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ESTUDOS DE APRIMORAMENTO DOS MECANISMOS DE COBRANÇA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
DOCE
RELATÓRIO TÉCNICOProduto 3 – Relatório Parcial 03
Aperfeiçoamentos do Kcap considerando os diferentes padrões de consumo das
atividades setoriais e subcategorias, e os impactos financeiros sobre os usuários
A cobrança pelo consumo se baseia na porcentagem do volume de água captado pelo usuário que não retornará para a bacia em um curto espaço de tempo;
Esta cobrança está presente na maioria das bacias e regiões que já implementaram a cobrança pelo uso da água:
• Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco• Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul • Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí• Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba• Bacia Hidrográfica do Rio Grande • Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema• Bacias Hidrográficas dos Rios Tietê e do Litoral Paulista• Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe
Cobrança pelo consumo de água na bacia hidrográfica do rio Doce
Diferentemente da cobrança vigente nessas bacias, os mecanismos de cobrança da bacia do rio Doce não consideram a parcela consumo;
No entanto, quando aprovou a Deliberação CBH-Doce nº 26/2011, o CNRH solicitou ao CBH-Doce que apresentasse estudos para aperfeiçoamentos dos Kts considerando os diferentes padrões de consumo das atividades setoriais e subcategorias;
Foi proposto um coeficiente multiplicador, vinculado ao KCap, que considera a parcela da água captada que é consumida.
Proposta
A proposta elaborada se baseia em um fator de uso da água para cada segmento usuário (FUA_seg), que considera as características de uso da água de cada um;
O valor de Fc_seg foi definido pela comparação entre os coeficientes de consumo e de captação, retratando a proporção de água captada que não retorna ao curso d´água como efluente.
FUA_abastecimento = 1,42FUA_agricultura = 2,0FUA_indústria = definido de acordo com a tipologia de
atividade econômica
FUA_seg = (1+ Fc_seg)
Abastecimento
Os volumes consumidos no setor de saneamento são aqueles direcionados à manutenção das atividades diárias dos usuários domésticos e dos outros clientes das concessionárias de abastecimento, além do volume perdido no sistema de adução/distribuição;
Em junho de 2013 o IFC Advisory Services in Latin America and the Caribbean publicaram um estudo intitulado “Manual sobre contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento no Brasil”
• Valor médio de 40% de perdas sobre o faturamento nas companhias brasileiras;
Após medida nos hidrômetros residenciais, é praxe considerar que a maior parte da água medida em uma casa retorna ao sistema como água servida;
Adotou-se uma percentagem de perdas de 27,5% -> SNIS (2013); além do consumo propriamente dito, correspondendo a 20% do que efetivamente chegará aos domicílios, comércios;
A porcentagem da água que não retornará ao manancial em curto prazo para o setor de abastecimento foi considerada como equivalente a 42%.
Irrigação
Além da alta proporção de água utilizada pela irrigação, o uso da água por este segmento ainda apresenta características que o diferenciam dos demais setores;
Comportamento não linear ao longo do ano;
Aumento expressivo na demanda nos períodos mais secos do ano, nos quais o déficit hídrico é maior;
As perdas ocorridas na irrigação, mais especificamente as perdas por percolação, mesmo não caracterizando uma perda quantitativa efetiva de água para o sistema, acabam por produzir um prejuízo efetivo para este;
Irrigação
A “perda” ocorre no período de menor disponibilidade, enquanto o retorno acontece em períodos em que a disponibilidade de água já não é tão crítica;
Portanto, para fins de irrigação, foi considerado que o retorno de água para o sistema sofre uma defasagem temporal que permite se afirmar que o consumo de água é de 100%.
Indústria
Diversos fatores influenciam o uso da água:
• Capacidade produtiva;• Condições climáticas da região;• Disponibilidade hídrica;• Método de produção;• Idade da instalação; • Práticas operacionais;• Cultura da empresa e da comunidade local;• Ramo da atividade industrial, ou seja, a tipologia na
qual a indústria se enquadra.
