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artigo sobre os fundos da polícia sob guarda do APM
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Dossi 61
O Fundo Chefia de Polcia, acervo composto por mais de 600 mil pginas de documentos relativos atuao do aparato policial mineiro no perodo de 1842 a 1956, foi franqueado pelo APM aos pesquisadores, que ali podem encontrar importantes subsdios para o captulo da construo da ordem em Minas Gerais.
Revista do Arquivo Pblico MineiroRevista do Arquivo Pblico Mineiro
Arquivos da polcia sob o foco da HistriaRodrigo Patto S Motta
estrito comando da Coroa, para os ltimos, enquanto os
primeiros defendiam maior autonomia para as provncias
e as autoridades locais.
Com a vitria dos saquaremas, a tica conservadora
se imps e os rgos de polcia permaneceram sob o
controle do governo imperial, assim como os demais
setores importantes do Estado. Por isso mesmo o acervo
documental comea em 1842, quando o regresso
conservador produziu leis que definiram a forma que
a polcia viria a manter at o fim do Imprio. Alm de
nomear o chefe do Poder Executivo nas provncias (o
presidente), o governo imperial tinha a prerrogativa de
nomear o respectivo chefe de Polcia. A este cabia sugerir
ao presidente de Provncia os nomes para ocuparem
os cargos de delegados e subdelegados de Polcia, que
atuavam em nvel local. interessante mencionar que,
naquele contexto, as normas legais conferiam notvel
poder polcia, em alguns casos atribuies que a cultura
liberal considerava prerrogativas do Judicirio.
Com a proclamao da Repblica, os anseios
descentralizadores puderam ser finalmente atendidos.
A principal mudana foi retirar o controle poltico-
-administrativo exercido pelo Rio de Janeiro (Corte
e depois Distrito Federal), conferindo assim maior
autonomia s elites estaduais. O chefe de Polcia passou
a ser escolhido pelo chefe do Poder Executivo mineiro
(em Minas o cargo era presidente do Estado), ficando o
nomeado subordinado Secretaria do Interior. Durante
os anos iniciais da Repblica, o servio policial foi se
tornando mais complexo, com a incluso de novos tipos
de funcionrios (escrives, agentes, carcereiros) e novas
sees, como o Gabinete de Identificao e Estatstica
Criminal e a Guarda Civil. Mais adiante foram criados o
Gabinete de Investigaes e Capturas (1922) e a polcia
poltica, cuja primeira denominao foi Delegacia de
Ordem Poltica e Social (1927). Nas primeiras dcadas
republicanas novas atividades e setores policiais foram
surgindo, por vezes para atender s mudanas que
ocorriam na sociedade, em outras para contemplar
demandas surgidas nos contextos autoritrios.
Nessa fase, as polcias estaduais exerciam atividades
que depois seriam atribudas exclusivamente Polcia
Federal, como o servio de censura e o controle de
passaportes, por exemplo. Em razo das cada vez mais
amplas atribuies da polcia, em 1956 o governo
estadual fez uma reforma administrativa que lhe deu
maior poder e visibilidade pblica. A antiga Chefia de
Polcia at ento um departamento da Secretaria do
Interior foi extinta e no seu lugar surgiu a Secretaria de
Segurana Pblica e Assistncia Social. O ano de 1956
foi efetivamente um marco na reestruturao da polcia
mineira no mesmo ano, a Delegacia de Segurana
Pessoal e Ordem Poltica e Social (Dops) foi ampliada e
passou de Delegacia a Departamento o que coincide
tambm com o perodo final da documentao do Fundo
Chefia de Polcia.
Breve incurso no acervo documental
A documentao que integra o acervo de tipologia rica
e variada e engloba atividades policiais realizadas na
capital do Estado e em cidades do interior. Os ttulos
das 15 sries que constituem o arranjo do fundo
oferecem uma viso geral sobre o tipo de documentos
ali contidos: correspondncias recebidas e expedidas;
Gabinete de Identificao e estatstica criminal; matrcula
de autoridades, funcionrios, policiais e rus; pessoal;
finanas; contratos; ocorrncias policiais; operaes
policiais; diversos; expediente; construo, manuteno e
fornecimento a cadeias e quartis do Estado; assistncia
a alienados; Guarda Civil da capital e inspetoria de
veculos; servio mdico legal e pronto-socorro policial.
Em meio aos papis distribudos por essas 15 sries
podem ser encontrados: cartas, ofcios, inquritos,
diligncias, mandados de busca, relatrios, registros
estatsticos, contratos, certides, exames periciais,
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi62 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 63
A trajetria das instituies policiais configura
aspecto importante da histria do Estado, portanto, da
histria poltica em sentido tradicional. Entretanto, trata-se
de tema capaz de gerar pesquisas de grande interesse
tambm a partir das perspectivas da histria social e da
histria cultural, como tentarei mostrar neste texto.1
O termo polcia surgiu no perodo clssico, obviamente
derivado de polis, que tambm originou a expresso
poltica. No sentido original, polcia tinha relao com
o ordenamento da cidade e a arte de bem governar.
