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Resumo
Abstract
Keywords
1. Introdução
Cifras bilionárias movimentam, anualmente, o mercado farmacêutico no
Brasil. A extensa produção/consumo de medicamentos provoca o acúmulo
de resíduos farmacêuticos que permanecem no ambiente por longos
períodos,uma vez que entre 50 e 90% da dosagem inicial de um
medicamento permanece inalterada quando excretada e persiste no meio
ambiente acarretando sérios riscos socioeconômicos e ambientais.
(BALBINO, E. C.; BALBINO, M. L. C.)
Estimativas do World Health Organization (WHO) mostram que o volume
total de resíduos de serviços de saúde gerados por pessoa por ano nos
países em desenvolvimento, giram em torno de 0,5 kg a 3 kg, valor que
podem estar subestimado pela WHO, uma vez que em alguns países os
resíduos de serviços de saúde são classificados como resíduos perigosos, e
quantificados junto com outros resíduos de outra origem origem de (WHO,
1999).
http://www.aedb.br/seget/artigos12/30716721.pdf
Estudos demonstram a presença de produtos farmacêuticos na água.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, o ciclo de vida dos
produtos farmacêuticos foi analisado e foi determinado que a maior
contribuição para a de fármacos no meio ambiente não são as operações de
fabricação, mas o uso e ações dos consumidores. (NEIT/IE-Unicamp, 2013)
Toneladas de medicamentos anualmente produzidas para uso na medicina
humana e veterinária, acabam sendo liberados no meio ambiente de maneiras
diferentes (PAGNUSSAT et al, 2013) .
TAMBOSI (2008) afirma que não se conhece muito sobre o comportamento e
destino de fármacos e seus metabólitos no ambiente aquático, porém a baixa volatilidade
apresentada por esses compostos indica que sua distribuição no meio ambiente acontecerá
principalmente por meio de transporte aquoso, através da cadeia alimentar e por dispersão.
Os rincipais problemas sociais e ambientais associados aos resíduos
de medicamentos e aos medicamentos com prazos de validade expirados
nos domicílios e sem descarte adequado (NEIT/IE-Unicamp, 2013):
Intoxicação acidental de crianças e adultos;
Abuso intencional de drogas;
Impactos na qualidade da água;
Efeitos deletérios sobre a saúde pública; e
Impactos negativos sobre a vida áquática.
Resistência bacteriana
A geração de RSS deve ser controlada e minimizada a fim de se
manter em níveis aceitáveis, que devem ser estabelecidos por consensos
internacionais. A Agência de Proteção Ambiental Americana (Enviromental
Protection Agency – EPA) define que a redução de resíduos deve resultar na
diminuição do volume total e da quantidade de resíduos perigosos, assim
como na toxidade do resíduo ou em ambas, com o objetivo de minimizar os
danos presentes e futuros à saúde humana e ao meio ambiente.
O presente estudo tem por objetivo caracterizar as principais fontes
de contaminação assim como apontar ações que minimizem a
contaminação ambiental e os agravos à saúde advindos do descarte
incorreto de produtos farmacêuticos através de uma pesquisa
bibliográfica/webibliográfica, sendo utilizados para o estudo textos e
legislações relacionadas ao assunto que forneceram o embasamento teórico
necessário para a construção do tema econsequentemente, o alcance dos
objetivos propostos.
2 Material e Métodos
Para a construção desse trabalho de revisão bibliográfica, foram
selecionadas
legislações, teses, monografias, artigos e publicaçõ es relacionadas ao “a
contaminação ambiental por produtos farmacêuticos”, “descarte indevido
de medicamentos”. Os termos destacados foram utilizados como o
principal descritor de busca.
Na pesquisa das legislações, a principal fonte de pesquisa foi o site da
Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Ministério do Meio
Ambiente.
Também, foram utilizados como instrumentos de pesquisa a base de
dados da área da Saúde Bireme, Scileo, governamentais e universidades.
Os artigos científicos, teses e monografias foram, preferencialmente, os
publicados entre 2000 e 2014.
3 Resultados e DISCUSSÃO dos resultados
As principais fontes de contaminação ambiental por produtos
farmacêuticos se apresentam como um Iceberg conforme a Fig. 1.
Figura 1 – Representação das fontes de contaminação ambiental por
produtos farmacêuticos.
A parte aparente, é a cadeia produtica e o descarte de medicamentos
no âmbito comercial, na parte submersa encontram-se os fármacos
descartados indevidamente no âmbito domiciliar e pela excreção dos
farmacos não metabolizados por animais e humanos.
