, penhor, etc.);
d) o nome do apresentante; e) anotações e averbações.
A lei dos Registros Públicos menciona, também, que em seguida ao
registro, é necessário fazer o protocolo, remitindo o número do paginado livro
em que foi ele lançado, mencionando-se, também, o número e a página de
outros livros em que houver qualquer nota ou declaração concernente ao
mesmo ato.
Outro ponto importante é que, desde que devidamente autorizado pelo
juiz corregedor permanente, é possível o oficial realizar o registro por meio de
microfilmagem, realizando contudo lançamentos remissivos ao protocolo,
considerando ainda o nome dos contratantes, a data e a natureza dos
documentos, passando os microfilmes a fazer parte dos livros de registro.
O registro pode ainda ser literal ou resumido. Literal é quando ocorre a
translação de todo o título, com todos os seus detalhes; já no registro resumido
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS apenas será anotada a natureza do título se tratar de documento ou papel, seu
valor, prazo, local de realização, nome e condições legais das partes, nomes
das testemunhas, data da assinatura, bem como do reconhecimento de firma
da partes, estipulando o serviço, data e escrevente que realizou, número de
ordem e data de protocolo e averbação, e os valores e tipos de impostos
recolhidos.
Tratando-se de documento de interesse de fundação, é imprescindível
a intervenção do Ministério Público.
DA ORDEM DOS SERVIÇOS
Ao ser apresentado um título ou documento para registro ou
averbação, serão anotados no protocolo a data em que foram apresentados, o
nome de quem apresentou, a natureza do instrumento e a espécie de
lançamento que será realizado, tudo sob o número de ordem seqüencial.
Quando o título ou documento for escrito em língua estrangeira, no livro
“B” pode ser registrado em sua forma original, já no livro “C”, deverá tal
documento ser apresentado já devidamente traduzido.
Seu apontamento deverá ser imediato e seqüencial, assim como o
registro e a averbação. Não sendo possível sua efetivação imediata, deve ser
feito o mais rapidamente possível de forma a não prejudicar a prenotação.
O título desprovido de suas formalidades legais terá necessariamente
seu registro recusado. Havendo suspeita de falsificação do documento, o oficial
pode sobrestar o título já protocolado até a efetiva notificação do apresentante,
mas, se a falsificação for evidente deverá o oficial encaminhar o título ao juiz
corregedor para que este tome as providências cabíveis.
Havendo o registro integral de título que já possuía registro por extrato,
ou havendo registro simultâneo, este deverá ser devidamente mencionado no
lançamento posterior.
Quando houver solicitação por parte do requerente, o oficial deve
notificar todos os interessados no título ou documento apresentado, tomando
todas as providências para realizar as notificações. As certidões decorrentes
dessas notificações deverão ser devidamente lavradas no livro competente, à
margem de seu respectivo registro. Sendo vedada a anexação de objetos, as
notificações, apenas papéis e documentos.
Essa notificação poderá ser feita via postal com Aviso de Recebimento
(AR), desde que devidamente solicitada pelo apresentante do título.
Quando houver a utilização de microfilmagem, tais certidões deverão
ter sua referência no livro “D’, para fins de localização.
DO CANCELAMENTO
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Podemos dizer que:
O cancelamento de registro ou averbação será feito em virtude de sentença, ou de documento autêntico de quitação, ou de exoneração do título registrado. Apresentado documento hábil, o oficial certificará, na coluna das averbações do livro respectivo, o cancelamento e sua razão mencionando o documento que o autorizou, datando e assinando a certidão e de tudo fazendo referência nas anotações do protocolo. (FILHO, LOUREIRO, 2004, p. 87)
Os requerimentos de cancelamento serão arquivados juntamente com
os respectivos documentos que lhes instruíram, anotando-se ainda as
providência tomadas em razão deste.
DA AUTENTICAÇÃO DE MICROFILMES
As serventias de Registro de Títulos e Documentos podem desde que
devidamente autorizadas pelo Juiz Corregedor Permanente ou pelo Ministério
da Justiça, microfilmar seus documentos.