Posteriormente, o termo passou a ter duas acepes
distintas, embora de sentido aproximado: o conjunto de
leis e regras concernentes administrao da cidade,
desde abastecimento at moralidade e ordem pblica;
os guardies da lei, ou seja, os policiais, cidados
responsveis por defender a cidade dos transgressores das
normas comuns.2
Polcia, portanto, sempre implicou garantia de ordem
pblica e defesa dos valores e costumes dominantes em
uma determinada sociedade. O seu papel fiscalizar e
reprimir os transgressores da ordem, de acordo com um
cdigo de valores estabelecido pela prpria sociedade,
ou, mais frequentemente, pelos grupos sociais dirigentes.
Ainda que a atividade policial gere relaes opressivas
e autoritrias, ou voltadas apenas para defesa dos
interesses da elite, parte dos valores que fundam sua
ao so largamente disseminados socialmente, como a
represso a crimes como roubo e assassinato. A depender
do momento, a polcia pode ser acusada de abuso e
chamada para proteger interesses ofendidos, s vezes,
paradoxalmente, pelas mesmas pessoas.
Com a formao de aparatos estatais complexos, a
partir do mundo moderno, comearam a ser criadas
instituies policiais mais organizadas no interior da
burocracia estatal, e mais distantes da sociedade. No
perodo contemporneo, o surgimento de movimentos
em defesa de liberdades e direitos para afirmao
da cidadania colocou em pauta a necessidade de os
cidados controlarem sua polcia, para que a garantia
da ordem pblica seja compatvel com princpios
democrticos. Em meio luta por instituies policiais
submetidas a regras e valores democrticos, a questo
do acesso pblico aos arquivos policiais tornou-se
fundamental, como mais uma forma de controle social
da polcia. Para alm da relevncia desse tema para o
fortalecimento da cidadania, os documentos policiais
constituem fontes inestimveis para o historiador e
demais pesquisadores interessados.
O Arquivo Pblico Mineiro (APM), recentemente,
disponibilizou para consulta pblica mais um acervo
policial de grande importncia histrica, o Fundo Chefia
de Polcia. Aps um trabalho de organizao que levou
cerca de trs anos, o APM franqueou aos pesquisadores e
ao pblico acesso ao novo conjunto documental. O acervo
composto de aproximadamente 600 mil pginas de
documentos, acondicionados em 465 caixas e 373 livros
que correspondem a 169 metros lineares. Essa enorme
massa documental se explica pela larga temporalidade
abarcada, mais de 100 anos. O Fundo Chefia de Polcia
rene documentos desde 1842 a 1956, um perodo
importante na formao do aparelho do Estado mineiro.
No decorrer desse amplo perodo ocorreram vrias
mudanas administrativas que, evidentemente, no
possvel detalhar no curto espao de um artigo.3
Mas preciso mencionar os principais aspectos dessa
histria poltico-administrativa que, a propsito, o
acervo documental em questo vai ajudar a conhecer
melhor. A trajetria da polcia guarda estreita relao
com a histria do Estado, de que constitui um dos
departamentos mais significativos. No caso brasileiro,
o formato institucional da polcia esteve no cerne das
disputas que dividiram a elite poltica nos anos de
formao da jovem nao independente. Nos anos 1830
e 1840, liberais e conservadores divergiram em relao
estrutura do Estado, que deveria ser centralizado e sob o
No tocante Fora Pblica/PM, que passou a ter
monoplio do policiamento ostensivo com o fim das
Guardas Civis em 1967, quando a ditadura imps
controle mais rgido sobre os policiais militarizados,
sua relao com a Chefia de Polcia precisa ser mais
bem esclarecida. Decerto a fora policial militarizada
era distinta da polcia civil e tinha comando prprio,
no entanto, durante uma parte do perodo ela foi
subordinada tambm ao chefe de Polcia. Por isso, no
acervo encontram-se documentos sobre os quartis
da fora militar, cuja gesto administrativo-financeira
era controlada pela Chefia de Polcia. Na mesma srie
documental constam registros sobre os crceres mantidos
pela polcia, com informaes sobre pagamento de
aluguis, contratos para fornecimento de energia e outros
tipos de gastos, dados muito teis para um mapeamento
do processo de constituio do aparato de segurana.
Alis, o acervo tem muita informao sobre aspectos
administrativos e, principalmente, sobre questes
relacionadas vida funcional dos servidores da polcia,
com registros sobre pagamentos, nomeaes, licenas,
exoneraes, termos de engajamento, entre outros. Com
esse material possvel conhecer melhor o perfil dos
policiais: em que grupos sociais eram recrutados, qual
o seu regime de trabalho e padro de vida, com que
recursos materiais contavam para o exerccio de sua
atividade.
