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Trabalho de Graduação Integrada 1 - Dayane Vaz da SIlva Vichesi
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T R A B A L H O D E G R A D U A Ç Ã O I N T E G R A D A I | D A Y A N E V A Z D A S I L V A V I C H E S I
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADA IDAYANE VAZ DA SILVA VICHESI
INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMOUSP SÃO PAULO – CAMPI SÃO CARLOS
SÃO CARLOS, 2014
ARQUITETURA E MÚSICA
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Este projeto surge do estudo de arquitetura e música.
Da busca de semelhanças entre as duas, técnica eartisticamente, propõem-se alguns paralelos que podem ser traçadosentre ambas e como essas características comuns podem ser usadas nofazer arquitetônico, transpondo a música para a construção, de seuestado momentâneo e sujeito a reprodução para algo duradouro e deexistência autônoma.
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“Sem música,
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Durante o curso de arquitetura, certa vez foi nos proposto umexercício de mapeamento fenomenológico, onde a ideia era identificarmosalgum elemento do dia a dia das pessoas, fazer uma pesquisa de campo paralevantar dados sobre o assunto e então criar formas de expressar graficamenteesse levantamento.
Em grupo decidimos que então sairíamos às ruas pra identificar quaisas pessoas que ouviam música na cidade de São Carlos e por meio daapropriação da própria linguagem musical criar nosso gráfico fenomenológico. Oque não esperávamos era ter que mudar a pergunta de nosso trabalho paracomo as pessoas ouviam música nas ruas são carlenses, pois chegamos aconclusão de que todos, de uma forma ou outra, sempre ouviam música aolongo dos seus dias.
A música é uma das artes que está sempre presente em nossas vidas.Desde muito cedo, às vezes antes mesmo de nascermos, já estamos em contato
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com ela. Ela está presente no nosso cotidiano, tanto nas tarefas chatas quantonas prazerosas, nos momentos de descanso e nos momentos de atividadesintensas.
Podem ajudar a nos isolar ou a nos unir. Certas músicas ficamguardadas na memória junto de eventos marcantes, outras são usadasjustamente para marcar algo que não devemos esquecer. Está presente atémesmo em outras formas de arte, como teatro e cinema, e por vezes serve deinspiração para outras como a escultura e fotografia.
É bastante notável o quanto a música está presente em nossas vidas
Sendo a música um elemento tão importante na nossa cultura, teria aarquitetura voltada para ela um valor igualmente icônico? Como são os espaçosdestinados à música? E principalmente, como a música, que permeia diversas
e é isso que motiva este trabalho.
artes, pode estar presente, modificando e construindo o lugar?
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Definido inicialmente que o trabalho se concentraria nas relações damúsica com a arquitetura, as referências selecionadas foram aquelas queajudariam a compreender melhor quais seriam essas possíveis correspondênciasentre ambas.
As duas primeiras são de projetos que não foram pautados nocontexto musical, mas que trazem em si elementos que podem ser encontradosna música. São elas:
Parc de La Villette, Bernard TschumiCasa Neuendorf, John Pawson
As outras duas referências possuem uma relação mais direta com amúsica. Não se trata somente de análises que tentam aproximar as duas poralguns pontos semelhantes, mas sim de dois projetos que foram feitos desde oprincípio pensando na música e em formas de traduzi-la para o volumétrico daarquitetura. Essas obras são:
Pavilhão da Philips, Le Corbusier e Iannis XenakisCasa Stretto, Steven Holl
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Observando a grade imaginária, sobreposta ao terreno pelo arquitetona intenção de desconstruir a antiga identidade do local e orientar seu novoprograma, vemos a utilização clara de uma modulação. O que nos é mais nítido éa divisão geométrica com a repetição da mesma medida entre eixos, o que noslembra da semelhança mais evidente da música com a arquitetura: ambaspossuem uma base matemática na sua construção. Na arquitetura podemosencontrar a matemática em seus valores e medidas, assim como nas relaçõesgeométricas criadas pela utilização da proporção e retângulo áureo, ou mesmona disposição de elementos segundo a sequência de Fibonacci, por exemplo. Noentanto, a ideia do módulo pode ser extrapolada para além da métrica. Noprojeto do parque podemos considerar módulo os eventos marcados pelas foliesao longo do parque, independente, no caso, de sua disposição, mas pelo simplesfato de existirem intervenções pontuais no espaço. Podemos ainda considerarum módulo a cor vermelha que marca cada um desses eventos. Igualmente namúsica temos a presença da modulação, partindo dos compassos que dividemtoda a partitura em "porções" com a mesma quantidade de tempos dentro decada um, divisão essa dada pela fórmula de compasso no início da partitura, epassando pelas notas que transformam esses tempos em múltiplos. Novamentepodemos extrapolar a matemática e aplicar a ideia de módulo paradeterminados trechos da música, os chamados refrãos, ou mesmo uma únicabatida ou nota marcante, que se repete ao longo da música, em períodosregulares ou não, podendo ser comparados diretamente com o "vermelho" ecom os eventos pontuais de Tschumi.