Mas também é possível autenticar microfilmes apresentados por
particulares, mas para isso é preciso que se verifique alguns requisitos:
a) requerimento de que constem a qualificação
completa do apresentante e a indicação do número
do rolo do microfilme;
b) filme original de câmara e rolo cópia, ou filmes
simultâneos em prata; quando se tratar de cópia,
esta poderá ser diazóica ou reproduzida por outro
processo que assegure a durabilidade e
permanência de imagens;
c) termos de abertura e encerramento de acordo
com os modelos fixados pelo Decreto n. 64.398, de
24 de abril de 1969, devidamente assinados pelo
responsável pela microfilmagem e pelos
documentos;
d) termos de correção ou emenda, quando as
houver, também subscritos pelo responsável;
e) certificado de garantia de serviços de
microfilmagem, quando executadas por firmas
especializadas. (FILHO, LOUREIRO, 2004, p. 88/89)
E, por fim, os Serviços de Registro de Títulos e Documentos devem
verificar para autenticar os microfilmes se o original confere com a cópia; se o
filme se encontra em boas condições de conservação; se os termos possuem
meios de localização do conteúdo do microfilme e se o mesmo se encontra de
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS acordo com a legislação vigente. Cumpridas todas as exigências acima
descritas é expedida a certidão de validade do microfilme, de acordo com a
legislação, cabendo ainda ao Cartório chancelar com marca indelével o início e
o fim do filme.
SINTESE DA AULA
Neste tema, tratamos o funcionamento de um Cartório de Registros de
Títulos e Documentos, esmiuçando sua importância e função na sociedade,
considerando, também, as atribuições específicas desse cartório.
Atividades
1-Quanto ao Registro de Títulos e Documentos, é correto afirmar que será feita
a transcrição:
a) dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencionais
de qualquer valor;
b) do penhor comum sobre bens imóveis;
c) da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal, estadual
ou municipal e federal, ou de Bolsa ao portador;
d) dos instrumentos não particulares para a prova das obrigações não
convencionais de qualquer valor.
2. No tocante ao conteúdo ministrado, mencione quais são os títulos e
documentos que terão que ser registrados para que surtir efeitos a terceiros!
Comentários Questão 01: para retorquir esta pergunta será necessário que verifiquem o
conteúdo exposto na apostila e a bibliografia indicada.
Questão nº 2: nesta questão verifique no conteúdo exposto na apostila e na
bibliografia indicada, à parte que relata sobre os efeitos a terceiros.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Tema 10
Tabelionato de Notas
Objetivos
Conhecer um pouco mais o funcionamento de um tabelionato de notas
abordando a importância de suas atividades prestadas à sociedade.
Introdução Nesta aula, iremos abordar o Tabelionato de Notas, mencionando a
atividade e funções de seus profissionais.
Antes de começarmos a discutir a matéria, vamos esclarecer quem são
os indivíduos que exercem esta função.
Os Tabeliães são pessoas que, após passarem por rigorosa avaliação
em um concurso público acessível a todo brasileiro formado em Direito,
assumem a responsabilidade de administrar um tabelionato de notas, redigindo
quaisquer atos ou contratos aos quais o cidadão queira garantida a fé pública.
Por serem indivíduos que recebem confiança do Estado e, portanto,
por possuírem fé pública, os tabeliães são encarregados de receber e registrar
informações pessoais do cidadão e atestar a sua autenticidade promovendo,
assim, comum acordo e a paz social de um país.
Como relata a Lei 8935/94:
Art. 7º Aos Tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar documentos.
Quanto a lavratura das escrituras e procurações públicas Quanto ao inciso primeiro do art. 7º, podemos dizer primeiramente que
como todos os instrumentos, são dotados de fé publica, fazendo prova plena.
Para o devido cumprimento da lavratura das escrituras, o titular deverá
providenciar livros específicos para lançamento dos atos indicados,
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS demonstrando sempre o número e condições compatíveis com o movimento
diário, sobretudo antevendo o término dos livros anteriores, de modo a garantir
a continuidade. Vale frisar que as partes figurantes em atos lavrados são
indicadas em índices feitos em fichas, em livros ou em suportes eletrônicos.
A lavratura das escrituras e procurações exige alguns requisitos para
que seja feito a prova plena.
