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Universidade Federal de Lavras Departamento de Zootecnia
Disciplina ZOO 152
Avicultura (Notas de Aula)
Prof. Antonio Gilberto Bertechini - (Postura)
Prof. Fábio Augusto Gomes - (Corte)
Lavras / MG / Brasil 2º Semestre / 2007
2
SUMÁRIO
AVICULTURA DE CORTE
1 Introdução..................................................................................................................... 3
2 Origem e características dos frangos de corte......................................................... 4
3 Evolução e situação atual da avicultura de corte..................................................... 10
4 Sistemas de produção................................................................................................. 12
5 Sistemas de criação..................................................................................................... 13
6 Localização da granja.................................................................................................. 15
7 Construção do galpão................................................................................................. 16
8 8 8 Detalhes de construção para minimizar o efeito do calor........................................ 25
9 Materiais e equipamentos...........................................................................................
26
10 Manejo da criação...................................................................................................... 38
11 Programa de luz......................................................................................................... 52
12 Alimentação dos frangos.........................................................................................
52
13 Avaliação de desempenho do lote...........................................................................
58
14 Manejo sanitário......................................................................................................... 63
15 Principais doenças das aves.................................................................................... 65
16 Doenças modernas ou doenças de produção........................................................ 68
17 Vacinas para frangos de corte.................................................................................. 69
18 Restrição alimentar em frangos de corte................................................................. 72
19 Criação de frangos com separação de sexo........................................................... 73
20 Referências bibliográficas.................................................................................. 75
AVICULTURA DE POSTURA
1 Introdução.................................................................................................................... 76
2 As poedeiras comerciais modernas.......................................................................... 78
3 Manejo geral da granja de postura............................................................................ 87
4 ANEXOS........................................................................................................................
98
3
AVICULTURA DE CORTE (Prof. Fábio Augusto Gomes)
1 INTRODUÇÃO O Brasil é o terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo e o maior exportador
de carne de aves atualmente, com perspectivas de manter esta posição nos próximos 10 anos.
A importância econômica da atividade avícola é incontestável. Inúmeras atividades hoje
existentes estão direta ou indiretamente ligadas à avicultura. Pode-se citar neste contexto as
indústrias de rações e concentrados, as indústrias de equipamentos, os laboratórios de produção
de vacinas e medicamentos, as indústrias de abate e processamento dos frangos, entre outras.
Outro setor que tem íntima relação com a avicultura é a agricultura, principalmente relacionada a
produção de milho e soja. Para ter-se uma idéia, basta citar que mais de 50% da produção
brasileira de milho é destinada à fabricação de rações para frangos de corte. Também se pode
citar o setor de construção civil que atua na construção das instalações de granjas, fabrica de
ração, abatedouros entre outros.
Estima-se que o setor avícola é responsável por mais de dois milhões de empregos diretos
e indiretos no país.
Apesar de relativamente nova, a avicultura industrial brasileira apresenta hoje os
melhores resultados do mundo, muitas vezes superiores aos obtidos em países como os Estados
Unidos, França e Alemanha. Vários fatores têm influência sobre esse ótimo desempenho, entre
eles pode-se citar o clima adequado para a criação, à extensão de terras apropriadas para
produção de soja e milho, a disponibilidade de mão-de-obra, entre outros.
A necessidade de mão-de-obra especializada faz-se necessária, e cada vez com maior
intensidade, haja vista a alta tecnologia aplicada atualmente na atividade avícola. Assim, cada
vez mais Zootecnistas, Agrônomos, Veterinários e técnicos especializados são necessários para
atender a demanda crescente do setor.
A constante atualização dos conhecimentos é pré-requisito básico para ingressar na
atividade, haja vista a rápida e constante evolução a que é submetido o setor avícola. A cada ano
surgem novas tecnologias, novas linhagens, novos equipamentos.
Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são
criadas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 90 dias,
no entanto, seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto
trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.
As grandes indústrias do setor trataram de reforçar a sua presença no mercado
internacional nos anos recentes. Os esforços apareceram, pois as exportações crescem a cada ano
em média de 5-6% , sendo que em 2006, foram exportadas 2.949 mil toneladas.
4
2 ORIGEM E CARACTERÍSTICAS DOS FRANGOS DE CORTE
As aves, segundo as teorias da evolução de Darwin são descendentes dos répteis, tanto é
que até hoje todas as aves possuem restos de escamas nas pernas. A origem da galinha data cerca
de 150 milhões de anos atrás, a partir do Archaeopterix que teria tido seu habitat na região hoje
conhecida como a Índia.
A galinha doméstica (Gallus domesticus) tem origem Asiática ou mais precisamente na
Índia. As maiores evidências são devido a que lá ainda existem em estado selvagem as aves que
deram origem à galinha doméstica, O Gallus Bankiva ou Gallus gallus (galinha vermelha da
floresta). A domesticação da galinha data de pelo menos 3.200 a.C. com a finalidade de adorno e
briga e os indivíduos que não mais serviam a estes fins eram então abatidos para consumo. Da
Ásia a galinha passou para a Europa, primeiramente para Grécia e depois para a Itália. No século
XVI as brigas de galo eram muito difundidas na Europa. Com a era da navegação a galinha foi
espalhada por todos os continentes do planeta. Para o Brasil a galinha foi trazida pelas primeiras
navegações após o descobrimento.
Em 1849, foram proibidas as brigas de galo na Inglaterra e realizou-se a primeira
Exposição Avícola. Pode-se dizer que daí nasceu o interesse pela exploração econômica de aves.
Desta forma podemos dizer que do Archaeopterix ao galo de briga, levou-se 150 milhões de
anos, e do galo de briga a poedeira atual 150 anos.
Até a década de 50, a avicultura era uma atividade desenvolvida de maneira artesanal,
nos quintais e terreiros das casas, sítios e fazendas. Esta atividade era exercida geralmente pelas
mulheres e objetivava simplesmente alimentar a própria família.
Este tipo de avicultura, chamado atualmente de “caipira” ainda existe nos sítios e
fazendas, porém é cada vez mais rara e pouco representativa do ponto de vista econômico. A
avicultura como atividade econômica teve início a partir de 1950.
Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são
cridas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 100 dias,
no entanto seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto
trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.
É importante lembrar que o termo “raça” em avicultura é completamente obsoleto. Não
se criam raças, mas, sim, “linhagens” ou “marcas comerciais” de frangos. Apesar do termo
raça não ser mais usado na avicultura moderna, sabe-se que todo o melhoramento genético tem
origem em raças puras.
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2.1. Classificação biológica da galinha doméstica
Filo: Chordata Sub-filo: Vertebrata (coluna vertebral) Classe: Aves (penas) Sub-classe: Neornithes (sem dentes) Super ordem: Neognathae Ordem: Galliformes Sub-ordem: Galli Familia: Phasianidae Sub-família: Phasianinae Gênero: Gallus Espécie: Domesticus
2.2. Classificação oficial da “American Poultry Association" - "Standart of Perfection”.
A primeira exposição avícola, realizada em Boston, em 1849 serviu de motivação para
melhorar as características dos indivíduos, através de outras exposições e culminou com o
estabelecimento de padrões de raças e variedades através da fundação da "Americam Poultry
Association" em 1873 e a publicação da primeira edição do "Standart of perfection” na cidade de
Búfalo, em 1874. Nesta classificação as aves foram reunidas em 86 linhagens e 235 variedades.
Hoje estão classificadas 280 variedades (incluindo galinhas, perus, patos, gansos e marrecos).
Estas 280 variedades estão agrupadas em 15 classes, no entanto só quatro tem
importância econômica, conforme a origem geográfica, que são descritas a seguir:
Classe Americana: As raças que pertencem a esta classe tem como características principais à pele amarela,
brincos vermelhos, ovos vermelhos, tamanho médio e pernas sem penas. Algumas raças desta
classe são: New Hampshire, Rhode Island Red, Plymouth Rock, Wyandotte e Jersey black giant.
Classe Inglesa: As raças da classe inglesa possuem a pele branca (exceto Cornish - amarela), brincos
vermelhos, ovos vermelhos (exceto Redcaps e Dorking), tamanho médio ou grande e pernas sem
penas. Como exemplos desta raça podemos citar a Cornish, Orpington, Australorp, Sussex,
Dorking e Redcaps.
Classe Mediterrânea: As raças desta classe possuem a pele amarela, brincos de cor branca, ovos brancos,
tamanho pequeno e pernas sem penas. Alguns exemplos são a Leghorn, Ancona, Minorca e
Andaluza Azul.
6
Classe Asiática: São raças de pele amarela (exceto Langshan - branco), brincos e ovos vermelhos,
tamanho grande e pernas recobertas por penas. Exemplos desta classe são a Brahma, Cochin e
Langshan.
2.3. Linhagens puras e obtenção das “marcas” comerciais:
As linhagens puras são fruto do trabalho de melhoristas que criaram “raças” próprias,
guardadas em segredo pelas empresas que as formaram.
Até a década de 50, a avicultura era uma
atividade desenvolvida de maneira artesanal,
nos quintais e terreiros das casas, sítios e
fazendas. Esta atividade era exercida
geralmente pelas mulheres e objetivava
simplesmente alimentar a própria família. O
frango era considerado um produto de luxo, a
ser consumido nos finais de semana ou
destinado às pessoas doentes e mulheres após
o parto, durante o período de resguardo.
Figura 1. Gallus bankiva que deu origem as
espécies domésticas da galinha.
Este tipo de avicultura, chamado atualmente de “caipira” ainda existe nos sítios e
fazendas, porém é cada vez mais rara e pouco representativa do ponto de vista econômico. A
avicultura como atividade econômica teve início a partir de 1950, com os cruzamentos de
algumas raças entre as quais a Cornish, a New hampshaire e Plymout rock branca. Com isso
obtinha-se frangos de 1,5 kg com 9 semanas de idade.
A década de 60, com os conhecimentos de hibridação que já eram aplicados na produção
de milho, consolidou-se a técnica dos cruzamentos. Assim, o frango de corte atual é na verdade
um “híbrido duplo” ou seja, é produzido por meio do cruzamento de 4 linhagens diferentes. O
processo de formação do frango envolve as seguintes etapas:
Linhagens puras: Isolamento das linhagens de determinadas raças, com características
desejáveis e cruzamentos consangüíneos dentro destas linhagens por várias gerações.
Bisavós: São originadas do acasalamento entre machos e fêmeas de uma linhagem pura.
7
Avós: São somente os machos ou somente as fêmeas resultantes do acasalamento das bisavós e,
portanto, representam apenas um dos sexos de cada linhagem pura.
Matrizes: São somente os machos ou somente as fêmeas do cruzamento de um avô proveniente
de uma linhagem com a avó de outra linhagem. Assim cada matriz é um híbrido.
Frango comercial: São os machos e as fêmeas resultantes do cruzamento das matrizes. Um
macho híbrido e uma fêmea híbrida, resultando, portanto num “híbrido duplo”.
Entre o inicio deste processo de obtenção do frango de corte híbrido até a chegada ao
pintinho comercial de um dia leva-se 4 anos.
O progresso genético registrado nos últimos 40 anos no desempenho dos frangos de
corte é bastante expressivo. Este progresso foi conseguido por meio da seleção de características
de maior importância econômica. As principais características desejáveis na seleção das
linhagens resumem-se em:
- Precocidade: Alcançar o peso desejado em menos tempo;
- Alta eficiência na conversão de alimento em peso corporal;
- Boa resistência às doenças;
- Pele amarela;
- Boa porcentagem de carnes nobres (coxa e peito);
- Pouca porcentagem de gordura;
- Pernas curtas, robustas e perfeitas,
- Empenamento adequado.
As etapas que envolvem a formação dos frangos de corte atuais podem ser
esquematizadas conforme esquema abaixo.
8
Nas Tabelas 1, 2 e 3 estão apresentados dados sobre evolução do desempenho dos
frangos nas últimas décadas.
Tabela 1. Evolução no tempo de abate, para atingir um mesmo peso.
ANO Idade para atingir 1,6 kg Conversão Alimentar 1955 70 dias 2,5 1965 56 dias 2,25 1975 49 dias 2,00 1990 35 dias 1,70 1996 31 dias 1,67
Tabela 2. Evolução no peso de abate, para uma mesma idade.
ANO Peso aos 42 dias (g) Conversão Alimentar 1969 1.183 1,79 1987 1.940 1,80 1989 2.000 1,82 1992 2.030 1,88 1996 2.112 1,88 2002 2,370 1,76
RAÇAS Cornish New Hampshaire Plymont R. branca Plymont R. barrada
Linhagens puras AA BB CC DD (avós)
Avós Macho AA x Fêmea BB Macho CC x Fêmea DD
Matriz Macho AB e Fêmea AB Fêmea CD e Macho CD (Híbrido)
Eliminadas Eliminados
MACHO AB x FÊMEA CD
Frango de Corte ABCD (machos e Fêmeas) (Híbrido duplo)
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Tabela 3. Evolução no peso, idade e conversão alimentar do frango de corte.
ANO Idade para abate (dias) Peso ao abate(g) Conversão Alimentar 1930 105 1,50 3,5 1940 98 1,56 3,0 1950 70 1,60 2,5 1960 56 1,60 2,25 1970 53 1,60 2,0 1980 50 1,70 2,0 1990 46 1,94 1,98 2000 41 2,24 1,78 2002 42 2,37 1,76
É importante lembrar que o termo “raça” em avicultura é completamente obsoleto. Não
se criam raças, mas sim, “linhagens” ou “marcas” de frangos. Apesar do termo raça não ser
mais usado na avicultura moderna, sabe-se que todo o melhoramento genético tem origem em
raças puras. No caso dos frangos de corte basicamente 4 raças tem participação: Plymout rock
branca e Plymout rock barrada para formar a linhagem fêmea; Cornish e New hampshaire para
formar a linhagem macho.
As principais linhagens ou marcas comerciais de frango existentes hoje no mercado são:
HUBBARD ARBOR-ACRES ROSS ISA VEDETE HYBRO COBB PETTERSON AVIAN FARMS
Estas marcas são geralmente produzidas por empresas que dominam a tecnologia do
melhoramento genético, e competem entre si para produzir e vender o melhor produto, isto é, as
aves (avós) que darão origem aos frangos de corte.
O Brasil, infelizmente, ainda não domina totalmente a tecnologia de
desenvolvimento do frango de corte, dependendo, portanto da importação, geralmente das avós,
de outros países tais como os Estados Unidos, França e Alemanha. São gastos anualmente mais
de 15 milhões de dólares na importação de aves reprodutoras (avós). Algumas entidades
brasileiras, entre elas a Embrapa/Concórdia, a Universidade Federal de Viçosa e a Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/Piracicaba) trabalham há anos na tentativa de
produzir um frango totalmente brasileiro, que possa competir com as linhagem importadas.
Apesar dos esforços, os frangos até hoje produzidos ainda não conseguem competir e,
provavelmente levará mais alguns anos para que isso aconteça.
10
3 EVOLUÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL DA AVICULTURA DE CORTE
O Brasil é o terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo e o maior exportador
de carne de aves atualmente, com perspectivas de manter esta posição nos próximos 10 anos.
A importância econômica da atividade avícola é incontestável. Inúmeras atividades hoje
existentes estão direta ou indiretamente ligadas à avicultura. Pode-se citar neste contexto as
indústrias de rações e concentrados, as indústrias de equipamentos, os laboratórios de produção
de vacinas e medicamentos, as indústrias de abate e processamento dos frangos, entre outras.
Outro setor que tem íntima relação com a avicultura é a agricultura, principalmente relacionada a
produção de milho e soja. Para ter-se uma idéia, basta citar que mais de 50% da produção
brasileira de milho é destinada à fabricação de rações para frangos de corte. Também se pode
citar o setor de construção civil que atua na construção das instalações de granjas, fabrica de
ração, abatedouros entre outros.
Estima-se que o setor avícola é responsável por mais de dois milhões de empregos diretos
e indiretos no país.
Apesar de relativamente nova, a avicultura industrial brasileira apresenta hoje os
melhores resultados do mundo, muitas vezes superiores aos obtidos em países como os Estados
Unidos, França e Alemanha. Vários fatores têm influência sobre esse ótimo desempenho, entre
eles pode-se citar o clima adequado para a criação, à extensão de terras apropriadas para
produção de soja e milho, a disponibilidade de mão-de-obra, entre outros.
A necessidade de mão-de-obra especializada faz-se necessária, e cada vez com maior
intensidade, haja vista a alta tecnologia aplicada atualmente na atividade avícola. Assim, cada
vez mais Zootecnistas, Agrônomos, Veterinários e técnicos especializados são necessários para
atender a demanda crescente do setor.
A constante atualização dos conhecimentos é pré-requisito básico para ingressar na
atividade, haja vista a rápida e constante evolução a que é submetido o setor avícola. A cada ano
surgem novas tecnologias, novas linhagens, novos equipamentos.
Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são
criadas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 90 dias,
no entanto, seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto
trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.
As grandes indústrias do setor trataram de reforçar a sua presença no mercado
internacional nos anos recentes. Os esforços apareceram, pois as exportações crescem a cada ano
em média de 5-6% , sendo que em 2006, foram exportadas 2.949 mil toneladas.
11
O Estado do Paraná lidera a produção industrial de frangos de corte com 23 % de toda
produção nacional (Tabela 4).
Tabela 4 Estados brasileiros maiores produtores de frango de corte.
ESTADO % do Total
Ano 2005 2006 Crescimento 05/06
Paraná 22,83 23,00 0,17
Santa Catarina 19,19 16,24 -2,95
São Paulo 16,52 14,77 -1,75
Rio Grande do Sul 16,90 14,42 -2,48
Minas Gerais 6,12 5,83 -0,29
Goiás 3,90 4,17 0,27
Mato Grosso do Sul 2,77 2,35 -0,42
Mato Grosso 1,53 1,99 0,46
Bahia 1,16 1,27 0,11
Distrito Federal 1,38 1,16 -0,22
Fonte: UBA/2007
A região Sul do Brasil lidera a produção de frangos de corte com 53,4% do total, seguido
pela região Sudeste com 26,3% e Centro-oeste com 10,6%. Existe tendência em redução da
produção nas regiões Sul e Sudeste, com incrementos para o Centro-Oeste, principalmente pela
estratégia de produção de grãos. Dentre os principais fatores responsáveis pela expansão avícola
no Centro-Oeste brasileiro pode-se citar:
- Clima favorável (menos frio do que as regiões sul e sudeste);
- Aumentos constantes na produção de milho e soja;
- O aumento significativo da população na região, principalmente a partir do meio da
década de 70;
- O isolamento da região em relação às outras regiões de criação de frangos,
consideradas “contaminadas”, tais como o sul e sudeste;
- O alto custo do frete, tanto para o transporte de matérias primas para as rações (milho,
farelo de soja) do Centro-Oeste para o Sul e Sudeste, como para transportar os frangos
produzidos nestas regiões para abastecer o Centro-Oeste e a região Norte do país.
Na Tabela 05 é apresentada a participação das 10 maiores empresas de abate de frangos
no ano de 2006.
12
Tabela 5 Abate de frangos no Brasil em 2006 – 10 maiores empresas.
