AS GRANDES GUERRAS E A GUERRA FRIA

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AS GRANDES GUERRAS E A GUERRA FRIA

Profª.: Danúbia Zanotelli Soares

As disputas entre as potências européias

provocaram dois conflitos mundiais, que

deixaram a Europa praticamente em ruínas.

Afinal, por que o mundo entrou em guerra ? 

A Europa foi pioneira na Revolução Industrial , o que lhe assegurou grande vantagem competitiva e tecnológica perante o resto do mundo. Alguns países europeus - especialmente Reino Unido e França, que criaram o processo de industrialização - tiveram de aumentar seu suprimento de matérias-primas e fontes de energia. Essa necessidade impulsionou a expansão dos  territórios coloniais europeus na África e na Ásia .   

O controle direto ou indireto de territórios, sob a forma de colônias ou protetorados, também garantia mercados nos quais os capitalistas pudessem aplicar os  recursos excedentes, abrindo companhias ou emprestando  dinheiro para os governos e empresas daquelas regiões. Além disso, era necessário dar saída ao excedente demográfico dos países europeus. Essa dominação territorial, política e econômica é denominada imperialismo. 

No século XIX, o imperialismo expandiu seus domínios, impondo seu modelo cultural e seus produtos industrializados, retirando recursos naturais e decidindo os destinos políticos das áreas ocupadas.    A partir da segunda metade do século XIX, novas potências emergiram: os  Estados Unidos, a Alemanha e o Japão. Alguns países, como a Alemanha e a Itália, ficaram em desvantagem na partilha da Ásia e da África, pois a maior parte do planeta já se encontrava dominada por Reino Unido, França, Bélgica e Portugal. Isso criou focos de tensão no panorama internacional. 

ANTECEDENTES DA GUERRA

   A política imperialista, aliada ao fato de que os países europeus estavam empenhados numa corrida armamentista, gerou um clima de tensão, que resultou na formação de alianças político-militares conhecidas como Tríplice Entente, entre Reino Unido, França e Rússia, e Tríplice Aliança, entre Alemanha, Áustria-Hungria e Itália.    Em junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, por nacionalistas da Sérvia, deflagrou o conflito. Ferdinando era herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, que disputava com a Sérvia, aliada dos russos, a hegemonia na região dos Bálcãs. A declaração de guerra da Áustria- Hungria contra a Sérvia pôs em funcionamento todo o esquema de alianças. Em poucas semanas, praticamente todo a Europa estava em guerra. 

 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL    O primeiro conflito mundial estendeu-se de 1914 a 1918, período durante o qual territórios europeus, africanos e asiáticos tornaram-se campos de batalha. A Itália mudou de lado, em troca da promessa de ganhos territoriais, fortalecendo assim a Tríplice Entente. Mas o resultado a favor dessa aliança só ficou claro quando os Estados Unidos, com a economia abalada pela redução drástica de suas exportações para a Europa, decidiram entrar na guerra, em 1917. Nesse mesmo ano, a Rússia, que enfrentava uma revolução em seu território, retirou-se do conflito. Mas a maquinaria bélica estadunidense bastou para reverter a situação em favor dos britânicos e dos franceses.   Após quase quatro  anos de batalhas e um saldo de mais de 20 milhões de mortos, a Tríplice Entente, vencedora da guerra, determinou os termos de paz, impondo severas penas aos perdedores, em especial à Alemanha, pelo Tratado de Versalhes. 

TRATADO DE VERSALHES 

   Com o fim da guerra, os alemães foram obrigados a assinar o Tratado de Versalhes, reconhecendo a culpa pelo conflito. O governo da Alemanha ainda teve de :  -   restituir os territórios da Alsácia e da Lorena à França ;  -   ceder as minas de  carvão existentes na região do Sarre à França por um período de 15 anos ;  -  ceder suas colônias, submarinos e navios mercantes ao Reino Unido, França e Bélgica ; -  pagar aos aliados vencedores uma indenização de 33 bilhões de dólares;-  reduzir seu poderio bélico, ficando proibida de manter força aérea e marítima, de fabricar armas e de  ter um exército com contingente superior a 100 mil homens.          