Outras competncias e atribuies
Como a polcia atual, as autoridades de segurana
de pocas anteriores ocupavam-se do processo de
identificao, um trabalho imprescindvel para o
controle social, sobretudo em espaos urbanos cada
vez mais populosos, como no caso brasileiro. Desde
1909 a polcia mineira contou com uma repartio
especfica para o trabalho de identificao. Alm dos
cidados nacionais, a polcia cuidava de controlar as
atividades e o registro dos estrangeiros, por motivos
polticos e por preconceitos culturais. No ltimo caso,
principalmente, devido a imagens recorrentes sobre
documentos apreendidos, processos referentes a
passaportes e registros de identidade, entre outros.
Vale a pena destacar a existncia de vasta documentao
iconogrfica, que rene imagens raras e visualmente
impactantes. H centenas de fotografias que retratam,
entre outras coisas, edificaes usadas como cadeias e
quartis, pessoas acusadas de delito (entre elas, uma
criana de 12 anos), laudos cadavricos e veculos
relacionados a crimes como um automvel dos anos
1930 crivado de balas. No acervo iconogrfico chamam
a ateno, tambm, cartazes de indivduos procurados,
alguns deles criminosos estrangeiros (geralmente
gatunos) foragidos de seus pases, s vezes envolvidos
em histrias de tom folhetinesco. Alm disso, h
exemplares de cdulas e moedas falsas que a polcia
preservou para realizao de atividades investigativas ou,
quem sabe, por causa do fascnio que o material desperta
mesmo ao olhar mais frio. Constata-se que a falsificao
foi crime comum, ao ponto de as autoridades monetrias
terem redigido um manual para facilitar o trabalho
policial de identificar o dinheiro falso. Aparecem registros
semelhantes no caso de bilhetes de loteria falsificados,
atividade que cabia polcia monitorar.
Os documentos da polcia civil mineira guardados no
acervo do APM oferecem possibilidades interessantes
aos historiadores. Eles podem fundamentar pesquisas
que consolidem a historiografia dedicada s instituies
policiais, campo que conta com bons trabalhos, mas
ainda oferece largas avenidas a serem exploradas.
Sobretudo, sero bem-vindas mais investigaes sobre
a histria da polcia no sculo XX, perodo que tem sido
menos visitado pelos pesquisadores.4
Como foi dito, o tema implica tanto abordagens mais
clssicas, voltadas histria poltica e administrativa,
quanto pode sugerir investigaes prximas histria
social e cultural. Seguem algumas incurses exploratrias
com base em extratos da documentao do acervo,
para mostrar algumas linhas que podem ser trilhadas
pelos pesquisadores. H vertentes instigantes a explorar,
tanto seguindo o vis da historiografia renovada quanto
adotando os enfoques clssicos, mesmo porque a
chamada Nova Histria ser beneficiada se puder contar
com apoio de mais pesquisas dedicadas histria das
instituies. E h muito ainda a pesquisar sobre a histria
poltica mineira e sobre a formao do Estado e suas
instituies, notadamente a polcia.
Nesse sentido, uma das questes a explorar a relao
entre a formao do Estado e a constituio dos aparatos
policiais, o que implica o tema das alianas e das
disputas entre o poder central e o poder regional. Que
impacto efetivo a implantao da Repblica teve sobre
a organizao da polcia? Houve de fato autonomia ou a
polcia carioca seguiu influenciando as suas congneres
estaduais? Considerando tambm os conflitos entre
diferentes faces situadas dentro do Estado, qual o papel
exercido pelos aparatos policiais nas disputas pelo poder?
Alm disso, o acervo vai ser til para esclarecer o
processo de constituio da prpria polcia, tema ainda
no devidamente esclarecido. Por exemplo, ser possvel
entender melhor a instituio da polcia judiciria (civil)
e da polcia militar como corpos separados. Desde os
primrdios da Repblica, essa diviso se cristalizou,
com a formao da Fora Pblica5 atual Polcia Militar
(PM) como corpo armado e treinado para a guerra, se
necessrio, paralelamente existncia da polcia civil,
responsvel por investigaes e processos criminais. No
obstante existisse uma polcia de tipo militarizado, pelo
menos desde o sculo XIX, o aumento do investimento
nessa fora armada decorreu da estratgia das
lideranas estaduais para garantir a autonomia diante
do poder federal.6 Entre as funes da Fora Pblica
e, em seguida, da PM estava o policiamento ostensivo.
Entretanto, durante parte do sculo XX existiu tambm
uma Guarda Civil, igualmente responsvel por atividades
de policiamento preventivo.
