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Aline Ribeiro Ramos
BENCHMARKING DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA PARA A
ANÁLISE DE EMPRESAS DE MANAFATURA
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica, da Universidade Federal de
Santa Catarina, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. João Carlos Espíndola Ferreira, Ph.D.
Coorientador: Fernando Soares Pinto Sant'Anna, Dr.
Florianópolis
2013
2
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
A ficha de identificação é elaborada pelo próprio autor
Maiores informações em:
http://portalbu.ufsc.br/ficha
3
Aline Ribeiro Ramos
BENCHMARKING DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA PARA A
ANÁLISE DE EMPRESAS DE MANUFATURA
Esta Dissertação foi julgada adequada e aprovada, em sua forma
final, pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 25 de Novembro de 2013
Prof. Armando Albertazzi Gonçalves Jr., Dr.Eng - Coordenador do
Curso
Banca Examinadora:
Prof. João Carlos Espíndola Ferreira, Ph.D. - Orientador
Dalvio Ferrari Tubino, Dr. Eng.(UFSC)
Fernando Antônio Forcellini, PhD.(UFSC)
Olga Regina Cardoso, Dra. Eng. (UFSC)
7
AGRADECIMENTOS
À Deus, por mais esta oportunidade de crescimento pessoal e
profissional.
Aos meus pais, Arinete e Vladimir, por acreditarem que eu
alcançaria mais esta conquista na minha vida.
Ao meu namorado André por estar sempre ao meu lado e me
incentivando.
Ao meu orientador, o Professor João Carlos Espíndola Ferreira,
Ph.D., por todo o tempo e esforço dedicado na orientação deste trabalho,
para que os objetivos fossem alcançados.
Ao Professor Fernando Soares Pinto Sant'Anna , pela
colaboração e orientação deste trabalho.
Aos demais Professores do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina, pelo
conhecimento transmitido e convívio durante o cumprimento dos
créditos realizados.
Às empresas que acreditaram e participaram da realização desta
pesquisa.
A todos os profissionais das empresas participantes, pelo
interesse, informações, atenção e tempo disponibilizado, para que os
objetivos da pesquisa fossem alcançados.
Aos colegas de aula, pela amizade e companheirismo durante a
realização do Mestrado.
9
Remember, there are no mistakes, only
lessons. Love yourself, trust your
choices, and everything is possible
(Cherie-Carter Scotts).
11
RESUMO
A constante evolução na eficiência dos sistemas de produção e as políticas
governamentais favorecem para que haja controle do impacto ambiental e
incentivam as empresas a adotarem estratégias de operações mais sustentáveis, e isto
acaba culminando em um diferencial competitivo. Visando a redução dos riscos ao
homem e ao meio-ambiente gerados pelas atividades produtivas pode-se fazer uso de
técnicas tais como práticas Enxutas, empregadas na eliminação de desperdícios, e a
Produção mais Limpa (P+L), que tem um enfoque ambiental preventivo. Estas
técnicas convergem para a eliminação de desperdícios e na reutilização dos resíduos
originados nos processos, os quais geram vantagens operacionais, aumento da
produtividade e a criação de valor. Na maioria dos casos as técnicas são abordadas
individualmente, estendendo o processo de desenvolvimento e aumentando
finalmente a complexidade na sua adoção. Neste documento é proposto o
desenvolvimento de um método para avaliar as práticas e cultura da aplicação da
Produção mais Limpa, abordando os aspectos de gestão de pessoas, informações,
produto, fornecedores e clientes, administração e processo, bem como serão
analisadas as práticas da manufatura enxuta que contribuem para uma produção mais
ecoeficiente. O método proposto é inspirado pela metodologia Benchmarking Made
in Europe, e será utilizado na pesquisa de campo, no qual serão avaliadas algumas
empresas quanto às práticas, performances e cultura da Produção mais Limpa. Além
disso, será avaliada a aplicação e práticas da Manufatura Enxuta que contribuem
para a Produção mais Limpa. Para o desenvolvimento da pesquisa foi aplicado um
questionário em 16 empresas, sendo que para a coleta de dados foram utilizadas a
observação e entrevista. A análise dos dados ocorreu de forma quantitativa e
qualitativa, abrangendo quadros comparativos, tabelas e gráficos obtidos mediante o
questionário e entrevistas. Como principal resultado pode-se citar a análise das
práticas e performances da Produção mais Limpa para verificar quais são as ações
das empresa referentes a ações sustentáveis, em quais pontos há maior carência e o
que dificulta a obtenção da P+L. Além disso foi realizada a comparação da aplicação
da Produção mais Limpa e da Manufatura Enxuta com a finalidade de verificar a relação existente entre as duas.
Palavras-Chave: Produção mais Limpa. Benchmarking. Manufatura
Enxuta. Ecoeficiência. Sustentabilidade.
13
ABSTRACT
The constant evolution in the efficiency of production systems and government
policies enables the control of the environmental impact and encourage companies
to develop strategies for more sustainable operations, and this ultimately culminates
into a competitive advantage. Seeking to reduce risks to humans and the
environment caused by production activities, Lean Manufacturing practices can be
employed, which target at eliminating waste, and Cleaner Production (CP), which
has a preventive environmental emphasis. These techniques converge on waste
elimination and on the reuse of residues generated by the processes, resulting in
operational benefits, increased productivity and value creation. In most cases these
techniques are addressed individually by extending the development process,
leading to an increase in complexity of their implementation. In this dissertation is
proposed the development of a method to assess the practices and culture of the
application of Cleaner Production, addressing the management aspects of people,
information, products, suppliers and customers, administration and process, as well
as the lean manufacturing practices that contribute to a more eco-efficient
production are analyzed. The proposed method is inspired by the Benchmarking
Made in Europe methodology, and is used in a field research, in which some
companies are evaluated on the practices, performances, and culture of Cleaner
Production. In addition, the application of Lean Manufacturing practices that
contribute to Cleaner Production is evaluated. In order to develop the research a
questionnaire was applied to 16 companies, and for data collection observation and
interview were used. Data analysis was performed in a quantitative and qualitative
manner, including comparative tables, charts and graphs obtained through the
questionnaire and interviews. The main result of this work consists in the analysis of
practices and performances of Cleaner Production in order to check what are the
activities of the company that pertain to sustainable actions, in which points there is
insufficiency, and what causes difficulty in achieving Cleaner Production.
Furthermore, a comparison between the application of Cleaner Production and Lean
Manufacturing was carried out in order to verify the relationship between the two.
Keywords: Cleaner Production. Benchmarking. Lean Manufacturing.
Eco-efficiency. Sustainability.
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Elementos da Sustentabilidade...............................................32 Figura 2- Principais elementos do conceito de Produção mais Limpa.37
Figura 3- P+L versus técnica de fim de tubo.........................................41
Figura 4- Fases para Implantação da P+L..............................................43
Figura 5- Fluxo das gerações das opções da Produção mais Limpa.....45
Figura 6- Integração dos Sistemas de Gestão........................................47
Figura 7- Variáveis da pesquisa BME...................................................61
Figura 8- Gráfico de Prática versus Performance..................................62
Figura 9- Gráfico em Radar de Práticas e Performance........................63
Figura 10- Gráfico de Barras.................................................................63
Figura 11- Estrutura da Metodologia Adotada......................................68 Figura 12- Método Benchmarking da P+L............................................72
Figura 13- Resultado das Práticas e Performances...............................73
Figura 14- Gráfico de Prática versus Performance referente a P+L.....76
Figura 15- Gráfico Radar da P+L..........................................................77
Figura16-Gráfico de Barras da variável
Fornecedor/Organização/Cliente...........................................................78
Figura 17- Checklist da Manufatura Enxuta..........................................93
Figura 18- Número de Empresas por Segmento....................................95
Figura 19- Idade das Empresas (anos)...................................................96
Figura 20- Valor médio da pontuação das estratégias competitivas das
empresas.................................................................................................97
Figura 21- Implantação da ISO14001..................................................98
Figura 22- Gráfico geral de Práticas x Performance das empresas
pesquisadas...........................................................................................100
Figura 23-Gráfico Radar com a média das empresas pesquisadas.....102
Figura 24-Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável
Administração/Responsabilidade.........................................................104
Figura 25- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Pessoas..........................109
Figura 26- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Informação....................112
16
Figura 27- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável
Fornecedor/Organização/Cliente.........................................................114
Figura 28- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Desenvolvimento de
Produto.................................................................................................116
Figura 29- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Processo Produtivo......118
Figura 30- Gráfico Radar para as três empresas com os melhores
resultados.............................................................................................123
Figura 31- Gráfico Radar para as três empresas com piores
resultados.............................................................................................127
Figura 32: Gráfico de radar para as empresas E07 e E10...................130
Figura 33- Tempo (em anos) da aplicação do programa de ME nas
empresas analisadas.............................................................................134
Figura 34- Aplicação da ME para obtenção da P+L...........................134
Figura 35- Resultado do checklist da ME............................................135
Figura 36- Notas das ferramentas da ME............................................136
17
LISTA DE TABELA
Tabela 1- Maiores diferenças entre as três empresas com melhores
resultados em relação à média das empresas pesquisadas..................125
Tabela 2- Maiores diferenças entre as três empresas com priores
resultados em relação à média das empresas pesquisadas..................128
Tabela 3- Maiores diferenças dos resultados das empresas E07 e E10
em relação à média das empresas pesquisadas....................................131
Tabela 4- Resultados do checklist da ME x Benchmarking P+L.......137
19
LISTA DE QUADRO
Quadro 1- Diferenças entre P+L e técnica de fim de tubo....................40
Quadro 2- Pontos convergentes entre P+L e a ME................................53
Quadro 3- Ferramentas ME e seus benefícios para P+L.......................54
Quadro 4- Integração Conceitual das ferramentas da ME e P+L..........55
Quadro 5- Classificação da Pesquisa (com base em Silva, 2001)........66
Quadro 6- Indicadores de Administração e Responsabilidade.............79
Quadro 7- Indicadores de Pessoas.........................................................82
Quadro 8- Indicadores de Informação...................................................84
Quadro 9- Indicadores Referentes à Fornecedor, Organização e
Cliente....................................................................................................86
Quadro 10- Indicadores de Desenvolvimento de Produtos...................87
Quadro 11: Indicadores do Processo Produtivo.....................................90
21
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACV Avaliação do ciclo de vida
BME Benchmarking Enxuto CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento
Sustentável
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CNPML Centro Nacional de Produção mais Limpa
CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas
CQZD Controle da Qualidade e Zero Defeitos
DFA Design for Assembly
DFD Design for Disassembly DFE Design for Environment
DFR Design for Recycling DFX Design for X
EPA Environment Protection Agency
FIERGS Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
GP Gerenciamento de Processos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBM International Business Machines
ISO International Organization for Standardization
LSSP Laboratório de Simulação de Sistemas de Produção
ME Manufatura Enxuta
MIE Benchmarking Made in Europe
NBR Norma Brasileira
OHSAS Occupational Health and Safety Advisory Services
ONUDI Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento
Industrial
ONUDI-UNEP Programa Nacional de Centro de Produção mais Limpa
P+L Produção mais Limpa
P2 Prevenção da Poluição
PCP Planejamento e Controle da Produção
PF Performance PR Prática
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SETAC Society of Environmental Toxicology and Chemistry
SGA Sistema de Gestão Ambiental
22
SGI Sistema de Gestão Integrado
SGQ Sistema de Gestão da Qualidade
TBL Triple bottom line TPM Manutenção Produtiva Total
UNEP United Nations Environment Programme
UNIDO United Nations Industrial Development Organization-
Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
VSM Mapeamento do Fluxo do Valor
WBCSD Word Business Council for Sustainable Development-
Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
WCED Word Commission on Environment and Development
23
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................25
1.1 OBJETIVO.......................................................................................27
1.1.1 Objetivo geral...............................................................................27
1.1.2 Objetivos específicos....................................................................27 1.2 CONTRIBUIÇÃO............................................................................28
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...............................................28
2. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL...................................................................................31
3. ECOEFICIÊNCIA..........................................................................33
3.1 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV).................................34
3.2 DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE).........................................35
3.3 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L).................................................36
3.3.1 Rede da Produção mais Limpa..................................................38
3.3.2 Técnicas de fim de tubo e a Produção mais Limpa..................40
3.3.3 Benefícios da Produção mais Limpa..........................................41
3.3.4 Obstáculos para implantação da Produção mais Limpa.........42
3.3.5 Fases para implementação da produção mais Limpa..............43 3.4 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (SGI)...............................46
3.4.1 Produção mais Limpa e o Sistema de Gestão Ambiental........49
4. MANUFATURA ENXUTA.............................................................51
5. BENCHMARKING...........................................................................59
5.1 MÉTODO DO BENCHMARKING ENXUTO E ENCHMARKING
MADE IN EUROPE…………………………………………….….….60
6. METODOLOGIA............................................................................65
6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA………………………………66
6.2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA……….…67
6.2.1 Formulação do problema da pesquisa.......................................67
6.2.2 Visão geral do método.................................................................68
6.2.3 Definição da unidade-caso e do número de casos.....................69
6.2.4 Instrumento da coleta de dados..................................................71
7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...............95 7.1 CARACTERIZAÇÃO E DESCRIÇÃO GERAL DAS
EMPRESAS…………………………………………………………...95
7.2 RESULTADO DO BENCHMARKING DA PRODUÇÃO MAIS
LIMPA .................................................................................................. 98
7.2.1 Resultado geral das práticas e erformance.............................99
24
7.2.2 Resultado dos indicadores para cada variável de pesquisa...103
7.2.3 Maiores diferenças entre as três empresas com melhores
resultados e a média das empresas pesquisadas..............................123
7.2.4 Maiores diferenças entre as três empresas com piores
resultados e a média das empresas pesquisadas..............................126
7.2.5 Maiores diferenças entre as empresas E07 e E10 com relação à
média das notas das empresas do primeiro quadrante...................129 7.3 CARACTERIZAÇÃO DA MANUFATURA ENXUTA…..........133
7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO..........................138
8. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS...........................................................................................141
8.1 CONCLUSÕES ............................................................................ 141
8.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS………………..147
REFERÊNCIAS………………………………………………….…149
APÊNDICE A- DOCUMENTO AUXILIAR AO INSTRUMENTO
DE COLETA DOS DADOS..............................................................161
25
1. INTRODUÇÃO
As espécies buscam constantemente melhores condições de
sobrevivência, o que acaba por provocar alterações no planeta Terra,
podendo levar a um desequilíbrio no planeta, principalmente quando se
considera o aumento populacional. O homem, por sua vez, desenvolve
diversas atividades com a finalidade de prolongar a sobrevivência, e
consequentemente efetua alterações nesse sistema ambiental. Uma das
principais ações humanas que vem impactando diretamente o meio-
ambiente é a industrialização. Além disso, os produtos fabricados pelo
homem frequentemente agem de forma negativa sobre o meio-ambiente
ao longo de todo o ciclo de vida.
Diante da percepção dos impactos gerados ao meio-ambiente, as
empresas resolveram investir e modificar processos e produtos com a
finalidade de se tornarem mais sustentáveis. Na atualidade as empresas
estão considerando, no âmbito de suas operações, o estabelecimento de
metas em relação ao cuidado do meio-ambiente, as quais vêm sendo
influenciadas principalmente pelo comportamento dos clientes, pela
necessidade de obter alternativas que gerem menos custo às empresas e
pela qualidade obtida no final de todos os processos.
Os clientes são cada vez mais exigentes com a qualidade dos
produtos que adquirem, com as matérias-primas envolvidas no processo
de fabricação, e mais recentemente com o impacto ambiental gerado no
referido processo, e esta é uma mudança significativa nos negócios.
No âmbito das práticas mais significativas de sustentabilidade
aplicadas à cadeia de valor das empresas destacam-se: as técnicas de
Produção mais Limpa (P+L), o Sistema de Gestão Ambiental e algumas
técnicas da Manufatura Enxuta entre outras.
A Produção mais Limpa significa a aplicação contínua de uma
estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e
produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso das matérias-primas,
água e energia através da não geração, minimização ou reciclagem de
resíduos gerados em todos os setores produtivos (CNTL, 2003). Logo, a
Produção mais Limpa visa proporcionar ações preventivas com a
finalidade de garantir ações que minimizem o impacto no meio-ambiente e evitar que ações sejam realizadas somente na saída do
sistema produtivo.
O objetivo principal da manufatura enxuta é o ataque sistêmico à
muda, uma palavra de origem japonesa que significa perda. São
exemplos de muda os excessos de setup (preparação), grandes
26
inventários, trabalho desnecessários em processo, defeitos em materiais
e/ou produtos que requerem retrabalho ou consertos, áreas
desordenadas, superprodução, movimentos desnecessários de pessoas,
transportes desnecessários de materiais, sobretudo do tempo ocioso
(HAMPSON, 1999; ROBINSON; SCHROEDER, 1992).
A Produção mais Limpa aborda ferramentas que associam
benefícios econômicos, sociais e ambientais às atividades de uma
organização, enquanto a Manufatura Enxuta é um conceito cujas
técnicas eliminam desperdícios e aumentam a qualidade dos produtos.
Considera-se que a aplicação tanto da Manufatura Enxuta como
da Produção mais Limpa contribui para a melhoria da competitividade
das indústrias, pois ambas têm como benefícios, por exemplo, o
aumento da produtividade, melhoria da qualidade, otimização na
utilização da matéria-prima, dos insumos e outros recursos, fatores esses
de importância relevante face à necessidade da busca contínua da
excelência empresarial no mundo atual.
Neste contexto, baseado na metodologia do Benchmarking
Enxuto e Benchmarking Made in Europe, é desenvolvido neste trabalho
um método para diagnóstico da cultura e prática da Produção mais
Limpa, e são avaliados os prática da Manufatura Enxuta, para verificar a
sua contribuição para a Produção mais Limpa.
O método do benchmarking a ser proposto para avaliação da
Produção mais Limpa aborda aspectos de variáveis como
administração/responsabilidade, gestão de pessoas, informações,
desenvolvimento de produtos, processos produtivos e a relação entre
fornecedores, clientes e a organização. Estas variáveis são importantes
para a aplicação e obtenção da Produção mais Limpa dentro das
empresas.
Muitas vezes as empresas não apresentam uma estrutura voltada
para a Produção mais Limpa, mas em virtude de ações no âmbito da
Manufatura Enxuta acabam contribuindo de forma indireta para a
obtenção da Produção mais Limpa. Desta forma, foi desenvolvido um
checklist com as práticas da Manufatura Enxuta que contribuem para a
redução de desperdícios e, portanto, favorecem uma produção mais
sustentável. Isto foi feito com a finalidade de verificar as ações das
empresas referentes à Manufatura Enxuta que favorecem a obtenção da
Produção mais Limpa.
27
1.1 OBJETIVO
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo principal consiste no desenvolvimento para a análise
das práticas e ações preventivas da Produção mais Limpa dentro das
empresas considerando aspectos do processo produtivo,
desenvolvimento de produtos, relação entre organização e os clientes e
fornecedores, o apoio e disseminação dos conceitos pela gerência,
disponibilidade de informação sobre a P+L para todos os colaboradores
e se há treinamento para desenvolver a cultura de prevenção ambiental
dentro da empresa
1.1.2 Objetivos específicos
a) Identificar se as empresas realmente estão preocupadas em
relação à questão de sustentabilidade (isto é, com o meio-
ambiente), e se realmente estão desenvolvendo ações com a
finalidade de agir de forma preventiva e não com soluções
denominadas de “fim do tubo” (“end-of-pipe”);
b) Analisar no método do Benchmarking da Produção mais Limpa
proposto os aspectos inerentes ao desenvolvimento de produto,
processo produtivos, informações,
administração/responsabilidade, pessoas e a relação existente
entre fornecedor, cliente e a organização. Estes aspectos são
importantes para avaliar as ações adotadas pelas empresas
destinadas à Produção mais Limpa;
c) Descrever o grau da cultura organizacional em empresas
referente à aplicação da Produção mais Limpa por meio do
benchmarking ambiental, e entender quais são as principais
ações e investimento para a identificação das ações preventivas
destinadas ao meio-ambiente;
d) Verificar a aplicação e contribuição da Manufatura Enxuta para a Produção mais Limpa por meio da análise da utilização das
práticas da Manufatura Enxuta, considerando aqueles
contribuintes para a Produção mais Limpa;
28
e) Identificar se as empresas investem de forma conjunta ou
separada para o desenvolvimento da Produção mais Limpa e da
Manufatura Enxuta, tendo em vista que ambos favorecem o
desenvolvimento de ações preventivas.
1.2 CONTRIBUIÇÃO
O trabalho apresenta uma contribuição pioneira por desenvolver
um método para diagnóstico e avaliação da Produção mais Limpa por
meio de um benchmarking (ZAIRI, 1992 apud MAZO, 2003).
Academicamente se espera que o método desenvolvido neste trabalho
seja aplicado no futuro em pesquisas e estudos de casos de outras
empresas. As contribuições para a indústria ocorrem na realização de
um diagnóstico quanto às práticas, performances e potencial de
implantação da Produção mais Limpa. Através dos resultados de prática
e performance pode-se identificar os pontos mais críticos, e com esta
informação as empresas poderão desenvolver ações focadas nos casos
que carecem mais atenção. Além disso, possibilitará entender se há
relação nas ações de melhorias desenvolvidas pelas empresas
considerando o trabalho em conjunto entre a Manufatura Enxuta e a
Produção mais Limpa visando menor impacto ambiental.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O presente trabalho foi estruturado da seguinte forma:
No Capítulo 1 apresenta-se uma breve introdução sobre o que é
abordado neste trabalho, bem como o objetivo principal e os objetivos
específicos e as contribuições da pesquisa desenvolvida.
A revisão bibliográfica sobre os temas presentes nessa
dissertação foram apresentados da seguinte forma: no Capítulo 2 serão
apresentados os aspectos relacionados à sustentabilidade; no Capítulo 3
é abordada a ecoeficiência; o Capítulo 4 compreende o tema da
Avaliação do ciclo de vida (LCA – Lifecycle Assessment); o Capítulo 5
descreve o tema Projeto para o Meio-Ambiente (DFE - Design for Environment); o Capítulo 6 destina-se ao detalhamento sobre a
Produção mais Limpa (P+L); o Capítulo 7 por sua vez aborda o tema de
Sistema de Gestão Integrada; no Capítulo 8 busca-se descrever as
29
práticas da Manufatura Enxuta; e o Capítulo 9 faz a abordagem do
Benchmarking.
O Capítulo 10 apresenta a metodologia de pesquisa empregada
nesta dissertação, bem como a estruturação da pesquisa. Logo, é
abordado nesse capítulo o método Benchmarking da Produção mais
Limpa que será utilizado na pesquisa do diagnóstico de práticas e
performance das empresas quanto à Produção mais Limpa. Além disso,
é apresentado na metodologia o checklist da Manufatura Enxuta (ME)
desenvolvido com o intuito de avaliar as práticas da ME utilizados pelas
empresas e que contribuem para a obtenção de uma Produção mais
Limpa.
No capítulo 11 é feita a apresentação e análise dos resultados da
pesquisa de campo. Por fim, o capítulo 12 apresenta as conclusões
obtidas com o desenvolvimento do trabalho e propõe sugestões para
trabalhos futuros.
31
2. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
O termo desenvolvimento sustentável foi publicado no livro
Our Common Future em 1987, em um documento denominado
Relatório Brundtland, elaborado pelo WCED - Word Commission on
Enviromentand Development, onde este termo é definido como o
“desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades” (WCED, 1991 [1987]).
Logo, a expressão “desenvolvimento sustentável” foi cunhada visando
incluir os processos decisórios e políticos baseados na interdependência
e complementaridade de crescimento econômico e preservação do meio-
ambiente.
Conforme LÉLÉ (1991), embora “desenvolvimento
sustentável” e “sustentabilidade” sejam termos comumente utilizados de
maneira análoga, os mesmos não são sinônimos. Munck e Souza (2009)
mencionam que o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade
buscam os mesmos objetivos, mas o “desenvolvimento sustentável” é
considerado uma meta mais ampla que a sustentabilidade. Para esses
mesmos autores o termo “desenvolvimento sustentável” é aceito como
aquilo a ser alcançado pela soma e equilíbrio das ações e processos
individuais e organizacionais, enquanto a “sustentabilidade” é
compreendida como o equilíbrio conquistado em cada ação e processo
organizacional que vislumbre preocupações de longo prazo em seus
cotidianos.
As empresas ao desenvolverem suas atividades consomem não
somente recursos financeiros, mas também recursos ambientais e
sociais. A partir dessa consideração Elkington (1999) desenvolveu a “tri
pé da sustentabilidade” (triple bottom line - TBL), algumas vezes
denominada “Tripé da Sustentabilidade”, a qual traduz uma perspectiva
cada vez mais aceita tanto pela sociedade quanto pelas organizações. A
TBL sugere que o desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e
justiça social são relevantes para a compreensão da sustentabilidade.
Conforme Lorenzetti, Cruz e Ricioli (2008), o pilar econômico
representa a geração de riqueza pela e para a sociedade, mediante o
fornecimento de bens (duráveis) e serviços; o pilar ambiental refere-se à
conservação e ao manejo dos recursos naturais, e o pilar social diz
respeito ao alcance da igualdade e a participação de todos os grupos
sociais na construção e manutenção do equilíbrio do sistema,
32
compartilhando direitos e responsabilidades. A Figura 1 mostra que os
três elementos da sustentabilidade (social, ambiental e econômico)
devem agir de forma integrada para que se alcance o desenvolvimento
sustentável.
Figura 1- Elementos da Sustentabilidade
Fonte: Adaptado de Savitz e Weber (2007).
Conforme há inter-relação entre o desenvolvimento econômico
e a preservação ambiental favorece a formação da ecoeficiência. A
justiça socioambiental ocorre quando a organização consegue integrar
simultaneamente o desenvolvimento social com o capital natural, e
passa a tratar de equalização da distribuição dos benefícios ambientais
entre diferentes grupos sociais (MUNK; SOUZA, 2009).
De acordo com Savitz e Weber (2007, p.2), a empresa
sustentável é aquela que “gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo
em que protege o meio-ambiente e melhora a vida das pessoas com que
mantém interações”. Nessa mesma linha de raciocínio, Munck e Souza
(2009) assumem que ações organizacionais sustentáveis são aquelas
responsáveis por causar o menor impacto ambiental mediante as suas
atividades operacionais, e estão simultaneamente preocupadas em
promover um desenvolvimento socioeconômico que propicie a
sobrevivência de gerações presentes e futuras.
De acordo com Barbieri (2007), não se pode ignorar a
necessidade contínua do desenvolvimento. As empresas precisam
modificar suas estruturas e procedimentos, adotando tecnologias que
poluam menos, sem diminuir lucros e aumentar custos. Conforme
Romeiro et al. (2008), é necessário investir em longo prazo, bem como é
importante parar de agir sob os efeitos do capitalismo selvagem. Os
agentes econômicos precisam adotar soluções estratégicas para
promover o desenvolvimento sustentável.
(PESSOAS)
Inserção
Social
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL Ecoeficiência (Planeta)
DESENVOLVIMENTO SOCIALJustiça
SocioambientalPreservação e conservação
ambiental
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
(Lucro)
33
3. ECOEFICIÊNCIA
No contexto empresarial brasileiro, o Conselho Empresarial
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) sugere que a
ecoeficiência seja uma significativa ligação entre eficiência dos recursos
(que leva à produtividade e lucratividade) e responsabilidade ambiental.
Portanto, ecoeficiência é o uso mais eficiente de materiais e energia, a
fim de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais. A
ecoeficiência por si só integra somente dois dos três elementos da
sustentabilidade: a econômica e a ambiental. Portanto, o progresso
social não é considerado pela ecoeficiência.
Conforme o Centro Nacional de Tecnologia Limpa (2008), as
estratégias fundamentais para a ecoeficiência são enumeradas como
sendo: (a) processos ecoeficientes; (b) revalorização de resíduos e
subprodutos; (c) criação de novos e melhores produtos; e (d) alterações
das relações entre consumidor e mercado. Desta maneira, a melhoria e a
criação de novas funcionalidades tanto dos serviços quanto de produtos
permitem melhor desempenho ambiental e favorece a obtenção da
ecoeficiência. Estas inovações, além das eventuais reduções de custos
alcançadas, proporcionam às empresas novas e mais rentáveis
oportunidades de negócio.
Já Lehni (apud HOLLIDAY; SCHMIDHEINY; WATTS, 2002,
p.121) cita que o WBCSD (Word Business Council for Sustainable Development - Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável) identificou sete possíveis contribuições dos negócios que
venham a favorecer e melhorar a sua ecoeficiência, uma vez que esses
sete elementos relacionam-se com os objetivos de reduzir o consumo de
recursos e o impacto sobre a natureza e aumentar o valor dos produtos e
serviços. As setes contribuições são: reduzir a quantidade de material
utilizado, reduzir a quantidade de energia, reduzir a dispersão de
substâncias tóxicas, ampliar a reciclabilidade, maximizar o uso de fontes
renováveis, aumentar a durabilidade do produto e aumentar a
intensidade de serviços.
Dentre as oportunidades para desenvolver a ecoeficiência, tem-
se: reorientação dos processos e revalorização dos subprodutos.
Contudo, as empresas encontram-se ainda voltadas e preocupadas com
as exigências legais e a gestão reativa, ao invés de adotarem a
ecoeficiência como um fator de competitividade e de diferenciação no
mercado.
34
Para Montgomery (2013) existem algumas barreiras que
dificultam a aplicação e implantação da ecoeficiência nas empresas, que
são: a falta de restrições legislativas consistentes nos países; a inércia
em geral, ou seja, o desejo de fazer as coisas do jeito que sempre é feito
e que deu certo; a crença de que perspectivas ambientais significam
custos adicionais, redução de desempenho ou perda de clientes; e análise
incompleta do custo da vida útil do produto. Essas dificuldades poderão
ser superadas mediante a mudança na legislação e fazendo investimento
na educação e conscientização.
Para as organizações produtivas conseguirem alcançar a
ecoeficiência, elas devem lançar mão de instrumentos que viabilizem
este feito. Segundo as recomendações do WBCSD os instrumentos são:
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Certificação Ambiental, Emissão
Zero (ZERI), Gerenciamento de Processos (GP), Avaliação do ciclo de
vida (ACV), Processos de Produção mais Limpa (P+L) (ALMEIDA,
2002). A escolha de quais instrumentos a empresa irá utilizar depende
de uma série de fatores como, por exemplo, as políticas internas e a
capacidade da organização, a natureza que a empresa tem com o
ambiente natural, o grau de controle sobre o design do produto, a cadeia
de fornecedores e o mercado em particular.
Cabrera (2010) realizou um estudo das ferramentas da
ecoeficiência, e a autora verificou que as mesmas podem ser
classificadas quanto a produto, processos e cadeia produtiva. A mesma
autora concluiu que as ferramentas destinadas às melhorias dos produtos
de forma a minimizar os impactos ambientais são: Avaliação do Ciclo
de Vida e Análise de Risco. Nos processos industriais aplicam-se
instrumentos como Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Produção mais
Limpa e Prevenção da Poluição (P2). As ferramentas para a obtenção da
ecoeficiência na cadeia produtiva são o Projeto para o Meio-Ambiente
(DFE - Design for Environment) e Ecologia Industrial.
3.1 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV)
Para a SETAC (Society of Environmental Toxicology and
Chemistry), a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV ou LCA – Lifecycle Assessment) é um processo para avaliar as cargas ambientais associadas
ao produto, processo e/ou atividade. A avaliação consiste em identificar,
quantificar e determinar oportunidades de melhorias. A ACV inclui todo
o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, envolvendo a extração
e processamento de matérias-primas; fabricação, transporte e
35
distribuição; uso, reuso, manutenção; reciclagem; e descarte final
(Duarte, 1997). Desta forma, utiliza-se a ACV com a finalidade de se
tomar decisões assertivas e confiáveis de forma que haja o menor
impacto possível ao meio-ambiente, vale destacar que o método ACV
não trata dos aspectos econômicos e sociais.
Conforme Capparelli (2010, p.36), muitas empresas estão
percebendo a importância de utilizar instrumentos ambientais que
permitem a capacidade de investigar os impactos ambientais de seus
produtos e processos mediante uma perspectiva de ciclo de vida.
Orientações qualitativas, listas de verificação e avaliação quantitativa do
ciclo de vida são instrumentos importantes para fornecer as informações
necessárias sobre quais materiais selecionar ou identificar os principais
impactos ambientais associados.
