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7/23/2019 Atos 9.31 exegese (autor: Tiago Gonalves)
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RESUMO
Este um trabalho de interpretao bblica (At 9.31) cujo objetivo buscar a
inteno autoral do texto, sob o mtodo hermenutico histrico-gramatical. Nesse
mtodo so feitas anlises de vrias perspectivas: na obra, anlise dos contextos
histrico e geral, cultural e literrio; no texto, anlise gramatical, semntica e
teolgica. As concluses a que se chegou so as seguintes: a Igreja descrita na
suma de Atos 9.31, desfrutava de um perodo de paz na Palestina; e crescia,
possuindo assim caractersticas da Igreja verdadeira, pois conduziam suas vidas no
temor do Senhor e consequentemente desfrutavam do encorajamento que vinha da
ao do Esprito Santo na vida da Igreja e do cristo.
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1 INTRODUO
Este um trabalho exegtico que tem por objetivo expor a inteno autoral ao
analisar a obra registrada na Escritura Sagrada, Atos dos Apstolos pertencente ao
cnon bblico e que precisamente se ater ao exame do texto de Atos 9.31.
Por isto, apresenta por trabalho exegtico o estudo cuidadoso e sistemtico
da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido. A exegese
basicamente uma tarefa histrica. a tentativa de escutar a Palavra conforme os
destinatrios originais devem t-la ouvido; descobrir qual era a inteno das
palavras da Bblia dentro de seus contextos histrico e literrio (FEE; STUART,
1997, p.19), acrescenta Mosconi: portanto, exegese o processo de descobrir e
conduzir para fora da mensagem do texto. deixar o texto falar por si prprio e
buscar aquilo que ele quer dizer. (MOSCONI, apudWegner, 1998, p.143).
O estudo exegtico quanto abordagem do objeto, alm de possuir estes
afazeres de compreenso no original, neste trabalho o estudo exegtico tambm
fundamentado na teologia reformada, desta empregou o uso de sua hermenutica,
teologia Bblica, teologia sistemtica e do mesmo modo da sua fundamentao na
metodologia histrico-gramatical na qual um eficaz e plausvel mtodo pordeterminar uma interpretao fiel aos originais, que no altera a inteno autoral,
facilitando uma abordagem mais completa e fidedigna ao texto sagrado, este
tambm utilizar da pesquisa bibliogrfica, sendo que livros de autores no
reformados passaro pelo crivo reformado.
O livro de Atos em suas contribuies recentes concentra-se em trs reas:
Historicidade, Lucas demonstra seu conhecimento e exatido de detalhes polticos,
sociais e geogrficos; Enfoques literrios, Atos com suas narrativas de viagem,histrias de milagres e relatos de perigos em alto mar, por isto, estudiosos tem tido o
estudo de Atos para empregar tcnicas literrias a fim de abrir abordagens
contemporneas do texto das Escrituras; e temas teolgicos, destes o principal
usado por Lucas dentre outros, Lucas aborda a substituio da expectativa
escatolgica crist primitiva pela histria da salvao, oferecendo um esboo
histrico dos acontecimentos salvficos (CARSON, 1997, 230-234).
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Essencialmente este trabalho trata do afazer exegtico atravs de uma
anlise histrica e gramatical do livro Atos dos Apstolos na passagem de Atos
9.31, apresentando aspectos quanto ao texto escrito e de seu respectivo contexto
que o resultado da pesquisa, da perspectiva de evidncias internas e externas,
nos nveis do contexto histrico, literrio e teolgico.
Segue com argumentao teolgica com base nos contextos histrico-
cultural, gramatical e teolgico. Prossegue com a sntese teolgica da argumentao
teolgica que consta de: viso geral da passagem, argumento feito pelo autor na
passagem, teologia da passagem e conexes confessionais reformadas. Por fim
consideraes finais que a sntese dos resultados da pesquisa realizada,
considerando seus pontos mais importantes (COELHO, 2011, p. 1-5).Este trabalho tambm tem por objetivo compartilhar da f no poder de Deus,
do Esprito Santo, e no Filho Jesus Cristo, que so os sustentadores da Igreja,
trazendo paz e crescimento para o cristo e para Igreja, e esta a maneira pela qual
Deus fala atravs do exposto em Atos dos Apstolos.
2 CONTEXTO
2.1 CONTEXTO HISTRICO2.1.1 Contexto histrico geral
2.1.1.1 Contexto geral
Atos dos Apstolos no apenas uma obra literria a parte, mas sim
constituinte da obra lucnica composta de dois volumes (Evangelho de Lucas e Atos
dos Apstolos), cujo objetivo o despertamento da f e comprovao da
confiabilidade histrica, com o tema dominante da universalidade do Reino de Deus(STOTT, 1994, p.46; VIELHAUER, 2005, p. 397, 409).
A obra de Atos dos Apstolos caracterizada por registrar uma sequncia de
eventos, com destaques para aspectos que seriam atraentes para seus leitores
helenistas, aspectos como a radicao do Cristianismo na antiga religio do
Judasmo, a abertura do Cristianismo aos gentios, o comportamento religioso, moral
e poltico dos cristos e o fato do funcionalismo romano no encontrar verdade
alguma nas acusaes levantadas contra os cristos da poca dos primrdios daIgreja.
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Em Atos, Pedro e Paulo so retratados com grande importncia. Tambm so
registradas as trs viagens missionrias de Paulo e a viagem a Roma que ocupam
mais da metade dos ltimos captulos de Atos. Sermes e discursos pontuam toda a
narrativa. A obra de Atos termina com Paulo esperando o seu julgamento diante de
Csar em Roma, provavelmente porque nada mais tinha ocorrido na poca em que
foi escrito a obra (GUNDRY, 2008, p. 419).
A obra do NT Atos dos Apstolos descreve a ao do Esprito Santo nas
primeiras igrejas e na expanso do evangelho. Por isso, tambm j foi chamado de
Atos do Esprito Santo (GUTHIE; apud Mauerhofer, 2010, p.269), pois traa a
importncia do progresso do evangelho provido do poder do Esprito Santo
(GUNDRY, 2008, p. 419).As fontes de Atos so especulativas pela falta de evidncias externas e
internas, no entanto telogos gastam um considervel espao em suas obras para
descrever as possveis fontes e no chegam a uma devida concluso1, diz Kmmel:
Quanto s fontes de Atos, no podemos aventurar atravs de conjecturas to
desprovidas de fundamentos, pois uma curiosidade natural seria a de saber de quais
pessoas da cristandade primitiva o autor teria obtido estas informaes e isto acaba
sendo infrutfero. (KMMEL, 1982, p. 236).Porm telogos e estudiosos da Bblia so favorveis a conjectura de que a
fonte provvel foi que, Lucas valeu-se de suas prprias memrias, sempre que
possvel. Portanto possvel que ele fosse registrando os acontecimentos num
dirio medida que se desenrolavam. Alm disso, sem dvida alguma obteve
informaes da parte de Paulo, dos cristos de Jerusalm, de Antioquia da Sria e
de outros lugares que visitou com ou sem a companhia de Paulo, de companheiros
de jornadas de Paulo, como Silas e Timteo, como Filipe, o dicono evangelista, ecomo um antigo discpulo de nome Mnasom, nas residncias dos quais ficara
hospedado (At 21.8-16). Tambm havia a sua compilao de informes escritos,
como o decreto do Conclio de Jerusalm (At 15.23-29), outros documentos seriam
em aramaico e hebraico que relatavam os primeiros acontecimentos do cristianismo,
em Jerusalm e vizinhana (GUNDRY, 2008, p. 373-374).
Embora no haja grande embasamento, esta conjectura acima citada mais
1 Conferir: Introduo ao Novo Testamento (Paulus, 1982), por Werner Georg Kmmel, p. 219-236; etambm Histria da Literatura Crist Primitiva(Academia Crist, 2005), por Philipp Vielhauer, p. 415-423.
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aceita, pois explica a variedade do contedo e as constantes alteraes em Atos
bem como de seus discursos, narrativas, sermes e sumas.
Quanto ao texto de Atos, foi preservado em duas verses: primeira, nas
testemunhas egpcias, representada pelos cdices Vaticanus, Sinaiticus,
Alexandrinus, Ephraemi rescriptus, pelos papiros 45 e 75 e pelas citaes nos pais
aclesisticos alexandrinos, uma verso com a qual as testemunhas Koinecoincidem
no essencial; segunda, na verso do chamado texto ocidental, representada pelo
Codex Cantabrigiensis, pelos papiros 38 e 48, pelos vtero-latinos, pelas marginalia
da Syra Charclensi, pelos pais eclesisticos latinos. Este ltimo possui carter
secundrio, isto no se deve a uma corrupo, mas por mostrar uma correo
planejada e pertinente ao texto egpcio que mesmo na sua singularidade se revelamcom as secundrias (VIELHAUER, 2005, p. 411-412).
Estas testemunhas por serem abrangentes e confiveis, revelam tambm a
autenticidade e integridade do livro de Atos que pertence ao cnon sagrado.
2.1.1.2 Contexto histrico
2.1.1.2.1 Definies quanto natureza, gnero e ttulo da obra
A anlise do gnero literrio de Atos nos revela a princpio ser uma narrativa, 2
no entanto o relato de Atos muito mais que uma narrativa conectada em termos de
ordem cronolgica. Vrias linhas narrativas compem o enredo, podem ser
identificados alguns distintos gneros literrios: como narrativas, relatrios de
viagem, relatrios de misses, discursos, sumas e oraes. Estes estilos ocorrem
harmoniosamente no objetivo geral da obra, a de indicar ao do Esprito Santo
(FABRIS, 1991, p.19).
Esta ao do Esprito Santo demonstra como as testemunhas de Jesus em
Jerusalm, Judia e Samaria, e at em um mundo mais vasto os confins da terra (At
1.8), corroboraram para expanso do Reino alcanando vrias culturas. Por isto a
cor especial de Atos, a demonstrao do autor nas suas narrativas de como a
2As narrativas bblicas nos contam acerca de coisas que aconteceram - mas no quaisquer coisas. O propsitodelas mostrar-nos Deus operando na Sua criao e entre Seu povo. As narrativas O glorificam, ajudam-nos a
entend-lo e dar o devido valor a Ele, e nos do o quadro da sua providncia e proteo. Ao mesmo tempo,tambm fornecem ilustraes de muitas outras lies que so importantes para nossas vida s. (FEE; STUART,1997, p.64). Para uma maior interao do assunto, consultar o livro Entendes o que ls, captulos 4 e 5, sendoque a referncia completa estar na bibliografia deste trabalho.
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palavra de Deus cresceu territorialmente, caracterizando assim uma narrativa de
expanso cultural, de desenvolvimento da teologia crist e dos relatos das lutas da
igreja (MARSHALL, 2007, p.139-140).
De todos os livros do Novo Testamento, Atos o que mais claramente
exemplifica a relao da teologia da igreja primitiva com sua misso.
No entanto o ttulo sobrescrito tradicional pra,xeij avposto,lwn
(praxeis apostoln). A primeira evidncia para o titulo tradicional vem dos Prlogos
Anti-Marcionitas ao Evangelho de Lucas, datados entre a.D. 150 e 180.3 (PINTO,
2008, p.179).