Indústria
Assim como a captação de água pelo setor, o consumo de água também é dependente da tipologia de atividade econômica;
Utilizou-se como base de informações a Matriz de Coeficientes Técnicos de Recursos Hídricos para Setor Industrial Brasileiro;
Padronização dos fatores de uso da água
Solução encontrada a fim de que a consideração dos diferentes segmentos de usuários não tivesse uma conotação de penalização, mas, efetivamente, de diferenciação dos padrões de consumo entre estes segmentos de usuários;
Utilizou-se como valor de referência o setor de saneamento, ou seja, o FUA_abastecimento
FPUA _seg= (1 + Fc _ seg )
(1 + Fc _abastecimento )
Esta escolha foi baseada nas seguintes observações:
O setor de saneamento é o setor com o maior número de pessoas diretamente atendidas;
A maior facilidade de entendimento, pela sociedade, de sua apresentação em termos de equivalente de população atendida; e
Maior sensibilidade do setor às condições de escassez dos recursos hídricos, o que, inclusive, faz com que esse setor, juntamente com a dessedentação de animais, sejam considerados como consumos prioritários pela Lei n° 9.433.
Com base nos valores dos fatores de uso característicos de água de cada segmento usuário (FPUA_seg) tem-se que os fatores de uso da água padronizados por segmento usuário são:
FPUA_abastecimento = 1,0FPUA_agricultura = 1,4FPUA_indústria = de acordo com a tipologia de atividade econômica, com ordem de variação de 0,7 a 1,4
O FPUA_seg foi inserido como fator multiplicador na equação que estima o valor de Kcap, de acordo com a DELIBERAÇÃO CBH-DOCE Nº 26, DE 31 DE MARÇO DE 2011, passando o valor de Kcap a ser estimado pela equação:
Avaliação do impacto dos valores da cobrança para os prestadores de serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, de forma a subsidiar a proposição
de limites de cobrança relacionados ao orçamento do exercício
Caracterização dos usuários do serviço de saneamento na bacia do rio Doce
Prestador e MunicipiosINDICADORES EM PERCENTUAL
Atendimento Água
Perdas na Distribuição
Atendimento Esgoto
Tratamento de Esgoto
CESAN 80,36 25,83 51,49 100,00COPASA 96,44 28,39 87,81 20,48DAE - João Monlevade 100 63,41 100 SAAE – G. Valadares 99,4 54,21 97,56 0SAAE - Linhares 95,4 22,08 66,22 18,79SAAE-Itabira 100 37,63 96,66 48,78SAAE-Manhuaçu 100 27,66 95,57 0,96SANEAR 100 38,84 85 6,23Abre Campo 100 27,88 100 0Aimorés 92,1 8,44 78,69 100Baixo Guandu 100 35,79 100 0Capitão Andrade 97,9 3,85 96,55 86,53Catas Altas 91,9 59,19 Conceição de Ipanema 100 18,24 100 0Goiabeira 100 50 100 80Gonzaga 87,4 87,42 Guanhães 94,7 26,07 94,73 0Ipanema 96 14,96 85 0Itaguaçu 100 22,15 75,99 0Itambacuri 99,8 60,48 99,88 Jaguaré 100 13,78 100 4,82Jequeri 70,7 36,66 70,79 0Joanésia 95,4 57,51 0João Neiva 100 4,23 100 8,71Lajinha 100 31,53 63,02 Manhumirim 100 100
Continuação...