A norma ISO 14040 (2001), que tem a finalidade de
regulamentar os aspectos de controle ambiental, estabeleceu
internacionalmente a definição para Avaliação do Ciclo de Vida como
sendo: a compilação e avaliação das entradas, das saídas e dos impactos
ambientais potenciais de um sistema de produto ao longo de seu ciclo de
vida, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de recursos naturais
ao descarte final.
A Avaliação do Ciclo de Vida permite analisar o produto ou
serviço do “berço” ao “túmulo”. Portanto, a ACV é considerada uma
técnica de gestão ambiental que permite avaliar os aspectos ambientais e
potenciais impactos associados a um sistema (produto e serviço) ao
longo de todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde a extração da matéria-
prima, sua produção e utilização até o descarte final.
3.2 DESIGN FOR ENVIRONMENT (DFE)
O DFE procura antever ou antecipar os impactos ambientais
ainda na fase de projeto. As concepções DFX (Design for X – Design
para “algo”), onde a letra “X” representa o objetivo com o qual o projeto
está relacionado, tiveram início nos anos 1990, dando origem a diversos
outros conceitos: DFA (Design for Assembly), DFD (Design for
Disassembly), DFR (Design for Recycling) e DFE (Design for Environment). O DFX pode ser considerado como parte de um conceito
geral da ACV. Este conceito tem grande aceitação como método apto a
quantificar as intervenções ambientais e avaliar as opções de melhorias
no ciclo de vida de um processo, produto ou atividades geradas pelas
36
atividades industriais e seus produtos comercializados (AZAPAGIC,
1999).
De utilização genérica, o termo “design para o meio-ambiente”,
(Design for Environment– DFE) ou ecodesign, constitui-se como um
dos componentes do conceito de Produção Ambientalmente
Responsável, e incorpora as questões ambientais no processo de design
e redesign de produto, processos, sistemas técnicos e de gestão.
O DFE é uma técnica de projeto de produto na qual os objetivos
usuais de projeto, tais como desempenho, confiabilidade e custo de
manufatura são considerados conjuntamente com objetivos ambientais,
tais como redução em danos ambientais, redução do uso de recursos
naturais, incremento da eficiência energética e reciclagem de materiais
(FIKSEL, 1996 apud BORCHARDT et al., 2012). As práticas de DFE
destinam-se a desenvolver produtos compatíveis com o meio-ambiente e
processos, de forma a manter o produto, preço, desempenho e qualidade
(GRAEDEL, 2003 apud RAMANI et al., 2010).
Conforme Ramani et al. (2010), a Avaliação do Ciclo de Vida e
o DFE compõem um forte elo, sendo que o ACV fornece a estrutura
para analisar os impactos ambientais associados a um produto, enquanto
o DFE é o veículo para a aplicação prática da avaliação. Os principais
temas enfocados no DFE são: seleção de materiais, redução dos
impactos durante a manufatura, uso do produto, reciclagem e reuso de
produtos e componentes, extensão da vida útil de produtos e de seus
componentes e Descarte final seguro.
3.3 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L)
A Produção mais Limpa (P+L) é a aplicação de uma estratégia
técnica, econômica e ambiental integrada aos processos e produtos, a
fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia,
mediante a não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e
emissões geradas, com benefícios ambientais, econômicos e de saúde
ocupacional (CETESB, 2009 apud WERNER, E. M.; BARCAJI, A. C.;
HALL 2009). A P+L considera a variável ambiental em todos os níveis
da empresa, que incluem a compra de matéria-prima, engenharia de produto, o design, pós-venda, bem como relaciona questões ambientais
com fatores econômicos da empresa.
De acordo com UNEP/Unido (2012), a Produção mais Limpa
pode ser definida como uma estratégia ambiental preventiva aplicada de
forma contínua e integrada a processos, produtos e serviços, para
37
aumentar a ecoeficiência e reduzir riscos para os seres humanos e o
meio-ambiente. A Figura 2 apresenta como a P+L é aplicada.
Figura 2- Principais elementos do conceito de Produção mais Limpa
Fonte: Adaptado de UNEP/ UNIDO (2012).
O conceito da P+L aplicado a processos objetiva a conservação
de matérias-primas e energia, eliminando matérias-primas tóxicas e
buscando reduzir a toxidez de todos os resíduos antes destes serem
gerados no processo produtivo. Para produtos, o conceito enfoca o ciclo
de vida de um produto e busca a redução do impacto ambiental desde a
extração de matérias-primas até o seu descarte final. O conceito de
Produção mais Limpa no setor de serviços introduz as preocupações
com o design e entrega de serviços (VAN BERKEL, 2000).
A estrutura desenvolvida do controle da poluição é um
incentivo à adoção da P+L, visto que os custos adotados para as técnicas
de fim de tubo (“end-of-pipe”) se tornam mais elevados, e esta redução
de gastos favorece o retorno econômico dos investimentos em melhorias
de processos. Entretanto, em países onde a legislação ambiental ainda
não está bem estruturada, a Produção mais Limpa é oferecida como uma
oportunidade de redução do impacto ambiental, contribuindo, portanto,
para a preservação do meio-ambiente.
A Produção mais Limpa também amplia a abordagem em
relação ao controle da poluição por extrapolar os limites das fábricas ou
serviços. Os procedimentos de controle enfocam apenas as saídas dos
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
É uma ESTRATÉGIA
PREVENTIVA, INTEGRADA e
CONTÍNUA para modificar
Produtos Processos Serviços
Para aumentar a EFICIÊNCIA
que resulta em
REDUÇÃO DE
RISCOS
Melhor DESEMPENHO
AMBIENTAL e REDUÇÃO
DE CUSTOS
VANTAGEM
COMPETITIVA
38
processos, enquanto a P+L adota a ACV do produto ou serviço para
avaliar toda a carga ambiental associada aos mesmos.
Desta forma, a P+L atua de forma mais abrangente e
diretamente na fonte, sendo que busca avaliar, por exemplo: os
processos de extração e qualidade das matérias-primas; a energia
utilizada (geração, distribuição e consumo); tipo de transporte utilizado
para que o processo seja abastecido até a distribuição dos produtos; as
características e volume das embalagens adotadas, considerando a
destinação da mesma após o uso e a possibilidade de destino para
reciclagem; o uso e destino final do produto após o término da sua vida
útil (como, por exemplo, reciclagem e as implicações do descarte dos
resíduos).
A P+L recebe outras designações para a mesma função que
desenvolve como, por exemplo, a Prevenção à Poluição (ou P2). Na
América do Norte utiliza-se a sigla P2, enquanto que a sigla P+L é
utilizada em outras partes do mundo. Logo, tanto a Produção mais
Limpa quanto a Prevenção à Poluição têm uma estratégia comum e
contínua visando minimizar o impacto ambiental mediante a redução na
fonte, eliminação de resíduos ao longo do processo ao invés do fim do
tubo (UNEP, 2001, BASU e VAN ZYl, 2006, CAPPARELI, 2010).
Gasi e Ferreira (2006) consideram a P+L mais abrangente, sendo um
conceito menos técnico e preciso que a P2.
3.3.1 Rede da Produção mais Limpa
A partir de 1994, a UNEP (United Nations Environment Programme), em parceria com a Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (ONUDI), estabeleceu o programa Centro
Nacional de Produção mais Limpa (CNPML), com vistas a incentivar a
criação de centros de P+L, em especial nos países que se encontram em
desenvolvimento. Nesse programa o ONUDI atua como agência
executiva, administrando os recursos financeiros e provendo orientação
técnica nos processos industriais abordados pelos centros, enquanto a
UNEP fica com a responsabilidade por disseminar conceitos, desenvolver estratégias, ferramentas, políticas e disponibilizar materiais
sobre P+L (CETESB, 2005).
O Programa Nacional de Centro de Produção mais Limpa da
ONUDI-UNEP (NCPC Programme) foi lançado com o objetivo de
aumentar a competitividade e capacidade produtiva das empresas (em
39
particular, as pequenas e médias empresas) mediante a implantação de
P+L e da aplicação, adaptação e difusão de tecnologias a favor do meio-
ambiente.
A missão dos Centros Nacionais de Produção mais Limpa é a
promoção da estratégia da P+L junto às organizações públicas e
privadas, além da capacitação da mão de obra local para atender as
demandas do país ou região.
Em 1995 a Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e o Programa das Nações Unidas
(UNEP) conjuntamente deram início ao programa de Centros de
Produção mais Limpa. A finalidade desses centros é fornecer
treinamentos e conselhos de forma que possibilite as empresas
encontrarem melhores soluções para problemas relacionados a danos ao
meio-ambiente.
O CNTL (Centro Nacional de Tecnologias Limpas) é o centro
de P+L no Brasil. Ele foi o primeiro Núcleo de Produção mais Limpa do
Brasil, instalado em 1995 no SENAI (Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial) do Rio Grande do Sul, instituição do sistema
FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
O papel dos Centros Nacionais de Produção mais Limpa é
promover a Produção mais Limpa nas empresas e nas políticas
governamentais em harmonia com as condições locais e desenvolver
capacidade técnica local. Os centros oferecem seis serviços básicos:
divulgação dos benefícios dessa estratégia, assistência técnica
personalizada às empresas, treinamento de especialistas e construção da
capacidade local, disseminação de informações técnicas, apoio no
preparo de projetos para investimento e ajuda ao governo local (UNIDO
e UNEP, 2012).
Em 1999 o SEBRAE Nacional (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), o CEBDS e o CNTL iniciaram a
implantação da Rede Brasileira de Produção mais Limpa (CEBDS,
2012). Os principais objetivos para a implantação da Rede Brasileira de
Produção mais Limpa são: disseminar a prevenção como instrumento de
minimização de impactos ambientais; estimular o setor produtivo a
adotar práticas e tecnologias baseadas na Produção mais Limpa;
incentivar o desenvolvimento e a divulgação de tecnologias “limpas”;
apoiar a implantação de núcleos de Produção mais Limpa nas diversas
regiões do país; e consolidar um sistema de dados e informações sobre
experiências de Produção mais Limpa no Brasil.
40
3.3.2 Técnicas de fim de tubo e a Produção mais Limpa
A diferença existente entre a abordagem de Produção mais
Limpa e a de fim de tubo é que a segunda não se preocupa em verificar
as causas que levaram à degradação do meio-ambiente. Logo, técnicas
de fim de tubo tipicamente solucionam o problema na saída sem
identificar o motivo. Por outro lado, a P+L busca efetuar um
direcionamento para as causas da geração do resíduo e o entendimento
das mesmas.
Conforme descrito no documento UNEP/UNIDO (2012), a
Produção mais Limpa é uma estratégia “ganha-ganha”, protegendo o
meio-ambiente, o consumidor e o trabalhador, enquanto melhora a
eficiência industrial e a competitividade. O Quadro 1 aborda as
diferenças existentes entre a técnica de Fim de Tubo e a P+L.
Quadro 1- Diferenças entre P+L e técnica de fim de tubo
Fonte: Adaptado CNTL (2003).
No caso da P+L seu objetivo é integrar os aspectos ambientais
aos processos de produção a fim de reduzir os resíduos e as emissões em
termos de quantidade e periculosidade, mediante uma abordagem
preventiva aliada à responsabilidade financeira adicional trazida pelos
custos de controle da poluição e dos tratamentos de final de tubo
(CNTL, 2003; NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008;
RODRIGUES, PADILHA E MATTOS, 2011).
A P+L busca alternativas como, por exemplo, reciclagem
interna, boas práticas operacionais, substituição de matéria-prima,
modificação tecnológica e modificação no produto. Logo, ela atua com
foco no processo e no desenvolvimento de produtos visando a
41
prevenção e a degradação do meio-ambiente. A Figura 3 ilustra as
maneiras em que a P+L atua visando a ecoeficiência.
Figura 3- P+L versus técnica de fim de tubo
Fonte: CNTL (2003).
3.3.3 Benefícios da Produção mais Limpa
Com a implantação da P+L a empresa poderá conhecer melhor
seu processo industrial mediante o constante monitoramento para a
manutenção e desenvolvimento de um sistema ecoeficiente de produção.
Segundo CNTL (2003), a Produção mais Limpa deve ser integrada ao
Sistema de Qualidade, Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde
Ocupacional, proporcionando o completo atendimento do sistema de
gerenciamento da empresa.
As vantagens, tanto econômicas como ambientais, obtidas com
a implantação de medidas de Produção mais Limpa são muitas, e são
ressaltadas por diversos autores. Dentre elas pode-se citar (FIESP e
CIESP, 2005, p. 13; ADLER e KIEPPER, 2001, p. 24; LORA, 2000, p.
79-80 e CARDOSO, 2006, p. 31):
Redução do consumo de matérias-primas e insumos,
proporcionando a conservação de recursos naturais;
Redução do volume e da carga a serem tratados nas estações de
tratamento de água e efluentes líquidos, dispensando a
necessidade de investimento para a ampliação de suas
capacidades de operação;
42
Redução de materiais a serem descartados em aterros, elevando a
vida útil dos mesmos;
Redução de custos, o que faz aumentar a competitividade e o
lucro;
Redução do número de acidentes, alcançando-se melhor saúde,
segurança ocupacional e moral dos funcionários, advindas com as
melhorias no ambiente de trabalho;
Facilidade para cumprir a legislação ambiental.
Além disso, há também melhoria do produto e do processo e a
aplicação de novas tecnologias, ações estas que possibilitam um
diferencial no mercado e, consequentemente, podem favorecer o
aumento da competitividade. Há também favorecimento da imagem da
empresa.
3.3.4 Obstáculos para implantação da Produção mais Limpa
Segundo UNIDO (2001 apud MELLO, 2002, p.36-37), as
principais barreiras para a implementação de P+L nas empresas podem
ser classificadas nas seguintes categorias:
Barreiras organizacionais: relacionadas ao não envolvimento dos
empregados, concentração de poder de decisão no proprietário da
empresa, alta rotatividade de pessoal técnico e falta de
reconhecimento das iniciativas dos empregados.
Barreira sistêmica: abrange falhas na documentação da empresa,
bem como falta de controle e registros dos seus gastos, bem como
a inexistência ou carência de promoção profissional.
Barreiras de atitudes: a cultura relacionada a melhores práticas de
operação são inconsistentes e/ou falhas, falta de liderança, a
supervisão é ineficaz, a segurança no trabalho é inadequada, além
do medo de cometer erros.
Barreiras econômicas: nesse caso verifica-se predomínio de
preços baixos e disponibilidade abundante de recursos, não
existindo interesse em projetos de P+L por parte das instituições
financiadoras. Não há inclusão dos custos ambientais na análise
econômica, planejamento inadequado dos investimentos, os
capitais são restritos a investimentos rápidos e de pequeno valor,
além da predominância de incentivos fiscais à produção.
43
Barreiras técnicas: a infraestrutura é falha, a mão de obra é
limitada ou não está disponível, acesso às informações técnicas
são limitadas, a tecnologia e a infraestrutura são limitadas.
Barreiras governamentais: a política de preços adotada tem
relação com determinados serviços públicos, ênfase no fim do
tubo, políticas ambientais de isenção fiscal, e falta de incentivos
para esforços de redução de resíduos.
Outras barreiras: ausência de apoio da organização, falta de
pressão pública para o controle da poluição, sazonalidade nos
processos de produção e espaço limitado no leiaute das empresas.
3.3.5 Fases para implementação da produção mais Limpa
A metodologia de implantação da Produção mais Limpa,
segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), divide-se
em cinco etapas, conforme mostrado na Figura 4.
Figura 4- Fases para Implantação da P+L
Fonte: Nascimento, Lemos e Mello (2008).
Na Fase 1, chamada de pré avaliação, são estabelecidos os
limites e o foco de aplicação da Produção mais Limpa, sendo necessária
a avaliação prévia da planta, do potencial da aplicação da P+L e análise
do tempo que será demandado para implantação da mesma. Portanto,
devem-se buscar objetivos básicos: obter comprometimento gerencial,
definir a amplitude da avaliação (toda a planta industrial ou processo
previamente selecionados), identificar as barreiras à implementação e
busca das soluções para possibilitar que o programa tenha continuidade,
estabelecer qual estratégia será adotada para a execução do trabalho
(definir o tempo de aplicação da metodologia e os horários para a
capacitação e sensibilização dos funcionários) e estabelecer o "ecotime"
44
(equipe capacitada e sensibilizada, que deverá disseminar os
fundamentos da Produção mais Limpa por toda a empresa).
A Fase 2 consiste na avaliação do processo nesta etapa é
imprescindível a análise detalhada do fluxograma, permitindo, portanto,
a visualização e a definição do fluxo qualitativo de matéria-prima, água
e energia no processo produtivo, visualização da geração de resíduos
durante o processo, agindo, desta forma, como uma ferramenta para
obtenção de dados necessários para a formação de uma estratégia de
minimização da geração de resíduos, efluentes e emissões. Após a
elaboração do fluxograma do processo produtivo são determinadas as
estratégias para identificação e quantificação dos fluxos de massa e
energia nas diversas etapas deste processo. A partir de todas as
informações obtidas no levantamento das informações (diagnóstico
ambiental e planilha dos principais aspectos ambientais) é selecionada a
atividade e/ou operação mais crítica.
A Fase 3 é a elaboração do diagnóstico ambiental e de
processos, nesta etapa elabora-se o balanço material, são estabelecidos
os indicadores, são identificadas as causas da geração de resíduos e são
verificadas as opções de Produção mais Limpa adequadas para agir nos
pontos críticos. Enfim, o diagnóstico deve avaliar e levantar
informações como, por exemplo: volume de produtos produzidos;
materiais utilizados como matéria-prima, auxiliares e insumos no
processo(s) produtivo(s); consumo de energia, água, combustível e
água; e existência ou não de efluentes e quais os sistema de tratamentos
utilizados.
A identificação dos indicadores é fundamental para avaliar a
eficiência da metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento
das medidas de Produção mais Limpa implantadas.
Na Fase 4 tem-se a elaboração do balanço ambiental,
econômico e tecnológico do processo produtivo,logo, busca-se nesta
fase identificar as opções de P+L mais adequadas, considerando os
aspectos econômicos, técnicos e ambientais. No balanço ambiental
avaliam-se os pontos críticos de geração de resíduos, assim como a
causa e suas consequências para o meio-ambiente.
Por fim, na Fase 5 é realizada a avaliação do balanço elaborado
(ambiental, econômico e tecnológico) e identificação de oportunidades
de Produção mais Limpa. Nesta fase é muito importante o
desenvolvimento do plano de implementação e do monitoramento para o
alcance da P+L.
Os três níveis iniciais de atuação e aplicação da P+L estão
representados na Figura 5, sendo que a Produção mais Limpa considera
45
o nível 1 como prioritário, e posteriormente o nível 2 e nível 3,
respectivamente. Tendo em vista que na P+L deve ser dada prioridade a
medidas que busquem eliminar ou minimizar resíduos, efluentes e
emissões nos processos produtivos nos quais são gerados, logo, na Fase
3, onde são identificadas as causas das gerações dos resíduos, busca-se
alternativas para minimizar ou não gerar resíduos sempre que possível
na fonte onde é gerado. Assim, a primeira alternativa para a Fase 3
consiste em buscar a solução primeiramente no nível 1, e caso não seja
possível busca-se alguma solução no nível 2, como opções que
permitam reciclagem interna no processo. Entretanto, caso não seja
viável nenhuma das situações anteriores, considera-se a possibilidade de
reciclagem externa desses resíduos.
Figura 5- Fluxo das gerações das opções da Produção mais Limpa
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Minimização de resíduos e
emissões
Reuso de resíduos e
emissões
Nível 1 Nível 2Nível 3
Redução na FonteReciclagem
Interna
Reciclagem
ExternaCiclo Biogênicos
Modificação no
produto
Modificação no
processo
Boas práticas de
P+L
Substituição de
matérias primas
Modificação
tecnológica
Estrutura Materiais
Fonte: Adaptado CNTL (2003).
Com relação aos níveis de atuação empregados na obtenção da
P+L, conforme CNTL (Figura 6), EPA (2007) define cinco categorias
de oportunidade de prevenção que são:
Mudança no produto: alteração na forma e material que compõem
o produto;
Substituição de matéria-prima e auxiliares;
46
Mudança tecnológica: abrange oportunidade de automação e
otimização de processo, modificações do design de equipamentos
e substituição de processos;
Boas práticas operacionais: são obtidas quando há modificações
nos procedimentos operacionais e gerenciais;
Reciclagem interna: permite o reaproveitamento de resíduos
sólidos, líquidos e atmosféricos nos processos produtivos onde
são gerados.
Cardoso (2004) afirma que, para a divulgação da P+L nas
empresas, é necessária a adoção de indicadores voltados a ações
preventivas, pois os indicadores possibilitam melhores informações e
acompanhamento.
A implantação da P+L, segundo Perretti et al. (2007), requer
um monitoramento por meio de indicadores ambientais e de processo
que proporcionem resultados relacionados ao uso ecoeficiente de
recursos, resultando em um completo entendimento do sistema de
gerenciamento da empresa.
3.4 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (SGI)
Segundo HENRIQUES e QUELHAS (2007 apud WERNER,
BARCAJI e HALL, 2009), o Sistema de Gestão Integrada (SGI),
conforme a Figura 6, combina processos, práticas e procedimentos
adotados por uma organização, para implementar uma política integrada,
atingir objetivos e traçar metas quanto à qualidade (NBR ISO 9001),
meio-ambiente (NBR ISO 14001), saúde e segurança no trabalho
(OHSAS 18001), entre outras variáveis, buscando eficiência
compartilhada, ao invés de utilizar sistemas de gestão isolados.
A adoção de um SGI apresenta como principais vantagens:
redução da duplicação de recursos internos e infra-estrutura, diminuição
do número de documentos e complexidade na organização, minimização
dos custos de implantação, certificação e manutenção dos sistemas,
melhora da gestão e desempenho organizacional.
47
Figura 6- Integração dos Sistemas de Gestão
Fonte: Adaptado Henriques e Quelhas (2007 apud WERNER,
BARCAJI e HALL, 2009).
A norma ISO 14001, Sistema de Gestão Ambiental (SGA), foi
desenvolvida com base na ISO 9001, Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ), e estas normas possuem muita semelhança e elevada ligação
entre elas. Ambos os sistemas possuem objetivos similares e induzem a
utilização de muitas ferramentas em comum. Desta maneira, algumas
organizações buscam potencializar seus resultados por meio da sinergia
alcançada com a integração, completa ou parcial, destes dois sistemas
(GRAEL; OLIVEIRA, 2007).
A norma ISO 14001 deixa clara a necessidade de integração
entre os conceitos de qualidade e meio-ambiente. A base para
elaboração de um SGA é a mesma para a elaboração de um SGQ. Essa
equivalência entre os modelos facilita o trabalho das organizações que
tenham com o objetivo de melhorar a qualidade ambiental de seus
processos (BISPO; CAZARINI, 2006).
A ISO 9001 fornece uma estrutura para definição e implantação
de uma linha base de garantia do sistema da qualidade, a qual é essencial
para desenvolver a melhoria contínua dos processos e técnicas, os quais
podem convenientemente servir de apoio à implantação da ISO 14001
(GRAEL e OLIVEIRA, 2010). A NBR ISO 9001 define os requisitos básicos para a
implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, sendo essa a norma
de certificação; e NBR ISO 9004, a qual fornece diretrizes para a
melhoria do desempenho de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)
e determina a extensão de cada um de seus elementos. A NBR ISO 9004
em conjunto com a NBR ISO 9001 forma um par consistente.
Água
Insumos
Matérias Primas
Energia Elétrica
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
P+l
Produtos
Ecologicamente
Corretos
Eliminação ou
minimização da
geração de resíduos
Gestão da
Qualidade
ISO 9001
Responsabilidad
e Social BS8800
Segurança e
Saúde
OHSAS 18001
Gestão
Ambiental
ISO 14001
48
A norma ISO 9001 estabelece requisitos para a gestão da
qualidade de uma organização, definindo os requisitos básicos de
implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade. O seu objetivo
consiste em prover confiança de que o produto a ser fornecido está
dentro dos padrões de qualidade exigidos, permitindo a previsibilidade,
minimizando os riscos e custos de operação, os quais são extremamente
importantes para os resultados econômicos e sociais de uma
organização.
Conforme o estudo desenvolvido por King e Lenox (2001), as
empresas que continham certificação ISO 9001 apresentavam menores
inventários de metais pesados e menor emissão de substâncias tóxicas.
Portanto, o SGQ favorece a aplicação da Produção mais Limpa,
resultando em menos impacto ao meio-ambiente.
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ISO 14001,
compreende um conjunto inter-relacionado de políticas, práticas e
procedimentos organizacionais, técnicos e administrativos de uma
corporação, que visam incrementar o seu desempenho ambiental, bem
como controlar e reduzir os seus impactos. Conforme Freitas et al.
(2008) e Richatz, Freitas e Pfisete (2009) gestão ambiental é o processo
no qual a empresa busca qualidade ambiental em favor da sociedade.
A ISO 14001 é denominada internacionalmente como
Environmental Management Systems - Specification with guidance for
use. Ela é traduzida como Sistema de Gestão Ambiental -
Especificações e Diretrizes para uso (ISO 14001:2004). Esta norma tem
como finalidade apresentar um conjunto de informações necessárias e
sistematizadas para possibilitar a implementação de um Sistema de
Gestão Ambiental eficaz para a integração com quaisquer outros
requisitos de gestão. Portanto, a ISO 14001 busca proporcionar que os
objetivos ambientais e econômicos de uma organização sejam
alcançados.
O objetivo geral da SGA proposta na NBR 14001:2004 é
equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as
necessidades econômicas das organizações (FIESP, 2012 e
CAPPARELLI 2010).
As normas ISO 9001 e ISO 14001 contemplam sistemas de
controle de processos e envolvem a gestão de suprimentos, recursos
humanos, informações, documentos, projeto, produção e distribuição de
produtos e serviços, para atender as necessidades dos clientes e da
empresa (MAGD; CURRY, 2003).
A OHSAS 18001 fornece os requisitos para um Sistema de
Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho permitindo, portanto, que as
49
organizações possam controlar os riscos referentes aos acidentes e
doenças ocupacionais e, também, melhorar seu desempenho. Vale
destacar que ela não prescreve critérios específicos relacionados à saúde
e segurança no trabalho, e não fornece especificações detalhadas para
um projeto de um sistema de gestão, sendo, desta forma, direcionada à
saúde e segurança no trabalho e não à segurança de produtos e serviços.
A OHSAS 18001 entrou em vigor em 1999, e esta especificação
foi desenvolvida para ser compatível com as normas de Sistema de
Gestão da Qualidade (ISO 9001:2004) e Sistema de Gestão Ambiental
(ISO 14001).
3.4.1 Produção mais Limpa e o Sistema de Gestão Ambiental
A implantação de um SGA é uma estratégia que proporciona a
identificação de melhorias para reduzir os impactos ambientais gerados
dentro da empresa. Desta forma, seguindo a premissa inicial de
prevenção a poluição, surge a integração do SGA e a P+L (WERNER,
BARCAJI e HALL, 2009). Logo, esse novo sistema integrado leva em
consideração todos os fatores e aspectos ambientais envolvidos em
etapas como transporte de matéria-prima para a produção, entrada,
estocagem, manuseio e consumo de matéria-prima no processo, a
operacionalização do processo e, por fim, as saídas do processo
(HENRIQUES e QUELHAS, 2007 apud KIND 2005 e WERNER,
BARCAJI e HALL 2009).
O Sistema de Gestão Ambiental assegura o envolvimento de
toda a empresa com a melhoria contínua mediante programas na área de
meio-ambiente, como a Produção mais Limpa, que provê métodos de
análise dos impactos e propõe soluções econômicas, técnicas e
ambientalmente viáveis no caminho da “ecoeficiência” dos processos
industriais (HENRIQUES e QUELHAS 2007 apud WERNER,
BARCAJI e HALL 2009). Desta forma, entende-se que a P+L e SGA se
completam, sendo que a Produção mais Limpa pode ser vista como uma
ferramenta que possibilita o sucesso do SGA.
A P+L fornece subsídios para a introdução da gestão ambiental,
pois auxilia na definição de prioridades, na identificação de problemas, de soluções e de oportunidades na área ambiental, de modo a tornar a
gestão efetiva na melhoria do desempenho industrial (DOMINGUES e
PAULINO, 2009).
Conforme estudo efetuado por Capparelli (2010), aspectos
ambientais do SGA podem ser considerados abrangentes quando
50
relacionados com diversas fases da P+L, sendo que as práticas adotadas
pelo SGA não atingem os objetivos de todas as etapas de P+L, mas as
práticas do SGA complementam e favorecem a implantação da
Produção mais Limpa. Logo, identifica-se a possibilidade de interação
do Sistema de Gestão Ambiental com a Produção mais Limpa, que pode
ser verificada mediante aplicação prática. Há diversas interações
mostrando que a aplicação de um dos sistemas poderia facilitar o
andamento e implementação do outro e vice-versa, além de se
complementarem para atingirem melhor gestão ambiental no processo,
produto e serviço.
De acordo com Czech Cleaner Production (1999) e Santos
(2007, p. 51), a P+L é considerada uma ferramenta poderosa para
promover a melhoria contínua do SGA, sendo que as técnicas aplicadas
a primeira se fundamentam em ações que vão de encontro aos requisitos
da norma ISO 14001.
Alguns dos benefícios obtidos da integração da P+L e SGA são:
aumento da qualidade dos produtos, aumento do desempenho ambiental
do operador, melhores condições referentes à saúde e segurança do
trabalhador, redução dos riscos futuros relacionados ao não
cumprimento dos requisitos legais, redução da taxa de geração de
resíduos, redução do capital e custos operacionais relativos ao
gerenciamento de resíduos e melhoria da relação com os empregados
(consciência ambiental).
51
4. MANUFATURA ENXUTA
Posteriormente à segunda guerra mundial teve início na Toyota
Motor Company o Sistema Toyota de produção, também conhecido
como Manufatura Enxuta (ME) - Lean Manufacturing. Esse sistema foi
criado com o objetivo de produzir carros com melhor qualidade, menor
custo e o lead time mais curto pela eliminação de desperdícios (LIKER,
2005).
Atualmente existem várias definições para a Manufatura Enxuta.
Womack e Jones (1998), por exemplo, definem a ME como uma
abordagem que busca uma forma melhor de organizar e gerenciar os
relacionamentos de uma empresa com seus clientes, cadeia de
fornecedores, desenvolvimento de produtos e operações de produção,
segundo a qual é possível fazer cada vez mais com menos (menos
equipamentos, menos esforço humano, menos tempo, etc.). O
verdadeiro ganho da implantação da produção enxuta é criar valor para
o cliente com as menores perdas possíveis.
A Manufatura Enxuta é um conjunto de princípios e práticas
envolvidas desde a criação e fabricação de um produto específico, da
concepção à sua disponibilidade, passando pelo projeto; da venda inicial
a entrega, registrando pedido e programação da produção, e da matéria-
prima produzida distante e fora do alcance da empresa, até as mãos do
cliente. É uma aliança voluntária de todas as partes. Desta forma, se
aceita amplamente que esse modelo de gestão deve ser cultural e
holístico, sendo que deve incluir várias áreas da empresa e,
principalmente, os processos gerenciais de tomada de decisão
(WOMACK e JONES, 2004).
O objetivo principal da ME consiste no ataque à muda, uma
palavra de origem japonesa que significa perda. Exemplos de muda são:
o excesso de tempo de setup, grande inventários, materiais em processo,
defeitos em materiais e/ou produtos que requerem retrabalho, áreas de
trabalho desordenadas, superprodução, movimentos e transporte
desnecessários de pessoas e de materiais e, sobretudo, tempos ociosos
(HAMPSON, 1999; ROBINSON; SCHROEDER, 1992).
Ohno (1997) classifica os desperdícios gerados pelas atividades
que não agregam valor em sete categorias: superprodução, espera,
transporte de materiais, processamento inadequado ou adicional,
estoque, movimentação de operadores e defeitos nas peças. Há ainda um
oitavo desperdício considerado por alguns autores, como Liker (2005),
denominado de desperdício de criatividade de funcionário. EPA (2007)
encoraja adicionar na lista o desperdício ambiental.
52
4.1 MANUFATURA ENXUTA E PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Bergmiller e McCright (2009) desenvolveram um estudo para
verificar a correlação existente entre a ME e P+L, e os autores
identificaram que quando a P+L é aplicada em conjunto com a ME a
Produção mais Limpa impulsionou a Manufatura Enxuta,
principalmente com relação aos custos produtivos. Desta forma,
concluiu-se que há sinergia entre ambas quando são aplicadas em
conjunto.
