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AUTORRETRATOS FOTOGRÁFICOS: LEITURA DE ENTRE
OS MUROS DA ESCOLA
Sandrine Allain1 Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais - PPGAV/CEART/UDESC
Resumo
O presente resumo volta-se para o filme de longa-metragem de Laurent Cantet intitulado “Entre les murs” – traduzido para o português como Entre os muros da escola. O filme relata as interações entre professor e alunos e seus desdobramentos, visando uma leitura do filme pela teoria sócio-semiótica e investigar como os efeitos de sentido sobre a relação entre os agentes escolares surgem ao longo da narrativa. A leitura semiótica abre um campo de análise sobre as variantes visuais que atuam nos efeitos de tensão, aproximação, convergência e divergência das personagens do filme,
trazendo à tona os conflitos da escola pela visualidade que o vídeo promove.
Palavras-chave: Sócio-semiótica, Leitura de imagens, escola, cinema.
1. As personagens em cena
Vários trechos do longa-metragem estão publicados no site oficial do filme2,
nos vídeos intitulados “The class” (A turma), sendo cada vídeo desta sessão
correspondente ao nome de uma personagem. O foco de análise será o tema
do “autorretrato” de Souleymane, uma das personagens deste elenco – das
mais controversas, aliás, isto porque assume uma postura de embate com o
1 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa
Catarina, na linha de Ensino. Possui graduação em Design - Habilitação em Design Gráfico pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). Contato: sandrineallain@gmail.com 2 Disponível em: http://www.sonyclassics.com/theclass /
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professor. Souleymane é um dos alunos do professor Marin evidenciados no
filme como “aluno problema”. O professor, personagem protagonista do filme, é
interpretado pelo autor do livro homônimo, François Bégaudeau. Também
professor na vida real, a personagem pública e privada se confundem trazendo
à trama caráter documentário e testemunhal sobre os desafios da educação.
Os atores que interpretam os alunos foram selecionados em diversas oficinas
de teatro e interpretação de escolas da região (CANTET in Stivani, 2009, s/p),
reforçando a ideia do filme como documentário, registro de situações
cotidianas. Sem querer ater-se a um resumo do filme devido a sua trama
complexa, partir-se-á, para esta análise, de dois trechos que giram em torno de
uma atividade proposta pelo professor: que cada aluno elabore um autorretrato
por escrito. A atividade adquire formas e leva a momentos inesperados para o
espectador.
Se a linguagem pictórica se constitui a partir de uma semiose específica
estabelecida entre os dois planos constituintes, o plano de expressão e o plano
de conteúdo (Oliveira, 2005, p. 116), a divisão de alguns trechos de vídeo em
quadros estáticos – imagens - foi considerada imprescindível para apresentar
parte da leitura do plano de expressão e a reiteração trazida por este ao plano
de conteúdo. Uma parte da leitura será feita, contudo, sobre o vídeo, pois dele
emanam qualidades ontológicas, dinâmicas e sonoras que constroem a trama
e a singularidade de seus efeitos de sentido.
Dentre as definições de ritmo visual elencadas por Scóz & Ramalho e Oliveira
(2010, p. 83), destaca-se a de Jacques Aumont, que define o ritmo visual como
a “oposição entre estrutura dividual e estrutura individual”, ou seja, o ritmo
visual é o resultado do contraste entre um elemento ou um bloco de elementos
indivisíveis na obra e elementos que se dividem em várias partes idênticas.
Aumont (1993) estabelece uma diferença entre o ritmo visual proveniente da
imagem fixa e o ritmo da imagem em movimento, afirmando que a imagem
audiovisual não tem mesmo ritmo espacial, sendo o ritmo no cinema
metafórico, pressupondo a ilusão do movimento, sendo essa ilusão
determinada pelos cortes nas sequências, vista como uma metáfora do ritmo, a
dinamicidade (apud SCÓZ & RAMALHO E OLIVEIRA, 2010, p. 83). Por esta
diferenciação entre imagens fixas e em movimento e tratando-se de um filme,
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voltar-se-á notadamente para a edição de vídeo e para as demais técnicas de
filmagem que influenciam ângulos, ritmos sonoros e visuais (SCÓZ &
RAMALHO E OLIVEIRA, 2010, p. 77) e qualidades trazidas aos elementos dos
trechos escolhidos, construindo sua visualidade.