Empresa Aves abatidas (Cab.) Crescimento 05/06
(%)
Participação no Brasil
(%)
Sadia 645.111.245 2,58 14,68
Perdigão 530.850.657 6,27 12,06
Seara
Frangosul
257.320.934
214.471.190
7,15
9,53
5,86
4,88
Dagranja 114.665.884 2,16 2,61
Aurora 108.743.902 18,42 2,47
Diplomata 87.636.118 3,44 1,99
Penabranca 75.173.127 8,50 1,71
Copacol 70.089.917 2,76 1,59
Total 47,85
Fonte: UBA/ABEF/2007
4 SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Existem no Brasil, basicamente 4 sistemas diferentes de produção de frangos de corte,
cada um com suas características próprias e com suas vantagens e desvantagens. Estes sistemas
são resumidamente apresentados a seguir:
4.1) Produtor Independente
Neste sistema o avicultor assume todos os riscos da criação. Adquire os pintos, ração e
outros insumos e comercializa os frangos na idade de abate a quem melhor lhe pagar. Está,
portanto, sujeito às oscilações do mercado, tanto dos insumos como do próprio frango, podendo
em determinadas épocas ganhar muito, mas em outras perder tudo e abandonar a atividade. Por
isso, poucos são os avicultores que se arriscam neste tipo de sistema.
4.2) Microempresa avícola
Neste sistema o criador abrange todas as fases de criação, até o abate e comercialização.
Em geral fabrica a sua própria ração. Este tipo de sistema é típico de cidades de médio porte, ou
em regiões onde não existem grandes integrações, pois as mesmas, por produzir em maior
quantidade, tem preços mais competitivos do que as microempresas.
13
4.3) Sistema Cooperativo
A criação de frangos que geralmente é realizada por pequenos produtores favorece a
organização em cooperativas avícolas. Neste caso a cooperativa, que é administrada pelos
associados, adquire e distribui os pintos, adquire as matérias primas e prepara as rações, fornece
assistência técnica, compra medicamentos e vacinas, além de abater e comercializar os frangos.
Desta maneira, os custos de produção são reduzidos, permitindo uma margem de lucro maior na
produção. Entretanto, em épocas de prejuízos, estes são repassados aos associados.
4.4) Sistema Integrado de Criação
É o sistema pelo qual uma empresa denominada integradora assume todas as etapas até
a produção do pinto de um dia, produz e fornece a ração, fornece assistência técnica e
veterinária, orienta na construção do galpão, responsabiliza-se pelos transportes (pintos, ração,
frangos), além de abater, processar e comercializar os frangos. Ao criador, chamado de
integrado cabe a tarefa da criação do frango responsabilizando-se, portanto na adequação das
instalações e equipamentos, mão-de-obra, aquecimento, cama, e do manejo diário da criação.
Assim, ao final da criação o criador recebe um pagamento, de acordo com o rendimento dos
frangos e, conforme condições especificadas em contrato que é realizado entre as partes. Neste
contrato são especificados os direitos e obrigações da empresa integradora e do criador.
Este tipo de sistema apresenta algumas vantagens importantes, entre elas pode-se citar a
garantia de escoamento da produção, facilidades de crédito sem recorrer ao sistema bancário,
assistência técnica adequada e garantia de insumos durante a criação. Além disso, o criador fica
livre dos riscos decorrentes da oscilação dos preços de insumos e dos frangos que ocorrem no
mercado. Estes riscos são em grande parte absorvidos pela empresa integradora. Como
inconveniente do sistema pode-se citar a remuneração obtida, que geralmente é considerada
baixa. Outro inconveniente é que o avicultor se torna dependente da empresa, sem forças para
opinar ou contestar as decisões tomadas. Entretanto, o sistema de integração, que foi introduzido
no Brasil na década de 70, é o grande responsável pelo sucesso da avicultura brasileira dos
últimos 30 anos e, até hoje pelo menos 80% da produção brasileira de frangos de corte é
realizada através do sistema de integração.
5 SISTEMAS DE CRIAÇÃO
Normalmente os frangos de corte são criados num sistema chamado “all in, all out” ou
tudo dentro, tudo fora. Este sistema adotado no mundo todo há algumas décadas, obedece
algumas regras:
14
Entrada dos pintos de uma só vez no galpão e saída também ao mesmo tempo;
Criação num galpão de aves de uma única idade;
Limpeza e higienização completa entre a criação de um lote e outro (intervalo de pelo
menos 12 dias);
Distância de pelo menos 100 metros entre galpões;
Isolamento de mão-de-obra. Quem trabalha num galpão não pode trabalhar em outro;
Isolamento de equipamentos. Cada galpão tem que ter seus próprios equipamentos.
A aplicação deste sistema de criação tem como principal objetivo evitar ou reduzir a
propagação de doenças. Além disso, o sistema padroniza as operações de manejo com
aquecimento, cortinas, alimentação, regulagem de equipamentos, etc.
Este sistema tem como desvantagem à subtilização do galpão e dos equipamentos por
determinado período, já que a necessidade de espaço das aves no galpão aumenta com a idade.
Na primeira semana de criação apenas 20% do galpão é ocupado. Nas duas semanas seguintes
40% da instalação fica desocupada. Apenas após a terceira semana os frangos ocupam e
necessitam realmente de todo a área do galpão.
Outros sistemas de criação já foram utilizados no passado ou ainda existem em outros
países, porém em menor escala. Entre eles pode-se citar:
a) Criação em bateria/gaiola: Neste sistema os frangos são criados em baterias nas primeiras
semanas em altas densidades que podem chegar a 50 pintos/m2. Em seguida os frangos são
transferidos para gaiolas semelhantes às usadas em galinhas de postura.
b) Criação em bateria/cama: Semelhante ao sistema anterior. Porém a Segunda fase realizada
em galpões com cama em densidade variando de 10 a 12 frangos/m2.
c) Criação em duas etapas em cama: Inicialmente os pintos são alojados em galpões
apropriados chamados “pinteiros” por duas ou três semanas. Em seguida os frangos são
transferidos para galpões de criação chamados “frangueiros” em densidade normal de criação.
As criações em gaiolas e/ou baterias não tiveram total sucesso principalmente no Brasil
devido a uma série de fatores, entre eles pode-se citar os altos custos iniciais de instalação,
problemas de “calo de peito”, fragilidade óssea, aquecimento, etc. Estes sistemas são usados em
outros países como Estados Unidos e Europa, porém também em pequena escala.
A criação em duas etapas em cama foi abandonada já na década de 70 devido
principalmente ao estresse causado pela transferência de galpão e o agravamento de algumas
15
doenças principalmente a DCR (doença crônica respiratória), que causou enormes prejuízos à
avicultura dos anos 70 e 80.
6 LOCALIZAÇÃO DA GRANJA
Na instalação de uma granja avícola, o primeiro passo a ser tomado é a escolha correta do
local. Deve-se, portanto considerar alguns aspectos importantes:
6.1) Distância dos mercados
Deve-se localizar a granja o mais próximo possível das fontes de abastecimento, tais
como incubatório, fábrica de ração, etc. e também próximo aos pontos de distribuição ou entrega
dos frangos. Quando o granjeiro produz a sua própria ração é importante também observar a
distância para obtenção de insumos tais como milho, farelo, etc.
6.2) Estradas de acesso
O local da granja deve ter fácil acesso, para evitar problemas futuros com caminhões que
fazem a entrega de pintinhos, da ração e fazem a retirada dos frangos.
6.3) Água
Ponto de fundamental importância, pois se deve preocupar tanto com a qualidade como
com a quantidade da água fornecida. Em idade próxima ao abate o consumo de água pode chegar
a 0,4 litros por frango/dia. Isto, se considerarmos um galpão com 15.000 frangos, representa um
consumo diário de 6.000 litros de água.
6.4) Energia elétrica
Com a automação das granjas, a energia elétrica tornou-se um fator limitante. Muitos
equipamentos funcionam com força elétrica e podem comprometer a criação com a sua falta.
Além disso, para o sucesso da criação há necessidade da execução de programas de luz
apropriados para cada idade.
6.5) Terreno
Deve-se preferir terrenos planos ou levemente inclinados no sentido norte-sul. Terrenos
planos diminuem os custos de instalação, pois diminuem os trabalhos de terraplanagem. Locais
16
secos e bem drenados são também importantes, pois se deve sempre lembrar que umidade é
sinônimo de doença.
6.6) Condições climáticas
Os frangos desenvolvem-se bem em temperaturas entre 15 e 25 0C e umidade relativa
entre 60 e 70%. A escolha do local pode colaborar com estes índices. Locais bem arejados,
porém onde não haja incidência de ventos muito fortes são adequados.
6.7) Isolamento
O galpão deve ser instalado em local isolado, o mais distante possível de outras granjas,
de estradas muito movimentadas, de locais onde haja trabalho de pessoas, tratores ou outras
máquinas, de galinhas caipiras.
7 CONSTRUÇÃO DO GALPÃO
Após a escolha adequada do local, o passo seguinte será a construção do galpão. Uma
série de fatores deverão ser levados em conta na hora de construir, entre eles as condições
climáticas da região, a origem e/ou disponibilidade de recursos, as exigências das empresas
integradoras, o tipo e a disponibilidade dos materiais de construção da região, entre outros.
Em resumo, a construção do galpão visa atender duas condições básicas: a zootécnica e a
econômica. Assim, atualmente procura-se aplicar a chamada solução ABC, ou seja, Aviários de
Baixo Custo, principalmente no Brasil, onde os avicultores geralmente são pequenos produtores,
via de regra, de baixo poder aquisitivo.
Aviário de baixo custo não significa construí-lo de qualquer maneira. Deve-se sempre Ter
em conta que o local da criação deve permitir o máximo de conforto ao frango, para que o
mesmo expresse todo o seu potencial de produção. Assim, dentro da solução ABC, mas sem
deixar de lado o conforto da ave, deve-se seguir algumas características básicas que serão
tratadas a seguir:
7.1) Terraplanagem
No local da construção o terreno deve ser plano, utilizando-se para isso máquinas moto-
niveladoras. É importante que o galpão seja construído acima do nível normal do terreno, pelo
menos uns 20 ou 30 cm, para facilitar o escoamento da água da chuva nas laterais.
17
7.2) Canais de drenagem
Devem ser construídos quando o terreno é de difícil drenagem. Tem por objetivo desviar
e drenar as águas da chuva, rebaixando o lençol freático do terreno. Quando necessário, poderá
ser construído da seguinte maneira:
Distância do galpão: 3 metros. Os Escoamentos direcionados à parte mais baixa do
terreno;
Profundidade: 1 metro;
Largura: 0,8 metros;
Preencher com pedras irregulares e na parte superior com uma camada de 15 a 20 cm de
terra. Os detalhes estão ilustrados na figura 4:
Figura 4. Detalhes da construção de canais de drenagem.
7.3) Orientação do galpão
O galpão deve sempre ser construído no alinhamento leste-oeste. Desta maneira a
trajetória do sol coincide com a cumieira do galpão, evitando a incidência do sol sobre as aves
em qualquer horário do dia.
0,80 m
3 m
PedrasIrregulares (80 cm)
Galpão
Terra (20 cm)
18
Figura 5. Orientação correta para construção de galpão para frangos de corte.
7.4) Dimensões do galpão
a) Largura:
A largura mais adequada para o galpão é de 12 metros. Larguras maiores não devem ser
usadas, pois dificultam a renovação de ar dentro do galpão. Larguras menores do que 12 metros
aumentam o custo do galpão. Em regiões muito quentes pode-se adotar a largura de 10 metros,
para melhorar a ventilação interna, mesmo sabendo-se do seu custo maior.
b) Comprimento:
O comprimento do galpão vai variar em função do número de aves que se deseja alojar.
Para o cálculo do tamanho do galpão recomenda-se utilizar 12 frangos/m2. Esta densidade pode
variar em função de alguns fatores que serão vistos em outro capítulo. Serão mostrados a seguir
dois exemplos para calcular o tamanho e a capacidade de lotação de um galpão. As empresas
integradoras normalmente utilizam galpões com 50 metros de comprimento, quando os
equipamentos utilizados são manuais, e galpões de 100 ou 120 metros para galpões com
equipamentos automáticos, uma vez que desta forma é possível otimizar a utilização destes
equipamentos.
Exemplo 1:
Deseja-se construir um galpão para criar 6.000 frangos. Como dimensioná-lo?
Largura: 12 metros (constante)
Área necessária: A recomendação é 10 frangos/m2. Portanto 6.000 ÷ 12 = 500 m2 de área
Comprimento: Área = largura x comprimento
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Comprimento = área ÷ largura
= 500 ÷ 12
= 41,6 metros ≅≅≅≅ 42 metros;
ou
= 500 ÷ 10 m de largura = 50 metros
Resposta: Necessitamos de um galpão com 12 m de largura e 42 m de comprimento; ou
10 metros de largura e 50 metros de comprimento
Exemplo 2:
Um galpão mede 11 metros de largura e 23 m de comprimento. Qual a sua capacidade de
lotação?
Área = Largura x comprimento
A = L x C
A = 11 x 23
A = 253 m2
Recomendação: 12 frangos ----------- 1 m2
X ------------- 253 m2
Resposta: 3036 ≅≅≅≅ 3.000 frangos
c) Aviário Padrão
Na avicultura moderna adota-se um tamanho considerado padrão para aviários de frango
de corte, medindo 12 metros de largura por 100 a 120 metros de comprimento, com capacidade
para alojar de 12.000 a 14.400 frangos. Este tamanho parece adequado tanto para atender o lado
econômico como o lado zootécnico da criação. Este tipo de galpão geralmente é adotado pelas
empresas integradoras e cooperativas. As indústrias tais como de comedouros, nebulizadores,
etc., já projetam seus equipamentos adequando-os a este tipo de galpão. Aviários maiores do que
120 metros tornam-se zootecnicamente inviáveis.
7.5) Altura do pé-direito
A altura do pé-direito nunca deve ser inferior a 2,8 metros. Deve haver uma relação direta
com a largura do galpão, ou seja, quanto maior a largura, maior deve ser a altura do pé-direito,
para que a ventilação natural dentro do galpão não seja comprometida. A relação entre altura e
largura pode ser a seguinte:
20
Tabela 6. Relação entre largura do galpão e altura do pé direito.
Largura do Galpão (m) Altura do pé-direito
(m)
8,0
9,0
10,0
11,0
12
2,8
2,9
3,0
3,1
3,2
Esta recomendação parece ser adequada para regiões de clima ameno tais como a região
sul e sudeste do país. Para regiões mais quentes como a centro-oeste pode-se recomendar uma
altura de 3,5 metros ou mais para galpões com 12 metros de largura. Entretanto, alturas muito
maiores não são recomendadas devido à dificuldade e/ou economia na construção.
7.6) Paredes laterais e frontais
As paredes frontais do galpão devem ser totalmente fechadas. Nestas paredes são
construídos os portões para a entrada de caminhões e tratores para o carregamento dos frangos e
da cama. Devem medir 4,0 metros de largura e 3,5 metros de altura. Estes portões, em dias muito
quentes, podem ser abertos para facilitar a ventilação. Deve-se também, em cada parede frontal,
prever uma porta de 1,0 metro de largura para entrada e saída de pessoas.
As paredes laterais serão sempre de tela com uma pequena mureta. A mureta tem por
finalidade proteger os frangos da incidência direta do vento, dos respingos de chuva e da entrada
de animais. A altura da mureta pode variar de 20 a 40 cm, conforme as condições climáticas da
região. A tela tem por finalidade proteger a cortina, regular a temperatura e não permitir a
entrada de pássaros no interior do galpão. Para isso recomenda-se tela com malha de 30 mm e fio
n0 16. Nas paredes laterais serão instaladas lonas plásticas (cortinas) que serão manejadas
conforme a necessidade de calor e ventilação dentro do galpão.
2,8 a3,2 m
± 0,4 m
8 a 12 m
21
7.7) Piso
O piso do galpão pode ser de cimento ou simplesmente de “chão batido”. O piso de
cimento tem como vantagem à facilidade da desinfecção após a retirada dos frangos. Entretanto,
o custo elevado, contrariando a solução ABC, tem levado avicultores a optar por piso de chão
batido. O piso de chão batido não representa custos ao criador e tem mostrado não haver
diferença de desempenho dos frangos em relação ao piso de cimento. Há inclusive, que prefira o
piso de chão batido sob a alegação de haver melhor infiltração da umidade das fezes e urina dos
frangos e da água que é derramada dos bebedouros, mantendo assim a cama mais seca. Em
aviários de chão batido deve-se tomar cuidado, principalmente em épocas de muita chuva, pois
pode “brotar” água do chão, prejudicando a criação. Neste caso é recomendado construir canais
de drenagem dentro do galpão, semelhantes aos canais externos.
7.8) Calçadas
São importantes para proteger as laterais do galpão. A largura deve ser de 1,0 a 1,2
metros. Atualmente, visando economia, muitas vezes não é construída e em seu lugar coloca-se
uma camada de brita.
7.9) Cobertura
O tipo de cobertura utilizado tem importante função na manutenção do conforto térmico
dos frangos. O calor produzido pelos raios solares penetra no galpão através da cobertura
irradiando calor sobre os frangos e esta irradiação vai ser maior ou menor conforme o material
utilizado. Portanto, o material usado deve ser o mais isolante possível e que ao mesmo tempo
não seja muito caro. Assim, este assunto tem gerado inúmeras pesquisas visando encontrar o tipo
de material que tenha alta refletividade na parte superior e baixa condutividade térmica na parte
inferior. A seguir são apresentados alguns materiais, fruto de diversas pesquisas, classificados do
melhor para o pior, que poderão servir de cobertura em um aviário.
a) Isopor entre duas lâminas de alumínio: É o melhor isolante, porém seu custo é
extremamente alto, inviabilizando sua utilização, pelo menos na maioria das granjas brasileiras.
b) Cimento amianto + poliuretano: Ainda está em pesquisa. É um ótimo isolante, mas muito
caro.
c) Sapé: É ótimo isolante. Não é muito usado devido ao perigo de fogo, aparecimento de pragas
e dificuldade para realizar as desinfecções necessárias. Além disso, tem baixa durabilidade.
22
d) Cimento amianto + maderit: Também apresenta o problema do custo, dificultando a
utilização.
e) Alumínio simples: Tem o inconveniente do barulho causado pela chuva e granizo. Ao
envelhecer perde a cor inicial devido à oxidação, perdendo a capacidade de refletir os raios
solares.
f) Telha de barro: É melhor do que comento amianto e do alumínio envelhecido. Tem uma
vantagem de apresentar frestas entre as telhas que permitem uma pequena ventilação. É o tipo de
cobertura mais usado nos galpões atuais, pois é o que mais equilibra a parte econômica com o
desempenho zootécnico dos frangos.
g) Cimento amianto: É de fácil construção, porém esquenta muito e pioram com o
envelhecimento, quando ficam mais escuros.
Outro fator importante, relativo ao telhado, é a sua declividade. Teoricamente, quanto
maior a declividade melhor, pois as telhas que irradiam calor, estariam mais distantes dos
frangos e isso permite uma maior dissipação do calor produzido sob o telhado. Recomenda-se
que o telhado tenha 35% de declividade. Declividades maiores tornam a construção
antieconômica.
7.10) Lanternim
Os frangos, no interior do galpão, poluem o ar direta e indiretamente. Diretamente através
principalmente do calor produzido pelo seu corpo e do gás carbônico e vapor d’água
provenientes da respiração. Indiretamente através da cama que libera calor, umidade e gases (gás
carbônico, gás sulfídrico e amônia). Todos estes produtos precisam ser eliminados do interior do
galpão. Grande parte é eliminada pelas laterais, porém, o lanternim pode funcionar como sifão,
permitindo uma ventilação contínua mais eficiente. Isso ocorre devido o ar quente Ter uma
tendência a subir e, sairá pelas aberturas mais próximas ao teto, permitindo a penetração do ar
externo nas aberturas mais baixas. Assim, embora de custo relativamente alto, o lanternim é
extremamente importante para melhorar a qualidade do ar no interior do galpão.
O lanternim deve ser construído seguindo-se a seguinte recomendação:
Altura: 50 cm;
Largura da abertura: 10% da largura total do telhado;
Declividade: a mesma do telhado do galpão;
23
Para evitar a penetração de água da chuva, as pontas do telhado do lanternim devem
coincidir com uma linha imaginária que passa pelas pontas do telhado do galpão.