A P+L e ME têm pontos semelhantes para a implantação em
uma organização, e em conjunto podem ser ferramentas
complementares, pois aliam elementos sistêmicos aos objetivos de
redução de desperdícios. A ME aborda aspectos de desperdícios,
enquanto a Produção mais Limpa atua nas entradas e saídas de matéria
prima, insumos, energia, água entre outros (VAZ et al., 2011). De
acordo com estudo de Rothenberg, Pil e Maxwell (2001), as empresas
que aplicam a ME apresentam boa performance ambiental e buscam a
minimização dos danos ambientais.
A ME e a P+L apresentam objetivos em comum, e isso se torna
um grande potencial para que se aplique em conjunto a Manufatura
Enxuta e a Produção mais Limpa (BERGMILLER, 2006, p. 253-259). O
mesmo autor identificou em seu estudo que:
1. A ME transcende para P+L, ou seja, a infraestrutura destinada para
a Manufatura Enxuta serve como um catalisador para a obtenção
dos resultados da Produção mais Limpa. Logo, empresas que
aplicam a ME de maneira abrangente apresentam melhores
resultados de Produção mais Limpa possibilitando, desta forma,
identificar a sinergia existente entre os dois sistemas;
2. É baixa a integração do sistema de gestão (ou nível estratégico)
referente à P+L e ME;
3. A P+L conduz a resultados semelhantes da ME, em especial a
redução de custos;
4. As empresas que aplicam a ME em todas as funções da fábrica
favorecem a eliminação das perdas e contribuem para as práticas da
P+L.
King e Linox (2001) fizeram um estudo estatístico e verificaram
que a adoção da ISO 9001 aumenta a probabilidade da adoção da ISO
14001, e que a Manufatura Enxuta está associada à prevenção da
poluição, proporcionando menor emissão. Ao final eles concluem que a
53
ME pode ser considerada verde, ou melhor, proporciona uma Produção
mais Limpa.
Conforme EPA (2007), tanto a Produção mais Limpa quanto a
Manufatura Enxuta buscam fomentar uma estratégia organizacional que
enfatiza o envolvimento dos colaboradores na resolução de problemas e
na busca de melhorias. O Quadro 2 mostra uma comparação entre a ME
e a P+L.
Do ponto de vista de KURIGER, HUANG e CHEN (2010),
pode-se adotar técnicas da ME para ajudar a estabelecer a manufatura
sustentável, sendo que para obter êxito na combinação da ME e P+L é
importante trabalhar com indicadores apropriados para avaliar e
monitorar a produção, sendo, portanto, fundamental combinar as
métricas de produtividade e de sustentabilidade.
Quadro 2- Pontos convergentes entre P+L e a ME
Aspectos Manufatura Enxuta P+L
Comprometimento com a alta direção x x
Diagnóstico Ambiental Inicial x x
Planejamento x x
Implementação e Operação x x
Verificação e Ação Corretiva x x
Organização x
Avaliação P+L x
Estudo de Viabilidade Técnica x
Estudo de Viabilidade Ambiental x
Estudo de Viabilidade Econômica x
Just in time x
Kanban x
Fonte: Adaptado de Vazet al. (2011).
Conforme a Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos (2007), a Manufatura Enxuta produz um ambiente operacional e
uma cultura que são altamente propícios para a Produção mais Limpa, e
que a ME pode ser utilizada para proporcionar melhorias ambientais.
As técnicas kanban, manufatura celular, 5S, setup rápido,
inspeção autônoma, manutenção produtiva total, dispositivos à prova de
erros (poka-yoke), são utilizadas na Manufatura Enxuta, e contribuem
para a obtenção dos benefícios de P+L (ELIAS e MAGALHÃES,
2003). O Quadro 3 apresenta os benefícios que a ME proporcionam para a P+L.
Para as empresas que já tenham iniciado a jornada de ME, a
mudança para a sustentabilidade é relativamente fácil. Muitas
54
ferramentas da Manufatura Enxuta são facilmente adaptadas e utilizadas
em favor da sustentabilidade (LANGENWALTER, 2008).
De acordo com o autor anterior o mapeamento do fluxo de valor
é amplamente utilizado na ME para fazer uma análise do processo e
definir onde serão concentrados os esforços de melhorias, sendo que
essa ferramenta pode se estender para a sustentabilidade, ou seja,
Produção mais Limpa.
Quadro 3- Ferramentas ME e seus benefícios para P+L
Principias
Ferramentas da ME Benefícios para a P+L
Kanban Proporciona redução do volume de estoque, consequentemente
possibilita a diminuição da deterioração e obsolescência dos
materiais e menor geração e descarte de resíduos no meio-
ambiente. Setup Rápido
Manufatura Celular
Há redução do transporte de materiais, o que possibilita menos
danos no seu manuseio e, desta forma, proporcionar menos
resíduos e descarte do mesmo ao meio-ambiente. Além disso, diminui também a necessidade do uso de meios de transporte
de materiais e do consequente consumo de energia
(combustível).
Inspeção Autônoma
Diminui as paradas de máquina para manutenção e,
consequentemente, do consumo de materiais para o seu
conserto e a geração de resíduos. A manutenção mais adequada possibilita também um melhor rendimento da máquina
colaborando, assim, para um menor consumo de energia.
5S Reduz o número de peças defeituosas devido à diminuição do consumo de recursos produtivos tais como materiais e energia,
proporcionando o uso mais racional dos recursos naturais.
Manutenção
Produtiva Total
Poka- yoke
Fonte: Adaptado Elias e Magalhães (2003).
O estudo realizado por GONGULA, WAN e KURIGER (2011)
demonstrou que, com a aplicação da Manufatura Enxuta, houve redução
do consumo de energia, sendo que a redução deve-se à aplicação de uma
célula de produção, possibilitando, portanto, menor transporte entre os
processos.
A ME e a P+L possuem e compartilham capacidades
semelhantes. Na verdade, a ME pode reduzir os custos marginais
referentes às práticas ambientais de uma empresa, seja pela redução dos
custos de implementação da melhoria ou fornecendo dados sobre a
situação atual, que poderão resultar em melhores práticas ambientais
(KING e LENOX, 2001; SIMPSON e POWER, 2005).
55
RIZZO (2012) realizou uma comparação referente às técnicas
da P+L e ME, conforme o Quadro 4, e identificou similaridade entre
ambas.
Quadro 4- Integração Conceitual das ferramentas da ME e P+L
Principais Técnicas Vantagens
ME P+L
Kanban
Matriz MER
materiais, energia,
resíduos.
Redução do volume de inventário com a diminuição da
possibilidade de deterioração e obsolescência dos materiais,
reduzindo-se resíduos e seu descarte no meio-ambiente por meio da análise dos materiais necessários, energia
empregada no processo e os resíduos gerados, identificando
quais de eles podem ser reutilizáveis.
Manufatura
Celular
Análise do
Risco
Redução do transporte de materiais, diminuindo a probabilidade de dano na manipulação, diminuição do uso
de meios de transporte de materiais, evitando o consumo de
energia.
Mapa do
Fluxo de
Valor
Eco mapeo
LCA
SVSM
Maior visibilidade do processo produtivo e rápida
identificação de desperdícios, possibilitando o uso racional
dos recursos, com benefícios positivos para o meio-ambiente; incluindo a análise da probabilidade dos efeitos
sobre o processo por meio de uma visão probabilística dos
efeitos.
Manutenção
Produtiva
Total
Redução Energética
Diminuição das paradas de máquina para manutenção, o
consumo de materiais para a sua restauração, e a
consequente redução na geração de resíduos. A manutenção mais adequada possibilita também um melhor
rendimento da máquina colaborando, assim, para um menor
consumo de energia.
Kaizen Auditorias
Ambientais
As auditorias ambientais fazem parte da melhora contínua de todo o processo presentes em uma empresa, otimizando
eficientemente o uso dos recursos na fabricação, uma
medida para estabelecer uma condição para a toma de decisões em nível empresarial, medir o melhoramento,
dirigir inovações, alcançar metas, responder a pressões do
mercado e programar estratégias de gestão.
5S
6R (Reciclar,
Reduzir, Redesenhar,
Revender,
Reaproveitar e Reusar)
Visualiza os problemas da produção eliminando as causas
dos desperdícios, incorpora a maneira em que se comunica
o programa de produção aos processos operativos; permite identificar as áreas do processo produtivo que requerem
intervenção para melhorar o desempenho ambiental,
organiza dados para avaliar estratégias de prevenção da contaminação, reduzindo custos, e diminuindo o consumo
de recursos produtivos tais como materiais e energia.
Just in Time
Matriz MER:
Materiais, Energia,
Resíduos
Produzir o necessário evita acumulação do estoque, que
tem uma relação direita com os diferentes impactos ambientais, procurando evitá-los e reduzi-los o quanto
possível, alcançando um processo produtivo mais limpo.
Fonte: Adaptado Rizzo (2012).
56
4.2 PRÁTICAS ENXUTAS
As práticas da Manufatura Enxuta visam a eliminação dos
desperdícios de forma a possibilitar a implantação de ações planejadas,
viabilizando as estratégias e metas estabelecidas pela empresa. Existem
diversas terminologias para a prática enxuta, tais como: métodos
(SIMÃO, ALLIPRANDINI, 2004; OHNO, 1997), capacitores
(GODINHO FILHO; FERANDES, 2004), ferramentas (BAMBER et al, 1999), entre outras.
As práticas da Manufatura Enxuta abordadas nesse estudo são
aquelas consideradas favoráveis para a obtenção da Produção mais
Limpa, conforme o levantamento bibliográfico. São elas: mapeamento
do fluxo de valor, troca rápida de ferramentas, autonomação, inspeção
autônoma, melhoria contínua, manutenção produtiva total, manufatura
celular, 5S, operações padronizadas, Just in Time e controle da
qualidade e zero defeitos.
Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV): Conhecido em inglês como
Value Stream Mapping (VSM), para que seja feito o mapeamento é
fundamental a definição de valor, sendo necessário seguir o caminho de
um produto desde o pedido do consumidor, passando pelos
fornecedores, pela produção, até sua entrega final. Para fazer a
representação visual de cada etapa do processo são feitos desenhos dos
fluxos de materiais e informações.
Primeiramente são estruturados os desenhos do mapa do estado
atual, possibilitando a identificação das fontes de desperdícios.
Posteriormente é realizado o desenho do estado futuro, sendo o objetivo
principal proporcionar atividades que irão agregar valor ao fluxo.
Troca rápida de ferramentas: Essa ferramenta visa reduzir o tempo de
preparação de equipamentos minimizando, desta forma, tempos
considerados não produtivos no chão de fábrica. É uma prática que
busca a redução dos tempos de setup, auxiliando no sucesso da
produção em pequenos lotes, redução nos estoques intermediários e
finais, bem como a redução do lead time e fabricação de produtos defeituosos (FOGLIATTO; FAGUNDES, 2003; MONDEN, 1997;
NOGUEIRA, 2007).
57
Autonomação (jidoka): O principal objetivo da autonomação é impedir
a produção e a propagação de anormalidades no processo de produção.
Conforme Ohno (1997), quando detectada uma anormalidade as
máquinas ou operadores têm autonomia para paralisar a produção,
possibilitando concentrar esforços para identificar a causa raiz do
problema e eliminá-la sem que ocorra a propagação do problema.
Portanto, a autonomação consiste em automatizar as máquinas e
promover os equipamentos que evitem automaticamente a produção de
itens defeituosos. Logo, o jidoka possibilita que os operadores estejam
desenvolvendo outras atividades, não precisando, portanto, que fiquem
acompanhando as máquinas em tempo integral. O jidoka permite que o
colaborador esteja livre para operar mais de uma máquina e focar a sua
atenção para solução de outros problemas detectados em máquinas.
Inspeção autônoma: A inspeção autônoma tem por princípio
fundamental de que qualidade não se controla, qualidade se faz, ou seja,
as inspeções devem ser realizadas pelos próprios operadores, eliminando
a dependência de inspeções externas realizadas pelo departamento de
controle de qualidade (ELIAS e MAGALHÃES, 2003).
Manutenção Produtiva Total (TPM): Essa ferramenta visa garantir
que todas as máquinas do processo produtivo estejam sempre
disponíveis para efetuarem as suas tarefas. Na TPM os operadores
deixam de ser responsáveis apenas pela operação do equipamento, mas
também atuam na manutenção e melhorias dos mesmos. Logo, os
operadores passam a executar atividades como lubrificação, limpeza,
ajustes e simples calibrações.
5S: Esse método faz referência a cinco palavras japonesas: seiri
(organização), seiton (utilização), seiso (limpeza), seiketsu
(padronização) e shitsuke (disciplina). Essas palavras são usadas como
uma plataforma para desenvolver um sistema integrado de
gerenciamento. Trata-se, portanto, de uma maneira de organizar e
disponibilizar um espaço de trabalho de forma a melhorar a eficiência e
o bem estar do colaborador. A principal contribuição observada é a
redução de desperdício de materiais, de tempo e de espaço.
58
Operações padronizadas Essa ferramenta consiste em padronizar as
atividades desenvolvidas pelo colaborador durante a produção, tendo em
vista que com a definição da melhor maneira de atuar na atividade
haverá menos desperdício de tempo, materiais e movimentação dos
operadores, garantindo que haja uma melhor produtividade.
Just in Time: Significa que em um fluxo produtivo as partes
necessárias para uma operação alcançam a linha ou posto de execução
somente na quantidade necessária e no momento exato em que será
utilizado (OHNO, 1997). Logo, um setor só irá iniciar a sua atividade se
o setor subsequente necessitar do material. Desta forma evita-se o
estoque em todo o processo produtivo e a superprodução.
Controle da Qualidade e Zero Defeitos (CQZD): O CQZD é um
método racional e científico capaz de eliminar a ocorrência de defeitos
mediante a identificação e controle das causas (GHINATO, 1998).
Logo, visa garantir um sistema capaz de produzir de forma consciente
produtos sem defeitos.
Os elementos fundamentais do CQZD são: inspeção na fonte;
inspeção 100%; tomada de ações corretivas imediatas; e utilização de
Poka Yoke, ou seja, dispositivo que auxilie na detecção de problemas,
viabilizando a implementação da autonomação.
Melhoria continua (Kaizen): A palavra Kaizen tem origem japonesa e
significa “mudar para melhor”. Na prática das empresas significa que
nenhum dia deve passar sem que sejam feitas melhorias. O Kaizen
também pode ser definido como melhoramento contínuo, e tem por
objetivo a promoção de melhoramentos sucessivos e constantes, ou seja,
mais e menores passos de melhoramento incremental (SLACK,
CHAMBER e JOHNSTON, 2001).
Manufatura Celular: Para Ghinato (1998), a manufatura celular visa
melhorar o gerenciamento do sistema de manufatura mediante o
agrupamento de recursos produtivos em células independentes. O
sistema é composto por células de montagem ligadas por uma única forma de inventário e informações. Nas células todos os documentos,
componentes, informações, etc., movem-se em um fluxo contínuo e na
correta sequência de processamento.
59
5. BENCHMARKING
O Benchmarking teve início no final da década de 1970 a partir
de estudo realizado pela Xerox Corporation, como uma filosofia que
busca as melhores práticas que conduzem uma empresa à maximização
da sua performance, sendo que na época a empresa buscou conhecer as
práticas empresariais japonesas.
Conforme Tubino (2008), benchmark é definido como um
padrão de referência, a partir do qual outros parâmetros são medidos, já
o termo benchmarking representa o processo de comparação. ZAIRI
(1992 apud MAZO, 2003) descreve benchmarking como “medição da
performance em relação ao melhor dos melhores, mediante um contínuo
esforço de revisão dos processos, práticas e métodos”.
Para Gariba Junior (2005), o benchmarking é um procedimento
de pesquisa, contínuo e sistemático, que possibilita realizar comparações
entre organizações, objetos ou atividades, criando-se um padrão de
referência. Logo, a técnica de benchmarking busca pontos de referência
que permitam comparar o desempenho com a concorrência, objetivando
a melhoria do rendimento do que está sendo medido. O autor ainda
comenta que o benchmarking sugere um processo estruturado de
identificação daquilo que se deseja aperfeiçoar, sendo que pode ser
considerado um processo de investigação de oportunidades de melhoria
interna e um processo de aprendizagem.
Ainda conforme Tubino (2008) existem dois aspectos a serem
considerados nesta definição: (a) o foco nas práticas e sua compreensão,
antes de medir a performance resultante; e (b) o objetivo final de atingir
a performance superior e ser o melhor entre os melhores. Logo, a análise
da prática e da performance permite compreender a origem das
deficiências relevantes, possibilitando que sejam priorizadas as ações de
melhoria.
Andrade (2006) descreve que o conceito de “práticas” está
ligado à implantação de procedimentos, bem como técnicas gerenciais e
tecnológicas no sistema produtivo. A performance, por sua vez, refere-
se aos resultados mensuráveis obtidos dos procedimentos implantados
na empresa, tais como tempo de ciclo de produção e níveis de estoque.
Vários métodos destinados ao bechmarking têm sido
desenvolvidos como, por exemplo, o Made in Brazil, e o Benchmarking
Enxuto. O Benchmarking proposto nesse trabalho foi desenvolvido
considerando o Benchmarking Enxuto, optando-se por esse método por
apresentar uma metodologia e estrutura interessante e aplicável à
60
avaliação da Produção mais Limpa. A seguir, será apresentado o método
do Benchmarking Enxuto.
5.1 MÉTODO DO BENCHMARKING ENXUTO E BENCHMARKING
MADE IN EUROPE
O Benchmarking Enxuto (BME) é um método de diagnóstico
desenvolvido pelo Laboratório de Simulação de Sistemas de Produção
(LSSP), localizado na Universidade Federal de Santa Catarina,
considerando o conceito de benchmarking e com objetivo de gerar
informações para subsidiar o planejamento estratégico da implantação
da Manufatura Enxuta na Empresa, sendo que pode ser usado tanto em
nível global da organização como em nível setorial.
Para o desenvolvimento do BME foi usada a estrutura e a
dinâmica de análise do Benchmarking Made in Europe (MIE), com a
finalidade de ser utilizado como uma ferramenta para diagnóstico de
práticas e performances que precedem o processo de implantação e
melhorias da Manufatura Enxuta. De acordo com Seibel (2004), a
metodologia Benchmarking Made in Europe baseia-se na hipótese
central de que a adoção de práticas de excelência por uma empresa leva
à obtenção de performance operacional superior.
Uma das fases do BME é denominada de fase de investigação,
na qual se aplica um instrumento de coleta de dados (por exemplo, um
questionário), que busca contribuir para o estudo das práticas e
performances dos pontos relevantes da Manufatura Enxuta, segundo
quatro variáveis: Demanda, Produto, PCP e Chão de Fábrica. Para cada
indicador avaliado são consideradas situações típicas quanto à prática e
performance, conforme a Figura 7. Cabe ressaltar que a performance
considerada abrange apenas o desempenho operacional, e não
financeiro.
O questionário trabalha com um sistema de pontuação baseado
em intervalos que variam entre 1 a 5. Este sistema de pontuação
descreve três situações para cada item a ser medido, tais como: Nota 1 é
equivalente a um nível básico de prática ou performance, Nota 3-
equivalente a um nível intermediário de prática ou performance e Nota 5- equivale à excelência de prática ou performance.
As notas 2 ou 4 são referentes às posições intermediárias de
avaliação do item. Vale destacar que não são utilizados valores
fracionados, tipo 3,4 ou 4,8, de maneira a facilitar a leitura dos
resultados obtidos.
61
Figura 7- Variáveis da pesquisa BME
Fonte: LSSP, 2013.
Ainda nas fases de investigação calcula-se os índices parciais
tanto da prática quanto da performance, conforme o resultado das notas
dadas pelas empresas, para cada uma das quatro variáveis da pesquisa.
Para a transformação das notas em valores percentuais, multiplica-se
cada nota por 20%. Logo, diante desses percentuais calculam-se os
índices parciais de práticas e performances para cada variável em
análise, e também são calculados os índices gerais, por meio da média
simples.
A escala de pontuação de 1 a 5 utilizada no questionário é
transformada em porcentagem, e é empregada nos três tipos de gráficos
para a análise dos resultados, sendo eles: o gráfico de Práticas versus
Performance, o gráfico Radar e o gráfico de Barras.
Os índices gerais permitem obter o gráfico Práticas versus
Performance representado na Figura 8. Essa forma gráfica posiciona e
compara as empresas, ou seus setores em estudo, conforme os índices
finais de práticas e performance da ME. Logo, a abscissa faz referência
ao índice final de práticas enquanto as ordenadas o índice final de
performance obtido na aplicação do questionário em cada empresa,
sendo que a escala varia de 0 a 100% nos dois eixos. Os valores finais
de prática e performance são obtidos a partir da consolidação dos
valores parciais, considerando os valores obtidos na pontuação dada a
cada indicador de cada variável em análise.
O gráfico de prática versus performance é dividido em quatro
quadrantes principais, sendo que é utilizado como referência o valor de
60% tanto para o eixo das abscissas quanto para as ordenadas para
limitar os quadrantes. Assim, os quadrantes são classificados em: I(alta
prática e alta performance), II (alta prática e baixa performance), III
(Baixa prática e alta performance) e IV(Baixa prática e baixa
performance).
62
Figura 8- Gráfico de Prática versus Performance
Fonte: Adaptado de LSSP (2013).
Por meio dos índices parciais de cada variável é gerado o
gráfico Radar, para análise de desempenho das práticas e performance
de cada variável pesquisada. Andrade (2006) destaca que o gráfico radar
posiciona a empresa em relação aos líderes internacionais do setor em
cada uma das áreas avaliadas no benchmarking no que se refere à prática
e performance. Conforme o MIE os líderes dentro da amostra de
empresas do setor de avaliação são definidos como o grupo dos 10%
melhores.
No gráfico Radar há eixos referentes à prática e à performance,
cada eixo tem uma escala de 0 a 100%. A posição de cada variável é
estabelecida nessa escala por um ponto, e cada ponto é unido por linhas
(de cor azul) formando um polígono fechado. O padrão de excelência é
alcançado considerando 100% dos índices referentes à prática e
performance em estudo. Considera-se 60% (linha vermelha) como uma
referência de desempenho mínimo favorável que viabilize a utilização
de ferramentas e conceitos da ME no ambiente empresarial.
Analisando o gráfico Radar (Figura 9), verifica-se que os pontos
que estão abaixo de 60% são aqueles considerados fracos, já os pontos
acima desse valor são considerados desenvolvidos.
63
Figura 9- Gráfico em Radar de Práticas e Performance
Fonte: Tomelero (2012).
A real oportunidade de melhoria está nos pontos em que a
empresa se encontra mais distante do ponto considerado como
referência, sendo que a área formada entre as figuras vermelha e azul é
chamada “espaço para melhoria”.
O gráfico de barra, conforme a Figura 10, é utilizado com fins
de investigação causais dos pontos mais críticos e mais positivos de
cada variável em análise. Neste gráfico os indicadores de prática e
performance são apresentados em conjunto, respeitando a relação de
causa e efeito existente entre eles.
Figura 10- Gráfico de Barras
Fonte: Adaptado Tomelero (2012).
65
6. METODOLOGIA
A pesquisa pode ser entendida como um conjunto de ações e
propostas para encontrar a solução para um problema que tem por base
procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando
se tem um problema e não se tem informações para solucioná-lo
(SILVA, 2005).
Demo (1996) insere a pesquisa como atividade cotidiana
considerando-a como uma atitude, um “questionamento sistemático
crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o
diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e
prático”.
A pesquisa do tipo Survey é um dos 14 tipos de pesquisa
descritos por Figueiredo (2004), e esse autor o define como sendo: [...] a pesquisa de survey implica a coleção de dados [...]
em um número de unidades e geralmente em uma única
conjuntura de tempo, com uma visão para coletar
sistematicamente um conjunto de dados quantificáveis no
que diz respeito a um número de variáveis que são então
examinadas para discernir padrões de associação.
Conforme Babbie (1999), a pesquisa de Survey é
particularmente semelhante ao tipo de pesquisa de “censo”, e o que
diferencia as duas pesquisas é que o “survey examina uma amostra da
população, enquanto o censo geralmente implica uma enumeração de
toda a população”.
O tipo de pesquisa Survey pode ser descrita como a obtenção de
dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de
determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma
população alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, que
normalmente é um questionário (TANUR apud PINSONNEAULT &
KRAEMER, 1993).
Pinsonneault & Kraemer (1993) classificam a pesquisa survey
quanto ao seu a seu propósito: explanatória, exploratória e descritiva.
Na pesquisa survey descritiva a hipótese não é causal, mas tem
o propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou não de acordo
com a realidade. Logo, busca descobrir “a distribuição de certos traços e
atributos”, ou seja, características, da população estudada. No caso da
exploratória a pesquisa survey é utilizada como um mecanismo
exploratório, aplicado em uma situação de investigação inicial de algum
tema, buscando identificar os elementos críticos, apresentando novas
possibilidades que poderão, posteriormente, serem trabalhados em um
66
survey mais controlado e específico. A pesquisa survey explanatória visa
explicar a distribuição observada.
6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
No Quadro 5 é apresentada a classificação da pesquisa realizada
neste trabalho de acordo com Silva (2001).
Quadro 5- Classificação da Pesquisa (com base em Silva, 2001)
Ponto de
Vista
Classificação da
Pesquisa Justificativa
Natureza Pesquisa Aplicada
Aplicar na prática conhecimentos definidos e
publicados referente à Produção mais Limpa,
Manufatura Enxuta, SGQ, SGA, SGI e a relação entre P+L e ME.
Forma de
Abordar o
Problema
Qualitativa
O Ambiente natural é a fonte direta para a coleta de
dados e o pesquisador é o instrumento chave. Foi
aplicado o benchmarking para análise especificamente da P+L, efetuou-se uma análise
comparativa entre as empresas participantes do
estudo de caso para verificar as ações preventivas.
Objetivos
Exploratória
Emprega-se como procedimento técnico o
levantamento bibliográfico para melhor entender o
tema abordado nesse estudo; realizaram-se entrevistas presenciais e por telefone com
profissionais experientes de uma população de
empresas, mediante a aplicação de um questionário padrão (Apêndice A).
Descritiva
Tem a finalidade de descrever as características de
determinada população, no caso indústrias de grande porte, e estabelecer relação entre variáveis
de prática e performance dessas empresas com
relação à P+L, bem como análise das ferramentas da ME.
Explicativa
São identificados os fatores que contribuem para a
ocorrência dos fenômenos, sendo que foi
possibilitado pela observação das entrevistas realizadas.
Procedimen
tos técnicos
Pesquisa
Bibliográfica
Consiste em abordar os temas discutidos no estudo
como: Benchmarking, P+L, ME, SGQ, SGA, SGI, DFE, ACV e ecoeficiência.
Estudo de Caso
Consiste na aplicação do benchmarking sugerido
para avaliação da P+L, com a finalidade fazer um
diagnóstico das práticas e performance desenvolvidos na empresa. Além disso, será
analisada a preocupação com relação a ME.
Pesquisa Participante
A aplicação do questionário ocorreu com a participação direta da pesquisadora.
67
No presente trabalho adotou-se o tipo de pesquisa denominada
survey, sendo que se considera a análise do ponto de vista explanatória,
exploratória e descritiva. Vale destacar que se adotará o modelo survey
denominado de interseccional, que consiste na coleta dos dados de uma
dada população em um único intervalo de tempo.
6.2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Nesta seção são apresentadas as etapas de desenvolvimento da
pesquisa desta dissertação, com o intuito de entender como os objetivos
deste trabalho foram alcançados. Esta seção aborda a formulação do
problema da pesquisa, a definição da unidade-caso e do número de
casos, o instrumento de coleta de dados, bem como a metodologia para a
aplicação do método Benchmarking da P+L, e a forma como os
resultados foram analisados e interpretados.
6.2.1 Formulação do problema da pesquisa
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica preliminar
sobre os temas que compõem a pesquisa, ou seja, sobre Produção mais
Limpa, benchmarking, relação existente entre Manufatura Enxuta e
P+L, técnicas de ME, aplicação do SGI e a contribuição para P+L, com
o objetivo de averiguar os estudos desenvolvidos até o momento e
verificar a disponibilidade de material bibliográfico sobre os temas
abordados.
Haja vista a crescente preocupação das empresas e da sociedade
referente à sustentabilidade, o objetivo dessa pesquisa, conforme já
descrito no Capítulo 1, consiste em desenvolver um método para realizar
um diagnóstico com a finalidade de melhor compreender como as
empresas estão agindo visando o menor impacto ambiental durante o
desenvolvimento de produtos e dos seus processos produtivos, bem
como verificar quais as alternativas e práticas adotadas por elas, e se há
adoção dos conceitos de P+L.
Para o desenvolvimento da pesquisa, as questões abaixo foram utilizadas para o delineamento deste trabalho:
De que forma será analisada a preocupação das empresas
referente à sustentabilidade e ecoeficiência?
Que tipo de método poderia ser usado para medir a prática e
performance das empresas em relação à Produção mais Limpa?
68
Que atividades deverão compor o método desenvolvido, de
maneira que abranjam os objetivos da Produção mais Limpa?
Como poder-se-á avaliar o grau de desenvolvimento da ME e a
aplicação de suas técnicas para prevenir ou reduzir os danos
ambientais, favorecendo a P+L?
O método desenvolvido poderá ser aplicado em empresas de
diferentes portes?
Como os dados serão compilados e como os resultados serão
apresentados?
De que maneira será a aplicação do método desenvolvido nas
empresas pesquisadas?
Como os resultados serão analisados?
6.2.2 Visão geral do método
A Figura 11 mostra a estrutura da metodologia adotada para
avaliação das questões levantadas anteriormente.
Figura 11- Estrutura da Metodologia Adotada
69
Na análise da estratégia competitiva da empresa será verificada
qual é a prioridade da empresa referente ao desenvolvimento destinado
a: qualidade, custo, flexibilidade para desenvolvimento de projetos de
produtos, inovação, meio-ambiente e segurança. Para essa análise foi
necessário o preenchimento de um ranking, de forma a completar 100
pontos, sendo que deveriam ser dadas notas a estas prioridades, com a
finalidade de entender qual o grau de importância que a empresa está
dando a aspectos ambientais quando comparado às demais estratégias.
O checklist para avaliação das práticas da ME visa entender e
averiguar quais são aquelas mais aplicadas. Para a estruturação deste
checklist foram ponderadas as informações obtidas no levantamento
bibliográfico, ou seja, utilizaram-se somente as práticas da ME que são
considerados contribuintes para a P+L.
Por fim, desenvolveu-se o benchmarking da Produção mais
Limpa, com a finalidade de compreender como as empresas estão
agindo com relação a ela. Logo, serão avaliadas as variáveis de
Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informações, relação entre
Fornecedor, Organização e Cliente, aspectos referentes ao
Desenvolvimento de Produtos e práticas no Processo Produtivo, haja
vista que estas variáveis estão relacionadas com a P+L e podem
contribuir para o menor impacto ambiental e para que não haja ações
somente no fim do tubo.
Enfim, toda essa metodologia adotada visa identificar como as
empresas estão se comportando com relação a uma produção mais
sustentável, ou seja, se as mesmas estão adotando medidas que
favoreçam um menor impacto ambiental, considerando produtos e
processos, através de ações preventivas.
6.2.3 Definição da unidade-caso e do número de casos
Conforme Gil (2002), em sua acepção clássica, a unidade-caso
refere-se a um indivíduo em um contexto definido. No entanto, o
conceito de caso ampliou-se a ponto de poder ser entendido como uma
família ou qualquer outro grupo social ou pequeno grupo, uma
organização, um conjunto de relações, um papel social, um processo social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura.
Quanto à definição do número de casos, os estudos de casos
podem ser tratados como estudos de caso único ou de casos múltiplos.
Yin (2005) afirma ser provável que a maioria dos projetos de casos
múltiplos seja mais relevante do que os projetos de caso único. Tentar
70
usar até mesmo um projeto de “caso duplo” é, portanto, um objetivo
mais valioso do que fazer um estudo de caso único.