Sobre a malha ainda observamos alguns pontos onde a existência deoutros elementos acabam por interferir nela e assim o arquiteto abre exceçõesna sua malha, ela não amarra o projeto de forma a impedir a criaçãoarquitetônica. Da mesma forma, por mais matemática e rígida em suas divisõese subdivisões, as partituras possuem meios de adaptar-se às necessidadescriativas de seu compositor. No entanto, usá-los ou não fica a critério de cada
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artista, assim como grade pode ser mais ou menos rígida de acordo com oprojeto e seu criador.
Por fim, a malha com seus pontos, o desenho linear baseado nosestudos de fluxos, e uma camada de grandes planos destinados a atividades comnecessidades espaciais maiores que as das folies são postos juntos, de formasobreposta, formando o intrincado, porém claro, desenho do parque.Semelhantemente na música vemos as composições feitas por mais de um tipode instrumento, muitas vezes tocando arranjos diferentes entre si, mas que noconjunto soam harmoniosamente como uma só melodia.
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Apesar de também apresentar várias relações matemáticas e sua planta ter sido projetada a partir de outra malha, como no exemplo anterior, o grande acréscimo desta obra para nossos estudos é a riqueza de sensações e variedades que o arquiteto John Pawson nos traz por meio do trabalho de um único elemento: as paredes.
São essas paredes que nos recebem, como anfitriãs, na entrada doterreno; nos fazem passar pelo que poderia ser chamado de pórtico, formadopelo muro do caminho e a lateral da quadra de tênis que marca a nossa entradapelo projeto; elas então nos conduzem por todo o caminho até a casa, cada vezmais amigáveis enquanto contemplamos a grande fachada que nada mais é doque uma grande empena austera quebrada apenas por uma alta e estreita fenda(elemento tensor), que nos convida, antes mesmo de chegar a sua base, aadentrá-la, espiar o que se encontra atrás daquela parede com nossos olhos enossa mente, e por uma pequena janela que é quase um pequeno ruído que nosincomoda, maculando toda a simplicidade do desenho da fachada, a tal pontoque preferimos não pensar nele, simplesmente ignorá-lo. Ao chegarmos por fimao que parece uma fortaleza moderna a primeira vista, entramos em um grandepátio, aberto para o céu, um misto de claustro, cuja libertação se dá por cima,com o aconchego da chegada depois da longa e ansiosa caminhada (sensaçãoreforçada pela visão da sala de jantar e sua lareira, que apesar da falta deostentação, remetem a momentos de convívio, reunião e acolhimento). O pontoculminante de toda essa descoberta ocorre ao se deparar com a saída para apiscina; nesse momento as paredes enquadram a paisagem (como na VilaSavoye, de Le Corbusier) e o que se vê é a piscina linear apontando para umponto de fuga distante que termina num denso pano verde de vegetação,conduzindo o olhar do apreciador até onde pode lhe alcançar a vista. Esta é anarrativa principal da casa Neuendorf, que ainda apresenta outras variaçõescomo uma única parede curva servindo de anteparo para o banheiro, a paredede separação entre pátio e sala de jantar mais grossa pra conferir mais solidez, o
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corredor do pavimento superior que cria no visitante a expectativa de ser visto,e as escadas enclausuradas que aumentam a sensação de amplitude dosespaços abertos que a sucedem no caminho.
Embora não seja visível nas partituras para a maior parte das pessoas, sabemos bem que as músicas nos causam, como nessa casa, sensações diversas, como tensão, fuga, condução, tranquilidade, incômodo, ansiedade, antecipação, introversão, etc. Tais sensações podem ser associadas, tanto em arquitetura como na música, como uma narrativa que nos é contada pelo autor, o qual nos convida a imergir em sua obra para apreciá-la e entendê-la por completo.