Para a análise do desenvolvimento da atividade de autorretrato, foram
escolhidas cinco sequências de quadros do filme que presentificam
Souleymane e sua relação com o professor para o espectador, assim como seu
lugar na narrativa. A quase totalidade destas sequências compõe o vídeo de
apresentação da personagem Souleymane, no endereço virtual, o “autorretrato”
de Souleymane, verificando-se a importância dada a este momento da trama
para caracterizar a relação entre o professor e o estudante. A seleção deste
trecho do filme para caracterizar Souleymane no site também denota como
este momento específico da trama foi escolhido como o mais representativo da
personagem.
O modo como os alunos reagem às ideais do professor em geral e,
principalmente, à de realizar um autorretrato escrito origina a primeira
sequência em questão, na qual alguns alunos opõem-se ao professor,
enquanto outros relutam veementemente em escrever seu autorretrato.
Fig.1 As estudantes e Souleymane ao fundo
O primeiro quadro (Fig.1) escolhido apresenta como eixos de base uma cruz
que divide o quadro em quatro partes iguais tendo, em primeiro plano, duas
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alunas protagonistas da cena e, como centro de enquadramento, o próprio
aluno Souleymane, seus sorrisos e gestos. A escolha de posicionamento do
ator neste quadro denota a importância que a personagem adquire na narrativa
como eixo central ao torno do qual irá se desenvolver o conflito professor
versus aluno, ou ainda autoridade versus rebeldia, nacionalismo versus
estrangeirismo e, de forma mais abrangente, programação versus ajustamento.
Souleymane é neste quadro o “pano de fundo”, relevando ser o epicentro do
embate com o professor, sendo o conflito entre os dois o guia para o
desenvolvimento de toda a narrativa.
Fig. 2 O professor chamando a atenção de Souleymane
No segundo quadro (Fig. 2) acima, sequencial ao primeiro, o professor é o
outro centro geométrico da imagem. Retratados na sala de aula, ambas as
personagens estão frentes a paredes e janelas, no exato cruzamento entre
essas duas representações da divisa entre a exterioridade e interioridade da
instituição escola: a cortina. No segundo quadro, contudo, o professor
permanece no centro do quadro, em primeiro plano e sozinho, enquanto no
terceiro quadro (Fig.3 abaixo) Souleymane está à direita e o centro do quadro é
o espaço entre ele e outro colega. Na junção das paredes, a união dos alunos.
Quadro 3
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Fig. 3 Souleymane apresenta seu autorretrato escrito
Souleymane está na última fileira de carteiras, a mais distante do professor. Ele
ocupa uma posição já estigmatizada na educação: o fundo da sala, palco dos
alunos ditos difíceis. Quando o professor lhe pede para ler seu autorretrato, ele
se inclina um pouco para frente (Fig.3), do mesmo modo como o professor
tinha se inclinado para pedir-lhe para ler seu texto (Fig.2). No professor o gesto
revela impaciência, em Souleymane, contrariedade e introspecção, ele
exclama, num tom grave: “Meu nome é Souleymane, e eu não tenho nada a
dizer sobre mim porque ninguém me conhece a não ser eu mesmo”.
Souleymane afronta assim o professor e sua autoridade, provoca os colegas e
escapa à difícil tarefa de falar de si. Ele levanta os braços, como pode ser
percebido no quarto quadro (Fig.4), gesto desafiador pelo qual ele finaliza a
leitura, tendo inclinação oposta ao seu início, e abertura das mãos, além do
sorriso de satisfação.