Este trabalho trata do desenvolvimento e aplicação de um
método de diagnóstico voltado à Produção mais Limpa e de aspectos da
Manufatura Enxuta que venham a contribuir para a P+L. Para o
desenvolvimento da pesquisa optou-se por selecionar empresas
classificadas como indústria de transformação de médio e grande porte,
haja vista que essas empresas apresentam melhores condições
financeiras e uma estrutura organizacional bem definida de forma a
possibilitar investimento de implantação de novas culturas como, por
exemplo, ME e P+L. Logo, o motivo desta escolha teve o intuito de:
conseguir resultados melhores e mais interessantes; verificar na prática
quais atividades essas empresas estão desenvolvendo, como estão
aplicando e que resultados elas têm alcançado.
O critério utilizado para definir o porte das empresas é o mesmo
adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
pelo SEBRAE. De acordo com esses órgãos, as empresas são
estratificadas da seguinte maneira: microempresa - até 19 funcionários;
pequena empresa - de 20 a 99 funcionários; média empresa - de 100 a
499 funcionários; e grande empresa - acima de 500 funcionários.
Conforme IBGE, a indústria de transformação envolve a
transformação física, química e biológica de materiais, substâncias e
componentes com a finalidade de se obterem produtos novos. As
atividades da indústria de transformação são frequentemente
desenvolvidas em plantas industriais e fábricas, utilizando máquinas
movidas por energia motriz e outros equipamentos para manipulação de
materiais. É também considerada como atividade industrial a produção
manual e artesanal, inclusive quando desenvolvida em domicílios, assim
como a venda direta ao consumidor de produtos de produção própria,
„como, por exemplo, os ateliês de costura. Além da transformação, a
renovação e a reconstituição de produtos são, geralmente, consideradas
como atividades da indústria.
Foram contatadas 74 empresas nas regiões de Joinville,
Blumenau, Jaraguá do Sul, Pomerode, Curitiba, Florianópolis. Os
contatos com as empresas foram realizados inicialmente por e-mail,
onde se explicou detalhadamente os objetivos da pesquisa e como a
mesma seria realizada. Tendo em vista a dificuldade de obter resposta
das empresas, foi necessário entrar em contato com elas mediante
telefone. No total foram 16 empresas que aceitaram realizar a pesquisa e
se disponibilizaram a responder o questionário elaborado para avaliar
principalmente a Produção mais Limpa.
71
6.2.4 Instrumento da coleta de dados
Como instrumento para o desenvolvimento da pesquisa survey
foi utilizado um questionário com a finalidade de desenvolver um
diagnóstico das práticas das empresas visando ações preventivas
referentes ao meio-ambiente.
O questionário inicialmente busca informações sobre a empresa
a ser entrevistada como: número de funcionários, certificações
implantadas, faturamento anual, segmento de atuação, composição do
capital da empresa (nacional e internacional), porcentagem do mercado
em que atua (interno e externo), se há aplicação de algum programa de
manufatura enxuta e se nesse programa de ME há preocupações voltadas
para avaliação e estudos voltados à redução do impacto ambiental. Estas
informações, portanto, têm como finalidade proporcionar uma visão de
como a empresa age com relação à Produção mais Limpa. Além disso,
algumas informações levantadas serão utilizadas para fazer comparação
entre o benchmarking da P+L e o checklist destinado à ME.
A razão social das empresas pesquisadas não será informada
neste trabalho a fim de preservar a identidade das empresas
participantes. Para identificação de cada empresa, as mesmas foram
sorteadas de forma aleatória e identificadas por E01, E02, E03 e assim
sucessivamente.
6.2.4.1 Método Benchmarking da Produção mais Limpa
O método do Benchmarking da P+L sendo proposto foi
elaborado considerando como base o conceito de benchmarking. Para o
desenvolvimento do mesmo foi aproveitada a estrutura e a forma de
análise do método Benchmarking Enxuto (BME), conforme apresentado
anteriormente, com a finalidade de ser utilizado como um procedimento
de diagnóstico de práticas e performances referente ao processo de
implantação e melhorias contínuas da P+L visando o menor impacto
ambiental e favorecer ações preventivas.
O Benchmarking da Produção mais Limpa, conforme a Figura
12, está estruturado de forma quer os pilares do Benchmarking desenvolvido, denominadas de variáveis, é composto por
Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informação,
Fornecedor/Organização/Cliente, Desenvolvimento de Produtos e
Processo Produtivo. Estes pilares foram identificados como
fundamentais para que a implantação da P+L tenha sucesso nas
72
empresas. Vale destacar que a proposta do método Benchmarking da
P+L não consiste em informar as empresas como elas devem fazer as
atividades relacionadas à Produção mais Limpa, mas sim em
proporcionar um diagnóstico para verificar se a P+L é efetivamente
realizada, e quais são os seus desempenhos referentes às ações
preventivas ao impacto do meio-ambiente. Além disso, o método está
estruturado em duas etapas denominadas de Entrevistas e Avaliação dos
Resultados, as quais também são apoiadas pelos pilares citados
anteriormente.
Figura 12- Método Benchmarking da P+L
A seguir será apresentada cada etapa do Benchmarking da
Produção mais Limpa.
6.2.4.2 Etapa de avaliação
Esta etapa tem como finalidade realizar a medição dos 62
indicadores desenvolvidos referentes à P+L, e que compõem o método do Benchmarking proposto. As seis variáveis estabelecidas
(Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informação,
Fornecedor/Organização/Cliente, Desenvolvimento de Produtos e
Processo Produtivo) são consideradas por meio da aplicação de um
73
procedimento de coleta de dados, o qual se apresenta na forma de um
questionário.
De acordo com o formato adotado para o método, os
indicadores a serem medidos dentro de cada uma das seis variáveis estão
divididos entre indicadores de práticas (PR) e indicadores de
performance (PF), conforme ilustrado na Figura 13.
Figura 13- Resultado das Práticas e Performances
Para a avaliação desses indicadores foi necessário entrar em
contato com a empresa e marcar reunião com colaborador ou
colaboradores para que o questionário proposto fosse preenchido
conforme as condições da empresa referente à P+L. A participação de
mais de um colaborador foi necessária quando questões de processos e
produto eram muito abrangentes na estrutura da empresa, conduzindo,
portanto, a uma maior precisão nas respostas.
O preenchimento do questionário proposto foi realizado pela
pesquisadora, por meio de reuniões, conforme a conversa e discussão
com o(s) representante(s) da empresa, com a finalidade de tornar padrão
o preenchimento e possibilitar maior explicitação do que estava sendo
avaliado. As reuniões, na sua grande maioria, foram realizadas
presencialmente, sendo que algumas foram efetuadas mediante telefone
e Skype, em virtude de algumas limitações e modificações nos
agendamentos propostos.
As notas dadas a cada indicador pela pesquisadora foram
apresentadas ao colaborador (representante da empresa), com a
finalidade de avaliar a aceitação e verificar se a mesma estava adequada com a situação em análise. Para o preenchimento dos indicadores
buscou-se conhecer os procedimentos das empresas bem como as
melhorias e trabalhos desenvolvidos e em desenvolvimento. As reuniões
tiveram duração aproximada de 90 minutos.
Administração e Responsabilidade
PessoasSistema de
Informações
OrganizaçãoFornecedor
Cliente
Desenvolvimento de Produto
Processo Produtivo
%PR %PF %PR %PF %PR %PF %PR %PF %PR %PF %PR %PF
% Prática Final % Performance Final
74
Vale destacar que a nota definida é obtida ponderando a
situação atual em que a empresa se encontra, sendo que também são
considerados planos ou projeto em andamento, bem como aplicações
piloto.
Os índices finais de prática e performance são obtidos a partir
do cálculo dos índices parciais de prática e performance levantados para
cada uma das seis variáveis da pesquisa. Logo, esses índices finais irão
representar o estado atual diagnosticado em relação à Produção mais
Limpa. A consolidação dos resultados parciais no resultado final se dá
também pela média simples com base no percentual dos valores parciais
medidos.
Nas seções 6.2.4.3, 6.2.4.4, 6.2.4.5, 6.2.4.6, 6.2.4.7, 6.2.4.8 são
apresentados, respectivamente, os indicadores das variáveis
Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informação, Fornecedor/
Organização/Cliente, Desenvolvimento de Produtos e Processo
Produtivo relacionado à Produção mais Limpa. Para cada indicador há
uma breve descrição da importância da atividade para a implantação e
desenvolvimento da P+L.
A definição dos indicadores que compõem o método
Benchmarking da P+L foi estabelecido a partir da revisão bibliográfica
sobre os temas e foram validadas por meio das visitas realizadas em
empresas para a aplicação do método proposto.
Na avaliação de cada indicador se trabalha com um sistema de
pontuação que varia de 1 a 5. Este sistema de pontuação advém do
Método Benchmarking Enxuto. Para cada pontuação adotou-se uma
descrição detalhada, conforme descrito abaixo:
Nota 1- O componente não está implantado ou existem grandes
inconsistências na implantação- Equivale a 20% de prática e
performance.
Nota 2- O componente está implantado, mas existem pequenas
inconsistências na implantação- Equivale a 40% de prática e
performance.
Nota 3- O componente está completamente implantado-
Equivale a 60% de prática e performance.
Nota 4- O componente está completamente implantado e com
resultados efetivos- Equivale a 80% de prática e performance.
Nota 5- O componente está completamente implantado, com
resultados efetivos e exibe contínua melhoria nos últimos 12
meses- Equivale a 100% de prática e performance.
75
As notas 2 (equivalente a 40% de prática ou performance) e 4
(equivalente a 80% de prática ou performance), as quais referem-se às
posições intermediárias de avaliação do item, são selecionadas quando a
empresa apresenta algumas práticas ou performances em ambas as
colunas vizinhas ou encontra-se em situação de desenvolvimento das
práticas da coluna inferior sem ter alcançado o estado descrito na coluna
superior. Não podem ser usados valores fracionados como, por exemplo,
2,7 ou 4,9, devendo-se trabalhar sempre com valores inteiros a fim de
facilitar a leitura dos resultados obtidos.
6.2.4.3 Etapa de Análise dos Resultados
Nesta etapa são apresentados os resultados dos índices obtidos
através das entrevistas nas empresas mapeadas e que aceitaram
participar da pesquisa para cada uma das variáveis que favorecem a
implantação da P+L, sendo que se faz uso de gráficos para a discussão
em relação à adoção das práticas implantadas e das performances
obtidas. Para tanto, se utiliza três tipos de gráficos distintos: Prática
versus Performance, Radar e de Barras, sendo que a decisão para a
utilização desses tipos de gráficos é oriundo do método Benchmarking
Enxuto.
O gráfico de Práticas versus Performance, representado na
Figura 14, é obtido por meio dos índices finais gerados a partir da
consolidação dos resultados parciais. O eixo das abscissas representa o
índice final de práticas instaladas na empresa, enquanto o eixo das
ordenadas representa o índice final de performance obtido. A escala em
análise nesse tipo de gráfico varia de 0 a 100% em ambos os eixos. A
área do gráfico é dividida em quatro quadrantes principais, sendo que os
quadrantes são delimitados usando-se o valor de 60% tanto no eixo das
abscissas como no eixo das ordenadas.
As empresas posicionadas no quadrante I, ou seja, com alto
índice de práticas e alto índice de performance, apresentam as melhores
condições para que os conceitos da P+L sejam implementados ou
aplicados com sucesso, ou ainda, pode ser considerada detentora de um grau avançado de Produção mais Limpa .
As empresas posicionadas no quadrante II, ou seja, com alto
índice de práticas e baixo índice de performance, apresentam boas
condições para a implementação da P+L, pois já têm práticas em
andamento, mas as performances ainda não correspondem ao nível de
76
práticas implementadas. Há provavelmente carência de incentivo ou
informação aos funcionários para que seja favorecido o
desenvolvimento de ações preventivas, ou ainda é necessário realizar
algum estudo para averiguar possíveis melhorias que venham favorecer
altas performances.
Figura 14- Gráfico de Prática versus Performance referente a P+L
As empresas posicionadas no quadrante III, ou seja, que
apresentam baixos índices de práticas e altos índices de performance,
apresentam uma situação na qual há um bom desempenho referente à
P+L, provavelmente decorrentes de extremo esforço dos funcionários ou
de ações indiretas como, por exemplo, ME, SGQ e/ou SGA.
Por fim, as empresas posicionadas no quadrante IV, ou seja, que
apresentam baixos índices tanto de práticas como de performance,
apresentam situação bastante desfavorável para implementação da
Produção mais Limpa. No caso em que se enquadra no quadrante IV
provavelmente a empresa ainda não apresenta uma estrutura
organizacional e física suficiente para um processo de mudança no
sentido de buscar e implementar a P+L de forma eficiente.
Provavelmente são reduzidos ou inexistentes o investimento e incentivo
para desenvolver projetos destinados à Produção mais Limpa, ou seja,
para ações preventivas.
O outro gráfico utilizado para a análise do resultado é do tipo
denominado Radar, conforme ilustrado na Figura 15. Esse gráfico
Prática
76%; 89%
80%; 70%60%; 70%
84%; 79%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Per
form
ance
I
II
III
IV
77
posiciona as empresas estudadas em relação ao padrão de excelência
proposto nesse método para a avaliação da Produção mais Limpa, em
termos de prática e performance em cada uma das seis variáveis em
estudo na pesquisa. O gráfico Radar apresenta cada eixo com uma escala
que varia de 0 a 100%, e a posição da empresa é definida nesta escala
por um ponto. Assim, há um total de doze pontos estabelecidos no
gráfico, e são formados círculos estabelecidos por linhas (linha azul)
unindo esses pontos em análise, formando um hexágono.
Figura 15- Gráfico Radar da P+L
O padrão de excelência no gráfico Radar é dado pelos 100% em
todos os indicadores de prática e performance em estudo. Vale destacar
que é considerado um valor de 60% (linha vermelha) como um marco de
desempenho mínimo necessário de forma a favorecer e proporcionar
sucesso na implantação da P+L.
Usando-se o gráfico Radar é viável fazer a comparação dos
valores referentes à prática e performance da variável em estudo. Assim,
pode-se evidenciar os aspectos mais fortes de cada variável, os quais são
identificados por meio dos pontos mais externos da curva azul,
considerando como referência a curva vermelha, como também pode-se verificar os aspectos deficientes das variáveis relacionadas à P+L, sendo
identificadas pela curva azul que estão localizadas abaixo do limite
definido em 60% (linha vermelha).
78
A partir da identificação dos pontos mais críticos, ou melhor,
mais deficientes das variáveis em análise da P+L, utiliza-se o gráfico de
Barras com a finalidade de identificar e entender quais são os pontos
fracos de cada variável em estudo.
A Figura 16 representa o gráfico de Barras da variável
Fornecedor/Organização/Cliente. Nesse gráfico pode-se identificar para
cada variável quais foram os indicadores que apresentaram mais
desenvolvidos e quais estão mais deficitários.
Figura 16-Gráfico de Barras da variável Fornecedor/Organização/Cliente
Como última etapa do trabalho foi elaborado um relatório para
cada empresa. No material encaminhado para as empresas foi
apresentada a condição de todas as empresas pesquisadas e
posteriormente detalhando para cada empresa quais são os pontos mais
críticos e os positivos referentes à aplicação da Produção mais Limpa. A
finalidade da entrega desse material às empresas é que as mesmas
consigam mapear os pontos carentes, e a partir de então desenvolver
ações de forma a melhorar as condições referentes a processos e a
produtos.
A seguir são relacionados os indicadores para avaliação das práticas e performance para cada uma das variáveis adotadas para
avaliação da Produção mais Limpa nas empresas, sendo que será
detalhado o que cada variável está avaliando.
79
6.2.4.4 Indicador de Administração e Responsabilidade
Nessa variável buscou-se trabalhar com indicadores com a
finalidade de compreender como as empresas estão estruturadas para a
aplicação da Produção mais Limpa considerando a questão da
administração e a divisão das responsabilidades dentro da estrutura das
empresas, sendo considerando fundamental o incentivo e apoio da
gerência para que haja sucesso na adoção de melhorias preventivas.
O Quadro 6 estão apresentados os indicadores referentes a
variável Administração e Responsabilidade, os quais serão detalhados
nos parágrafos seguintes.
Quadro 6- Indicadores de Administração e Responsabilidade
Práticas Avaliação
AR-01 Desdobramento das Políticas da Produção mais Limpa mediante
uma estrutura de índices qualitativos e quantitativos
AR-02 Objetivos de progresso da Produção mais Limpa são definidos e
têm sido efetivamente comunicados
AR-03 Há compromisso da alta gerência nos processos de implantação da Produção mais Limpa
AR-04 Existe plano de Incentivos pelos progressos obtidos na implantação dos princípios da Produção mais Limpa
AR-05
A Gerência tem optado por aderir a um plano para o desenvolvimento da Produção mais Limpa e não às operações de
curto prazo (fim de tubo)
AR-06
Clima estimulante e de incentivo na consecução das metas estabelecidas pelas políticas da Produção mais Limpa, primando
à estabilidade e participação dos indivíduos.
AR-07 Os funcionários envolvidos na Produção mais Limpa são de
diversos níveis da estrutura
Performance Avaliação
AR-08 Indicadores de Performance Relacionados à Produção mais
Limpa
AR-09 Progresso da implantação e práticas da Produção mais Limpa em
todos os níveis da estrutura
AR-10 Incentivo da alta gerência às práticas da Produção mais Limpa
AR-11 Plano para desenvolvimento da Produção mais Limpa
AR-12 Disponibilidade de pessoal para o progresso da Produção mais Limpa
AR-01:Esse indicador visa verificar se a empresa adota indicadores
relacionados à produção P+L de forma a possibilitar o desdobramento
80
das suas políticas, ou seja, proporciona analisar, mediante indicadores
qualitativos e quantitativos, se o que foi planejado está realmente sendo
alcançado. Além disso, por meio da análise desses índices podem-se
propor ações corretivas referentes à P+L, dependendo do desempenho
alcançado.
AR-02: Por meio deste indicador pode-se analisar se as empresas têm os
seus objetivos claros referentes à Produção mais Limpa, ou seja, se está
esclarecido o que a empresa pretende alcançar de forma a possibilitar
desenvolvimento de processos e produtos sustentáveis, que venham a
agredir em menor proporção o meio-ambiente. Além disso, é analisado
se a empresa propaga os objetivos para todos, possibilitando que os
colaboradores estejam cientes do que foi estabelecido e trabalhe em prol
do que foi definido como objetivo.
AR-03: Nesse indicador pretende-se avaliar se a alta gerência está
envolvida com a implantação da Produção mais Limpa, ou seja, se há
incentivo para a obtenção das ações preventivas, favorecendo, portanto,
a estruturação e investimento para implantação da mesma.
AR-04: Objetiva-se entender se a gerência reconhece os desempenhos
alcançados pelos colaboradores em relação à implantação da P+L, haja
vista que isso proporciona incentivos para obter novas conquistas e
melhorias em processos e produtos. Pondera-se nesse indicador a
participação da gerência na apresentação e implantação das melhorias
pelos colaboradores, bem como se há investimento, reconhecimento e
incentivo da participação dos colaboradores em todos os níveis da
estrutura para as práticas da P+L.
AR-05: A intenção é verificar se a alta gerência realmente tem uma
visão e ação para investimento e desenvolvimento de ações preventivas,
ou seja, projeto voltado para a Produção mais Limpa.
AR-06: Este indicador analisa se realmente a empresa estimula a
participação dos funcionários de diversas áreas no desenvolvimento da
P+L, disponibilizando, por exemplo, parte do tempo para que os
mesmos consigam se dedicar à melhoria e reconhece as melhorias
alcançadas; e também estimula e incentiva por meio da disponibilização
de recursos financeiros para a implantação das melhorias propostas.
81
AR-07: Para avaliar esse indicador deve-se ponderar se há
envolvimento de colaboradores de diversos níveis da estrutura,
considerando as diversas áreas da empresa como, por exemplo,
colaboradores da área da engenharia, chão de fábrica, suprimentos, etc.
O intuito é entender a amplitude que a P+L encontra-se dentro da
empresa em estudo.
AR-08: Para avaliação desse indicador deve-se considerar se a empresa
apresenta uma estruturação de indicadores destinados à P+L, de forma
que venha a atender a política da empresa referente a ações preventivas,
e se esses indicadores são realmente utilizados para acompanhamento,
pela gerência e força de trabalho, referente às propostas de melhorias
implementadas. proporcionando, portanto, a busca pela constante
melhoria e identificação de problemas críticos que carecem de maior
atenção. Esse indicadores têm a finalidade de analisar a performance das
práticas referente aos itens AR-01 e AR-02.
AR-09: Avalia-se neste indicador se há realmente na política da
empresa, destinada à P+L, uma estruturação de forma que as atividades
para melhorias estejam em todos os níveis da estrutura, ou seja, se há
envolvimento, por exemplo, da engenharia de produtos, suprimentos,
engenharia industrial, área ambiental, design, etc. Logo, este indicador
verifica se há realmente a busca da Produção mais Limpa com relação a
processos, principalmente em processos produtivos, e em
desenvolvimento de produtos. Além disso, é analisada no AR-09 a
disponibilidade de indicadores de P+L em toda a estrutura da empresa,
possibilitando ações de melhorias, e se há incentivo em toda a
organização ao desenvolvimento de ações visando a prevenção ações de
fim de tubo. Logo, este indicador visa analisar a performance dos
indicadores propostos AR-01, AR-03, AR-04 e AR-07.
AR-10: Na avaliação deste indicador procura-se entender se a alta
gerência incentiva os colaboradores para o alcance da P+L, sendo que
para isso é verificado se ela tem: realizado o reconhecimento dos
colaboradores pelo trabalho desenvolvido; acompanhado os indicadores
definidos; investido para que as melhorias propostas referentes à P+L
sejam alcançadas; se envolvido nas propostas sugeridas para melhorias;
e acompanhado constantemente os trabalhos desenvolvidos. Este
indicador busca analisar a performance dos indicadores de prática AR-
03, AR-04, AR-05 e AR-06.
82
AR-11: Este indicador visa compreender se a empresa tem estruturado
um plano para o desenvolvimento referente à P+L, e se realmente tem
aplicado esse plano, considerando, por exemplo: os objetivos,
indicadores para avaliação, disponibilidade de colaboradores,
envolvimento da gerência. O indicador AR-11 analisa a performance
dos indicadores de prática AR-01, AR-02, AR-03 e AR-05.
AR-12: Verifica-se neste caso a disponibilidade de colaboradores para
que os mesmos dediquem, pelo menos, parte do seu tempo para
desenvolver atividades voltadas para a Produção mais Limpa,
ponderando todos os níveis da estrutura. O indicador AR-12 avalia a
performance dos indicadores AR-06 e AR-07.
6.2.4.5 Indicador de Pessoas
Nesta variável buscou-se trabalhar com indicadores com a
finalidade de compreender se as empresas realmente investem nos
funcionários para a obtenção da P+L, sendo considerados fatores como
treinamentos sobre o tema em estudo, formação de ecotime, e
disponibilidade de recursos para a preparação dos colaboradores que
irão trabalhar para a obtenção da Produção mais Limpa.
No Quadro 7 estão apresentados os indicadores referentes à
variável Pessoas, os quais serão detalhados nos parágrafos seguintes.
Quadro 7- Indicadores de Pessoas Práticas Avaliação
P-01 Disponibilidade de uma estrutura para treinamento e facilidade para os
empregados serem treinados
P-02 Programas de treinamento voltados para os conceitos e ferramentas
para a Produção mais Limpa em todos os níveis da organização
P-03
Equipes de implantação e seguimento das ações voltadas à aplicação
dos conceitos da Produção mais Limpa são definidas, bem como as
linhas de autoridade são claramente estabelecidas
Performance Avaliação
P-04 Funcionários treinados nos conceitos da Produção mais Limpa
P-05 Equipes destinadas à aplicação da Produção mais Limpa
P-06 A direção e a alta gerência disponibilizam recursos para que as ações
sejam consistentes com as práticas da Produção mais Limpa
P-07 Treinamentos realizados com frequência para públicos variados
83
P-01: Neste indicador é analisado se a empresa possui uma estrutura
adequada para que sejam efetuados os treinamentos destinados aos
colaboradores.
P-02: Neste indicador avalia-se a disponibilidade de treinamentos
referentes à P+L, onde é esclarecido a sua importância para a empresa e
o meio-ambiente, como que uma produção mais consciente é obtida,
quais as etapas adotadas pela empresa para obter ações preventivas e
apresentação das ações realizadas pela empresa visando a P+L.
P-03: Avalia-se a disponibilidade de equipes, ecotime, destinadas a
ações relacionadas à P+L, sendo que se pondera a questão da
estruturação dessa equipe, considerando a autoridade definida nela,
possibilitando, portanto, que haja engajamento e liderança para o
alcance do objetivo.
P-04: Este indicador visa avaliar se os colaboradores, principalmente
aqueles destinados a ações preventivas, são treinados e estão sendo
treinados referentes à Produção mais Limpa, de forma que consigam
entender a sua importância e consigam agir possibilitando a melhoria.
Esse indicador visa avaliar a performance das práticas do indicador P-
02.
P-05: Avalia-se a disposição de equipes, denominadas ecotimes,
destinadas à avaliação da P+L, e se essas equipes estão estruturadas e
vêm desenvolvendo constantes atividades de melhorias. O P-05 tem a
finalidade de avaliar a performance das práticas do indicador P-03.
P-06: Esse indicador avalia a alta gerência referente a investimentos
realizados destinados a melhorias em processos e produtos com a
finalidade de obter a P+L. Ao disponibilizar recursos para ações
preventivas, a empresa estimula os colaboradores envolvidos para
melhorias na P+L. O indicador P-06 visa avaliar a performance das
práticas adotadas conforme os indicadores P-01 e P-02.
P-07: A intenção desta avaliação é verificar se há abrangência do
conhecimento de P+L para todas as áreas e níveis da empresa, visto que
com a amplitude do treinamento para todos os colaboradores acaba se
tornando um incentivo para a propagação e conscientização das
84
melhorias, bem como facilita as ações dos grupos que trabalham com a
P+L. Este indicador analisa a performance da prática do indicador P-02.
6.2.4.6 Indicador de Informação
Busca-se entender mediante esta variável a estruturação e a
disponibilidade de informações referentes à Produção mais Limpa para
toda a empresa, haja vista a importância das informações para incentivar
bem como identificar os fatores críticos que carecem de maior atenção,
possibilitando, portanto, que ações sejam realizadas com a finalidade de
garantir melhor desempenho destinado à diminuição ao impacto
ambiental.
No Quadro 8 são apresentados os indicadores referentes à
variável Informação, os quais serão detalhados posteriormente.
Quadro 8- Indicadores de Informação
Prática Avaliação
I-01 Há disponibilidade de informações para toda a organização conforme a
necessidade
I-02 O conhecimento é compartilhado por meio da estrutura organizacional
I-03 Os indicadores financeiros estão estruturados de maneira a medir e
reportar os avanços em relação à Produção mais Limpa
I-04 Há uma espécie de descentralização da informação localizando-a
próxima aos usuários associados com o processo em análise.
Performance Avaliação
I-05 Atualização das informações referentes à Produção mais Limpa
I-06 Redução de despesas e custos com a adoção da prática Produção mais
Limpa
I-07 Divulgação dos resultados obtidos com a Produção mais Limpa
I-01: Este indicador visa medir a disponibilidade de informações
relacionadas à Produção mais Limpa, de forma que os colaboradores
tenham fácil acesso a elas.
I-02: O indicador avalia se as informações e práticas da P+L são
propagadas para toda a empresa, ou seja, em todas as áreas.
I-03: Para a avaliação deste indicador verifica-se se a empresa consegue
medir os avanços e conquista de melhorias obtidas pela Produção mais
Limpa por meio dos indicadores financeiros, tendo em vista a
85
importância de verificar os impactos na questão econômica e conseguir
medir o retorno para a empresa com a aplicação de ações preventivas.
I-04: Verifica-se a disponibilidade das informações ao colaborador que
atua na área de forma a facilitar que o mesmo identifique possibilidades
de melhorias bem como proporcionar incentivo para novos trabalhos.
I-05: Analisa-se neste indicador a frequência de atualização das
informações obtidas referentes à Produção mais Limpa em toda a
empresa. Este indicador tem a finalidade de avaliar a performance das
práticas adotadas em I-01, I-02 e I-03.
I-06: Este indicador visa verificar se realmente os indicadores
financeiros estão estruturados de forma a possibilitar medir os avanços
obtidos com a P+L considerando os impactos financeiros. Esse
indicador visa avaliar a performance das práticas referentes ao indicador
I-03.
I-07: Com este indicador busca-se entender se realmente as informações
destinadas à P+L são apresentadas para toda a empresa, em todos os
níveis, obtendo-se, desta forma, a descentralização dos dados e fácil
acesso a eles. O indicador I-07 busca analisar a performance das práticas
referentes aos indicadores I-01, I-02 e I-03.
6.2.4.7 Indicador de Fornecedor, Organização e Cliente
Por meio dos indicadores da variável Fornecedores,
Organização e Cliente pretende-se entender se há relação entre eles
durante o desenvolvimento de produtos e processos de forma a buscar
processos mais limpos, ou seja, que favoreçam a Produção mais Limpa.
No Quadro 9 são apresentados os indicadores referentes à
variável Fornecedor, Organização e Cliente.
86
Quadro 9- Indicadores Referentes à Fornecedor, Organização e Cliente
Prática Avaliação
FOC-01 Participação de fornecedores /clientes no processo de
desenvolvimento de produtos e processos mais limpos
FOC-02 Clientes e Fornecedores participam de revisões contínuas na área de
desenvolvimento de produtos, processos e em projetos
FOC-03 Incentivos junto a fornecedores/clientes para a obtenção de uma
Produção mais Limpa
Performance Avaliação
FOC-04 Projetos envolvendo fornecedores/clientes no desenvolvimento de
processos e produtos mais limpos
FOC-05 Cumprimento da exigência dos clientes referente à prevenção de impactos ambientais
FOC-01: Para a avaliação deste indicador verifica-se junto à empresa se
os fornecedores e os clientes participam no processo decisório e no
desenvolvimento de novos produtos e processos de forma a garantir a
Produção mais Limpa.
FOC-02: Diferentemente do anterior este indicador pretende entender se
é contínua a participação dos fornecedores e clientes nos processos de
melhorias, tanto de produtos e processos, não considerando, portanto,
somente o desenvolvimento de novos produtos e processos, mas sim a
participação na melhoria daqueles já existentes. Logo, pretende-se
avaliar a participação tanto do cliente e do fornecedor durante as
melhorias desenvolvidas voltadas para a P+L.
FOC-03: Verifica-se neste indicador se a empresa em estudo busca
incentivar os seus clientes e/ou fornecedores para que adquiram
processos e desenvolvam produtos que causem menos impactos
ambientais, de forma a favorecer a P+L.
FOC-04: Avalia-se a constância da participação dos fornecedores e
clientes em desenvolvimento de produtos e processos visando a
Produção mais Limpa. Este indicador tem a intenção de avaliar a
performance das práticas adotadas referentes aos indicadores FOC-01 e
FOC-02.
FOC-05: É avaliado se a empresa em estudo está atendendo as
exigências do cliente de forma a proporcionar produto e processo por
meio da aplicação de ações preventivas e que sejam mais limpas. O
87
indicador FOC-05 avalia a performance das práticas adotadas referente
aos indicadores FOC-01 e FOC-02.
6.2.4.8 Indicador de Desenvolvimento de Produtos
Por meio da variável Desenvolvimento de Produtos pretende-se
analisar de que forma a empresa em estudo está trabalhando visando a
Produção mais Limpa nos produtos desenvolvidos e produzidos.
No Quadro 10 estão apresentados os indicadores referentes à
variável Desenvolvimento de Produto.
Quadro 10- Indicadores de Desenvolvimento de Produtos
Prática Avaliação
DP-01
Desenvolvimento integrado de produtos, com a participação de
todas as áreas funcionais da empresa, bem como outros agentes
tais como clientes, fornecedores, instituições do terceiro setor, visando a prevenção de impactos ambientais.
DP-02 Os princípios do gerenciamento do ciclo de vida são aplicados no
processo de desenvolvimento de novos produtos.
DP-03
Há redesenho dos produtos para eliminar eventuais problemas
ambientais relacionados à fabricação, utilização e favorecendo a reciclagem.
DP-04
Há substituição de um material que pode provocar problemas
ambientais por outro material que não é problemático ou ocasiona
menos danos ao meio-ambiente.
DP-05
Há estudos voltados para desenvolvimento de componentes para
que os mesmos sejam facilmente reciclados e reutilizados nos produtos da empresa.