Um segundo elemento de comparação possível seria associar toda a composição obtida só com alterações entre as características do elemento parede com os diversos timbres* existentes, onde uma mesma nota ou melodia pode parecer totalmente nova pelo simples fato de tocada por diferentes instrumentos.
Timbre: o timbre são notas menos nítidas que acompanham a nota principal; a variação da intensidade e da combinação entre essas notas é que nos faz identificar a fonte do som.
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Para entender melhor esse pavilhão, feito para a Feira Mundial deBruxelas (Expo 58) por Le Corbusier e Iannis Xenakis, é preciso lembrar queXenakis, além de músico, trabalhou um tempo junto de Le Corbusier, em muitodevido a sua admiração pelo Modulor e outras propostas do arquiteto. Issoinfluencia fortemente nas suas criações musicais, pelo menos por umdeterminado momento. Dentre as músicas que sofre a repercussão destaadmiração, destacamos o concerto chamado Anastenaria (1952-54), maisespecificamente seu terceiro movimento denominado Metastasis. Esboços deseus estudos para essa obra mostram a forma como as ideias matemáticascorbusianas estavam presentes na composição pelo desenho hiperbólico queadquirem seus glissandi. O objetivo de Xenakis não era obter determinado som,mas sim obter um som para determinada fórmula matemática e geométrica.
Desta música sai mais tarde o design do pavilhão, uma estrutura detrês pontas formada pela intersecção das mesmas parábolas hiperbólicasutilizadas em seu Metastasis. Com uma composição musical e imagética feitaespecialmente para este espaço, disposição de mais de 300 alto-falantes empontos calculados e diversas projeções, toda a estrutura se propõem a fazer sesentir imerso em todo o espetáculo, vivenciando a música de forma espacial. Asduas músicas apresentadas durante os 10 minutos de permanência no recintoeram Concrete PH, do próprio Xenakis, a qual segue o mesmo padrão deparábolas hiperbólicas da Metastasis e era reproduzida durante a entrada, saídae acomodação das pessoas, e Poème Électronique, do compositor EdgardVarèse, uma composição de 8 minutos de música eletrônica pensada paraaquele espaço exclusivo.
Surge desta forma um prédio que é todo ele uma resposta à música ,desde sua concepção até sua função final, cada detalhe pensado com o únicofim de uma experiência mais completa possível.
Glissandi: do italiano, palavra plural utilizada para denotar passagens suaves de uma altura a outra2
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Importante notar neste projeto a transposição que é feita em ambos ossentidos, pela apropriação da linguagem de um pelo outro. Começamos com asideias arquitetônicas e matemáticas de Corbusier que são apropriadas para acriação do terceiro movimento de Anastenaria, esse mais tarde voltando a formaarquitetônica por meio da construção do pavilhão, o qual inspira a composiçãomusical de Varèse.
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A história desta casa é um tanto quanto conhecida e lembrado emseu próprio nome. Holl, ao visitar o terreno, notou a forte presença do rio que,por meio de pequenas represas, formava três lagos, o que ocasionava umbarulho repetitivo. Ele então motivado por esse som, resolveu buscar umamúsica que igualmente reproduzisse esse efeito. Assim ele chega na “Músicapara cordas, percussão e celesta”, do húngaro Béla Bartók. Esta música foiescolhida por apresentar justamente um recurso musical que dá nome à casa, ostretto, que consiste em uma das partes da denominada "fuga", onde após a"apresentação" do tema em todas as vozes e a "resposta" dada pela conjunçãodo tema e do contrassujeito, segue-se então com o Stretto, onde a fuga estreitaseu tempo, a repetição acelera seu ritmo e intensidade nos prepara para umclímax na música.
Partindo dessa escolha, Steven Holl começa a analisar a música eseparar partes de sua estrutura que poderiam ser usadas em seu projeto.Das observações que ele faz destacam-se o dual percussão (elementos pesadose repetitivos) e harmonia (elementos mais leves e fluidos), e a mistura entreelementos tradicionais e modernos misturados na composição de Bartók.Partindo disso ele divide a casa em quatro partes (mesmo número demovimentos da música escolhida e tbm uma alusão às barragens) por meio deparedes de tijolo, de aspecto pesado e vernacular, onde se encontram as áreasserventes da casa, em contraposição aos espaços entre essas divisões,construídos com vidro e metal, dando às áreas servidas da casa um aspecto maisamplo, moderno, onde as formas mais livres (curvas do teto) junto com aabundante iluminação narram a fluidez da música e das próprias águas do rio.