3.1 Contaminação ambiental decorrente da cadeia produtiva de
medicamentos
Para GIL et al (2007, p.1) o setor farmacêutico representa um importante
gerador de resíduos o que se deve , “a complexidade dos mecanismos de
reação envolvidos nas rotas de síntese e análise de fármacos, o usual
consumo de solventes nas etapas de purificação, entre outros aspectos”.
A cadeia de produção de fármacos também se apresenta como uma
potencial fonte de contaminação de corpos hídricos por compostos
farmacologicamente ativos (ZAPPAROLI, 2012).
As indústrias farmacêuticas geram grande quantidade de resíduos sólidos o
que se deve aos medicamentos rejeitados pelo controle de qualidade, assim como
à evolução e ao recolhimento de medicamentos do mercado. As Boas Práticas de
Fabricação que tem como diretriz a RDC nº 210 que preconiza o tratamento dos
efluentes líquidos e emissões gasosas antes do lançamento e também a destinação
adequada dos resíduos sólidos( FALQUETO, E.; KLIGERMAN, D.C.; ASSUMPÇÃO, R. F.,
2010).
O descarte indevido de resíduos de indústrias farmacêuticas representa
um exemplo de uma fonte pontual de contaminação ambiental. Nesse Aspecto
o enrijecimento da legislação ambiental, em função dos riscos envolvidos e dos
prejuízos “advindos do não cumprimento desta legislação impõem custos
sociais muito altos”, incentivou a indústria farmacêutica a “procurar sistemas
eficazes que provoquem a redução de seus impactos ambientais”, a fim de
comercializar produtos de boa qualidade e “linhas de produção que não
conduzam à degradação ambiental” (ZAPPAROLI, 2012, p.2).
Para GIL et al (2007) até pouco tempo o problemática da geração de
resíduos tinha como foco principal os grandes geradores de resíduos de
saúde(GRSS) como as indústrias. Para eles esse paradigma mudou devido
inerente potencial de risco ambiental e/ou ocupacional relativos aos resíduos
químico e farmacêuticos gerados por pequenos geradores de resíduos
(GRSS), assim como por micropoluidores. Vale lembrar que “as questões
ambientais e legais, bem como os procedimentos básicos de um plano de
gerenciamento de resíduos são igualmente aplicáveis aos pequenos GRSS´s”
(GIL et al, 2007, p.23).
Um exemplo de pequeno GRSS é a farmácia de manipulação que tem
“apresentado um expressivo crescimento no mercado brasileiro, conseguindo
aumentar de forma considerável a sua clientela, principalmente porque seus
produtos chegam a ser em média 40% mais baratos” (GUIMARÃES, 2004,
p.9). Para GUIMARÃES (2004, p.10) “o aumento no número desses
estabelecimentos comerciais pode gerar um grande prejuízo ao meio ambiente,
pois nessas existe um grande desperdício de água, além da grande quantidade
de resíduos químicos que são eliminados, desde o resto de reações até
princípios ativos vencidos”.
GIL et al (2007,p.23) afirmam que a diferença no gerenciamento
resíduos em um grande gerador de resíduos e um pequeno gerador de
resíduos está no tratamento e na disposição final principalmente no que diz
respeito a dificuldade de se implantar mecanismos de controle e fiscalização
eficientes aos pequenos GR´s. Para ele esse fato “faz prevalecer a cultura do
descarte na pia”.
No que concerne ás farmácias de manipulação a própria água de
lavagem de materias e equipamentos é uma fonte de contaminação ambiental
uma vez que a RDC nº 50/2002, subitem 7.1.3 diz que “caso a região onde o
EAS estiver localizado tenha rede pública de coleta e tratamento de esgoto,
todo o esgoto resultante desse pode ser lançado nessa rede sem qualquer
tratamento. Não havendo rede de coleta e tratamento, todo esgoto terá que
receber tratamento antes de ser lançado em rios, lagos, etc. (se for o caso)”. A
RDC n.º 306/2004, subitem 13.3.1 reafirma que “Os resíduos líquidos
provenientes de esgoto e de águas servidas de estabelecimento de saúde
devem ser tratados antes do lançamento no corpo receptor ou na rede coletora
de esgoto, sempre que não houver sistema de tratamento de esgoto coletivo
atendendo a área onde está localizado o serviço, conforme definido na RDC
ANVISA nº. 50/2002.”