A figura 6 é um exemplo de um lanternim em galpão com 12 metros de largura e 1,2 m
de abas.
Figura 6. Detalhes para construção de lanternim.
7.11) Iluminação Interna
A iluminação artificial é um recurso utilizado para aumentar o tempo de alimentação dos
frangos bem como permitir que esta alimentação seja realizada nas horas mais frescas, ou seja, à
noite e de madrugada.
Na instalação das lâmpadas deve-se seguir algumas recomendações:
a) A distribuição deve ser uniforme. A primeira fileira de lâmpadas deve ficar a uma distância da
tela igual ou menor a altura do pé direito do galpão. A distância entre fileiras deve ser igual ou
menor do que o dobro da altura do pé direito;
b) A distância entre lâmpadas na fileira será em função do tipo e do número de watts das
lâmpadas a serem instaladas;
c) As lâmpadas fluorescentes são mais caras na instalação, porém duram mais e são menos
prejudiciais aos frangos (causam menos estresse);
d) A intensidade de luz é um fator importante. Luz muito fraca dificulta a alimentação. Luz
muito forte incomoda os frangos, aumentando o estresse, além de gastar mais energia. Portanto,
14,4 m
12 m
1,2 m1,2 m
14,4 m
1,44 m
0,50 m
linha imaginária
24
recomenda-se uma intensidade de 22 lúmens/m2 de galpão. Na Tabela 11 está e relação entre
número de lúmens e número de watts das lâmpadas mais usadas.
Tabela 7: Relação entre lúmens e watts de lâmpadas fluorescentes e incandescentes e a área de galpão para uma lâmpada.
Incandescente Fluorescente
N0 De Watts
N0 de Lúmens
Uma Lâmpada para:
N0 de Watts
N0 De Lúmens
Uma lâmpada para:
25 225 10 m2 15 500 23 m2 40 430 19 m2 20 800 36 m2 60 810 37 m2 40 2.000 91 m2
100 1.600 73 m2 75 4.000 182 m2 150 2.500 114 m2 200 10.000 454 m2 200 3.500 159 m2 - -
EXEMPLO:
Num galpão com 1.200 m2 (12 x 100 m), deseja-se instalar lâmpadas de 60 watts, para
que o galpão fique com iluminação adequada para a criação de frangos.
Necessidade de lúmens para todo o galpão: 1200 x 22 = 26.400 lúmens
1 lâmpada de 60 watts � 810 lúmens
26.400 ÷ 810 = 32,5 � 32 lâmpadas
Distribuição: 2 fileiras, distantes 3 metros da tela e 6 metros entre si. Como são 2 fileiras, instala-
se 16 lâmpadas por fileira. A distância entre lâmpadas na mesma fileira será de 6,25 m
(100 ÷ 16).
7.12) Água
A instalação de água deve adequar-se ao tipo de galpão, ou seja, o tipo de bebedouros que
serão instalados, a utilização ou não de nebulizadores, etc.
Recomenda-se uma caixa d’água externa que tenha capacidade de pelo menos abastecer
os frangos durante 3 dias no período de maior consumo. Além da caixa externa, faz-se necessário
à instalação de uma caixa interna de 250 ou 500 litros para eventuais tratamentos ou vacinações
nos frangos.
Deve-se instalar torneiras externas para lavagem de equipamentos durante a criação.
25
7.13) Outras instalações
Silo: Podem ser instalados interna ou externamente e no centro ou numa extremidade do galpão,
dependendo da automatização ou não dos comedouros.
Fossa séptica: Local para depósito de aves mortas (normalmente 4 a 6 % dos frangos morrem
durante a criação). A fossa consiste num buraco feito na terra e fechado com pranchões de
madeira ou concreto, deixando-se apenas uma pequena abertura para jogar as aves. Evita-se
assim o mau cheiro e a contaminação das demais aves, pois, se jogadas ao ar livre, as aves
mortas podem transmitir doenças às aves do galpão através de moscas, mosquitos e do próprio
vento. Outro destino das aves mortas pode ser a incineração. Para isso existem incineradores
apropriados que são fabricados e vendidos por empresas especializadas do ramo.
8 DETALHES DE CONSTRUÇÃO PARA MINIMIZAR O EFEITO DO
CALOR
O Brasil, país de clima tropical, tem o calor como um fator que pode limitar ou
comprometer a produção de frangos. Sabe-se que o calor causa enormes prejuízos nas aves,
principalmente quando estas estão confinadas em galpões em altas concentrações por m2. Este
problema é muito mais grave em regiões como a centro-oeste onde o calor atinge níveis
incompatíveis a criação de frangos durante quase todo o ano. Na construção do galpão e durante
a criação alguns detalhes podem ajudar a amenizar tal problema e, portanto, sempre que possível,
devem ser observados, para evitar um futuro comprometimento da criação. Algumas destas
medidas são enumeradas a seguir.
a) Localização: Preferir locais mais altos e secos, com boa ventilação.
b) Orientação: Sempre no sentido leste-oeste, para o sol não incidir sobre os frangos,
principalmente no verão.
c) Distância entre construções: Deve-se evitar que outras construções sirvam de barreira para
uma boa ventilação natural. Assim recomenda-se que à distância entre uma construção e outra
seja 5 vezes a sua altura máxima:
D = 5 x H D = distância recomendada
H = Altura máxima da construção
26
d) Tipo de telha: detalhe já citado anteriormente
e) Lanternim: detalhe já citado anteriormente
f) Pintura do telhado: A pintura de cor branca reflete os raios solares e, portanto, seria ideal na
face superior do telhado. Na face inferior pode-se pintar de preto, pois, a cor preta absorve o
calor, reduzindo-o sobre as aves.
g) Caixa d’água: Cobrir com telha de barro. Os canos que conduzem a água ao galpão devem
ser sempre enterrados.
h) Cobertura do solo: O solo em volta do galpão, quando sem nenhuma vegetação reflete calor
para dentro do galpão. Por isso o ideal é que o terreno em volta seja todo gramado. O plantio de
árvores também é de extrema importância, pois servem de “quebra vento”, ou seja, reduzem a
ação dos ventos muito fortes ou muito frios. Além disso, os quebra ventos reduzem a transmissão
de doenças entre criações.
i) Aspersão de água sobre o telhado: Ajuda a diminuir a temperatura interna do galpão. Neste
caso deve-se equipar o galpão com calhas no beiral para reaproveitamento da água.
j) Uso de equipamentos: Ventiladores, nebulizadores ou sistemas acoplados de ventilação e
umidificação. O dimensionamento correto de cada equipamento depende das orientações do
fabricante.
9 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
9.1) Círculos de Proteção
São pequenos cercados em forma de círculo, necessários no início das criações. Utilizam-
se folhas de eucatex, compensado ou outro material similar. Para cada círculo de 500 pintos
necessita-se de 5 folhas de eucatex de 2 metros de comprimento por 0,40 m de altura. Na figura
7 você observa detalhes de construção de círculos de proteção construídos com folhas de
eucatex.
27
Figura 7. Detalhes de círculos de proteção com aquecedores a gás infravermelhos com sensores
automáticos de temperatura.
9.2) Aquecedores
Os pintos, nos primeiros dias, devem ser aquecidos artificialmente. Estes aquecedores
podem ser:
a) Aquecedores elétricos
São lâmpadas especiais (infravermelhas) de 200 ou 250 watts, com refletor. São de custo
elevado e não fornecem um bom aquecimento. Só são utilizadas em pequenas criações.
Normalmente uma lâmpada é suficiente para cada 50 pintos.
b) Campânulas a lenha
Caracteriza-se por utilizar lenha como combustível. São mais eficientes no aquecimento
do ambiente interno do galpão como um todo. Apresentam como desvantagem o excesso de
fumaça e gases (CO2) prejudiciais aos frangos e o alto custo da lenha. É um sistema ainda usado
no sul do país, para complementar o aquecimento das campânulas a gás, nos dias rigorosamente
frios de inverno.
c) Aquecedores a gás
São os mais utilizados na avicultura
industrial, apresentando um menor custo
para a geração do calor. Existem no
mercado inúmeros modelos de
aquecedores a gás, com capacidade de
aquecimento variando de 500 a 2500
pintos, possuindo um ou vários
queimadores.
Figura 8. Aquecedor tipo campânula.
Entre os aquecedores a gás pode-se citar os tipo campânula simples (Figura 8), as
campânulas com placa cerâmica e aquecedores tipo infravermelhos (Figura 9). Os
aquecedores podem ser controlados manualmente ou automaticamente, através de um
termostato instalado próximo aos pintos, que registra a temperatura, ligando e desligando
conforme programação prévia (Figura 7 e 9). Em galpões mais sofisticados o controle de
temperatura pode ser feito através de comandos eletrônicos que, além das campânulas,
podem acionar os ventiladores, os nebulizadores, as cortinas, os comedouros, a iluminação
artificial, etc.
Figura 9. Aquecedores a gás com placa de cerâmica, infravermelho com controle manual,
infravermelho com sensor de temperatura e comandos eletrônicos.
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d) Aquecimento no piso:
É realizado através de placas pré moldadas, com resistência elétrica. Estas placas
formam o piso do círculo de proteção, sobre as quais coloca-se a cama. A vantagem deste
sistema é que o aquecimento é feito de baixo para cima, diminuindo a perda de calor, já que
o ar mais quente tende a subir. É um sistema novo, e, portanto ainda não usado em granjas
comerciais.
e) Aquecimento por estufa:
Também é um sistema novo. Neste sistema utiliza-se as campânulas a gás normais,
porém uma parte do galpão (25%) é totalmente fechado com lonas até o teto, permitindo
um melhor isolamento com o meio externo. A economia de gás pode chegar a 80%, em
relação ao sistema normal de campânulas.
9.3) Bebedouros
Basicamente são necessários dois tipos de bebedouros para a criação: bebedouros
infantis para pintos até 5 a 6 dias de idade e bebedouros para frangos dos 6 dias até a idade
de abate.
Bebedouros infantis
Os mais usados são o tipo “copo de pressão”. Podem ser de plástico ou alumínio e
tem capacidade de 4 a 5 litros de água. Os bebedouros infantis podem ser também do tipo
automáticos, ou seja, são interligados uns aos outros, e abastecidos automaticamente,
conforme a água é consumida. Recomenda-se um bebedouro infantil para cada 80
pintos.
Existem alguns modelos de bebedouros para frangos, que adequam-se para os pintos
desde o primeiro dia de idade.
30
Figura 10. Modelos de bebedouros infantis: A) Tipo copo de pressão; B) Tipo copo de
pressão com rosca; C) automático infantil; D) Bebedouro para frangos adequado para
utilização desde o primeiro dia de idade.
Bebedouros para frangos
a) Bebedouro tipo calha
São cochos de alumínio em forma de “V” com 2,5 ou 3,0 metros, com bóia
reguladora em uma das extremidades. Para este tipo de bebedouro calcula-se que cada ave
necessite de 2,5 cm de espaço de acesso ao bebedouro. Considerando que o acesso pode ser
feito dos dois lados da calha, podemos afirmar que um metro de calha é suficiente para
80 frangos. Este tipo de calha praticamente não é mais usado, porém ainda existe em
algumas granjas mais antigas.
A B
D C
31
b) Bebedouro automático pendular
São bebedouros que funcionam
automaticamente, através de válvulas
controladoras do fluxo de água, pelo
próprio peso da água dentro do bebedouro.
Tem como vantagem à economia de água.
Recomenda-se um bebedouro para cada
80 a 100 frangos. São os mais usados
atualmente.
c) Bebedouro tipo Nipple
É cada vez maior a utilização de bebedouros “nipple” em frangos de corte. É
possível que em alguns anos todos os aviários estejam equipados com esse tipo de
bebedouro. Suas principais vantagens são:
Não há necessidade de mão-de-obra para lavagens periódicas;
Pode ser usado desde o primeiro dia de vida das aves;
Não ocupa espaço no galpão, permitindo uma melhor circulação das aves;
Evita a transmissão horizontal de doenças através da água;
Evita derramamento de água na cama, mantendo-a mais seca.
Figura 11. Bebedouro pendular
32
Figura 12. Bebedouros tipo “nipple”. Adequados para uso desde o primeiro dia de vida.
Ainda há dúvidas com relação ao benefício final dos bebedouros tipo “nipple” pois
há citações de que ocorre uma pequena redução no ganho de peso, variando de 50 a 100 g
por frango em relação aos frangos criados com bebedouros pendulares, isso em função de
uma maior dificuldade da ave de beber água, pois a vazão é pequena.
Para a instalação de bebedouro “nipple” deve-se observar algumas condições:
Os bebedouros entopem com facilidade. Portanto deve-se instalar um filtro antes das linhas
de abastecimento;
A pressão da água é fator importante para evitar vazamentos e ao mesmo tempo fornecer
água suficiente para todas as aves. Cada “marca” de bebedouro tem uma recomendação
técnica de vazão. Esta vazão pode variar de 0,4 mL/seg. (baixo fluxo) a 2,5 mL/seg. (alto
fluxo).
Existem várias marcas de bebedouros, algumas de boa e outras de qualidade inferior. Em
aviários grandes normalmente os “nipple” são adquiridos de empresas que fazem inclusive
a sua montagem e prestam assistência técnica posterior.
33
Recomenda-se de 15 a 20 frangos por bico de nipple. No início da criação pode-
se utilizar um bico para até 30 pintos.
9.4) Comedouros
Comedouros para pintos
São usados até os 8 a 10 dias de idade.
Existem vários modelos tais como: tubular
infantil, tipo bandeja, tipo copo de pressão,
etc. Os comedouros tipo bandeja podem ser
de plástico, madeira ou alumínio, medindo
aproximadamente 50 cm X 50 cm X 5 cm de
altura. Os comedouros tubulares infantis e os
bebedouros tipo copo de pressão também
podem ser de plástico ou alumínio.
Recomenda-se um comedouro infantil
para cada 80 pintos. Figura 13. Comedouro tipo bandeja
Comedouros para frangos
São usados após 8 a 10 dias de idade. Podem ser de 3 tipos:
a) Comedouros tubulares
Tem capacidade para 10 a 15 kg de ração. São chamados também de “semi-
automáticos” pois a ração desce para o prato conforme ocorre o consumo pelos frangos.
Podem ser de plástico ou de chapa galvanizada. Os mais comuns têm o prato com
circunferência de 110 a 120 cm. Recomenda-se um comedouro tubular para cada 30
frangos.
34
b) Comedouro automático de corrente
Foram muito usados antes do surgimento dos comedouros automáticos atuais
(tuboflex). Hoje existem somente em granjas mais antigas. Este tipo de comedouro consiste
numa calha em forma de “U” que percorre o galpão em linha de ida e volta. Dentro da calha
há uma corrente (esteira) movida por um motor que fica na extremidade do galpão, junto ao
depósito de ração. Esta corrente, ao ser ligada, passa pelo depósito e carrega-se de ração que
será distribuída por toda a extensão da linha. O comedouro pode ser acionado manualmente ou
programado para ligar a cada determinado tempo (ex: 5 min a cada hora). É importante
ressaltar que se necessita de 5,0 cm de acesso ao comedouro por frango. Considerando-se
os dois lados da calha, conclui-se que 1 metro de calha é suficiente para 40 frangos.
c) Comedouros automáticos de prato (tuboflex)
Apresentam um cano com uma rosca rígida “sem fim” no seu interior, movida por um
motor na extremidade da linha. Acoplado ao cano estão os “pratos”, que serão abastecidos de
ração. Cada prato é suficiente para atender de 30 a 40 frangos. Todo o sistema funciona
automaticamente através de dispositivos instalados no último prato da linha (prato controle)
que liga e desliga conforme a quantidade de ração depositada neste prato. O sistema é ainda
composto por dispositivos que ligam o abastecimento de ração do silo para os depósitos
internos e um sistema de roldanas para regular a altura das linhas, conforme o tamanho dos
frangos. Atualmente são os comedouros mais usados em granjas comerciais, existindo vários
modelos (plástico, chapa galvanizada) com vários tipos de regulagem, para controlar a
quantidade de ração depositada em cada prato. São mais caros do que os comedouros
tubulares, porém elimina a necessidade de distribuição de ração manualmente, o que no final
das contas, pode ser vantajoso.
35
Figura 14. Comedouro automático de prato adequado para ser utilizado desde o primeiro dia
de idade. No detalhe, cano com rosca rígida para o transporte da ração.
Figura 15. Modelos de comedouros: A) Comedouro automático de corrente; B) Comedouro
automático de prato (tuboflex); C) Comedouro pendular infantil; D) comedouros
pendulares para frangos.
36
9.5) Cortinas
Embora não seja um equipamento, as cortinas são incluídas aqui, pois exigem a
instalação de um equipamento que permita um manejo fácil e rápido. Assim, as cortinas são
instaladas com roldanas e catracas ou outros sistemas que permitem abrir e fechar a lateral do
galpão em alguns segundos. Atualmente, em galpões sofisticados, existem sistemas
automáticos que regulam o funcionamento das cortinas conforme dados climáticos registrados
no interior do galpão (temperatura, umidade e velocidade do ar). A cor da cortina deve ser
clara (amarela, azul) para não necessitar de luz artificial durante o dia e também porque a cor
clara absorve menos calor do que as cores escuras.
9.6) Ventiladores
Existem vários modelos de ventiladores para aviários, exigindo conhecimento técnico
para sua instalação. Geralmente recomenda-se um ventilador para cada 20 metros de
galpão. Entretanto, existem outras maneiras de instalação de ventiladores, que proporcione
ventilação negativa de ar.
Figura 16. Modelos de ventiladores para aviário: 3, 6 e 8 pás.
9.7) Nebulizador
Os nebulizadores consistem basicamente de uma bomba de alta pressão, com
tubulações de pvc (1/2 “) e bicos aspersores instalados a cada 3 metros, ao longo da tubulação.
Estes bicos pulverizam a água, em partículas finíssimas, de tal maneira que permanecem
suspensas no ar, aumentando a umidade e diminuindo o calor no interior do galpão.
37
9.8) Botijões de gás
Depende do tipo de aquecimento que será utilizado. Nos sistemas convencionais, ou
seja, campânulas a gás, deve-se providenciar 2 botijões para cada campânula. Pode-se também
instalar o gás de tal maneira que um botijão abasteça 2 campânulas. O importante é que se
deve possuir um número de botijões de reserva igual ao número que esteja sendo usado.
9.9) Outros equipamentos
Pulverizador costal;
Carrinho de mão;
Lança chamas (flambador);
Termômetros, etc.
9.10) Quantidade de equipamentos necessários para a criação
A quantidade de equipamentos necessários para uma criação vai depender do tamanho
da criação. Assim na Tabela 9, é apresentada a quantidade para um aviário padrão de 1200 m2.
Para outros tamanhos de criação basta fazer os cálculos adequados.
Tabela 8. Equipamentos básicos para um aviário padrão (1200 m2)
Equipamento Recomendação Quantidade necessária Chapas de eucatex para círculos (2,0 x 0,4 m) 5 para 500 pintos 120 Campânulas a gás 1 para 500 pintos 24 Botijões de gás 1 para 500 pintos 24 Comedouros para pintos 6 para 500 pintos 144 Bebedouros para pintos 6 para 500 pintos 144 Comedouros tubulares 1 para 30 frangos 400 Bebedouros pendulares 1 para 100 frangos 120 Ventiladores 1 para 20 metros 5 Pulverizador costal - 1 Carrinho de mão - 1 Sistema nebulizador - 1 Lança-chamas - 1 Termômetros - 3
38
10 MANEJO DA CRIAÇÃO
10.1) Cama
A primeira atividade de manejo de um galpão, visando a criação de frangos, diz
respeito à “cama”. A cama é um material absorvente distribuído sobre o piso do galpão e tem
por objetivo absorver a umidade produzida pelas fezes, urina e vazamentos dos bebedouros e
isolar o piso de cimento ou terra. O material para servir como cama deve possuir algumas
características:
- Ser um material leve e absorvente;
- Possuir partículas de tamanho médio;
- Ser macio e que não se compacte (ter boa capacidade de amortecimento);
- Ser isolante térmico;
- Ser livre de substâncias estranhas (plásticos, pregos, madeiras);
- Não possuir substancias tóxicas;
- Ser disponível e de baixo custo.
