Avançando no uso de políticas e práticas de saúde informadas por evidências

Preview:

DESCRIPTION

Experiencia EVIPNet en una municipalidad de Brasil / The experience with EVIPNet in a municipality in Brazil "The decentralization of financing and the provision of healthcare services, the expansion of EIDM in management, and the local political context illustrate the progress of the experiment. Its activities include the production and dissemination of deliberative briefs and dialogues with opinion shapers, workers and health service users

Citation preview

AR

TIG

O A

RT

CILE

25

1 Secretaria Municipal deSaúde de Piripiri, Piauí.Praça da Bandeira 221,Centro.64620-000 Piripiri PI.jorgeomaia@hotmail.com2 Departamento de Ciência eTecnologia, Ministério daSaúde.

Avançando no uso de políticas e práticas de saúdeinformadas por evidências: a experiência de Piripiri-Piauí

Making progress in the use of health policiesand practices informed by evidence: the Piripiri-Piauí experience

Resumo Políticas informadas por evidências têmpotencial de otimizar sistemas de saúde. O uso deevidências envolve definir problemas, identificarintervenções para enfrentá-los, avaliar a qualida-de das evidências globais e locais e traduzi-las paraos principais interessados considerando valoressociais e leis. O Brasil encoraja o uso de evidênciasna política de saúde e Piripiri, município de 61.840habitantes, da região mais pobre do país, imple-mentou o Núcleo de Evidências em Saúde (NEv)em 2010. São apresentados o desenvolvimento e osresultados preliminares do NEv, sua visão, compo-sição, mandato e atividades. A experiência contoucom o envolvimento da Rede para Políticas Infor-madas por Evidências, Centro Latino-americanoe do Caribe de Informação em Ciências da Saúde,governos federal e municipal. A descentralizaçãodo financiamento e prestação de cuidados de saú-de, a expansão do uso de evidências na gestão e ocontexto político local explicariam o desenvolvi-mento da experiência, cujas atividades incluem aprodução e a disseminação de sínteses de evidênci-as e diálogos deliberativos com formadores de opi-nião, trabalhadores e usuários dos serviços de saú-de. A iniciativa está sendo monitorada e avaliadae seus resultados podem se prestar à ampliação dasações no Brasil e exterior.Palavras-chave Tradução do conhecimento, Evi-dências em saúde, Gestão da saúde, Governo local,Sistemas de saúde

Abstract Evidence-informed decision making(EIDM) can optimize health services and systems.EIDM involves defining problems, identifyingmeasures to tackle them, assessing the quality ofglobal and local evidence and translating it for themain stakeholders in line with social values andlaws. Brazil encourages the use of EIDM in healthpolicy in Piripiri, a municipality of 61,840 in-habitants in the country’s poorest region, andlaunched Brazil’s first Evidence Use in Health Care(NEv) center in 2010. The development and pre-liminary results of the NEv center are reportedand its vision, composition, mandate, and activi-ties are presented. The NEv center experience hasthe support of the Evidence-Informed Policy Net-work, the Latin American and Caribbean Centerof Information on Health Sciences and federal andmunicipal governments. The decentralization offinancing and the provision of healthcare servic-es, the expansion of EIDM in management, andthe local political context illustrate the progress ofthe experiment. Its activities include the produc-tion and dissemination of deliberative briefs anddialogues with opinion shapers, workers andhealth service users. Monitoring and evaluationare underway and the results will help to broadenthe scale of activities in Brazil and abroad.Key words Knowledge translation, Evidence inhealth, Health management, Local government,Health systems

Jorge Otávio Maia Barreto 1

Nathan Mendes Souza 2

2 6B

arre

to JO

M, S

ouza

NM

Introdução

O conhecimento científico pode informar o pro-cesso de formulação e implementação de políti-cas de saúde tornando-as mais efetivas, produ-zindo equidade e melhorando a qualidade de vidada população1-3. No entanto, a superação doabismo entre o saber e o fazer no âmbito daspolíticas de saúde e, consequentemente, da ges-tão dos sistemas de saúde, públicos ou privados,permanece como um desafio contemporâneoendereçado a governos e sociedades.

Concordando com isso, a 58ª AssembleiaMundial da Saúde exortou em 2005 seus Esta-dos-Membros a estabelecer e fortalecer mecanis-mos de transferência de conhecimento para apoi-ar a saúde pública e o fortalecimento dos siste-mas mediante políticas fundamentadas em evi-dências4. Desde então, se multiplicaram as inicia-tivas de promoção e implementação de estraté-gias de tradução do conhecimento e intercâmbioentre produtores e usuários de evidências cientí-ficas. Exemplos expressivos são: 1) a criação daRede de Políticas Informadas por Evidências(EVIPNet), que busca fortalecer os sistemas desaúde através da elaboração de políticas infor-madas por evidências científicas de qualidade; 2)a Agenda de Saúde para as Américas 2008-17, daOrganização Pan-Americana de Saúde, que in-cluiu, no item 65, a necessidade de que os paísestornem acessível e utilizem o conhecimento cien-tífico disponível no processo de tomada de deci-são em saúde5; 3) a preparação do relatório mun-dial da saúde da OMS de 2012, cujo tema é NoHealth without Research e defende maciço inves-timento em pesquisa científica e seu uso para in-formar políticas de saúde6.

Essas iniciativas fomentam processos de tra-dução de conhecimento que, em si, objetivamdesenvolver capacidade local para: 1) produzirevidências que atendam às necessidades de saúdelocais; 2) demandar, buscar, analisar a qualidadee a aplicabilidade, bem como sintetizar evidênci-as globais para os atores envolvidos ou afetadospelas decisões das políticas de saúde; 3) disponi-bilizar sínteses das melhores evidências disponí-veis e; 4) garantir efetivo e permanente intercâm-bio entre os produtores (i.e.: pesquisadores) e osusuários de conhecimento (i.e.: governos e soci-edade civil organizada)5.