Prestador e MunicipiosINDICADORES EM PERCENTUAL
Atendimento Água
Perdas na Distribuição
Atendimento Esgoto
Tratamento de Esgoto
Mariana 98,4 40 66,05 Marilândia 100 10,05 100 100Marliéria 100 100 0Ouro Preto 89,2 34,83 69,43 0,34Pocrane 96,3 77,05 0Ponte Nova 100 32,56 91,78 Raul Soares 96,6 31,06 82,13 0Rio Bananal 87,6 34,13 78,88 100Rio Doce 100 100 100Sabinópolis 100 58,65 79,99 0São Domingos do Norte 100 53,84 53,82 0São Geraldo da Piedade 90,9 72,86 0São Geraldo do Baixio 95,5 90,16 100São Mateus 93,2 43,67 55,97 1,07Senador Firmino 100 41,87 71,64 0Senhora de Oliveira 100 39,42 100 Senhora dos Remédios 100 21,12 78,89 Sooretama 100 22,55 89,19 100Taparuba 100 22,25 100 0Vermelho Novo 100 24,43 88,01 0Viçosa 100 26,83 97,39 1,49
O valor médio da perda na distribuição foi de 31,3% para o ano de 2010. Em 2011 esse valor foi de 27,5%.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
120%
140%
COPASA
SAAE Governador Valadares
SAAE João Monlevade
SAAE Manhuaçu
SAAE Itabira
SAAE Linhares
CESAN
SANEAR Colatina
Outros
Arrecadação Total Receita Operacional Total Despesas Totais
Relação percentual da arrecadação total, das despesas totais na prestação de serviços com as receitas operacionais totais
Fonte: SNIS (2012)
Tarifas médias praticadas pelos usuários selecionados
PrestadoresTarifa média de
água1
Tarifa média de esgoto2 Tarifa média praticada3
COPASA 3,19 1,72 3,10
SAAE Governador Valadares 1,22 1,57 1,35
SAAE João Monlevade 2,12 - 2,69
SAAE Manhuaçu 1,89 0,19 1,12
SAAE Itabira 1,77 1,77 1,75
SAAE Linhares 1,13 0,68 0,94
CESAN 2,24 1,32 2,12
SANEAR Colatina 1,94 1,14 1,60
Outros 1,39 0,83 1,21
Fonte: SNIS (2012)
No SNIS, os prestadores de serviço se classificam quanto a abrangência:
• Abrangência regional• Abrangência microrregional• Abrangência local
São classificados também segundo as formas de organização jurídica, sendo em sua maioria sociedade de economia mista, existindo também autarquias, empresas privadas e empresas públicas.
O objetivo da cobrança das tarifas é o provimento de recursos para a gestão e para a operação e manutenção da estrutura necessária para o oferecimento dos serviços comuns às empresas de saneamento.
Participação percentual das despesas operacionais na totalidade das despesas de exploração considerando a população atendida
Fonte: SNIS (2012)
CESAN
COPASA
Outros
SANEAR
SAAE - Governador Valadares
SAAE - Itabira
DAE - João Monlevade
SAAE-Manhuaçu
SAAE-Linhares
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00%
Despesas Fiscais ou Tributárias Serviços de Terceiros
Energia Eletrica Produtos Quimicos
Pessoal
Fonte: SNIS (2012)
Impactos da cobrança pelo uso de recursos hídricos sobre o setor de saneamento
Valores de cobrança por usuário para o setor de saneamento
UsuáriosCobrança (R$/ano)
Captação Lançamento Total
COPASA 2.991.500,32 2.610.188,67 5.601.688,99
SAAE Governador Valadares 661.358,78 652.307,30 1.313.666,08
SAAE João Monlevade 185.956,02 190.479,03 376.435,05
SAAE Manhuaçu 176.363,74 249.639,77 426.003,51
SAAE Itabira 155.751,92 203.161,07 358.913,00
SAAE Linhares 147.457,65 98.904,33 246.361,97
CESAN 192.754,28 231.724,22 424.478,50
SANEAR Colatina 124.579,28 208.060,22 332.639,50
Outros 730.795,12 997.256,39 1.728.051,52
Impacto da cobrança pelo uso de recursos hídricos na arrecadação total
Imputs e Output relevantes
INPUTS OUTPUT
Mão de Obra Volume de Água Faturado
Capacidade Instalada Receita Operacional Direta
Extensão da Rede de Água Índice de Atendimento
Despesa Total
Eficiência Financeira X Eficiência Operacional