Dentre os materiais que podem ser usados como cama pode-se citar a maravalha
(cepilho de madeira), casca de arroz, casca de café, casca de amendoim, sabugo de milho
triturado, bagaço de cana, capins secos e picados (napier, braquiária).
Considerações:
- Alguns materiais podem apresentar problemas de fungos tais como bagaço de cana, casca de
café e casca de amendoim;
- A maravalha quando proveniente de madeiras tratadas pode ser tóxica aos frangos;
- A casca de arroz pode ser perigosa devido o perigo na ingestão das partículas. Uma
alternativa, neste caso, seria moer a casca de arroz. A casca de arroz moída elimina o perigo
pela ingestão, além de diminuir consideravelmente a sujeira nos comedouros e bebedouros nos
primeiros dias da criação e pode melhorar a qualidade da cama na alimentação de bovinos.
- A utilização de camas na alimentação de bovinos acrescenta a exigência de que o material
usado tenha bom valor nutritivo. Neste caso os melhores são o sabugo de milho e os capins
picados.
39
- Apesar da diferenças entre camas, o tipo a ser utilizado dependerá sempre da sua
disponibilidade na região.
- Com a escassez de materiais nas regiões produtoras de frangos, é provável que no futuro as
camas tenham duas origens: fabricação de maravalha (máquina apropriada), utilizando
madeiras provenientes de reflorestamento ou plantio de capins próximo ao aviário para
posteriormente cortá-lo, secá-lo e triturá-lo para o fim específico de produção de cama.
A cama deve se espalhada em todo o galpão numa altura de 5 a 6 cm. Assim, 1 m3 de
cama é suficiente para espalhar em 20 m2 de galpão. Alturas maiores não beneficiam a criação
e podem até prejudicar, devido ao maior perigo de fermentação no seu interior, produzindo
gases tóxicos aos frangos (amônia).
10.2) Preparo dos círculos de proteção
Os círculos de proteção tem a função de:
- Proteger os pintos contra correntes de ar;
- Limitar a área disponível, para que os pintos fiquem próximos do alimento, da água e da
fonte de calor;
- Concentrar o calor numa pequena área, economizando o gasto com aquecimento
- Evitar a concentração de pintos em cantos, quando estes estão com frio ou por falta de
energia elétrica.
A montagem dos círculos de proteção pode variar de acordo com o tipo e capacidade
da campânula usada e também em função do clima da região e época do ano (inverno/verão).
Dois modelos de preparo do círculo de proteção são apresentados a seguir:
40
Figura 17. Modelos de círculos de proteção para inverno e verão; detalhes da distribuição dos
equipamentos dentro do círculo.
Figura 18. Galpão com círculos de proteção para 500 pintos e detalhe de círculo para 500
pintos com campânula a gás no centro do círculo.
Um círculo de proteção para 500 pintos deve ter aproximadamente 7,0 m2.
Isso equivale a um círculo de 3,0 metros de diâmetro (1,5 m de raio).
Quando as campânulas utilizadas forem para capacidade diferente (ex: 1000 ou 2500
pintos) deve-se proceder o cálculo para saber qual o tamanho ideal do círculo:
41
Ex: Utilizando-se campânulas para 1000 pintos. Qual o tamanho do círculo?
500 pintos -------- 7,0 m2
1000 pintos -------14,0 m2
a =π . R2
14 = 3,14. R2
R2 = 14 ÷ 3,14 = 4,458
R = 4 458,
R = 2,11 m
Considerações:
- Círculos muito grandes dificultam o manejo e podem provocar uma maior “concorrência”
dentro do círculo, podendo aumentar os problemas de desuniformidade do lote;
- A campânula deve sempre ser instalada no centro do círculo;
- Os comedouros e bebedouros devem sempre ser dispostos alternadamente. Nunca devem
ficar encostados ao cercado do círculo e nem em baixo da campânula.
- Quando possível deve-se forrar o piso dos círculos com papel, geralmente jornais velhos.
Esta prática tem como objetivo evitar que os pintos sujem os comedouros e bebedouros e
diminuir a perda de calor pelo piso. Atualmente, por medidas de economia de mão-de-obra,
muitos avicultores tem abandonado esta prática.
Aviários sem círculo de proteção
Com a modernização dos aviários, tem sido introduzido o bebedouro tipo “nipple” que
são utilizados desde o primeiro dia da criação. Como estes bebedouros são distribuídos no
galpão em linhas longitudinais, torna-se difícil à montagem dos círculos de proteção. Assim,
embora não seja o mais recomendado, avicultores tem substituído os círculos normais por
grandes cercados no sentido longitudinal do galpão até aproximadamente 1/3 deste, deixando-
se um corredor central para circulação e colocando-se algumas divisórias no sentido
transversal do galpão.
2,11 m
42
Quando o avicultor utilizar-se desta prática, deve redobrar os cuidados, pois há um
maior perigo de amontoamento dos pintinhos, principalmente na falta de energia elétrica ou
uma queda repentina de temperatura.
10.3) Manejo na chegada dos pintos
Os preparativos para a chegada dos pintos devem ser iniciados com alguma
antecedência.
- A cama deve estar espalhada em todo o galpão;
- As cortinas em bom estado e funcionando;
- Todas as lâmpadas funcionando. Antes de cada criação deve-se limpá-las;
- Círculos de proteção preparados;
- Campânulas instaladas e testadas com antecedência;
- As campânulas devem ser ligadas com 1 a 2 horas antes da chegada, para que a temperatura
esteja, na hora da chegada, em 30 a 32 0C dentro do círculo.
Na chegada dos pintos, estes devem ser colocados cuidadosamente no círculo de
proteção. Quando não for possível contá-los, deve-se pelo menos fazer uma amostragem,
contando algumas caixas. Deve-se também fazer uma média de peso dos pintos. O ideal é que
os pintos pesem pelo menos 42 g. Pesos menores certamente comprometerão o desempenho
da criação. Além de bom peso os pintos devem te uniformidade de peso. Considera-se
uniforme um lote de pintos com intervalo de peso 5 % abaixo ou acima do peso médio.
Deve-se observar se os pintos estão sadios. Para isso estes devem apresentar as
seguintes características:
- Apresentar penugem seca e macia;
- Ter olhos brilhantes e arredondados;
- O umbigo deve estar cicatrizado;
- O abdômen deve estar firme;
- Canelas brilhantes, enceradas;
- Cloaca seca.
Deve-se descartar todos os pintos defeituosos, com pernas tortas, bico cruzado e raquíticos.
43
No momento da chegada, os bebedouros já devem ter sido colocados nos círculos.
Pode-se adicionar a água, 2 a 3 % de açúcar. O açúcar (glicose) é um alimento prontamente
absorvido e, portanto importante para repor as energias e diminuir o estresse dos pintos,
principalmente quando estes são provenientes de incubatórios distantes.
Se possível, ao serem soltos no círculo, pelo menos alguns pintos devem ser colocados
com o bico na água, para que a encontrem mais rapidamente.
Deve-se iniciar o controle zootécnico do lote. Para isso deve-se preparar uma ficha,
onde se registre os seguintes dados: data de chegada; quantidade; marca dos pintos;
procedência; vacinações efetuadas; peso médio dos pintos; uniformidade dos pintos,
porcentagem de pintos descartados, etc.
10.4) Temperatura
A temperatura é, sem dúvida, o fator de maior preocupação no manejo da criação de
frangos. Na fase inicial deparamo-nos com o problema do frio. Na fase adulta, invertem-se os
papéis e todo o cuidado é com os problemas causados pelo calor.
Os ovos são incubados a uma temperatura de 38,5o C. Os pintos nascem com uma
temperatura corporal de 39,8o C e atingem em uma semana a temperatura de 41,8o C.
Ao nascer o centro de termorregulação dos pintos não está desenvolvido. Isso faz com
que tenham um comportamento idêntico aos animais “pescilotérmicos”, ou seja, variam a
temperatura corporal conforme varia a temperatura ambiente. O centro de termorregulação só
fica completamente desenvolvido após a 2a semana de vida. Além disso, os pintos nascem
desprovidos de penas e tem uma grande relação área/volume que diminui a capacidade de
perda de calor. O pintinho até os 8 a 10 dias de idade sofre influência direta da temperatura do
meio ambiente, pois não consegue manter a sua temperatura corporal. Assim torna-se de
extrema importância o controle de temperatura na fase inicial. Na Tabela 12 é apresentada a
temperatura ideal para o bom desempenho dos frangos de acordo com a idade.
44
Tabela 9. Temperatura ideal para os frangos segundo a idade.
Idade (dias) Temperatura no círculo Temperatura no interior do galpão
1 - 7 31 - 33 28
7 - 14 29 - 31 28
14 - 21 _ 24 – 26
21 - 42 _ 22 – 24
COMPORTAMENTO DOS PINTOS NO CÍRCULO DE PROTEÇÃO
Os pintos, quando em situação de desconforto térmico, adotam comportamentos que
são facilmente identificáveis pelo criador. A figura 19 e a Tabela 13 apresentam os diferentes
comportamentos dentro dos círculos de proteção.
Tabela 10. Indicativos sobre comportamento dos pintos.
Frio Quente Normal - Piando - Aglomerado no centro - Reduz alimentação - Problema respiratórios - Congestão pulmonar - Atraso no crescimento - Empenamento fraco - Alta mortalidade
- Piando, bico e asas - Fuga para a periferia - Respiração ofegante - Diarréia - Reduz alimentação - Emplastamento da cloaca - Atraso no crescimento - Empenamento fraco - Alta mortalidade
- Silenciosos - Bem distribuídos - Alimentação normal - Saudáveis - Sem diarréia - Sem emplastamento - Crescimento normal - Empenamento normal - Baixa mortalidade
45
Figura 19. Comportamento dos pintinhos dentro do círculo, conforme a temperatura.
10.5) Manejo na 1a e 2a semanas
O manejo na 1a semana abrange alguns itens importantes:
a) Temperatura: Controle rígido da temperatura através do manejo das campânulas e
cortinas.
b) Abertura de espaço: Os pintos têm uma taxa de crescimento muito rápida. Em apenas 4
dias já estão pesando o dobro do seu peso. Com 7 dias o seu peso é 3 vezes maior do que o
46
peso inicial. Portanto, o espaço inicialmente fornecido torna-se insuficiente. Um esquema
proposto é o seguinte:
→→→→ Aos 3 dias: aumentar a área dos círculos juntando-os de 2 em dois.
→→→→ Aos 6 - 7 dias: juntar os cercados maiores de 2 em dois, de modo que junte os pintos que
inicialmente pertenciam a 4 círculos.
→→→→ Aos 10 - 12 dias: retirar os círculos de proteção, deixando-se apenas uma separação no
galpão de tal maneira que os pintos ocupem ½ da área total do galpão.
→→→→ De 12 a 18 dias: aumentar gradativamente o espaço, de 2 em 2 dias de tal maneira que aos
18 dias os frangos ocupem todo o galpão.
Esquema para aumento dos círculos de proteção
Este esquema proposto pode variar, principalmente em função do clima da região, e
também em função da época do ano.
c) Bebedouros: Devem ser lavados várias vezes ao dia (pelo menos 2).
1 a 3 dias 3 a 6
6 a 10 dias 10 a 18
47
A troca dos bebedouros deve ser iniciada aos 3 ou 4 dias de idade. Deve-se fazer a
substituição gradativa. Ex: substituir 25% dos bebedouros diariamente. Assim com 6 a 7 dias
todos os bebedouros infantis já foram substituídos.
Obs: Existem bebedouros pendulares que já são usados desde o 1o dia. Neste caso não há
substituição. Os bebedouros tipo “nipple” também são usados desde o primeiro dia.
d) Comedouros: Sempre que possível (pelo menos 1 vez ao dia) a ração deve ser peneirada,
principalmente quando a cama for de material leve (ex: casca de arroz).
A substituição também deve ser gradativa e ser iniciada aos 4 a 5 dias.
Quando os comedouros para frangos forem do tipo tuboflex, a ‘linha” deve ser baixada
aos 4 a 5 dias e a partir daí faz-se à retirada gradativa dos comedouros infantis.
e) Vacinação: Devido a seu curto ciclo de vida, na maioria das regiões, nenhuma vacina é
aplicada aos frangos após estarem na granja.
Entretanto em algumas regiões, onde já ocorreram problemas, vacina-se os pintos
contra a doença de Newcastle, aos 7 a 10 dias. A vacinação pode ser realizada individualmente
pingando-se uma gota no olho ou na narina ou realizada simultaneamente no lote todo através
da água de bebida ou por nebulização.
Obs: É obrigatória a vacinação dos pintos, no incubatório, contra a doença de Marek. Esta
vacina é de responsabilidade do produtor de pintinhos.
10.6) Manejo da 3a semana ao abate
A partir da 3a semana, o manejo dos frangos se torna mais fácil, em relação a fase inicial.
a) Cama
O manejo da cama tem como objetivo mantê-la com umidade adequada. Para isso
deve-se revolvê-la 1 a 2 vezes por semana para permitir a aeração e amaciamento. Sempre que
houver partes molhadas ou placas, deve fazer a substituição por cama nova.
48
O revolvimento semanal da cama, por causar estresse e acelerar a liberação de amônia,
não é utilizado por muitos criadores. Portanto, deve-se sempre que possível, evitar as causas
de umedecimento da cama para evitar a necessidade de revolvimento. Assim é importante:
• Escolher um material adequado para cama;
• Evitar vazamentos;
• Regular corretamente a altura do bebedouro e a quantidade de água no seu interior;
• Permitir ventilação adequada;
• Retirar e substituir imediatamente cama de locais que ocorreram vazamentos.
b) Ventilação
A ventilação adequada é fator importante para: fornecer oxigênio; remover gás
carbônico; remover gás amoniacal e regular a temperatura ambiente levando o ar quente e
trazendo ar fresco para o interior do galpão. Para isso o manejo adequado das cortinas é
importante. Entretanto, não existem regras fixas para este manejo, dependendo exclusivamente
do bom senso e da capacidade de observação do criador.
A ventilação artificial (ventiladores) visa complementar a ventilação natural,
principalmente em dias muito quentes.
c) Bebedouros
• Devem estar distribuídos uniformemente no galpão;
• Devem ser lavados uma a duas vezes ao dia;
• Devem ser regulados a cada 2 ou 3 dias, de modo que a altura do bebedouro fique na altura
da cabeça ou 5 cm acima do dorso.
• A quantidade de água dentro do bebedouro deve ser de 1/3 da altura da sua borda.
• A figura 20 mostra como deve ser a altura do bebedouro.
• Quando da utilização de bebedouros tipo “nipple” a regulagem deve seguir o mostrado na
Figura 12, ou seja, para os pintinhos nos primeiros dias o bico do “nipple” fica na altura do
olho, enquanto que para os frangos maiores o bico do “nipple” fica 5 cm acima da cabeça do
frango para que o mesmo beba água com o pescoço bem esticado.
49
Figura 20. Altura adequada para bebedouros pendulares.
•••• Quantidade de água que os frangos bebem:
Uma série de fatores influenciam a ingestão de água pelos frangos. A idade e a
temperatura são os principais (Tabela 14). Esta informação é importante para que o avicultor
não cometa erros no dimensionamento das caixas d’água ou no abastecimento diário destas
caixas.
Tabela 11. Consumo de água pelos frangos de acordo com a idade e temperatura
IDADE Temperatura (0 C) (semanas) 21,1 26,7 32,2 37,8
Consumo em mL por dia por frango 1 23 23 26 30 2 61 72 102 163 3 91 129 208 360 4 121 174 273 462 5 155 216 333 553 6 185 254 390 613 7 216 288 428 613 8 235 295 450 693
Fonte: Bampi (1994)
50
d) Comedouros
• Devem ser regulados a cada 2 ou 3 dias;
• A altura da borda superior deve ficar na altura do dorso dos frangos. (figura 21)
Figura 21. Altura adequada para comedouros tubulares ou automáticos de prato.
• A quantidade de ração dentro do comedouro deve ser no máximo de 1/3 da altura da borda.
Pesquisam mostram que em comedouros muito cheios há desperdício de ração que
pode chegar a 20%. Este desperdício é tanto menor quanto menor for a quantidade de ração
dentro do comedouro (tabela 15).
Tabela 12. Desperdício de ração em função do enchimento do comedouro
Quantidade de Ração % de desperdício Totalmente cheio 15-20%
3/4 com ração 1/2 com ração 1/3 com ração
8-10% 4-5% 2-3%
Há recomendações atuais de que se obtém melhor desempenho dos frangos quando a
altura do comedouro for abaixo da altura do dorso. Deve-se, entretanto tomar cuidado para que
51
os frangos não se alimentem “sentados” pois ocorrem “problemas de pernas” e “calo de
peito”, que levam a condenação da carcaça no abatedouro.
e) Avaliações
Se possível, deve-se realizar avaliações semanais de desenvolvimento, baseadas no
peso corporal, porcentagem de mortalidade, consumo de ração, conversão alimentar, etc.
Deve-se também fazer avaliações visuais tais como empenamento, uniformidade do
lote, e umidade da cama.
Sempre que necessário, realizar o descarte dos “refugos” e de aves com problemas
principalmente de ordem esquelética. Lembre-se: Os refugos e aves “aleijadas” são mais
susceptíveis às doenças e desperdiçam a ração consumida, pois dificilmente chegarão à idade
de abate.
O empenamento das aves deve estar completo por volta dos 25 dias, entretanto deve-se
observar que:
• O empenamento varia com a linhagem;
• O macho tem empenamento mais tardio do que a fêmea;
• Estresse induz a ingestão de penas, que pode retardar o empenamento no dorso;
• Excesso de lotação falta de equipamentos, deficiências nutricionais também resultam em mau
empenamento.
10.7 Manejo pré abate
Os cuidados nesta fase visam a redução de contusões e fraturas que depreciam o valor
das carcaças. Além disso, o consumo de ração nas últimas horas torna-se um desperdício, pois
não será transformada em carne, além de causar problemas no abatedouro. As principais
atividades no manejo pré-abate são:
• Retirar a ração 6 horas antes do abate;
• Retirar os bebedouros somente na hora do carregamento;
• Realizar o carregamento de preferência à noite;
• Reduzir a intensidade de luz ou usar lâmpadas de cor azul;
52
• Realizar o carregamento de modo organizado, sem tumultos, com pessoas orientadas e
responsáveis, pois os cuidados no carregamento refletem-se nas qualidades da carcaça.
11 PROGRAMA DE LUZ
A utilização da iluminação artificial tem como objetivo aumentar o tempo de
alimentação e favorecê-la nas horas mais frescas do dia, ou seja, à noite e de madrugada. Para
que estes objetivos sejam alcançados é importante seguir as recomendações já citadas no item
Construção de galpão: Iluminação interna.
Atendidos os requisitos de instalação, podem ser adotados um dos seguintes
programas:
a) Contínuo: Iluminação à noite inteira
b) Contínuos com interrupção: Iluminação à noite inteira exceto das 23 às 24 horas, ou seja,
apenas uma hora de escuro por noite.
c) Escuro/claro: Manter a luz desligada até 23 horas e em seguida ligada até o amanhecer.