Outro ponto importante para Holl era as relações matemáticasexistentes na música (toda ela pensada em proporções áureas) que para Bartóktornava a composição bela e nas medidas certas pra não ser cansativa earrastada ou mesmo breve. O arquiteto utiliza a mesma proporção noposicionamento de elementos principais em sua obra.
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RELAÇÕES DUAL PERCURSÃO HARMONIA
Por fim, como no climax da fuga, o fluxo da casa segue transpondo aspesadas paredes e tocando visualmente o rio nos espaços fluidos, até que anarrativa nos leva para o ponto onde a construção avança por sobre o rio,tocando-o fisicamente, unido o disparador inicial do projeto com o seuresultado.
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RELAÇÕES MATEMÁTICAPROPORÇÃO ÁUREA
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A escolha da cidade de São Carlos como local de projetopareceu uma escolha natural uma vez que foi aqui que as pesquisas decampo descobriram uma espaço tão rico para a música. Mas não setrata apenas de muitas pessoas que ouvem. Para os que querem seprofissionalizar, para os que querem aprender por hobby, para os quequerem ensinar, para os que querem se tornar artistas, a cidade tempotencial para dar suporte a todos esses, e isso reforça a demanda dacidade por um espaço especialmente dedicado à música.
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Temos na cidade uma grande disponibilidade de ensino musical,sendo ao todo 12 escolas, as quais se dividem da seguinte forma:
10 escolas particulares para o público em geral1 escola técnica (também particular)1 escola mantida pela ONG Associação de Artes de São Carlos, com o apoio da prefeitura e preços mais acessíveis a população - Escola Livre de Música João Sepe2 escolas infantis que oferecem musica em seu currículo6 professores para aulas particulares (em domicílio).
Essas escolas concentram-se em sua maioria na região central,devido à facilidade de acesso e visibilidade; todas elas funcionam em grandescasa que, no geral, pouco preparo e adaptação possuem para este tipo deensino ou mesmo para permanência dos alunos em horários que não sejam o daaula, o que dificulta que entre os alunos de uma mesma escola haja a sensaçãode pertencimento a um determinado grupo musical.
Existe ainda na Universidade Federal de São Carlos o curso degraduação em Música, com ingresso sujeito a aprovação em vestibulares eprovas especificas.
Quanto à Escola Livre de Música João Sepe, esta encontra-se nomomento no centro da cidade, mas a ela já foi destinada a área institucional docondomínio Faber II. Apesar de ser um avanço muito importante conquistar umespaço para a construção de sua sede própria, o novo local da escola tem umaacessibilidade mais limitada e difícil para aqueles que dependem do transportepúblico, e como a grande maioria dos estudantes da manhã e da tarde sãojovens sem idade para dirigir, esse seria um ponto muito importante nalocalização. Portanto, para fins deste trabalho, não consideraremos a possedeste terreno pela escola.
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ESCOLA DE MÚSICA
ESCOLA COM MUSICALIZAÇÃO
ANÚNCIOS NÃO ENCONTRADOS
ENSINO DOMICILIAR
CONSERTO INSTRUMENTAL
LOJAS
Mas o aumento constante de música e as listas de espera na EscolaJoão Sepe mostra que a demanda ainda é grande.
Temos ainda em São Carlos grupos de coralistas, tanto municipais(Coral Multicanto e Coral Bem-te-vi) como independentes (como o grupo de 11coralistas que ensaiam há algum tempo em uma sala sob a catedral) eobservamos a carência de espaço para ensaios de ambos.Os grupos de orquestra (Orquestra Experimental, Pequena Orquestra eFilarmônica PROJESC) possuem um espaço próprio e bem utilizado para ensaiosnas dependências da UFSCAR.
Quanto à disponibilidade de materiais e instrumentos, São Carlospossui nove lojas voltadas para esse nicho de mercado, das quais duas tambémanunciam serviços de reparo de instrumentos e apenas uma não se encontra naregião central da cidade, facilitando muito o acesso ao que é necessário parainiciantes e experientes na área.