Em sistemas universalistas de saúde, o usodo conhecimento derivado de pesquisas torna-se imperativo, dadas as exigências de accounta-bility, equidade, eficiência e efetividade, advindasda natureza pública dos serviços ofertados, que

devem atender às necessidades essenciais de saú-de de toda a população. Políticas e serviços desaúde informados por evidências são uma ten-dência mundial na busca de melhores resultadoscom recursos limitados, principalmente nos pa-íses em desenvolvimento, onde estruturação eexpansão de sistemas e serviços de saúde aindase fazem prementes5.

A utilização de evidências científicas como sub-sídio da tomada de decisão, desde a identificaçãode problemas de saúde relevantes até a escolhapolítica de opções de enfrentamento destes, de-pende da capacidade das organizações e dos for-muladores de políticas de acessar o conhecimen-to disponível e utilizá-lo de forma transparente,sistemática e adequada7. Por outro lado, no âm-bito da pesquisa em saúde, também existem bar-reiras para a democratização do conhecimento,que abrangem a dificuldade em traduzir o conhe-cimento para vários estilos linguísticos usados pordiferentes audiências, mas também as perspecti-vas preconceituosas quanto às capacidades indi-viduais e coletivas de compreensão da informa-ção para a construção do saber nos ambientespolíticos e sociais. Em poucas palavras, identifi-ca-se uma desconfiança mútua entre tomadoresde decisão e pesquisadores, além de outras in-compatibilidades de várias naturezas8.

Nesse contexto, ainda insuficientemente ex-plorado, iniciativas para a promoção do uso doconhecimento como subsídio para a tomada dedecisão no cotidiano da gestão de sistemas locaisde saúde podem ser relevantes para a compreen-são da dinâmica da apropriação social do co-nhecimento, especialmente em regiões economi-camente desfavorecidas, onde o uso responsávelde recursos para a saúde se faz mais exigível.

A experiência aqui apresentada foi implemen-tada no município de Piripiri, Piauí, Brasil, o qualpossui 61.840 habitantes e um sistema de saúdelocal predominantemente público e centrado naAtenção Primária à Saúde. Em março de 2010, aSecretaria Municipal de Saúde de Piripiri imple-mentou o Núcleo de Evidências em Saúde (NEv)para promover o uso local do conhecimento cien-tífico na formulação e implementação da políticade saúde a fim de produzir melhores resultados9.

O NEv de Piripiri é uma iniciativa subsidiáriado componente brasileiro da Evidence-informedPolicy Network (EVIPNet) Américas10, a EVIP-Net Brasil, e representa um experimento localendereçado à tradução do conhecimento e suadisseminação social visando à melhoria dos ser-viços e do sistema local de saúde mediante o usodos resultados da pesquisa científica nos proces-

2 7C

iência & Saúde C

oletiva, 18(1):25-34, 2013

sos de enfrentamento dos problemas locais desaúde.

Este artigo discute o valor do uso do conhe-cimento gerado pela pesquisa para o desenvolvi-mento de políticas em saúde em todos os níveisde gestão e apresenta a experiência do NEv dePiripiri expondo, pormenorizadamente, seusobjetivos, processos de trabalho e resultados ini-ciais na promoção do uso de evidências científi-cas para potencializar resultados em saúde, oti-mizar recursos disponíveis e criar ambientes fa-voráveis à comunicação aberta entre pesquisa,governo e sociedade.

Da necessidade de políticasinformadas por evidências

O processo de tomada de decisão dos gover-nos no âmbito das políticas de saúde é complexoe sofre influências de múltiplos fatores e atoressociais. Segundo Lavis et al.11,12 e Kingdon13 esseprocesso percorre três fases, a saber: 1) determi-nação da agenda de governo, onde ocorre a esco-lha de quais tópicos entram e quais são excluídosda agenda de governo (priorização); 2) formula-ção de política e tomada de decisão governamen-tal, onde ocorre a influência de arranjos instituci-onais, de grupos de interesses (ex.: corporaçõesprofissionais), da difusão de ideias – incluindo asevidências científicas e de fatores externos (ex.: crisefinanceira internacional); 3) implementação daspolíticas e programas, onde fatores como moni-toramento e avaliação, sustentabilidade e examede equidade tornam-se essenciais.

Nesse contexto multifatorial, a evidência ci-entífica constitui apenas um dos elementos pas-síveis de influenciar e informar a tomada de deci-são diante dos problemas prioritários de saúde,seja pelo executivo ou pelo legislativo de váriosgovernos, bem como de organismos internacio-nais, nacionais e subnacionais.

De uma forma geral, os tomadores de deci-são costumam articular sua própria experiênciacom os valores e interesses sociais mais influen-tes, mas também com a disponibilidade de re-cursos, para eleger suas prioridades para o esta-belecimento de ações que integrarão programase políticas de saúde, endereçadas a um setor dasociedade ou a toda a população14, e poucas ve-zes o conhecimento específico e acessível consta-rá do rol de fatores que subsidiaram o processode tomada de decisão. Isto é tanto mais verdadequanto mais local é o nível de gestão, pois quan-to mais difícil é o acesso ao conhecimento pro-duzido pela pesquisa em saúde menor seria a

importância deste para o processo de tomada dedecisão15.

No entanto, o sucesso das ações de saúdedepende mais da efetividade que as intervençõespodem produzir quando bem utilizadas do quepropriamente da vontade per si do tomador dedecisão. Em outras palavras, apesar de bem in-tencionada, uma decisão sem o suporte de evi-dências pode produzir efeitos catasfróficos in-cluindo grande desperdício de recursos.