Outra opção é deixar desligada até 3 horas de madrugada e depois ligá-la até o amanhecer.
d) Intermitente: São os programas que dão resultados mais satisfatórios, porém de mais
difícil aplicação devido à necessidade de equipamento apropriado (relógio “timer”). Várias são
as alternativas do programa intermitente, entre eles:
• 1 hora de luz e 1 hora de escuro
• 3 horas de luz e 1 hora de escuro
• 2 horas de luz e 1 hora de escuro
Obs: Qualquer que seja o programa adotado, é importante que nos 3 a 4 primeiros dias a luz
fique ligada à noite toda.
12 ALIMENTAÇÃO DOS FRANGOS
Os frangos são alimentados exclusivamente com ração. Esta ração deve fornecer ao
frango todos os nutrientes necessários em qualidade e quantidade para o seu desenvolvimento
saudável, com a melhor conversão possível e com máximo de rapidez.
53
Do ponto de vista econômico, a alimentação é o fator de criação de maior importância,
tanto por ser a responsável pelo bom desenvolvimento da ave e, sobretudo por representar
mais de 70% do custo da criação, conforme Tabela 16.
12.1) Formas de Obtenção de Rações
Basicamente são 4 as maneiras de obtenção da ração para os frangos.
a) Adquirir as rações prontas, dispensando-se a adição de qualquer outro produto. Estas rações
são de custo mais elevado. O criador deve atentar para a fase de criação, já que existem rações
distantes para cada fase.
b) Adquirir os “concentrados” que exigem do produtor a aquisição de milho para a mistura. A
porcentagem de mistura pode variar de um fabricante para outro e de uma fase para outra.
Normalmente variam entre 60 e 70% de milho e 40 a 30% de concentrado. A recomendação
do fabricante vem expressa na embalagem e deve ser seguida rigorosamente pelo criador sob
pena de comprometer a criação. A granja deve possuir triturador de grãos e misturador.
c) Adquirir os chamados “premix” ou “núcleos” que são uma mistura de minerais e vitaminas,
exigindo do criador a mistura de milho, farelo de soja e às vezes farelo de trigo. São
geralmente de custo menor, porém exigem maior trabalho na moagem e mistura. As
quantidades de milho, farelo de soja e premix dependem da fase de criação, e sempre estão
especificadas na embalagem do produto. O produtor deve certificar-se da possibilidade da
aquisição dos ingredientes, principalmente do farelo de soja, já que o mesmo não é encontrado
em qualquer região, acarretando altos custos de transporte.
d) Outro tipo de “premix” que pode ser adquirido é o premix mineral que contém os
microminerais exigidos e o premix vitamínico que contém as vitaminas. Neste caso o
produtor deve misturar na ração outros ingredientes além do milho e farelo de soja tais como
calcário (Ca) fosfato bicálcio (Ca e P), sal (Cl e Na) e óleo vegetal (energia). Neste caso é
necessário um certo domínio em balanceamento de ração, conhecendo a composição química
dos alimentos e as necessidades nutritivas dos frangos nas diferentes fases. Estas necessidades
são apresentadas na Tabela 17.
54
Assim, o criador prepara a sua ração podendo alterar alimentos, buscando alternativas
mais econômicas.
e) Adquirir todos os ingredientes individualmente e preparar os “premix” mineral e
vitamínico. Para isso é necessário ter um misturador adequado para fazer esta pré-mistura, já
que alguns ingredientes são adicionados em pequeníssimas quantidades, às vezes menos de 1
grama por tonelada. Após o preparo do “premix”, este será adicionado aos demais
ingredientes como no item anterior. Este tipo de procedimento só é realizado por fábricas de
ração ou grandes empresas que trabalham no sistema de integração, e por isso tem um grande
volume de produção. Neste tipo de fabricação o produtor não deve esquecer-se de que além
dos minerais e vitaminas, o premix deve outros ingredientes tais como: coccidiostático,
antioxidante, antibiótico (promotor de crescimento), entre outros.
Tabela 12. Composição química dos principais alimentos usados para ração de aves.
Alimento P.B. (%)
Gordura (%)
F.B. (%)
Cálcio (%)
Fósforo* Total (%)
Sódio (%)
E.M.V. (Kcal/kg)
Metionina (%)
Lisina (%)
Milho (grão) 8,57 3,46 1,95 0,03 0,24 0,029 3.450 0,17 0,25 Sorgo BT (grão) 8,80 2,82 2,23 0,04 0,27 0,02 3.738 0,16 0,22 Farelo de soja 45,54 1,38 5,92 0,32 0,59 0,07 2.495 0,65 2,78 Farelo de arroz 13,21 13,51 10,32 0,11 1,61 0,04 3.143 0,23 0,58 Farelo de trigo 16,54 3,37 8,97 0,13 0,94 0,034 2,360 0,22 0,63 Farinha de peixe 57,60 6,07 0,26 6,10 3,0 0,30 2.183 1,66 4,66 F. carne e osso 45,37 11,10 1,28 11,29 5,91 0,70 2.243 0,61 2,25 Calcário - - - 38,4 - - - - - Fosf. bicálcio - - - 24,8 18,5 - - - - Sal - - - - - 39,74 - - - F. penas/vísceras 65,90 13,63 1,56 1,58 1,02 0,42 3.482 0,72 2.44 Óleo de soja - 99 - - - - 9.200 - - F. de sangue 78,40 0,42 0,34 0,30 0,24 0,40 3.067 0,96 7,04 Fonte: Rostagno (2000) P.B. = Proteína Bruta; F.B.= Fibra Bruta
55
Tabela 13. Recomendação da composição de ração para frangos de corte machos ou misto segundo a fase (por kg de ração).
Fases Nutriente unidade inicial (1-21 dias) 22-42 dias 43-49 dias Energia Metabolizável Kcal/kg 3.000 3.100 3.200 Proteína Bruta % 21,40 19,30 18,00 Ácido linoléico % 1,071 1,032 1,992 Aminoácidos Total Digest. Total Digest. Total Digest. Metionina % 0,492 0,444 0,453 0,406 0410 0,368 Metionina. + Cistina % 0,897 0,807 0,825 0,741 0,742 0,669 Lisina % 1,263 1,143 1,156 1,045 1,040 0,941 Triptofano % 0,207 0,183 0,202 0,177 0,182 0,160 Treonina % 0,795 0,675 0,701 0,595 0,634 0,538 Arginina % 1,290 1,200 1,212 1,128 1,101 1,024 Glicina + Serina % 1,440 - 1,317 - 1,187 - Isoleucina % 0,831 0,744 0,784 0,701 0,710 0,637 Leucina % 1,380 1,257 1,265 1,150 1,136 1,034 Valina % 0,996 0,879 0,949 0,837 0,851 0,752 Histidina % 0,399 0,366 0,366 0,335 0,330 0,301 Fenilalanina % 0,816 0,744 0,747 0,679 0,672 0,611 Fenilanina+tirosina % 1,443 1,314 1,317 1,200 1,187 1,082 Minerais Cálcio % 0,960 0,874 0,800 Fósforo disponível * % 0,450 0,406 0,365 Sódio % 0,222 0,192 0,192 Cloro % 0,195 0,171 0,160 Potássio % 0,501 0,471 0,454 Ferro mg 50 50 50 Cobre mg 8,5 8,5 8,5 Iodo mg 1,0 1,0 1,0 Manganês mg 70 70 70 Zinco mg 60 60 60 Selênio mg 0,25 0,25 0,25 Cobalto mg 0,2 0,2 0,2 Vitaminas A U.I/kg 10.000 8.000 3.000 D3 U.I/kg 2.000 1.500 700 E U.I/kg 20 15 10 K3 mg 1,7 1,5 0,6 B1 mg 1,5 1,2 0,4 B2 mg 4,5 3,8 3 B6 mg 2,4 1,8 0,6 Niacina mg 35 26 12 Ac. Pantotênico mg 10 9 5 Ac. Fólico mg 0,74 0,60 0,25 Biotina mg 0,07 0,04 0,025 Colina mg 250 200 150 Vit B12 mg 0,012 0,010 0,005 Fonte: Rostagno (2000).
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12.2) Cuidados no preparo da ração
Uma ração bem balanceada, geralmente com uso de computador, pode ser totalmente
prejudicada pelo uso de ingredientes fora de padrão, pesagens erradas, moagens mal feitas,
misturas mal feitas, etc.
Assim, todos os cálculos realizados podem ter sido em vão. Alguns cuidados são
enumerados a seguir:
a) Moagem: o milho, farelo de soja e outros ingredientes devem ser moídos em peneira de 2, 3
ou 4 mm.
b) Pesagem: todos os ingredientes devem ser pesados com exatidão. Em hipótese alguma se deve
estimar ou “adivinhar” o peso.
c) Adição no misturador: os ingredientes de alta densidade (+ pesados) não devem ser
colocados no início ou no final da mistura. Também os ingredientes usados em pequena
quantidade (sal, premix) não devem ser colocados no início ou no final. Recomenda-se se
possível, fazer uma pré-mistura dos ingredientes usados em pequena quantidade em um balde,
utilizando-se também um pouco de milho moído.
d) Tempo de mistura: para que a ração fique bem homogênea deve-se deixar de 10 a 12 min
de mistura.
12.3) Manejo do arraçoamento
O objetivo da criação de frangos é proporcionar o maior desenvolvimento possível, no
menor período de tempo e com menor custo. Isso nos leva a concluir que o fornecimento de
ração deva ser constante e suficiente para que a ave satisfaça plenamente seu apetite. A
prática de utilizar ração à vontade predomina nas maiorias das granjas, embora em algumas
situações utiliza-se o procedimento chamado de restrição alimentar. Este assunto será tratado
em capítulo à parte.
Normalmente, formula-se rações para 3 fases da vida do frango de corte:
1 - Ração inicial →→→→ Fornecidas até o fim da 3a semana (1-21 dias);
2 - Ração crescimento →→→→ Fornecidas da terceira até a 5a semana (21 a 35 dias);
3 - Ração final →→→→ Fornecidas na última semana (35-42 dias).
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Estas idades para troca de ração não significam uma regra geral, já que a idade de abate
é muito variável. Além disso, há quem utilize apenas dois tipos de ração (inicial e final) e
também há quem prefira 4 tipos diferentes de ração (pré-inicial, inicial, crescimento e final).
Com o rápido crescimento dos frangos, na verdade, as necessidades nutritivas variam
quase que diariamente. Logicamente, na prática é inviável mudar de formulação de ração
diariamente.
Tabela 14. O consumo de ração por fase é mais ou menos o seguinte.
Fase Ração / frango (g) Inicial 1100
Crescimento 2300 Final 1000
Total: (±) 4.400 Para frangos abatidos aos 42 dias de idade.
12.4) Aspectos físicos da Ração
Existem basicamente 3 formas de apresentação da ração:
a) Rações fareladas: São as rações comumente encontradas na maioria das granjas, em que os
produtos são moídos, misturados e fornecidos às aves.
b) Rações peletizadas: São rações fareladas, que depois de prontas passam por uma prensa de
alta temperatura e vapor d’água, sofrendo um “pré-cozimento” e após passando por um molde
e saindo sob a forma de pequenos cilindros (pellets).
c) Rações trituradas: São as rações peletizadas que após estarem prontas são levadas
novamente a um triturador fazendo com que fiquem com partículas menores. São usadas para
os pintinhos nos primeiros dias que não conseguem comer “pellets”.
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13 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO LOTE
Durante toda a fase de criação realiza-se a coleta de um conjunto de dados que visam
produzir informações para avaliar o desempenho do lote. Caso o desempenho não tenha sido
satisfatório deve-se procurar identificar as causas e tentar corrigi-las para as próximas
criações.
Para isso é indispensável à utilização de fichas de controle da granja, para que ao final
os dados nos permitam a elaboração dos resultados relativos ao desempenho e que possam ser
interpretados e comparados com o padrão da linhagem, com outros lotes, com lotes de outros
criadores, etc.
Normalmente os índices utilizados para avaliar um lote são:
a) Mortalidade (%) e Viabilidade (%):
Mortalidade (%) é a porcentagem de aves que morreram (ou foram descartadas)
durante a criação.
% M = No aves mortas x 100 No inicial de pintinhos
Viabilidade (%) é a porcentagem de aves que sobreviveram durante a criação.
% Vb = 100 - % M
ou
% Vb = No de frangos vendidos x 100 No inicial de pintos
b) Peso médio (PM): é o peso médio dos frangos vivos no dia do abate.
PM = Peso vivo do lote (kg) No de frangos vendidos
c) Consumo médio de ração (CMR): é quanto cada frango consumiu de ração durante toda a
criação
CMR = Consumo total de ração (kg) No de frangos vendidos
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d) Conversão alimentar (CA): este valor indica quanto de ração o frango consumiu para
produzir um kg de peso vivo.
CA = Consumo total de ração (kg) peso vivo total do lote (kg)
e) Eficiência alimentar (EA): é um índice muito usado pelos americanos. Nada mais é do que
o inverso da C.A., ou seja:
EA = peso total do lote (kg) consumo total de ração (kg)
f) Ganho médio diário (GMD): este índice indica quanto de peso os frangos ganharam por
dia.
GMD = peso médio dos frangos (kg) idade de abate
Obs: Normalmente não se desconta o peso inicial do pintinho.
Os índices até agora calculados são chamados de DIRETOS. Estes índices não medem
de maneira global o desempenho do lote e, portanto, nem sempre fornecem informações
conclusivas da criação, ou às vezes podem iludir o criador.
Devemos nos lembrar que “bom desempenho” é o lote que tem: BOM GANHO
DE PESO COM BAIXO CONSUMO DE RAÇÃO E COM BAIXA MORTALIDADE.
A melhor maneira de avaliar o lote é através de um ÍNDICE INDIRETO, que envolva
os índices diretos de maneira global.
g) Fator de produção (FP) ou Índice Europeu de Eficiência Produtiva (IEEP): O FP e o
IEEP produzem o mesmo resultado embora calculados de maneira um pouco diferente.
FP = GMD x Vb x EA x 100 ou IEEP = P.M. x Vb x 100
I.A.xCA
(I.A. Idade de abate)
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Este índice, oriundo da Europa, é que indica de maneira completa o desempenho do
lote, pelo menos em termos comparativos. Quanto maior o valor do índice melhor foi o
desempenho. O FP é usado por muitas empresas integradoras para determinar o valor a ser
pago aos criadores (integrados).
Exemplo: Calcular os índices diretos e indiretos de um lote de frangos, conforme os
dados abaixo:
Dados do lote
- No de pintinhos: 13.000
- No de aves vendidos: 12.480
- Consumo total de ração: 52.416 kg
- Peso total do lote: 26.208 kg
- Idade de abate: 42 dias
Cálculo dos índices
a) Mortalidade e Viabilidade
% M = (13.000 - 12.480) x 100 = 520 x 100 = 4,0% 13.000 13.000
% VB = 100 - 4 = 96%
b) Peso médio
P.M = 26.208 = 2,1 kg 12.480
c) Consumo médio de ração
CMR. = 52.416 = 4,2 kg 12.480
d) Conversão alimentar
CA = 52.416 = 2,00 26.208
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e) Eficiência alimentar
EA = 26208 = 0,50 52416
f) Ganho médio diário
GMD = 2,1 = 0,050 kg ou 50 g/dia 42
g) Fator de produção
FP = 0,05 x 96 x 0,5 x 100 = 240 pontos
IEP = 2,1 x 96 x 100 = 240 pontos
42 x 2
Índices ideais
Não existem índices considerados ideais, pois estes podem variar devido a vários
fatores, tais como:
- Linhagem criada;
- Sexo de ave;
- Época do ano;
- Valor energético de ração;
- Densidade de criação;
Atualmente, de maneira bem geral, podemos classificar os índices da seguinte maneira,
em aves abatidas com 42 dias.
Índice Conceito
Ótimo bom Ruim
Mortalidade < 3,0 3,0 - 4,0 > 4,0
Peso médio (g) (lotes mistos) > 2,150 2,050 - 2,150 < 2,050
CA < 1,90 1,9 - 2,00 > 2,00
EA > 0,52 0,48 - 0,52 < 0,48
GMD (g) > 50 g 47 - 50 < 47
FP > 260 230 - 260 < 230
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CUSTO DE PRODUÇÃO DO FRANGO DE CORTE Na Tabela 18 é apresentado o custo de produção de frangos de corte no estado de São
Paulo. Estes valores podem ser diferentes dependendo da região e da época do ano, más de
qualquer maneira nos mostram uma distribuição dos diferentes componentes do custo de
produção, em que a alimentação é o de maior peso.
Tabela 15. Custo de produção de frangos em São Paulo. Descrição Custo US$/kg % do custo Período Jan. 1999 Jan. 2000 Média Media A – custos variáveis Ração 0,256 0,322 0,253 62,00 Vacinas 0,008 0,008 0,008 1,96 Medicamentos 0,001 0,001 0,001 0,25 Transporte de ração 0,009 0,008 0,008 1,96 Energia/combustível 0,003 0,002 0,002 0,49 Gás 0,007 0,006 0,006 1,47 Cama (palha de arroz) 0,005 0,004 0,004 0,98 Pintinhos 0,080 0,062 0,081 19,85 Perdas 0,008 0,008 0,007 1,72 Impostos 0,032 0,032 0,029 7,11 Conservação e reparos 0,002 0,001 0,001 0,25 Sub-total A 0,410 0,454 0,400 98,04 B- Custos fixos Depreciação 0,004 0,003 0,003 0,73 Mão-de-obra + encargos 0,006 0,005 0,005 1,23 Sub-total B 0,010 0,008 0,008 1,96 Custo final (A+B) 0,420 0,389 0,408 100 Receita
Venda de frangos 0,476 0,488 0,443 97,36 Venda de cama 0,013 0,008 0,012 2,64 Sub total receita 0,489 0,496 0,455 100
Lucro/prejuízo 0,069 0,033 0,046 11,27
Fonte: ANUALPEC 2000
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14 MANEJO SANITÁRIO
Os grandes avanços ocorridos na avicultura são fruto do melhoramento na área de
genética, nutrição, manejo e sanidade. Muitas doenças que antes causavam enormes prejuízos
hoje estão praticamente sob controle, seja através do melhoramento das aves, da boa
alimentação ou de um adequado manejo. Como podemos ver, estes fatores tendem a agir de
forma interligada, conforme esquema a seguir.
As doenças podem chegar a uma criação através do pintinho, do vento, do homem, da
ração, dos equipamentos, de animais (galinhas caipiras, cães, gatos, ratos, etc.), da água, de
insetos (moscas, mosquitos), da cama, etc.
Em avicultura, assim como em outras atividades, geralmente o tratamento de doenças é
inviável devido ao seu alto custo e a demora da obtenção dos resultados. Portanto, a grande
preocupação atual, é evitar a instalação das doenças. Para isso são adotados um conjunto de
medidas que vão desde a construção do aviário, até vários dias após o final da criação de um
lote e que antecede o próximo lote. A este conjunto de medidas é dado o nome de
biossegurança.
Isolamento:
- A granja deve ser isolada, se possível com cerca;
- Os quebra ventos exercem importante função na diminuição da transmissão de doenças pelo
vento;
- Evitar presença de animais, principalmente galinhas caipiras;
- Evitar o trânsito de pessoas, máquinas agrícolas e veículos nas proximidades do galpão.
MANEJO
GENÉTICA SANIDADE
NUTRIÇÃO
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Atividades durante a criação:
- Deve-se manter o galpão o mais isolado possível, tanto de outros animais como de pessoas.
Visitas só devem ser realizadas quando de extrema necessidade.