DP-06 Há estudos possibilitando aumentar a vida útil do produto.
Performance Avaliação
DP-07 Redução da quantidade de material e/ou componentes que
provocam danos ao meio-ambiente.
DP-08 Adoção de materiais menos danosos ao meio-ambiente.
DP-09 Produtos redesenhados e reprojetados visando menor impacto
ambiental.
DP-10 Utilização de materiais e/ou componentes reciclados.
DP-11 Componentes desenvolvidos para facilitar a reciclagem.
DP-12 Aumento da vida útil do produto.
88
DP-01: Este indicador avalia como os produtos são desenvolvidos
considerando o grau de participação das diversas áreas da empresa,
fornecedores e clientes no desenvolvimento de produtos que favoreçam
a P+L.
DP-02: O indicador avalia se são aplicados os conceitos de avaliação do
ciclo de vida para novos produtos em desenvolvimento e para melhorias
de produtos já existentes.
DP-03: O indicador analisa se a empresa procura investir em redesenho
de produtos já existentes ou em desenvolvimento com a finalidade de
que os mesmos causem menos impacto ambiental em virtude de
favorecer processos produtivos que apliquem os conceitos da P+L, de
maneira que haja menos danos ambientais durante a utilização desses
produtos pelos clientes, e ponderando também a destinação desses
produtos pós-uso pelo cliente.
DP-04: Verifica-se se a empresa busca alternativas de materiais para o
desenvolvimento de produtos com a finalidade de ocasionar menos
danos ao meio-ambiente e que favoreça a reciclagem.
DP-05: Este indicador verifica a prática de desenvolvimento de
componentes de forma a contribuir para a sua reciclagem no final do
ciclo de vida do produto. Logo, é analisado se a empresa busca adotar
materiais menos danosos bem como estruturas que facilitem a
desmontagem.
DP-06: Pretende-se avaliar se a empresa investe em desenvolvimento de
produtos de forma a favorecer o aumento da vida útil dos mesmos,
proporcionando, portanto, uma Produção mais Limpa, pois há redução
do descarte.
DP-07: Busca-se verificar o desempenho da empresa ao adotar no
desenvolvimento dos seus produtos alternativas visando a redução a
quantidade de material e/ou componentes que provocam danos ao meio-
ambiente, por meio da adoção de alternativas como, por exemplo, do
desenvolvimento de novo design do produto. Este indicador mede a
prática dos indicadores DP-02 e DP-03.
DP-08: Com este indicador é analisado se a empresa estuda e busca usar
materiais que causam menos danos ao meio-ambiente no
89
desenvolvimento do produto, sendo que analisa a performance das
práticas adotadas nos indicadores DP-02, DP-03 e DP-04.
DP-09: Mede o desempenho dos indicadores DP-02, DP-03, DP-04,
DP-05, DP-06 considerando as estratégias de redesenho de produtos
visando favorecer: a desmontagem e reaproveitamento de peças e
materiais; a reciclagem do produto; redução da quantidade de matéria-
prima utilizada; reduzir os impactos ambientais durante o uso do
produto; e o descarte adequado do produto.
DP-10: Neste indicador procura-se entender se as empresas buscam
alternativas na utilização de materiais e/ou componentes reciclados
favorecendo, portanto, a redução de resíduos gerados na fabricação do
produto, sendo que se analisa o desempenho das práticas adotadas em
DP-04 e DP-05.
DP-11: Este indicador de performance visa verificar se há esforços das
empresas estudadas no desenvolvimento de componentes que favoreçam
a reciclagem, sendo que pode estar associada tanto aos materiais
utilizados como também à estrutura física, ou seja, design do produto
para favorecer a desmontagem do produto após o uso. Este indicador
avalia a performance referente às práticas dos indicadores DP-04 e DP-
05.
DP-12: Este indicador verifica se a empresa realmente tem buscado e
alcançado o aumento da vida útil do produto. Ele avalia a performance
dos indicadores de prática DP-02 e DP-06.
6.2.4.9 Indicador do Processo Produtivo
Pela variável denominada Processo Produtivo pretende-se
analisar de que forma a empresa em estudo está trabalhando visando a
Produção mais Limpa dentro da produção.
No Quadro 11 são apresentados os indicadores relacionados à
variável Processo Produtivo.
90
Quadro 11: Indicadores do Processo Produtivo
Prática Avaliação
PP-01 Redesenho do processo visando eliminação dos impactos
ambientais.
PP-02
Remanufatura: restaurar um produto durável usado para condição de "novo", para ser usado em sua função original ou
utilizar suas peças em outro produto usado.
PP-03
Consumo interno: resíduos gerados na empresa são utilizados
pela mesma como, por exemplo, madeiras oriundas de paletes
são utilizadas como fonte energética.
PP-04 Uso de embalagens e paletes que podem ser reutilizados no
processo.
PP-05
Transferência de materiais e resíduos para a responsabilidade de
terceiros com maior capacidade para tratar o material ou resíduo.
PP-06
Há segregação de resíduos durante o processo: uma ação
intermediária em que fluxos de resíduos são separados em seus
componentes individuais, antes de serem reciclados, reutilizados ou consumidos.
PP-07
Exames regulares e contínuos das cadeias de valor ao longo da
organização são realizados visando a melhoria contínua das
mesmas e redução do impacto ambiental
PP-08 A empresa avalia, controla e busca reduzir a liberação de gases nocivos à atmosfera.
PP-09 A empresa avalia, controla e busca reduzir o consumo de água.
PP-10 A empresa avalia, controla e busca reduzir o consumo de
energia.
PP-11
A empresa adota práticas da manufatura enxuta (tecnologias, metodologias e ferramentas) para reduzir os impactos
ambientais.
PP-12 A empresa avalia, controla e busca reduzir resíduos sólidos
gerados.
PP-13 A empresa avalia, controla e busca reduzir materiais perigosos,
nocivos e tóxicos.
Performance Avaliação
PP-14 Houve redução de resíduos sólidos gerados com a adoção da
Produção mais Limpa.
PP-15 Redução do consumo de água com a adoção da Produção mais
Limpa.
PP-16 Redução do consumo de energia com a adoção da Produção
mais Limpa.
PP-17 Redução da emissão dos gases nocivos à atmosfera com a
adoção da Produção mais Limpa.
PP-18 Adoção de embalagens retornáveis.
PP-19 Redução dos impactos ambientais com a adoção das práticas da manufatura enxuta (tecnologia, metodologia e ferramentas).
91
PP-04: É analisada neste indicador a aplicação da logística reversa,
onde se utilizam embalagens e paletes retornáveis.
PP-05: Busca-se avaliar se a empresa dá destinação adequada aos
resíduos oriundos do processo.
PP-06: É avaliado se a empresa adota ações intermediárias de forma
que os resíduos gerados no processo sejam separados adequadamente
durante o processo e possibilitando que posteriormente seja dado o
destino adequado a eles.
PP-07: O indicador verifica se são realizados exames da cadeia de valor
visando identificar os pontos críticos do processo e consequentemente
proporciona melhoria contínua dos mesmos e redução do impacto
ambiental.
PP-08: este indicador avalia a preocupação das empresas em estudo
referente à liberação de gases nocivos à atmosfera, e se elas buscam
alternativas visando uma menor geração e liberação desses gases à
atmosfera.
PP-09: Este indicador avalia a preocupação das empresas referente ao
consumo de água, e se elas buscam alternativas visando um menor
consumo de água.
PP-10: este indicador avalia a preocupação das empresas referente ao
consumo de energia, e se elas buscam alternativas visando um menor
consumo de energia.
PP-11: Este indicador visa avaliar se as empresas adotam práticas da
manufatura enxuta de forma a favorecer as ações da Produção mais
Limpa.
PP-12: Este indicador avalia a preocupação das empresas referente à
geração de resíduos sólidos, e se elas buscam alternativas visando uma
menor geração de resíduos.
PP-13: Por meio deste indicador busca-se avaliar a preocupação das
empresas referente à geração de materiais perigosos, nocivos e tóxicos, e
se elas buscam alternativas visando uma geração de menos quantidades
desses materiais.
92
PP-14: Este indicador visa analisar a performance das empresas em
estudo em ações relacionadas com a geração de resíduos sólidos na
produção. Este indicador é utilizado para avaliar a prática dos
indicadores PP-02, PP-03, PP-04 e PP-12.
PP-15: Este indicador tem a finalidade de avaliar se as empresas estão
desenvolvendo ações voltadas para redução do consumo de água no
processo produtivo. Logo, ele avalia a performance das práticas do
indicador PP-09.
PP-16: Por meio deste indicador é verificada a performance da empresa
com relação à redução do consumo de energia, principalmente nos
processos produtivos, sendo que está analisando a performance da
prática do indicador PP-10.
PP-17: Este indicador tem como objetivo analisar se as empresas estão
desenvolvendo ações voltadas para redução da emissão de gases nocivos
à atmosfera ao adotar prática de P+L. Logo, ele avalia a performance
das práticas do indicador PP-08.
PP-18: Este indicador verifica se há busca por alternativas, pelas
empresas em estudo, para a adoção de embalagens retornáveis. Logo, o
PP-18 verifica a performance das práticas do indicador PP-04.
PP-19: Com este indicador pretende-se avaliar a performance das
empresas voltadas para a P+L com relação à aplicação da práticas da
ME identificados como favoráveis para a obtenção da Produção mais
Limpa. Desta forma, é avaliada a performance das práticas adotadas no
indicador PP-11. Vale destacar que este indicador também será utilizado
para avaliar o checklist desenvolvido para as práticas da Manufatura
Enxuta, o qual será apresentado posteriormente.
6.2.4.10 Checklist da Manufatura Enxuta
Visto que diversos estudos vêm indicando a contribuição da Manufatura Enxuta para a Produção mais Limpa, buscou-se aplicar uma
ferramenta, denominada checklist da ME, para verificar quais as práticas
da manufatura estão sendo aplicados. O checklist desenvolvido neste
trabalho foi adaptado de NOGUEIRA (2007), e é apresentado na Figura
17. Vale destacar que para a estruturação desse checklist foi realizado o
93
estudo bibliográfico para verificar quais são as principais práticas da ME
que contribuem para a P+L, em virtude das ações preventivas adotadas.
A avaliação do checklist se dá através de seis possibilidades:
NA- Não se aplica, para itens que, em virtude das características da
empresa, não se encontram em aplicação; NE- não existe, para itens que
não estão sendo aplicados, mas que devido às características da empresa,
podem ser aplicados; MFR- aplicação muito fraca; FR- aplicação fraca;
FO- aplicação forte e MFO- aplicação muito forte. Foram atribuídos
pesos para cada item utilizado para a avaliação, com a finalidade da
obtenção do resultado final, sendo que se apresentam da seguinte forma:
MFR: peso 2,5;
FR: peso 5,0;
FO: peso7,5;
MFO: peso 10.
Figura 17- Checklist da Manufatura Enxuta
Para as variáveis NA e NE são considerados peso zero e,
portanto, são considerados inexistentes ou não aplicáveis.
Com a finalidade de identificar quais das práticas são mais
utilizadas e aplicadas nas empresas em estudo foi utilizada a Equação
(1), sendo que a variável n refere-se ao número de aplicações referentes
à MFO, FO, FR e MFR.
(1)
94
O preenchimento do checklist foi feito pela própria
pesquisadora, no decorrer da conversa com o representante da empresa e
por meio da observação do sistema produtivo.
Como forma de obter um aumento na confiabilidade das
informações, aplicou-se a observação do tipo assistemática ou não
estruturada. Tal técnica de observação consiste em recolher e registrar
os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos
especiais ou precise fazer perguntas diretas (MARCONI e LAKATOS,
1999).
Enfim, essa metodologia adotada visa medir inicialmente quais
ferramentas da ME são aplicadas na empresa em estudo e verificar o
grau de aplicação da Manufatura Enxuta e, então, relacioná-las com a
P+L. Tendo em vista que algumas empresas possam estar
desenvolvendo uma Produção mais Limpa mediante as práticas enxutas,
elas não detêm conhecimento dessa aplicação para a obtenção da P+L.
Posteriormente, no decorrer do trabalho, pretende-se examinar o
levantamento dessa informação, conforme a análise dos resultados
obtidos e das entrevistas realizadas.
95
7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados da
aplicação do método da P+L e da Manufatura Enxuta nas dezesseis
empresas participantes desta pesquisa. Inicialmente será realizada a
caracterização das empresas, posteriormente será abordado o resultado
geral de práticas e performance da P+L obtidas por cada empresa, e
também os resultados de cada indicador para cada variável da pesquisa
que favorecem a obtenção da Produção mais Limpa:
Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informação,
Fornecedor/Organização/Cliente, Desenvolvimento de Produto e
Processo Produtivo.
São analisadas as maiores diferenças entre as três empresas com
melhores resultados e as três empresas com piores resultados, em
relação à média das empresas pesquisadas. Além disso, são comparadas
as notas das empresas localizadas nos quadrantes III e IV com relação às
empresas do quadrante I.
No final é feita a análise do resultado do checklist da ME e a
comparação com os resultados obtidos através do benchmarking.
7.1 CARACTERIZAÇÃO E DESCRIÇÃO GERAL DAS EMPRESAS
Analisando as 16 empresas que responderam ao questionário
proposto nesta pesquisa, 75% delas são classificadas como empresas de
grande porte e 25% correspondente a médio porte, conforme o IBGE e
SEBRAE. A pesquisa abrangeu empresas de diversos segmentos,
conforme mostrado na Figura 18.
Figura 18- Número de Empresas por Segmento
96
A Figura 19 apresenta a idade das empresas, sendo que a média
de idade ficou em 53 anos, e a empresa mais antiga tem 132 anos e a
mais nova 13 anos.
Figura 19- Idade das Empresas (anos)
Duas das dezesseis empresas apresentam 100% do capital
estrangeiro, mas verifica-se que a atuação das 16 empresas está focada
no mercado interno. Logo, em média 80% da produção está destinada ao
mercado brasileiro. Mesmo sendo poucas as atuações no mercado
internacional, muitas empresas comentaram a grande exigência dos
clientes estrangeiros no tocante às questões ambientais, principalmente
relacionadas ao uso de alguns materiais nos produtos.
Por meio da classificação por pontuação obteve-se que a
principal estratégia competitiva adotada pelas empresas está relacionada
a custo, conforme mostrado na Figura 20. Isto indica que as principais
ações das empresas estão focadas visando à redução de custos para obter
melhor vantagem competitiva. A qualidade é considerada a segunda
estratégia mais importante. A flexibilidade para desenvolver novos
projetos e a preocupação com o meio-ambiente e segurança tiveram
igual média das pontuações. A inovação foi considerada a estratégia
mais fraca quando comparada com as demais.
Assim, observando-se a estratégia competitiva adotada pelas
empresas, verifica-se que as ações destinadas a ecoeficientes e a P+L
não são consideradas tão prioritárias quando comparadas com custo e
qualidade.
97
Figura 20- Valor médio da pontuação das estratégias competitivas das
empresas
Todas as empresas analisadas aplicam e apresentam certificação
do Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001), e em média o sistema
de gestão encontra-se aplicado há 15 anos nas empresas analisadas.
Desta forma, observa-se que as empresas valorizam muitos aspectos
referentes à qualidade, haja vista que a qualidade foi considerada como a
segunda estratégia mais importante e todas elas apresentam implantado
o SGQ. Assim, mesmo que as empresas não priorizem questões
ambientais na sua estratégia competitiva ao adotarem e implantarem
sistema de qualidade, isto acaba favorecendo, de forma indireta,
melhorias de aspectos referentes ao impacto ao meio-ambiente,
conforme visto no Capítulo 7.
Considerando o Sistema de Gestão Ambiental, conforme a
Figura 21, 63% (10) das empresas apresentam a ISO 14001 implantado
e certificado. Entretanto, vale destacar que 13% (2) das empresas já
estão em processo de implantação do SGA e 13% (2) já apresentam
planejamento para implantação futura. Logo, apesar de aspectos
referentes ao meio-ambiente e segurança não terem sido considerados
como principais estratégias para a competitividade, verifica-se que mais
da metade das empresas entrevistadas apresentam a ISO 14001
implantada. Das 10 empresas que são certificadas pela ISO 14001, 50%
delas (5) apresentam um programa oficial destinado à P+L.
A aplicação do Sistema de Gestão Ambiental favorece muito
para que ações dentro dos processos das empresas sejam desenvolvidas
contribuindo para a obtenção da P+L, principalmente porque as empresas aplicam indicadores ambientais para o controle da sua gestão,
possibilitando a busca por melhorias no processo com a finalidade de
menor impacto ambiental. Vale destacar que o SGA favorece a obtenção
98
da integração do sistema de gestão, quando aplicada me conjunto com o
SGQ.
Figura 21- Implantação da ISO14001
O OHSAS 18001 encontra-se implantado somente em 25% das
empresas estudadas, sendo que somente três dessas empresas são
certificadas para Segurança e Saúde no Trabalho. As empresas que
implantaram o OHSAS 18001 são E01, E02, E07 e E09.
Enfim, o fato da grande maioria das empresas terem implantado
os dois sistemas de gestão, SGQ e SGA, favorece para que haja um
sistema de gestão integrado, contribuindo para a obtenção da P+L,
conforme visto no Capítulo 7.
7.2 RESULTADO DO BENCHMARKING DA PRODUÇÃO MAIS
LIMPA
A grande maioria das empresas estudadas (isto é, 63% = 10
empresas) não apresenta um programa específico direcionado à
obtenção da P+L. As ações sustentáveis adotadas por estas empresas são
geralmente consequências de melhorias voltadas principalmente para
questões produtivas, de custos e por exigências de clientes, com a
finalidade de obter vantagem competitiva em relação aos concorrentes.
As empresas que adotam um programa oficial destinado à P+L
são E01, E04, E05, E07, E10 e E16.
99
7.2.1 Resultado geral das práticas e performance
Nesta seção é apresentado o resultado geral de práticas e
performance obtido por cada empresa pesquisada em relação à P+L.
A Figura 22 apresenta o resultado geral de práticas e
performance obtido para as 16 empresas pesquisadas, e nessa figura
pode-se identificar em qual o quadrante cada uma foi classificada.
Observando o gráfico pode-se visualizar que, assim como já comentado,
do total das empresas pesquisadas, 25% (4) são de médio porte,
identificadas com o símbolo vermelho, e 75% (11) são de grande porte,
identificadas com o símbolo verde.
Referente à posição obtida no gráfico pelas empresas, tem-se
que 44% (7) foram classificadas no quadrante I, apenas 6% (1) foi
classificada no quadrante II, 6% (1) classificada no quadrante III, e 44%
(7) foram classificadas no quadrante IV.
Por meio da Figura 22 infere-se que a média da classificação
das empresas ficou no quadrante IV. A média de práticas e de
performance obtida pelas empresas é identificada pelo símbolo azul,
tendo o resultado de 57% de práticas e 57% de performance. A empresa
E09, com classificação de grande porte, obteve o maior índice de
práticas e performance (83% e 83%). A empresa E16 é uma empresa de
médio porte e obteve o segundo melhor resultado quanto às práticas e
performances da P+L.
A empresa E07, classificada como de médio porte, é a única
localizada quadrante III, sendo que apresenta baixos índices de práticas
(59%) e alto índices de performance (61%). Vale destacar que a empresa
E07 apresenta um alto grau de aplicação das práticas da ME, logo,
provavelmente as ações enxutas acabam favorecendo a obtenção de
performance elevada para a P+L. Além disso, a empresa E07 apresenta
implantados o SGA, SGQ e OHSAS, o que também favorece a obtenção
de uma performance elevada da P+L, em virtude do sistema integrado
de gestão.
100
Figura 22- Gráfico geral de Práticas x Performance das empresas pesquisadas
Entretanto, é importante destacar que o nível de
práticas (59%) obtido pela empresa E07 não está tão baixo e nem tão
distante do mínimo favorável (60%), assim como o nível de
performance obtido (61%) não está tão alto e nem tão distante também
do mínimo favorável (60%) para implementação e realização da
Produção mais Limpa. Estes dados permitem identificar algumas
oportunidades de melhoria para esta empresa. As melhorias podem ser
identificadas após a análise do gráfico Radar, que descreve o
comportamento dos seis índices de práticas e performance obtidos, bem
como através da análise individual de cada indicador avaliado.
No quadrante II, onde há baixa performance e alta prática,
verifica-se uma única empresa, E10, a qual apresentou 63% de prática e
59% de performance. Esta empresa encontra-se em processo de
implantação da ISO14001, o que acaba refletindo em valores maiores de
prática da P+L. A baixa performance deve-se ao fato da empresa ainda
estar estruturando as práticas das ações preventivas. Além disso, vale
destacar que esta empresa apresenta uma aplicação mediana (7,9 a 6,0)
referente à aplicação das práticas da ME.
As sete empresas localizadas no quadrante IV, que correspondem a 44% das empresas entrevistadas, apresentam níveis
baixos de práticas e performance referente à P+L. Observa-se que a
maioria delas, com exceção da E02 e E06, não possuem implantada a
ISO 14001 (destinada à gestão ambiental), porém todas elas adotam a
ISO 9001.
101
Outro ponto importante observado é que as empresas que têm o
menor índice de prática e performance da P+L (E02 e E12) são
empresas que apresentam aplicação mediana das práticas da ME, com
nota variando de 7,9 a 6,0, notas muito superiores àquela verificada para
as empresas E03, E08 e E11, que também se localizam no quadrante IV.
Analisando mais detalhadamente os casos E02 e E12, a
provável explicação para essas empresas apresentarem baixo índice de
prática e performance para a P+L, mesmo tendo uma aplicação mediana
da ME, deve-se às ações da ME serem mais voltadas para questões de
produtividade do que por ações que favorecem a P+L.
No quadrante I há sete empresas, duas de médio porte (E16 e
E04) e cinco de grande porte (E01, E04, E05, E09 e E13). Todas estas
empresas apresentam implantada a ISO14001. Considerando a aplicação
das práticas da ME, apenas a empresa E13 apresenta muito baixa a
aplicação dessas práticas. Logo, provavelmente o SGA, bem como o
SGQ, são fatores primordiais para a obtenção da P+L. Verificou-se que
o Kaizen (melhoria continua) é muito utilizado na empresa E13 com a
finalidade de avaliação e melhorias ambientais. Um fato interessante é
que a empresa E09, que apresenta maior índice de prática e
performance, não apresenta um programa oficial destinado à P+L, mas
adota ações e práticas de forma a obter ecoeficiência.
Para que as empresas posicionadas no quadrante II, III e IV
possam melhorar seus resultados e conseguir alcançar índices maiores
de práticas e performance, e desta forma obter uma classificação melhor,
é preciso investir no aprimoramento das práticas e/ou performance de
forma a refletir posteriormente na performance, sendo que os
indicadores do método Benchmarking pode servir como referência para
identificar os pontos mais carentes e críticos que precisam ser
melhorados. Assim, recomenda-se que: (a) para empresas no quadrante
II deve-se analisar os pontos mais carentes relacionados à performance;
(b) empresas no quadrante III devem averiguar quais são as práticas
mais deficientes e buscar trabalhá-las; e (c) as empresas no quadrante IV
devem analisar em conjunto tanto as práticas e performance para obter
melhores resultados para ambos.
Ao analisar a média de todas as empresas pesquisadas bem
como os valores médios em práticas e performance para cada variável
que favorecem a obtenção da Produção mais Limpa
(Administração/Responsabilidade, Pessoas, Informação,
Fornecedor/Organização/Cliente, Desenvolvimento de Produtos e
Processos Produtivo) obtém-se o gráfico Radar, conforme apresentado
na Figura 23.
102
Analisando o gráfico Radar, observa-se que os pontos
relacionados à Prática e Performance de Processo e Performance de
Fornecedores/Organização/Clientes estão posicionados externamente ao
hexágono formado pela linha vermelha, ou seja, a média dos resultados
parciais de práticas e performance das variáveis em análise ficou acima
de 60%. Portanto, pela análise desse gráfico Radar evidencia-se
deficiência na aplicação da P+L para a maioria das variáveis analisadas
considerando tanto a prática como a performance.
Figura 23-Gráfico Radar com a média das empresas pesquisadas
Os baixos índices de prática e performance da P+L do gráfico
Radar são certamente reflexo do fato que somente seis empresas (37%)
apresentarem um programa específico destinado à P+L. As demais
empresas analisadas não apresentam um programa para a Produção mais
Limpa, mas desenvolvem certas ações e atividades relacionadas à P+L.
Como essas ações são normalmente pontuais e não são estruturadas faz
com que os valores tanto da prática como da performance sejam baixos.
De todas as variáveis analisadas, os pontos mais críticos (isto é,
aqueles localizados mais internamente ao hexágono formado pela linha
vermelha) são Prática de Administração e Responsabilidade (PR-Administração/Responsabilidade) e Performance de Pessoas (PF-
Pessoas). Em virtude de não se ter um programa para a P+L dificilmente
haverá apoio da gerência para obtenção da mesma, bem como uma
estrutura interna para que ações sejam realizadas a favor da P+L, o que
103
acaba afetando principalmente a variável Administração e
Responsabilidade e Pessoas.
Os principais fatores que levam a valores baixos da Prática de
Administração e Responsabilidade são: não haver planos de incentivos
pelo progresso obtido com a implantação da P+L (AR04), pela gerência
ter optado mais por ações de Fim de Tubo (AR-05), falta de clima
estimulante para a obtenção da P+L (AR-06), e falta de participação de
funcionários de diversos níveis da estrutura para a obtenção da P+L
(AR-07).
No caso do baixo índice de Performance da variável Pessoas, os
principais fatores que favoreceram a obtenção de um baixo índice para
PF- Pessoas foram: baixo índice de treinamento dos funcionários nos
conceitos da P+L (P-05), ausência ou baixo número de equipes
destinadas a ações para Produção mais Limpa (P-06), e baixo índice de
treinamento para públicos variáveis no conceito da P+L (P-08).
7.2.2 Resultado dos indicadores para cada variável de pesquisa
Nesta seção é realizada uma análise dos indicadores de cada
variável que compõe o método Benchmarking, ou seja,
Administração/Responsabilidade, Pessoal, Informação,
Fornecedor/organização/Cliente, Desenvolvimento de Produtos e
Processos Produtivos. Para cada indicador são apresentadas as notas que
foram dadas, bem como para alguns indicadores é descrito o que as
empresas têm realizado para obter bons resultados, e também sugestões
de ações para que as empresas que tiveram desempenhos ruins
melhorem os resultados obtidos (ou seja, se aproximem de 100% de
práticas e performance, que é considerado ideal para a empresa atingir a
excelência quanto à Produção mais Limpa).
7.2.2.1 Resultados dos indicadores da variável
Administração/Responsabilidade
A primeira análise realizada relaciona-se à variável Administração/Responsabilidade, representada pelo gráfico de barra na
Figura 24. Este gráfico contém a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador.
Para o indicador AR-01, 31% (5) das empresas apresentaram
nota 4, 31% (5) nota 3, 6% (1) teve nota 2 e 31% obtiveram nota 1. Esse
104
resultado mostra que as empresas apresentam preocupações ambientais e
buscam utilizar indicadores quantitativos e/ou qualitativos com a
finalidade de controlar e reduzir os impactos ambientais. Os principais
índices utilizados são quantitativos como, por exemplo, consumo de
água e energia e geração de resíduos sólidos e líquidos.
Figura 24-Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Administração/Responsabilidade
Vale destacar que cinco empresas que tiveram nota 4 no
indicador AR-01 apresentam implantada e certificada a norma ISO
14001, o que faz com que haja uma gestão detalhada, e proporciona a
criação de indicadores para controle de aspectos referentes ao impacto
ao meio-ambiente, o que consequentemente acaba favorecendo a P+L.
Logo, para que políticas que favoreçam a obtenção da P+L sejam
implantadas, levando a um desdobramento para toda a estrutura das
empresas, é recomendada a implantação da norma ISO 14001, haja
visto que é um sistema normativo de gestão ambiental e com sua
implantação as empresas conseguem identificar os pontos mais críticos
e, portanto, estarão mais hábeis a tomar ações para reduzir os impactos
ambientais. O indicador AR-02 obteve 38% (6) das empresas com nota 1,
19% (3) com nota 2, 6% (1) com nota 3, e 38% (6) apresentaram nota 4.
A maioria das empresas entrevistadas não apresenta um programa
destinado à P+L, mas mesmo assim elas buscam trabalhar de forma a
105
gerar menor impacto ambiental, isto porque estão implantando ou são
certificadas pela ISO 14001.
A falta de um programa específico destinado à P+L acaba
dificultando o estabelecimento dos objetivos para a obtenção da mesma.
A ISO 14001 contribui para a gestão ambiental e redução dos impactos
ambientais, mas ela pode limitar a execução das ações. Como não são
seguidas as fases da implantação da P+L, consequentemente não são
mapeados os pontos mais críticos, bem como as ações específicas
necessárias para reduzir os impactos ambientais e torná-los mais
ecoeficientes.
Analisando o indicador AR-03, verifica-se que no total 38% (6)
das empresas apresentam nota 4, ou seja, têm o compromisso e
comprometimento da alta gerência no processo de implantação da P+L,
19% (3) apresentaram nota 3, 19% (3) apresentaram nota 2 e 25% (4)
tiveram nota 1. Logo, percebe-se que praticamente todas as empresas
analisadas (aproximadamente 75% delas) têm uma gerência preocupada
com aspectos referentes aos impactos ambientais, porém somente 38%
das empresas apresentam um compromisso efetivo da alta gerência
destinado à P+L. Vale destacar que as seis empresas com nota 4
apresentam um programa oficial para a P+L.
Para o indicador AR-04 observa-se que é muito baixo o número
de empresas que aplicam um plano de incentivos pelos progressos
obtidos relacionados à P+L e aspectos ambientais. Na Figura 24
percebe-se que 50% (8) das empresas não apresentam esse incentivo, ou
seja, apresentam nota 1, e somente 6% (1) delas obteve nota 5.
O plano de incentivos adotado pelas empresas normalmente
ocorre mediante o estabelecimento de meta para cada colaborador. O
reconhecimento das práticas e performance também é considerado um
plano de incentivos e consiste normalmente na apresentação, pelos
colaboradores, dos resultados obtidos com a melhoria para a alta
gerência. Nestas apresentações o colaborador pode apresentar os
procedimentos aplicados para se obter as melhorias. Com a presença da
gerência os colaboradores se sentem reconhecidos, pois a percepção que
se tem é que a alta gerência está preocupada e envolvida com as
melhorias.
As apresentações dos resultados da P+L para a gerência
ocorrem normalmente em reuniões mensais, sendo que são encontros
destinados a programas da qualidade e ao programa da ME. Logo,
recomenda-se que sejam formados fóruns mensais destinados
unicamente à P+L, pois assim será mostrado que a empresa realmente se
preocupa com fatores relacionados ao meio-ambiente (que inclui a
106
P+L). Logo, haverá um estímulo maior para que melhorias destinadas à
P+L sejam efetuadas.
As práticas referentes ao indicador AR-05 mostram que as
empresas estão buscando evitar ações de fim de tubo e preferem adotar
ações voltadas para a Produção mais Limpa. De uma forma geral 63%
(10) das empresas preferem adotar ações que não sejam de curto prazo
(fim de tubo), sendo que 13% (2) das empresas obtiveram nota 5, 25%
(4) nota 4, 6% (1) nota 3 e 19% (3) delas nota 2. As principais ações
englobadas pelo plano de desenvolvimento da P+L estão voltadas
principalmente para: utilização consciente de materiais, água, e energia;
substituição de materiais por aqueles menos danosos; e alterações em
produtos.
O indicador AR-06 apresentou que 44% (7) das empresas têm
nota 1, ou seja, não apresentam um clima estimulante e de incentivo na
consecução das metas estabelecidas para a P+L e questões ambientais.
Além disso, 6% (1) das empresas apresentaram nota 5, 31% (5)
apresentaram nota 4 e 19% (3) obtiveram nota 2. Logo, verificou-se que
ainda é baixo o número de empresas que estimulam e incentivam a
obtenção das metas estabelecidas referentes à P+L. Isso ocorre devido à
baixa disponibilidade de tempo para que as atividades sejam
desenvolvidas, bem como não se disponibilizam investimentos para que
as ações de melhorias sejam realizadas.