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Pensando na demanda que a cidade de São Carlos tem para aulas eespaços mais qualificados para o ensino musical, assim como disponibilidade deprofissionais da área (temos a faculdade de Música Licenciatura e mais umaescola técnica na cidade) e a quantidade de grupos musicais criados na própriacidade, optou-se por criar um espaço musical amplo que desse suporte paraaquele que quer aprender e aquele que já sabe, um ambiente agradável paraquem produz e para quem somente consome a música, um lugar adequado paratrocas de experiências e para formação de novos grupos, um berço deoportunidades para qualquer pessoa, da cidade e mesmo das redondezas. Assimsurge o Espaço Fermata *, um lugar para o encontro, para a extensão da músicana vida do individuo, ou simplesmente um lugar agradável para se estar e ouvir.
Fermata: do italiano, que significa parada, e símbolo musical de prolongamento da nota3
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No intuito de criar esse rico programa, percebeu-se que só umprojeto escolar seria muito pouco para proporcionar essa experiência musical aqualquer são carlense. Dividiu-se então o programa em 4 partes: criação(escola), armazenagem (biblioteca musical), consumo (auditório) e convívio(áreas externas). Essas funções se complementarão para que num único lugarpossa se encontra, se não todo, o máximo possível de suporte para a música,consumo e produção.
No programa destaca-se a questão do convívio. Nas escolaslevantadas se percebeu que há essa carência de espaços para comunicação,exposição informal, contato com novas pessoas, troca de experiência. Por isso aconvivência ganha todo esse peso, aparecendo como uma das chaves principaisdo projeto.
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A escolha do terreno foi feita pensando principalmente em facilitaro acesso para todas as pessoas da cidade, mesmo os de bairros mais distantescomo o Distrito de Água Vermelha, por meio do transporte público. Nesseintuito, apesar de um pouco deslocado do centro, o terreno escolhido ficapróximo a rodoviária, estabelecendo com esta um contato visual e convidandoseus usuários a explorar o novo espaço. A localização também é positiva para oacesso em veículo particular pois localiza-se em uma avenida - a São Carlense - epróximo ao dual Av. Trabalhador São Carlos e Rua Dona Alexandrina, importanteeixo que corta grande parte da cidade de norte a sul. O transito nesta parte daSão Carlense também é mais tranquilo, sem congestionamentos que possamdificultar o acesso.
O terreno é particular, com a construção de apenas uma casa e orestante do terreno livre. A ideia é desapropriar esse terreno e dividir o grandequarteirão em dois, leste (quarteirão já edificado) e oeste (quarteirão livre com amaior parte do terreno desapropriado) dando continuidade a rua Dom Pedro IIpor mais um trecho, utilizando o quarteirão oeste para o projeto edisponibilizando para loteamento a porção restante localizada no quarteirãoleste (caso haja interesse do atual proprietário, ele pode manter a parte doquarteirão leste para si).
Como o programa contemplado possuía quatro divisões, procurou sepor peças igualmente divididas. A escolhida para tanto foi As Quatro Estações,do compositor italiano Atonio Vivaldi.
A peça mundialmente famosa retrata uma narrativa das estações doano, descrevendo os elementos naturais e a relação camponesa com estes. Écomposta por 4 concertos, cada qual dividido em 3 movimentos.
Importante ressaltar que essa peça de Vivaldi tem a singularidade deacompanhar-se cada concerto de um soneto que narra o mesmo que a música,assim como a partitura traz indicações a cada instrumentista de que agora o seuinstrumento irá "latir" como um cão, ou "soprar" como os ventos bravios,elementos estes existentes também nos sonetos.
Como a narrativa é um elemento muito forte nessa peça, aorganização inicial do projeto partirá dai, atribuindo cada parte do programa auma estação para espelhar se nesse.
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que a conheçam, para que vejam o que esta sendo apresentado no palco externo
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O primeiro dos quatro concertos, A Primavera, é um concerto decomposição alegre e vibrante. O projeto que corresponde a esta estação são aspartes de jardins, praças e áreas externas.