- Os visitantes devem usar roupas e calçados limpos e não devem ter passado por outras
granjas anteriormente.
- O uso de pé-de-lúvio, com desinfetantes líquidos (amônia quaternária, fenóis, cresóis) ou
cal auxiliam na prevenção de possíveis contaminações.
- Aves mortas devem ser retiradas do galpão o mais rápido possível, pois podem transmitir a
doença tanto diretamente como pelo contato com insetos (moscas, mosquitos).
- Aves doentes e raquíticas também devem ser descartadas, pois se constituem em focos de
doenças.
- De um modo geral, o estresse predispõe a ave ao aparecimento de doenças. Portanto, tudo o
que for possível ser feito para reduzi-lo ajudará na manutenção de um lote sadio.
Atividades após a retirada do lote:
Após a retirada do lote, uma série de atividades devem ser realizadas para que o galpão
fique pronto para o próximo lote.
1) Retirada da cama:
O ideal é que a cama seja totalmente substituída após cada lote. Entretanto, em função
da dificuldade de obtenção de material e de mão-de-obra necessária para a troca, é comum,
atualmente, a reutilização da cama por 4 a 5 lotes. Se isto for necessário alguns cuidados
devem ser observados:
a) Não reutilizar no caso de ter ocorrido problemas sanitários graves no lote anterior;
b) Retirar todas as partes que se encontram úmidas ou emplastadas (placas);
c) Queima e requeima das penas com vassoura de fogo;
d) Amontoar a cama por alguns dias para facilitar a fermentação, diminuindo a quantidade de
microorganismos. Se estiver muito seca deve-se umedecê-la para que atinja 35 a 40% de
umidade;
e) Dentro dos círculos de proteção a cama deve ser sempre substituída;
f) Tratar a cama com cal. Um saco de 8 kg de cal para cada 120 m2 de área;
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g) Controle do cascudinho, geralmente realizado com produto químico (inseticida);
2) Limpeza a seco:
Consiste em varrer telas, cortinas, paredes, pisos, silos, etc. para remoção de resíduos
de sujeira e penas. Em seguida realiza-se a queima com vassoura de fogo nas telas, paredes e
pisos.
3) Lavagem das instalações e equipamentos:
O correto seria lavar as instalações após cada lote. Entretanto, normalmente a lavagem
completa do galpão é feita a cada 4 ou 5 lotes, por ocasião da troca de cama. Os equipamentos
devem ser lavados e desinfetadas adequadamente após cada lote. Maior importância deve ser
dada aos equipamentos que serão usados na fase inicial dos pintinhos. As caixas d’água e
encanamentos também devem ser lavados e desenfeitados.
4) Vazio sanitário:
Após a lavagem e desinfecção do galpão, este deve ficar fechado por alguns dias (pelo
menos 10 a 12 dias). Este procedimento chamado de vazio sanitário tem como objetivo
interromper o ciclo de desenvolvimento de muitas doenças, já que com o galpão limpo e sem
aves, os agentes causadores das doenças (bactérias, vírus, parasitas) não encontrando um
hospedeiro, acabam morrendo.
15 PRINCIPAIS DOENÇAS DAS AVES
15.1) Doença da Marek:
É provocada por um vírus do tipo Herps. A doença da marek ocorre em galinhas jovens
de um modo geral com lesões nervosas e oculares, além de tumores nas gônodas, vísceras e
pele. Nas aves de postura ocorrem lesões no nervo ciático com paralisia típica, podendo causar
a morte de 30% das aves. Em frangos de corte é comum ocorrer tumores disseminados em
toda a pele, causando rejeição da carcaça nos abatedouros.
O vírus é eliminado por células epiteliais e por células de descamação da pele, podendo
permanecer na cama contaminada por mais de 6 meses.
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Não existe tratamento adequado para a doença, por isso a prevenção ainda é a única
maneira de se evitar a doença. A vacina foi descoberta em 1971 e hoje é obrigatória a sua
aplicação em pintos de um dia, ainda no incubatório, por via subcutânea na região do pescoço.
15.2) Bouba aviária:
É causada por um vírus muito comum em aves caipiras. Pode ocorrer em aves de
qualquer idade, causando febre e erupções (nódulos) na pele. Daí existirem outros sinônimos
como “varíola aviária”, “caroço”, “pipoca” e “bexiga”. Estas lesões ocorrem nas áreas sem
penas como crista, barbela, bico, em volta dos olhos, pernas e pés. Pode também causar placas
e bolhas na boca, faringe, laringe e traquéia.
A doença é transmitida através de mosquitos. Por isso nos meses mais quentes e
úmidos, quando há maior proliferação de mosquitos, há um maior perigo do aparecimento da
doença.
Os principais prejuízos são devido à diminuição do consumo alimentar, reduzindo o
crescimento das aves, devido às placas formadas nas vias internas do sistema digestivo e
respiratório.
Não existe tratamento para a doença e a prevenção é feita através de vacinação.
15.3) Gumboro:
Também causada por vírus e existe no Brasil desde 1978. O vírus ataca a “bolsa de
Fabrício”, que é um órgão localizado na região superior da cloaca e é responsável pela
produção de linfócitos B, que são os produtores de anticorpos. Portanto, a doença diminui as
defesas imunológicas das aves, permitindo que outras doenças se manifestem. A bolsa de
Fabrício infectada fica edêmica e hemorrágica, alem de causar diarréia, tremores e
incoordenação das aves. O vírus pode se manter viável em locais contaminados por vários
meses e pode se tornar resistente aos desinfetantes. A vacinação em vários lotes seguidos pode
ser uma medida para erradicar a doença.
15.4) Newcastle:
É causada por um vírus que se propaga rapidamente e produz sintomas respiratórios
em geral acompanhados por sintomas nervosos. Os principais sintomas respiratórios da doença
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são espirros, tosse, dificuldade de respiração, exudato nasal, muco no interior da traquéia,
sacos aéreos opacos e amarelos. Quando a doença está em estágio avançado aparecem os
problemas nervosos causando paralisia parcial ou incompleta, torcicolo e incoordenação do
pescoço, fraqueza das pernas, cambalhotas para trás e caminhar em círculo. Os sintomas
nervosos são irrecuperáveis.
Não existe tratamento para a doença. Como preventivo utiliza-se a vacinação, além das
medidas de limpeza e isolamento já citadas anteriormente.
15.5) Bronquite infecciosa:
É uma doença respiratória muito contagiosa, causada por vírus que se propaga
rapidamente entre as aves (em 48 horas todas as aves podem ficar atacadas). Os principais
sintomas são tosse, ronqueira, descarga nasal, espirros, olhos lacrimejantes e cara inchada.
Ataca principalmente aves jovens (até 3 semanas).
Não existe tratamento. Antibióticos e vitamina A podem ajudar na recuperação das
aves. A vacinação pode ser usada para evitar a doença, porém, deve ser orientada e
acompanhada por médico veterinário, pois vacinas mal aplicadas podem causar reações muito
fortes, semelhante à própria doença.
15.6) Doença crônica respiratória (DCR):
É causada por um microorganismo, o Micoplasma Gallisepticum, que ataca de forma
crônica o sistema respiratório das aves. A doença causa lesões na traquéia, pulmões e sacos
aéreos. Ocorrem também corrimento nasal, ronqueira e tosse. Esta doença aparece
principalmente quando a resistência das aves está diminuída por problemas de estresse ou após
o surgimento de outras doenças.
O tratamento pode ser realizado com antibióticos (terramicina, estreptomicina, tylan).
Para prevenção existe vacina, porém só recomendada para matrizes.
15.7) Coccidiose:
É uma doença de muita importância pelos elevados prejuízos que ela causa à
avicultura. É causada por protozoários que invadem e destroem as células intestinais após
intensa multiplicação. Os protozoários pertencem ao gênero Eimeria, e as espécies mais
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comuns são E. Acervulina, E. Maxima, E. Necatrix, E. Tenellla. Em geral as lesões podem ser
hemorrágicas, ocorrendo diarréia com fezes escuras e sanguinolentas. Os prejuízos devem-se a
mortalidade e redução no consumo, ganho de peso e conversão alimentar.
Estes protozoários desenvolvem parte do seu ciclo evolutivo na cama, voltando para
atacar novos lotes. Atualmente, é impossível criar frangos sem o uso de medicamentos.
Portanto, estes medicamentos, chamados de coccidiostáticos são adicionados na ração
durante toda a fase inicial e de crescimento dos frangos. Apenas nos últimos dias de criação
pode-se usar rações sem coccidiostáticos.
16 DOENÇAS MODERNAS OU DOENÇAS DE PRODUÇÃO
O termo doenças de produção é usado para definir doenças que estão diretamente
ligadas ao alto nível de produção, e são resultado de algum desequilíbrio biológico do animal.
Portanto, nas doenças de produção não existe um agente causador como nas demais doenças.
As de maior importância por causar grandes danos econômicos na avicultura moderna são:
Síndrome de Ascite (SA), Síndrome de Morte Súbita (SMS) e Síndrome de pernas tortas.
16.1) Síndrome de Ascite
Caracteriza-se por um acúmulo de líquido de cor esverdeada na cavidade abdominal
das aves. As aves afetadas apresentam respiração ofegante, com bico aberto, crista e barbelas
de cor roxa, e morte após 3 ou 4 dias.
Esta doença ocorre em frangos de crescimento rápido, principalmente em machos,
geralmente após a 4a semana de idade. O fator principal parece ser uma insuficiência
respiratória e circulatória devido a grande necessidade de oxigênio requerido pelo frango, sem
que o mesmo consiga obtê-lo do ambiente em quantidades suficientes. O coração e os pulmões
são relativamente pequenos em relação ao tamanho do frango que, com o melhoramento
genético, cresce rapidamente. Este doença agrava-se em períodos frios, em regiões coma alta
altitude, e em linhagens que tem crescimento mais rápido.
A Síndrome de ascite é hoje, possivelmente a doença de maior preocupação em
avicultura, devido aos seus grandes prejuízos causados. As mortes ocorrerem no período final
de criação e, além disso, ocorre grande número de aves condenadas no abatedouro. Mesmo
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que não cheguem a morrer, a inspeção veterinária no abatedouro condena as aves que
apresentam os sinais da doença, ou seja, líquido depositado na cavidade abdominal.
16.2) Síndrome de Morte Súbita (SMS)
A morte súbita (ou ataque cardíaco) ocorre em frangos de bom desempenho,
principalmente machos na fase final de criação, ou seja, alguns dias antes do abate. Não
existem sintomas ou lesões causadas pela doença. As aves que morrem tem aparência normal
e com bom peso. O problema é idêntico a ascite, ou seja, insuficiência circulatória, devido a
grande necessidade de oxigênio requerida pelo frango. Porém o ataque é mais agudo, levando
à ave a morte imediata.
Redução do estresse e restrição alimentar para reduzir a taxa de crescimento são, até
hoje, as únicas medidas possíveis para reduzir a mortalidade por SMS.
16.3) Síndrome de pernas tortas
O rápido crescimento dos frangos faz com que haja uma deficiência nos suprimentos
de minerais necessários a formação óssea, principalmente cálcio e fósforo. Tais distúrbios
levam a formação incompleta dos ossos das pernas. Isto é agravado pelo fato dos frangos
atingirem pesos corporais muito altos em pouco tempo, sendo que as pernas são as
responsáveis pela sustentação deste peso. Assim, muito peso sobre pernas fracas resulta em
problemas que comumente chamamos de “pernas tortas”. Isto traz como conseqüência
condenações de abatedouro e principalmente a redução do consumo de ração e ganho de peso
devido à dificuldade de locomoção, que impede o acesso ao bebedouro e comedouro.
17 VACINAS PARA FRANGOS DE CORTE
Na moderna avicultura a prevenção das doenças é a única forma viável de criar
frangos de corte, uma vez que o tratamento curativo de um lote é dispendioso e inviável.
Desta forma deve-se dar especial atenção ao manejo sanitário.
Em condições normais de criação a única vacina realizada em frangos de corte é a
contra a doença da Marek. Em regiões com intensa atividade avícola e que já teve problemas
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sanitários outras vacinas podem se fazer necessárias, principalmente a vacina contra
Newcastle, muito usada em determinadas regiões do país.
Vacina nada mais é do que um vírus ou uma bactéria, preparada em laboratório
(atenuada ou inativada), que será administrada na ave com a finalidade de fazer com que a ave
produza anticorpos para matar ou expulsar aqueles vírus ou bactérias. Assim a ave adquire
aptidão para se defender adequadamente quando o organismo por ventura vier a ser atacado
pela doença.
17.1) Vias de aplicação de vacinas
Basicamente as vias de aplicação podem ser divididas em massais ou individuais. As
vacinações individuais proporcionam uma melhor proteção, porém envolvem mais mão-de-
obra. A vacinação massal é vantajosa em relação à mão-de-obra, mas não fornece um nível de
proteção uniforme. A via de aplicação individual pode ser via ocular, via nasal, via membrana
da asa ou via injetável. A via de aplicação massal pode ser via água de bebida ou por
nebulização.
a) Via água de bebida:
É o método mais empregado na vacinação de frangos de corte, principalmente contra a
Newcastle. Tem como principal vantagem à rapidez, praticidade e economia de mão-de-obra
na aplicação.
Para aplicação deste método deve-se tomar alguns cuidados:
1) Retirar a água das aves por pelo menos duas horas;
2) Na vacinação não usar água clorada;
3) Lavar adequadamente os bebedouros, somente com água, antes da colocação da vacina;
4) Seguir corretamente todas as instruções da vacina;
5) Fornecer bebedouros em quantidade suficiente par que todas as aves bebam água em curto
espaço de tempo.
Outro fator importante é a quantidade de água a ser utilizada para a vacinação, pois
todas as aves precisam beber suficientemente a água com vacina, num prazo máximo de duas
horas. Após este prazo a vacina perde sua validade. A quantidade de água que se deve diluir a
vacina para 100 aves pode ser a seguinte:
71
Idade Litros de água (para 1.000 aves)
1 a 4 semanas 7 a 10
4 a 8 semanas 15 a 20
acima de 8 semanas 30 a 40
b) Via nebulização:
É um método usado principalmente para doenças respiratórias. Consiste na utilização
de um equipamento que nebulize o ambiente em forma de pequenas partículas de água que
ficam suspensas no ar por algum tempo e as aves ao respirarem, aspiram o ar com a vacina. É
importante neste método, que o tamanho das partículas de água formada sejam o menor
possível para que permaneçam no ar por mais tempo e sejam mais facilmente absorvidas pelo
sistema respiratório. Outro fator importante é que o galpão seja bem fechado com as cortinas
para que as partículas de vacina não saiam facilmente do galpão.
c) Vacinação via ocular ou nasal:
É uma via individual, na qual cada ave recebe uma gota de vacina podendo ser no olho
ou na narina. Utiliza-se para isso um conta-gotas comum. É o método bem confiável, porém
necessita de muita mão-de-obra.
Uma gota equivale a 0,03 mL, ou seja, 33 gotas equivalem a 1 mL Esta informação é
importante, pois a vacina deve ser adicionada em um diluente (água destilada ou água fervida)
para ser aplicada, e esta quantidade de diluente deve ser em função do número de doses do
frasco da vacina.
d) Vacinação na membrana da asa:
Esta vacinação é realizada especificamente para a doença da Bouba. A membrana da
asa é perfurada com um estilete de duas pontas, as quais são embebidas na solução de vacina
e, ao perfurarem a membrana, deixam aí dose adequada da vacina.
72
e) Vacinação injetável:
A via intramuscular é mais usada em galinhas de postura e matrizes. Em frangos de
corte a via mais utilizada é a subcutânea, principalmente porque são aplicadas em pintos
jovens (1 dia). O local de aplicação deve ser na região do pescoço pela facilidade que a pele se
distancia da parte interna do pescoço. É assim que é aplicada a vacina contra a Marek no
primeiro dia de vida dos pintinhos, ainda no incubatório. Outras vacina tais como Gumboro,
Newcastle e Bronquite Infecciosa, quando se fizerem necessárias, são aplicadas no primeiro
dia, juntamente com a Marek, via subcutânea. Existem, nos incubatórios, equipamentos
apropriados para a realização da vacinação subcutânea em pintinhos, com os quais uma pessoa
treinada pode vacinar 3.000 pintos por hora.
18 RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM FRANGOS DE CORTE
O melhoramento genético propiciou aos frangos um ganho de peso extremamente alto
e rápido, com ótima conversão alimentar. Inúmeros problemas vieram acompanhando esta
evolução, a tal ponto que hoje, tenta-se reduzi-los limitando-se a alimentação dos frangos para
que cresçam de maneira mais lenta. Assim a prática da restrição alimentar pode ser aplicada
quando se pretende atingir um dos seguintes objetivos:
a) Reduzir a taxa de crescimento para reduzir as doenças de produção: Ascite, morte súbita e
pernas tortas. Para atingir este objetivo as restrições são realizadas nas primeiras semanas de
vida dos frangos (geralmente entre 7 e 15 dias). Assim, ao invés dos frangos crescerem rápido
no início e mais lentamente no final, ocorreria uma inversão reduzindo o crescimento no início
e aumentando-o na fase final.
b) Reduzir a gordura corporal reduzindo-se a reprodução de células gordurosas (adipócitos) no
período em que elas estão com alta taxa de reprodução, que é até a 3a semana. Diminuindo-se
a alimentação nesta idade haverá menor número de adipócitos e assim nas semanas seguintes
haverá menor depósito de gordura por haver menos adipócitos, resultando em diminuição da
gordura dos frangos.
c) Reduzir o estresse calórico dos frangos. A produção de calor de um frango em jejum é 25 a
40% menor do que um frango se alimentando. Após o consumo de alimento, a temperatura
corporal de um frango aumento devido o aumento da atividade metabólica. Em dias muito
73
quentes, observa-se mortalidade acentuada algumas horas após o pico de calor. Portanto,
retirar a alimentação nas horas mais quentes do dia podem ajudar na redução da mortalidade
por estresse calórico. Geralmente deve-se retirar a ração algumas horas antes do pico máximo
de temperatura. É necessária a complementação de luz à noite para suprir a restrição aplicada
durante o dia.
19 CRIAÇÃO DE FRANGOS COM SEPARAÇÃO DE SEXO
A criação de frango com sexo separado já era realizada desde a década de 60.
Entretanto o custo que a sexagem representava para uma criação de frangos de corte,
inviabilizava esta prática. A sexagem era feita pela cloaca, sendo uma técnica dispendiosa,
lenta e dominada por poucos especialistas.
Com os avanços da genética, houve a introdução de um gen ligado ao sexo,
responsável pelo empenamento das aves. Assim, as fêmeas, desde o nascimento, tem as penas
primárias maiores do que as penas de cobertura. Isto caracteriza um empenamento precoce. Os
machos apresentam as penas primárias do mesmo tamanho que as penas de cobertura
(empenamento tardio). Esta diferença no tamanho das penas tende a desaparecer algumas
horas após o nascimento dificultando ou confundindo a diferenciação. Entretanto, quando
realizada logo após o nascimento, a sexagem se tornou uma prática extremamente fácil e
conseqüentemente de baixo custo. Uma pessoa treinada pode sexar até 4.000 pintos por hora.
74
Diferença de empenamento entre machos e fêmeas:
MACHOS FÊMEAS
Penas primárias iguais às Penas primárias maiores que as penas de cobertura penas de cobertura
Figura 22. Diferença de empenamento da asa entre machos e fêmeas, à esquerda o macho e a
direita fêmea.
