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As componentes biológicas no processo de Avaliação de Impacto Ambiental no meio marinho
José Lino Costa
Conferência APA
3 de Julho de 2013
Impactos no ambiente?
Catástrofes naturais
Alterações climáticas
Catástrofes com origem humana
Projectos de desenvolvimento
Impacto (ou impacte) Ambiental
Conjunto das alterações produzidas pelo Homem a
nível ambiental numa determinada área, que afectam
directa ou indirectamente o bem-estar da população,
assim como a qualidade dos recursos ambientais.
Avaliação de Impacto Ambiental
A AIA é um procedimento que encoraja os decisores a terem
em conta os efeitos possíveis de determinados investimentos
na qualidade ambiental e na produtividade dos recursos
naturais e é um instrumento para a recolha e reunião dos
dados que os planeadores necessitam para tornar os
projectos de desenvolvimento ambientalmente sãos e
sustentáveis. A AIA é normalmente utilizada como base de
políticas de utilização de recursos de uma forma racional e
sustentada numa perspectiva de desenvolvimento económico.
1 - A AIA é um procedimento estabelecido para fornecer informação acerca do impacto potencial no ambiente de uma nova proposta de desenvolvimento.
2 - A AIA permite: a) considerar alternativas de desenvolvimento; b) considerar um contexto mais alargado de recursos
ambientais e de política; c) considerar métodos de redução dos impactos e custos
inerentes. 3 - A AIA pode: a) fornecer um mecanismo de consulta a todas as partes
interessadas; b) fornecer uma estrutura de decisão para o estabelecimento
do acordo entre os promotores que causam os impactos e os que são afectados pelos impactos.
4 - A AIA não é uma medida de protecção ambiental.
Máfia Azul?
Portugal em crise
A Terra tem 4500-4600 milhões de anos Já passou por muitas mudanças Há-de passar por muitas mais
Dinâmica do planeta
Em termos geológicos
Em termos climáticos
99,99% das espécies que existiram já se extinguiram Uma espécie complexa dura cerca de 4 milhões de anos As espécies substituem-se umas às outras
Os ecossistemas têm uma elevada variabilidade temporal, mesmo a escalas curtas
Os ecossistemas vão-se alterando naturalmente Porquê preocuparmo-nos com as alterações de origem antrópica?
Vida na Terra: 4000-3500 milhões de anos Primeiros Hominídeos: 5-7 milhões de anos Humanos Modernos: 150-200 mil anos Presença na Terra muito recente
Acção do Homem
19
Extinção de
grandes mamíferos
30 000 anos a.C.
11 000 a.C.
Primeiro impacto ambiental?
A extinção dos grandes mamíferos na Austrália e na América...
impediu a domesticação dos grandes mamíferos nestes continentes
e reduziu as possibilidades de: - Alimento - Transporte - Imunidade
O reverso da medalha
E provocou o fim do primeiro sonho americano... e australiano
1492 1770
A tragédia da Ilha de Páscoa
Colonização: ano 900 Apogeu: 1400 – 15 000 habitantes
Alimentação original: 33% golfinhos 23% peixes costeiros e de largo Aves marinhas (25) e terrestres Crustáceos de grandes dimensões Ratos Frutos selvagens Tartarugas marinhas Grandes lagartos Galinhas Alguns produtos agrícolas
Alimentação após 1500: Produtos agrícolas Peixes costeiros Crustáceos e gastrópodes pequenos Ratos Galinhas Aves marinhas (1)
Humanos
ano 900: ano 1700: 21 espécies de árvores 0 espécies de árvores
Casos de sucesso em termos de sustentabilidade ambiental
Impactos positivos inesperados
Bombas atómicas lançadas pelos EUA no Japão
II Guerra Mundial
Hiroxima Nagasáqui
Nagasáqui era um alvo secundário. O bombardeiro B-29 sobrevoou a cidade de Kokura (alvo principal), não tendo lançado a bomba devido à combinação de fumo industrial intenso e nuvens. Mudou de rumo e seguiu para o segundo alvo: Nagasáqui.