No primeiro movimento da Primavera, temas a presença dospássaros, com o canto melodioso, dinâmico, em comemoração da primaveraque chega, as fontes que murmuram com as suaves brisas e todo um cenáriocheio de vida e alegria, um clima de festa e comemoração. Mas também temoso anúncio da tempestade, causando uma certa tensão nos pássaros, mas estelogo voltam a se alegrar e comemorar a estação.
No segundo movimento nos é apresentado o camponês, junto de seucão; desfrutando do clima agradável, o camponês acaba por cochilar, e temosentão uma melodia mais suave e serena, acompanhada no entanto pelarepetição constante da viola de apenas duas notas que fazem o cão a latirrepetidamente.
Nosso camponês aparece então reunido com outros no terceiro ato,num momento de convivência, brincadeiras, canto, dança e descontração, tudoisso marcado por uma melodia que nos lembra muito uma dança pastoral.
Se pensarmos nos movimentos de forma menos figurativa, podemostirar deles a estrutura para nortear o projeto externo. Temos então:
1º Mov.: dinâmica, fluidez, elemento tensor2º Mov.: serenidade, repetição3º Mov.: convívio
A dinâmica e fluidez foi pensada com um espaço permeável,deixando o terreno o mais livre possível pra que as pessoas o cruzem em todasas direções, integrando assim a parte do bairro que fica atrás do terreno com aavenida, uma vez que o grande quarteirão existente hoje forma uma espécie debarreira entre ambos.
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Como elemento tensor, nós temos o prédio do auditório, construçãosubterrânea que deixa exposta uma de suas pontas, criando um contrapontoentre o terreno natural e o desenho geométrico da construção que transparece.
Passamos então para a serenidade e repetição do segundo ato; destatiramos a construção de estares, maiores e menores, por meio de cubos de50cm que se repetem pela paisagem, hora como bancos longo, curtos, isolados,em conjunto com outros, como mesa, como escultura. Além da idéia dereproduzir o cão a latir, essas várias formas de combinar um só elemento vemdo refrão que, embora seja sempre a mesma composição, sempre nos éapresentado de maneiras diferentes, variados tons, instrumentos e arranjos.
Por fim temos o convívio, que no projeto, além desses estaresmaiores, com bancos próximos para estimular as conversas e relações, écaracterizado por um pequeno palco externo para apresentações menores emenos formais, um local para experimentação, que também voltará comoelemento importante para a construção narrativa da escola.
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Seguindo a sequência das estações, nosso próximo concerto é OVerão, uma composição um pouco mais arrastada, com um refrão de menosalterações. Esta será a narrativa que irá compor nosso auditório.
Fala se do calor da estação no primeiro movimento do Verão. Aindahá os pássaros cantando aqui, mas o canto não é já tão empolgante quanto oque anuncia a primavera. As fontes que antes murmuravam com a brisa agoraestão expostas a ventos mais fortes, e nosso camponês chora pela antecipaçãoda grande tempestade que ele sabe que está por vir e que pode causar estragosa sua plantação.
Descontente e sem nada poder fazer, o camponês se abriga e tentadescansar, mas ele és constantemente incomodado pelas moscas da estação eos trovões que aumentam até que...
Chega a tempestade do terceiro movimento. A composição nestemomento ganha força e se torna muito enérgica, com os ventos mais fortes detoda a peça e muita velocidade nos instrumentos. Como o elemento da chuvaaparece nos outros concertos, dá-se a impressão de que tudo foi umapreparação para o ápice, a grande, assustadora e bela, tempestade.
Da narrativa do verão, os elementos mais marcantes são assensações do camponês, sua ansiedade, antecipação, descanso desassossegado.Dessas sensações parte a escolha de relacioná-lo ao auditório, a espera ansiosae a antecipação do grande acontecimento que dentro dele ocorre. Como dito naprimavera, ele é um edifício subterrâneo que deixa algumas partes expostas,anunciando que está ali, mesmo que escondido, como os trovões a anunciar atempestade. Seu foyer foi pensado dividido em duas partes, superior e inferior,sendo o superior maior, em forma de um grande terraço, grande parte deledescoberto, numa localização de que enquanto se espera, vê-se e se é visto, afim de expor a escola e biblioteca para aqueles que vieram assistir o espetáculoe de convidar quem esta nestes dois, e na rodoviária, a descobrir qual o eventoque está acontecendo naquele momento, convidando-o a participar. A idéia de
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fazer esse foyer aberto era também disponibilizar aos usuários mais um espaçode estar e convívio, ou mesmo para escola um lugar de exposição, ou seja,proporcionar-lhe a possibilidade de ser usado mesmo em dias semapresentações. O segundo foyer é um espaço menor, servindo principalmentede ligação entre os serviços dispostos na estrada do auditório (como banheiro elanchonete).