Analisando a participação de funcionários de diversos níveis da
estrutura das empresas em ações destinadas à P+L, o indicador AR-07
mostra que 13% (2) das empresas têm nota 5 e, portanto, disponibilizam
funcionários multifuncionais para se dedicaram à P+L e questões
ambientais. Além disso, 31% (5) das empresas apresentaram nota 4, 6%
(1) nota 3 e 13% (2) das empresas obtiveram nota 2. Analisando-se a
nota 1 verificou-se que 38% (6) das empresas não têm a cultura de
envolver funcionários de diversos níveis da estrutura, sendo que neste
caso normalmente somente os funcionários da área ambiental estão
envolvidos.
A empresa E16 busca envolver colaboradores de diversos níveis
da empresa para a obtenção da P+L e ME. Logo, há participação de
funcionários de diversas áreas como, por exemplo, vendas, engenharia,
manufatura, recursos humanos e logística. Os grupos formados têm
duração de aproximadamente um mês, posteriormente à apresentação
dos resultados outros colaboradores são envolvidos em novos projetos
com a finalidade de desenvolver novas melhorias.
As demais empresas entrevistadas, que disseram envolver
funcionário de diversos níveis da empresa para a obtenção da P+L,
107
normalmente não envolvem todas as áreas administrativas como, por
exemplo, vendas, engenharia de produto, nas melhorias destinas a P+L e
ME. Assim, a sugestão é que se criem estes grupos multifuncionais para
que ações de P+L sejam efetuadas, pois assim haverá maior
conscientização quanto às práticas ecoeficientes e favorecerá a
identificação de pontos críticos nos diversos setores da empresa.
Para o indicador de performance AR-08, verificou-se que a
maioria das empresas usa constantemente os indicadores para verificar o
progresso e os pontos mais críticos que carecem de atenção referentes a
aspectos ambientais. Logo, 25% (4) das empresas apresentam nota 5,
25% (4) têm nota 4, 6% (1) apresentaram nota 3 e 31% (5) resultaram
em nota 2. Observou-se que os principais indicadores adotados são
referentes a consumo de água, energia e geração de resíduos.
Assim, para fazer com que as ações para a P+L sejam mais
efetivas é importante que as empresas estruturem seus indicadores de
modo a medir mais variáveis, além de água, energia e geração de
resíduos, e que esses indicadores sejam estratificados para as diversas
linhas de produção e estejam em diversos pontos do processo produtivo
e da empresa como um todo. Vale destacar que as maiorias das
empresas apresentavam indicadores de P+L voltados principalmente à
linha produtiva. Logo, é importante analisar outros pontos da empresa
como, por exemplo, laboratórios, logística e a área administrativa.
O indicador AR-09 mostra que uma única empresa apresenta
nota 5, 25% (4) empresas apresentaram nota 4, 19% (3) apresentaram
nota 3, 13% (2) das empresas obtiveram nota 2 e 38% (6) empresa
apresentaram nota 1. Analisando-se as empresas, é identificada certa
limitação da aplicação da P+L em todos os níveis da estrutura, sendo
que há um foco maior de melhorias no processo produtivo.
Para que as ações sejam disseminadas para todos os níveis da
estrutura é fundamental que a gerência invista e incentive a participação
dos colaboradores de diversos níveis da estrutura da empresa nos
programas de P+L.
Com relação ao indicador AR-10, 19% (3) das empresas
analisadas não têm incentivo da alta gerência para as práticas da P+L, ou
seja, apresentaram nota 1. Logo, 57% (9) empresas indicaram que têm
incentivos da alta gerência para obter ecoeficiência mediante ações que
são abrangidas pela P+L. Entretanto, pelas entrevistas, percebeu-se que
os maiores incentivos ainda estão focados no processo produtivo, sendo
muito reduzidas as ações destinadas aos produtos.
Do ponto de vista das empresas, o investimento em alterações
de produtos para menores impactos ambientais só é necessário quando
108
há solicitação do cliente, caso contrário se torna dispendioso do ponto
de vista econômico, ou seja, as empresas ainda não conseguem perceber
que modificações em produtos afetam positivamente a ecoeficiência, e
poderiam também trazer retornos financeiros caso fossem trabalhados.
Analisando a performance das empresas quanto a um plano para
desenvolvimento da P+L (indicador AR-11), observa-se que 44% (7)
das empresas apresentaram nota 1, para a nota 2 a porcentagem foi de
6% (1), 13% (2) das empresas têm nota 3 e 38% (6) obtiveram nota 4.
As empresas que têm nota 4 são aquelas que apresentam um programa
destinado à P+L. As empresas com as nota 2 e 3 são aquelas que não
têm programa para a P+L, mas adotam ações (como ISO14001, ISSO
9001 e ME) que favorecem a Produção mais Limpa.
Antes de desenvolver um plano para o desenvolvimento da
P+L, é de fundamental importância que seja trabalhada a cultura da
empresa quanto à sustentabilidade, ecoeficiência e P+L, sendo que isso
será facilitado mediante treinamentos para colaboradores de todos os
níveis da estrutura.
Por fim o indicador de performance AR-12, que aborda a
disponibilidade de pessoas para o progresso da P+L, aponta que ainda é
baixa a disponibilidade de pessoas que atuam no progresso de ações
ecoeficientes. Na Figura 24 observa-se que 25% (4) empresas
apresentam nota 1, 31% (5) foram classificadas com nota 2. A grande
maioria das empresas que alegaram disponibilizar pessoas para a P+L
não inclui colaboradores dos diversos níveis da estrutura, ou seja, os
colaboradores envolvidos normalmente estão relacionados diretamente
com o processo produtivo.
Desta forma, pela análise dos indicadores de prática e
performance da variável Administração/Responsabilidade, percebe-se
que as empresas apresentam estrutura de indicadores para análise de
desempenho referente a questões ambientais e aspectos da P+L.
Os indicadores normalmente mapeados pelas empresas são
referentes a consumo de água e energia e geração de resíduos sólidos.
Logo, é imprescindível que as empresas façam revisão desses
indicadores para que outros fatores que ocasionam danos ao meio-
ambiente como, por exemplo, emissão gases à atmosfera, sejam
medidos.
Outro fator identificado é que a alta gerência é favorável à
adoção de um plano que favoreça a Produção mais Limpa do que ações
de fim de tubo, e que ela busca incentivar essa ação ecoeficiente.
Entretanto, observa-se certa deficiência na disponibilidade de pessoas
para possibilitar o progresso da P+L. Normalmente as pessoas
109
envolvidas nas melhorias são das áreas de processos. Além disso,
observa-se que há falta de um plano de incentivo e reconhecimento dos
colaboradores pelas melhorias alcançadas no âmbito da P+L.
7.2.2.2 Resultados dos indicadores da variável Pessoas
A segunda análise realizada refere-se aos indicadores da
variável Pessoas, e ela está representada pelo gráfico de barras da Figura
25, que contém a média das notas das empresas pesquisadas para cada
indicador.
De uma forma geral as empresas pesquisadas apresentam uma
estrutura para que treinamentos sejam realizados. Logo, para o indicador
P-01 observa-se que 81% (13) das empresas indicaram que há
disponibilidade de espaço para que funcionários possam ser treinados
referentes a vários assuntos, inclusive a P+L.
Figura 25- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Pessoas
Considerando treinamentos realizados voltados para conceitos e
ferramentas destinados à Produção mais Limpa, conforme abordado no
indicador P-02, verifica-se que as empresas que têm um programa para a
P+L têm uma maior preocupação e investimento para que seus
colaboradores sejam treinados em temas referentes à P+L.
Logo, analisando o indicador P-02 observa-se que 31% (5) das
empresas consideram ter nota 4 e 19% (3) têm nota 3. As empresas que
não apresentam nenhum tipo de treinamento destinado aos conceitos da
P+L e sustentabilidade obtiveram nota 1, o que equivale a 31% (5). A
empresa E07, que tem implantado o programa da P+L, apresenta nota 2
110
para o indicador P-02 e, portanto, nesta empresa são abordados e
apresentados muito superficialmente os conceitos de P+L para os
colaboradores, além dos treinamentos serem normalmente destinados a
pessoas que trabalham mais diretamente com questões relacionadas ao
meio-ambiente.
As demais empresas que apresentam um programa destinado a
P+L apresentam notas 3 e 4 para o indicador P-02, mas no decorrer das
entrevistas identificou-se que durante os treinamentos não são
detalhados os passos e fases para obtenção da Produção mais Limpa,
como abordado no Capítulo 6.5. Logo, isso acaba dificultando a
implantação e a obtenção das P+L. Desta forma, verifica-se para todas
as empresas analisadas que há necessidade de uma revisão e
reestruturação dos treinamentos que abordam a P+L, pois desta forma
haverá mais sucesso na implantação da mesma.
O indicador de performance P-04, relacionado com o indicador
de prática P-02, mostra que treinamentos têm sido realizados,
principalmente para os colaboradores que atuam nas ações preventivas
(P+L). Logo, somente 31% (5) das empresas indicaram que não estão
realizando treinamentos, o que é compatível com o resultado do
indicador P-02, haja vista que a maioria das empresas indicou ter
treinamentos para a P+L.
Considerando o público que assiste aos treinamentos da P+L,
conforme indicador P-07, percebe-se que as empresas buscam treinar
públicos variados. 31% (5) das empresas obtiveram nota 1, ou seja, os
treinamentos envolvendo P+L e sustentabilidade são destinados
exclusivamente aos colaboradores envolvidos com o processo
produtivo.
Enfim, percebe-se que as empresas apresentam uma estrutura
adequada para a realização de treinamentos, mas os treinamentos
destinados à P+L são muito escassos, sendo que normalmente treinam-
se os colaboradores na semana de integração do funcionário, e nestes
treinamentos há abordagem mais sobre sustentabilidade do que sobre
P+L. Logo, todas as empresas carecem revisar a metodologia e os
conceitos adotados para o treinamento da P+L e é importante que haja
investimento para que esses treinamentos ocorram de forma a
possibilitar o desenvolvimento ecoeficiente.
Analisando o indicador de prática P-03, 44% (7) das empresas
têm nota 1, 6% (1) delas obtiveram nota 2, para nota 3 houve 25% (4)
das empresas, e 13% (2) apresentaram nota 4 e 13% (2) nota 5. Logo,
são muito poucas empresas que apresentam equipe destinada à
implantação dos conceitos da P+L, e para todas as empresas pesquisadas
111
nenhuma delas apresenta equipe com linha de autoridade estabelecida.
Algumas empresas apresentam um grupo que fica destinado a questões
de sustentabilidade, porém são poucas as ações preventivas adotadas por
este grupo.
As empresas que apresentam efetivamente um programa para a
P+L obtiveram notas entre 2, 3, 4 e 5 para o indicador P-03, sendo que a
maioria delas obtiveram nota 3. Logo, são muito poucas empresas que
apresentam uma equipe bem estruturada destinada à implantação dos
conceitos da P+L. A empresa E16 foi a única que obteve nota 5 e que
realmente tem uma equipe destinada à P+L, a qual apresenta uma
estrutura com linha de autoridade definida.
Conforme a análise do indicador P-05, percebe-se que as
empresas que apresentam equipes estruturadas destinadas à P+L, têm
estas equipes ativas. Logo, 50% (8) das empresas apresentam equipes
ativas na busca da P+L (ou seja, têm nota 3, 4 e 5). Somente 38% (6)
apresentam nota 1, ou melhor, não têm equipes buscando alternativas
preventivas. Além disso, 13% (2) das empresas apresentam nota 2, ou
seja, elas têm equipes destinadas para a P+L, mas ainda não estão
agindo efetivamente devido à falta de incentivos ou de prioridades na
empresa.
O indicador P-06 mostra que a direção e alta gerência
disponibilizam recursos para que ações sejam consistentes com as
práticas da P+L. Analisando esse indicador, verifica-se que 56% (9) das
empresas têm apoio da gerência (considerando as notas 3, 4 e 5), sendo
que 44% (7) delas obtiveram nota 4, 6% (1) obtiveram nota 3 e 6% (1)
foram classificadas com nota 5.
Desta forma, é preciso maior incentivo da gerência de forma a
possibilitar o desenvolvimento de equipes destinadas à P+L para que
ações preventivas possam ser realizadas.
7.2.2.3 Resultados dos indicadores da variável Informação
A próxima análise refere-se aos indicadores da variável
Informação, e está representada pelo gráfico de barras na Figura 26, que
contém a média das notas das empresas pesquisadas para cada indicador.
112
Figura 26- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Informação
Para o indicador I-01 31% (5) das empresas apresentam nota 5,
13% (2) têm nota 4, 25% (4) das empresas têm nota 3, 13% (2)
consideram ter nota 2 e somente 19% (3) das empresas avaliadas
obtiveram nota 1. Logo, mediante as entrevistas e visitas às empresas
identificou-se que realmente há disponibilidade de informações e que o
colaborador tem fácil o acesso a elas.
Por meio do indicador I-02 verifica-se que há compartilhamento
do conhecimento de informações e práticas referente à P+L. Somente
19% (3) das empresas indicaram que não há compartilhamento de
conhecimento relacionado à P+L, ou seja, consideram ter nota 1 para
esse indicador. Enquanto que 63% (10) das empresas consideram ter
nota 4 e nota 5, ou seja, acreditam que o conhecimento é compartilhado
através da estrutura organizacional.
O resultado do indiciador I-04 mostra que 31% (5) das
empresas têm nota 1, ou seja, não apresentam descentralização das
informações relacionadas à P+L e sustentabilidade, possibilitando que
os colaboradores associados ao processo tenham fácil acesso a elas. 69%
(11) das empresas consideram ter nota 3, 4 e 5 e, portanto, alegam
disponibilizar as informações, localizando-as próxima ao usuário. Uma
pequena parcela de 19% (3) das empresas consideram ter nota 2, ou seja,
acreditam que o acesso a esses dados ainda não é tão efetivo quanto
deveria ser.
Pela análise dos indicadores I-01, I-02 e I-04 observa-se que há
preocupação das empresas disponibilizarem para seus colaboradores
informações relacionadas a aspectos ambientais e do resultado de ações
113
de P+L, considerando todos os níveis da estrutura. Entretanto, pelo
indicador I-05 percebe-se que a atualização das informações
relacionadas com a P+L e sustentabilidade não é tão frequente e efetivo,
visto que 25% (4) empresas obtiveram nota 1 e 31% (5) têm nota 2. Por
meio das entrevistas identificou-se que as atualizações das informações
ocorrem normalmente em um período mensal.
Percebe-se pelo indicador I-07 que há disseminação dos
resultados obtidos com a P+L para toda a organização, sendo que 19%
(3) das empresas consideram ter nota 4 e nota 5, 13% (2) têm nota 3 e
6% (1) disseram ter uma nota 2. Logo, de uma forma geral há
disseminação dos resultados para toda a organização, sendo que
normalmente os resultados estão dispostos na forma de mural e são
distribuídos por toda a empresa.
O que mais chamou a atenção nas visitas às empresas é a forma
como são disponibilizadas as informações relacionadas com a P+L, pois
normalmente estes dados são muito abrangentes e, portanto, há
dificuldade para identificação dos pontos críticos.
No caso de informações da produtividade há normalmente
divisão dos dados por linha ou célula de produção, o que facilita a
identificação dos pontos falhos e que precisam ser melhorados. Portanto,
para que as ações destinadas a P+L sejam mais efetivas seria
interessante que as empresas adotem indicadores mais estratificados e
detalhados considerando aspectos ambientais, principalmente dentro do
processo produtivo onde há maiores ações de melhorias.
O indicador I-03 mede se as empresas estão se estruturando de
forma a verificar e relacionar os impactos financeiros com questões
ambientais e com a adoção de uma P+L. Pela Figura 26 observa-se que
pelo menos 69% (11) das empresas indicaram conseguir analisar os
impactos financeiros relacionados com ações de P+L.
As empresas consideram que as análises dos indicadores
financeiros ainda são muito abrangentes, ou seja, há ainda que se
aprimorar a forma de se medir, de forma a refletir efetivamente a
realidade. As principais ações que conseguem ser monitoradas pelos
indicadores financeiros estão relacionadas com o consumo de água,
energia e óleos.
Pelo indicador de performance I-06 obtém-se que 25% (4) das
empresas indicaram que não conseguiram reduzir despesas e custos
com a adoção da prática da P+L, sendo que nesse resultado são
abordadas empresas que não apresentam um programa oficial para P+L.
As empresas E01 e E09 obtiveram nota 5 para o indicador I-06, sendo
que a primeira apresenta um programa oficial destinado à P+L, e a
114
segunda não tem um programa oficial mas adota um guia, desde 2006,
para a obtenção da P+L.
7.2.2.4 Resultados dos indicadores da variável
Fornecedor/Organização/Cliente
O resultado da análise da variável
Fornecedor/Organização/Cliente está representado na Figura 27, sendo
que se considera a média das notas das empresas pesquisadas para cada
indicador.
Figura 27- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Fornecedor/Organização/Cliente
Pelo indicador FOC-01 e FOC-02 percebe-se que é grande a
participação de Fornecedores/Cliente no processo de desenvolvimento
de novos produtos e processos, bem como na revisão dos mesmos. Para
o primeiro indicador, 75% (12) das empresas pesquisadas indicaram que
há participação dos Fornecedores e Clientes no desenvolvimento de
novos produtos e processos, sendo que desse valor 13% (correspondente
à nota 2) não consideram tal participação tão efetiva.
Porém, observa-se que é muito mais forte a participação de
Fornecedores/Clientes nas revisões contínuas no desenvolvimento de
produtos e processos. Pelo indicador FOC-02 percebe-se que 13% (2)
consideram ter nota 5, 19% (3) obtiveram nota 4 e 38% (6) nota 3.
No caso de desenvolvimento de novos produtos os
Fornecedores/Clientes atuam principalmente na escolha do tipo de
115
material e na redução da utilização de matérias- primas pela mudança
estrutural de produtos. Normalmente na revisão dos processos
produtivos buscam-se alternativas que gerem menos custos como, por
exemplo, a adoção de embalagens retornáveis.
O indicador de performance FOC-04 mostra que realmente é
frequente a participação de fornecedores e clientes no desenvolvimento
de produtos e processos mais limpos, sendo que 31% (5) das empresas
obtiveram notas 3 e 4.
O indicador FOC-03 mostra que as empresas estão preocupadas
com os processos e produtos adotados pelos fornecedores e clientes. No
caso de fornecedores, normalmente são realizadas auditorias para
averiguar os padrões ambientais exigidos.
Comparando o indicador FOC-03 com os indicadores FOC-01 e
FOC-02, percebe-se que há muito mais prática para estes dois últimos, e
isso reflete questões culturais, ou seja, normalmente as empresas
adaptam seus processos ou produtos por solicitação dos clientes. Isto é
verificado pelo indicador de performance FOC-05, no qual 88% (14) das
empresas (que apresentam nota 2, 3 4 e 5) indicam cumprir as
exigências dos clientes referentes à prevenção do impacto ambiental.
7.2.2.5 Resultados dos indicadores da variável Desenvolvimento de
Produto
A quinta variável analisada está relacionada ao
desenvolvimento de produto, sendo que o resultado da pesquisa está
representado na Figura 28.
Conforme a análise da variável
Fornecedor/Organização/Cliente, identificou-se que é forte prática a
participação de clientes e fornecedores em desenvolvimento de
produtos. O indicador DP-01 mostra que também é forte a participação
de diversas áreas das empresas no desenvolvimento de produtos. Por
meio das entrevistas verificou-se que a empresas estão investindo com a
finalidade de integrar as áreas para obter menor impacto ambiental.
O indicador DP-02 apresenta que 33% (5) das empresas
analisadas apresentam nota 4 e 27% (4) nota 3. Logo, há prática de gerenciamento do ciclo de vida, mas mediante as entrevistas observou-
se que essa prática fica mais focada em processo do que em produto.
Logo, existe certa inconsistência na prática do indicador DP-02.
116
Figura 28- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Desenvolvimento de Produto
O indicador DP-03 mostra que há poucas práticas ambientais
destinadas à melhoria do produto visando menor impacto ambiental,
sendo que 33% (5) das empresas apresentam nota 1, 47% (7) das
empresas obtiveram nota 2 e apenas 20% (3) nota 4. As empresas
realizam muito poucas modificações estruturais nos produtos visando
menor impacto ambiental, sendo que normalmente as melhorias ocorrem
por meio da substituição de materiais danosos por materiais menos
danosos. As modificações estruturais no produto geralmente ocorrem
com a intenção de reduzir os resíduos de materiais (refugos) gerados na
linha de produção.
Analisando o indicador DP-04, 75% (13) das empresas
alegaram substituir materiais danosos ao meio-ambiente, ou seja,
obtiveram notas 3, 4 e 5. Vale destacar que 31% (5) obtiveram nota 5,
ou seja, adotaram materiais menos agressivos ao meio-ambiente nos
últimos 12 meses. Porém, normalmente essa mudança de material ocorre
por solicitação do cliente ou por alguma restrição de leis.
O indicador DP-05 mostra que é muito baixa a ação das
empresas voltadas para o desenvolvimento de componentes de maneira
que eles sejam facilmente reciclados e reutilizados nos produtos da
empresa, visto que 40% (6) das empresas indicaram ter nota 1 nesse
quesito. As empresas que alegaram ter nota 3 (27%) neste indicador têm
ações como: adaptar os encaixes dos produtos de forma a favorecer a
desmontagem no reprocessamento do mesmo, e aplicar um tipo de
117
material nas partes estruturais do produto possibilitando o
reprocessamento. Logo, não existe um estudo efetivo de maneira a
favorecer uma destinação adequada do produto após o seu ciclo de vida
como, por exemplo, reciclagem.
Ao longo das entrevistas identificou-se que somente quatro
empresas (25%) adotam o DFE no desenvolvimento de produto. Logo,
isso acaba impactando tanto na prática quanto na performance dos
indicadores DP-03, DP-04 e DP-05.
Comparando os indicadores de performance DP-07, DP-08 e
DP-09 identifica-se que as melhores notas ocorrem para o indicador DP-
07 e DP-08, ou seja, há melhor performance na redução da quantidade
destes materiais e na adoção de materiais menos danosos ao meio-
ambiente, respectivamente. O indicador DP-09 reflete principalmente as
práticas do indicador DP-03, sendo que há predomínio da substituição
de materiais. Considerando o indicador DP-06, o aumento da vida
útil do produto é considerado como um fator de qualidade pela maioria
das empresas da pesquisa. Portanto, a maioria das empresas busca
melhorar a vida útil do seu produto e considera isto um diferencial.
Apenas 13% (2) das empresas consideraram ter nota 1, ou seja, não
estão preocupadas com o aumento da vida útil dos seus produtos.
Analisando a performance do indicador DP-06, mediante o
indicador DP-12 observa-se que este último não obteve pontuação tão
alta comparada com o DP-06. Isso mostra que as práticas ainda não
estão estruturadas de forma a realmente favorecer a obtenção de
produtos mais duráveis. Possivelmente com adoção de uma equipe de
campo, ou seja, de uma assistência técnica especializada, seja possível
identificar quais são os pontos mais críticos nos produtos e que poderão
ser melhorados de forma a obter produtos mais duráveis.
Considerando o indicador de performance DP-10, observa-se
que metade das empresas (50%) obtiveram nota 3, nota 4 e nota 5,
enquanto 25% (4) consideraram ter nota 2. Assim, a grande maioria das
empresas utiliza materiais e/ou componentes reciclados. Para uma das
empresas da pesquisa identificou-se a aplicação da logística reversa, e
nesse caso alguns componentes de produtos que retornaram, devido a
alguma falha, são reaproveitados na linha de produção.
Existe grande potencial para as empresas usarem materiais e/ou
componentes reciclados em seus novos produtos. Entretanto, com as
entrevistas percebeu-se que as empresas investem muito pouco em
adaptação de produtos para proporcionar essa reutilização e reduzir o
descarte.
118
O indicador DP-11 mostra que 38% (6) das empresas têm nota
1, ou seja, não se preocupam em desenvolver componentes de forma a
facilitar a reciclagem. Mas observa-se que há uma performance razoável
quanto ao desenvolvimento de componentes para facilitar a reciclagem,
visto que 6% das empresas apresentam nota 5, 31% nota 4 e 13% têm a
nota 3.
Desta forma, considerando que a prática referente ao indicador
DP-05 é baixa, conclui-se que o indicador DP-11 reflete principalmente
as práticas do indicador DP-04, ou seja, as empresas buscam adotar
materiais específicos nos componentes para favorecerem a reciclagem
do produto no final do seu ciclo de vida.
7.2.2.5 Resultados dos indicadores da variável Processo Produtivo
A última variável analisada refere-se ao processo produtivo, e o
resultado da pesquisa é apresentado na Figura 29.
Figura 29- Gráfico de Barras contendo a média das notas das empresas
pesquisadas para cada indicador da variável Processo Produtivo
Analisando o indicador PP-01 percebe-se que é grande o
número de empresas que realizam o redesenho do processo produtivo
visando à eliminação dos impactos ambientais, sendo que 13% (2) das
empresas consideram ter nota 5, 19% (3) nota 4, e 38% (6) nota 3. A
119
ausência da implantação é verificada para 31% (5), ou seja, nesses casos
as empresas não aplicaram ações de redesenho do processo com a
finalidade de reduzir o impacto ambiental.
Pelas entrevistas observou-se que a ação inicial das empresas
quanto à alteração do processo estão focadas principalmente na
produtividade. Entretanto, no desenvolvimento e análise das propostas
de melhorias são observados aspectos ambientais e, portanto, busca-se
trabalhar na opção que favoreça tanto aspectos ambientais quanto
produtivos.
Vale destacar que as práticas adotadas com relação ao indicador
PP-01, considerando redução do impacto ambiental, estão normalmente
vinculadas a ações que impactam a parte financeira da empresa como,
por exemplo, consumo de água e de energia.
Comparando os indicadores PP-09 e PP-10, observa-se que a
prática é mais efetiva para o controle do consumo de energia (PP-10),
visto que para o indicador PP-10 88% (14) das empresas ficaram com as
notas 3, 4 e 5. Logo, sete destas empresas alegaram analisar e controlar
o uso de energia e buscam atuar reduzindo o seu consumo, ou seja,
obtiveram nota 5. O indicador PP-09, no entanto, apresentou 81% (13)
das empresas com as notas 3, 4 e 5, sendo que somente 4 delas
indicaram ter nota 5 para a prática.
Os indicadores de performance PP-15 e PP-16 analisam a
redução do consumo de água e de energia, respectivamente. Estes
indicadores refletem as notas obtidas nos indicadores PP-09 e PP10.
Logo, as performances das empresas são muito mais efetivas buscando a
redução do consumo de energia do que o consumo de água.
É importante destacar que o controle tanto do consumo de água
como de energia é muito mais detalhado no processo produtivo, ou seja,
normalmente as áreas administrativas não apresentam um controle
quanto ao uso destas duas variáveis.
Provavelmente as limitações das ações visando a redução do
consumo de água devem-se à falta de controle desta variável, uma vez
que mediante as pesquisas foi observado que as empresas não
apresentam um controle tão efetivo do consumo da água quando
comparado com o consumo de energia. Logo, para possibilitar ações de
redução do uso da água é importante que as empresas invistam, no
âmbito do processo e em todas as áreas da empresa, no controle desse
consumo para que seja possível identificar os pontos mais críticos e,
então, buscar soluções corretivas e de melhorias.
Para o indicador de prática PP-02, 33% (5) das empresas
consideram ter nota 4 para essa prática e 27% (4) nota 3, porém 33% (5)
120
das empresas alegaram não aplicar ou ter um procedimento
inconsistente relacionado a esta prática (nota 1). Normalmente a
remanufatura adotada pelas empresas está relacionada ao retorno de
materiais oriundos de produtos rejeitados pelo controle de qualidade,
refugo e/ou resíduos do processo produtivo.
Analisando o indicador de prática PP-03, observa-se que as
empresas procuram fazer uso, quando possível, dos resíduos que elas
mesmas geram como, por exemplo, paletes, óleos lubrificantes, areia e
resíduos de fundição. 6% (1) das empresas considera ter nota 5, 44% (7)
nota 4, e 19% (3) das empresas têm nota 3.
Normalmente estas práticas de reaproveitamento de resíduos
(conforme abordado no indicador PP-03) ocorrem devido ao elevado
custo de descarte destes materiais, ou seja, o reaproveitamento destes
resíduos impacta positivamente os aspectos financeiros das empresas.
Logo, se as empresas tivessem um controle de todos os custos e
despesas para o descarte dos resíduos gerados possivelmente agiriam
buscando alternativas que trouxessem mais retorno financeiro e
consequentemente menor impacto ambiental.
A prática do uso de embalagens e paletes retornáveis,
representadas no indicador PP-04, indicam que as empresas têm
buscado adotar esse tipo de prática, tendo em vista que 31% (5) das
empresas alegaram fazer uso das mesmas e apresentam nota 5, 25% (4)
disseram ter nota 4, e 13% (2) nota 3. Observou-se que na grande
maioria das empresas as embalagens e paletes retornáveis foram
adotadas devido a uma solicitação do cliente e não por uma ação interna
visando reduzir o impacto ambiental ou custos associados a eles.
A análise da performance do indicador de prática PP-04 é
realizada pelo indicador PP-18, observando-se que a prática apresenta
uma porcentagem maior que a performance, e isto indica que as
empresas não adotam a prática de embalagens retornáveis para todos os
produtos, matérias-primas ou ainda processos, e desta forma o indicador
de performance acaba tendo um valor mais baixo. Os processos onde
foram adotadas as embalagens retornáveis encontram-se robustos e,
portanto, favorecem o alcance de uma porcentagem maior de prática.
O indicador PP-05 mostra que a grande maioria das empresas,
ou seja, 94% (15) encaminham materiais e resíduos do processo
produtivo para a responsabilidade de terceiros que são especializados e
apresentam capacidade para tratá-los. Somente uma empresa indicou ter
nota 1 e, portanto, para este caso o encaminhamento bem como o
tratamento dos resíduos e materiais não ocorrem de forma adequada.
121
Ao analisar o indicador PP-06 percebe-se que há preocupação
por parte das empresas quanto à segregação de resíduos durante as
várias etapas do processo produtivo, sendo que normalmente há
separação dos vários tipos de materiais. Logo, o indicador PP-06 mostra
que somente 6% (1) das empresas têm nota 1, ou seja, apresentam uma
separação inadequada, sendo que esta empresa é a mesma que
apresentou nota 1 para o indicador PP-05.
Exames regulares e contínuos das cadeias de valor considerando
questões ambientais, conforme abordado no indicador PP-07, não são
efetivos como deveriam, indicando que as empresas não buscam analisar
com frequência o processo com a finalidade de reduzir os impactos
ambientais e consequentemente proporcionar melhorias e menor
impacto ambiental. Somente 6% (1) das empresas indicaram ter nota 5
para o indicador PP-07, 38% (6) delas alegaram ter nota 4, e 13% (2)
nota 3. Logo, com exceção da empresa que considerou ter nota 5, as
demais apresentam uma prática inadequada quanto à análise da cadeia
de valor ao longo da organização, e normalmente os exames efetuados
são pontuais.
Considerando o indicador PP-11, observa-se que 19% (3) das
empresas entrevistadas alegaram ter nota 5 quanto à prática da ME para
obtenção da P+L, 19% (3) alegaram ter nota 4, e esta mesma
porcentagem foi observada para a nota 3. Logo, as empresas fazem uso
de algumas práticas da ME, porém observou-se que normalmente o uso
é “inconsciente” e acaba refletindo positivamente na P+L.
As empresas que indicaram ter nota 5 para a prática do
indicador PP-11 alegaram que para tomada de decisão normalmente são
feitas análises de produtividade e aspectos ambientais durante o estudo
dos processos. As empresas com nota 4 analisam aspectos ambientais de
vez em quando. Para a nota 3 a empresa pratica a ME de forma
“inconsciente” mas conseguem verificar no final da implantação uma
redução dos impactos ambientais. A nota 1 abrange aquelas empresas
que não aplicam a ME com a finalidade de obter a P+L ou consideram
apenas aspectos de produtividade.
As empresas indicaram que na aplicação dos 5S e Kaizen normalmente considera-se o impacto ambiental. As melhorias
ambientais obtidas com a utilização dos mesmos são mais facilmente
visualizadas quando comparado com as demais práticas, pois
normalmente há indicadores estruturados que possibilitam identificar
estes resultados.
Assim, a falta de um sistema de indicadores voltados para
questões ambientais, considerando as práticas da ME, faz com que as
122
empresas não consigam identificar os benefícios obtidos. É importante
que se desenvolva uma cultura na qual além análise da produtividade
para a implantação da Manufatura Enxuta, sejam também analisados os
aspectos ambientais. Seria muito interessante que as empresas fizessem
as análises de produtividade e ambiental em conjunto.