0.300 0.400 0.500 0.600 0.700 0.800 0.900 1.000
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Eficiência Operacional
Efi
ciênci
a F
inance
ira 1
23
4
QUADRANTE 1 - 56CESAN - Brejetuba; Ibatiba; São Gabriel da Palha.COPASA - Alvinópolis; Alvorada de Minas; Barão de Cocais; Braúnas; Bugre; Cajuri; Canaã; Córrego Novo; Cuparaque; Entre Folhas; Franciscópolis; Iapu; Imbé de Minas; Inhapim; Ipaba; Ipatinga; José Raydan; Martins Soares; Mathias Lobato; Matipó; Mercês; Mutum; Naque; Peçanha; Pedra do Anta; Piedade de Ponte Nova; Pingo-Dágua; Porto Firme; Santa Bárbara do Leste; Santa Cruz do Escalvado; Santa Margarida; Santa Rita de Minas; Santana do Paraíso; São Domingos das Dores; São João do Oriente; São José do Mantimento; São Miguel do Anta; São Sebastião do Anta; Sardoá; Senhora do Porto; Sericita; Simonésia; Timóteo; Ubá. OUTROS - Catas Altas; Colatina; Conceição de Ipanema; Joanésia; João Monlevade; São Geraldo do Baixio.SAAE - Lajinha; Manhuaçu; Viçosa.QUADRANTE 2 - 32COPASA - Água Boa; Bela Vista de Minas; Cantagalo; Coronel Fabriciano; Divinésia; Durandé; Engenheiro Caldas; Fernandes Tourinho; Rio Vermelho; Santa Bárbara; Santa Maria do Suaçuí; Santa Rita do Itueto; Santana do Manhuaçu; São José da Safira; São Pedro dos Ferros; Ubaporanga; Urucânia. OUTROS – Marliéria; Ouro Preto; Ponte Nova; Rio Doce; Senhora dos Remédios.SAAE - Governador Valadares; Itabira; Itambacuri; Linhares; Manhumirim; Mariana; Marilândia; São Mateus; Senhora de Oliveira; Sooretama. QUADRANTE 3 - 57COPASA – Alpercata; Alvarenga; Amparo do Serra; Antônio Dias; Araponga; Barra Longa; Bom Jesus do Galho; Capela Nova; Caputira; Caratinga; Cipotânea; Coimbra; Coluna; Conceição do Mato Dentro; Desterro do Melo; Dionísio; Divino das Laranjeiras; Dom Cavati; Dom Silvério; Dores do Turvo; Guaraciaba; Malacacheta; Marilac; Materlândia; Nacip Raydan; Ouro Branco; Paulistas; Periquito; Piedade de Caratinga; Ressaquinha; Rio Casca; Rio Espera; Santa Efigênia de Minas; São João do Manhuaçu; São José do Jacuri; São Pedro do Suaçuí; São Sebastião do Maranhão; Serra Azul de Minas; Serro; Teixeiras; Tumiritinga; Virgolândia.OUTROS – Goiabeira; Jequeri; Pocrane; São Domingos do Norte; São Geraldo da Piedade. SAAE – Aimorés; Baixo Guandu; Guanhães; Ipanema; Jaguaré; João Neiva; Raul Soares; Rio Bananal; Sabinópolis; Senador Firmino.QUADRANTE 4 - 43CESAN - Afonso Cláudio; Apiacá; Laranja da Terra; Mantenópolis; Nova Venécia; Pancas; Santa Teresa; São Roque do Canaã; Vila Valério.COPASA – Açucena; Alto Jequitibá; Alto Rio Doce; Bom Jesus do Amparo; Campanário; Carandaí; Coroaci; Dom Joaquim; Ervália; Ferros; Frei Inocêncio; Itanhomi; Itaverava; Itueta; Paula Cândido; Piranga; Resplendor; Rio Piracicaba; Santa Maria de Itabira; Santo Antônio do Grama; São Domingos do Prata; São Geraldo; São João Evangelista; São José do Goiabal; Sobrália; Tarumirim; Vargem Alegre; Virginópolis.OUTROS - Capitão Andrade; Dores de Guanhães; Gonzaga SAAE - Abre Campo; Taparuba; Vermelho Novo.
Percentual médio da população atendida por prestador
PRESTADOR Q1 Q2 Q3 Q4 TOTAL
CESAN 25,00% 0,00% 0,00% 75,00% 100,00%
COPASA 33,59% 12,98% 32,06% 21,37% 100,00%
SAAE 11,54% 38,46% 38,46% 11,54% 100,00%
OUTROS 31,58% 26,32% 26,32% 15,79% 100,00%
Total geral 29,79% 17,02% 30,32% 22,87% 100,00%
Média de Extensão da Rede Água - KmPRESTADOR TotalCESAN 44,40 COPASA 33,92 SAAE 126,08 Outros 86,76 Total geral 52,67
Composição percentual dos fatores de produção no valor total da despesa de exploração.