GUIMARÃES (2004, p. 3) ainda afirma que “Os resíduos que são
passíveis de destruição/neutralização no próprio laboratório, para posterior
descarte na pia, não deverão ser acumulados”. É sempre mais fácil e menos
perigoso o tratamento de pequenas quantidades dos resíduos. O tratamento
destes resíduos deverá ser feito no próprio laboratório que os gerou.
AMÔEDO (2008) enfatiza que essa medida deve estar associada á
implementação de um programa de redução do consumo de água afim de
minimizar o impacto da geração de efluente durante lavagens de vidrarias e
materiais usados em laboratórios, a poluição do solo e da água, o risco de
contaminação do lençol freático e a intoxicação por ingestão de água
contaminada
Na busca da minimização do impacto ambiental de um tratamento e o
descarte final de RSS deve-se (GIL et al, 2007):
• Avaliar possibilidade de Reciclagem/Reutilização
• Efetuar tratamento requerido, avaliando opções disponíveis.
• Avaliar possibilidades de descarte (impacto x custo)
3.2 Contaminação ambiental decorrente do descarte indevido de
medicamentos
No âmbito hospitalar, comercial o descarte e o gerenciamento de
resíduos de saúde (RSS) são gerenciados por regulamentação específica.
(ZAPPAROLI, 2012; GUIMARÃES, 2004; AMOÊDO, 2008). Em diversos
municípios renovação da licença sanitária destes estabelecimentos só é feita
mediante a apresentação do contrato firmado com a empresa que irá realizar a
destinação final dos resíduos de saúde o que minimiza o descarte indevido do
resíduos de saúde por essas empresas.
Outra forma de liberação de fármacos no ambiente resulta do descarte
indevido de medicamentos ou das suas embalagens no âmbito domiciliar, o
que se deve a aquisição de medicamentos durante o tratamento médico que
muitas vezes, não são utilizados por completo e acabam sendo armazenados
para um possível consumo posterior, “tais sobras acabam sendo descartados
como lixo doméstico ou esgoto comum” (PAGNUSSATet al, 2013, p.888).
O Brasil ainda não possui uma regulamentação específica em âmbito nacional
para o gerenciamento e destinação final adequada dos medicamentos descartados pela
população. Em alguns municípios observa-se “diversas regulamentações e iniciativas
de recolhimento, devolução, doação e descarte de resíduos de medicamentos pela
população” (JESUS et al, 2013).
O descarte casual de medicamentos pode ser minimizado com a
atuação em conjunto da população, dos governantes e do profissional
farmacêutico a fim de solucionar esse grave problema ambiental. (BALBINO,
E. C.; BALBINO, M. L. C.)
Por parte dos governantes deve-se cria leis para a obrigatoriedade
da implantação de pontos para coleta dos medicamentos não utilizados ou
vencidos nos locais onde houve a aquisição do produto, mediante
apresentação da nota fiscal, ou seja, nas farmácias e drogarias para que os
mesmos sejam encaminhados ao descarte adequado garantindo que eles
não cheguem aos lixões ou redes de esgoto (BALBINO, E. C.; BALBINO, M. L.
C.).
O incentivo ao fracionamento de medicamentos e as campanhas
educacionais devem ser implementados a fim de informar quanto a
importância do uso racional de medicamentos e a necessidade do descarte
correto dos mesmos (BALBINO, E. C.; BALBINO, M. L. C.)
Pesquisa feita na comunidade da Unicamp constatou-se que apenas
28,4% dos
Entrevistados já se ativeram à questão do impacto ambiental causado
descarte indevido de medicamentos os demais nunca pensaram a respeito
(UEDA et al, 2009).
Cabe as campanhas educativas possuem alto valor social, formado e
robustecendo a consciência da necessidade do descarte correto dos
medicamentos (MACHADO, 2006, p. 557)
. http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
artigo_id=9187&n_link=revista_artigos_leitura
O farmacêutico também desempenha um papel importante, conforme
Resolução nº 386 do Conselho Federal de Farmácia, de 13 de dezembro de
2002, que dispõe sobre as atribuições do farmacêutico em prestar
orientações em relação ao descarte e a promoção do uso racional de
medicamentos.
a população deve se conscientizar, se mobilizar e a população atuando em
prol dessa realidade.