O uso da pesquisa em saúde para produzirprogramas e políticas com maior efetividade éuma necessidade global especialmente em regi-ões com maior escassez de recursos. Nesses ter-mos, a pesquisa não é um luxo, e, nas palavrasdo Doutor Hassan Mshinda, do Ikfara Center,Tanzânia, ‘se você é pobre, na verdade, precisa demais evidências antes de investir, do que se vocêfosse rico’16.

Dentre outras formas de aumentar a capaci-dade dos governos de utilizar evidências em favorde políticas mais efetivas está a ‘tradução do co-nhecimento’ (Knowledge Translation, KT), queconsiste basicamente no processo dinâmico e in-terativo que inclui síntese, disseminação, intercâm-bio e aplicação ética do conhecimento para me-lhoria da saúde de indivíduos e populações atra-vés da provisão de serviços e produtos efetivos nasaúde. Este processo ocorre em ambientes muitocomplexos, onde produtores e usuários de co-nhecimento interagem em variadas intensidades,complexidades e níveis de engajamento17,18.

Por síntese do conhecimento entende-se acontextualização e a integração dos achados depesquisas individuais ao corpo de conhecimentoem uma área do saber, pontuando o que se sabeou não sobre o problema. A disseminação en-volve a apropriada identificação de veículos decomunicação e audiências para receber os acha-dos e a síntese dos resultados das pesquisas. Ointercâmbio de conhecimento consiste na intera-ção entre produtores e usuários do conhecimen-to, com aprendizagem mútua mediante parceriaativa, visando à resolução de um problema. A‘tradução do conhecimento’ deverá, por fim, serconsistente com princípios éticos, valores sociais,marcos legais e regulatórios, numa aplicação éti-ca do conhecimento17,19.

A ‘tradução do conhecimento’ parece ser ati-vidade a ser atribuída aos pesquisadores, quedeveriam se preocupar em erigir ‘pontes’ pelasquais os tomadores de decisão pudessem aces-sar o conhecimento por eles produzido de formamais frequente e resolutiva, facilitando a formu-lação de políticas informadas por estas evidênci-

2 8B

arre

to JO

M, S

ouza

NM

as. Entretanto, ao gestor/tomador de decisãotambém cabe uma parte da tarefa de conectarpesquisa e política de saúde. Gray14 aponta queas competências do gestor de políticas de saúdecontemporâneo devem incluir a capacidade deformular as perguntas certas diante de um pro-blema concreto, compreender e utilizar os crité-rios de evidência, avaliar a qualidade das evidên-cias disponíveis e implementar mudanças demaneira informada pelas evidências.

Uma ponte a ser construída a partir de cadalado do penhasco é a imagem que melhor sim-boliza o encontro da ‘tradução do conhecimento’a ser encampada pela pesquisa em saúde comonecessária à apropriação social do conhecimen-to produzido, e o desenvolvimento da capacida-de do gestor/tomador de decisão de lançar mãodas evidências disponíveis de forma adequada,sistemática e transparente em favor de políticas eações de saúde mais efetivas, as quais otimizemos recursos disponíveis e produzam resultadosmais amplos e favoráveis. Essa ‘ponte’ se desti-naria a superar o ‘abismo’ entre o conhecimento(saber) e a prática (fazer), também conhecidocomo know-do gap.

No entanto, essa construção de pontes para aintegração dos tomadores de decisão com pes-quisadores e vice-versa deve incluir a melhoria dacapacidade de trabalho colaborativo para desen-volver pesquisas e ações. O trabalho conjunto decientistas e tomadores de decisão é um desafiorelevante, já que estes sujeitos têm perspectivaspeculiares e diferenciadas, mas também diferen-tes objetivos, além de linguagens próprias e per-cepções do tempo diversas8. Ainda assim, a ideiade superação das barreiras nos cenários nacio-nais e locais para a produção colaborativa, parti-cipativa, orientada à ação e voltada para a copro-dução do saber entre pesquisadores e gestores/tomadores de decisão/formuladores de políticasestá no cerne de algumas iniciativas atuais parareduzir o know-do gap.

Assim, iniciativas que encorajem o ‘fazer-jun-tos’ poderiam produzir entre produtores e usuá-rios do conhecimento um ambiente favorável aoengajamento e integração no processo de pes-quisa, além de aprimorar perguntas, metodolo-gias, interpretação e contextualização dos acha-dos8. A colaboração entre usuários e produtoresdo conhecimento subsidiaria ainda o desenvol-vimento de uma comunicação mais efetiva entreestes atores e os mobilizaria para a prática fre-quente da tradução do conhecimento integrada(integrated Knowledge Translation, iKT).

Dentre as iniciativas atualmente em curso nopaís, a EVIPNet Brasil destaca-se por seu alinha-mento à ideia de promover a capacidade de ‘fa-zer-juntos’ de pesquisadores e tomadores de de-cisão nos diversos níveis de gestão, do local aonacional. O desenvolvimento da EVIPNet Brasil,sob a liderança do Departamento de Ciência eTecnologia/Secretaria de Ciência, Tecnologia eInsumos Estratégicos/Ministério da Saúde, aten-deu à convocatória mundial da iniciativa EVIP-Net, da Organização Mundial da Saúde, em con-junto com a Organização Pan-Americana da Saú-de, para apresentação de projetos no âmbito dasAméricas. Seu objetivo é estabelecer mecanismosque facilitem a utilização do conhecimento cien-tífico na formulação e implementação de políti-cas de saúde e nos processos de tomada de deci-são, nos níveis de gestão dos serviços e sistemasde saúde pública10,19.