Mesmo tendo o ttulo pra,xeij avposto,lwn (praxeis
apostoln)(atos apostlicos). O livro no registra os atos de todos os apstolos, e,
alm disso, destaca mais os atos de Paulo, que no pertencia ao grupo dos doze
presentes nos evangelhos, ou ainda, estudiosos dizem que poderia ser titulado
como Atos do Esprito Santo pela evidente ao deste no livro. Entretanto h o
consenso na conjectura que olha a obra na sua totalidade, onde o autor explana a
ao humana e a ao do Esprito durante o desdobrar da histria evidenciando a
unidade inseparvel de ambos no progresso de expanso do Reino de Deus por
meio dos discpulos, da igreja e dos apstolos. Por isso o ttulo no deve determinar
a maneira de interpretarmos o contedo e estrutura de Atos dos apstolos
(CARSON, 1999, p.203).
2.1.1.2.2 Autoria e destinatrios
Embora Atos tenha permanecido como uma obra annima, a evidncia
externa e interna aponta fortemente para Lucas como autor (PINTO, 2008, p.179).
Temos a evidncia externa da tradio uniforme da igreja primitiva que atribui
autoria lucna a Atos, sem possuir quaisquer outras alternativas. Tambm
documento fragmentrio chamado Cnon Muratoriano, bem como os pais da igreja:
Irineu de Lyon, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Eusbio; atestam ser de
autoria lucana Atos dos Apstolos. (PINTO, 2008, p.179-180)
Quanto a evidncia interna, pode ser vista no prlogo ( Atos 1.1-5) na qual o
3Sugere que a expresso Atos dos Apstolos pode ter sido uma reao contra Marcion e sua doutrina de ums apstolo, que preserva Paulo e seus escritos e descartava os demais apstolos e suas cartas (BRUCE, apud,Pinto, 2008, p.179)
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temos grandes consideraes a serem feitas, pois dificilmente chegaremos a uma
concluso satisfatria e plausvel.
A data de escrita esta ligada dentre outras pela forma abrupta 4 que
terminada Atos, pois Lucas termina o livro de Atos quando Paulo j se encontrava
preso em Roma, tambm pelo fato de no tem aluses perseguio de Nero em
64 d.C., ou ainda por nem mencionar a destruio de Jerusalm em 70 d.C.
(GUNDRY, 2008, p. 374, 376), tudo isto favorece a uma data recuada, pois o fator
de Lucas ter encerrado o livro de Atos sem descrever o resultado final do julgamento
de Paulo, este ainda no havia acontecido, ento Atos deve ser datado por volta de
62-63 d.C. (MAUERHOFER, 2010, p.290-291).
2.1.1.2.4 Ocasio e propsito
Seria difcil de deduzir o porqu Lucas escreve Atos sem considerar sua obra
num todo, pois sua obra composta por dois volumes, primeira o Evangelho de
Lucas e segunda, Atos. Sendo que a ocasio da escrita se d pela certeza de que
Lucas estava suprindo os cristos de seu tempo, representados por Tefilo, com
uma narrativa das origens crists, a fim de confirmar a autenticidade do evangelho
que estava sendo pregado e ensinado. (MARSHALL, 2007, p.139).
Sendo assim, alm desse motivo, Lucas tambm escreve por ser um
historiador, diplomata e telogo-evangelista. Primeiro como historiador sistematiza
os fatos histricos que ocorreram para cumprir a profecia do Antigo Testamento, faz
menes de testemunhas oculares, apstolos e daquelas testemunhas que viram e
ouviram o Jesus histrico. Assim, os acontecimentos que haviam se cumprido,
tinham sido testemunhados, transmitidos, investigados e escritos, deveriam ser e
ainda so base da f crist. (STOTT, 1990, p.19-20).
Segundo, Lucas escreve como diplomata, desenvolve uma apologtica
poltica, talvez seja este o motivo de ambos os livros serem dirigidos a Tefilo, ele
reuniu provas para mostrar que o cristianismo era inofensivo, inocente e legal por
ser o cumprimento do judasmo. Outro aspecto de diplomacia o fato de Lucas ser
um pacificador da igreja, na qual prova atravs de sua narrativas que Pedro e Paulo
eram apstolos de Cristo, com a mesma comisso, o mesmo evangelho e a mesma
4 Para maiores informaes desta forma abrupta que Lucas termina seu livro consultar no livroPanorama do novo testamento, por Robert H. Gundry, das pginas 374 - 376.
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autenticidade. neste sentido que ele um pacificador, pois demonstrou a
unidade da igreja apostlica (STOTT, 1990, p.23-26).
Terceiro Lucas o telogo-evangelista, pois est preocupado com o significado
salvfico da histria, e no na histria em si como meros fatos. Lucas o telogo da
salvao evidncia que a salvao preparada por Deus, dada por Cristo e por fim
oferecida a todos os povos. No entanto mesmo telogo Lucas na sua essncia um
evangelista, pois proclama o evangelho da salvao para todos os povos, da a
incluso de tantos sermes e declaraes, especialmente de Pedro e Paulo, em
Atos. E os capacita a pregar para ns, que sculos mais tarde, ouvimos seus
sermes, conforme disse Pedro no dia de pentecoste: isto , para quantos o Senhor
nosso Deus chamar At 2.39 (STOTT, 1990, p. 27-29).Todos estes motivos pelo qual Lucas escreveu Atos so permeados pelo
propsito importante de demonstrar como a igreja, constituda de judeus e gentios,
formam uma continuidade com o judasmo, tambm para produzir um novo conceito
teolgico, no qual a vinda do Esprito Santo e a misso da igreja preenchiam a
lacuna causada pela demora da paurosia(MARSHALL, 1982, p.20).
2.1.2 Contexto histrico especfico2.1.2.1 Contexto sociocultural
Toda narrativa de Atos desenvolve-se no tempo do Imprio Romano, este foi
um imprio diversificado, cujas provncias e cidades eram governadas de vrias
maneiras, de acordo com suas histrias e circunstncias particulares.
Havia provncias imperiais e senatoriais e cada uma dessas tinha sua
prpria forma de governo. As provncias imperiais ficavam sob o governo direto doimperador, que nomeava um procurador como seu representante.
A situao poltica da Judia mudou durante o perodo abrangido em Atos.
Houve vrias mudanas de governantes e de procuradores. Destaca-se no ano 37
d.C., Calgula que garantiu o reinado da Judia e de Samaria no ano 41 d.C.,
mesmo tendo seu filho Herodes Agripa II por sucessor, este filho no governou por
ser muito jovem. Contudo ele tinha a prerrogativa de indicar um sumo sacerdote
para ser o guardio do tesouro do templo ou ainda para exercer poder poltico de
uma maneira limitada.
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Da perspectiva romana o governante tinha que manter a ordem, qualquer
desordem ou tumulto era severamente punido. Quando ocorresse tumulto e
desordem o governante poderia ser considerado responsvel.
Por esta razo era inevitvel que os cristos logo entrassem em conflito com
as autoridades porque sua pregao provocava debates e distrbios. Isto visto nos
conflitos com o Sindrio nos captulos iniciais do livro, e esses tumultos ocorrem a
medida que Paulo faz seu caminho a outras partes do Imprio Romano.
neste contexto de maior glria do imprio romano que o cristianismo abre
caminho pelo mundo. No entanto vemos que os cristos comeavam a enfrentar o
grande desafio do conflito com Roma. (GONZLES, 2011, p.23-27).
O que ocorre que a Igreja Primitiva era composta basicamente com duascategorias sociais nos seus primeiros anos de existncia: os cristos judeus e os
cristos no judeus, esta realidade gerava alguns problemas scio-culturais. O que
gerou muitas discusses devido s questos de sentar a mesa com gentios, lavar ou
no lavar a mo antes de comer, ou ainda a rejeio por parte dos judeus que no
aceitaram o cristianismo (COMBLIN, 1988, p. 9-11).
H personagens implcitos em Atos 9.31: Lucas faz meno igreja,
ekklhsi/a(ekklesia), referindo-se aos cristosque se reuniam para o servio aoSenhor Jesus; Senhor, kuri/ou (kuriou) que refere ao prprio Deus; Esprito
Santo, a`giou pneu/matoj (agiou pneumatos), os quais sero devidamente
justificados no contexto da argumentao teolgica, neste ponto ser justificado
apenas os elementos histricos e sociolgicos presentes na passagem, tendo em
vista a meno de lugares geogrficos, seguem-se anlises dos lugares: Judia,
Galilia e Samaria.
Judia, Galilia e Samaria referem-se as trs divises da palestina, a terra de
Deus que foi cenrio das manifestaes miraculosas de Deus, uma terra com
singularidades e belezas nicas que serviu em todo tempo aos propsitos eternos
de Deus (ROPS, 2008, p. 11).
A Judia fica ao sul, margem do deserto, at o norte, uma distncia de
apenas oitenta quilmetros, j na regio de Jerusalm. No clculo do territrio de
Jud de oeste para leste, a distncia das montanhas da Judia at o Mar Morto d
menos de trinta quilmetros. Este territrio da terra santa j foi cenrio de muitosacontecimentos importantes para o povo de Deus, foi das montanhas da Judia que
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os doze espias, espiaram a terra que mana leite e mel (Nm 14.1-4). Foi nas regies
montanhosas da Judia que Davi aprendeu as lies do bom pastor. (Sl 23) E
ainda nestas regies que Saul perseguiu Davi incessantemente (ROBERTSON,
1998, p. 40-42). Em Atos um dos procurados romanos que se faz necessrio
mencionar Felix que Tcito descreve como um mestre da crueldade e da lascvia
(cf. At 24.25) foi chamado a Roma por Nero em torno de 59 d.C. e foi sucedido por
Festo (At 25) que morreu no cargo em 62 d.C. (ROWDON, apudBRUCE NVI, 2009,
p. 1443).
Galilia conhecida como a terra dos gentios, no deslocamento de sul a norte
fica o territrio das multides de varias nacionalidades representando todos os
povos do mundo. Nessa regio, o povo de Deus se viu constantemente em contatocom o restante da humanidade, pois era impossvel escapar desse intercmbio.
Essa faixa estreita de terra a nica ligao entre trs continentes dos quais a
civilizao humana emergiu: Africano, Europeu e Asitico. Essa regio foi do
proposito do todo poderoso para proclamao da sua palavra ao mundo, local este
visivelmente estratgico para alcance das demais naes (ROBERTSON, 1998,
p.44).
Samaria territrio da Palestina, que tinha Samaria como sua capital que ficaao norte da palestina. La se construiu o primeiro altar ao Senhor, foi para este lugar
que Deus mandou Israel voltar e se reunir para a leitura das maldies da aliana
(Dt 11.29-30), Josu levou o povo a este local para renovar a aliana (Js 8.30-35)
(ROBERTSON, 1998, p. 42-43). As foras da Assria invadiram esta regio e
levaram boa parte do povo cativo e se instalaram nesta regio de maneira que ouve
uma mistura de povos assrios e judeus, os chamados mestios, ao longo dos anos
os judeus do sul da Judia passaram a odiar os samaritanos (ROBERTSON, 1998,p. 43). Mas Jesus no demonstrou preconceito algum para com aqueles
samaritanos, isto fica claro na conversa com uma samaritana em Joo 4, contou aos
judeus a parbola do bom samaritano (Lc 10.30-37) (ROBERTSON, 1998, p. 43).