Fig. 4 Souleymane termina de ler seu autorretrato
Quadro 4
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Assim, na sequência de quadros representada na figura 5 abaixo, pode-se
verificar um trapézio inverso entre a terceira e quarta cena, mostrando a
inversão de gesto e relação de contradição, indo da fisionomia de
contrariedade à de satisfação, ou ainda da relação de contradição de
introspecção e extroversão. Enquanto o primeiro movimento de Souleymane é
disfórico, o segundo é eufórico, e se opõe notadamente à posição do professor,
reiterando o desafio lançado a ele.
Fig. 5 Sequência de quadros com eixos de base
2. O celular de Souleymane
O segundo trecho analisado foi extraído do filme, sendo um corte sem edição
feito de modo a visualizar os momentos considerados importantes retratos do
uso do celular na escola, servindo de base para a leitura e disponível no vídeo
em anexo A sala de mídias: Entre os muros da escola, Laurent Cantet. Este
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trecho evidencia o momento em que o professor chega e aguarda a entrada
dos alunos na sala de mídias. A sala de mídias é o espaço no qual os alunos
irão dar continuidade à elaboração de seu autorretrato, usando recursos
tecnológicos tais como o computador, o escâner, a impressora, programas de
edição de texto e de imagens, entre outros. No momento em que o professor
chega ao corredor, alguns alunos estão em volta de Souleymane, pois ele está
mostrando fotos feitas com o aparelho celular. Importante ressaltar que a
edição do vídeo destaca em primeiro lugar, na ordem sequencial de imagens
mostradas, o celular com as imagens e os alunos ao redor dele, antes da
própria chegada do professor, colocando em pauta a tecnologia no ambiente
escolar. Neste momento, a fotografia mostrada é da mãe de Souleymane, e os
alunos estão perguntando justamente se se trata da mãe dele.
Um alvoroço então começa: neste momento, o jovem rapaz, que ao longo da
narrativa confronta e desacata incessantemente a autoridade do professor,
tenta desconversar os seus colegas, pois eles querem mostrar ao professor as
fotos que Souleymane fez com seu celular (ferramenta neste caso de produção
e exibição de imagens), e os alunos, que se divertem com isso, tentam desafiá-
lo ao querer mostrar as fotos ao professor. Souleymane não quis fazer seu
autorretrato escrito, mas ainda não sabia ele que estava induzindo um
autorretrato outro, um autorretrato fotográfico.
Malgrado as reações a priori conturbadas, durante a atividade do autorretrato
desenvolvida em vários encontros, os alunos estão, portanto, na sala de mídias
para editar seus textos de modo a apresentá-los à turma. O professor mostra a
Souleymane como ilustrar as fotografias através do texto, acrescentando-lhes
legendas de modo que se saiba do que tratam. A fala do professor indica que
fotografias não bastam ou falam por si, pois é necessário acrescentar-lhes um
rótulo verbal, indício claro do foco lógico-verbal da educação da escola.
No quinto quadro (Fig.6 e 7 abaixo) verifica-se que na sala de mídias
Souleymane continua ocupando o centro geométrico do quadro e nota-se o
triângulo formado pelas inclinações dos rostos do professor e de Souleymane
(Fig.7), mostrando a distância que perdura entre os dois e as inclinações
divergentes, apesar dos corpos estarem agora próximos, em uma situação
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onde todos estão lado a lado e não mais um frente ao outro, literalmente em
confronto. A repetição de cores azuis também aponta uma harmonização e
encontro entre professor e aluno.
Fig. 6 O professor, Souleymane e outro colega na sala de mídias
Fig. 7 Eixos de base do encontro na sala de mídias
No espaço diferenciado da sala de mídias - com sua disposição específica de
cadeiras, equipamentos, cheiros, luminosidade, temperatura, silêncio de
concentração dos alunos (às vezes dois estudantes observam a mesma tela,
compartilhada) - são promovidos novos efeitos de sentido, outros daqueles da
sala de aula tradicional, pois como ressaltam Magro et al. (2008) para a
semiótica o sujeito é também produtor e consumidor de espaço.
Na medida em que a semiótica inclui em suas preocupações o sujeito considerado como produtor e como consumidor de espaço, a definição de espaço implica a participação de todos os sentidos, e exige que sejam tomadas em consideração todas as qualidades sensíveis (visuais, táteis, térmicas,
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acústicas, entre outras) (MAGRO; FRANGE; REBOUÇAS,
2008, p. 4).