De acordo com o autor, Walter Ceneviva (2002, p.48,49 e 50), para que
seja feita prova plena é necessário ressaltar alguns requisitos genéricos e
específicos para a validade. Senão vejamos:
Requisitos genéricos Todos os atos realizados nos Tabelionatos e notas devem apresentar
a) dia, mês e ano, local da lavratura (na sede da serventia ou fora dela, neste
caso com endereço perfeitamente caracterizado), e, se solicitado pela parte,
indicação do horário de início e fim do lançamento;
b) nome e qualificação das pessoas naturais comparecentes ao ato –
nacionalidade, profissão, domicílio, residência, estado civil (referindo o cônjuge
se casado), regime de bens (legal ou estabelecido por pacto antenupcial, este
a ser completamente caracterizado, incluindo numero do registro e cartório
imobiliário onde, se for o caso, haja bem dos nubentes), número do documento
de identidade, repartição expedidora e número de inscrição no CPF;
c) nome da pessoa jurídica, mediante comprovação documental, registro na
Junta Comercial ou no registro civil de pessoas jurídicas, a disposição
estatutária ou contratual autorizadora do comparecimento, qualificando o
representante legal, com a indicação do modo de sua escolha;
d) para representação por procurador, mediante comprovação documental. Por
instrumento público: data, livro e folha do serviço onde lavrado, e data do
traslado ou certidão; por instrumento particular: com firma reconhecida, os
elementos constantes dele;
e) em cumprimento de alvará judicial, entregue no ato, com identificação plena
do juízo e da data da emissão, com prazo de validade;
f) indicação do objeto do ato ou do negócio jurídico referido, pormenorizando a
declaração das partes (por exemplo: pagamento à vista ou a prazo, em
dinheiro ou em cheque, cumprindo compromisso anteriores ou não, com
quitação plena ou parcial).
Após cumpridas estas formalidades, o ato será lido em voz alta para os
presentes, assim sendo certificado. Ao final, são lançados o montante dos
emolumentos devidos e o termo de encerramento, seguido pela assinatura dos
presentes, sendo esta de próprio punho (no caso de analfabetos será dado
com a impressão digital do polegar direito).
Importa ressaltar que a assinatura ou a impressão digital das partes é de
fundamental importância, pois na sua falta o fato será considerado sem efeito.
94
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Requisitos específicos
Há, ainda, requisitos a serem observados na produção de certos atos notariais,
individualmente. Caso não haja o seu preenchimento, sujeitará os infratores a
responsabilidades civil e penal.
No que diz respeito à escritura de imóvel, o trabalho do tabelião de notas inclui
a verificação e a transposição dos dados adiante referidos:
a) logradouro, número, município e distrito da localização. Tratando-se só de
terreno, indica se lado par ou ímpar do logradouro, quadra e distância métrica
da esquina mais próxima, características e confrontações. Se tais elementos
constarem, em forma atualizada, da certidão dos registros de imóveis, o notário
pode apenas indicá-los com clareza no instrumento lavrado, dispensando a
transcrição, ficando arquivada no serviço;
b) titulo aquisitivo e respectivo registro imobiliário (transcrição ou matrícula e
respectivos registros ou averbações), declarando inexistência de ônus ou
impedimento, ou a existência deles, a serem especificados;
c) certidão negativa de debito (CDN) do INSS, na forma das leis especiais
referentes à seguridade social ou declaração de não sujeição aos encargos
previdenciários, sob as penas da lei;
d) tratando-se de unidade em condomínio, é necessária a declaração de
quitação de despesas condominiais, impostos e taxas, com exibição das
respectivas certidões, salvo se dispensadas pelo adquirente.
Vale ressaltar que foi criado pelo art. 21 da Lei 10.257/2001 (ESTATUTO DA
CIDADE), o direito de superfície, pelo qual o “proprietário urbano poderá
conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo
determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no
cartório de registro de imóveis”. Portanto a escritura para esse efeito deverá
observar a legislação urbanística do município e, em havendo plano diretor, o
tabelião tem o dever de orientar as partes, de acordo com sua missão.
Direito de Superfície: Consiste no direito de um individuo conceder a outrem o direito de assentar qualquer obra, ou plantar em seu solo.
Já em se tratando de imóvel rural, a escritura deverá conter:
a) indicação dos elementos essenciais do Certificado de Cadastro do INCRA
(número, área do imóvel, modulo, valor) e autorização deste, em caso de
desmembramento, proibido o ato escritural, se referente à área inferior ao
módulo, salvo se destinado a agregar-se a imóvel vizinho e se o remanescente
for superior ao módulo;
b) comprovante de pagamento do imposto municipal de transmissão, salvo se
permitido o pagamento após o ato lavrado.