Essas so as trs regies que compunham a palestina nos tempos de Jesus
e de seus apstolos, uma terra marcada por uma sociedade mista e conflitos sociais
e religiosos. E a perseguio da igreja de Cristo por parte dos judeus em primeiro
lugar e depois pelos gentios, sendo que o primeiro imperador romano a perseguir a
igreja foi Nero em 54 d.C. (GONZLEZ, 2009, p.52-53).
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2.1.2.2 Contexto ideolgico
certo que o poder poltico e militar dominante no sculo 1 estavam
centralizados em Roma. Por isto a Igreja primitiva sofreu nas mos de diversos
imperadores romanos, mas especialmente nas mos de Nero e Dominiciano. No
entanto o sculo 1 com a pax romana, ofereceu condies para que a expanso do
Cristianismo fosse possvel: havia paz relativa, o grego era lngua comum, a ordem
social permitia viagens seguras, estradas e rotas martimas eram cada vez mais
numerosas (ELWELL; YABROUGH, 2002, p.194-199).
Por isto, no imprio romano, foi fcil expandir a ideologia do helenismo, as
caractersticas helensticas eram pautadas no sincretismo religioso e isto afetou nocrescimento do Cristianismo. As ideologias da religio no mundo do imprio romano
eram caracterizadas pela crena no ocultismo e na astrologia, no entanto a Igreja
primitiva tinha que lidar com a influencia de uma variedade de filosofias,
especialmente o estoicismo, o cinismo e o ceticismo (ELWELL; YABROUGH, 2002,
p.199-201).
Devido a esta grande variedade de ideologias pags, o Pentecoste impactou
o mundo Romano pela transformao dos discpulos, de pessoas e de suasideologias. Atravs desta ao poderosa do Esprito Santo os cristos da Igreja
Primitiva permaneceram contra as ideologias pags, inserindo as ideologias crists,
caracterizada por acreditar ser o povo de Deus e herdeiros das promessas do Antigo
Testamento. Mesmo possuindo crenas distintas, os cristos da Igreja Primitiva era
tambm permeada por ter a ideologia mais importante que era a crena no carter
nico da divindade de Jesus e em sua morte e ressurreio (ELWELL; YABROUGH,
2002, p. 201-205)
2.2 CONTEXTO LITERRIO
2.2.1 Natureza literria
2.2.1.1 Gnero literrio da obra.
As narrativas bblicas contm uma teologia, e h princpios ou temas que so
planejados para o leitor (OSBORNE, 2010, p. 282).Este um gnero mais comum encontrado na Bblia, consistindo em mais de
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um tero desta, a narrativa em seu sentido mais amplo um relato de
acontecimentos especficos no tempo e no espao com participantes cujas histrias
so registradas com um comeo meio e fim (KAISER, 2009, p. 67).
O que vemos em Atos na sua caracterstica literria que narrativa de ser a
princpio um livro de agradvel leitura, no entanto so necessrios cuidados
hermenuticos para uma boa compreenso, pois as narrativas Bblicas nos contam
s coisas que aconteceram, mas no quaisquer coisas. O propsito delas mostrar-
nos Deus operando na sua criao e no seu povo. Assim as narrativas ajudam-nos a
entender os soberanos propsitos divinos ocorridos na histria (FEE; STUART,
1997, p.64, 79).
2.2.1.2 Recursos retricos da passagem.
Categoricamente temos por recurso retrico a incluso de declaraes-
chaves proferidas pelas figuras centrais da narrativa, permitindo ao autor, deste
modo, apresentar os postos que revela o foco e o propsito de se contar a histria.
(KAISER, 2009, p. 68).
O recurso retrico que o autor usa na passagem relaes de associaes,que apoiam ou esclarecem a ideia, este apoio se d por meio de explicao similar,
no caso do texto de Atos 9.31, juntamente com Atos 6.7; 12.24; 16.4; e 19.20
compem resumos de ampliao e contrao (OSBORNE, 2010, p.146).
Estas sumas marcam uma mudana no ritmo da narrativa, neste caso atos
9.31 o resumo do bloco de Atos 6.8 9.30, sendo que os elementos narrados
neste bloco esto de maneira sinttica e demonstra o objetivo do narrador. Em todo
cada caso, a narrativa parece fazer uma pausa por um momento antes de tomaralgum tipo de nova direo (FEE; STUART, 1997, p.83).
2.2.2 Contexto remoto
Este considera o contexto propriamente dito, observando do geral para o
particular, ou seja, o contexto remoto um bloco de argumento, narrativa, ou pea
literria em que a narrativa esta inserida. Tendo por objetivo a anlise da passagem
no seu posicionamento no fluxo do pensamento do autor, e respondendo ao seu
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propsito (BATISTA, 2005, p.69).
Ento ao repartir Atos segundo as sumas citadas acima, dividido em seis
sees, ou painis, que do a narrativa um movimento para frente, sendo: Primeira,
Atos 1.1 6.7, faz uma descrio da Igreja Primitiva em Jerusalm, sua pregao
primitiva, sua vida em comum, sua propagao e a oposio inicial a ela. Esta seo
tem uma caracterstica judaica, inclusive os sermes, a oposio e o fato de que os
crentes primitivos continuam associaes com o templo e as sinagogas. Esta seo
termina com uma narrativa que indica que uma diviso comeara entre os crentes
de idioma grego e os de idioma aramaico (FEE; STUART, 1997, p.83).
Segunda, Atos 6.8 9.31, faz uma descrio da primeira expanso
geogrfica, levada a efeito pelos helenistas (cristos judaicos de idioma grego)para os judeus da dispora ou os quase judeus (samaritanos e proslitos), inclui
nesta seo a converso de Paulo, que era um helenista, opositor judaico, e era
aquele que estava para liderar a expanso especificamente gentia, sendo que o
martrio de Estevo a chave desta expanso inicial (FEE; STUART, 1997, p.83).
Terceira, Atos 9.32 12.24, faz uma descrio da primeira expanso aos
gentios. A chave a converso de Cornlio, cuja historia contada duas vezes. A
relevncia de Cornlio que sua converso foi um ato direto da parte de Deus, queno usou os helenistas nesta ocasio, que teriam sido suspeitos, mas, sim, Pedro, o
lder reconhecido da misso judaico-crist. Aqui tambm inclui a histria da igreja
em Antioquia, onde a converso dos gentios agora levada a efeito pelos helenistas
de modo resoluto (FEE; STUART, 1997, p.84).
Quarta, Atos 12.25 16.4, nesta seo o autor faz uma descrio da primeira
expanso geogrfica para dentro do mundo gentio, com Paulo na liderana, sendo
que os judeus agora rejeitam de modo regular o Evangelho porque inclui os gentios.Possui tambm a narrativa da igreja primitiva se reunindo em conclio e no rejeita
seus irmos e irms gentios, nem impe sobre estes exigncias judaicas, este fato
serve como chave para a plena expanso do mundo gentio (FEE; STUART, 1997,
p.84);
Quinta, Atos 16.5 19.20, neste bloco feito uma descrio da expanso
adicional, sempre em direo ao ocidente, no mundo gentio, agora, entretanto na
Europa. Pois repetidas vezes os judeus rejeitam o Evangelho, e os gentios lhe do
boas-vindas (FEE; STUART, 1997, p.84).
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Finalmente, Atos 19.21 28.30, neste ltimo bloco no tem a suma de
costume pois o livro terminado de forma abrupta. Neste feita uma descrio dos
eventos que levam Paulo e o Evangelho para Roma, com muito interesse pelos
julgamentos de Paulo, no decurso de sucessivos julgamentos trs vezes declarado
inocente de qualquer culpa (FEE; STUART, 1997, p.84).
O texto em anlise, Atos 9.31, faz parte do segundo bloco de narrativas (At
6.8 9.31), e tem por caractersticas a suma citada logo acima que retrata muito
bem o que se narra neste bloco na qual nosso texto est inserido.
2.2.3 Contexto imediato
O contexto imediato busca a relao existente entre a passagem escolhida e
os textos que a antecedem e seguem (BATISTA, 2005, p.69).
A passagem de Atos 9.31 est diretamente ligado ao segundo bloco de
argumentao; no entanto, seu contexto imediato anterior Atos 9.1-30, que possui
a narrativa da converso de Paulo, da sua pregao e fuga para Damasco e seu
retorno para Jerusalm e fuga para tarso. J o contexto imediato posterior Atos
9.32-43, este trata da narrativa que relata Pedro curando Enias e ressuscitandoTabita (GUNDRY, 2008, p.378).
2.2.4 Contexto estrutural
2.2.4.1 Delimitao da passagem, manuscritologia, tradues literal e
idiomtica.
A passagem em estudo, Atos 9.31, apresentada no captulo 9 de Atos,sendo indicada como uma pericope narrativa completa na maioria das verses da
Bblia em portugus, assim como no texto grego, no qual a referncia para o
estudo desta passagem o Novo Testamento Grego5.
O aparato crtico possui uma leitura, e apresenta trs6 variantes na pericope
de Atos 9.31.
5
O Novo Testamento Grego Quarta edio revisada que baseado no The Greek New Testament editado porBarbara Aland, Kurt Aland, Johannes Karavidopoulos, Carlo M. Martini, e Bruce Metzger. Sociedade Bblica Brasileira, 2009.
6Cof. ibid, 5 p.377.
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Esta exegese opta pela primeira variante devido ao seu alto grau de certeza
(A, certo que o texto esse mesmo) e tambm por outros critrios de avaliao da
mesma. O critrio que auxiliou nesta deciso foi a datao em documentos de
antiguidade tais como P74,, B, A, e C; assim citada em todos os manuscritos
importantes datados do sculo IV e V. Outro fator que favorece esta escolha o
critrio da famlia textual, de origem Alexandrina. Esta origem preferencial em
relao a outras famlias.
Assim, esta exegese utiliza, na integra o texto do Novo Testamento Grego.
Devido ao alto grau de certeza no sero citadas as demais variantes, somente a
leitura adotada:
(a igreja tinha sendo edificada e caminhando crescia em
nmero); contudo, as demais variantes estaro no apndice deste trabalho.
Segue a citao integral do texto no Novo Testamento Grego:7
,
,
. (At 9.31).
Neste texto acima (At 9.31) tem por traduo literal, segundo Luz (2003,
p.413), o seguinte: A, por sua vez, portanto, Igreja conforme toda a Judia, e
Galilia, e Samaria, tinha paz, sendo edificada e caminhando no temor do Senhor, e
na fortalecedora direo do Santo Esprito, ia crescendo em nmero.
Esta traduo, por ser literal, tem por resultado uma traduo difcil de
entender, pois contm ambiguidades desnecessrias, trechos obscuros, e ainda, um
estilo que no natural (BEEKMAN; CALLOW, 1992, p. 20).
No entanto, para melhor compreenso do texto, usa-se a traduo idiomtica,
que procura comunicar fielmente a mensagem do original, usando as estruturasgramaticais e lxicas que so naturais da lngua receptora (BEEKMAN; CALLOW,
1992, p. 21).