A singularidade qualitativa da sala de mídias e a simples saída do espaço
tradicional de aula – a classe – não são os únicos elementos promotores de
novos efeitos de sentido, acrescenta-se a eles os novos modos de ser, novos
regimes de interação que são postos em prática: a relação sujeito a sujeito, em
grupos pequenos e através de procedimentos e posturas outras que as da sala
de aula contribuem, notadamente, na criação do momento único vivenciado
neste ambiente. Instaura-se, pela presença das mídias digitais um novo
contrato pedagógico “a renegociar, inspirados em métodos „alternativos‟ em
que o professor e o aluno estariam lado a lado diante da tela, em relação com
nossos vizinhos da aldeia global” (GALLIAND, 2005, p. 232).
3. A iniciativa do professor
Quando os alunos apontaram o celular de Souleymane ao professor, a reação
deste também foi de programação, fingiu não prestar atenção ao risco puro da
provocação dos alunos e pediu para que seguissem com a programada
entrada na sala. Algo, no entanto, sobreveio dentro da sala de mídias. Serão o
contágio dos corpos, as distâncias diminutas, a re-aproximação entre professor
e aluno já mencionada que possibilitaram uma nova abordagem possível para
a atividade?
O professor, como já mencionado, mostra como acrescentar legendas às
imagens, e pode-se inferir que promove um regime de manipulação de caráter
sedutor, ele quer levar a um fazer querer, fazer querer mostrar as fotos e
publicá-las, dentro do entendimento que tem sobre uma exposição de fotos e
sobre como os alunos devem editá-las. De acordo com Oliveira (2001, p. 5) as
imagens são elas próprias de natureza manipulatória, trabalhadas e
retrabalhadas pelos seus produtores de modo a fazer fazer, o que impõe que
tanto as imagens da arte quanto as comerciais sejam tratadas pelo modo como
induzem o olhar, a partir de um tratamento de seu regime de visibilidade.
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Quando a manipulação gráfica, o tratamento de imagem está terminado, o
professor age de forma inesperada.
A reação do professor é quase automática, como se pode verificar no vídeo e
enfatizado na figura 8 abaixo, em um modo espontâneo e criativo de lidar com
a situação: irão imprimir as fotografias feitas por Souleymane e mostrá-las à
turma, afixá-las na parede, expô-las aos alunos.
Fig. 8 O professor Marin decide expor as fotos de Souleymane
O professor, deste modo, mostra abertura para lidar com as fotos de
Souleymane e, acima de tudo, torná-las disponíveis aos outros. Landowski
(2004) afirma que os regimes de interação necessitam desta disponibilidade e
abertura a situações que escapam dos programas e esquemas padrões.
Para que sujeitos possam se transformar, em ato, a partir de suas relações com seus semelhantes ou entorno, é preciso que eles não estejam completamente aprisionados no interior de padrões de ações e de esquemas identitários prontos, mas abertos às contingências da experiência vivida e disponíveis.
(LANDOWSKI, 2004, p. 69, tradução nossa).
Observa-se o enquadramento dado ao ato do professor afixando as fotografias
(Fig.8): dá-se foco ao gesto e às mãos do professor, que estão no centro do
quadro, entre as quais está sendo colocada uma das fotografias de
Souleymane. Neste momento o professor está de costas para o aluno,
afirmando o que está fazendo, tomando a decisão de incluir, deste modo, uma
nova forma de apresentação à atividade, a exposição de fotografias feitas pelo
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aluno em seus diversos espaços de privacidade: roda de amigos, sua casa,
entre outros. Constata-se a abertura do professor em relação ao uso de
imagens para o desenvolvimento da atividade, adaptando já em alguns
aspectos a atividade proposta inicialmente, apresentada à turma originalmente
através do exemplo literário do Diário de Anne Frank, obra autobiográfica de
grande impacto. Destaca-se que a obra do diário de Anne Frank não contém
imagens ou ilustrações, embasada num relato escrito da jovem em seu
esconderijo durante a guerra.