A aquisição de imóvel por pessoas estrangeiras sofre algumas restrições em
nome dos interesses nacionais. Assim, o notário deverá tomar algumas
cautelas, verificando os aspectos abaixo:
95
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS a) é livre a aquisição para imóvel de área igual ou inferior a três módulos, por
pessoa física, salvo se situado em área de segurança ou de fronteira, quando a
legislação especifica deve ser observada, sendo também aplicável para a
hipótese da letra seguinte. A autorização não é dispensada se houver
aquisição de mais de um imóvel de área igual ou inferior a três módulos,
bastando à declaração do adquirente estrangeiro nesse sentido, sob as penas
da lei;
b) a soma das áreas rurais de propriedade de estrangeiro de nacionalidades
diversas não pode ultrapassar a quarta parte da superfície do município, e a
soma das áreas rurais de propriedade de estrangeiros da mesma
nacionalidade não pode exceder de dez por cento da superfície do município,
conforme verificado no serviço do registro de imóveis.
Quanto aos requisitos específicos dos demais atos notariais:
No que diz respeito a lavrar testamentos públicos, o art. 1864, I, do
Código Civil, vem relatando que: “são requisitos essenciais do testamento
público: I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de
notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de
minuta, notas ou apontamentos”.
O tabelião, sendo um agente do Poder Público, pode ser autorizado
pelo testador a comunicar a existência da disposição favorável a entidade
beneficente, ou sua revogação, ao representante legal desta, respeitando o
dever do sigilo quanto ao conteúdo da declaração feita.
De acordo com o art. 1868 do Código Civil, o testamento cerrado é
aquele escrito ou assinado pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo. Para
ser aprovado pelo tabelião, é necessário observar as seguintes formalidades: o
testador entrega o testamento ao tabelião, em presença de duas testemunhas,
declarando ser aquele seu testamento e que quer que seja aprovado; o
tabelião lavra o auto de aprovação, que é lido, em seguida, ao testador e
testemunhas, e assinado por todos.
O tabelião deverá começar o auto de aprovação logo após a última
palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testamento lhe foi entregue
pelo testador para ser aprovado na presença das testemunhas, passando,
assim, a cerrar e coser o instrumento aprovado (art. 1869 do Código Civil)
Depois de aprovado e cerrado o testamento, será entregue ao testador,
o tabelião lançará no livro nota do lugar e data (dia, mês e ano) em que o
testamento foi aprovado.
No tocante à lavratura das atas notariais, primeiramente cabe perguntar:
96
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
O que é uma “Ata Notarial?”
É um instrumento público solicitado ao tabelião de notas a pedido de um individuo com interesse legítimo, o qual tem o objetivo de constatar a verdade de um fato que o notário presenciou.
Por ser um instrumento público solicitado por um indivíduo interessado,
a ata notarial é muito confundida com a escritura pública. A diferença básica
entre elas é que, na primeira, o tabelião faz a forma narrativa do que
presenciou cumprindo a objetividade dos fatos; já na escritura pública, o
tabelião apenas constitui um negócio jurídico.
De acordo com autores Lair da Silva Loureiro Filho e Claudia Regina
Magalhaes Loureiro (2004, p.175), “a responsabilidade da redação dos atos
notários, é exclusiva do tabelião, não devendo constar no instrumento
afirmação de ter sido feita sob minuta”.
Ressalte-se que o tabelião, ao elaborar a ata, não poderá emitir sua
opinião pessoal a respeito dos fatos presenciados.
Quanto ao reconhecimento de firma, trata-se de uma atividade com
caráter burocrático e repetitivo.
De acordo com o autor, Ceneviva (2002, p.55), O reconhecimento de firmas só será possível a contar de fichários que contenham padrões das assinaturas a reconhecer , para poder indicar se a firma é autentica , quando não lançada em presença do titular ou do substituto autorizado.Assim é porque o verbo e conhecer corresponde a afirmar a coincidência gráfica , visível a olho nu , entre a assinatura no documento apresentado e aquela que foi previamente lançada nas fichas do serviço.