Para atender a esta finalidade, a EVIPNet for-neceu uma plataforma eletrônica na web desen-volvida pelo Centro Latino-Americano e do Ca-ribe de Informações em Ciências da Saúde (Bire-me/OPAS) para a cooperação técnica entre oscomponentes institucionais da rede e de seusmembros, bem como um conjunto de ferramen-tas para o desenvolvimento das competências delocalizar, avaliar e usar evidências de pesquisa paratornar a elaboração de políticas de saúde maiseficiente. Estas ferramentas metodológicas deno-minadas SUPPORT Tools for evidence-informedhealth Policymaking (STP) têm como público-alvo os tomadores de decisão e seus apoiadoresno âmbito das políticas de saúde20. No Brasil, apublicação contendo a tradução para o portu-guês da série de artigos publicados na revistaHealth Research Policy and Systems apresentan-do as Ferramentas SUPPORT tem acesso livre noportal EVIPNet Brasil21.

Desse modo, EVIPNet deve ser vista comoum promotor da troca de informações e expe-riências entre países, em âmbito internacional eentre os tomadores de decisões clínicas e geren-ciais e os pesquisadores, no âmbito nacional, pro-movendo a tradução do conhecimento de formaabrangente (i.e.: knowledge translation).

A iniciativa implementada no município dePiripiri, Piauí, é, pois, subsidiária da EVIPNetBrasil, na medida em que se apropriou dos seusconceitos e metodologia para favorecer a incor-poração do uso de evidências ao processo de to-mada de decisão, objetivando melhores resulta-dos no sistema de saúde municipal.

2 9C

iência & Saúde C

oletiva, 18(1):25-34, 2013

A experiência do Núcleo de Evidênciasem Saúde (NEv) de Piripiri

O uso de evidências científicas nas políticasde saúde é apontado como fator de qualificaçãodo processo de tomada de decisão, cuja dinâmi-ca política articula elementos sociais, tais comovalores e interesses, mas também aspectos liga-dos aos recursos e necessidades de saúde14. Es-tratégias e ferramentas para levar aos gestores desaúde, bem como a outros setores sociais, os re-sultados das pesquisas científicas, conectandopesquisadores, sistemas de saúde e cidadãos,constituem uma necessidade em todos os con-textos, especialmente onde há pouca disponibili-dade de recursos.

Piripiri é um município de médio porte doEstado do Piauí, Nordeste do Brasil, com produ-to interno bruto (PIB) per capita de US$ 1.872, oque representa um valor equivalente a 25% damédia nacional e 60% da estadual22. Em 2008, ogasto em saúde per capita foi aproximadamentede US$ 16023. O sistema público de saúde é hege-mônico no contexto local e centrado na atençãoprimária à saúde, com a cobertura populacionalintegral da estratégia Saúde da Família, modelo

com base comunitária amplamente difundido noBrasil.

Nesse contexto, a Secretaria Municipal de Saú-de de Piripiri, sob influência do contato com aproposta da EVIPNet Brasil, implementou, emmarço de 2010, o Núcleo de Evidências em Saúde(NEv), voltado para a promoção do uso dos re-sultados de pesquisas científicas na tomada dedecisão e enfretamento de problemas de saúdelocais, mediante estratégias de tradução do co-nhecimento para sua disseminação junto à ges-tão, local e da região, profissionais de saúde esociedade em geral (Quadro 1).

A institucionalização do NEv se deu pela edi-ção de portaria normativa da Secretaria Munici-pal de Saúde de Piripiri, que dispôs sobre suacriação e instituiu também seu grupo de traba-lho, objetivos e atividades9.

O NEv de Piripiri foi implantado conjunta-mente com uma Estação da Biblioteca Virtual deSaúde (BVS), obtida mediante colaboração coma Secretaria Executiva do Ministério da Saúde eBireme, composta por três estações de trabalhoinformatizadas doadas pelo Ministério da Saúdee quatro adquiridas pela Secretaria Municipal deSaúde de Piripiri, que também providenciou aces-

Quadro 1. Apresentação do Núcleo de Evidência em Saúde (NEv) de Piripiri

Atributos

Data de criação

Objetivos

Missão

Governança

Financiamento

Principaisprodutos eatividades

Localização econtato

Núcleo de Evidência em Saúde (NEv) de Piripiri

Março de 2010

Democratizar o acesso às fontes de informação;Promover inclusão digital no campo dasaúde através do acesso às fontes de informação científica e técnica em saúde;Promoverdisseminação de evidências em saúde no âmbito local junto a gestores, profissionais desaúde e sociedade;

Apoiar a gestão da saúde local no processo de tomada de decisão sobre formulação eimplementação de políticas de saúde, disponibilizando as melhores evidênciascientíficas à gestão, trabalhadores e sociedade civil.

Parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Piripiri /Departamento de Ciência eTecnologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministérioda Saúde/Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde(Bireme/OPAS)/Rede para Políticas Informadas por Evidências (EVIPNet) Brasil

Investimento e custeio pelo Fundo Municipal de Saúde de Piripiri

Sintetizar evidências para as necessidades locais de saúde, utilizando as ferramentasSUPPORT (duas sínteses de evidências produzidas);Organizar Diálogos Deliberativoscom atores sociais envolvidos em problemas de saúde prioritários, visando àdisseminação de opções de enfrentamento informadas por evidências (um DiálogoDeliberativo organizado);

Rua João de Freitas, 11, Piripiri, Piauí, CEP 64.260-000sms@piripiri.pi.gov.br / evidenciapiripiri@hotmail.com

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Piripiri-PI

3 0B

arre

to JO

M, S

ouza

NM

so à Internet de banda larga. A Estação BVS Piri-piri foi instalada em prédio próprio com uso ex-clusivo e específico, que se destinou ao processode democratização do acesso ao conhecimentocientífico na área da saúde, mediante o fomentode processos que favoreçam a inclusão digitalatravés da disponibilização pública dos equipa-mentos de informática para consulta das basesde dados indexadas pela BVS, sob orientação deprofissionais capacitados para a localização dematerial bibliográfico.