Sendo assim, podemos sugerir a seguinte traduo idiomtica de Atos 9.31:
Todavia a Igreja tinha paz por toda a Judia, Galilia e Samaria, e crescia
edificando-se, e conduziam suas vidas no temor do Senhor, e no encorajamento do
Esprito Santo.
7Ibid, 5 p.377.
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2.2.4.2 Estrutura da obra-passagem
Embora tenhamos citado que Atos pode compor-se de seis grandes blocos,
quando adentramos para a estrutura da passagem devemos fazer o uso de uma
abordagem mais minuciosa e precisa quanto aos assuntos tratados, segue ento a
estrutura sugerida por Marshall (1980, p.51-53):
I O COMEO DA IGREJA (1.1 - 2.47).
a. Prlogo (1.1-5).
b. A ascenso de Jesus (1.6-11).
c. A volta dos discpulos para Jerusalm (1.12-24).d. O dcimo - segundo apstolo (1.15-26).
e. O derramamento do Esprito Santo (2.1-13).
f. Pedro prega o evangelho (2.14-42).
g. Resumo da vida da igreja primitiva (2.43-47).
II A IGREJA E AS AUTORIDADES JUDAICAS (3.1 - 5.42).
a. A cura de um coxo (3.1-10).b. Pedro explica o incidente (3.11-26).
c. A priso de Pedro e Joo (4.1-22).
d. Os discpulos oram, pedindo mais intrepidez (4.23-31).
e. Outro resumo da vida da igreja primitiva (4.32-37).
f. O pecado de Ananias e Safira (5.1-11).
h. A segunda priso dos apstolos (5.17-42).
III A IGREJA COMEA A EXPANDIR-SE (6.1 9.31)
a. A nomeao dos sete (6.1-7).
b. A controvrsia acerca de Estevo (6.8-15).
c. O discurso de Estevo no tribunal (7.1-53).
d. A morte de Estevo (7.54 8.1a).
e. A sequela morte de Estevo (8.1b-3).
f. O evangelho se espalha at Samaria (8.4-25).
g. A converso de um etope (8.26-40).
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h. A converso e a vocao de Paulo (9.1-19a).
i. Paulo comea a pregar (9.19b-31).
IV O COMEO DA MISSO AOS GENTIOS (9.32 12.25)
a. As obras poderosas de Pedro (9.32-43).
b. A converso de Cornlio (10.1 11.18).
c. A igreja em Antioquia (11.19-30).
d. A priso e o escape de Pedro (12.1-25).
V A MISSO SIA MENOR E SUAS CONSEQUNCIAS (13.1
15.35).a. A vocao misso (13.1-3).
b. A evangelizao em Chipre (13.4-12).
c. A evangelizao na sinagoga de Antioquia da Psdia (13.13-
52).
d. O conflito em Icnio (14.1-7).
e. A evangelizao dos pagos em Listra (14.8-20).
f. A viagem de volta Antioquia (14.21-28).g. O conclio de Jerusalm (15.1-35).
VI A CAMPANHA MISSIONRIA DE PAULO NA MACEDNIA E NA
ACAIA (15.36 18.17).
a. Paulo, Barnab, Marcos e Silas (15.36-42).
b. a volta de Paulo a Derbe e Listra (16.1-5).
c. A chamada Macednia (16.1-5).d. Filipos: a primeira igreja na Macednia (16.11-40).
e. Tessalnica e Beria (17.1-15).
f. Atenas: o discurso no Arepago (17.16-34).
g. Corinto (18.1-17).
VII A CAMPANHA MISSIONRIA DE PAULO NA SIA (18.28
20.38).
a. Paulo parte de corinto (18.18-21).
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b. Paulo viaja a Cesaria e a Antioquia (18.22-23).
c. A chegada de Apolo (18.24-28).
d. Os doze discpulos em feso (19.1-7).
e. A obra de Paulo em feso (19.8-22).
f. A reao de paganismo em feso (19.23-41).
g. A viagem de Paulo de feso a Mileto (20.1-16).
h. O discurso de despedida de Paulo em Mileto (20.17-38).
VIII PAULO CAPTURADO E ENCARCERADO (21.1 28.31).
a. A viagem de Paulo para Jerusalm (21.1-16).
b. Paulo capturado em Jerusalm (21.17-36).c. A defesa de Paulo diante da turba (21.37 22.29).
d. Paulo comparece diante do Sindrio (22.30 23.10).
e. Paulo transferido para Cesaria (23.1-35).
f. Paulo comparece diante de Flix (24.1-27).
g. Paulo comparece diante de Festo (24.1-12).
h. Paulo comparece diante de Festo e Agripa (25.13 26.32).
i. A viagem para Itlia (27.1 28.16).j. Paulo e os judeus em Roma (28.17-31)..
No entanto se faz necessrio uma estruturao especfica, ou seja, da
passagem em estudo. Sendo assim para uma melhor compreenso do leitor,
sigo:
A IGREJA DESFRUTA DE PAZ, E CRESCE (9.31).1 A igreja desfruta paz (9.31a).
1.1 Por toda Judia, Samaria e Galilia (9.31a).
2 A Igreja cresce (9.31b).
2.1 Ao edificar-se (9.31b).
2.2 Ao caminhar (9.31b).
2.2.1 No temor do Senhor (9.31b).
2.2.2 No encorajamento do Esprito Santo (9.31b).
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A parte final deste sub-ponto, contexto literrio, alm de possuir estas
estruturas apresentadas acima, tambm composta por um diagrama da passagem
em estudo (At 9.31), que est no original grego e ser anexada no final deste
trabalho.
2.3 CONTEXTO TEOLGICO
Esta parte do trabalho consta de quatro itens: o gramtico-semntico, que
estar totalmente registrado na forma de Apndice. A ocasio, que
aprofundamento do motivo que levou o autor a escrever. A Teologia Bblica, que
fornece resguardo bblico-teolgico ao escopo do trabalho. Por fim a Teologia
Sistemtica, que organizar a teologia na passagem.
2.3.1 Anlise gramtico-semntico
Veremos a anlise do campo gramatical, que incide em morfologia e sintaxe.
Estes se estreitam com a anlise semntica (composta de: etimologia, diacronia e
sincronia). Estes podero ser consultados no Apndice anexado no final deste
trabalho.
2.3.2 Ocasio
Confirmando o Contexto Especfico, vemos a ocasio pela qual se d a
escrita de Atos. Atos muito mais do que uma obra de cunho histrico, pois ressalta
o poder outorgado ao povo de Deus na expanso do Reino, a saber, o Esprito
Santo.
Isto algo maravilhoso para os primrdios da Igreja, pois esta enfrentava
dificuldades, o Messias acabara de cumprir a sua misso e agora estava no seio do
Pai, ou ainda, pelos conflitos gerados pelos judaizantes, por helenistas e por gentios,
havia uma preocupao quanto aceitabilidade da veracidade do evangelho
pregado.
Por isso Lucas escreve, para socorrer e ajudar a igreja, encorajando o povo
de Deus. Ao demonstrar sua preocupao pastoral, escreve que mesmo na
adversidade a tarefa da igreja, essencialmente, sempre ser a sua misso de pregaro evangelho, de ser inclusiva sem jamais discriminar raa, cultura ou classe social,
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de ressaltar que mesmo com a partida do Messias ele se fazia presente por meio do
Esprito Santo, de que o realizar da misso no mero ato humano, de oferecer um
documento veracssimo e encorajador, pois igreja levantada e dirigida por Deus, tem
seu triunfo na sua esperana em Deus, mesmo que a igreja sofresse mrtires, o
triunfo final a palavra de Deus que permanece para sempre (MARSHALL, 1980,
p.49-50).
Vemos isto em Atos 1.8, mas recebereis poder, ao descer sobre vs o
Esprito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalm como em toda a
Judia e Samaria e at aos confins da terra.
por isso que vemos na presena do Esprito Santo e de Cristo, o motivo
pelo qual a Igreja deve se alicerar, e de enfrentar as dificuldades encontradas nocaminho da pregao e do testemunho do evangelho do reino.
2.3.3 Teologia bblica
Esta anlise deve verificar que implicaes teolgicas a sua passagem
possui, principalmente que relao ela guarda com outras passagens das
Escrituras. (BATISTA, 2005, p. 73).Busca-se uma interpretao que localize atravs de palavras presentes no
texto, paralelos nos nveis imediato, intermedirio e cannico; ligam, nos mesmos
nveis, os paralelos de idias e histricos.
O desvendar das conjeturas aplicadas no texto de Atos 9.31 se d pela
observao do v. 31 nas suas vrias palavras cujos paralelos encontram-se em
outras pginas das Escrituras: a palavra 1) (eklesia) no sentido inicial: de
um composto de (ek) ou (ex) [preposio primria denotando origem (o pontode onde ao ou movimento procede), de, de dentro de (de lugar, tempo, ou causa;
literal ou figurativo); sendo preposio, significa: de dentro de, de, por, fora de.].
Pode ento significar em seu sentido inicial: reunio de cidados chamados para
fora de seus lares para algum lugar pblico, assemblia; ou assemblia do povo
reunida em lugar pblico com o fim de deliberar; ou assemblia dos israelitas; ou
qualquer ajuntamento ou multido de homens reunidos por acaso, tumultuosamente;
ou aqueles que em qualquer lugar, numa cidade, vila,etc, constituem um grupo e
esto unidos em um s corpo; ou totalidade dos cristos dispersos por todo o
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mundo; ou ainda assemblia dos cristos fieis j falecidos e recebidos no cu
(STRONG, 2005). Mas seu uso em Atos 9:31, (Igreja) designa a totalidade
dos cristos em uma rea geogrfica especfica e, portanto, pode ser traduzido:
"Assim, a Igreja em toda a Judia, Galilia e Samaria tinham paz . (ROLOFF
apud, BALZ; SCHNEIDER, 1990, vol. 1, p.414). Esta maneira de designar a
totalidade da Igreja, encontrada em (At 8.1; Mt 16.18), e no seu contexto cannico,
usada: toda congregao, indicando totalidade (1Cr 29.1; 2Cr 30.2; Ed 10.14); ou
seja Lucas narra concernente a totalidade da Igreja que residia na Palestina (Judia,
Galilia e Samaria) nos primrdios da Igreja Crist.
Lucas continua sua narrativa referente Igreja, com a seguinte expresso
caracterizadora e modificadora do substantivo Igreja: 2) (de acordo com toda a Judia e Galilia e
Samaria tinham paz), nesta expresso idiomtica o autor de atos enfatiza a
totalidade da palestina ( ) e o estado em que a Igreja se encontrava em
paz ( ).
Em 2.1 segue primeiramente, 2.1 a palavra no seu
sentido inicial, ter (i.e. segurar, possuir); ou, ter (segurar) na mo, no sentido de
utilizar; ou, ter (controlar) possesso da mente (refere-se a alarme, agitao,emoo, etc.); ou ainda, segurar com firmeza; ter ou incluir ou envolver; considerar
ou manter como (STRONG, 2005). No contexto cannico, em (Dt 10.9; 18.2; Ez
44.28), prevalece tanto em Moiss quanto em Ezequiel o seu sentido verbal de
possuir, ter e assegurar, o que coincide com o sentido literal e figurativo que
expressa, como segurando algo com segurana manter, preservar, ou ainda a
caracterstica desta palavra designar qualquer forma de combinao de duas
entidades, incluindo pessoal, material e tipo metafrico. (BALZ; SCHNEIDER, 1990,vol 2, p.95).