De acordo com os autores Lair da Silva Loureiro Filho e Claudia Regina
Magalhaes Loureiro (2004, p. 176), o conteúdo da ficha-padrão destinada ao
reconhecimento de firmas deve trazer estas informações:
a) nome do depositante, endereço, profissão, nacionalidade, estado civil,
filiação e data do nascimento;
b) indicação do número de inscrição no CIC, quando for o caso, e do
documento de identidade, com o respectivo número, data de emissão e
repartição expedidora;
c) data do depósito da firma;
d) assinatura do depositante, aposta duas vezes;
e) rubrica e identificação do tabelião ou escrevente que verificou a regularidade
do preenchimento;
f) no caso de depositante cego ou portador de visão subnormal, certidão de
que depositante exibiu cédula de identidade, cujo número foi anotado, bem
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS como de que as assinaturas do depositante e as de dois representantes,
devidamente qualificados foram lançados na presença do notário.
Quanto à autenticação de cópias, trata-se de dar veracidade a uma
cópia de um documento original, atribuindo, assim, a ela a fé pública, por meio
de cópia autenticada.
Assim relatamos todas as funções dispostas na lei e exercidas dentro
de um tabelionato de notas por seus profissionais competentes. Mas vale
lembrar que o parágrafo único do art 7º da Lei 8935/94 menciona que é
facultado aos tabeliães de notas realizar todas as gestões e diligencias
necessárias ou convenientes ao preparo do atos notariais, requerendo o que
couber, sem ônus maiores que os emolumentos devidos.
O art. 8º da Lei nos traz que, “é livre a escolha do tabelião de notas,
qualquer que seja o domicilio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto
do ato ou negócio”, assim demonstrando que as partes não estão obrigadas a
escolher nenhum tabelionato determinado, seja em função de onde moram ou
do local do negocio que será realizado, mas sim que é livre nesta escolha.
Já o art. 9º, nos traz que, “o tabelião de notas não poderá praticar atos de seu
oficio fora do município para o qual recebeu delegação”.
As partes possuem liberdade de escolha de tabelionatos de acordo
com suas necessidade, já o tabelião de notas possui competência restrita à sua
área de delegação.
Síntese da aula Neste tema, abordamos o funcionamento de um Tabelionato de Notas,
especificando sua importância e função na sociedade. Consideramos, também,
os requisitos específicos do tabelionato e expusemos a natureza do serviço dos
profissionais dessa área.
Atividades 1. Quanto ao testamento cerrado, é correto afirmar que:
a) o testamento cerrado é escrito ou assinado pelo testador, ou por outra
pessoa, a seu rogo;
b) o testador entrega-o ao tabelião, declarando ser aquele seu testamento e
que quer que seja aprovado, sem que seja necessário a presença de
testemunha;
c) neste testamento especificamente o tabelião poderá mencionar a sua
opinião pessoal sob o ato jurídico;
d) a aprovação de testamento cerrado não faz parte das atribuições do
tabelionato de notas.
2. O que seria uma Ata Notarial? Neste ato o tabelião poderá emitir sua opinião
pessoal a respeito dos fatos presenciados? Explique.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Comentários Questão 01: para responder esta pergunta será necessário, que verifiquem o
conteúdo exposto na apostila e a bibliografia indicada. Resposta correta: a.
Questão nº 2: nesta questão verifique n o conteúdo exposto na apostila e na
bibliografia indicada, a parte que relata os requisitos específicos das atribuições
dos e funções dos Tabelionatos de notas.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Tema 11
Registro Civil das Pessoas Jurídicas
Objetivos Conhecer um pouco a importância do Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, como e onde é utilizado esse registro, para assim podermos
questionar mais fatos que ocorrem em nosso dia a dia.
Introdução
Nesta aula, iremos abordar o Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
para assim podermos entender essa forma de registro, mencionando a
atividade e funções de seus profissionais.
Em primeiro lugar, vamos definir o que é uma pessoa jurídica, assunto
este já tratado na matéria de Direito Civil, no tema 04, na apostila do 1º
Bimestre, assim:
Unidade Jurídica de agrupamento humano organizado, estável, com finalidade ou finalidades públicas ou privadas, distintas dos indivíduos que a compõem, capazes de adquirir direitos e contrair obrigações. União, Estados, Municípios são exemplos de pessoas jurídicas de direito publico; as sociedades civis, fundações e etc., pessoas jurídicas de direito privado. (CASTRO, p. 247).