Levantamento e análise de experiências que limitam o impacto da cobrança no setor de saneamento
Não há mecanismos em vigência , tanto no âmbito federal quanto no estadual, acerca da limitação da cobrança para o setor.
Em MG, os dispositivos em Lei ou Decreto estadual encontrados são o Artigo 28 da Lei nº 13.199 de 1999, que é cópia do existente em legislação federal e se refere ao percentual do valor arrecado pelo Comitê que poderá ser utilizado na manutenção de sua infraestrutura – e o Artigo 14 do Decreto nº 44.046 de 2005.
Assim, os dispositivos legais analisados são aqueles apresentados no Ato Convocatório nº 11/2012 do IBIO (vigentes nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro).
Decreto Estadual (São Paulo) nº 50.667
Artigo 10 - Os PUFs serão obtidos através da multiplicação dos Preços Unitários Básicos – PUBs por coeficientes Ponderadores, conforme expressões constantes do Anexo deste decreto.
• § 2º - O valor do PUF para captação, extração ou derivação deverá respeitar o limite máximo correspondente a 0,001078 UFESP por metro cúbico de água.
Artigo 11 - O valor a ser cobrado pela utilização dos recursos hídricos para a diluição, transporte e assimilação das cargas lançadas nos corpos d'água resultará da soma das parcelas referentes a cada parâmetro, respeitado o teto de 3 vezes o valor a ser cobrado por captação, extração, derivação e consumo desde que estejam sendo atendidos, em todos os seus lançamentos, os padrões estabelecidos pela legislação ambiental vigente.
Lei Estadual (Rio de Janeiro) nº 4247
Artigo 24 - Os acréscimos de custos verificados nos processos produtivos previstos nessa Lei farão parte da composição dos custos para revisão tarifária a ser analisada pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro - AGENERSA.
• § 4° - A cobrança pela utilização dos recursos hídricos não deve ultrapassar o percentual de 2% (dois por cento) sobre a arrecadação efetiva dos prestadores de serviços de saneamento.
O prestador de serviço deve ser estimulado a recuperar os custos incorridos e adotar outras medidas de produtividade, o que lhe possibilitará a obtenção de maior rentabilidade.
Os impactos podem ser reduzidos consideravelmente caso as concessionárias adotem:
• o uso racional da água, uma vez que otimizando-se o índice de uso racional (IARA), tais empreendimentos podem obter descontos de até 30% no valor cobrado por captação ;
• o tratamento de esgotos domésticos, deficitário na bacia do rio Doce. O tratamento efetivo com 80% de eficiência poderia gerar uma economia aproximada de até 50% no valor global a ser pago.
Lei Estadual RJ 5234/2008
Cobrança pelo uso dos recursos hídricos:• Instrumento de gestão
• Instrumento econômico
A imposição de limites iria de encontro a dois objetivos do instrumento da cobrança:
• Reconhecer a água como um bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor e;
• Incentivar a racionalização do uso da água.
Simulador para o setor de saneamento
PARÂMETROS DE SIMULAÇÃO
IMPACTO DA COBRANÇA PELO USO SOBRE A ARRECADAÇÃO TOTAL DO PRESTADOR
Impacto Referencial
2,0%
Prestador Arrecadação Total Cobrança Atual Impacto da cobrança sobre arrecadação Cobrança com limitação de impacto Diferença % entre cobrança atual e
limitada
#1 15.461.638,67 424.478,50 2,7% 309.232,77 -0,27
#2 213.661.765,22 5.601.688,99 2,6% 4.273.235,30 -0,24
#3 9.609.102,53 376.435,05 3,9% 192.182,05 -0,49
#4 60.149.393,86 1.728.051,52 2,9% 1.202.987,88 -0,30
#5 33.790.439,14 1.313.666,08 3,9% 675.808,78 -0,49
#6 10.652.670,74 246.361,97 2,3% 213.053,41 -0,14
#7 15.882.410,63 358.913,00 2,3% 317.648,21 -0,11
#8 6.672.539,44 426.003,51 6,4% 133.450,79 -0,69
#9 16.518.845,30 332.639,50 2,0% 330.376,91 -0,01
Avaliação dos reais impactos das transposições na bacia, em especial
comparativamente aos demais usos visando a revisão futura do PPUtransp
Levantamento dos usos tipificados como transposição
O único uso de água tipificado como transposição segundo documentações de outorga disponibilizadas pelos órgãos gestores de recursos hídricos na bacia do rio Doce (IGAM, IEMA e ANA) é a transposição do canal Caboclo Bernardo;
A Resolução nº 809 de 2012 outorga uma vazão de 5,5 m3 s-1 para o canal;
A água é captada a 22 km da foz do rio Doce, em Linhares, e destinada à região de Aracruz.