O grupo de trabalho do NEv foi compostopor profissionais de saúde de nível superior ocu-pantes de cargos efetivos da Secretaria Municipalde Saúde de Piripiri, que podiam também atuarno setor assistencial ou na gestão. Esses sujeitosforam capacitados para o uso das FerramentasSUPPORT - metodologia preconizada pela EVIP-Net19,20. O grupo de trabalho inicial contou comcinco profissionais de saúde, mas foi ampliado

no início de 2011, passando a contar com 10 ca-pacitados para a utilização das Ferramentas SU-PPORT. Dentre os integrantes do NEv, foi desig-nado um coordenador com dedicação exclusivaà iniciativa.

A partir de demandas apresentadas pela ges-tão municipal do SUS, o NEv está apto a produ-zir documentos para apoiar a tomada de decisãoinformada por evidências científicas, seguindo asseguintes etapas: esclarecimento e definição doproblema; busca e avaliação das evidências dis-poníveis e identificação de opções para o enfren-tamento do problema considerando o contextolocal, valores sociais envolvidos, recursos dispo-níveis e necessidades de saúde20. A Figura 1 apre-senta exemplo da função da evidência na toma-da de decisão.

A atividade do NEv consistiu inicialmente naprodução de ‘sínteses de evidências’, fundamen-tadas principalmente em revisões sistemáticas eestudos econômicos de custo-efetividade comqualidade metodológica avaliada. Estas síntesesobjetivam expor para o público-alvo, de formaclara e acessível, a definição do problema; a ca-racterização das opções para seu enfrentamento(benefícios, danos potenciais e incertezas); apre-sentar considerações sobre a implementação dasopções no contexto local (principais barreiras nosvários níveis de implementação) e explicitar aqualidade das revisões sistemáticas e outros es-tudos utilizados.

A primeira síntese de evidências produzida peloNEv de Piripiri abordou problema de grande re-levância para a saúde local, relacionado com asdoenças do aparelho circulatório decorrentes doestilo e hábitos de vida, as quais foram responsá-veis por 48% dos óbitos no município ocorridosentre 2005-2010, segundo dados da base local doSistema de Informação sobre Mortalidade doMinistério da Saúde. Diante do problema delimi-tado, uso da atividade física para controle e pre-venção de eventos cardiovasculares ligados à hi-pertensão arterial na atenção primária à saúde,foram identificadas e avaliadas as evidências dis-poníveis, advindo daí as opções a serem conside-radas como subsídios para a tomada de decisãopara a implementação de ações específicas24. OQuadro 2 apresenta um excerto da síntese de evi-dências, como exemplo da caracterização de umaopção para uso da atividade física na prevenção econtrole da hipertensão arterial sistêmica.

As opções identificadas tiveram suporte emrevisões sistemáticas de boa qualidade e indica-ram a prescrição da atividade física aeróbica parapacientes portadores ou sob risco de doenças

Figura 1. Um exemplo da função da evidência naformulação de políticas de saúde.

Fonte: Adaptado de Oxman et al.21

Revisões sistemáticasApreciações sobre osimpactos de políticas

Evidência localApreciações sobre fatores

modificadores,necessidades, valores,

custos e disponibilidadede recursos

Apreciações sobre osbenefícios, potenciais,

danos e custos esperados dasopções de políticas

Apreciações sobre conflitos de escolha

Impactos indesejáveis:Potenciais danos

Mais responsabilidadesAumento de custos

Decisões bem informadasem políticas de saúde

Impactos desejáveis:Benefícios de saúdeMenos responsabilidadesEconomias

3 1C

iência & Saúde C

oletiva, 18(1):25-34, 2013

Quadro 2. Caracterização de uma opção para uso da atividade física na prevenção e controle dahipertensão arterial sistêmica (HAS) na Atenção Primária à Saúde (APS).

Categorias dos achados

Benefícios

Danos/riscos potenciais

Custos ou custo/efetividadeem relação à situação atual

Incertezas em relação aosbenefícios, danospotenciais e riscos, demodo que omonitoramento e avaliaçãosejam garantidos se a opçãofor escolhida

Principais elementos daopção (se ela já foiimplementada/testada emoutro lugar)

Percepção dos sujeitossociais envolvidos naopção, quanto à suaefetividade

Síntese dos achados mais relevantes

Uma revisão sistemática de muito boa qualidade25 aponta que intervençõesdestinadas a aumentar as práticas de atividade física promoveramconsideráveis melhorias na qualidade de vida. Outra revisão sistemática deboa qualidade26 analisou intervenções para o controle da HAS e concluiuque pessoas com hipertensão devem fazer exercício regular, reduzir peso erestringir o consumo de álcool e sal. O aumento de exercícios e fitnessforam associados com maiores diminuições da pressão arterial diastólica.Outra revisão sistemática de boa qualidade, aponta que a caminhada,corrida, ciclismo, natação e esqui cross-country são os exercícios dinâmicoscom maiores benefícios quanto ao controle e prevenção da HAS27.

Nenhum estudo relatou potenciais danos.

Não foi encontrada nenhuma avaliação econômica comparando a atividadefísica a outras terapias, entretanto, o baixo custo das atividades poderepresentar vantagem em relação às outras intervenções.