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi64 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 65
Fotografias de indivduos registrados como criminoso (1899), ladro (1907) e gatuno no identificado (sem data), sendo os dois primeiros do Rio de Janeiro. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia, srie Operaes Policiais POL 062, POL 064, POL 082.
e vrios feridos. Outro crime comum nos arquivos
o chamado uxoricdio, o assassinato da esposa pelo
marido e, nesse caso, no se pode afirmar que a
frequncia tenha diminudo, embora a expresso hoje
soe um pouco bizarra. A violncia domstica uma
questo plena de atualidade e que pode ser pesquisada
desde o prisma da histria.
Em meio aos papis aparecem outros temas
interessantes a investigar no campo da cultura e
dos valores. No obstante a legislao da Repblica
estabelecesse a liberdade de culto religioso, na
realidade, o respeito a esse direito nem sempre era
observado, notadamente quando se tratava de prticas
realizadas por grupos populares. Existem alguns estudos
sobre a represso policial aos cultos afro-brasileiros,
principalmente na Bahia,9 mas pouco se sabe sobre a
situao em Minas Gerais. No que se refere relao
do Estado com a religiosidade, a documentao da
polcia mineira revela algumas surpresas. As autoridades
policiais podem ter atuado para reprimir cultos no
dominantes, porm, na direo diametralmente
contrria, foram tambm acionadas para defender o
direito liberdade religiosa. No primeiro caso, h na
documentao alguns processos de investigao policial
sobre o espiritismo e a prtica de macumba, nesse
ltimo caso envolvendo o argumento de que se trataria
de espcie de curandeirismo.
os perigos associados aos estrangeiros, considerados
portadores de costumes e, s vezes, ideologias exticas.
No quadro de descentralizao do poder estatal
caracterstico da Repblica Velha coube s autoridades
estaduais o controle dos passaportes dos estrangeiros,
grupo numeroso devido ao crescente fluxo imigratrio.
A polcia estadual cuidava igualmente de processos
de naturalizao, no obstante eles dependessem da
chancela federal. Mesmo depois da centralizao de
poder empreendida pelo Estado Novo, alguns Estados
continuaram a monitorar os estrangeiros, porque a polcia
do governo federal no tinha meios para faz-lo, o que
veio a mudar com a criao do Departamento de Polcia
Federal, em 1967.
A partir da anlise do acervo podemos perceber
algumas mudanas nas atribuies da polcia ao
longo do tempo, j que em pocas passadas ela tratava
de questes estranhas ao universo policial de hoje.
Um exemplo aparece na denominao de uma das
sries do Fundo: a assistncia a alienados. Durante
muito tempo foi trabalho da polcia recolher as pessoas
consideradas loucas e providenciar sua internao
em hospcios. A maioria dos alienados recolhidos era
enviada para a instituio pblica situada em Barbacena,
que se tornou lugar clebre no imaginrio social e
inspirao para ditos jocosos (e preconceituosos).7
A questo reveladora das diferenas nos valores e
nas atitudes diante dos problemas mentais. Se
atualmente h uma sensibilidade maior em relao aos
direitos das pessoas nessa condio, em um passado
nem to distante a loucura era caso de polcia. No
se trata de dizer que a polcia reprimia os considerados
loucos, pois ao que parece os policiais deveriam
contribuir com a assistncia aos alienados ao
retira-los das ruas e envi-los para hospcios onde
seriam tratados. Ainda assim, o fato de a polcia ser
acionada nesses casos revela uma concepo
que aproximava a loucura de desvios sociais graves
como o crime.
Outro aspecto peculiar da atuao policial em perodos
anteriores diz respeito ao controle sobre entidades
associativas, que hoje seria considerada intromisso
indevida nos direitos dos cidados. Os arquivos
policiais contm registros sobre entidades as
mais diversas, como clubes de lazer, associaes
carnavalescas, grmios literrios e clubes de futebol.
Era necessria autorizao policial para o funcionamento
de tais entidades, embora compreenso mais precisa
dos mecanismos desse controle demande incurso mais
profunda no acervo. O fato de a polcia ter guardado
os estatutos de certas entidades indica a existncia
de controle, cuja motivao era coibir a existncia de
organizaes sociais desviantes em relao aos valores
polticos e morais dominantes.8
Quanto represso aos crimes, assunto que,
naturalmente, ocupa parte importante do acervo,
os documentos oferecem muitos caminhos a serem
explorados, alguns deles prximos ao enfoque da histria
social. Primeiramente, podem-se fazer estimativas sobre
a quantidade de pessoas presas em diferentes perodos,
pois a Chefia de Polcia se ocupava regularmente da
chamada estatstica policial. No arquivo h vrios mapas
e levantamentos estatsticos sobre os crimes cometidos
no Estado, considerando tanto as localidades de
ocorrncia como a tipologia dos delitos. Observando-se
os registros policiais, fica a impresso de que havia
elevado ndice de ocorrncias de crimes hoje menos
frequentes, ou menos relevantes nas estatsticas
criminais. Por exemplo, h inmeras menes ao crime
de abigeato que o termo jurdico para o furto de
animais , cuja incidncia compreensvel em vista de
tratar-se poca de sociedade predominantemente rural.