Isto tambm visto no NT (Mt 21.28; Lc 16.1; Hb 11.15) onde tambm
inserida a expresso ter; neste caso 9.31 a Igreja tinha, que o sentido aplicado
em Atos, sendo que esta ao de ter est no imperfeito, no terminada, e o
indicativo insere um tempero realstico e convincente para este estado de possuir
algo.
J a expresso em 2.2 (paz), tem o sentido inicial de: estado de
tranqilidade nacional; ausncia da devastao e destruio da guerra; paz entre os
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indivduos, i.e. harmonia, concrdia; segurana, seguridade, prosperidade, felicidade
(pois paz e harmonia fazem e mantm as coisas seguras e prsperas); da paz do
Messias; o caminho que leva paz (salvao); do cristianismo, o estado tranqilo de
uma alma que tem certeza da sua salvao atravs de Cristo, e por esta razo nada
temendo de Deus e contente com poro terrena, de qualquer que seja a classe; e,
o estado de bem-aventurana de homens justos e retos depois da morte. (STRONG,
2005).
Seu contexto cannico, em (Jz 21.13) enaltecendo a proclamao da paz, em
(2 Rs 5.19), o autor descreve Eliseu desejando paz para a jornada de volta de
Naam, e ainda, em (Zc 8.12) na descrio da restaurao de Jerusalm haver
sementeira de paz. Contudo particularmente h um nico sentido de oposio daguerra e da dissenso (Lc 14.32, At 12.20; Ap 6.4). Entre os indivduos, paz e
harmonia (Mt 10.34, Lc 12.51, At 7.26; Rm 14.19).. Em Hb. 7.2, "rei de paz",
significa um rei pacfico. Metaforicamente a paz de tranquilidade, paz da
mente, decorrentes de reconciliao com Deus e um sentido de um favor
divino (Rm 5.01; 15.13, Fp 4.7 [ cf Is 53.5]). ). (ZODHIATES, 2000).
Ou ainda pode denotar, estado sade que significa paz, bem-estar,
prosperidade, cada tipo de bem. Em Lucas 1.79, "o caminho da paz" significa ocaminho da felicidade; (Lc 2.14; 10.6),"filho da paz" significa filho da felicidade, ou
seja um ser digno da paz (Lc 19.42; Rm 8.6; Ef 6.15, "evangelho da paz"
significa evangelho de felicidade, ou seja, o que leva felicidade, 2 Ts 3.16. "O
Deus da paz" significa que o autor e doador desta bem-aventurana).
(ZODHIATES, 2000).
Porm o autor quer dizer ou que signifique que por implicao, os cristos da
Palestina esto em um estado de paz, tranqilidade (Lc 2.29; 11.21, Jo16.33;At 9.31; 1Co 14.3; 1 Ts 5.3). (ZODHIATES, 2000).
Em ltima anlise da expresso:
, o autor narra que a Igreja em um sentido mais amplo de
que alguma forma experimentava de um momento de paz na Palestina como Igreja
no relacionamento como corpo de Cristo havia paz entre os cristos residentes na
Samaria, Judia e Galilia. Tambm havia paz porque os cristos eram passivos
no pegavam em armas, mas testemunhavam e sofriam por dano prprio.
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Seguiremos nossa abordagem de uma maneira diferente devido ao alto grau
de importncia dos seguintes verbos ( (edificando-se),
(caminhando), (crescendo).
Por isto nos ateremos ao seguir nossa sequncia da anlise a estes verbos.
Ento segue: 3) (edificando-se), no seu sentido inicial: construir uma
casa, erigir uma construo; edificar (a partir da fundao); restaurar pela
construo, reconstruir, reparar; metforicamente - fundar, estabelecer, promover
crescimento em sabedoria crist, afeio, graa, virtude, santidade, bem-
aventurana, creser em sabedoria e piedade. (STRONG, 2005). Seu contexto
canonico abordado como um lugar onde foi edificado um altar (1 Sm 7.17), o lugar
que a Igreja estava sendo edificada era em toda Palestina. Como fundamento podesignificar como ato divino eu edificarei minha igreja (Mt 16.18), ou ser aqueles que
constroem (Ef 2.20), ou ainda ser o corpo que se constri pela ao da cabea
Cristo (Ef 4.15s), outro modo seria um edificio novo (Ap 21.2). Contudo em ultima
anlise pode se dizer que esta expresso usada num sentido metafrico em At
9.31, pois denota - fundar, estabelecer, promover crescimento em sabedoria crist,
afeio, graa, virtude, santidade, bem-aventurana, creser em sabedoria e
piedade (STRONG, 2005).Por cosenguinte, a palavra grega 4) (caminhando), que tem
seu sentido inicial: conduzir, transportar, transferir; persistir na jornada iniciada,
continuar a prpria jornada; partir desta vida; seguir algum, isto , tornar-se seu
adepto; achar o caminho ou ordenar a prpria vida (STRONG,2005). Possuindo seu
contexto canonico tambm usa-se sua conotao metafrica eu vou pelo camino de
todos os mortais (1 Rs 2.2). Ou ainda quando usada na voz mdia, vindo de um
derivado do mesmo de (peira) e significa: tentativa, experincia, intento; tentaralgo, experimentar algo ou algum; provar algo; experiementar, aprender a conhecer
pela experincia. (STRONG, 2005). Em Atos, em ultima anlise, denota o fato dos
crentes haverem encontrado o verdadeiro caminho, que no mais uma lei, agora
uma pessoa Jesus cristo (At 9.2; 18.25; 24.22; Jo 14.6)
Finalmente a expresso grega 5) (crescendo), no seu sentido
inicial: aumentar, multiplicar; ser aumentado, (ser multiplicado) multiplicar; ser
aumentado. Esta vem de outra forma, na palavra (plethos) que significa:
multido; grande nmero, de homens ou coisas; o nmero inteiro, multido inteira,
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assemblia; multido de pessoas. Que se origina de (pletho) que uma
forma prolongada de uma palavra primria (pleo) (que aparece somente como
uma alternativa em certos tempos e na forma reduplicada - pimplemi), por
sua vez significa: preencher; ser completado, ser preenchido (STRONG, 2005).
Posuindo no seu contexto cannico denota tanto o crescimento de mpios como do
povo eleito (Gn 4.8; 35.11). Em seus usos bblicos pode denotar o crescimento da
criao (Gn 1.22), o crescimento do mal do mundo (Sl 73.3-12), bem como
crescimento do povo eleito, crescimento no salvador e crescimento da Igreja e do
cristo nela (Is 54.1s; At 2.41; 5.14; 1Pe 2.2-5; 2Co 10.15; Cl 1.10; Ef 4.11-16). Em
ultma anlise Atos usa com o sentido de crescimento da Igreja e do Cristo nela.
2.3.4 Teologia sistemtica
A passagem em questo em si no um texto doutrinrio, no entanto quando
Lucas narra qualidade eclesistica de seu tempo revela princpios implcitos no texto
de Atos 9.31. Vemos que esse texto se refere a Igreja visvel, ou seja diz respeito
sua assemblia exterior, organizada ou reconhecida. O NT tem apresentado
instrues claras com respeito Igreja visvel quanto as suas autoridades, de suasordenanas bblicas e de seus ministrios. Isto , uma vida que gera o andar e o
servir daqueles que so salvos, contemplando assim uma vida de servio a Deus e
ao prximo. Na qual um grupo de Igrejas (Cristos), espalhados na Palestina que
tambm eram direcionados pelo propsito divino do agir do Esprito Santo que
confortava e direcionava a comunidade crist (CHAFER, 2008, vol. 4, p. 396-397;
507).
Ou seja, a Igreja em seu sentido teolgico tambm mais amplo, porm noanula o que citamos acima, pois Igreja tambm o corpo de Cristo, organismo ao
qual ele d vida espiritual e por meio do qual ele manifesta a plenitude do seu poder
e graa, portanto a Igreja no pode ser definida em termos simplesmente humanos,
mas sim considerar um elemento que transcendente, o conjunto dos salvos no
qual so habitao, ou templo de Cristo, e tendo a Cristo na Igreja a faz superior do
que todas instituio humanitrias, estas morrem mas, porque Cristo vive a igreja
tambm vive. Por isso Igreja pressupe unio com Cristo. S isto transforma o
pecador em um cristo que possa ter crescimento, comunho vital e espiritual entre
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os indivduos o que constitui o princpio organizador da Igreja (STRONG, 2008, vol.
2, p.1561).
Estes crentes que participam da nova aliana em Cristo, agora esto
inseridos em um novo modo de vida, impactados pela graa atravs de Cristo,
edifica-se na comunho, pregao e ministrasso dos sacramentos. Tendo por
caracterstica o cumprimento do seu propsito que no o de ser, mas, o de
expandir o Reino de Deus aqui na terra, por isso viviam em Cristo e submissos a Ele
e tambm por intermdio da ao do Esprito Santo na vida do cristo e da Igreja
(GRUDEM, 1999, p. 715-728).
Em vista do plano eterno de revelao, aprouve a Deus conservar sua palavra
e especificadamente o texto sagrado, livro de Atos, na referente passagem 9.31, quenos informa atravs de sua narrativa o quanto maravilhose ser Igreja do Deus vivo,
e assim crescer nEle, e tambm crescer como Igreja do Senhor instituida aqui na
terra, submentendo-nos ao seu senhorio e a ao motivadora e consoladora do
Esprito Santo.
Por isso implicidamente, o texto abordado, trata, da doutrina referente
Teologia Sistemtica, a Eclesiologia, no assunto que se refere aos atributos da
Igreja, ou seja, sua unidade, santidade e universalidade. E tambm no que se refereteologicamente s marcas da Igreja em geral a pregao da palavra e em particular
a ministrao da palavra aos fiis, e tambm, dos sacramentos, visto que a Igreja de
Atos 9.31, crescia. implcito, portanto, que os elementos que compem os
atributos e marcas da Igreja estejam de alguma forma inseridas nesta narrativa, pois
conclui-se que nela havia primitivamente uma atividade eclesiolgica por toda a
Palestina, pois a essncia da Igreja no se acha somente na sua comunicao
externa, mas tambm em sua implicao interna, que compartilha de umaesperana e que serve um s Rei. Pois, esta, a cidadela da verdade, e da agncia
de Deus, para comunicar aos crentes todas as bnos espirituais. Como corpo de
Cristo, est destinada a refletir a glria de Deus (BERKHOF, 2001, p. 519, 525-530).
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3 ARGUMENTAO TEOLGICA
A argumentao que se segue tem carter teolgico e tem como alvo expor o
argumento de Lucas, delineado nos itens anteriormente esboados em toda obra
acima.