Uma revisão relata a necessidade de se medir o impacto na qualidade devida nos novos estudos investigando intervenções para aumentar aatividade física25. Outra revisão indica que os resultados do estudo nãopodem ser generalizados e as conclusões deverão ser tratadas com cautela25.

Pessoas com HAS devem seguir dieta para reduzir peso, fazer exercícioregular e restringir o consumo de álcool e sal26. Os exercícios recomendadosforam: caminhada, corrida, ciclismo e natação, com frequência, duração eintensidade personalizadas aos pacientes27.

Intervenções destinadas a aumentar a atividade física promovem melhoriasna qualidade de vida25.

Fonte: Núcleo de Evidências em Saúde (NEv) de Piripiri/Secretaria Municipal de Saúde de Piripiri-PI.

Opção 1 – Prescrição da atividade física na APS para a prevenção e tratamento da HAS em nívelindividual.

Prescrição da prática de atividade física como rotina dos profissionais de saúde na APS para os todos osusuários, em qualquer faixa etária, em especial para usuários portadores de doenças crônicas, idosos epessoas com antecedentes familiares de risco cardiovascular.

Potenciais barreiras à implementação das opções

Barreiras

Deve-se abordar os benefícios da atividade física considerando asimplicações culturais e principalmente de gênero em todos os inidivíduos eem todas as oportunidades no contado com os serviços de saúde.

Deve-se capacitar os profissionais da APS para a abordagem e prescrição daspráticas de atividade física. Deve-se integrar de forma mais consistente osprofissionais da APS e os dos centros de referência em atividades físicaspara que haja melhor direcionamento e acolhimento dos usuários.

Deve-se elaborar e implementar protocolo visando a prescrição da atividadefísica na APS bem como seu monitoramento e avaliação. Deve-se ampliar aoferta de espaços na cidade que estimulem as práticas de atividade física.Deve-se garantir que barreiras estruturais não sejam muito relevantes aponto de impossibilitar a implementação dessa opção.

Falta financiamento específico do SUS para as práticas de atividade físicana APS. Os custos podem representar uma barreira para a sustentabilidadeda contratação e manutenção de profissionais e estrutura para a realizaçãoda atividade física.

Por nível

Paciente/indivíduo

Trabalhadores de saúde

Organização

Sistema

3 2B

arre

to JO

M, S

ouza

NM

cardiovasculares e a promoção, em nível comu-nitário, da prática de exercícios aeróbicos sobsupervisão profissional para a população emgeral, como intervenções efetivas na redução daprevalência e das complicações da hipertensãoarterial na atenção primária à saúde, prevenindoo adoecimento em nível comunitário ao mesmotempo em que melhora o prognóstico em nívelindividual.

Essa primeira síntese de evidências produzi-da pelo NEv Piripiri subsidiou a formulação deprograma local de promoção da saúde, imple-mentado em 2010, focada na atividade físicacomo facilitadora da mudança do estilo de vida22.A ‘Academia da Praça’ consiste na oferta de ativi-dades físicas sob orientação profissional em es-paços públicos abertos e fechados, com priori-zação do exercício aeróbico. A iniciativa infor-mada por evidências abrange usuários de todasas faixas etárias encaminhados pelos serviços deatenção primária à saúde, os quais são incluídos,segundo suas especificidades pessoais, em pro-gramas coletivos assistidos, com acompanha-mento da sua evolução física e clínica26.

O monitoramento da política implementadaestá sendo realizado para a aferição de seus re-sultados e, embora ainda não se possa fazer umaavaliação mais ampla, estes se mostram prelimi-narmente promissores.

Além da produção de ‘sínteses de evidências’,as atividades do NEv incluem a organização desessões de ‘diálogos deliberativos’, estruturadaspara discussão das opções selecionadas para fa-zer frente a uma questão de saúde em nível orga-nizacional e social com os interessados/afetadospelo problema a ser enfrentado, tais como tra-balhadores de saúde, representantes da socieda-de civil organizada e formadores de opinião, ob-jetivando maximizar os benefícios do processode tradução do conhecimento e promover a suaincorporação em diversos níveis. Os ‘diálogosdeliberativos’ permitiriam que as evidências se-jam consideradas juntamente com as visões, asexperiências e o conhecimento tácito daquelesque serão afetados pelas decisões futuras relacio-nadas a uma questão prioritária28,29.

O NEv de Piripiri representa exemplo de ex-periência para promover o uso da evidência cien-tífica em nível municipal, informando a gestãono processo de elaboração e implementação depolíticas de saúde em face de problemas concre-tos e relevantes. Este tipo de experiência podepotencializar resultados e otimizar recursos, aotempo em que favorece a comunicação entre pes-quisa científica, gestão da saúde e sociedade.

Por fim, a experiência do NEv de Piripiri émuito recente e ainda não se avaliaram os im-pactos mais profundos do uso de evidência noprocesso de tomada de decisão e na efetividadeda políticas de saúde informadas por evidênciasdaí advindas em nível local. A iniciativa, no en-tanto, está sendo monitorada e documentada emtoda sua implementação para fins de avaliaçãoem momento mais adequado, o que certamenteagregará acúmulo ao campo de tradução do co-nhecimento onde existe grande deficiência, me-dição da efetividade de iniciativas e estratégias detradução de conhecimento como o NEv Piripirisobre o sistema de saúde local30.

Considerações finais

Questões gerais sobre o uso das evidências noâmbito da formulação e implementação de políti-cas de saúde merecem ser levantadas. Importan-tes desafios estão relacionados, dentre outros, coma insuficiente interação entre os produtores deconhecimentos e seus usuários (o know-do gap).