A criação com separação de sexo apresenta algumas vantagens, tais como:
a) Maior uniformidade do lote, já que as fêmeas ganham menos peso do que os machos. Com
o passar das semanas esta diferença vai aumentando e, aos 42 dias de idade uma fêmea pode
estar pesando 300 a 400 g a menos do que o macho.
b) As diferenças no ganho de peso e conseqüentemente no tamanho permitiriam uma
regulagem mais adequada dos equipamentos. A altura de comedouros e bebedouros não fica
adequada quando a criação é em lote misto. Isto pode propiciar maior desperdício de ração,
derramamento de água na cama, bem como dificuldade de acesso aos bebedouros e
comedouros pelas aves menores (fêmeas).
c) As fêmeas poderiam ser criadas em densidade maiores, já que tem um crescimento menor.
É possível criar de 2 a 3 fêmeas a mais por m2 do que quando a criação é em lote misto.
d) A criação com separação de sexos permite que os abatedouros regulem seus equipamentos
em função do tamanho das aves. Assim a maior uniformidade do lote permite maior eficiência
dos equipamentos do abatedouro.
75
e) Numa mesma idade, as fêmeas acumulam mais gordura do que os machos. Devido a isso
algumas empresas programam o abate das fêmeas em idades mais precoces (32-35 dias) para
evitar o acúmulo de gordura. Estas aves são utilizadas principalmente para exportação a países
que exigem frangos menores.
f) As exigências nutricionais são diferentes entre machos e fêmeas. Os machos por se
alimentarem mais e ganharem peso mais rapidamente necessitam de mais energia e proteína na
ração em relação às fêmeas. Assim, quando se adequa uma ração para os machos pode estar
sobrando para as fêmeas. Ao contrário, se a ração é adequada às fêmeas, os machos podem
estar ganhando menos peso do que poderiam, devido à ração deficiente.
g) Os machos tem alta taxa de mortalidade por Ascite e Morte súbita. Medidas para amenizar
estas mortes poderiam ser aplicadas nos lotes de machos, enquanto que nos lotes de fêmeas
não haveria necessidade.
h) Outros fatores tias como iluminação do galpão e temperatura ambiente tem ação
diferenciada sobre os machos e fêmeas.
Devido a estas inúmeras vantagens, a criação com separação de sexo vem ganhando
espaço entre os avicultores e, é possível que dentro de alguns anos, a maioria das granjas
pratiquem este sistema de criação.
O que ainda não está bem definido é à maneira de remuneração dos avicultores que
trabalham com integração, já que não existe diferenciação no Fator de Produção (F.P.). Isto
prejudica quem cria somente fêmeas.
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENDES, A. A.; NAAS, I. A.; MACARI, M. Produção de Frangos de Corte. Campinas:
FACTA, 2004. 356p.
ROSTAGNO, H.S. et al. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e
suínos (tabelas brasileiras). Viçosa: UFV, 2000. 139p.
76
AVICULTURA DE POSTURA (Prof. Antonio Gilberto Bertechini)
1 INTRODUÇÃO O setor de avicultura pode ser considerado o segmento mais desenvolvido e tecnificado
da agropecuária mundial.
Até 1930, este segmento não tinha nenhuma expressão, sendo que a partir de 1940,
devido ao aparecimento de diversas doenças nas pequenas criações, fornou-se nos EUA, uma
comissão de saúde, para investigar e resolver os problemas. Assim, se iniciou processos de
seleção e controles de pequenos planteis, sem tecnologia, com baixa produção sendo indicado
nesta época 10 m2 por ave nas criações.
Os avanços do melhoramento genético aliado ao desenvolvimento da nutrição,
sanidade e manejo, resultaram na avicultura industrial atual, de alta eficiência e organização,
para produção de proteína animal do mais alto valor biológico para o consumo humano e de
menor custo.
O segmento da avicultura está alicerçado na evolução da produção de insumos,
principalmente milho e soja, principais ingredientes das rações das aves. No Brasil, o maior
consumo desses insumos são para a avicultura, que têm seus preços regulados pelo mercado
mundial. Assim, a lucratividade do setor depende diretamente da situação de produção desses
cereais ao nível mundial, já que, os preços de ovos e carne de frangos apresenta certa
estabilidade nos mercados importadores.
As estatísticas de produção indicam evolução da avicultura mundial, principalmente
nos países asiáticos, com maiores incrementos. Atualmente, pode-se informar que os EUA são
os maiores produtores de frangos de corte, ainda por algum tempo. O Brasil ocupa a 3ª posição
na produção de frangos de corte e 1º exportador. Na produção de ovos, destaca-se a China ,
estando o Brasil em 7º lugar, com produção em 2006 foi de 73.712.494 caixas de 30 dúzias de
ovos.
A avicultura de postura no Brasil está mais ou menos estabilizada em
aproximadamente 84.000.000 (UBA, 2006) de aves alojadas, sendo que o baixo consumo de
ovos é o fator de estabilização deste plantel. O Brasil tem um consumo de ovos muito baixo
(Tabela 1) sendo o segundo mais baixo da América Latina, perdendo somente para o Panamá,
que tem o menor consumo de ovos per capta. Na Tabela 2 estão informados os consumos per
capta dos países que apresentam maiores consumos de ovos anuais. O consumo de ovos no
77
Brasil é pequeno devido a efeitos significativos da mídia e dos profissionais de saúde, que, por
desconhecimento dos resultados científicos do uso de ovos, inibem a sua ingestão, que
representa o produto de melhor valor biológico da natureza, com uma composição completa de
todos os nutrientes necessários para a boa saúde humana.
Tabela 1 Evolução da produção de ovos e consumo per capta no Brasil.1
Ano Plantel, milhares Produção, caixas Consumo per capita
1991 56.450 37.930 92
1994 56.018 37.639 89
1997 52.074 35.404 88
2000 60.860 41.100 91
2001
2003
2004
2006
63.152
79.396
82.214
84.000
42.433
62.855
66.318
67.500
92
105
125
126 1Relatório UBA/2007
Tabela 2 Consumo per capta de ovos/ano (2005) e número de poedeiras por habitante de alguns países.
País Consumo per capita País Poedeiras/habitante
Dinamarca (1º) 419 Países Baixos 2,0
Japão 371 Japão 1,2
China 349 USA 1,0
Holanda 333 França 0,9
México 327 Espanha 0,9
França 318 Rússia 0,7
USA 312 Argentina 0,6
Alemanha 310 Brasil 0,4
Hong Kong 310 Índia 0,1
Canadá 308
Espanha
Paraguai
300
299
Colômbia
Brasil (67º)
220
126
Fonte: Adaptado de FAO (2005).
78
No Brasil, os principais produtores de ovos encontram-se no Sudeste enquanto
a produção de frangos de corte tem sua maior concentração na Região Sul. A tabela 3 indica
as principais empresas produtoras de ovos, sendo a maioria delas, com uso de alta tecnologia
de produção.
Tabela 3. Principais empresas produtoras de ovos no Brasil.
Empresa Cidade Número aves
Aviário Mantiqueira
Granja Yabuta
Itanhandú-MG
Bastos-SP
3.200.000
3.000.000
Somai Nordeste Montes Claros-MG 2.200.000
Grupo EMAPE Barreiras-CE 1.500.000
Granja Shigheno Tatuí-SP 1.200.000
Granja Katayama Guararapes – SP 1.200.000
Solar Salvador do Sul-RS 1.000.000
Granja Sumaré Sumaré-SP 1.000.000
Granja Antunes Avaré-SP 1.000.000
Aviário Santo Antonio Nepomuceno-MG 1.000.000
Gaasa Goiás – GO 1.000.000
Granja Sossego Entre Rios-BA 800.000
Granja Shinoda Porto Feliz – SP 600.000
Fonte: Relatório UBA/2007
2 AS POEDEIRAS COMERCIAIS MODERNAS
A avicultura de postura tem por objetivo a produção de ovos para consumo . A maior
parte dos ovos produzidos no Brasil é consumido diretamente (95%), enquanto que pequena
parcela é utilizada pela indústria de processados. No processamento se produz ovo em pó
integral, gema, albúmen e no futuro, outros produtos de ovos poderão ser produzidos como
ovo integral pasteurizado, congelado, resfriado, associado a outras substâncias para
modificação de odor e/ou sabor, bem como ovo com sal ou açúcar, para serem utilizados como
matérias primas na confecção de outros produtos. Nos EUA, o processamento de ovos chega a
aproximadamente 36%.
O consumo de ovos no Brasil é heterogêneo em relação a sazonalidade e classes
sociais. O maior consumo de ovos ocorre no período de frio, sendo que em janeiro, registra-se
79
o menor consumo do produto. Quanto ao poder aquisitivo, existe maior consumo de ovos nas
classes com poder aquisitivo médio, sendo que as classes com alto e baixo poder aquisitivo,
registra-se menores consumo. Apesar de ser produto de melhor valor biológico, a maioria das
crianças e as pessoas idosas, praticamente não consomem o ovo, devido principalmente às
informações inverídicas da mídia e dos profissionais de saúde.
As poedeiras comerciais produzem ovos tanto de casca branca como marrom. Apesar
da diferença de cores da casca, os produtos possuem o mesmo valor nutricional. As aves de
origem da raça Leghornia, produzem ovos com casca branca, sendo que as aves que
produzem ovos de cor, são de origem de cruzamentos de raças como New Hampshire e Rhod
Island Red .
2.1 Modelo de cruzamentos para produção da galinha poedeira moderna Linha 1 Linha 2 Linha 3 Linha 4 A B C D Alta Alto Peso Resistência Baixo Produção Ovo Casca Peso AB CD ABCD Linha Comercial
Ovos Brancos
A partir de 1950, iniciou-se os trabalhos de melhoramento genético utilizando estas
aves, em cruzamentos com a finalidade de explorar o vigor híbrido, produzindo aves cada vez
produtivas, seja para corte ou postura. Atualmente, o termo raça ou linhagem não se aplica,
LEGHORNIAS
80
pois, as diversas gerações de seleção e cruzamentos direcionou as linhas puras com o objetivo
final da produção de híbridos. Aproximadamente 12 criadores principais, sendo a maioria nos
EUA, mantém as raças primárias, onde são realizados os trabalhos de genética e satisfazem
entre 80 a 90% de toda a demanda mundial de reprodutores.
Na Tabela 2.1 estão as mais importantes raças de aves e suas características, separadas
pelas classes de origem.
Tabela 2.1 Principais raças de aves e suas características Peso
macho,g Peso
fêmea, g
Crista Cor orelha
Cor pele
Cor canela
Penas nos pés
Cor dos ovos
AMERICANAS
Plymouth Rock 4300 3400 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Wyandotte 3860 2950 Rosa Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Rhode Island Red 3860 2950 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Jersey Black Giant 5900 4540 Simples Vermelha Amarela Preta Não Marrom New Hamphire 3860 2950 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom ASIÁTICAS
Brahma 5450 4300 Ervilha Vermelha Amarela Amarela Sim Marrom
Cochin 5000 3860 Simples Vermelha Amarela Amarela Sim Marrom
Langshan (black) 4300 3400 Simples Vermelha Branca Azulada Sim Marrom
INGLESAS
Australorp 3860 2950 Simples Vermelha Branca Escura Não Marrom
Cornish (escura) 4540 3400 Ervilha Vermelha Amarela Amarela Não Marrom
Orpington 4550 3500 Simples Vermelha Branca Branca Não Marrom
Sussex 4000 3180 Simples Vermelha Branca Branca Não Marrom
MEDITERRÂNEA
Leghorn 2700 2000 Simples/rosa Branca Amarela Amarela Não Branca
Minorca 4000 3400 Simples Branca Branca Escura Não Branca
Ancona 2700 2000 Simples/rosa Branca Amarela Amarela Não Branca
Andalusia 3100 2500 Simples Branca Branca Azulada Não Branca
Fonte – Austic & Neshein (1990)
81
2.2 Principais poedeiras comerciais – Brasil Ovos brancos Ovos vermelhos Empresa 1. Hy-line Hy-line W-36 Hy-line Brown Hy-line do Brasil Ltda 1. Hy-line Hy-line W-98 2. Lohmann Lohmann – LSL Lohmann Brown Granja Planalto S/A 3. Hisex Hisex White Hisex Brown Globoaves Ltda 4. Shaver Shaver White Shaver Brown Coop. Cotia S/A 5. Babcock Babcock B-300 Babcock B-380
ISA Brown ISA Avícola Ltda
2.3 Características das poedeiras modernas
• Peso corporal – 1300 – 1350 g no início de postura • Peso corporal – 1500 –1600 g - adulta • Alta produção de ovos – 290 – 318 ovos/52 semanas (1º ciclo de produção) • Ovos de tamanho bom – média de 57 g • Conversão alimentar – 20-60 semanas (kg ração/dz ovos) – 1,40 • Conversão alimentar - 20-80 semanas (kg ração/dz ovos ) – 1,46 • Conversão alimentar – 20- 60 semanas (kg ração/kg ovos) - 1,98 • Conversão alimentar - 20-80 semanas (kg ração/kg ovos) – 2,04 • Viabilidade de 20 a 60 semanas – 98 % • Viabilidade de 20 a 80 semanas – 96% • Dias do nascimento a 50% de produção - 140 a 155 dias • Resistentes à doenças
- Alta viabilidade na cria e recria (97 –98 %) - Alta viabilidade na fase de produção (94 – 96 %)
2.4 Características fisiológicas das aves de postura
Dias Semanas Características
01 - Pintinhas de 1 dia – início da criação
35 5 Desenvolvimento dos orgãos viscerais, trato digestório e corporal
84 12 Desenvolvimento corporal e esquelético 112 16 Desenvolvimento e amadurecimento do aparelho reprodutivo – inicia-
se a deposição de gordura para a pré-postura 126 18 Início da fase de postura – 5% do plantel começam a produzir ovos
(aves adultas) 154 22 Plantel sexualmente maduro – 50% de produção de ovos 175 25 Aves no pico de produção de ovos ( mais de 90%) – (94 – 96 %) 315 45 Aves encontram-se no pico de produção (90%) 420 60 Aves encontram-se com aproximadamente 85% de produção 504 72 Aves no final do primeiro ciclo de produção – 70% de produção
82
2.4.1 Fisiologia da produção de ovos
As poedeiras híbridas modernas possuem o ovário esquerdo funcional. O
desenvolvimento folicular segue rítmo circadiano, onde um conjunto de folículos se
desenvolve, com diferencial de maneira a participar da ovulação sequencial diária que ocorre
durante a fase de produção. A seguir será ilustrado os vários segmentos e características do
oviduto da ave.
A liberação do óvulo próximo ocorre entre 40 e 60´ após a oviposição.
Normalmente as ovulações ocorrem no período da manhã. Assim, tem-se a oviposição com
maior frequência realizada nas primeiras horas do dia. A formação das estruturas moles do
ovo, ocorrem praticamente durante o dia , sendo que a casca, tem seu início no período da
tarde, prolongando-se durante a noite. A formação do ovo é uma verdadeira maravilha
bioquímica pluridimensional. O maior tempo de retenção do ovo no oviduto ocorre durante a
formação e calcificação da casca . Este é um processo lento, onde existe todo um processo
fisiológico voltado para a manutenção da hipercalcemia para suportar a normalidade de
formação do carbonato de cálcio da casca. A formação final da casca ocorre quando a ave não
está ingerindo ração, assim, deve-se preocupar com o aporte adequado e granulomentria do
calcário para que durante a fase final, onde os níveis séricos de cálcio chega a 250 mg%, se
tenha algum suporte de cálcio a nível de duodeno, evitando assim, uma maior intensidade de
reabsorção óssea, quando os osteoclástos estão ativados, por ação principalmento do hormônio
PTH. Mesmo considerando um suporte adequado de cálcio, ainda assim , ocorre reabsorção
óssea, para regular a acidose respiratória durante a formação da casca, onde a produção de íons
bicarbonato, resulta em alta produção de H+ que possibilita a acidificação sanguínea. O P
neste caso, ajuda a carrear estes íons, evitando acidose respiratória excessiva.
83
Segmento Função Medida Tempo
Infundíbulo Captar óvulos 9 cm 18´
Magno Secreção de albúmen 33 cm 2, 54´
Ístimo Formção membranas 10 cm 1,40´
Útero ou câmara
calcífera
Produção da casca 12 cm 20,40´
Vagina Dar passagem ao ovo
e lubrificação
12 cm
Total 76 cm 25,52´
2.5 Características das granjas de postura modernas
• Plantéis de poedeiras acima de 50.000 aves em produção ( grandes empresas com
grandes volumes de produção)
• Alta competitividade devido ao consumo estagnado
• Uso de alta tecnologia para redução dos custos de produção
• Produção de ração na própria granja
• Ração a granel
• Assistência técnica constante e particular
• Classificação e processamento dos ovos (lavagem + classificação + embalagem)
para melhorar qualidade e atendimento das normas legais
• Produção independente não integrada
• Sistemas simples de produção até totalmente automatizado (tendência geral)
• Utilização do sistema de produção ALL IN ALL OUT
• Exploração das galinhas por mais de um ciclo de produção, dependendo da situação
de preços dos ovos no mercado consumidor e período do ano
• Planejamento da produção com produção aproximadamente constante, com uso de
várias entradas de pintinhas ao ano.
• Controle zootécnico informatizado
• Possuem bom controle da biosseguridade da granja
84
2.6 Exploração das poedeiras comerciais
Na exploração das poedeiras comerciais, dois segmentos distintos podem ser
considerados. O primeiro refere-se a fase de criação das frangas de reposição e o segundo, a
fase de produção de ovos para consumo.
2.6.1.1 Fase de produção das frangas de reposição
Objetivos - produção de frangas saudáveis, com peso adequado para a linhagem,
maturidade sexual adequada, alta uniformidade, idade adequada ao início de postura e
imunizadas quanto as doenças.
Sistemas de criação
A . Pinteiro no piso até 16 semanas
Cria-se as aves de 1 dia até 42 dias ou de 1 a 16 semanas (transferência para gaiolas de
postura) em sistema cama, no piso, semelhante a criação de frangos de corte. O sistema de
circulo de proteção e sistema de aquecimento é semelhante tambeém. Normalmente a criação
no piso é somente até 42 dias, em uma densidade de até 30 aves/m2 e depois dessa fase de
cria, transfere-se para as gaiolas de recria, onde ficarão as franguinhas até 16 semanas de
idade. Quando as aves são criadas desde um dia até 16 semanas no chão, muda-se a densidade
de maneira que na fase de 7 a 12 semanas a densidade seja de 20 aves/m2 e de 12 a 16
semanas de 12 - 14 aves/m2 . As granjas mais tecnificadas tem abolido este sistema de criação
em piso devido a dificuldade de controles e manejo das aves. Porém, ainda é muito usado
devido ao seu baixo custo.
85
Equipamentos Idade, semanas Dimensionamento
Comedouro tipo bandeja
60 x 40 x 4 cm
1 1 : 80 aves
Bebedouro copo,
Pressão,
Bebedouro tipo nipple ou
Bebedouro pendular
1
1
1
1
1 : 80 aves
1 : 16 aves – cria
1 : 12 aves – recria
1 : 80 aves
Comedouro tubular ou
Comedouro tuboflex autom.
Até 16 semanas
Até 16 semanas
1 : 30 aves
1 : 20 aves por prato
B. Pinteiro no piso até 42 dias e depois gaiolas de recria
Este sistema é o mais usado atualmente, pois, se tem maiores controles das doenças, as
práticas individuais como vacinações, debicagem, controles de pesos e consumo de ração são
mais eficientes, além de redução de mão-de-obra. As aves seriam criadas até 42 dias no
sistema piso normal e depois transferidas para as gaiolas de recria. As gaiolas de recria são
padronizadas no tamanho de 2 (50 x 50 x 38 cm), onde são alojadas de 7 a 8 aves brancas ou
de 6 a 7 aves vermelhas em cada boxe, resultando nas densidades aproximadas de 357 e 416
cm2 para cada ave, branca e vermelha, respectivamente. A gaiola total possui 1 m de frente e
50 cm de fundo. Neste sistema uma pessoa pode cuidar de até 50.000 aves, realizando as
práticas de manejo normais.