3.3 Contaminação ambiental por fármacos excretados na forma não
metabolizada
Alguns medicamentos causam impacto ambiental mesmo quando
utilizados. Entre 50% e 90% da dosagem podem ser excretados sem
sofrer alterações e persistirem no meio ambiente (UEDA et al, 2009). Uo
seja parte dos fármacos, após administrados em humanos e animais é
metabolizado e outra não , ambos são excretados nas fezes e urina e atingem
a água dos rios (PAGNUSSAT et al, 2013)
O uso racional de medicamentos constitui uma das formas de minimizar
esse tipo de contaminação. A dispensação de medicamentos em
quantidades superiores ao tratamento se deve à prescrição incompleta ou
incorreta, à não conferência da prescrição no momento da dispensação , á
apresentações não condizentes com a duração do tratamento e á
impossibilidade de fracionamento desses produtos. O uso correto dos
medicamentos, assim como o seu descarte correto, além de melhorar as
enfermidades e diminui os riscos de contaminação do meio ambiente
(JUNIOR, A. T.; ZANCANARO, V., 2013)
De acordo com a origem de seu princípio ativo, os medicamentos são
classificados em alopáticos, homeopáticos e fitoterápicos. O princípio ativo é
o elemento responsável pelo efeito farmacológico e terapêutico do produto.
A alopatia se caracteriza por medicamentos com princípio(s) ativo(s)
obtidos por meio de síntese ou semi-síntese, enquanto na fito terapia utiliza
princípio(s) ativo(s) exclusivamente origem natural extraídos de plantas. Os
princípios ativos homeopáticos possuem de origem animal, vegetal,
mineral, porém em doses ultradiluídas. Desta forma os medicamentos
alopáticos ocasionam, geralmente, causam maior impacto ambiental como
contaminantes. O uso de fitoterápicos e medicamentos homeopáticos, em
geral, minimiza a contaminação ambiental (RODRGUES, 2009). Esse aspecto
é extensivo aos medicamentos de uso veterinário (MITIDIERO, 2002).
A principal forma de impedir que os fármacos não metabolizados
contaminem o ambiente e promover a sua degradação nas estações de
tratamento de esgoto. ZAPPAROLI (2012) afirma que os compostos
farmacologicamente não totalmente degradados no processo de tratamento de
esgotos o que acarreta na contaminação de água e solo e potencializa os
riscos e efeitos adversos para a saúde humana, e organismos aquáticos.
Os processos convencionais mais utilizados Nas ETES são os
biológicos, no entanto , a taxa de degradação de fármacos em ETE
pelo processo onvencional de lodo ativado é de aproximadamente
50% .Os processos físicos (decantação, flotação, filtração, adsorção)
são úteis porém apenas promovem a transferência de fase do
contaminante, sem a degradação do mesmo sendo mais utilizados como
pré ou pós-tratamento no processo final . Os processos químicos baseados
na oxidação dos contaminantes utilizando-se de reações com agentes
oxidantes fortes promovem a mineralização dos fármacos ou sua
transformação em sem efeitos adversos ao meio ambiente mas pode
ocorrer a formação de subprodutos mais tóxicos que o original (ROOS,
2013).
Para TAMBOSI (2008) existem quatro abordagens diferentes que visam melhorar a
eficiência de remoção de micropoluentes de efluentes sendo elas a otimização da tecnologia
de tratamento existentes, a modernização de estações de tratamento existentes com nova
tecnologia “end-of-pipe”, os métodos de separação na fonte e as medidas de controle na
fonte.
4. Conclusões
A cadeia produtiva dos compostos farmacêuticos representa a ponta de um Iceberg,
uma vez que é a parte do setor mais legislada e fiscalizada. Assim como em um Iceberg onde
a parte submersa representa a maior porção, os problemas ambientais relacionados a
contaminação por produtos farmacêuticos são causados principalmente pela parte submersa
do Iceberg, que representa o descarte indevido de medicamentos no âmbito domiciliar e a
excreção de fármacos na forma inalterada por homens e animais.
A parte submersa também representa a parte pouco legislada e fiscalizada para onde
deve estar voltado o foco das ações a fim de evitar e minimizar a contaminação ambiental por
produtos farmacêuticos. Neste aspecto as principais ações seriam a criação de novas leis a fim
de promover a criação de pontos de coletas de medicamentos vencidos, o uso racional de
medicamentos, o descarte correto dos mesmo pela população e o uso de medicamentos
fitoterápicos e homeopáticos principalmente na bovinocultura, suinocultura e ovinocultura
assim como na criação de peixes e frangos.
A melhora na eficiência na remoção de micropuluentes farmacêuticos no tratamento
do esgoto sanitário, seu controle e separação na fonte também minimizam o impacto dos
mesmos ao meio ambiente.
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