O PÓS-PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E O PERÍODO ENTRE GUERRAS

Após a Primeira Guerra Mundial, o quadro político europeu já se mostrava muito diferente.

A leste, o vasto império do czar da Rússia, derrubado por uma revolução socialista em 1917, deu lugar ao primeiro Estado de regime socialista - a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) -, organizado no final de 1922.   Também em 1922, na Itália, o líder fascista Benito Mussolini foi conduzido ao poder. Financiada pelos grandes empresários temerosos de uma revolução, a ascensão do fascismo expressava também a insatisfação italiana com o teor do Tratado de Versalhes.

A Europa após a primeira guerra

A SITUAÇÃO DA  ALEMANHA   As imposições do Tratado de Versalhes deixaram a Alemanha em uma situação humilhante, o que acirrou na população um sentimento revanchista, fundamentado na defesa dos interesses nacionais. Os problemas econômicos enfrentados pelo país após o conflito, resultaram no fechamento de muitas indústrias. Isso implicou o aprofundamento de problemas sociais como desemprego, inflação, concentração de renda e empobrecimento das classes trabalhadoras.   Adolf Hitler, líder do partido nacional-socialista (nazista) inspirado no  fascismo italiano, aproveitou-se do sentimento de baixa autoestima que acometia o povo alemão para chegar ao poder em 1933 e iniciar a retomada do projeto militar do país.

As relações com o mundo passaram a se basear na negação das instituições democráticas e na crença da superioridade da raça ariana  (da  qual os nazistas afirmavam que os alemães faziam parte), com perseguição dos indivíduos considerados inferiores (judeus,ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais).

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL      A expansão territorial alemã foi vertiginosa. Em 1936, Hitler reocupou a Renânia, região alemã cedida aos franceses como indenização de guerra, pelo Tratado de Versalhes. Em 1938, a Áustria foi anexada à Alemanha. No mesmo ano, o Tratado de Munique cedeu aos alemães a região tcheca dos Sudetos. Em 1939, os nazistas ocuparam o restante da Tchecoslováquia.   O segundo conflito mundial foi desencadeado quando os nazistas invadiram a Polônia, em 1939. Os alemães buscavam reaver parte do território conhecido como “corredor polonês” (veja a figura abaixo), entregue à Polônia na ocasião do Tratado de Versalhes. O Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha e, posteriormente, tiveram apoio dos Estados Unidos e da então União Soviética, formando o bloco dos Aliados.

A Alemanha formalizou o bloco das potências do Eixo, unindo-se à Itália e ao Japão, países que também buscavam ampliar seu poder por meio da conquista de territórios.

De 1939 a 1942, os nazistas dominaram boa parte da Europa. Em 1943, porém, foram derrotados na África e na União Soviética, enquanto os estadunidenses ganhavam a iniciativa contra os japoneses. Desse momento até 1945, sucederam-se vitórias dos Aliados.

                               O FIM DO CONFLITO   Após quase seis anos de batalhas e um saldo de mais de 50 milhões de mortos e 28 milhões de mutilados, a guerra mundial terminou com o esmagamento do Eixo. O Japão, último a se render, sofreu ainda ataques nucleares dos Estados Unidos, que lançaram duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, assombrando o mundo.  

A GUERRA FRIA

O aspecto mais marcante da ordem geopolítica bipolar foi a chamada Guerra Fria. Ela consistiu simultaneamente numa disputa e numa conivência entre Estados Unidos e ex-União Soviética. A guerra fria Foi uma disputa tanto político-militar e econômica como diplomática cultural e ideológica. Outro elemento típico da bipolaridade e da Guerra Fria foram as duas principais alianças militares das duas últimas décadas, a OTAN (Tratado do Atlântico Norte 1949) e o PACTO de VARSÓVIA – 1955.

A Guerra Fria serviu igualmente para tentar impedir o surgimento de novas alternativas nessa realidade bipolar. Tentou-se reduzir os caminhos dos povos somente a duas vias ou opções. Reprimiam-se as novas possibilidades que podiam ir além de socialismo e capitalismo. A Guerra Fria foi, assim, acompanhada por uma fantástica corrida armamentista. Da bomba atômica chegou-se à termonuclear. O mundo bipolar possuía uma ideologia, que consistia na supervalorização da oposição entre capitalismo e socialismo.