Impacto positivo da poluição em Kokura!!!!
Somos muitos e consumimos demais
Escassez de alimento, água, energia
e matérias-primas
Perdas enormes de biodiversidade
Situação actual
Mas a situação está mudar rapidamente em alguns países, aumentando a pressão sobre os recursos e o ambiente
Consumimos de forma desigual
Têm sido verificadas alterações globais que afectam o funcionamento e
dinâmica do Planeta;
Estas alterações representam muito mais do que alterações climáticas;
Algumas das causas dessas alterações são naturais, mas muitas delas são
de origem antrópica, amplificando as primeiras;
A sua conjugação tem conduzido a alterações muito significativas num
intervalo de tempo muito curto;
Estas alterações produzem impactos consideráveis, quer em termos
biofísicos, quer em termos sócio-económicos;
A avaliação destes impactos deve ser feita, não só numa perspectiva
antrópica, mas também tendo em conta as restantes componentes
ambientais, até porque estas têm influência indirecta no bem-estar
humano;
Apesar do Planeta ser temporal e espacialmente muito dinâmico, deve-se
agir para minimizar estes impactos de natureza antrópica, não só devido à
magnitude e intensificação dos mesmos numa reduzida escala temporal,
mas também por razões de solidariedade inter e intrageracional.
Fundamental manter preocupações ambientais
AIA em Portugal no meio marinho
0
20
40
60
80
100
portuários aquícolas energéticos industriais saneamentobásico
viários turísticos protecçãocosteira
Nº
de
est
ud
os
Tipologia de projectos
Número total = 146 (desde 1990)
Número de estudos em função da tipologia
0
5
10
15
20
25
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Nº
de
est
ud
os
Ano
Nº de estudos em função do tempo
Aumento depois de 2002 Redução acentuada depois de 2008
Selecção das Acções (sreening) A AIA é necessária?
Definição do Âmbito (scoping) Quais as questões ambientais relevantes?
Quais os factores ambientais a considerar no EIA?
EIA Estabelecimento das condições de referência e previsão dos impactos.
Elaboração do EIA
Apreciação do EIA e outros documentos processuais
Análise do EIA, pareceres, relatório de consulta pública. Proposta de DIA.
Decisão
Pós-avaliação Monitorização ambiental. Auditorias. Fiscalização
Consulta Pública Participação
Pública. Audiências e reuniões.
Quadro resumo das fases de AIA em Portugal
Selecção das Acções
Muitos projectos no meio marinho inovadores, não incluídos nos Anexos I e II: 1. Risco de projectos não serem sujeitos a Avaliação Ambiental
2. Projectos sujeitos a Estudos de Incidências Ambientais
D.L. 69/2000
Definição do Âmbito
Panorama semelhante aos projectos em meio terrestre:
- Poucos estudos sujeitos a Proposta de Definição de Âmbito
- Por isso, surgem muitos problemas com a elaboração e aprovação dos EIA perfeitamente evitáveis
Fase do projecto sujeito a AIA
Panorama semelhante aos projectos em meio terrestre:
- Poucos estudos sujeitos a AIA em fase de Estudo Prévio ou Anteprojecto
- Por isso, surgem muitos problemas com a elaboração e aprovação dos EIA perfeitamente evitáveis
Estudo de Impacto Ambiental
Panorama semelhante aos projectos em meio terrestre:
- Falta de qualidade dos estudos devido a restrições
orçamentais reais ou aproveitando a conjuntura
- Poucos projectos e respectivos EIAs levam a elevada
competição pelo mercado, o que conduz a um nivelamento
por baixo: ganham os estudos empresas com menor
capacidade técnica e/ou que fazem reduzido investimento
na aquisição de dados e utilizam pessoal com baixo nível
de qualificação
- Tendência para favorecer o cliente (dono projecto)