Também parece ser importante que as evi-dências sejam sistematicamente incluídas no pro-cesso decisório, para isso é preciso garantir umafonte confiável, de qualidade e acessível de infor-mações para uma tomada de decisão que estejaapta a articular as evidências com o contexto lo-cal, valores e o conhecimento tácito das pessoasafetadas pela decisão. Por outro lado, é precisohabilitar e dar ferramentas aos tomadores dedecisão para enfrentar seus problemas diáriosmediante a utilização de subsídios fundamenta-dos em evidências.

Por fim, o uso de evidências científicas na to-mada de decisão poderia ser ampliado medianteo engajamento da sociedade civil para exigir dosgovernos políticas de saúde informadas por evi-dências. A participação da sociedade pode cons-tituir elemento catalisador das disposições polí-ticas para a inclusão dos resultados de pesquisano rol de fatores que compõem e determinam oprocesso de tomada de decisão31.

No âmbito local, as iniciativas para a ‘tradu-ção’ e disseminação social do conhecimento vi-sando o enfrentamento de problemas de saúderelevantes, mediante a busca, avaliação e síntesedas melhores evidências disponíveis, com lingua-gem adequada às diferentes audiências, poderiamcontribuir com o aprimoramento da capacidadede comunicação em vários níveis indispensávelao desenvolvimento de uma prática política in-formada por evidências.

3 3C

iência & Saúde C

oletiva, 18(1):25-34, 2013

Nesse sentido, o NEv de Piripiri representaexperiência de busca do aprimoramento da ca-pacidade de gestão da política e do sistema desaúde em nível local, mediante a promoção douso da evidência para informar o governo e asociedade no processo de formulação e imple-mentação de políticas de saúde. Este tipo de ex-periência poderia potencializar resultados e oti-mizar recursos, ao tempo em que também favo-receria a comunicação entre pesquisa científica,gestão da saúde e sociedade.

Colaboradores

JOM Barreto concebeu a ideia inicial do artigo,redigiu e revisou o texto final. NM Souza contri-buiu com a redação e revisões críticas do texto.

Agradecimentos

JOM Barreto recebe apoio da Secretaria Munici-pal de Saúde de Piripiri e do Conselho Nacionalde Secretarias Municipais de Saúde. NM Souzarecebe bolsa de doutorado de John N. Lavis.

Referências

World Health Organization. World report on knowl-edge for better health [Internet]. WHO; 2004. [cited2011 Mar 28]. Available from: http://www.who.int/rpc/meetings/wr2004/en/index13.htmlCommission on Health Research for Development.Health Research: essencial link to equity in devel-opment. Oxford: Oxford University; 1990.Lavis JN, Davies HTO, Oxman AD, Denis JL, Golden-Biddle K, Ferlie E. Towards systematic reviews thatinform healthcare management and policymaking. JHealth Serv Res Policy 2005; 10(Supl. 1):35-48.World Health Assembly. 2005 World Health Assem-bly Resolution 58.34. WHO; 2005. [cited 2011 Mar29]. Available from: http://www.paho.org/english/gov/ce/ce136-25-e.pdfPan-American Health Organization. Health Agendafor Americas 2008-2017; WHO/PAHO; 2007. [cited2011 Mar 29]. Available from: http://www.paho.org/English/DD/PIN/Health_Agenda.pdfWorld Health Organization. World Health Report2012: no health without research. [Internet]; WHO;2011. [cited 2011 Aug 26]. Available from: http://www.who.int/rpc/whr2012/en/index.htmlOxman AD, Vandvik PO, Lavis JN, Fretheim A, LewinS: SUPPORT Tools for evidence-informed healthPolicymaking (STP). 2. Improving how your organ-isation supports the use of research evidence to in-form policymaking. Health Res Policy Syst 2009; 7(Supl.1):S2. [cited 2011 Mar 30]. Available from: http://www.health-policy-systems.com/content/pdf/1478-4505-7-S1-S2.pdf doi:10.1186/1478-4505-7-S1-S2Choi BCK, Pang T, Lin V, Puska P, Sherman G,Goddard M, Ackland MJ, Sainsbury P, StachenkoS, Morrison H, Clottey C. Can scientists and policymakers work together? J Epidemiol CommunityHealth 2005; 59(8):632-637.Município de Piripiri. Secretaria Municipal de Saúde.Portaria no. 032/2010. Institui o Núcleo de Evidên-cias em Saúde no âmbito da Secretaria Municipal deSaúde de Piripiri-PI. SMS Piripiri; 2010; 19 abr.EVIPNet Americas Secretariat. EVIPNet Americas:Informing policies with evidence. Lancet 2008;372:1130-1. [cited 2011 Mar 28]. Available from:http://www.who.int/rpc/evipnet/EVIPNet%20America%20Lancet%20article%20Sept08.pdf