Mencionarei especificamente um episdio por ter sido
especialmente violento e envolver verdadeiro mito das
zonas rurais brasileiras, os ciganos. Em 1940, no vale
do rio Jequitinhonha, nas proximidades de Diamantina, a
polcia perseguiu e trocou tiros com um grupo de ciganos
acusado de roubar animais, de que resultou uma morte
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi66 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 67
Vista frontal da Cadeia Pblica de Itanhomi, MG, 1938. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia POL 003 (01).
comunistas e integralistas, ocorreu episdio marcante
em Uberlndia. Segundo o registro policial, um grupo
de militantes comunistas teria espancado e humilhado
o padre Alaor Porfrio, que viera cidade para fazer
palestras de natureza religiosa. O tipo de pregao do
padre no explicado nas fontes, mas provavelmente
tinha algum contedo poltico, de outro modo, no
haveria explicao para as agresses. Ele teria sido
retirado da casa paroquial noite, sob a mira de
revlver, e depois espancado e amarrado a um poste.
A polcia foi mobilizada para investigar o episdio e
as suspeitas recaram sobre professores e alunos do
Ginsio de Uberlndia, instituio com fama de abrigar
esquerdistas.10
No acervo do Fundo Chefia de Polcia encontram-se
outros documentos teis para conhecer mais
profundamente os embates polticos dos anos 1930,
sobretudo em cidades do interior. Ainda no campo das
aes da esquerda h registros sobre greves at agora
desconhecidas, como uma paralisao de marinheiros
na cidade de Pirapora, porto do rio So Francisco, em
maro de 1935. Na outra ponta do espectro ideolgico,
existe bastante material sobre os ncleos integralistas em
Portanto, h registros a serem explorados para estudar
como a polcia mineira foi mobilizada em aes que
podem ter implicado represso a prticas e cultos
dissonantes em relao religio dominante. Porm,
surpreendentemente, houve situaes em que a polcia
foi chamada para proteger os direitos constitucionais de
religiosos no catlicos. Nesses casos, significativamente,
os reclamantes diziam-se perseguidos pela intolerncia
no do Estado, mas de grupos concorrentes no campo
do sagrado. Trata-se de manifestaes de pastores
protestantes que denunciaram polcia a violncia de
que foram vtimas, sempre em cidades do interior, como
Alm Paraba e Carmo do Rio Claro. H exemplos dessa
natureza desde 1897 at 1938, sendo que, num episdio
em que a polcia foi mobilizada, um templo protestante
foi incendiado, motivando uma demanda do pastor ao
chefe de Polcia exigindo proteo com base nas garantias
constitucionais referentes liberdade de religio.
Conflitos de natureza religiosa (imbricados poltica)
comparecem em outros registros documentais da polcia,
uma amostra da sua importncia no cenrio pblico.
Um exemplo: no ms de agosto 1935, em meio s
disputas esquerda versus direita protagonizadas por
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi68 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 69
Automvel do prefeito de Gro Mogol alvejado a tiros. Gro Mogol, MG, 1938. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia, srie Ocorrncias Policiais POL 046.
Fotografia anexa ao inqurito policial referente exploso de dinamite ocorrida no Comando Militar de Porto Novo do Cunha, no contexto da Revoluo de 1930. Alm Paraba, MG, 1930. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Secretaria do Interior (SI), subsrie 6.1, cx. 05, pc. 59.
Por fim, o APM possui tambm acervo expressivo sobre
a polcia poltica, um segmento do aparato de segurana
particularmente importante no caso do Brasil. A polcia
poltica o setor especializado na defesa do Estado, ou
seja, seu papel investigar e reprimir crimes considerados
polticos (subverso, conspiraes revolucionrias,
atentados etc.). Devido a peculiaridades do pas, no
Brasil a polcia poltica assumiu uma feio estadual,
pois seu surgimento como rgo especializado se deu
no quadro federalista da Repblica Velha. Coube ao
governo federal a primeira iniciativa, com a criao da
4a Delegacia Auxiliar, que tinha entre suas atribuies o
trabalho de polcia poltica. Significativamente, a nova
repartio surgiu no marcante ano de 1922, em que
ocorreram, entre outros eventos, a primeira rebelio
da jovem oficialidade militar e a criao do Partido
Comunista. A nova delegacia, porm, tinha sua ao
restrita ao Distrito Federal. Alm disso, como eram ciosos
de sua autonomia e, em certos casos, tambm temiam
a ao de grupos revolucionrios, os governos estaduais
criaram sua prpria polcia poltica. A iniciativa do
governo federal logo foi secundada pelo Estado de So
Paulo, que em 1924 criou a Delegacia de Ordem Poltica
e Social (Dops). Essa parece ter sido a primeira delegacia
a adotar a denominao que ficaria to conhecida nos
anos vindouros, dando origem famosa (e temida) sigla.