3.1 DECLARAO DO PROPSITO CONTROLADOR DO ARGUMENTO
A argumentao, abaixo, parte do propsito controlador do autor de Atos. Lucas
ao escrever sua obra, conforme identificado no Contexto Geral, acima: a igreja
estava em seus primrdios, por isso alguns poderiam duvidar de sua identidade,pois a Igreja estava inserida em uma cultura politesta e helenista. Ento Lucas tem
por propsito controlador ao escrever Atos de convencer Tefilo que ningum
pode prejudicar a vitoriosa marcha do evangelho em Cristo.
Por esta razo, Lucas relata a Tefilo o progresso das boas-novas de Jerusalm
at Roma. Para isto, com maestria, Lucas aborda que Deus desejava espalhar o
evangelho e enviou o Esprito Santo para promover a causa do seu reino (At 1.8),
retratando assim ao excelentssimo Tefilo como o evangelho entra no mundo, o
quanto ele autntico e como o nome de Jesus deve ser anunciado ao mundo.
(KISTEMAKER, 2006. vol.1, p.57).
No entanto, a mensagem oferecida a todos os cristos primitivos, sem
restrio de raa, nobreza ou poder, pois a autor Lucas foi o homem escolhido e
preparado pelo Esprito Santo para proclamar a universalidade da revelao divina.
Pois todos estes motivos pelo qual Lucas escreveu Atos so permeados pelo
propsito importante de demonstrar como a igreja, constituda de judeus e gentios,
forma uma continuidade com o Judasmo, tambm para produzir um novo conceito
teolgico, no qual a vinda do Esprito Santo e a misso da igreja que preenchia a
lacuna causada pela demora da paurosia(MARSHALL, 1982, p.20).
3.2 ANLSE TEOLGICA
Segue-se a anlise teolgica da passagem atravs de uma argumentaoque considera todos os contextos pesquisados, acima descritos. Isto ser feito em
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dois pontos bsicos, tais como expressos pelo autor ao longo do verso em anlise.
Antes de adentrarmos nas abordagens das principais teses do autor, aqui
necessrio fazer uma explicao da expresso inicial do verso 31 ( ). Esta
combinao comumente usada por Lucas e ocorre cerca de trinta e nove vezes
em Atos, (cf. At 5.41; 8.4, 25; 11.19; 12.5; 13.4; 14.3; 15.3, 30; 16.5). Comumente
so traduzidas por ento, pois, portanto, por isso, assim e etc.
Este versculo, Atos 9.31, dificilmente seria outra coisa seno uma nota
editorial, resumo, inserido por Lucas. Ao compararmos os resumos anteriores (At
2.42-47; 4.32-35; 5.12-16; 6.7), , uma frmula na qual Lucas muitas vezes
comea uma nova seo do seu livro (At 8.4), e no seria imprprio para tomar o
verso como o incio da nova seo que continua at (At 11.18), uma seo queprimeiro leva Pedro a Jope, onde aguarda a convocao que leva fundao de
uma igreja mista, incluindo gentios.
A frmula, no entanto, por si s para o passado, e, aqui, significa que novos
desenvolvimentos repousaro sobre uma base slida colocada na Judia, Galilia e
Samaria. Ou seja, esse versculo est relacionado tanto com o que precede e tanto
ao que se segue; parece necessrio consider-lo em seu prprio local que denota
ligao com a seo anterior.Sendo assim, em Atos 9.31 ela usada como uma expresso de
continuidade que Lucas emprega para indicar transio: e assim, ora, na verdade.
Ou seja, esta frase faz a transio para a suma no verso 31, que corresponde a uma
abordagem sinttica do que foi narrado no segundo bloco de narrativas (At 6.8
9.31). (KISTEMAKER, 2006, vol. 1, p.409).
E nesta suma que encontramos caractersticas da Igreja em seus
primrdios cristos, que num determinado tempo desfrutou da paz por todaspalestina e que crescia abrangentemente, em nmero e em espiritualidade. Por isso
de suma importncia entender que nesta sntese elucidada a seguinte temtica:
A IGREJA DESFRUTAVA DE PAZ, E CRESCIA (At 9.31).
Prosseguiremos em dois pontos principais, cada um, porm, possuindo seus
respectivos sub-pontos. Vejamos como segue abaixo.
1. A igreja desfrutava de paz por toda Judia, Galilia e Samaria.
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1.1 Igreja ()
A igreja como vimos anteriormente estava inserida no contexto do domnio do
Imprio Romano, esta expresso carregada de significados, porm claro que
aqui seu sentido denota ser a Igreja visvel, que composta de eleitos e de no
eleitos. Contudo, de maneira alguma se perde a essncia do que a Igreja.
Em Atos 5.11 Lucas usa a palavra (), normalmente em um sentido
local, para designar a comunidade dos cristos. de difcil compreenso aprender
com a prpria palavra empregada por Lucas, no entanto entendida como a
composio da comunidade eclesistica, o que vemos no sentido contextual. O
versculo presente descreve o bom funcionamento da Igreja, no entanto no fazqualquer tentativa de dizer que pode ser construda pelo meio de viver no temor do
Senhor, exceto que tais meios dependam da obra do Esprito Santo. Pois, a igreja
tem por ministrio ser o corpo de Cristo, para assim ser repleta de unidade, j que
h um s po, formamos um s corpo (1 Co 10.16s), pois o prprio corpo de Cristo
que torna a igreja una, unificando todos os crentes pelo batismo (1 Co 12.13,27) e
pela comunho eucarstica (1 Co 10.17) e tambm por Cristo ser a cabea da Igreja
(Ef 1.18,22).O testemunho da Igreja duplo, mensagem e mensageiros, quanto a sua
mensagem, pregao do evangelho, que quando semeado h por parte da Igreja
testemunho, exortao, consolao e salvao entre todos os povos. Quanto aos
mensageiros, Como est escrito: Quo formosos so os ps dos que anunciam
coisas boas! (Rm 10.15; Is 52.7), cabe a Igreja expandir o Reino de Deus pelo
ancio da Palavra de Deus, e isto que a Igreja fazia insistentemente em seus
primrdios. Estevo homem cheio de graa e poder de Deus, morreu por pregar oEvangelho para muitos e mesmo na sua morte no imputou culpa aos seus
executores (At 6; 7). Temos tambm Filipe que explica a passagem que o Eunuco
estava lendo (Is 53.7-8), e este veio a ter a Cristo como salvador pessoal, Filipe por
sua vez retrata muito bem a misso da Igreja, pois pregava o evangelho por todas
as cidades que ele passava (At 8.40).
Portanto quando o autor usa a expresso Igreja no singular no indica Igrejas
formadas nos moldes atuais, pois a Igreja primitiva sequer possuia templos, mas era
ralizado reunies nas casas dos prprios cristos, e quando se locomoviam por
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motivos de viajem ou at mesmo de fuga, se concratulavam ao encontrar outro
irmo na f, mesmo sendo este judeu, gentio ou samaritano, por isto Lucas indica a
forte unidade do corpo de Cristo na Palestina, ou seja tanto os Judeus do sul da
Judia e do norte da Galilia viviam em perfeita harmonia com os Samaritanos
(KISTEMAKER, 2006, p. 467).
1.1.2 Desfrutava de Paz ( ).
A Igreja antes era severamente perseguida, e possui desde os seus
primrdios mrtires. Esta perseguio que era extremamente acentuada por parte
dos Judeus, o que vemos em (At 8.1-3 26.9-11), e estes, os judeus, tinham o aval
do governo para expressar sua religio e esta uma caracterstica do helenismoque permeava aquela poca. Contudo esta liberdade tomou propores drsticas,
pois visto que o prprio governo no simpatizava com os assim denominados
cristos, visto que naquele tempo alguns sacerdotes tambm exerciam um papel
poltico, ou ainda faziam vistas grossas quanto as atrocidades cometidas contra os
cristos atravs dos judeus. Paulo era um icone que encabeava esta persseguio
cruel, ele mesmo reconhece isto em (At 8.1-3 26.9-11). Contudo, em Atos 9.1-30,
vemos a narrativa de sua gloriosa converso, a partir da h um cessar parcial dasperseguies, pois a ateno dos judeus foi desviada para outros assuntos e
somente assim se dizia que a Igreja desfrutava de paz.
Outro fator que corroborou enormemente para esta paz da Igreja na
Palestina. Se d pela suposio de que o sumrio de Lucas corresponde aos anos
36-37 d.C., ento sabemos pelo historiador Josefo que esses anos foram marcados
por mudanas. O que ocorreu foram as sucessivas trocas de governantes. Em 36
d.C., o governador romano Vitlio sucedeu Pncio Pilatos. Logo que assumiu ocargo, ele deps Caifs, o sumo sacerdote, e transferiu o sacerdcio para Jnatas;
um ano mais tarde Jnatas foi substituido por seu irmo Tefilo. Vitlio, ao contrrio
de Pilatos, promoveu ordem e estabilidade. Quando o imperador Tibrio morreu em
37 d.C., foi sucedido por Calgula, neste ano Calgula concdeu a Herodes Agripa I
autoridade para governar como rei da Palestina. Herodes Agripa I, que era neto de
Herodes, o Grande, governou de 37-44 d.C.. Ele foi ferido pelo anjo do Senhor e
teve uma morte dolorosa (At 12.23). Essas mudanas fizeram com que os Judeus,
inclinados a perseguir os cristos, desistissem e ouvissem os seus novos
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governantes, desse modo a Igreja desfrutou de paz e tranquilidade. (KISTEMAKER,
2006, p.467).
Portanto paz usada em seu sentido mais amplo alm de significar, paz dos
homens uns com os outros, tambm significa o estado normal de todas as coisas, ou
seja, normalidade no caso de agora, como cristos serem normalmente
considerados como cidados no imprio romano da Palestina. Ou ainda, para Igreja
que vive a salvao em cristo e, portanto, paz para a Igreja tambm vista como a
salvao escatolgica do homem todo, por intermdio de Cristo, tendo assim a
paz com Deus e a paz na alma.
1.1.2.1 Por toda a Judia, Galilia e Samaria ( )
Por toda a ( ),nestas combinaes vemos a extenso na qual a
Igreja est inserida, ao longo de toda a, ou sejaa Igreja (cristos), j residiam por
toda Palestina no seu aspecto geogrfico de norte a sul de leste a oeste, esta
expresso tambm denota que os cristos estavam presentes na sua completude,
no somente num aspecto geogrfico, pois s isso no faria diferena, mas tambm
por estarem integralmente e totalmente em um estado de ser Igreja (ser cristo) naPalestina, sendo que a expresso ao longo indica abrangncia e extenso
geogrfica, e o artigo a faz conexo com Judia, Galilia e Samaria, por
conseguinte segue o texto, como vemos abaixo.
Judia, Galilia e Samaria ( ), nesta
expresso usa-se trs substantivos que localizam o espao geogrfico em que est
inserida a Igreja, que tem por caracterstica o que vimos anteriormente, a paz,
diferentemente de (At 1.8) que diz Jerusalm, Judia e Samaria e at os confins daterra, que indica a extenso e abrangncia da misso crist, no entanto em 9.31,
usa-se Judia, Galilia e Samaria, talvez Lucas queira alm de mostrar a localizao
geogrfica e extensiva da Igreja, aqui especificadamente feito uma citao nica
da palavra Galilia com o sentido de ser local de moradia de alguns cristos, pois
nos outros dois casos em que aparece Galilia em Atos no denota permanncia de
cristos mas vista como uma cidade que foi alvo da pregao da palavra ( At 10.37
Vs conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judia, tendo comeado desde
a Galilia, depois do batismo que Joo pregou), tambm citado como um dos
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lugares que Jesus apareceu aps sua ressurreio (cf. 1 Co 15.6; At 13.30-31 Mas
Deus o ressucitou dente os mortos; e foi visto muitos dias pelos que, com ele,
subiram da Galilia para Jerusalm, os quais so agora as suas testemunhas
perante o povo.). Comprovando assim que provavelmente havia cristos na
Galilia.