A performance do indicador PP-19 indica que a grande maioria
das empresas conseguiram obter resultados favoráveis quanto à redução
do impacto ambiental com a adoção da ME, ou seja, 56% (11) das
empresas (referentes às notas 3, 4 e 5) conseguiram reduzir impactos
ambientais com a adoção da ME.
Portanto, a prática da ME com a finalidade de obter a P+L é
mais alta quando comparada com a performance das atividades, ou seja,
o número de empresas com nota 5 é maior na prática do que na
performance. Este resultado pode estar refletindo a utilização
inadequada de indicadores para avaliação dos aspectos ambientais e/ou
o fator produtividade tem um peso maior comparado com a P+L nas
melhorias realizadas com as práticas da ME.
Considerando a liberação de gases nocivos na atmosfera
(indicador PP-08), 36% (5) das empresas alegaram ter notas 1 e 2,
enquanto 36% (5) indicaram ter nota 5 para a prática. As empresas que
apresentaram notas 1 e 2 tanto na prática (PP-08) quanto na performance
(PP-17) apresentam valor de emissões dentro das normas estabelecidas,
porém não fazem controles periódicos para averiguar as condições de
liberação.
As práticas dos indicadores PP-12 e PP-13 são mais fortes e
efetivas quando comparadas com o indicador PP-08, sendo que 81%
(13) apresentaram notas maiores ou igual a 3 tanto para o indicador PP-
12 como para o PP-13. As práticas adotadas para o indicador PP-13 são
normalmente devido a exigências dos clientes. Por outro lado, as
práticas do indicador PP-12 são realizadas pelas empresas com a
finalidade de reduzir os impactos tanto nas despesas quanto custos, haja
vista que normalmente há necessidade de se investir na destinação
adequada dos resíduos sólidos gerados.
Logo, as normas são muitas vezes estímulos para as empresas
buscarem por melhorias nos processos produtivos com a finalidade de,
por exemplo, reduzir a emissão de gases nocivos bem como utilizar
menos materiais tóxicos. Portanto, uma revisão e criação de normas
mais exigentes provavelmente virá a favorecer a obtenção da P+L.
A seguir, nas seções 11.3.3, 11.3.4 e 11.3.5, são apresentadas as
maiores diferenças entre as três empresas com melhores resultados (E09,
E16 e E04) e as três empresas com piores resultados (E02, E12 e E11)
123
em relação à média dos resultados das empresas pesquisadas, bem como
as maiores diferenças entre as empresas localizadas nos quadrantes III
(E07) e IV (E10) com relação à média dos resultados das empresas
localizadas no quadrante I. Esta análise tem por finalidade entender em
quais indicadores as empresas com melhores resultados se destacam em
relação à média das empresas pesquisadas, em quais indicadores que as
empresas com piores resultados estão mais distantes da média das
empresas pesquisadas e quais são as principais diferenças entre as
empresas localizadas nos quadrantes III e IV com relação àquelas no
quadrante I.
7.2.3 Maiores diferenças entre as três empresas com melhores
resultados e a média das empresas pesquisadas
As três empresas com melhores resultados são a E04, E09 e
E16, sendo que as empresas E04 e E16 são de médio porte e a empresa
E09 é de grande porte. A Figura 30 apresenta o gráfico Radar dos
indicadores de prática e performance de cada variável analisada, e por
esta análise verifica-se que os resultados mais baixos referem-se aos
indicadores de performance de Processo Produtivo e de
Desenvolvimento de Produtos.
Figura 30- Gráfico Radar para as três empresas com os melhores resultados
Analisando os resultados apresentados na Tabela 1, observa-se
que as maiores diferenças da média das notas das três empresas com
melhores resultados com relação à média de todas as empresas
pesquisadas ocorrem para os indicadores AR-02, AR-04, AR-05, AR-
124
06, AR-07, AR-08, AR-09, AR10, P-01, P-04, FOC-02, PP-07, PP-08,
I-01, I-02, I-05, I-07 (destacados em verde). Estas diferenças indicam
que as três empresas apresentam maior desenvolvimento para todos
estes indicadores.
Vale destacar que dos dezessete indicadores com maiores
diferenças observa-se que onze deles são de prática enquanto que seis
são de performance. As maiores diferenças observadas na comparação
referem-se aos seguintes indicadores:
AR-07: os funcionários envolvidos na produção mais limpa são
de diversos níveis da estrutura, com 2,0 pontos;
I-05: atualização das informações referentes à Produção mais
Limpa, com 2,0 pontos;
I-07: divulgação dos resultados obtidos com a Produção mais
Limpa, com 2,4 pontos.
Portanto, a maior diferença, que corresponde ao maior grau de
desenvolvimento observado, refere-se à performance da divulgação dos
resultados obtidos com as ações destinadas à P+L (I-07). Assim, todas
as três empresas disseminam os resultados obtidos em murais,
possibilitando que todos os funcionários tenham acesso a essas
informações. Vale destacar que na área produtiva as informações são
mais detalhadas por área e subsistema.
Considerando o indicador AR-07, observou-se que as três
empresas buscam formar grupos multifuncionais, ou seja, grupos de
melhorias estruturados com colaboradores de diversas áreas com o
objetivo de desenvolver atividades de melhorias tanto para a P+L como
para a produtividade (ME e qualidade, por exemplo). No final de cada
período de melhoria o grupo apresenta os resultados obtidos. A área
onde foi realizada a melhoria fica responsável por manter os resultados
obtidos pelo grupo.
Analisando todas as variáveis observa-se que o maior grau de
desenvolvimento refere-se à variável Informação, pois a mesma possui
maiores diferenças quando comparada com as demais variáveis. Enfim,
para as três empresas em análise neste capítulo identificou-se que há um
grande apoio da gerência em favorecimento da P+L.
125
Tabela 1- Maiores diferenças entre as três empresas com melhores resultados
em relação à média das empresas pesquisadas
Nota
E04
Nota
E09
Nota
E16
Média das nota das
três empresas com
melhores resultados
Média das
notas das
Empresas
Diferença entre média
dos três melhores
resultados x Média
GeralAR-01 4 3 4 3,7 2,6 1,0
AR-02 4 4 4 4,0 2,4 1,6
AR-03 4 4 4 4,0 2,8 1,2
AR-04 5 3 4 4,0 2,2 1,8
AR-05 4 5 4 4,3 2,5 1,9
AR-06 4 4 4 4,0 2,4 1,6
AR-07 5 4 5 4,7 2,7 2,0
AR-08 5 5 5 5,0 3,3 1,7
AR-09 4 5 4 4,3 2,5 1,8
AR-10 4 5 5 4,7 2,9 1,7
AR-11 3 4 4 3,7 2,4 1,2
AR-12 4 4 4 4,0 2,5 1,5
P-01 5 5 5 5,0 3,3 1,7
P-02 3 4 4 3,7 2,5 1,2
P-03 3 3 5 3,7 2,4 1,2
P-04 4 4 4 4,0 2,4 1,6
P-05 3 4 4 3,7 2,4 1,2
P-06 4 4 4 4,0 2,9 1,1
P-07 4 4 4 4,0 2,5 1,5
I-01 5 5 5 5,0 3,3 1,8
I-02 5 5 5 5,0 3,4 1,6
I-03 3 4 4 3,7 2,5 1,2
I-04 5 4 2 3,7 2,6 1,1
I-05 5 4 5 4,7 2,7 2,0
I-06 4 5 4 4,3 2,9 1,4
I-07 5 5 5 5,0 2,6 2,4
FOC-01 4 4 4 4,0 2,7 1,3
FOC-02 5 4 5 4,7 2,9 1,8
FOC-03 4 4 4 4,0 2,6 1,4
FOC-04 4 4 4 4,0 2,8 1,3
FOC-05 5 4 5 4,7 3,5 1,2
DP-01 5 4 3 4,0 2,6 1,4
DP-02 4 3 1 2,7 2,6 0,1
DP-03 2 4 2 2,7 2,1 0,6
DP-04 4 5 5 4,7 3,4 1,3
DP-05 3 3 3 3,0 1,9 1,1
DP-06 5 4 3 4,0 3,4 0,6
DP-07 5 4 4 4,3 3,3 1,1
DP-08 4 3 4 3,7 3,3 0,4
DP-09 4 3 3 3,3 3,1 0,3
DP-10 4 4 1 3,0 2,8 0,2
DP-11 4 3 1 2,7 2,6 0,1
DP-12 5 4 2 3,7 2,8 0,9
PP-01 4 3 5 4,0 2,7 1,3
PP-02 3 4 4 3,7 2,6 1,1
PP-03 3 4 4 3,7 3,0 0,7
PP-04 2 5 5 4,0 3,4 0,6
PP-05 5 5 5 5,0 4,1 0,9
PP-06 5 5 5 5,0 4,1 0,9
PP-07 4 4 5 4,3 2,6 1,7
PP-08 5 5 5 5,0 3,3 1,7
PP-09 3 5 5 4,3 3,6 0,8
PP-10 4 5 5 4,7 4,0 0,7
PP-11 5 4 3 4,0 2,7 1,3
PP-12 5 5 5 5,0 3,7 1,3
PP-13 5 5 5 5,0 3,6 1,4
PP-14 4 4 4 4,0 3,3 0,8
PP-15 3 4 4 3,7 3,1 0,5
PP-16 4 4 1 3,0 3,3 -0,3
PP-17 4 4 4 4,0 3,2 0,8
PP-18 2 5 5 4,0 3,3 0,7
PP-19 4 4 3 3,7 2,6 1,1
PR
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PF
126
A diferença entre as médias mostra que o indicador PP-16
apresenta um valor negativo, ou seja, a performance das três empresas
analisadas para este indicador é inferior à média. Analisando as três
empresas separadamente, observa-se que as empresas E04 e E09
apresentam nota 4, enquanto que a empresa E16 apresenta nota 1 para o
indicador PP-16. Portanto, o valor obtido reflete a baixa performance da
empresa E16 com relação à redução do consumo de energia.
Pela entrevista observou-se que a empresa E16 apresenta
elevada prática quanto a avaliar e controlar o consumo de energia, mas
as ações realizadas não são efetivas, isto porque as ações não atuam
sobre os pontos mais críticos. Logo, a sugestão para que a empresa E16
venha ter uma melhor performance quanto à prática PP-10 é que ela
estruture um mapa detalhado do consumo de energia, principalmente no
processo produtivo, para conseguir identificar os pontos críticos e,
então, agir nestes pontos com a finalidade de reduzir o consumo e
aumentar a performance do indicador PP-16.
O valor representado em vermelho refere-se ao indicador
deficitário das três melhores empresas comparando com a média geral
das notas das 16 empresas pesquisadas. Portanto, as empresas devem
focar nesse indicadore buscando entender a razão da baixa performance
e aprimorar as práticas para que elas obtenham melhores resultados de
performance.
7.2.4 Maiores diferenças entre as três empresas com piores
resultados e a média das empresas pesquisadas
As três empresas com os piores resultados da pesquisa são E02,
E11 e E12. Pelo gráfico Radar na Figura 31 observa-se que, para as três
empresas com os piores resultados do benchmarking, os pontos mais
críticos estão principalmente para os indicadores de performance de
pessoas, prática de informação e prática de
Fornecedor/Organização/Cliente.
127
Figura 31- Gráfico Radar para as três empresas com piores resultados
A Tabela 2 mostra a comparação das médias dessas três
empresas com a média geral das notas das 16 empresas pesquisadas.
Analisando todos os indicadores destas empresas, observa-se que o
valor médio das notas das empresas E02, E12 e E11 é inferior à média
das notas das dezesseis empresas pesquisadas para todas as seis
variáveis analisadas. Assim, são praticamente nulas as ações adotadas
por essas empresas voltadas para a P+L. A variável Desenvolvimento de
Produto apresentou melhores resultados quando comparado com as
demais variáveis, sendo que o indicador de performance DP-10 foi o
que apresentou melhor resultado comparado com a média geral (-0,1
pontos). O indicador de prática DP-06 foi aquele que apresentou a
melhor média (3,0 pontos) para as três empresas analisadas.
As maiores diferenças observadas estão nos indicadores I-01 (-
2,3 pontos), I-02 (-2,4 pontos), PP-08 (-2,3 pontos) e FOC-05 (-2,2
pontos), sendo que as três primeiras são indicadores de práticas, e a
FOC-05 é um indicador de performance.
A variável Informação foi aquela que obteve menores notas,
considerando todos os seus indicadores. O indicador mais deficitário é o
I-02, com -2,4 pontos. Logo, é falha a prática de compartilhamento de
informações e conhecimentos P+L para toda a organização. As ações e
informações da P+L ficam normalmente na área ambiental da empresa
e, portanto, não há divulgação nem disseminação dos conceitos de
sustentabilidade e de P+L, bem como melhorias realizadas visando um
menor impacto ambiental.
128
Tabela 2- Maiores diferenças entre as três empresas com priores resultados em
relação à média das empresas pesquisadas
E02 E12 E11
Média das notas das
três empresas com
piores resultados
Média das
Empresas
Diferença entre média
das três piores resultados
x Média GeralAR-01 1 1 1 1,0 2,6 -1,6AR-02 1 1 1 1,0 2,4 -1,4AR-03 1 1 2 1,3 2,8 -1,5AR-04 1 1 1 1,0 2,2 -1,2AR-05 1 1 1 1,0 2,5 -1,5AR-06 1 1 1 1,0 2,4 -1,4AR-07 1 1 1 1,0 2,7 -1,7AR-08 1 2 2 1,7 3,3 -1,6AR-09 1 1 1 1,0 2,5 -1,5AR-10 1 1 2 1,3 2,9 -1,6AR-11 1 1 1 1,0 2,4 -1,4AR-12 1 1 1 1,0 2,5 -1,5
P-01 1 3 1 1,7 3,3 -1,6P-02 1 1 1 1,0 2,5 -1,5P-03 1 1 1 1,0 2,4 -1,4P-04 1 1 1 1,0 2,4 -1,4P-05 1 1 1 1,0 2,4 -1,4P-06 1 1 1 1,0 2,9 -1,9P-07 1 1 1 1,0 2,5 -1,5
I-01 1 1 1 1,0 3,3 -2,3I-02 1 1 1 1,0 3,4 -2,4I-03 1 1 1 1,0 2,5 -1,5I-04 1 1 1 1,0 2,6 -1,6I-05 1 1 1 1,0 2,7 -1,7I-06 1 1 2 1,3 2,9 -1,6I-07 1 1 2 1,3 2,6 -1,3
FOC-01 1 1 1 1,0 2,7 -1,7FOC-02 1 1 1 1,0 2,9 -1,9FOC-03 1 1 1 1,0 2,6 -1,6FOC-04 1 1 2 1,3 2,8 -1,4FOC-05 1 1 2 1,3 3,5 -2,2
DP-01 1 1 1 1,0 2,6 -1,6DP-02 1 1 3 1,7 2,6 -0,9DP-03 1 1 2 1,3 2,1 -0,7DP-04 1 1 4 2,0 3,4 -1,4DP-05 1 2 1 1,3 1,9 -0,6DP-06 1 5 3 3,0 3,4 -0,4DP-07 1 1 3 1,7 3,3 -1,6DP-08 1 1 4 2,0 3,3 -1,3DP-09 1 5 2 2,7 3,1 -0,4DP-10 1 5 2 2,7 2,8 -0,1DP-11 1 1 2 1,3 2,6 -1,2DP-12 1 1 2 1,3 2,8 -1,4
PP-01 1 1 3 1,7 2,7 -1,0PP-02 1 1 1 1,0 2,6 -1,6PP-03 1 1 4 2,0 3,0 -1,0PP-04 1 2 4 2,3 3,4 -1,1PP-05 3 1 4 2,7 4,1 -1,4PP-06 3 1 3 2,3 4,1 -1,8PP-07 1 1 1 1,0 2,6 -1,6PP-08 1 1 1 1,0 3,3 -2,3PP-09 1 1 4 2,0 3,6 -1,6PP-10 1 4 3 2,7 4,0 -1,3PP-11 1 1 1 1,0 2,7 -1,7PP-12 2 3 3 2,7 3,7 -1,0PP-13 1 1 3 1,7 3,6 -2,0PP-14 1 3 2 2,0 3,3 -1,3PP-15 1 1 3 1,7 3,1 -1,5PP-16 1 3 3 2,3 3,3 -1,0PP-17 1 3 1 1,7 3,2 -1,5PP-18 1 2 4 2,3 3,3 -1,0PP-19 1 3 1 1,7 2,6 -0,9
PF
PR
PF
PR
PR
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PF
129
Desta forma, com falha da disseminação das informações, as
demais variáveis ficam prejudicadas, pois as informações ficam restritas
a áreas específicas, e os colaboradores acabam não sendo envolvidos
com os assuntos relacionados ao meio-ambiente. Assim, fica difícil
estimular novas melhorias, bem como mapear e identificar os pontos
críticos e, por fim, tomar ações consistentes.
Devido ao baixo estímulo e priorização da alta gerência para as
atividades voltadas para a P+L e sustentabilidade, não há disseminação
da cultura e envolvimento dos colaboradores. As três empresas
analisadas neste capítulo apresentam o foco na produtividade, e nota-se
que é preciso mudar a cultura no nível mais alto da estrutura da
organização para que ações para a P+L sejam priorizadas e transmitidas
para todos os demais níveis das empresas.
Encerrando esta análise sugere-se que as empresas com os
piores resultados busquem trabalhar nos indicadores mais críticos e que
dêem maior atenção à variável Informação, visto a sua importância para
a formação de uma cultura referente à sustentabilidade, impactos
ambientais e P+L.
7.2.5 Maiores diferenças entre as empresas E07 e E10 com relação à
média das notas das empresas do primeiro quadrante
Pelo gráfico Radar (Figura 32), observa-se que as variáveis
mais deficientes para a Empresa E07 referem-se à prática de
Administração/Responsabilidade, Pessoas e Informação, enquanto para
a performance o pior resultado foi para Pessoas. Para a empresa E10 as
maiores deficiências foram relacionadas às práticas de
Administração/Responsabilidade, e para performance as deficiências
relacionam-se ao Desenvolvimento de Produtos e Pessoas.
130
Figura 32: Gráfico de radar para as empresas E07 e E10
Analisando a Tabela 3 e considerando a empresa E07, observa-
se que há três indicadores (P-06, I-01 e I-02) que apresentam grandes
diferenças com relação à média das notas das empresas do primeiro
quadrante. O indicador P-06 refere-se à performance, enquanto os
indicadores I-01 e I-02 relacionam-se à prática.
A variável Informação da empresa E07 apresenta as piores
notas tanto para a prática quanto para performance. As maiores
deficiências quanto às práticas referem-se aos indicadores I-02 (com -
2,4 pontos) e I-01 (com -2,1 pontos). Este resultado reflete a fato desta
empresa não disponibilizar as informações de sustentabilidade e P+L
para os colaboradores, ou seja, os dados ficam centralizados na área de
gestão ambiental.
Analisando a performance as maiores deficiências são para os
indicadores P-06 (-2,1 pontos) e I-05 (-2,0 pontos). O valor baixo do
indicador P-06 deve-se à falta de incentivo e investimento da alta
gerência para a execução de ações de P+L e sustentabilidade. Além
disso, observou-se que não há treinamentos voltados para preservação
do meio-ambiente e P+L.
131
Tabela 3- Maiores diferenças dos resultados das empresas E07 e E10 em
relação à média das empresas pesquisadas.
A baixa pontuação do indicador I-05 deve-se à inconsistência
da disponibilidade das informações para toda a organização, pois os
E07
(Empresa do
Quadrante III)
E10
(Empresa do
Quadrante II)
Média das
Notas das
Empresas do
Quadrante I
Diferença nota E07 x
média das notas das
empresas do Quadrante I
Diferença nota E10 x
média das notas das
empresas do Quadrante I
AR-01 4 3 3,6 0,4 -0,6AR-02 2 3 3,7 -1,7 -0,7AR-03 3 4 3,7 -0,7 0,3AR-04 4 2 3,1 0,9 -1,1AR-05 2 2 4,0 -2,0 -2,0AR-06 2 2 3,7 -1,7 -1,7AR-07 3 2 4,3 -1,3 -2,3AR-08 4 4 4,3 -0,3 -0,3AR-09 3 2 3,9 -0,9 -1,9AR-10 3 4 4,0 -1,0 0,0AR-11 4 3 3,4 0,6 -0,4AR-12 2 3 3,6 -1,6 -0,6
P-01 3 3 4,3 -1,3 -1,3P-02 2 4 3,6 -1,6 0,4P-03 2 3 3,3 -1,3 -0,3P-04 2 2 3,7 -1,7 -1,7P-05 2 3 3,1 -1,1 -0,1P-06 2 2 4,1 -2,1 -2,1P-07 2 3 3,7 -1,7 -0,7
I-01 2 3 4,4 -2,4 -1,4I-02 2 4 4,6 -2,6 -0,6I-03 3 4 3,4 -0,4 0,6I-04 2 3 3,3 -1,3 -0,3I-05 2 2 4,0 -2,0 -2,0I-06 3 4 4,0 -1,0 0,0I-07 3 4 3,9 -0,9 0,1
FOC-01 3 3 3,6 -0,6 -0,6FOC-02 3 3 4,0 -1,0 -1,0FOC-03 2 3 3,7 -1,7 -0,7FOC-04 2 3 3,7 -1,7 -0,7FOC-05 3 3 4,4 -1,4 -1,4
DP-01 2 4 3,9 -1,9 0,1DP-02 3 4 3,3 -0,3 0,7DP-03 2 2 2,9 -0,9 -0,9DP-04 4 3 4,4 -0,4 -1,4DP-05 3 1 2,4 0,6 -1,4DP-06 4 3 3,7 0,3 -0,7DP-07 3 4 4,4 -1,4 -0,4DP-08 4 3 4,0 0,0 -1,0DP-09 4 2 4,0 0,0 -2,0DP-10 4 2 3,3 0,7 -1,3DP-11 4 2 3,6 0,4 -1,6DP-12 4 2 3,4 0,6 -1,4
PP-01 3 3 4,0 -1,0 -1,0PP-02 3 2 3,3 -0,3 -1,3PP-03 3 2 4,0 -1,0 -2,0PP-04 4 2 4,1 -0,1 -2,1PP-05 4 3 4,6 -0,6 -1,6PP-06 5 4 4,9 0,1 -0,9PP-07 3 3 4,1 -1,1 -1,1PP-08 3 4 4,8 -1,8 -0,8PP-09 5 4 4,3 0,7 -0,3PP-10 5 4 4,6 0,4 -0,6PP-11 5 3 4,0 1,0 -1,0PP-12 4 4 4,4 -0,4 -0,4PP-13 5 4 4,7 0,3 -0,7PP-14 4 3 4,3 -0,3 -1,3PP-15 4 4 3,9 0,1 0,1PP-16 4 4 3,7 0,3 0,3PP-17 4 3 4,4 -0,4 -1,4PP-18 4 2 4,0 0,0 -2,0PP-19 4 3 3,6 0,4 -0,6
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PF
PR
PR
PF
PR
PF
132
indicadores utilizados ficam restritos a área de gestão ambiental. Logo,
não são apresentados o status nem as melhorias alcançadas com a P+L.
A empresa E07 apresenta maior desenvolvimento para o
indicador PP-11 (1,0 ponto) quando comparada com as médias das notas
das empresas do primeiro quadrante. De acordo com a entrevista
identificou-se que as ações de melhorias da ME contribuem para a
obtenção da P+L, e que nas decisões das melhorias de produtividade são
ponderados aspectos ambientais. A empresa identificou o Kaizen e 5S
como os principais contribuintes para obtenção da P+L, e
consequentemente redução dos impactos ambientais.
Para a empresa E10, localizada no quadrante II, observa-se que
as maiores diferenças entre a sua média e a média das empresas do
quadrante I referem-se aos indicadores AR-07 (funcionários envolvidos
na produção mais limpa são de diversos níveis da estrutura) com -2,3
pontos, P-06 (a direção e alta gerência proporcionam recursos para que
as ações sejam consistentes com as práticas da Produção mais Limpa)
com -2,1 pontos, e PP-04 (uso de embalagens e paletes que podem ser
reutilizados no processo) com -2,1 pontos.
Dos três indicadores com piores resultados, como citado
anteriormente, dois deles referem-se às práticas (AR-07 e PP-04), e o P-
06 é um indicador de performance.
Pela comparação das médias a empresa E10 obteve o pior
resultado para o indicador AR-07, ou seja, este é o indicador mais
deficitário. Logo, a empresa E10 não envolve todos os colaboradores
nas melhorias relacionadas com a P+L, ficando sob a responsabilidade
da área ambiental tomar ações de melhorias para alcançar um menor
impacto ambiental.
Na entrevista pôde-se observar que há uma carência do apoio da
gerência para que as ações da P+L sejam aplicadas, e é pouco o
incentivo para que os colaboradores sejam envolvidos nestas ações.
A variável mais deficiente da E10 é a de Desenvolvimento de
Produtos, sendo que a nota mais baixa refere-se ao indicador DP-05.
Logo, existe pouca prática de desenvolvimento de componentes/peças
para favorecer a reciclagem e reuso dos produtos da empresa.
Os indicadores da empresa E10 que são mais desenvolvidos
quando comparados com a média das notas das empresas do quadrante I
são:
P-02: programas de treinamento direcionados para os conceitos, e
ferramentas voltadas para a produção mais limpa em todos os
níveis da organização;
133
AR-03: compromisso da alta gerência nos processos de
implantação da produção mais limpa;
DP-01: desenvolvimento integrado de produtos, com a
participação de todas as áreas funcionais da empresa, bem como
outros agentes tais como clientes, fornecedores, instituições do
terceiro setor, visando a prevenção de impactos ambientais;
I-07: divulgação dos resultados obtidos com a Produção mais
Limpa;
PP-15: redução do consumo de água com a adoção da Produção
mais Limpa;
PP-16: redução do consumo de energia com a adoção da
Produção mais Limpa.
Pelos resultados obtidos bem como pelas entrevistas realizadas
infere-se que existe uma cultura de P+L e sustentabilidade para as
empresas E07 e E10. Mas para que elas possam migrar para o quadrante
I, onde há melhor performance e prática, é importante que as mesmas
trabalhem com os indicadores mais críticos, ou seja, com as piores
notas.
7.3 CARACTERIZAÇÃO DA MANUFATURA ENXUTA
Verificou-se que 88% das empresas pesquisadas apresentam um
programa oficial destinado à Manufatura Enxuta, sendo que o tempo
médio da implantação do programa da ME nas empresas analisadas é
seis anos. O tempo de aplicação do programa da ME em cada empresa é
apresentado na Figura 33. Vale destacar que é considerado um programa
de ME quando a empresa apresenta uma estrutura e equipe destinada à
aplicação dos conceitos e ferramentas da Manufatura Enxuta, incluindo
a busca de melhoria contínua.
Na análise da aplicação dos conceitos da ME pelas empresas
visando favorecer e obter a P+L e o meio-ambiente, verificou-se que
apenas uma (8%) das empresas apresenta uma preocupação Muito Forte
(MFO) com relação a este aspecto, conforme a Figura 34. Assim, a
avaliação classificada MFO indica que na grande maioria das vezes a empresa aplica os conceitos enxutos e procura analisar quais são os
impactos para o meio-ambiente, trabalhando com uma estratégia
buscando favorecer tanto a P+L como a produtividade, sendo que a
134
empresa consegue comparar, por indicadores, as condições finais e
iniciais referentes aos aspectos ambientais.
Figura 33- Tempo (em anos) da aplicação do programa de ME nas empresas
analisadas
O estudo mostra que 38% (5) das empresas consideram ter uma
Aplicação Forte (FO) da ME para obtenção da P+L (Figura 34). Nesse
caso a empresa aplicou pelo menos uma vez os conceitos da ME
visando a obtenção da P+L, ou seja, o menor impacto ambiental.
Figura 34- Aplicação da ME para obtenção da P+L
Por fim, a grande maioria das empresas encontra-se na
classificação Fraca (FR), e nesse caso a obtenção da P+L é uma consequência da aplicação dos conceitos e ferramentas da ME, e até o
momento da pesquisa não houve aplicação do pensamento enxuto por
parte dessas empresas visando a ecoeficiência e consequentemente a
Produção mais Limpa.
135
O estudo mostra que são poucas empresas que fazem uso do
pensamento enxuto com a finalidade de obter a Produção mais Limpa.
Ao longo das entrevistas identificou-se que a decisão da aplicação dos
conceitos da ME ainda está muito voltada para a produtividade,
consequentemente a P+L acaba não sendo um fator tão prioritário.
A empresa E01 obteve aplicação MFO da ME para a obtenção
da P+L, e esta empresa está localizada no primeiro quadrante (Figura
22). As empresas que obtiveram classificação FO (E04, E05, E09, E10 e
E16) também estão localizadas no quadrante I. As empresas com
avaliação FR (E03, E06, E07, E11 e E12) estão localizadas no quadrante
IV, e vale destacar que duas empresas (E13 e E14) localizadas no
quadrante I também obtiveram classificação FR quanto à aplicação da
ME para a obtenção da P+L. Por meio do checklist (Figura 35),
identificou-se que as principais práticas da ME utilizados nas diversas
etapas do processo produtivo foram 5S, manufatura celular, operações
padronizadas e principalmente os Kaizens. Na avaliação do checklist das
práticas da ME o Kaizen foi aquele que obteve maior pontuação com
relação ao grau de aplicação e prática no processo.
Figura 35- Resultado do checklist da ME
O resultado da aplicação checklist da ME mostra que a maioria
das empresas apresenta uma nota entre 7,9 a 6 pontos quanto às práticas
(Figura 36). Portanto, considera-se que estas empresas têm aplicação
mediana das práticas da ME. Isto indica que o processo de implantação
da ME ainda não está concretizado e consolidado e, portanto, nem todas
as práticas da ME que favorecem a obtenção da P+L encontram-se
aplicados ou ainda estão passando por aprimoramento.
136
Ainda analisando práticas enxutas o resultado da pesquisa
mostra que somente 24% (4) das empresas adotam o mapeamento do
fluxo de valor com a finalidade de analisar aspetos ambientais do
processo. Isto indica que as ações tomadas visando a redução do
impacto ambiental, principalmente no processo produtivo, ocorrem de
forma pontual e, portanto, não se analisa o todo para ponderar os
possíveis pontos mais críticos.
Figura 36- Notas das ferramentas da ME
A aplicação das práticas da ME ocorre em especial na variável
Processo Produtivo do benchmarking da P+L. Efetuando-se a análise
comparativa dos resultados obtidos com o benchmarking da P+L e o
checklist da ME (Tabela 4), observa-se que das quatro empresas que
apresentam aplicação forte da ME, três delas (E04, E09 e E14) estão
localizadas no Quadrante I da análise do benchmarking.
Considerando-se as empresas E04, E09 e E14, praticamente
todas elas obtiveram nota 4 para os indicadores PP-11 e PP-19, porém
deve-se destacar que somente a empresa E04 obteve nota 5 para o
indicador PP-11.
A empresa E07, localizada no quadrante III, também apresenta
uma aplicação forte da ME: nota 5 para o indicador PP-11 e nota 4 para o PP-19. De uma forma geral as empresas que apresentam aplicação
forte práticas da ME (E04, E07, E09 e E14) obtiveram nota de prática e
performance em um valor médio maior ou igual a 3,5.
Cinco empresas (E03, E08, E11, E13 e E15) ficaram com
classificação fraca quanto às práticas da ME abordadas no checklist,
137
sendo que as empresas E03, E08 e E15 não têm um programa oficial da
ME. A empresa E13 foi a única que obteve nota 3 para o indicador PP-
11, sendo que as práticas mais realizadas são os Kaizen e 5S. As demais
empresas obtiveram nota 1 tanto para prática quanto para performance.
Tabela 4- Resultados do checklist da ME x Benchmarking P+L
Vale destacar que a empresa E13 é a única localizada no
quadrante I da análise do benchmarking da P+L, e as demais empresas
estão localizadas no quadrante IV. A empresa E13 aplica as práticas da
ME visando a P+L, mas os aspectos da produtividade ainda são
considerados mais prioritários, e isto reflete uma baixa performance.