Em 1927 seria a vez do governo mineiro, que criou a
Delegacia de Segurana Pessoal e Ordem Poltica e Social.
cidades do interior, o que permitir investigar melhor a
atuao da Ao Integralista Brasileira (AIB) em Minas
Gerais. Podem ser encontrados tanto documentos sobre
os conflitos dos integralistas com a esquerda, ou seja,
aliancistas (membros da Aliana Nacional Libertadora) e
comunistas, quanto sobre as atividades de organizao
da AIB: atas, cartas e publicaes. H tambm muitos
processos de investigao realizados pela polcia,
sobretudo na fase em que os integralistas se tornaram
alvo do Estado, ou seja, depois de 1938.
Documentos policiais em outros fundos do APM
O acervo do Arquivo Pblico Mineiro possui outros
fundos que contm documentos de natureza policial.
Considerando os objetivos deste, artigo vale a pena
mencionar essas outras fontes embora de maneira
breve , j que so tambm importantes para pesquisar
a organizao e a atuao das foras de segurana em
Minas Gerais. De fato, esses outros acervos documentais
so complementares em relao ao Fundo Chefia de
Polcia e, se pesquisados em conjunto, podem oferecer
um quadro mais completo da atividade policial no
Estado. Na verdade, algumas sries documentais foram
separadas por simples convenincia administrativa,
apesar de conterem registros de natureza semelhante.
Assim, os documentos enviados pela Chefia de Polcia
Secretaria do Interior, qual estava subordinada, ficaram
guardados nos arquivos dessa Secretaria, e no nos da
polcia. Eles podem ser consultados no Fundo Secretaria
do Interior, na srie documental Polcia. A Secretaria do
Interior, vale a pena ressaltar, durante muitas dcadas foi
um rgo central na gesto estadual, pois era responsvel
por vrias reas de atuao do Estado que posteriormente
foram transformadas em secretrias autnomas (como
Segurana, Educao, Sade e Justia).
Na documentao preservada no Fundo Secretaria do
Interior existe outra srie documental significativa para os
interessados em pesquisar a polcia. Refiro-me
srie Fora Pblica, que corresponde aos documentos da
instituio que deu origem atual Polcia Militar.
So documentos importantes para o estudo das origens
da Polcia Militar nas primeiras dcadas republicanas,
com registros sobre despesas, fardas (usavam calas
de cor branca!), armamento, entre outros itens. Ainda
no Fundo Secretaria do Interior h mais duas sries
documentais teis aos estudiosos da polcia, assim
como aos pesquisadores da histria poltica: as sries
Revoluo de 1930 e Revoluo de 1932. Entre outros
temas, elas contm registros sobre o recrutamento e a
movimentao das tropas mobilizadas que, em grande
medida, foram compostas por soldados da Fora Pblica.
H tambm cartas, boletins militares, manifestos,
telegramas e relatrios de operaes.
Entre os papis referentes Revoluo de 1930
destaca-se um episdio trgico. Os eventos blicos
ocorridos em Minas Gerais naquela ocasio so
relativamente conhecidos, como o cerco ao quartel
do 12o Regimento de Infantaria do Exrcito, em
Belo Horizonte, que provocou a morte de militares
e civis.11 Houve, porm, um incidente relacionado
a esse conflito militar que permaneceu virtualmente
desconhecido, embora provavelmente tenha gerado
mais mortes que os tiroteios em Belo Horizonte.
Em dezembro de 1930, quando a guerra j tinha
acabado, um paiol de munies estocadas para uso no
conflito explodiu, nas proximidades do entroncamento
ferrovirio de Porto Novo do Cunha. A exploso destruiu
vrios imveis e matou dezenas de pessoas.
A polcia da capital foi chamada para investigar se havia
implicaes criminosas, bem como para identificar as
vtimas e mensurar os prejuzos trabalho que gerou
um levantamento fotogrfico de cadveres e casas
destrudas. A gravidade da exploso chamou a ateno
do Exrcito e da Embaixada dos Estados Unidos, que
pediram Chefia da Polcia mineira cpia dos processos
de investigao.
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi70 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 71
Peas de corpo de delito apreendidas em conflito eleitoral em Alm Paraba, MG, 1897. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia, srie 8, cx. 18, pc. 21.
A delegacia de polcia poltica mineira foi renomeada
depois como Delegacia de Ordem Pblica (DOP), antes
de adotar a denominao Dops, que foi mantida at a
extino do rgo, nos anos 1980.12 De uma modesta
delegacia nos anos 1920, o Dops mineiro cresceu
at ser transformado em Departamento, em 1956,
em meio reforma administrativa que transformou a
Chefia de Polcia em Secretaria de Segurana Pblica.