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

3 4B

arre

to JO

M, S

ouza

NM

Lavis JN, Forest PG, Lazar H. Introduction: Learn-ing from a time when healthcare was ‘high politics’,big-bang reforms the focus, and money scarce.Hamilton: McMaster University Program in PolicyDecision-making; 2009.Lavis JN, Wilson M, Oxman AD, Lewin S, FretheimA: SUPPORT Tools for evidence-informed healthPolicymaking (STP). 4. Using research evidence toclarify a problem. Health Res Policy Syst 2009; 7(Supl.1):S4. [cited 2011 March 30]. Available from: http://www.health-policy-systems.com/content/pdf/1478-4505-7-S1-S4.pdf doi:10.1186/1478-4505-7-S1-S4.Kingdon JW. Agendas, Alternatives, and Public Poli-cies. Longman Classics Edition. 2nd Edition. NewYork: Addison Wesley Educational Publishers Inc;2003.Gray M. Evidence-based healthcare and public health:how to make decisions about health services andpublic heath. 3th Edition. London: Churchill Liv-ingstone; 2009.Remme JHF, Adam T, Becerra-Posada F, D’ArcangesC, Devlin M, Gardner C, Ghaffar A, Hombach J,Kengeya JFK, Mbewu A, Mbizbo MT, Mirza, Z,Pang T, Ridley RG, Zicker F, Terry RF. Definingresearch to improve Health Systems. PLoS Med 2010;7(11):e1001000. [cited 2011 Mar 29] Available from:http://www.plosmedicine.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pmed.1001000 doi:10.1371/journal.pmed.1001000Panisset U. Iniciativas para apoiar o uso de evidênciaspara formulação de políticas de saúde e na tomada dedecisão na gestão: uma visão e prática da OMS. [Apre-sentação em Power Point]. In: Conselho Nacionalde Secretários Municipais de Saúde. XXVII Con-gresso de Secretarias Municipais de Saúde. Mini-curso sobre o uso de evidências no cotidiano dagestão municipal do SUS; 2011; jul. 11-12; Brasília:Conasems; 2011. [acessado 2011 ago 16] Disponívelem: http://www.eventos.bvsalud.org/agendas/evip-netbrasil-curso/program.php?lang=ptGraham ID, Logan J, Harrison MB, Straus SE, TetroeJ, Caswell W, Robinson N. Lost in knowledge trans-lation: Time for a map? J Contin Educ Health Prof2006; 26(1):13–24.Andrew D Oxman, Per Olav Vandvik, John N Lavis,Atle Fretheim, Simon Lewin. SUPPORT Tools for ev-idence-informed health Policymaking (STP) 2: Im-proving how your organisation supports the use ofresearch evidence to inform policymaking. Health ResPolicy Syst 2009; 7(Supl. 1):S2. [cited 2011 Mar 25]Available from: http://www.health-policy-systems.com/content/7/S1/S2 doi:10.1186/1478-4505-7-S1-S2Brasil. Ministério da Saúde. EVIPNet Brasil: Facili-tando o uso do conhecimento científico em políti-cas e práticas de saúde. [Folder impresso]. Brasília:Ministério da Saúde; 2010.Lavis JN, Oxman AD, Lewin S, Fretheim A: SUP-PORT Tools for evidence-informed health Policy-making (STP). Introduction. Health Res Policy Syst2009; 7(Suppl 1):I1. [cited 2011 Mar 25] Availablefrom: http://www.health-policy-systems.com/con-tent/pdf/1478-4505-7-S1-I1.pdf

11.

12.

13.

14.

15.

16.

17.

18.

19.

20.

Portal EVIPNet Brasil. [site na Internet]. [acessado2001 mar 28]. Disponível em: http://brasil.evipnet.orgInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGECidades@ [base de dados na Internet]. [acessado2011 abr 02]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1Brasil. Ministério da Saúde. Datasus. Sistema deInformações sobre Orçamentos Públicos de Saúde(SIOPS) [base de dados na Internet]. [acessado 2011mar 30]. Disponível em: http://siops.datasus.gov.br/relindicadoresmun2.phpMunicípio de Piripiri (Piauí, BR). Secretaria Muni-cipal de Saúde. Núcleo de Evidências em Saúde.Síntese de Evidências no. 01/2010; Piripiri: SMS Piri-piri; 2010. [acessado 2011 mar 28]. Disponível em:http://global.evipnet.org/wp-content/uploads/2010/09/SINTESE-DE-EVIDENCIAS-01-NUCLEO-PIRIPIRI_17_09_20101.pdfConn VS, Hafdahl AR, Brown LM. Meta-analysis ofquality-of-life outcomes from physical activity in-terventions. Nurs Res 2009; 58(3):175-183.Dickinson HO, Mason JM, Nicolson DJ, CampbellF, Beyer FR, Cook JV, Williams B, Ford GA. Life-style interventions to reduce raised blood pressure:a systematic review of randomized controlled tri-als. J Hypertens 2006; 24(2):215-233.Fagard RH. Prescription and results of physical acti-vity. J Cardiovasc Pharmacol 1995; 25(Supl. 1):S20-27.Município de Piripiri (Piauí, BR). Secretaria Munici-pal de Saúde. Projeto Academia da Praça. SMS Piripiri;2010. [acessado 2011 mar 30]. Disponível em: http://piripiri.pi.gov.br/novo/component/option,com_docman/task,cat_view/gid,36/Itemid,169/Lavis JN, Boyko J, Oxman AD, Lewin S, Fretheim A:SUPPORT Tools for evidence-informed health Po-licymaking (STP). 14. Organising and using policydialogues to support evidence-informed policy-making. Health Res Policy Syst 2009; 7(Supl. 1):S14.[cited 2011 Mar 30]. Available from: http://www.health-policy-systems.com/content/pdf/1478-4505-7-S1-s14.pdfArmstrong R, Waters E, Dobbins M, Lavis JN, Pet-ticrew M, Christensen R. Knowledge translation stra-tegies for facilitating evidence-informed public he-alth decision making among managers and policy-makers (Protocol). Cochrane Database Syst Ver 2011;Issue 6. [cited 2011 Aug 16]. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/o/cochrane/clsysrev/arti-cles/CD009181/frame.htmlOxman AD, Lavis JN, Lewin S, Fretheim A. SU-PPORT Tools for evidence-informed health poli-cymaking (STP). 1. What is evidence-informed po-licymaking? Health Res Policy Syst 2009; 7(Suppl. 1):S1. [citec 2011 Aug 16]. Available from: http://222.he-alth-policy-systems.com/content17/S1/S1

Apresentado em 13/05/2011Aprovado em 31/08/2011Versão final apresentada em 05/09/2011

21.

22.

23.

24.

25.

26.

27.

28.

29.

30.

31.

Recommended