C. Sistema de criação em gaiola de 1 a 16 semanas de idade
Este sistema é o mais moderno, onde as pintinhas são alojadas em gaiolas com
sistemas de aquecimento do ambiente ou individuais, não tendo contato com o piso até a sua
transferência para as gaiolas de postura. Normalmente estas gaiolas possuem as dimensões de
100 cm de comprimento, 80 cm de profundidade e 30 cm de altura, comportando 40 pintinhas
até 42 dias de idade. A partir dessa idade faz-se a redução da densidade de maneira que as aves
86
tenham no mínimo 310 e 360 cm2 de área para cada ave, branca e vermelha, respectivamente
((24 aves brancas e 22 vermelhas por gaiola) .
2.6.2 Fase de produção
As aves iniciam a fase de produção por volta de 18 a 19 semanas de idade, sendo que
neste período deve se evitar ao máximo o estresse das aves. Porisso que existe a
recomendação de transferência das frangas por volta de 16 semanas de idade, para que se
adaptem a gaiola e se estabeleça a ordem de bicagem antes de iniciarem a postura. Assim, o
início da produção ocorre sem interferência externa e sm tem melhores resultados de
produção.
Existem várias configurações de gaiolas de recria. Uma muito utilizada é o modelo
Flórida, com as dimensões de 25 x 45 x 38 cm, sendo alojada 3 aves brancas ou 2 aves
vermelhas, resultando em 375 e 562 cm2 por ave, respectivamente. Esta gaiola possui 4
boxes nestas dimensões, totalizando 12 aves brancas ou 8 aves vermelhas por gaiola total.
No entanto, as gaiolas mais modernas atualmente são as que possui somente duas divisões e
são nas dimensões de 50 x 45 x 38, abrigando 6 aves brancas e 5 vermelhas. Existe na
Europa, recomendações de densidades mínimas para criar galinhas em gaiolas, devido a
pressão dos ambientalistas. Estas recomendações são maiores das praticadas no Brasil
(Tabela 2.2)
Tabela 2.2. Densidade ideal para criação de poedeiras em gaiola, segundo o país.
País Área (cm2) Dinamarca 600 Alemanha 550 Suécia 480 Suíça 700 Inglaterra 550 (3 aves) 740 (2 aves) Campos, 2000. O tipo de bebedouro mais recomendado é do tipo nipple, sendo colocado um em cada
gaiola. A recomendação máxima para este tipo de bebedouro seria para 10 aves em produção.
No entanto, se tem usado um bebedouro para 12 aves (uma gaiola), com bons resultados. O
87
outro tipo de bebedouro seria o tipo calha. Neste sistema, é preciso de água corrente, além de
aumentar a mão-de-obra com limpezas diárias. O gasto de água seria maior neste sistema.
Os comedouros comumente utilizados nas criações em gaiolas são do tipo calha.
São confeccionados em chapa galvanizada, madeira ou plástico, em forma de “U”. As
dimensões podem ser observadas na figura abaixo. A ração é distribuída manualmente ou
mecanicamente com auxilio de carinhos distribuidores de ração. As gaiolas de postura já são
fabricadas com o local de encaixe de bebedouros e comedouros. Não se esquecer que o
comedouro sempre é instalado acima do bebedouro, quando este for do tipo calha.
5 cm
6 a 8cm
9 cm
15 cm
9 cm 10 cm
BEBEDOURO
COMEDOURO
3 MANEJO GERAL DA GRANJA DE POSTURA
O manejo geral da granja compreende todas as atividades diárias para manter o sistema
de produção em seu funcionamento normal. As atividades devem ser direcionadas seguindo
prioridades e pode ser dividida nas seguintes etapas:
3.1 Manejo nas fases de cria e recria das aves de reposição
O manejo da recria compreende todos os procedimentos necessários para o
recebimento das pintinhas e se inicia pelo preparo das instalações. Considerando o sistema de
cria no piso até 42 dias de idade, tem-se as atividades de desinfecção prévia, colocação da
cama, com as características desejáveis a seguir: ser um material leve e absorvente, possuir
partículas de tamanho médio, ser macio e que não se compacte (ter boa capacidade de
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amortecimento), ser isolante térmico, ser livre de substâncias estranhas (plásticos, pregos,
madeiras), não possuir substancias tóxicas, ser disponível e de baixo custo. A camada de cama
deve ser em torno de 5 a 7 cm de espessura. Os materiais mais indicados são a maravalha
(cepilho de madeira - evitar pó), casca de arroz, sabugo de milho triturado, casca de café, e
outros materias como fenos de gramíneas triturados.
3.1.1.Preparo do círculo de proteção, que pode ser conjugado ou individual.
Os círculos de proteção têm as seguintes funções:
� Evitar corrente de ar sobre as pintinhas
� Evitar dispersão das aves, mantendo-as em torno do bebedouro e comedouro
� Concentrar as aves próxima a fonte de calor
� Redução do gasto com aquecimento, concentrando o calor
� Evitar cantos para que as pintinhas se percam ou se escondam, prejudicando o seu
aquecimento
Os círculos de proteção são montados individualmente ou conjugados, de acordo com
os equipamentos disponíveis. O importante é evitar hipotermia nas aves, prejudicando o seu
desenvolvimento posterior. A capacidade de aquecimento da campânula deve ser conhecido
para poder dimensionar o número de aves para cada equipamento. Outro fator importante que
determina o tipo de círculo a ser construído é a utilização de bebedouro tipo nipple. Quando
estes bebedouros são utilizados desde o primeiro dia de vida dos pintinhos e estão dispostos
em linhas contínuas, o círculo deve adaptar-se a este novo sistema de bebedouros. O exemplo
abaixo ilustra a disposição dos equipamentos quando se utiliza bebedouros tipo nipple e
comedouros tuboflex.
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Círculo para 2.000 pintos ( + 30 m2 de área)
2 linhas de bebedouros nipple (70 bicos)
Campânulas infravermelho para 1000 pintos
Linha de comedouros (20 pratos)
Um outro modelo de círculo de proteção mais utilizado abriga 500 pintos e deve ter
aproximadamente 7,0 m2. Isso equivale a um círculo de 3,0 metros de diâmetro (1,5 m de
raio).
No caso do uso de campânulas com capacidade maior de 500 pintos, deve-se
redimensionar o circulo de proteção. Existem campânulas para 500, 1000 e até 2500 pintos.
Exemplificando o uso de campânula com capacidade de aquecimento de 1000 pintos.
500 pintos -------- 7,0 m2
1000 pintos -------14,0 m2
a = π . R2
14 = 3,14. R2
R2 = 14 ÷ 3,14 = 4,458
R = 4 458,
R = 2,11 m
2,11 m
A campânula deve sempre ser instalada no centro do círculo;
90
Os comedouros e bebedouros devem sempre ser dispostos alternadamente. Nunca
devem ficar encostados ao cercado do círculo e nem em baixo da campânula.
Quando possível deve-se forrar o piso dos círculos com papel, geralmente jornais
velhos. Esta prática tem como objetivo evitar que os pintos sujem os comedouros e
bebedouros e diminuir a perda de calor pelo piso. Atualmente, por medidas de economia de
mão-de-obra, muitos avicultores tem abandonado esta prática.
3.1.2 Preparo para a recepção das aves
� Montagem dos círculos, campânulas ou aquecedores , testando seu funcionamento
– manter a temperatura a 32 ºC próximo a pintinha
� Distribuir os comedouros e bebedouros, forrando o piso dos circulos com papel
� Nos momentos que antecedem a chegada prevista das pintinhas, deve-se completar
os bebedouros com água e os comedouros com ração
� Espalhar pequena porção de ração ao longo do forro de papel
� Manter as cortinas fechadas evitando correntes de ar
� Quando utilizar bebedouro tipo nipple, deve-se reduzir a pressão da água para
facilitar o consumo pela pintinha
� Manter as luzes acesas a uma intensidade alta 24 horas por dia, durante os
primeiros dois dias
Deve-se avaliar as pintinhas observando a sua atividade, os olhos brilhantes, umbigo
bem cicatrizado, tamanho e cor uniforme. Caso haja desuniformidade alojar separadamente os
menores. As canelas devem ser lustrosas e brilhantes, livres de deformidades. A plumagem
deve ser seca e macia, sem emplastamento de cloaca.
As pintinhas devem ser vacinadas contra a Marek no incubatório e transportados em
caixas desinfetadas com forração nova.
A distância do incubatório ao aviário não deve ser superior a 500 km por via rodoviária
ou 12 horas de transporte. Entregas distantes podem prejudicar as pintinhas pela demora no
fornecimento de ração e água.
91
No momento da soltura das aves, deve-se exercitar algumas aves no bebedouro e no
comedouro para que todas as aves possam aprender consumir água e ração o mais rápido
possível.
Deve-se iniciar o controle zootécnico do lote. Para isso deve-se preparar uma ficha,
onde se registra os seguintes dados: data de chegada; quantidade; marca das pintinhas;
procedência; vacinações efetuadas; peso médio das pintinhas; uniformidade das pintinhas,
porcentagem de pintinhas descartadas, etc.
Ao nascer o centro de termoregulação dos pintos não está desenvolvido. Isso faz com
que tenham um comportamento idêntico aos animais “pecilotérmicos”, ou seja, variam a
temperatura corporal conforme varia a temperatura ambiente. O centro de termoregulação só
fica completamente desenvolvido após a 2a semana de vida. Além disso, os pintos nascem
desprovidos de penas e tem uma grande relação área/volume que aumenta a perda de calor. O
pintinho até os 8 a 10 dias de idade sofre influência direta da temperatura do meio ambiente,
pois não consegue manter a sua temperatura corporal. Assim torna-se de extrema importância
o controle de temperatura na fase inicial. Na Tabela 3.1 é apresentada a temperatura ideal para
o bom desempenho das aves de acordo com a idade. De uma forma geral, pode-se trabalhar
com aquecimento suplementar até os 21 dias de idade.
Tabela 3.1. Temperatura ideal para as aves segundo a idade.
Idade (dias) Temperatura no interior do galpão
1° 32 °C
2° - 7° 30 °C
8° - 14° 29 °C
15° - 21° 27 °C
22° - 28° 24 °C
Após 28° 15 – 24°C
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3.1.3 Comportamento das aves no círculo de proteção em função da temperatura
ambiente
As aves, quando em situação de desconforto térmico, adotam comportamentos que são
facilmente identificáveis pelo criador. A tabela 3.2 apresenta os diferentes comportamentos
dentro dos círculos de proteção em função do conforto térmico.
Tabela 3.2 Comportamento dos pintos em função da temperatura ambiente
Frio Quente Normal
- Piando
- Aglomerado no centro
- Reduz alimentação
- Problema respiratórios
- Congestão pulmonar
- Atraso no crescimento
- Empenamento fraco
- Alta mortalidade
- Piando, bico e asas
- Fuga para a periferia
- Respiração ofegante
- Diarréia
- Reduz alimentação
- Emplastamento da cloaca
- Atraso no crescimento
- Empenamento fraco
- Alta mortalidade
- Silenciosos
- Bem distribuídos
- Alimentação normal
- Saudáveis
- Sem diarréia
- Sem emplastamento
- Crescimento normal
- Empenamento normal
- Baixa mortalidade
3.1.4 Manejo na primeira semana
A primeira semana de criação das pintinhas é uma fase extremamente importante para
se conseguir bons resultados de peso e uniformindade das pintinhas aos 35 dias de idade.
Assim, vários fatores devem ser observados:
a) Temperatura: Deve ser realizado controle rígido da temperatura através do manejo das
campânulas e cortinas.
c) Círculos de proteção: O espaço inicialmente fornecido no círculo de proteção torna-se
insuficiente com o decorrer dos dias. Deve-se aumentar gradativamente a área disponível
as aves. Um esquema de aumento da área é proposto a seguir:
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→ Aos 3 dias: aumentar a área dos círculos juntando-os de 2 em dois.
→ Aos 6 - 7 dias: juntar os cercados maiores de 2 em dois, de modo que junte os pintos que
inicialmente pertenciam a 4 círculos.
→ Aos 10 - 12 dias: retirar os círculos de proteção, deixando-se apenas uma separação no
galpão de tal maneira que os pintos ocupem ½ da área total do galpão.
→ De 12 a 18 dias: aumentar gradativamente o espaço, de 2 em 2 dias de tal maneira que aos
18 dias as frangas ocupem todo o galpão.
Os círculos conjugados dão segurança quanto ao aquecimento caso alguma campânula
esteja desregulada.
1 a 3 dias 3 a 6 dias
6 a 10 dias 10 a 18 dias
3.1.5 Debicagem
A debicagem nas frangas de reposição é uma prática recomendada pois, as estas aves
possuem habitos de bicagem, causando canibalismo e alta mortalidade das aves. Os objetivos
da debicagem são além de evitar o canibalismo, auxiliar no consumo uniforme de ração,
melhorando a uniformidade do plantel. As aves tornam-se desarmadas e ficam mais dóceis,
melhorando o comportamento de bicagens nos plantéis.
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A primeira debicagem deve ser realizada próximo aos 10 dias e a segunda à 10ª
semana de idade das aves. A primeira, corta-se 1/3 do bico e a segunda, corta-se 2/3 do bico
superior e 1/2 do bico inferior. O corte do bico superior deve resultar em comprimento de 5 a
6 cm nas narinas da ave.
Condições para debicagem:
• Não debicar aves doentes
• Debicar as aves nas idades recomendadas pela linhagem
• O debicador deve estar com temperatura da lâmina adequada para o corte e
cauterização adequados
• O operador deve Ter conforto no momento da debicagem
• Deve-se evitar cortes desuniformes
• A lâmina do debicador deve estar ao rubro (550 ºC), para garantir uma eficaz
cauterização
• Aumentar a quantidade de ração no cocho por pelo menos 2 dias após a debicagem
• Quando possível fornecer ração antiestresse, rica em vitaminas , principalmente a
C.
• O processo da debicagem deve ser preciso e ordeiro, sem aumentar os estresse nas
aves
3.1.6 Controle do desenvolvimento corporal
O desenvolvimento corporal é um fator importante de controle de manejo. Mede-se o
peso médio do lote, através de amostragem que permite comparar o desenvolvimento da ave
em relação a Tabela de Peso da linhagem. Ao mesmo tempo, faz-se o teste de uniformidade do
lote, que serve para avaliar o desenvolvimento global frente as práticas de manejo
implementadas. Existe indicativos de padrão das linhagens que devem ser seguidos para se
obter bons resultados de produção na fase de postura. As principais idades que deve-se
conhecer a uniformidade são ao final da 5ª, 12ª e 16ª semanas de idade das aves. As
uniformidades dessas idades, possuem correlação com a fase de postura. A 5ª semana de idade
possui a maior correlação entre estas idades.
Para verificar a uniformidade de um plantel pode-se realizar as seguintes etapas:
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• Pesar semanalmente durante toda a fase de recria. Definir um dia da semana para
esta atividade, sendo realizada sempre no mesmo horário
• Pesar uma amostra entre 1 a 3 % do lote, e, nunca deve ser inferior a 100 aves
• Pesar aves de diferentes locais ao longo do galpão, sendo sempre amostradas aves
ao acaso
• As aves devem ser pesadas individualmente e seus pesos anotados em ficha
apropriada para cálculos posteriores de uniformidade. A balança deve Ter precisão
para pesagens com divisões de gramas
• Apanhar as aves pelas duas pernas, impedindo que se debatam e evitando contusões
• Para se calcular a uniformidade, tomar o peso médio e a ele deduzir e adicionar
10%, tendo-se assim, os limites inferior e superior da amostra. Verificar em seguida
o número de aves em cada faixa de peso. A relação percentual entre o número
achado e o total de aves pesadas indica o grau de uniformidade do lote, como
exemplificado a seguir:
Número de aves pesadas = 150
Peso médio das aves = 1600 g
Limites de pesos - -10% = 1440 g
+10% = 1760 g
Número de aves dentro do limite entre +10% e – 10% = 122 aves
UNIFORMIDADE = 122 / 150 x 100 = 81,33%
Interpretação:
90 –100 % = ótima
80 – 90 % = muito boa
70 – 80 % = boa
60 – 70 % = regular
Menor 60% = ruim
São vários os fatores que afetam a uniformidade, e são listados a seguir:
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• Ambiente – temperaturas elevadas
• Debicagem mal realizada
• Densidade de alojamento inadequada
• Qualidade da ração – níveis de EM, aminoácidos, vitaminas, etc.
• Sanidade – presença de doenças e qualidade sanitária das instalações e
equipamentos
• Falta de controle de estresses do plantel
3.1.7 Iluminação na recria
A luz exerce importantes efeitos sobre a fisiologia da ave. Pesquisas já demonstraram
que as aves possuem dois receptores dos estímulos luminosos. O primeiro é um receptor
superficial da retina e o segundo, um receptor hipotalâmico profundo, também denominado
receptor extra-retinal, que atua mesmo em aves cegas geneticamente ou por cirurgia. A luz
atuando no receptor extra-retinal, estimula uma porção do cérebro denominado hipotálamo,
que libera estímulos à glandula hipófise para a produção de hormônios gonadotróficos. Esses
hormônios, lançados na corrente sanguínea, irão promover o desenvolvimento ovariano e a sua
posterior liberação dos óvulos. Desta maneira, a quantidade de luz diária influencia na
maturidade sexual das aves e na taxa de produção de ovos. No Brasil, a quantidade de luz
diária é suficiente para o desenvolvimento fisiológico da ave durante a fase de recria. Tem-se
o menor dia do ano em 23 de junho e o maior em 23 de dezembro. Assim, aves criadas no
inicio do ano, estão sob luz decrescente, e desta forma, são mais tardias do que as criadas a
partir de agosto. Por outro lado, as diferenças são pequenas e não influenciam a produção das
aves . Assim, não é recomendado fornecer luz artificial complementar na recria de frangas no
Brasil, a não ser que algum problema de baixo desenvolvimento de plantéis, sejam necessários
estímulos para o seu desenvolvimento.
3.2 Manejo na fase pré-postura
A fase de pré-postura é importante para avaliar como o plantel se comporta no início
de produção. Nesta fase, as metas de peso corporal devem ser atingidas e representa o período
do início do programa de estimulação de luz para a produção. Deve-se fornecer aumentos
continuos de luz semanalmente, até atingir 16 ou 17 horas totais de iluminação diária. Iniciar
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o programa de luz quando se inicia o fornecimento de ração de produção. A fase de pré-
postura pode variar dependendo da linhagem. Por outro lado, algumas considerações deverão
ser feitas :
• Procurar considerar que todas as galinhas estão no semestre
• Iniciar a iluminação juntamente com a ração de postura
• Oferecer pequena quantidade inicial de iluminação artificial (total de claridade de 14
horas por dia)
• Dar 4 aumentos semanais de 30 minutos
• Dar aumentos semanais de 20 minutos até completar 17 horas por dia
• Nunca permitir redução de luminosidade nesta fase
A seguir está exemplificado um programa de luz:
Semanas Dias Total Luz Ligar Desligar Ligar Desligar
1ª 140 – 147 14 h 5 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h
2ª 147 – 154 14:30 h 4:30 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h
3ª 154 – 161 15 h 4 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h
4ª 161 – 168 15:30 h 3:30 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h
5ª 168 – 175 16 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h
6ª 175 – 182 16:20 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19:20 h
7ª 182 – 189 16:40 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19:40 h
8ª 189 – 196 17 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 20 h
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