Na fase inicial do regime militar o Dops viveu outro
surto de crescimento, graas ao empenho dos governos
autoritrios em preparar melhor as foras de segurana
para reprimir o desafio das esquerdas e de outros
grupos de oposio. Durante esse perodo o mineiro
chamou para si o trabalho de combater outro tipo de
subverso, as drogas, com a criao da chamada
Brigada do Vcio. A iniciativa pode parecer inusitada,
entretanto, era coerente com as peculiaridades da polcia
poltica brasileira. De fato, a polcia especializada foi
incumbida de cuidar no apenas da manuteno da
ordem poltica, mas tambm da ordem social. Mais do
que defender o Estado e seus ordenamentos bsicos, os
Dops foram encarregados de preservar a ordem social
dominante, o que significava a defesa da propriedade e
dos valores morais tradicionais. Por isso, as pesquisas
que podem ser realizadas tomando como base a
documentao da polcia poltica so mais amplas do
que poderia parecer.
Implicaes polticas
A criao do Fundo Dops foi precedida por uma
batalha poltica. Nos anos 1990, quando o rgo j
estava extinto, os deputados estaduais aprovaram
lei determinando o recolhimento dos documentos ao
APM, mas o Estado s a cumpriu aps uma Comisso
Parlamentar de Inqurito (CPI) ter vistoriado as
dependncias policiais em busca do material, em 1998.
Aps essa presso poltica, que foi secundada pela ao
de alguns grupos de direitos humanos, o Estado entregou
ao APM 98 rolos de microfilme correspondentes a
cerca de 200 mil pginas. O Fundo Dops foi aberto
consulta pblica em 2006, aps trabalhoso processo
de organizao, dado que os microfilmes no vieram
acompanhados de adequado instrumento de pesquisa.13
Durante a leitura dos documentos para estabelecimento
do arranjo ficou claro que o material estava incompleto,
pois havia poucos registros referentes aos anos de 1970
e 1980. Como os membros da CPI estadual encontraram
um nmero de rolos de microfilmes maior do que o
recebido pelo APM, fortes eram os indcios de que a
Secretaria de Segurana ainda guardava documentos
relativos polcia poltica. Uma sutileza administrativa foi
utilizada pelos agentes do Estado para no disponibilizar
todos os documentos. No incio dos anos 1970, no
auge da represso poltica, o governo estadual criou a
Coordenao de Segurana (Coseg), um rgo cujas
atividades ainda so pouco conhecidas, mas, certamente,
tambm tinha atribuies de polcia poltica. Quando
ocorreu a entrega dos arquivos do Dops, o acervo da
Coseg foi mantido na Secretaria de Segurana com o
argumento de que a demanda para recolhimento se
restringia aos documentos do primeiro.
Recentemente, e por interveno da Procuradoria da
Repblica, o acervo da Coseg finalmente foi incorporado
ao Arquivo Pblico. A Procuradoria demandou do governo
estadual o acesso pblico ao acervo desse rgo, o que
foi atendido em maro de 2013. Portanto, o APM viu
seu j expressivo acervo policial ser enriquecido com
mais um fundo significativo, um conjunto documental
que comear a ser organizado em breve. A Secretaria
de Defesa Social (sucessora da Secretaria de Segurana)
entregou ao APM 521 rolos de microfilmes que, na
maioria, correspondem efetivamente a documentos de
polcia poltica. Nmeros exatos s estaro disponveis
aps o trabalho de organizao, mas o novo Fundo
contar com centenas de milhares de registros policiais
referentes aos anos de 1970 e 1980, informaes
preciosas para o estudo da fase mais aguda da ditadura e
dos perodos de distenso e abertura.
Enfim, espero que o propsito deste artigo tenha sido
alcanado: apresentar ao leitor um dos acervos mais
importantes para a histria da administrao pblica em
Minas Gerais. O estudo da polcia revelar aspectos da
construo do aparato estatal mineiro, com destaque para
suas estratgias de coero e controle. Entretanto, ele
mostrar tambm as debilidades e fracassos de algumas
iniciativas: nem sempre a ordem levou a melhor. Por
outro lado, as pesquisas podero mostrar a complexidade
das relaes entre a sociedade e o aparelho policial, que,
muitas vezes, objeto de crticas e repdio, mas, tambm
acionado em defesa de direitos lesados. Alm disso,
frequentemente as aes repressivas encontram respaldo
em certos grupos sociais, cujos valores coincidem com
os das instituies policiais. Tomara este texto ajude a
atrair o interesse de jovens pesquisadores para esses
promissores acervos documentais, que permitem explorar
tema ainda pouco visitado pela historiografia.
