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pretendia-se momentos (não tanto acontecimentos)
uso do presente
períodos curtos
Expressões evitáveis:
• algo
• bastante
• muito
• da qual/do qual (de que)
• relembrar (lembrar)
• demonstrar (mostrar)
e... Reticências... É assim que se faz.
aperceber de que
a convicção de que
a expectativa de que
a consciência de que
Ele parte.
Parte.
E, de repente, ...
respeitar margens;
não desperdiçar muito espaço antes da margem (medo de translinear?);
se se escrever a lápis, apagar;
[usar folhas com furos.]
a ante após até
com conforme contra de
desde durante em entre
exceto mediante para perante
por salvo segundo sem
sob sobre trás
Preposições que podem
aparecer em contração
a
de
em
por
a + o = ao
a + os = aos
a + a = à
a + as = às
de + o = do
de + os = dos
de + a = da
de + as = das
em + o = no
em + os = nos
em + a = na
em + as = nas
por + o = pelo
por + os = pelos
por + a = pela
por + as = pelas
25 de Abril
FERIADO!
A setora de Português mandou-nos fazer entrevistas a gente da nossa idade sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me com a Cátia e o Miguel junto à paragem das camionetas. Quase toda a malta jovem ia para a praia.
À nossa pergunta respondiam:
— Uma coisa histórica.
— Atiraram abaixo com um presidente chamado Salazar.
— Qual quê! O homem caiu de uma cadeira e morreu.
— Foi uma revolução qualquer, há muito tempo, antes de eu nascer.
— É um feriado. E basta.
Todos bateram palmas.
Pois em minha casa logo pela manhã a mãe espeta um cravo vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o ao peito. E faz rodar um disco antigo do Zeca Afonso, que por acaso até é giro.
O meu pai levanta-se tarde, veste-se à balda para o almoço de confraternização com os seus companheiros do 25 de Abril. A uns arrancaram unhas, outro tem marcas de pontas de cigarro pelo corpo. A Maria das Dores esteve a fazer de estátua, que não é propriamente posar para um escultor mas estar de pé dias e noites com uma luz virada para os olhos. O meu pai não sofreu nada. A prisão deve ter sido a grande aventura
da vida dele — esteve com assaltantes a quartéis, participou em fugas, trocava mensagens por pancadinhas na parede. Foi até na prisão que se casou.
Do seu tempo de revolucionário ficou esta sardinhada anual, regada a vinho tinto.
Pois vivam as revoluções que dão feriado! Infelizmente são só três: o 5 de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25 de Abril.
25 de Abril — FERIADO!
A setora de Português mandou-nos fazer entrevistas a gente da nossa idade sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me com a Cátia e o Miguel junto à paragem das camionetas. Quase toda a malta jovem ia para a praia.
À nossa pergunta respondiam:
— Uma coisa histórica.
— Atiraram abaixo com um presidente chamado Salazar.
— Qual quê! O homem caiu de uma cadeira e morreu.
— Foi uma revolução qualquer, há muito tempo, antes de eu nascer.
— É um feriado. E basta.
Todos bateram palmas.
Pois em minha casa logo pela manhã a mãe espeta um cravo vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o ao peito. E faz rodar um disco antigo do Zeca Afonso, que por acaso até é giro.
O meu pai levanta-se tarde, veste-se à balda para o almoço de confraternização com os seus companheiros do 25 de Abril. A uns arrancaram unhas, outro tem marcas de pontas de cigarro pelo corpo. A Maria das Dores esteve a fazer de estátua, que não é propriamente posar para um escultor mas estar de pé dias e noites com uma luz virada para os olhos. O meu pai não sofreu nada. A prisão deve ter sido a grande aventura
da vida dele — esteve com assaltantes a quartéis, participou em fugas, trocava mensagens por pancadinhas na parede. Foi até na prisão que se casou.
Do seu tempo de revolucionário ficou esta sardinhada anual, regada a vinho tinto.
Pois vivam as revoluções que dão feriado! Infelizmente são só três: o 5 de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25 de Abril.
a à | ao
ante
após
até
com
conforme
contra
de do | da | das
desde
durante
em na | numa
entre
exceto
mediante
para
perante
por pelo | pela
salvo
segundo
sem
sob
sobre
trás
________________________________
antes de
junto a junto à
Berbatov marcou um golo ao Benfica.
Complemento indireto
a
Vi o programa do Bruno Aleixo.
Modificador restritivo do nome
de
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico.
Modificador do grupo verbal
em
O Busto foi desmentido pelo Bruno.
Complemento agente da passiva
por
O Bruno desmentiu o Busto. sujeito complemento direto
O Busto foi desmentido pelo Bruno. sujeito agente da passiva
A primeira consiste em usar-se a preposição, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição.
Ora realística ora caricaturalmente, o professor Adolfo Coelho (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem «Podemos não chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por infinitivos, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]».
(Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem sintática.
Isto parece-se com
Prefiro este àquele
Ficou sob a jurisdição de
Tem a ver com (Tem que ver com)
Onde moras?
Dá-me com força
Tenho de ir
Compara esta folha com aquela
O gelado de que gosto mais
As pessoas com que falei
Hás de vir
Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correcta «hão de»).
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou.
Apesar de ela ser bonita, é muito feia.
Diz ao polícia que morri.
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu.
7. Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo da Europa, jogou bem.
8. Comi uma alface, quando a conheci.
2. Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.
4. Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.
1. Ela tem uma das melhores memórias; ele, uma das piores.
3. Ontem, comi uma alface de estimação.
5. Não voteis na lista Z, votai na lista de vinhos.
6. Não creio, contudo, que sejas parvo.
3. Combinava, por vezes, uns assaltos.
8. E, se tudo correr bem, encontramo-nos em Paris.
8. Porque estava frio, despi a camisola.
9. A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.
Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.vocativo
Dê-me, stor, a fatia do bolo rançoso. vocativo
Dê-me a fatia do bolo rançoso, stor. vocativo
Ela tem uma das melhores memórias.
Ele, uma das piores. elisão
Ontem, comi uma alface de estimação. modificador
Comi uma alface, quando a conheci. oração subordinada adverbial (temporal)
Porque estava frio, despi a camisola.oração subordinada adverbial (causal)
Combinava, por vezes, uns assaltos. modificador
E, se tudo correr bem, encontramo-nos em Paris.
oração subordinada adverbial (condicional)
Não creio, contudo, que sejas parvo. advérbio conectivo
Não voteis na lista Z, votai na lista de vinhos.
oração coordenada + oração coordenada (assindética)
Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.
palavras da mesma classe
oração subordinada relativa explicativa
A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.
modificador apositivo
Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo da Europa, jogou bem.
Responde à pergunta 4 (p. 119).
Tendo em conta que o fragmento que leste se integra num diário ficcionado, diz qual te parece ter sido a intenção da autora ao abordar esta data histórica.
Pretende mostrar-se a indiferença dos mais novos relativamente a uma data histórica, o 25 de abril de 74. Essa atitude de desinteresse — e de desconhecimento — sai realçada por os mais velhos conservarem certos rituais de comemoração da efeméride. Entretanto, tais festejos, bastante caricaturáveis, já banalizados, contrastam com a visão heroica do período antifascista a que alguns ainda aludem.
TPC — Estuda a ‘Preposição’ (pp. 137-139) nas folhas da Nova gramática didática de Português (NGDP) que, em Gaveta de Nuvens, reproduzi em «Classes de Palavras».
(Para quem tenha pensado concorrer, não esquecer que o concurso Dá voz à letra termina na próxima quarta.)
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