O conceito de Pessoa Jurídica já foi tratado na matéria de Direito Civil
O Novo Código Civil menciona em seus arts.40-44, quem são as
pessoas jurídicas de direito público e privado:
*Pessoas jurídicas de direito público interno:
I-a União;
II-os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III-os Municípios;
IV-as autarquias;
V- as demais entidades de caráter público criada por lei.
*Pessoas Jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas
as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
*Pessoas jurídica de direito privado:
I - as associações;
100
EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS II - as sociedades;
III - as fundações.
As associações se fazem pela união de pessoas que se organizam
para fins não econômicos sendo, assim, registradas no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas.
Já as fundações nascem quando o seu instituidor faz, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a
que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Sendo
esta somente para constituir fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Assim, logo após feita a escritura de dotação de bens, devem ser registrados
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Quanto às sociedades, são originadas por pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Seria a publicidade do ato, de que esse registro trará a esta pessoa
jurídica, sendo ela Pública ou Privada, para que assim elas possam assumir
obrigações, e posteriormente, adquirir direitos e deveres.
O novo Código Civil, em seu art.45, dispõe que “começa a existência
legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passar o ato constitutivo”.
E Qual Seria a Importância dos
Registros Civil das Pessoas Juridicas?
Vista a definição de pessoas jurídicas, vamos agora estudar quais as
atribuições do oficial de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, as quais de
acordo com os autores Lair da Silva Loreiro Filho e Claudia Regina Magalhães
Loureiro (2004, p.91), seriam:
a)Registrar os contratos, os atos constitutivos, os estatutos ou
compromissos das sociedades religiosas, pias, morais, cientificas
ou literais, bem como os das fundações, exceto as de direito
publico, e das associações de utilidade publica;
b)registrar as sociedades revestidas das formas estabelecidas nas
leis comerciais, com exceção das sociedades anônimas;
c)registrar os atos constitutivos e o estatuto dos partidos políticos;
d)matricular jornais e demais publicações periódicas, oficinas,
impressoras, empresas de radiodifusão que mantenha serviços de
noticias, reportagens , comentários , debates e entrevista , e as
empresas que tenham por objeto o agenciamento de noticias;
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e)averbar , nas respectivas inscrições e matriculas , todas as
alterações supervenientes que importarem em modificações das
circunstâncias constantes do registro, atendidas as diligências das
leis especiais em vigor;
f)dar certidões dos atos que praticarem em razão do ofício;
g)registrar e autenticar livros das sociedades, exigindo a
apresentação do livro anterior, com a comprovação de, no mínimo,
50% da utilização de suas páginas, bem como uma cópia
reprográfica do termo de encerramento para arquivo no Serviço.
Para que sejam aceitos os registros e arquivamentos dos atos que
constituem as pessoas jurídicas, bem como seus respectivos estatutos, é
imprescindível a assinatura de advogado legalmente habilitado. Essa exigência
legal estende-se, ainda, a suas emendas ou modificações.
O art. 114. da Lei nº 6015/73, menciona que “ no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas serão inscritos:
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos
das sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou
literárias, bem como o das fundações e das associações de
utilidade pública;
II - as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas
nas leis comerciais, salvo as anônimas.
III - os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos.
Além dessas atribuições, é importante conhecermos as limitações
legais dos atos que podem ser praticados, no que diz respeito ao Registro Civil
de Pessoas Jurídicas. A lição de Loureiro Filho e Loureiro (2004, p. 92) que diz:
a) O registro de quaisquer atos relativos às associações e sociedades, se
os atos constitutivos não estiverem registrados no mesmo Serviço;
b) Na mesma comarca, o registro de sociedades, associações e
fundações, com a mesma denominação;
c) A execução de serviços concernentes ao Registro do Comércio, por
constituírem atribuições exclusivas das juntas comerciais.
De acordo com os autores Loureiro Filho e Loureiro (2004, p. 95), são
requisitos para o registro de pessoa jurídica: “serão apresentadas duas vias
do estatuto, compromisso ou contrato, com reconhecimento de todas as
firmas neles apostas, pelas quais far-se-á registro mediante petição do
representante legal da sociedade.”
Consta que se faz necessário, à apresentação de certos documentos e
procedimentos para se obter o registro de pessoas jurídicas, os quais
são:
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1-O Contrato Social em 03 vias com firmas reconhecidas dos sócios,
testemunhas e advogados;
2-Fotocópias autenticadas da Carteira de Identidade e CPF dos sócios;
3-Verificar se consta nos documentos da empresa o nome da "rua",
"número","sala"", bairro", "cidade", "Estado" e "CEP".