Levantamento dos usos tipificados como transposição
Mesmo não sendo caracterizadas como transposições, também são consideradas neste estudo as águas transportadas por minerodutos para regiões localizadas fora da bacia ou muito próximas à sua foz;
Na bacia hidrográfica do rio Doce existem três empresas mineradoras que transportam ou possuem projeto para transportar polpa de minério de ferro por minerodutos:
• Anglo Ferrous do Brasil• Samarco• Manabi (Morro do Pilar Minerais S.A.)
Samarco
Opera atualmente duas linhas de minerodutos e está em processo de conclusão da terceira linha;
A primeira linha funciona desde 1977, com 396 km de extensão;
Transporta concentrado do minério de ferro lavrado na unidade industrial de Mina do Germano (municípios de Mariana e Ouro Preto) para as duas primeiras usinas de pelotização da empresa, localizadas em Ponta de Ubu, Anchieta-ES;
Samarco
As linhas 2 e 3 são paralelas à primeira, com origem na mesma mina e destino final para a terceira e quarta usinas de pelotização, também localizadas em Ponta de Ubu;
A linha 2 possui 398 km de comprimento e foi inaugurada em 2008;
A linha 3, com 399 km de extensão, está prevista para iniciar seu funcionamento em janeiro de 2014.
Minas-Rio
O projeto Minas-Rio foi inicialmente desenvolvido pela empresa MMX-Mineração e Metálicos e, posteriormente, vendido para a Anglo Ferrous do Brasil, do grupo Anglo American
O trajeto deste mineroduto se estenderá desde a área de mineração, na microrregião de Conceição do Mato Dentro, no Estado de Minas Gerais, até as instalações da planta de pelotização e portuárias em Barra do Açu, próximo a São João da Barra, no Estado do Rio de Janeiro, totalizando 525 km de comprimento de tubulação.
Minas-Rio
A empresa pretende começar operar o mineroduto no final de 2014 e a previsão de produção é de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Manabi
A Manabi planeja transportar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano a partir de 2016;
Mineroduto com comprimento aproximado de 531 km, e que fará a ligação entre o local de extração do minério, no município de Morro do Pilar (MG), e o terminal portuário de Porto Norte, localizado em Linhares (ES);
A água não será conduzida para fora da bacia, mas foi caracterizado como transposição pois fará a retirada de água em uma região de cabeceira, sendo o desague em um ponto próximo à foz da bacia.
Comparação do volume captado de água pelas transposições com o volume médio e total de água captado por outros usuários
Para o cumprimento deste item seria necessário o conhecimento dos volumes anuais de água transportados pelos minerodutos, entretanto essas informações foram de difícil obtenção;
Dificuldades encontradas:
• O volume de água transportado no mineroduto representa apenas uma parcela do volume captado e outorgado com finalidade industrial das empresas que os operam;
• As bases de dados disponibilizadas pelos órgãos gestores muitas vezes não estão completas e/ou atualizadas.
A equipe contratada enviou ofício solicitando à SUPRAM informações sobre as outorgas e licenciamentos ambientais das empresas que operam ou possuem projetos para a operação de minerodutos;
Para as linhas 1 e 2 da Samarco utilizou-se os dados de vazão da polpa de minério disponibilizados pelo PIRH (vazão igual a 0,33 m3s‑1);
Para a linha 3 se considerou a vazão transportada no mineroduto como aquela contida na licença de instalação do empreendimento, concedida pela SUPRAM em 2010, e igual a 0,15 m3s-1.