A bilheteria fica no andar térreo possibilitando a aquisição debilhetes mesmo com o auditório fechado.
Caso haja a necessidade, pode se usar a entrada lateral do auditório(a mesma utilizada para saída de emergência) para que haja um fluxo maior depessoas além do da escada/elevador de acesso contido ao lado da bilheteria.
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O Outono fala sobre festas. É um concerto que lembra muito músicascamponesas de festivais, e é realmente essa a ideia, pois este é o momento dacolheita, comemorar o trabalho de todo um ano e se preparar para o próximo.Neste concerto se baseia a escola de música.
A narrativa desta estação conta das festas da colheita, onde pessoasse divertem, comem, bebem, riem, dançam. É um momento máximo dedescontração.
Fala-se no segundo movimento sobre o fim da festa, as pessoasdescansando depois de tanta diversão, muitas já embriagadas.
O terceiro movimento é sobre uma caçada, temos o som dastrombetas, a descrição da fuga da fera, cães e tiros perseguindo-a, até que ela éalcançada e morta. Novamente festa em comemoração ao sucesso da caçada.
Embora fale sobre um objetivo alcançado, a colheita, este temarepresenta a escola e toda a preparação necessária antes que se alcance umobjetivo (uma formação, uma apresentação, a colheita, a caçada). Tudo issopassa por certo esforço e trabalho antes da conquista.
Mas o principal deste concerto como um todo o convívio, seja nafesta, seja na caçada, ou mesmo no momento em que todos juntos descansam.Pensando nisso, o prédio da escola foi pensado voltado para o palco externoque desenhamos baseada na Primavera. Suas sacadas amplas para permanência,ensaios, conversas, esperas, etc, são desenhadas em forma de arquibancadasque servem para visualizar as apresentações deste palco, do terraço doauditório, movimentação por todo o complexo e mesmo a apreciação daprópria cidade, o vale em que a avenida e a rodoviária estão e todo o fluxo pelaregião.
A escola possui duas entradas, a principal junto a entrada dabiblioteca e uma secundária de frente ao palco e a pequena arquibancada nalateral do prédio. No térreo da escola ainda possui espaço para lanchonetes ecafé e uma pequena praça de alimentação.
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Nosso último concerto, O Inverno, foi o concerto escolhido paraconstruir a Biblioteca.
Ele nos conta sobre o frio. O camponês está com frio e tenta seaquecer se movimentando, mas nada adianta contra tanto frio, e ele continua atremer e bater os dentes constantemente.
Começa então a chover e ele se abriga rapidamente na sua casa,lareira acesa para esquentá-lo, e finalmente ele consegue um pouco detranquilidade, ouvindo a chuva tranquila e os ventos que sopram lá fora.
Mas uma vez obrigado a sair, ele tenta regressar rapidamente paracasa, primeiro tomando cuidado para não escorregar, em seguida tenta correr,mas escorrega e cai. A tarefa é bem difícil, ele sente frio, mas levanta e tentanovamente, tomando cuidado para não cair novamente e não quebrar o gelo.
O projeto da biblioteca é um grande retângulo, dentro do qual seorganizam várias sessões. No mesmo bloco fica a administração da própriabiblioteca, da escola e a curadoria do auditório.
A ideia de erguer todo o volume da biblioteca é que assim ela setornaria um volume mais isolado, acessível somente por uma entrada, isoladocomo o camponês em sua cabana. Mas o isolamento do camponês não écompleto, e nem o é o da biblioteca. Com a sua fachada sul feita em grandeparte por vidro, a biblioteca pode manter com todo o complexo a mesmarelação da chuva no concerto mantem com o camponês, mas nesse caso arelação é visual. Na sua fachada norte, devido ao sol forte, o isolamento semantem , no entanto são abertas janelas laterais, formando pequenos nichosaconchegante para os usuários que dele não tem uma vista da cidade, masvislumbram um pouco dos estares voltados para o bairro, como o vento queentra pelas frestas da porta da cabana.
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