- Responsabilização por danos ambientais ou más práticas
inexistente
Alguns aspectos específicos do meio marinho:
- Poucos dados de base disponíveis
- Recolha de dados difícil, exigente em termos tecnológicos e
cara
- Falta de pessoal qualificado para trabalhar especificamente
na área do mar
- Situações de referência pouco orientadas para a
identificação e avaliação de impactos
- Identificação e avaliação de impactos e proposta de
medidas minimizadoras mais difíceis devido à falta de
exemplos
CASO DE ESTUDO
Biótopos identificados: • Estuário • Sapal • Floresta/montado • Matos • Zonas agrícolas • Zonas ruderais • Zonas urbanas e industriais
Conservação das comunidades estuarinas: • Reduzida • Idêntica à das comunidades terrestres • Proximidade a zonas poluídas
Original
CASO DE ESTUDO (estrutura viária)
Identificação de biótopos no meio estuarino/marinho: • Intertidal ou subtidal • Domínio pelágico, demersal ou bentónico • Salinidade • Tipo de substrato • Presença de povoamentos vegetais • Presença de povoamentos de animais sésseis
Reformulação
Riqueza taxonómica de macroinvertebrados nos
biótopos variou entre 59 e 16
Espécies diferentes
entre biótopos
Resultados
0
1
2
3
4
5
6
7
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10
Estação de amostragem
AMBI
Perturbação moderada
Perturbação extrema
Perturbação elevada
Perturbação reduzida
Não Perturbado
Perturbação moderada
Perturbação extrema
Perturbação elevada
Perturbação reduzida
Não Perturbado
0
1
2
3
4
5
6
7
S1 S2 S3 S4 S5 S6
Estação de amostragem
AMBI
Perturbação moderada
Perturbação extrema
Perturbação elevada
Perturbação reduzida
Não Perturbado
Perturbação moderada
Perturbação extrema
Perturbação elevada
Perturbação reduzida
Não Perturbado
Conclusões: Grande variedade de biótopos estuarinos Genericamente pouco degradados
Análise do EIA e Decisão
Comissões de Avaliação:
- Volume de trabalho muito elevado
- Normalmente com número reduzido de elementos
- Frequentemente deficitárias nas valências marinhas
- Incapacidade de detecção da falta de qualidade do EIA
(exigindo coisas pouco aceitáveis e deixando passar outras
inaceitáveis)
Decisão:
- reflecte (eventualmente de forma agravada) os problemas
da Comissão de Avaliação
CASO DE ESTUDO (projecto energético)
Sedimentos?
Pós-Avaliação
- Implementação dos projectos antes de concluída a
Avaliação Ambiental
- Auditorias?
- Qualidade técnica das monitorizações no meio marinho
deixam muito a desejar:
A) Desconhecimento técnico;
B) Falta de verdadeira situação de referência;
C) Falta de estações de controlo e de impacto.
Delineamento experimental
Área de influência do projecto ou estrutura
Estação de tratamento
Estação de controlo ou referência
Linha de costa
Estações de tratamento e de controlo:
A B C
Áreas A, B e C com características semelhantes
Detecção de impactos
Comparações:
A B
INTERVENÇÃO
DEP
OIS
A B
AN
TES
Futuro
1. Passar a mensagem de quão imperiosa é a AIA
2. Mudanças na lei de AIA:
- Selecção das Acções
- Definição de Âmbito
- Fase do projecto em que começa a Avaliação Ambiental
3. Acreditação de participantes em todas as fases do
processo de AIA.
4. Reforço em número e qualificação das equipas que avaliam
os EIAs e Relatórios de Monitorização e/ou parcerias com
Universidades / Centros de Investigação, sobretudo em áreas
em que a Administração está menos apetrechada.
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Campo Grande
1749 - 016 Lisboa PORTUGAL
Tel. (+351) 217 500 148 Fax. (+351) 217 500 009
http://co.fc.ul.pt co@fc.ul.pt
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