4-Caso objetivo social envolver atividades privativas de administrador,
contabilista, economista, advogado, etc., deve-se apresentar certidão
dos respectivos conselhos regionais, como CRA, CRC, CRE e OAB.
5-Que o Capital Social terá que constar em moeda corrente no País, divisão de
cotas e seu valor unitário. *Deve constar do Contrato Social o nome
do administrador, observando-se que, não havendo esta menção,
todos os sócios serão considerados como gerentes.
*No caso da empresa ser microempresa será necessária a
apresentação do formulário de enquadramento como microempresa,
em 03 vias, com firmas reconhecidas dos sócios. É dispensado o
visto do advogado.
VALE LEMBRAR QUE:
*Existem alguns Estados onde a prestação de serviço também pode ser registrada nas Juntas Comerciais. * É necessário o sócio rubricar todas as folhas do Contrato Social onde não constem as assinaturas.
Quanto aos Registros de Jornais Oficinas Impressoras, Empresas de
Radiodifusão e Agências de Notícias, o art. 122 da lei 6015/73, dispõe
que:
I - os jornais e demais publicações periódicas
II - as oficinas impressoras de quaisquer natureza, pertencentes a
pessoas naturais ou jurídicas;
III - as empresas de radiodifusão que mantenham serviços de notícias,
reportagens, comentários, debates e entrevistas;
IV - as empresas que tenham por objeto o agenciamento de notícias.
Ressaltando, ainda, para melhor aprendizagem que
existem as informações necessárias para matricula de
determinadas empresas, as quais são:
*Jornais ou outras publicações periódicas:
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS a) título do jornal ou periódico, sede da redação, administração e oficinas
impressoras, esclarecendo, quanto a estas, se são próprias ou de terceiros, e
indicando, neste caso, os respectivos proprietários;
b) nome, idade, residência e prova da nacionalidade do diretor ou redator-
chefe;
c) nome, idade, residência e prova da nacionalidade do proprietário;
d) se propriedade de pessoa jurídica, exemplar do respectivo estatuto ou
contrato social e nome, idade, residência e prova de nacionalidade dos
diretores, gerentes e sócios da pessoa jurídica proprietária.
* Oficinas impressoras:
a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário,
se pessoa natural;
b) sede da administração, lugar, rua e número onde funcionam as oficinas
e denominação destas;
c) exemplar do contrato ou estatuto social, se pertencentes a pessoa
jurídica.
*Empresas de radiodifusão:
a) designação da emissora, sede de sua administração e local das
instalações do estúdio;
b) nome, idade, residência e prova de nacionalidade do diretor ou redator-
chefe responsável pelos serviços de notícias, reportagens, comentários,
debates e entrevistas.
*Empresas noticiosas:
a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário,
se pessoa natural;
b) sede da administração;
d) exemplar do contrato ou estatuto social, se pessoa jurídica.
Síntese da aula
Nesta aula, consideramos o significado de Pessoa Jurídica, para assim
podermos adentrar no assunto central da aula, que seria Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, abordando a importância e as formas deste registro.
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EAD UNITINS – REGISTROS PÚBLICOS - FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS Atividades No que diz respeito a pessoas jurídicas, é correto afirmar que:
a)São consideradas pela lei pessoas jurídicas de direito público interno: a
União; os Estados, o Distrito Federal os Territórios; os Municípios; as
autarquias; as demais entidades de caráter publico criada por lei e os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.
b)São consideradas pela lei pessoas jurídicas de direito privado, as
associações; as sociedades; as fundações.
c)São consideradas pela lei, pessoas jurídicas de direito privado somente as
associações e as sociedades;
d)São consideradas pela lei pessoas jurídicas de direito publico interno
somente a União, Estado e o Distrito Federal.
2)Como podemos definir a formação das associações?
Comentários Questão nº 1:
Para resolver esta questão será, necessária a releitura da apostila na parte que
defini o que seria uma pessoa jurídica.
Questão nº 2:
Nesta questão, verifique no conteúdo exposto na apostila e na bibliografia
indicada, a parte que relata quem seria as pessoas de direito privado.
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