REsuMO | O artigo oferece uma apresentao geral dos acervos docu-mentais do Arquivo Pblico Mineiro referentes histria da polcia esta-dual. Confere-se nfase especial ao Fundo Chefia de Polcia, um dos mais importantes para a histria da administrao pblica em Minas Gerais, mas so comentados tambm outros acervos importantes, sobretudo relativos polcia civil, polcia militar e polcia poltica. O objetivo principal chamar a ateno para a riqueza de informaes contidas nesses acervos e incentivar a realizao de pesquisas que possam trazer contribuio inovadora historiografia.
ABSTRACT | This article offers a general introduction to the document collection of the Minas Gerais Public Archives in regard to the history of the state police. Special emphasis is given to the Chief of Police Archive, one of the most important for the history of public administration in Minas Gerais. Other important collections are treated as well, principally those related to the civil police, the military police, and the political police. The primary objective is to call attention to the wealth of information contained in these collections and to foster the carrying out of research that can provide innovative and historiographical contributions.
Notas |
1. Agradeo a Thiago Veloso Vitral e a Christiane Las Fonseca da Costa, que me ajudaram na incurso ao acervo do Fundo Chefia de Polcia.
2. Cf. MONET, Jean-Claude. Polcias e sociedades na Europa. So Paulo: Edusp, 2001. p. 20.
3. Para uma histria sinttica da polcia judiciria em Minas Gerais, ver texto manuscrito de Guilherme Meirelles da Costa, disponvel no APM.
4. Cf. BRETAS, Marcos Luis; ROSEMBERG, Andr. A Histria da Polcia no Brasil: balano e perspectivas. Topoi. Revista de Histria, Rio de Janeiro, v. 14, n. 26, p. 162-173, jan./jun. 2013.
5. Nos anos iniciais da Repblica as denominaes oficiais utilizadas foram, sucessivamente, Corpo Militar de Polcia, Brigada Policial e Fora Pblica.
6. Na verdade, como demonstrou Francis Cotta (Matrizes do sistema policial brasileiro. Belo Horizonte: Crislida, 2012), as razes militares do servio policial estavam presentes desde o sculo XVIII. Entre os raros estudos sobre a histria da polcia em Minas Gerais, vale a pena conferir tambm VELLASCO, Ivan de Andrade. Policiais, pedestres e inspetores de quarteiro: algumas questes sobre as vicissitudes do policiamento na provncia de Minas Gerais (1831-1850). In: CARVALHO, Jos Murilo de (Org.). Nao e cidadania no Imprio: novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2007. p. 238-265.
7. O Hospital Colnia de Barbacena foi criado em 1903, como parte da poltica de assistncia pblica aos alienados. . Acesso em: 8 jul. 2013.
8. Sobre as relaes da polcia com entidades carnavalescas no caso do Rio de Janeiro, ver PEREIRA, Leonardo A. Miranda. E o Rio dan-ou. Identidades e tenses nos clubes recreativos. In: CUNHA, Maria Clementina Pereira (Org.). Carnavais e outras frestas. Campinas: Editora da UNICAMP, 2002. p. 419-442.
9. Cf. BRAGA, Julio. Candombl da Bahia: represso e resistncia. Revista USP, v. 18, p. 54-59, 1993.
10. O caso foi divulgado pela imprensa e mereceu registro tam-bm no livro de tombo da Arquidiocese de Uberaba. Disponvel em: . Acesso em: 8 jul. 2013.
11. As mortes de civis atribudas a balas perdidas foram comuns ao ponto de o assunto ser mencionado em poema de Carlos Drummond de Andrade (Outubro 1930).
12. Exceto por um breve perodo nos anos 1960, quando o nome mudou para Departamento de Vigilncia Social.
13. Cf. MOTTA, Rodrigo Patto S. O ofcio das sombras. Revista do Arquivo Pblico Mineiro, Belo Horizonte, v. XLII, n. 1, p. 52-67, 2006.
Rodrigo Patto s Motta professor associado do Departamento de Histria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisador do CNPq nos grupos de pesquisa Histria Poltica, Culturas Polticas na Histria (lder) e Grupo de Trabalho Nacional de Histria Poltica. autor de Em guarda contra o perigo vermelho: o anti-comunismo no Brasil (1917-1964); Introduo histria dos partidos polticos; e Jango e o golpe de 1964 na caricatura, entre outras publicaes.
Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi72 | Rodrigo Patto S Motta | Arquivos da polcia sob o foco da Histria | 73
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25.
Verso em ingls do pedido de captura e extradio, com o valor de recompensa, do suspeito de desvio de fundos do Banco Nacional da Sucia, supostamente em fuga para a Amrica, com sua mulher. Emitido tambm em espanhol,
italiano, francs e alemo. Falun, Sucia, 1907. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia, srie 9, cx. 56, pc. 05. Notas falsas apreendidas pela polcia na Comarca de Muzambinho, MG, 1899. Arquivo Pblico Mineiro, Fundo Chefia de Polcia, srie 8, cx. 40, pc. 07.
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