OTAN E PACTO DE VARSÓVIA

Criada em 1949, durante a Guerra Fria, a OTAN era uma aliança militar formada apenas por países ocidentais e capitalistas, tendo os Estados Unidos como principal líder. Essa organização tinha como principal objetivo inibir o avanço do bloco socialista no continente europeu, fornecendo apoio militar para as nações integrantes da OTAN. Em contrapartida, os países socialistas, em 1955, criaram o Pacto de Varsóvia, cujo objetivo era o mesmo da OTAN, no entanto, era composto por países socialistas.

EUROPA DIVIDIDA – MURO DE BERLIM

Como conseqüência da bipolarização (divisão mundial de países capitalistas e países socialistas), em 1949, os países da Europa dividiram-se em dois blocos rivais : a Europa Ocidental capitalista e a Europa Oriental socialista.

Nesse mesmo ano o território alemão foi dividido entre dois novos estados: a República Federal da Alemanha (RFA) ou, Alemanha Ocidental Capitalista e República Democrática Alemã (RDA) ou Alemanha Oriental, socialista.

O maior símbolo da divisão do mundo entre capitalistas e socialistas foi a construção do muro de Berlim, em 1961 . O muro foi construído pelo governo da Alemanha Oriental, para impedir a fuga de seus habitantes para o lado ocidental. 

A cidade de Berlim  estava dividida em dois territórios : a parte oeste, controlada pela Alemanha capitalista, e a parte leste capital do governo oriental socialista .

CORRIDA ESPACIAL 

   Nesse cenário, a corrida espacial foi um marco na disputa entre os blocos capitalistas e socialistas. Os soviéticos foram os primeiros a lançar um satélite e a enviar um homem ao espaço, enquanto os estadunidenses organizaram a primeira expedição tripulada até a Lua. A corrida tinha finalidade científica, mas sobretudo era uma maneira de cada bloco fazer propaganda  de suas conquistas tecnológicas e de seu modo de vida. 

EQUILÍBRIO DO TERROR Além da corrida espacial, durante a Guerra Fria ocorreu

a chamada corrida armamentista, que teve início com o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão. Estados Unidos e União Soviética esforçavam-se em produzir bombas nucleares com poder de destruição  cada vez maior, gerando preocupação em todo o mundo. Acreditava-se que o ataque de um dos dois lados desencadearia uma guerra total que poderia pôr em risco a própria existência humana. Era o equilíbrio do terror. Por esse motivo, as duas superpotências tentavam manter os  conflitos longe de suas fronteiras.   

Os focos de tensão foram mudando ao longo do tempo, sempre que algum país não deixava claro a qual bloco estava aliado. Soviéticos e estadunidenses financiaram grupos rebeldes, partidos e até artistas e intelectuais para difundir suas ideologias.

Por isso, a Guerra Fria não foi uma  guerra no sentido militar, de combate armado, mas uma guerra tecnológica, ideológica e cultural. 

  O FIM DA GUERRA FRIA

  Em 1985, Mikhail Gorbatchev (figura abaixo) assumiu o poder na União Soviética. Nos  anos seguintes, ele iniciou um processo de reestruturação econômica (perestroika, em russo), com abertura política e com transparência das ações do Estado (glasnost).

Entre as ações empreendidas por iniciativa do líder soviético, destacaram-se os acordos entre os dois blocos para diminuição do arsenal nuclear. Desse modo, o equilíbrio pelo terror tornou-se menos inquietante.   Iniciado no governo de Gorbatchev, o fim da Guerra Fria teve alguns momentos marcantes : 1989 - a população de Berlim derruba o muro que dividia a cidade em duas partes incomunicáveis e havia se tornado um símbolo de opressão.1990  -  ocorre a reunificação do território alemão, dividido formalmente em 1949. A República Federal da Alemanha passa a ser o único Estado alemão.  1991  -  Depois de ser vítima de uma tentativa de golpe de Estado, Gorbatchev perde o poder e a União Soviética desmembra-se em várias repúblicas independentes.