Das sete empresas localizadas no quadrante IV (E02, E03, E06,
E08, E11, E12 e E15), três delas obtiveram nota média para a aplicação
das práticas da ME (E02, E06 e E12), e quatro delas apresentaram nota
fraca para a adoção das práticas da ME (E03, E08, E11 e E15). A empresa E02 foi a que obteve o pior desempenho da P+L pela
análise do benchmarking. Entretanto, esta mesma empresa apresenta
aplicação mediana quanto às práticas da ME. Portanto, por mais que a
empresa E02 não tenha uma cultura e prática da P+L, algumas ações
adotadas mediante a Manufatura Enxuta favorecem a obtenção de
138
resultados de Produção mais Limpa. Em virtude da empresa E02 não
apresentar indicadores estruturados, não se pôde identificar as melhorias
obtidas com a aplicação das práticas da ME.
De uma forma geral identificou-se que as empresas
normalmente não adotam indicadores para medir a redução dos
impactos ambientais. Portanto, fica difícil verificar a redução dos
impactos ambientais com as práticas da Manufatura Enxuta. Assim, há
dificuldade de identificar os resultados no âmbito da Manufatura
Enxuta, bem como analisar se as práticas adotadas estão realmente
favorecendo o meio-ambiente e proporcionando um menor impacto
ambiental. Vale destacar que seis empresas alegaram ter controle
referente à redução do impacto ambiental obtidos com a aplicação da
ME.
Das empresas que adotam indicadores para verificar o
desempenho obtido através da ME para obtenção da P+L identificou-se
que as reduções dos impactos ambientais estão relacionadas
principalmente à redução do consumo de energia, geração de resíduos
sólidos (principalmente embalagens) e líquidos (óleos).
7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
O método Benchmarking da Produção mais Limpa, proposto e
desenvolvido neste trabalho, foi utilizado nas pesquisas de campo
realizadas nas dezesseis empresas que aceitaram participar deste
trabalho.
O método benchmarking foi desenvolvido com o objetivo de ser
um procedimento para avaliar a aplicação das P+L nas empresas,
visando realizar diagnósticos de quais pontos são mais fortes na
aplicação do conceito e aqueles mais deficitários. Os resultados
apresentados com a aplicação do método ajudaram as empresas a ter um
diagnóstico da aplicação da P+L considerando diversas variáveis:
Informação, Administração/Responsabilidade, Processo Produtivo,
Desenvolvimento de Produtos, Fornecedor/Organização/Cliente e
Pessoas. Além disso, o método do benchmarking auxiliou esclarecer as
empresas sobre quais atividades que envolvem a P+L são prioritárias, e de que é importante o envolvimento das diversas áreas da empresa para
a obtenção da P+L.
Por fim, com os resultados apresentados neste capítulo pode-se
afirmar que o método do benchmarking é um procedimento eficiente na
realização de um diagnóstico da aplicação da P+L, pois o mesmo auxilia
139
no levantamento de muitas informações da empresa e orienta-as a
alcançarem melhores resultados quanto à P+L e a ações mais
sustentáveis.
Com o checklist da Manufatura Enxuta identificou-se o grau das
práticas da ME. Além disso, efetuou-se uma análise comparativa com os
resultados obtidos pelas empresas com o benchmarking da P+L.
O próximo capítulo apresenta as conclusões do
desenvolvimento deste trabalho, bem como sugere trabalhos que podem
ser desenvolvidos no futuro na área de Produção mais Limpa.
141
8. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
8.1 CONCLUSÕES
A proposta de pesquisa desta dissertação teve como objetivo
verificar como as empresas estão adotando as práticas de ações
preventivas da Produção mais Limpa nos seguintes pontos: processos,
considerando principalmente o processo produtivo; no desenvolvimento
de produtos; na gestão das pessoas; na disponibilização de informações
referente à Produção mais Limpa; na relação entre fornecedor, cliente e
a organização; e nas práticas adotas pela administração
Para verificar a aplicação da P+L pelas empresas, foi
desenvolvido neste trabalho um método denominado Benchmarking da
Produção mais Limpa, o qual foi aplicado em algumas empresa
classificadas como indústria de transformação com o objetivo de realizar
um diagnóstico de práticas e performance da P+L. As empresas que
participaram nesta pesquisa são classificadas como de médio e grande
porte, sendo que foram no total 16 empresas entrevistadas.
O método do benchmarking proposto acabou envolvendo seis
variáveis que são importantes para que as práticas da P+L sejam efetivas
e tragam resultados para as empresas e possibilite a preservação do
meio-ambiente. As variáveis abordadas no método proposto foram:
Administração/Responsabilidade: nesta variável buscou-se
entender como as empresas estão estruturadas para a aplicação da
Produção mais Limpa, se há ou não incentivo da gerência;
Pessoas: é verificado se a empresa investe nos funcionários para a
obtenção da P+L;
Informação: analisa-se a estruturação e a disponibilidade de
informações referente à Produção mais Limpa para toda a
empresa;
Fornecedor/Organização/Cliente: busca-se entender se há relação
entre estes três durante o desenvolvimento de produtos e
processos de forma a obter a P+L;
Desenvolvimento de produto: verifica-se de que forma a empresa
está trabalhando visando a P+L nos produtos;
Processo Produtivo: avalia-se de que forma as empresas estão
agindo no processo produtivo de forma a favorecer a P+L.
142
O método Benchmarking proposto pode ser aplicado em
empresas de diferentes portes e auxilia-as a conhecerem sua atual
situação referente à Produção mais Limpa, e a partir disso podem
desenvolver ações para alcançar seus objetivos quanto a esta prática.
Analisando quais são as principais prioridades das empresas,
percebe-se que o custo é o fator prioritário nas tomadas de decisões, o
fator qualidade vem em segunda posição quando se pondera a estratégia
das empresas, posteriormente a estas duas variáveis as empresas buscam
investir na maior flexibilidade para o desenvolvimento de produtos e em
ações destinadas à preservação do meio-ambiente. Logo, percebe-se que
não há muita priorização das empresas na busca ações e práticas que
sejam menos impactantes ao meio-ambiente.
Todas as empresas analisadas apresentam implantado o Sistema
de Gestão da Qualidade (ISO 9001). Além disso, dez empresas adotam e
são certificadas com o SGA (ISO 14001) e quatro destas dez empresas
apresentam implantado o OHSAS 18001. Logo, por meio resultados
verifica-se que há aplicação de um Sistema de Gestão Integrado, o que
caba favorecendo a obtenção da P+L.
Somente seis empresas apresentam um programa oficial
destinado à Produção mais Limpa, enquanto as demais empresas que
não têm este programa buscam desenvolver melhorias preventivas que
acabam impactando diretamente no meio-ambiente e favorecendo a
P+L. Das seis empresas que têm o programa oficial da P+L cinco delas
são certificadas pela ISO 14001, e destas que apresentam certificação do
SGA quatro estão posicionadas no quadrante I do gráfico geral de
prática e performance (Figura 22).
O resultado da pesquisa mostra que o valor médio,
considerando todas as empresas pesquisadas, tanto para prática quanto
para a performance da P+L, ficou em 57%, conforme o gráfico geral de
prática e performance da Figura 22. Portanto, a média geral das 16
empresas pesquisadas está localizada no IV quadrante, ficando abaixo
do índice de referência de 60%, valor este considerado como marco de
desempenho mínimo que viabiliza a obtenção de resultados favoráveis à
P+L.
Entretanto, observou-se que houve uma variação muito grande
quanto as práticas e performances da P+L entre as 16 empresas
analisadas, sendo que sete empresas ficaram localizadas no quadrante I,
onde que se considera haver altos índices de prática e performance da
P+L nas empresas. Sete empresas ficaram dentro do quadrante IV, onde
há baixa prática e performance de P+L. Somente uma empresa de médio
porte ficou localizada no quadrante II (63% de prática e 59% de
143
performance). O quadrante III abrangeu uma empresa de médio porte, a
qual ficou classificada com 59% de prática e 61% de performance. Vale
destacar que as empresas classificadas nos quadrantes II e III não
ficaram muito distantes do índice de referência de 60%.
Esperava-se que empresas de grande porte, por terem uma
estrutura mais organizada e maior capital para investimento em P+L,
tivessem melhores resultados quanto às ações preventivas benéficas ao
meio-ambiente. Entretanto, a pesquisa mostrou que duas empresas de
médio porte estão localizadas no quadrante I e ficaram entre os três
melhores resultados da prática e performance da P+L. A empresa
localizada no quadrante III obteve 59% de prática e a empresa do
quadrante IV 55% de performance.
Das seis empresas que apresentam um programa oficial
destinado a Produção mais Limpa, quatro delas ficam localizadas no
quadrante I do gráfico do gráfico geral de prática e performance, uma
ficou localizada no quadrante III e uma empresa foi classificada no
quadrante II. Portanto, nenhuma empresa com programa oficial da P+L
foi classificada no quadrante IV, onde há uma deficiência de prática e
performance da P+L.
É interessante destacar que a empresa E09, que obteve melhor
prática e performance, conforme o gráfico geral (Figura 22), não
apresenta um programa oficial destinada à P+L. Logo, apesar de ter-se
um programa destinado especificadamente para a P+L ser importante,
uma vez que mostra a preocupação da empresa quanto aos aspectos
ambientais, verifica-se que não é imprescindível para que haja ações
preventivas efetivas no âmbito dos processos da empresa englobando
desenvolvimento de produtos, processos produtivos, fluxo de
informações, desenvolvimento junto com fornecedores e clientes, e
gestão de pessoas.
A empresa com o pior resultado foi a E02, localizada no
quadrante IV, tendo obtido 21% para prática e 20% para performance.
Um fato interessante é que esta empresa é certificada pela ISO 9001 e
ISO 14001, e tem implantada o OHSAS 18001 (não certificada). Logo,
apesar de observa-se nesta empresa o SGI, é muito baixa a adoção de
práticas relacionadas à P+L. Pela entrevista com a empresa observou-se
que a mesma busca satisfazer as normas bem como satisfazer certas
necessidades dos clientes. Portanto essa empresa não busca desenvolver
ações preventivas com o objetivo de reduzir os impactos ambientais, ou
seja, as melhorias adotadas visam satisfazer certas exigências. Desta
forma, o SGI não consegue contribuir para a obtenção da Produção mais
Limpa, conforme visto no Capítulo 7.
144
Analisando-se as 16 empresas pesquisadas observa-se, pelo
gráfico Radar da Figura 23, que as maiores deficiências estão
relacionadas às práticas da Administração/Responsabilidade e
performance de Pessoas. Esse resultado reflete principalmente o fato de
a maioria das empresas pesquisadas não terem um programa oficial
destinado à Produção mais Limpa, e consequentemente não há incentivo
da gerência para as práticas de ações preventivas que favoreçam a
preservação do meio-ambiente.
Considerando o indicador de prática da variável
Administração/Responsabilidade a nota mais baixa, considerando as
notas das 16 empresas, foi para o indicador AR-04 Portanto, isto indica
que há baixo reconhecimento dos resultados obtidos com a P+L. O outro
indicador que também obteve nota baixa para as práticas da variável AR
foi o AR-06, o que mostra que há pouco incentivo para a participação de
funcionários de diversas áreas para a obtenção da P+L.
A variável Processo Produtivo (PP) obteve a melhor nota de
todas as variáveis, considerando as notas das 16 empresas entrevistadas,
sendo que o indicador de prática obteve melhor desempenho do que o
indicador de performance. Observa-se que normalmente as ações
preventivas adotadas pelas empresas estão vinculadas à produção, sendo
que são poucas as ações que visam, por exemplo, alterações no produto
para minimizar os impactos ambientais.
Os indicadores de prática para a variável Processo Produtivo
que obtiveram melhores notas foram o PP-06 e PP-10. Logo, pelo
indicador PP-06 observa-se que as empresas buscam segregar os
resíduos gerados durante o processo produtivo, possibilitando que
posteriormente seja dado o destino correto a esses materiais. A prática
da redução do consumo de energia (indicador PP-10) mostra que as
empresas buscam alternativas para reduzir esse consumo, sendo que as
principais soluções adotadas são: manutenção e compra de
equipamentos e maquinários e arranjo de leiaute.
Para que as respostas dadas pelos profissionais das empresas,
durante a entrevista que aconteceu in-loco em todas as empresas
pesquisadas, fossem confiáveis no sentido de mostrar a realidade atual
da empresa, ou seja, não considerando projetos futuros a serem
implantados para a Produção mais Limpa, buscou-se entrevistar os
profissionais envolvidos com processos e com desenvolvimentos de
produtos que tivessem algumas atividades relacionadas com a P+L.
Dessa maneira pôde-se visualizar na prática, mediante a observação
espontânea e também participante, como as empresas trabalham
voltadas para as ações preventivas referentes ao meio-ambiente e
145
favorecendo a sustentabilidade. Essa metodologia ajudou a reforçar a
confiança nos resultados obtidos para cada indicador do método
Benchmarking da P+L, em cada empresa pesquisada.
A metodologia do benchmarking da P+L apresentou-se como
uma excelente ferramenta para a transferência de conhecimento. Por
meio da sua aplicação é possível identificar as práticas mais e menos
utilizadas pelas empresas e, sobretudo, comparar seus resultados com os
das empresas que apresentam melhores ações e atitudes preventivas
relacionada ao meio-ambiente. Tal comparação irá proporcionar à
empresa a identificação de quais as maiores diferenças competitivas em
relação às “líderes”, quais práticas são deficitárias e que pontos devem
ser priorizados para melhorias.
Logo, em virtude das informações que o método proposto do
Benchmarking proporciona, o mesmo pode ser adotado pelas empresas
como prática de gestão dos aspectos referentes à P+L e, assim, poder-se-
á tomar decisões e elaborar planos considerando os pontos mais críticos
que, normalmente, não são visualizados.
Quanto ao retorno (feedback) dos profissionais das empresas
pesquisadas que responderam à aplicação do método Benchmarking da
P+L, referente à opinião sobre o método proposto, na maior parte das
empresas os comentários foram que o método contribuiu muito para o
esclarecimento das empresas quanto às práticas da P+L, sendo uma
fonte rica de informações e que irá ajudar significativamente no sentido
de orientar a empresa na busca de melhorias e de ações preventivas
relacionadas ao meio-ambiente.
Outro estudo feito nesta pesquisa foi a aplicação da Manufatura
Enxuta para a obtenção da P+L. Pela revisão bibliográfica verificou-se
que a ME influencia e favorece a obtenção da P+L. Na metodologia
proposta buscou-se entender a relação existente entre ME e P+L, e se as
empresas ao adotarem e praticarem a ME buscam ponderar aspectos da
P+L. O resultado mostrou que somente uma empresa considera a P+L
nas tomadas de decisões de melhorias na ME. Além disso, cinco
empresas indicaram que pelo menos uma vez considerou aspectos
ambientais em melhorias envolvendo a ME. Desta forma, a maioria das
empresas alegou que não consideram aspectos da P+L nas melhorias e
práticas da ME e, portanto, os resultados de menor impacto ambiental
obtido com a ME são consequências das atividades e melhorias
implantadas.
Por meio da revisão bibliográfica estruturou-se um checklist das
práticas da ME consideradas favoráveis à P+L. A pesquisa mostra que
as empresas com alta prática e performance (localizadas no quadrante I)
146
apresentaram aplicação muito forte quanto as práticas enxutas. Estas
mesmas empresas apresentaram notas variando de 3 a 5 para os
indicadores PP-11 (adoção das práticas da ME para a redução do
impacto ambiental) e PP-19 (redução dos impactos ambientais coma
adoção as práticas da ME).
A grande maioria das empresas localizadas no quadrante IV
apresenta o resultado do checklist das práticas da ME como Fraca. Além
disso, para a grande maioria destas empresas as notas para os
indicadores PP-11 e PP-19 foram 1. Logo, é muito importante que seja
gerado uma conscientização destas empresas para que elas entendam a
contribuição da ME para a P+L.
Por meio das entrevistas observou-se que as empresas não
apresentam indicadores estruturados de forma a medir a redução dos
impactos ambientais, favorecendo a obtenção da P+L, com a adoção das
práticas da ME. Logo, foi sugerido às empresas que criassem estes
indicadores para que pudessem identificar quais os benefícios obtidos
bem como auxiliar nas tomadas de decisões quando alguma melhoria
vier a ser efetuada.
As práticas da ME que as empresas consideram ter maior
contribuição para a P+L são os Kaizens e 5S, pois no primeiro
consegue-se discutir alguns pontos referentes ao meio-ambiente,
enquanto com o 5S há redução principalmente da geração de resíduos.
Por fim, além de realizar um diagnóstico das seis áreas que
compõem e favorecem a obtenção da Produção mais Limpa, o método
Benchmarking orienta as empresas em termos de quais atividades as
mesmas precisam desenvolver e quais resultados precisam alcançar para
alcançar a excelência quanto às ações preventivas abordadas pela P+L.
A aplicação do checklist da ME mostrou que as empresas que
apresentam altas práticas e performance para a P+L são aquelas que
buscam aplicar os conceitos da ME considerando aspectos ambientais.
Logo, a metodologia proposta nesse trabalho poderá ser
aplicada a todo tipo de empresa para análise dos aspectos das ações
produtivas adotadas e possibilitar melhorias daquelas mais deficitárias,
sendo que as empresas poderão ajustar a metodologia conforme suas
necessidades e práticas adotadas.
147
8.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A partir dos resultados obtidos e observações realizadas ao
longo desta pesquisa, e também da experiência de sua realização, são
sugeridos a seguir novos trabalhos de pesquisa que possam ser
realizados voltados para a produção mais Limpa:
Aplicação do método Benchmarking da P+L em um maior
número de empresas, principalmente incluindo empresas de
pequeno porte. Desta forma pode-se gerar um banco de dados
maior dessas empresas, contribuindo para um maior
entendimento da situação atual das empresas quanto à aplicação
de ações preventivas destinada ao meio-ambiente;
Aplicação do método Benchmarking apenas em empresas
pertencentes ao mesmo segmento de atuação como, por exemplo,
têxtil, plástico, metal mecânica e automobilística. Desta forma
pode-se realizar um estudo e comparar o desempenho entre
empresas que usinam os mesmos tipos de produtos;
Realização de um estudo completo em uma ou mais empresas,
aplicando-se o método Benchmarking da P+L e posteriormente
propor a aplicação e/ou melhoramentos nas variáveis em análise
para esta(s) empresa(s), com maior detalhamento quanto às
atividades a serem realizadas;
Realização de estudo semelhante ao efetuado nesta pesquisa,
implementando melhorias ao método de diagnóstico proposto
neste trabalho. Estas melhorias poderiam ser referentes à
metodologia de aplicação nas empresas a serem pesquisadas, e
também quanto à maneira como cada indicador é avaliado como,
por exemplo, fazer alterações no sistema de pontuação e incluir
mais opções de nota.
Realizar um estudo de forma a acompanhar a aplicação da ME e a
contribuição para a obtenção da P+L, sendo importante a
estruturação de indicadores para mostrar a redução efetiva dos
impactos ambientais.
149
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163
Termo de Confidencialidade
Universidade Federal de Santa Catarina
TERMO DE CONFIDENCIALIDADE
Termo de compromisso do pesquisador para o uso de dados e
confidencialidade das informações obtidas sobre as empresas
pesquisadas.
Título do projeto: BENCHMARKING DA PRODUÇÃO MAIS
LIMPA PARA A ANÁLISE DE EMPRESAS DE MANUFATURA
Pesquisador responsável: Aline Ribeiro Ramos, Esp.
Pesquisador orientador: João Carlos Espíndola Ferreira, Dr.
Instituição de origem do pesquisador: UFSC
Curso: Mestrado em Engenharia Mecânica
Área de Concentração: Fabricação
Por este Termo de Confidencialidade os pesquisadores comprometem-se
a:
Preservar o sigilo e a privacidade das empresas cujos dados
(informações e resultado de avaliações) serão estudados;
Assegurar que as informações e/ou arquivos coletados serão
utilizados, única e exclusivamente, para a execução do projeto
em questão;
Assegurar que os resultados da pesquisa somente serão
divulgados de forma anônima em trabalhos científicos, não
sendo usadas iniciais ou quaisquer outras indicações que
possam identificar as empresas pesquisadas;
Garantir que os respondentes terão a privacidade de seu nome
garantida e seus dados pessoais não divulgados em nenhum
momento.
164
FICHA DE INFORMAÇÕES DA EMPRESA
Nome da Empresa
Segmento de Atuação
Número de Funcionários
Data de Fundação da Empresa
1) O questionário foi respondido por:
( )Presidente ( )Diretor ( )Gerente ( )Supervisor ( )Engenheiro Escolaridade:
__________________________________________________________
Tempo na organização:
__________________________________________________
2) Composição do capital da empresa (indique a participação de cada um):
Nacional: ________%
Estrangeiro: _________%
3) Mercados em que atual (indique a participação de cada um):
Interno: _________%
Externo: __________%
4) Existe algum programa oficial destinado a aplicação do Lean?
Sim ( ) Desde quando?_______________Não ( ).
5) Existe algum programa oficial destinado a produção mais limpa?
Sim ( ) Desde quando?_____________ Não ( )
6) No desenvolvimento e aplicação dos conceitos lean existe preocupação no estudo
do impacto ambiental ou seja com a produção mais limpa?
( ) NA- Não se aplica
( )NE- Não existe, correspondendo a itens que não estão sendo aplicados, mas que,
devido às características da empresa, poderiam ser adotados
( ) MFR- Aplicação muito fraca
( ) FR- Aplicação fraca
( ) FO- Aplicação forte
( ) MFO- Aplicação muito forte
Quais? _____________________________________________
7) Ao aplicar o mapeamento do fluxo de valor são considerados os impactos
ambientais oriundos do processo?
Sim ( ) Não ( )
165
8) Existe algum controle referente a redução do impacto ambiental obtidos com a
aplicação da manufatura enxuta?
Sim ( ) Não ( )
Qual? __________________________
9) A empresa adota a prática do DFE (Design for Enviroment)?
Sim ( ) Não ( )
10) Marque uma das alternativas referente ao status da sua planta quanto à aplicação
da gestão ambiental da ISO14000 (Sistema de Gestão Ambiental)
( ) Não é considerado
( ) Interesse na implantação futura
( ) Há planejamento para
implantação futura
( ) Implantando atualmente
( ) Implementado com sucesso
( ) Certificado ISO 14000. Quantos
anos é certificado? _________
11) Marque uma das alternativas referente ao status da sua planta quanto a aplicação
da Gestão da Qualidade ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade).
( ) Não é considerado
( ) Interesse na implantação futura
( ) Há planejamento para
implantação futura
( ) Implantando atualmente
( ) Implementado com sucessos
( ) Certificado ISO 9001. Quantos
anos é certificado? _________
12) Marque uma das alternativas refere ao status da sua planta quanto à aplicação da
OHSAS 18001 (Segurança e Saúde no trabalho).
( ) Não é considerado
( ) Interesse na implantação futura
( ) Há planejamento para
implantação futura
( ) Implantando atualmente
( ) Implementado com sucesso
( ) Certificado OHSAS 18001.
Quantos anos é certificado?
_________
( ) Aplica diretrizes BS 8800
13) Considerando as estratégias competitivas adotadas pela empresa, favor distribuir 100
pontos entre as práticas listadas abaixo, conforme o grau de importância da mesma
Qualidade
Custo
Flexibilidade para Desenvolver Projetos de Produtos
Inovação
Meio Ambiente e Segurança
Soma Total Máxima= 100 pontos 100
166 14) Checklist para análise das práticas enxutas: Selecionar o grau da prática dos
princípios da manufatura lean.
NA NE MFR FR FO MFO
Prá
tica
s
Troca rápida de ferramentas (TRF)
Autonomação
Inspeção Autônoma
Melhoria Contínua
Manutenção produtiva total (TPM)
Manufatura celular
5´s
Operações padronizadas
Just in Time
Controle da qualidade e zero defeitos
(CQZD)
NA- não se aplica (NA); NE- não existe, correspondendo a itens
que não estão sendo aplicados, mas que, devido às características
da empresa, poderiam ser adotados; MFR aplicação muito fraca;
FR aplicação fraca ; FO- aplicação forte; MFO- aplicação muito
forte.
167
BENCHMARKING PARA ANÁLISE DA CULTURA E MATURIDADE DA
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
A produção mais limpa consiste em uma aplicação contínua de uma
estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos, produtos e
serviços com a finalidade de aumentar a eficiência no uso de matérias primas, água e
energia.
A produção mais limpa resulta na conservação de matérias primas, água e
energia; eliminação de substâncias tóxicas e matérias primas perigosas; e da redução
da quantidade de toxicidade de todas as emissões e resíduos na fonte durante o
processo de produção. Com relação aos produtos, a produção mais limpa visa
reduzir os impactos ambientais, de saúde e segurança dos produtos ao longo do seu
ciclo de vida, desde a extração da matéria prima, através da sua fabricação e
utilização, até a destinação final do produto. Em serviços a produção mais limpa
implica na incorporação das preocupações ambientais na concepção e prestação de
serviços (CETEB, 2009).
Instrução:
1. Responder as questões considerando nota de 1 a 5, considerando os
critérios abaixo;
Nota
1- O componente não está implantado ou existem grandes
inconsistências na implantação- Equivale 0 a 20% de prática
e performance.
2- O componente está implantado, mas existem pequenas
inconsistências na implantação- Equivale 21-40% de
prática e performance.
3- O componente está completamente implantado- Equivale 41-
60% de prática e performance.
4- O componente está completamente implantado e com
resultados efetivos- Equivale de 61-80% de prática e
performance.
5- O componente está completamente implantado, com resultados
efetivos e exibe contínua melhoria nos últimos 12 meses-
Equivale 81-100% de prática e performance.
168
Indicadores de Administração/Responsabilidade
Práticas Avaliação
AR-01 Desdobramento das Políticas da Produção mais Limpa mediante uma estrutura de índices qualitativos e quantitativos
AR-02 Objetivos de progresso da Produção mais Limpa são definidos e têm sido efetivamente comunicados
AR-03 Há compromisso da alta gerência nos processos de implantação da Produção mais Limpa
AR-04 Existe plano de Incentivos pelos progressos obtidos na
implantação dos princípios da Produção mais Limpa
AR-05
A Gerência tem optado por aderir a um plano para o
desenvolvimento da Produção mais Limpa e não às operações de
curto prazo (fim de tubo)
AR-06
Clima estimulante e de incentivo na consecução das metas estabelecidas pelas políticas da Produção mais Limpa, primando à
estabilidade e participação dos indivíduos.
AR-07 Os funcionários envolvidos na Produção mais Limpa são de
diversos níveis da estrutura
Performance Avaliação
AR-08 Indicadores de Performance Relacionados à Produção mais Limpa
AR-09 Progresso da implantação e práticas da Produção mais Limpa em
todos os níveis da estrutura
AR-10 Incentivo da alta gerência às práticas da Produção mais Limpa
AR-11 Plano para desenvolvimento da Produção mais Limpa
AR-12 Disponibilidade de pessoal para o progresso da Produção mais
Limpa
169
Indicadores Pessoas
Práticas Avaliação
P-01 Disponibilidade de uma estrutura para treinamento e facilidade para os empregados serem treinados
P-02 Programas de treinamento voltados para os conceitos e ferramentas
para a Produção mais Limpa em todos os níveis da organização
P-03
Equipes de implantação e seguimento das ações voltadas à aplicação dos conceitos da Produção mais Limpa são definidas, bem como as
linhas de autoridade são claramente estabelecidas
Performance Avaliação
P-04 Funcionários treinados nos conceitos da Produção mais Limpa
P-05 Equipes destinadas à aplicação da Produção mais Limpa
P-06 A direção e a alta gerência disponibilizam recursos para que as ações sejam consistentes com as práticas da Produção mais Limpa
P-07 Treinamentos realizados com frequência para públicos variados
Indicadores da Informação
Prática Avaliação
I-01 Há disponibilidade de informações para toda a organização conforme
a necessidade
I-02 O conhecimento é compartilhado por meio da estrutura organizacional
I-03 Os indicadores financeiros estão estruturados de maneira a medir e
reportar os avanços em relação à Produção mais Limpa
I-04 Há uma espécie de descentralização da informação localizando-a
próxima aos usuários associados com o processo em análise.
Performance Avaliação
I-05 Atualização das informações referentes à Produção mais Limpa
I-06 Redução de despesas e custos com a adoção da prática Produção mais
Limpa
I-07 Divulgação dos resultados obtidos com a Produção mais Limpa
170
Indicadores da Fornecedor/Organização/Cliente
Prática Avaliação
FOC-01 Participação de fornecedores /clientes no processo de
desenvolvimento de produtos e processos mais limpos
FOC-02 Clientes e Fornecedores participam de revisões contínuas na área
de desenvolvimento de produtos, processos e em projetos
FOC-03 Incentivos junto a fornecedores/clientes para a obtenção de uma
Produção mais Limpa
Performance Avaliação
FOC-04 Projetos envolvendo fornecedores/clientes no desenvolvimento de processos e produtos mais limpos
FOC-05 Cumprimento da exigência dos clientes referente à prevenção de
impactos ambientais
Indicadores de Desenvolvimento de Produtos
Prática Avaliação
DP-01
Desenvolvimento integrado de produtos, com a participação de
todas as áreas funcionais da empresa, bem como outros agentes
tais como clientes, fornecedores, instituições do terceiro setor, visando a prevenção de impactos ambientais.
DP-02 Os princípios do gerenciamento do ciclo de vida são aplicados no processo de desenvolvimento de novos produtos.
DP-03
Há redesenho dos produtos para eliminar eventuais problemas
ambientais relacionados à fabricação, utilização e favorecendo a
reciclagem.
DP-04
Há substituição de um material que pode provocar problemas
ambientais por outro material que não é problemático ou ocasiona
menos danos ao meio-ambiente.
DP-05
Há estudos voltados para desenvolvimento de componentes para que os mesmos sejam facilmente reciclados e reutilizados nos
produtos da empresa.
DP-06 Há estudos possibilitando aumentar a vida útil do produto.
Performance Avaliação
DP-07 Redução da quantidade de material e/ou componentes que
provocam danos ao meio-ambiente.
DP-08 Adoção de materiais menos danosos ao meio-ambiente.
DP-09 Produtos redesenhados e reprojetados visando menor impacto ambiental.
DP-10 Utilização de materiais e/ou componentes reciclados.
DP-11 Componentes desenvolvidos para facilitar a reciclagem.
DP-12 Aumento da vida útil do produto.
171
Indicadores de Processo Produtivo
Prática Avaliação
PP-01 Redesenho do processo visando eliminação dos impactos
ambientais.
PP-02
Remanufatura: restaurar um produto durável usado para
condição de "novo", para ser usado em sua função original ou utilizar suas peças em outro produto usado.
PP-03
Consumo interno: resíduos gerados na empresa são utilizados
pela mesma como, por exemplo, madeiras oriundas de paletes
são utilizadas como fonte energética.
PP-04 Uso de embalagens e paletes que podem ser reutilizados no
processo.
PP-05
Transferência de materiais e resíduos para a responsabilidade
de terceiros com maior capacidade para tratar o material ou
resíduo.
PP-06
Há segregação de resíduos durante o processo: uma ação intermediária em que fluxos de resíduos são separados em seus
componentes individuais, antes de serem reciclados,
reutilizados ou consumidos.
PP-07
Exames regulares e contínuos das cadeias de valor ao longo da organização são realizados visando a melhoria contínua das
mesmas e redução do impacto ambiental
PP-08 A empresa avalia, controla e busca reduzir a liberação de gases nocivos à atmosfera.
PP-09 A empresa avalia, controla e busca reduzir o consumo de água.
PP-10 A empresa avalia, controla e busca reduzir o consumo de
energia.
PP-11
A empresa adota práticas da manufatura enxuta (tecnologias,
metodologias e ferramentas) para reduzir os impactos ambientais.
PP-12 A empresa avalia, controla e busca reduzir resíduos sólidos
gerados.
PP-13 A empresa avalia, controla e busca reduzir materiais perigosos,
nocivos e tóxicos.
Performance Avaliação
PP-14 Houve redução de resíduos sólidos gerados com a adoção da Produção mais Limpa.
PP-15 Redução do consumo de água com a adoção da Produção mais
Limpa.
PP-16 Redução do consumo de energia com a adoção da Produção
mais Limpa.
PP-17 Redução da emissão dos gases nocivos à atmosfera com a
adoção da Produção mais Limpa.
PP-18
Adoção de embalagens retornáveis.
PP-19 Redução dos impactos ambientais com a adoção das práticas da
manufatura enxuta (tecnologia, metodologia e ferramentas).
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