4. Considerações
Constata-se a abertura do professor em relação ao uso de imagens para o
desenvolvimento da atividade, adaptando já em alguns aspectos a atividade
proposta inicialmente, tendo como exemplo literário o Diário de Anne Frank.
Pode-se inferir pela iniciativa do professor, deste modo, que a atividade
programada de autorretrato escrito e lido como apresentada pelo professor
toma outro rumo na sala de mídias, dando início a um ajustamento com as
ferramentas tecnológicas disponíveis na escola: os computadores, a
impressora, o escâner. A atividade foi além da conjunção com o objeto de valor
definição de identidade através do objeto modal da escrita do autorretrato,
enriquecida por uma iniciativa inesperada do professor, aberto a um
ajustamento no seu planejamento. O professor coloca o privado na esfera do
público, o fazer empírico no espaço formal de ensino e, igualmente, instala a
surpresa na monotonia programada do mero exercício. Instala um novo regime
de interação, um fazer sentir para Souleymane, regime de insegurança e de
contato sensorial, estésico. Seu autorretrato está prestes a ser transformado
em algo totalmente fora do previsto, graças à sensibilidade do professor que
soube adequar aquela tarefa e situação de modo tão espontâneo.
A análise desse trecho do filme Entre os muros da escola e de seus elementos
discursivos e formais teve por objetivo contribuir, em suas restrições de tempo
e espaço, à ampla discussão sobre temas de difícil abordagem nas escolas,
como o uso do celular como ferramenta pedagógica, os delicados conflitos de
identidade e o embate de autoridade entre professor e aluno. O trecho de filme
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analisado é uma demonstração positiva da possível inserção do aparelho
celular em sala de aula. Neste filme, não apenas possível, mas de impacto
considerável, pois, com o auxílio do celular, criou-se um “regime de acidente de
percurso metodológico”: o professor soube aproveitar a oportunidade trazida
pelas fotografias digitais criadas por Souleymane com seu celular para criar um
momento de reflexão e vivência conjunta para a turma, apesar de estar fora de
seu planejamento inicial. O aparelho celular foi usado para incluir, na atividade
programada, uma nova forma de expressar-se, não mais por palavras, mas por
imagens, o que inseriu o próprio Souleymane na atividade, pois para ele não
tinha nenhuma motivação para um autorretrato escrito. Em vista da
predominância da linguagem verbal e escrita nas escolas, a adaptação por
parte do professor em utilizar as fotografias feitas por Souleymane com seu
celular é surpreendente e de muitos desdobramentos positivos, iniciativa que
permite repensar os lugares instituídos para os alunos difíceis nos espaços
cotidianos de sociabilidade escolar.
Referências
CANTET, Laurent. (França, 2008). Entre os muros da escola. (2009). Diretor fala sobre 'Entre os Muros', filme indicado ao Oscar que retrata nova sociedade francesa.
In: STIVANIN, T. Paris: UOL.
GALLIAND, Etienne. As novas técnicas de informação e de comunicação e o universo do escrito. In: A comunicação na aldeia global: cidadãos do planeta face à explosão dos meios de comunicação/ prefácio de Armand Mattelart. Vários
Organizadores. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, pp.221-232
LANDOWSKI, Eric. (2004). Passions sans nom: essais de socio-sémiotique III.
Collection Formes Sémiotiques. Hénault (org.). Paris: Presses Universitaires de
France.
MAGRO, Adriana; FRANGE, Lucimar Bello; REBOUÇAS, Moema Martins. O entre-espaço da escola na cidade. In: Caderno de Discussão do Centro de Pesquisas
Sociossemióticas. São Paulo. 2008. CD-room.
OLIVEIRA, Ana Claudia M.A.(2001). Lisibilidade da imagem. Montenegro: Revista da
Fundarte.
RAMALHO E OLIVEIRA, Sandra Regina (2005). Imagem também se lê. São Paulo:
Rosari.
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