Para o mineroduto da Anglo Ferrous Brasil utilizou-se o valor de vazão informado na apresentação feita pelo IBAMA na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados em 26 de agosto de 2009, e igual a 0,36 m3s‑1;
Para o mineroduto da Manabi a vazão transportada no mineroduto é de 0,29 m3/s, conforme informações apresentadas no EIA, volume II, de 2012;
Para a quantificação dos volumes médio e total de água captados por outros usuários foram utilizadas as fontes de dados referentes às outorgas concedidas pelos órgãos gestores da bacia e referentes à base de dados disponibilizada pelo PIRH.
Os resultados desse estudo refletem uma condição futura, quando todas as linhas de
minerodutos em projeto iniciarem seu funcionamento
Irrigação e
dessedentação
animal (m3/ano)
Indústria
(m3/ano)
Saneamento
(m3/ano)
Total
(m3/ano)
Transposição
(m3/ano)
Transp./
Total
(%)
Total – com a
Transposição
(m3/ano)
DO21.797.552
(0,057 m3/s)
259.563.545 (8,23 m3/s)
107.606.602
(3,41 m3/s)
368.967.699
(11,70 m3/s)
25.544.160
(0,81 m3/s)6,9
394.511.859
(12,51 m3/s)
DO34.446.576
(0,141 m3/s)
58.987.372
(1,87 m3/s)
17.785.026
(0,56 m3/s)
81.218.974
(2,57 m3/s)
20.498.400
(0,65 m3/s)25,3
101.717.374
(3,22 m3/s)
Foz do
Doce
141.912.000
(4,5 m3/s)
510.238.243
(16,18 m3/s)
269.738.959
(8,55 m3/s)
921.889.202
(29,23 m3/s)
219.490.560
(6,96 m3/s)23,8
1.141.379.762
(36,19 m3/s)
Irrigação e
dessedentação
animal (m3/ano)
Indústria
(m3/ano)
Saneamento
(m3/ano)
Total
(m3/ano)
Transposição
(m3/ano)
Transp./
Total
(%)
Total – com a
Transposição
(m3/ano)
DO26.937.920
(0,22 m3/s)
90.129.888
(2,858 m3/s)
59.445.360
(1,885 m3/s)
156.513.168
(4,963 m3/s)
25.544.160
(0,81 m3/s)16,3
182.057.328
(5,77 m3/s)
DO39.870.768
(0,313 m3/s)
8.041.680
(0,255 m3/s)
7.537.104
(0,239 m3/s)
25.449.552
(0,807 m3/s)
20.498.400
(0,65 m3/s)80,5
45.947.952
(1,457 m3/s)
Foz do
Doce
541.252.368
(17,163 m3/s)
155.377.872
(4,927 m3/s)
204.069.456
(6,471 m3/s)
900.699.696
(28,561 m3/s)
219.490.560
(6,96 m3/s)24,4
1.120.190.256
(35,521 m3/s)
Outorgas
PIRH
Avaliação dos impactos das transposições sobre os demais usos
UPGRH DO2 -> vazão remanescente = 15,7% Q7,10 (Outorgas) 60,0% Q7,10 (PIRH)
UPGRH DO3 -> vazão remanescente = 88,2% Q7,10 (Outorgas) 95,0% Q7,10 (PIRH)
Foz DOCE -> vazão remanescente = 86% Q95 (Outorgas e PIRH)
UPGRH Q95 (m³/s) Q7,10 (m³/s)Qout_remanescente
(m³/s)QPIRH_remanescente (m³/s)
DO2 (Rio Piracicaba)* 14,84 2,33 9,07
DO3 (Rio Santo Antônio)* 27,22 24,00 25,76
Foz do rio Doce
263,20 227,01 227,68
Relação entre a vazão utilizada para transposição e a disponibilidade hídrica na seção de captação e na seção de controle da UPGRH
UPGRHCanal Caboclo
BernardoSamarco Linha 1
Samarco Linha 2
Samarco Linha 3 ManabiMinas-
Rio
Qtransp/Q95(%) Qtransp/Q7,10(%)
Seção 2,09 6,25 6,34
DO2 2,22 2,22 1,01
DO3 1,06 1,32
Foz do rio Doce 2,09
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