No entanto, no h em Atos evidencias de que tenha ocorrido fundao de
igrejas na Galilia. A ocorrncia da Galilia, neste ponto, provavelmente, significa
apenas que a igreja agora de acordo com Lucas, assentada e estabelecida em
todas as reas judaicas, incluindo a rea de meio-judeu de Samaria. Galilia
dificilmente poderia ser omitida. A igreja est em paz e prspera, e agora esto
prontas para uma maior expanso. O silncio sobre a Galilia em Atos no podesignificar que a igreja j estava estabelecida ali, mas que havia muito poucos
cristos nessa regio. Pode-se at argumentar que a Judia, Galilia e Samaria em
Atos 9:31 poderia ser apenas como uma frmula conveniente para afirmar que a
Igreja judaico-crist inteira estava em paz, sem qualquer implicao de que havia
uma comunidade organizada na Galilia ou no, parece mais provvel que havia
poucos cristos na Galilia.
Segue uma pequena argumentao gramatical e geogrfica de cada cidade:a) (Galilaia) de origem hebraica (Galiyl) ou (forma alongada)
(Galiylah); que significa: Galilia (circuito); nome de uma regio do norte da
Palestina, cercada ao norte pela Sria, ao oeste por Sidom, Tiro, Ptolemaida e seus
territrios e o promontrio do Carmelo, ao sul, pela Samaria e ao leste, pelo Jordo.
Era dividida em alta Galilia e baixa Galilia. No seu sentido hebraico
(Galiylah) significa: Galilia (circuito, distrito); um territrio em Naftali amplamente
ocupado por gentios; um grupo de cidades ao redor de Quedes-Naftali, no qualestavam situadas as 20 cidades que Salomo deu a Hiro, rei de Tiro, como
pagamento pelo seu trabalho de fornecer madeira do Lbano para Jerusalm.
(STRONG, 2005);
b) (Ioudaia), feminino de (Ioudaios) (com a implicao de
(ge)). Significa: Judia (seja louvado); num sentido restrito, a parte sul da
Palestina, localizada ao ocidente do Jordo e do Mar Morto, para distingui-la de
Samaria, Galilia, Peria, e Idumia; num sentido amplo, refere-se a toda a
Palestina. No seu sentido Hebraico ( ea) significa: Jud (louvado); o
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filho de Jac com Lia; a tribo descendente de Jud, o filho de Jac; o territrio
ocupado pela tribo de Jud; o reino composto pelas tribos de Jud e Benjamim que
ocuparam a parte do sul de Cana depois da nao dividir-se dois reinos aps a
morte de Salomo; um levita na poca de Esdras; um supervisor de Jerusalm na
poca de Neemias; um msico levita na poca de Neemias; um sacerdote na poca
de Neemias. (STRONG, 2005);
c) (Samareia), de origem hebraica ( er). Significa:
Samaria (proteo); territrio da Palestina, que tinha Samaria com sua capital. No
hebraico ( er), denota seu sentido de: Samaria (montanha para
vigilncia); a regio na parte norte da Palestina pertencente ao reino do Norte, que
era formado pelas 10 tribos de Israel que se separaram do reino do Sul depois damorte de Salomo durante o reinado de seu filho Roboo, sendo inicialmente
governadas por Jeroboo e a capital do reino do Norte ou Israel localizada 50 km ao
norte de Jerusalm e 10 km a noroeste de Siqum. (STRONG, 2005).
Portanto em todas as regies citadas acima a Igreja alcanou paz no seu
sentido mais amplo de paz dos homens uns com os outros, tambm significa o
estado normal de todas as coisas, ou seja, normalidade no caso de agora, como
cristos serem normalmente considerados como cidados no imprio romano daPalestina. Ou ainda, de ser Igreja em total completude, ou em sua totalidade que
vivia a salvao em cristo e, portanto, a paz eclesiolgica tambm era vista em toda
a Palestina, pois, a salvao escatolgica dada ao homem todo por intermdio de
Cristo, por onde se obtm a paz com Deus, a paz da alma, isto era tambm
expresso em todo territrio, e a Igreja tambm era reconhecida por estas
caractersticas de ter a Cristo, isto tambm inclui paz que era, ou ainda
caracterstica daqueles que tem a Cristo como Senhor e salvador de suas vidas.
2. A Igreja cresce ().
Das vrias maneiras que se pode entender a expresso crescer, por exemplo:
na criao como multiplicao; na histria da salvao o crescer do mal, do povo
eleito, da Palavra, e do reino de Deus.
O significado que mais atende a inteno autoral do livro de Atos, o sentido
de crescimento da Igreja e do cristo nela, ou seja, o crescimento a lei da vida
crist, assim como de qualquer vida, pois o cristo deve crescer no isolado, mas na
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Igreja, na qual esta inserida uma pedra viva, ao mesmo tempo em que ele cresce
para salvao, a casa espiritual que a Igreja cresce e se edifica (1Pe 2.2-5)
(DUFOUR, 2002, p. 187).
Isto fica mais claro quando vemos em (2Co 10.15), Paulo convida o cristo a
crescer na f, em (Cl 1.10; Fp 1.9; 1Ts 3.12) Paulo convida para o crescimento no
conhecimento de Deus, nas boas obras, proporcionando assim a gerao de frutos
no cotidiano cristo. A palavra crescer est ligado diretamente com o conhecer a
Deus, pois o cristo e a Igreja s crescero pelo fato de conhecerem e de terem
uma profcua intimidade com Deus. Este conhecer a Deus proporciona para o cristo
e para a Igreja o crescimento na graa (2 Pe 3.18), pois Jesus a cabea da Igreja
o sustentador de sua obra, por isto cristos, evangelistas, pastores etc., so scolaboradores de Deus, no fazem outra coisa seno plantar e regar, pois Deus
somente Deus que d o crescimento (1Co 3.6-9). Crescimento este que devido
qualidade do crescer cristo o Senhor Deus proporciona o aumentar e o multiplicar
da menbresia Crist.
Este crescimento que descrito em Atos 9.31, se d pelo modo de vivncia
dos primeiros cristos com Deus e de uns para com os outros, isto visto pelo
menos por duas razes que veremos agora na sequncia da anlise teolgica.
2.1 Ao edificar-se ().
Esta a primeira, das duas caractersticas da Igreja primitiva que
proporcionou crescimento em sua totalidade, ou seja, espiritual e em nmero. Pois
aqui edificar no denota seu sentido primrio do antigo Israel, que aborda tema de
construo. Seja este uma construo, um edifcio que se constri, ou ainda um
povo que edifica e constri suas casas, sua cidade e seu templo. Pois construir umdesejo natural do homem. (DUFOUR, 2002, p. 253-254).
No entanto o sentido de edificar em Atos 9.31, tem uso diferente, pois aqui se
trata da edificao do corpo de Cristo. A edificao deste corpo se d pelo menos
em duas ocasies: primeira, Jesus o prprio edificador da Igreja, ou seja, a pedra
angular no s o edifcio novo, mas tambm seu construtor, pois o edifcio a sua
obra, a sua Igreja, e o prprio Jesus quem tambm a edifica; segundo, o corpo
de Cristo que se constri, sob a ao da cabea, Cristo, o corpo inteiro se constri
em si mesmo por intermdio de Cristo. No entanto esta edificao mutua no corpo
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de Cristo envolvendo, a comunho da Igreja, o ter Jesus por cabea, envolve
tambm o culto de adorao a Deus, a pregao da palavra, a evangelizao,
servio mtuo, bem como a ministrao do batismo e da santa ceia. Deste modo a
Igreja foi fortalecida na f e no apenas aumentaram em nmero, mas
principalmente na sua fora espiritual.
Portanto, foram edificados, foram construdos em sua f santssima, o prazer
mais livre e constante, ou seja, o autor de Atos usa a expresso edificar no seu
sentido metafrico, indicando assim o fundar e estabelecer da Igreja atravs da
edificao que o promover do crescimento na sabedoria crist, na afeio, na
graa, na virtude, na santidade e na bem-aventurana, pois tudo isso retrata a
verdadeira edificao que era vista na igreja primitiva em seu constante desenvolverda sabedoria e piedade, perante Deus e os homens.
2.2 Ao caminhar ().
Esta a segunda caracterstica que proporcionou o crescimento na Igreja, ou
seja a maneira da Igreja caminhar, em geral esta palavra, caminhar, expressa
movimento em geral, frequentemente confinado dentro de determinados limites, ou
que d proeminncia ao comportamento; da, a palavra normal para a marcha de umexrcito. (STRONG, 2005), ou seja a Igreja caminhava dentro de limites que lhe
proporcionava crescer.
Quais seriam estes limites, para melhor enterdermos, Lucas emprega aqui o
significado de conduzir da vida, ou seja, este conduzir da vida dos cristos em
seus primrdios, fez grande diferena, e com certeza pode ainda fazer diferena nos
dias atuais. Por isto, no conduzir da vida segundo Atos 9.31, so agregados
princpios norteadores, pois conduzir somente a vida por conta prpria nem sempresignifica um proceder agradvel a Deus, por isso acrescido no conduzir da vida
alguns dos limites da vida crist em pelo menos duas formas: no temor do Senhor e
a outra, no encorajamento do Esprito Santo. o que veremos a seguir, pois
entender isto implica numa maneira correta de conduzir a nossa vida crist, sendo
isto de suma importncia para o cotidiano eclesistico. Vejamos abaixo, o que segue
como caracterizador do conduzir da vida crist nas duas formas descritas em Atos
9.31.
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2.2.1 No temor do Senhor ().
Aqui empregado com o significado de medo, temor e reverncia diante
de Deus (At 9.31; 2Co 7.1; Cl 3.22; Ef 5.21). Cristo o objeto deste temor, pois
Cristo que oferece tanto a motivao como da maneira da conduta crist (Lc 18.2, 4;
At 9.31; 1Pe 2.17; Ap 11.18). Ou seja, esta reverncia a Deus acarreta numa
confiana total no Senhor.
Esta ao de conduzir a vida no temor do Senhor implica em pelo menos
duas caractersticas: a caracterstica de possuir uma profunda reverncia pela
pessoa do Senhor (); e tambm a caracterstica de mostrar uma conduta
tica que natural para aqueles que pertencem ao reino de Deus, que no
somente um cuidado circunstncial, mas sim uma marca permanente de uma vidatransformada.
Em Atos Lucas usa do ministrio terrestre de Jesus "(1.21; 20.35) e de
seu status ressuscitado (2.36; 4.33; 9.27). Mas uma srie de frases tipicamente
de Lucas usando ocorre uma ou outra vez: O Senhor (ressuscitado)
(Jesus) apareceu e fez ou disse algo (9.10, 11, 15, 17; 22.10b; 23.11; 26.15), os
cristos acreditam, por sua vez, ou so adicionadas ao "Senhor" (5.14, 9.35,
42; 11.17, 21b, 24; 14.23; 16.31, 20.21 ); discpulos "do Senhor" (9.1) pregar ele(11.20, 14.3; 28.31), ou exaltam, pregar e batizar em seu nome (8.16; 9.28, 19.5, 13,
17; 21.3). Ou seja, Senhor denota aquele a quem uma pessoa ou coisas pertence,
sobre o qual ele tem o poder de deciso , pois o Senhor, dono da Igreja e da vida
aqui representado como o soberano que merece um ttulo de honra que expresse
reverncia, contudo este ttulo dado a Deus quanto ao Messias.
Portanto parece que Lucas usa esta expresso temor do Sehnor, com o
significado de temor reverencial. Deus o motivo da vida, em assuntos espirituais emorais, por isto aqui no denota um significado de ser um mero temor de Seu
poder e de sua retribuio justa, mas um medo saudvel de desagrad-lo, um
medo que bane o terror pela sua acolhida, e a partir de sua presena, (Rm 8.15),
influenciando a uma disposio, e atitudes em que as circunstncias so guiadas
pela confiana em Deus, atravs do Esprito de Deus, e por intermdio de Cristo ( At
9.31; Rm 3.18, 2 Co 7.1; Ef 5.21). Pois este temor ao Senhor tambm implica numa
reverncia e honra a Jesus Cristo como salvador e Senhor do seu viver dirio.
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2.2.2 No encorajamento do Esprito Santo (
).
Eles caminharam no encorajamento do Esprito Santo, no foram s fiis,
mas alegres na vida crist, pois eles estavam presos nos caminhos do Senhor. Ou
ainda conforto do Esprito Santo que era consolao do povo de Deus e da Igreja, e
que isto faz a maior alegria do crente em Cristo.
No deixavam de recorrer para o encorajamento e para o conforto do Esprito
Santo, pois a Igreja viveu no s em dias de angstia e aflio, mas em dias de
descanso e prosperidade.
Lucas apresenta consistentemente o Esprito Santo dirigindo a vida das
Igrejas locais. Evidenciando que est implcita essa direo do Esprito Santo (cf. At2.42-47), assim tambm, esta direo expressa em (At 4.32-35; 5.12-16; 6-8). Em
Atos 9.31 a ao do Esprito Santo expressa com exatido, pois Lucas entendeu
que o Esprito Santo equipa a Igreja para misso, desnpenhando alm da misso
salvfica, vive no temor do Senhor, estando a Igreja cheia do Esprito Santo, este ir
capacita-la para sua obra, pois uma Igreja deve andar no conforto, no
encorajamento e na direo do Esprito Santo. (BROWN, 2000, vol. 1, p. 739-741)
Portanto este crescer da Igreja est na ligao destes dois elementos: quandoandaram no temor do Senhor, ento eles andaram no conforto do Esprito Santo.
Sendo assim mais propensos a andar alegremente e a andar prudentemente. Por
isto, ao evidenciarem marcas de uma Igreja genuna e saudvel, naturalmente esta
Igreja cresce em numero e tambm no crescer pessoal do cristo na sua vida
eclesistica.
As concluses da argumentao acima,so:
a) A igreja que estava inserida na Palestina (Judia, Galilia e Samaria), estavadesfrutando de um tempo de paz por causa da mudana de foco dos Judeus,
mudana esta que se deu pela converso de Paulo e pela mudana dos
governantes da Palestina;
b) A Igreja estava crescendo e conduzia sua vida nos limites cristos, ou seja, a
Igreja edificava-se, andava no temor do Senhor gerando uma vida de reverncia e
honra a Jesus Cristo como salvador e Senhor do seu viver dirio, tendo por
consequncia o desfrutar do conforto, do encorajamento e da direo do Esprito
Santo.
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4 SNTESE TEOLGICA
Esta seo se ocupa, basicamente, em apresentar um mapa geral da
passagem, demonstrar o argumento da teologia da passagem, indicar sua teologia e
relacion-la com confisses de f reformadas (Atos 9.31).
4.1 VISO GERAL DA PASSAGEM
Neste mapeamento da passagem o escritor de Atos, Lucas, descreve a Igreja
vivendo e desfrutando de um perodo de paz na Palestina, e que esta crescia:
edificando-se, andando no temor do Senhor e no encorajamento do Esprito Santo.
4.2 ARGUMENTO DO AUTOR
Para fazer isso, segue o seguinte argumento: O autor Lucas para atingir seu
propsito de descrever caractersticas da Igreja em seus primrdios, logo aps a
narrativa da converso de Paulo, retrata dois momentos singulares da Igreja em
uma suma que referente ao bloco narrativo (Atos 6.8-9.31). Nesta suma, usa
argumentao narrativa, descrevendo que a Igreja desfrutava de um perodo de paz
por toda Judia, Galilia e Samaria, por conseguinte esta Igreja descrita na
narrativa de Lucas em Atos por estar crescendo ao andar no temor do Senhor e no
encorajamento do Esprito Santo. Ao fazer isto, encerra este bloco narrativo (Atos
6.8-9.31), e aps esta suma, d continuidade sua narrativa em uma nova
perspectiva.
4.3 TEOLOGIA DA PASSAGEM
Disso tudo emerge a teologia da passagem: onde tratado da doutrina da
Igreja. Doutrina referente a Teologia Sistemtica, denomina-se Eclesiologia no
assunto que se refere aos atributos da Igreja, ou seja, sua unidade, santidade e
universalidade. E tambm no que se referem teologicamente as marcas da Igreja em
geral pregao da palavra e em particular, ministrao da palavra aos fiis e
tambm dos sacramentos, visto que a Igreja de Atos 9.31 crescia. Aqui implcito
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que os elementos que compem os atributos e marcas da Igreja estejam de alguma
forma inseridas nesta narrativa, pois conclui-se que nela havia primitivamente uma
atividade eclesiolgica por toda a Palestina, pois a essncia da Igreja no se acha
somente na sua comunicao externa, mas tambm em sua implicao interna,
formando assim uma unidade espiritual da qual compartilha uma esperana e serve
um s Rei. a cidadela da verdade da agncia de Deus para comunicar aos crentes
todas as bnos espirituais. Como corpo de Cristo, est destinado a refletir a glria
de Deus como esta se v registrada na obra da redeno. (BERKHOF, 2001, p. 519,
525-530).
4.4 CONEXES CONFESSIONAIS REFORMADAS
Enfim, a doutrina da Igreja, defendida por Lucas na passagem exegetizada
(At 9.31) encontra-se claramente exposta nas confisses de f reformadas; cita-se,
aqui, a Confisso de F de Westminster (1647) que, em seu Captulo XXV, inciso I a
VI, afirma: I. A Igreja Catlica ou Universal, que invisvel, consta do nmero total
dos eleitos que j foram, dos que agora so e dos que ainda sero reunidos em um
s corpo sob Cristo, seu cabea; ela a esposa, o corpo, a plenitude daquele quecumpre tudo em todas as coisas. (Ref. Ef. 1: 10, 22-23; Col. 1: 18). II. A Igreja
Visvel, que tambm catlica ou universal sob o Evangelho (no sendo restrita a
uma nao, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro
professam a verdadeira religio, juntamente com seus filhos; o Reino do Senhor
Jesus, a casa e famlia de Deus, fora da qual no h possibilidade ordinria de
salvao. (Ref. I Cor. 1:2, e 12:12-13,; Sal .2:8; I Cor. 7 :14; At. 2:39; Gen. 17:7;
Rom. 9:16; Mat. 13:3 Col. 1:13; Ef. 2:19, e 3:15; Mat. 10:32-33; At. 2:47). III. A estaIgreja Catlica Visvel Cristo deu o ministrio, os orculos e as ordenanas de Deus,
para congregamento e aperfeioamento dos santos nesta vida, at o fim do mundo,
e pela sua prpria presena e pelo seu Esprito, os torna eficazes para esse fim,
segundo a sua promessa. (Ref. f. 4:11-13; Isa. 59:21; Mat. 28:19-20). IV. Esta
Igreja Catlica tem sido ora mais, ora menos visvel. As igrejas particulares, que so
membros dela, so mais ou menos puras conforme neles , com mais ou menos
pureza, ensinado e abraado o Evangelho, administradas as ordenanas ecelebrado o culto pblico. (Ref. Rom. 11:3-4; At. 2:41-42; I Cor. 5:6-7). V. AS igrejas
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mais puras debaixo do cu esto sujeitas mistura e ao erro; algumas tm
degenerado ao ponto de no serem mais igrejas de Cristo, mas sinagogas de
Satans; no obstante, haver sempre sobre a terra uma igreja para adorar a Deus
segundo a vontade dele mesmo. (Ref. I Cor. 1:2, e 13:12; Mat. 13:24-30, 47; Rom.
11.20-22; Apoc. 2:9; Mat. 16:18). VI. No h outro Cabea da Igreja seno o Senhor
Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabea dela, mas ele
aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdio que se exalta na
Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus. (Ref. Col. 1:18; Ef. 1:22;
Mat. 23:8-10; I Ped. 5:2-4; II Tess. 2:3-4).
Entende-se que as confisses no so inspiradas, por serem feitas por
humanos esto sujeitas ao erro, contudo estas confisses so muito teis poisverbalizam a crena com respaldo bblico, enfim, uma lista os seguintes documentos
confessionais reformados: Catecismo e Confisso de F de Genebra (1537),
Confisso de F da Guanabara (1557), Confisso Galicana (1559), Confisso
Escocesa (1560), Confisso Belga (1561), Catecismo de Heidelberg (1563), 2.
Confisso Helvtica (1566), 39 Artigos da Igreja Anglicana (1571), Cnones de Dort
(1619), Confisso de F e Catecismos de Westminster (Maior e Breve) (1647).
5 CONSIDERAES FINAIS
5.1 Principais resultados obtidos
1 - O livro de Atos no possui fontes exatas somente especulaes, e tem por
caracterstica o registro sequencial de eventos da Igreja Primitiva e evidncia
aspectos, como a radicao do cristianismo na antiga religio do judasmo, a
abertura do cristianismo aos gentios, o comportamento religioso, moral e poltico dos
cristos e o fato do funcionalismo romano no encontrar verdade alguma nas
acusaes levantadas contra os cristos da poca dos primrdios da Igreja. O texto
cannico, por isto autntico, integro e tem aceitao dos pais da Igreja e est
presente na maioria dos manuscritos confiveis.
2 Atos, quanto ao gnero literrio, trata-se de uma narrativa; no entanto,
Atos mais abrangente pois tambm uma narrativa conectada em termos de
ordem cronolgica e trata de vrias linhas narrativas compem o enredo, podem seridentificados alguns distintos gneros literrios: como narrativas, relatrios de
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viagem, relatrios de misses, discursos, sumas e oraes.
3 - Quanto autoria devido s evidncias internas e externas, Lucas o autor
de Atos, este era um gentio com educao superior (Mdico), era tambm um
historiador. Este t
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