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BENEFÍCIOS COM A IMPLANTAÇÃO DE RECICLAGEM DE
BORRACHA: UM ESTUDO DE CASO
Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade
Luiz Eduardo Carvalho Chaves
luizchaves@hotmail.com
Geraldo Cardoso Oliveira Neto
geraldo.prod@ig.com.br
Henrricco Nieves Pujol Tucci
henrricco@gmail.com
Jadir Perpétuo Santos
jadir@uninove.br
Resumo: Atualmente a preservação do meio ambiente está presente na rotina das pessoas e as empresas buscam
aumentar os seus lucros juntamente com ações sustentáveis. A reciclagem de materiais é uma das formas que as
empresas encontram para alinhar a melhora no desempenho econômico com atitudes ambientais que geram resultados.
Através de um estudo de caso, uma pesquisa qualitativa foi feita para apresentar o processo de reciclagem de borracha
transformando-o em matéria-prima novamente e apresentar a vantagens econômicas e ambientais na produção mais
limpa através da metodologia de intensidade de material (Wuppertal Institute). Os resultados obtidos mostraram que a
compatibilidade do pó de borracha é muito maior quando oriunda da mesma formação, garantindo retorno financeiro
e ambiental para as empresas, porém concluiu-se que somente a conscientização das empresas e a alteração das
normais internacionais vai fazer com que esta prática torne-se realidade em escala global, embora haja resultados
financeiros, os mais expressivos são resultados ambientais.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
A partir dos anos 80 iniciou-se uma forma de pensar onde o foco é a preservação do meio
ambiente e o lucro deveria vir em paralelo com medidas sustentáveis, essa percepção se tornou parte
da vida das pessoas e a figurar no dia a dia.
Atualmente, em virtude da disseminação das normas da família ISO 14000, diversos
seguimentos da sociedade iniciaram seus processos de tecnologias limpas para auxiliarem o
gerenciamento de seus produtos e processos.
Em 2010 entrou em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305). Segundo
Joinhas (2013), estimularam as empresas a buscarem soluções de recuperação de resíduos, bem como a
destinação adequada dos resíduos sólidos, obtendo assim uma melhoria de imagem e aumento de
retorno de investimentos em matérias primas.
A logística reversa tem um sentido amplo para todas as atividades de reutilização de produtos
e materiais utilizados em processos produtivos, incluindo sua logística (coletar, desmontar) de forma
sustentável (JOINHAS, 2013). O tratamento do passivo gerado na fabricação de artefatos de borracha,
quando apoiado na produção mais limpa (P+L), apresenta vantagens econômicas e ambientais alinhada
a um ciclo fechado e logística reversa, ocorrendo a destinação correta do resíduo sólido e ganho
financeiro com o reuso do passivo modificado, além dos ganhos ambientais, com isso, melhorar as
avaliações da estratégia de marketing e preservar a imagem empresarial, relata Donaire (1999). Logo,
surge a pergunta: quais são algumas das vantagens financeiras e ambientais possível de se obter no
processo de reciclagem de borracha?
As indústrias são o grande emissor de substâncias nocivas ao homem, portanto, investir e
educar as pessoas sobre sustentabilidade torna-se uma estratégia de sobrevivência do negocio, nesse
caminho e usando a pergunta de pesquisa como alicerce, o trabalho apresentado tem como objetivo
específico:
- Apresentar o processo de reciclagem do passivo de borracha transformando-o em matéria
prima em um processo fechado;
- Analisar as vantagens econômicas e ambientais presentes no processo de reciclagem na
Produção Mais Limpa através da metodologia de Intensidade de Material (Wuppertal Institute).
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A reciclagem e utilização tanto do passivo gerado durante o processo produtivo como do
descarte após a vida útil do produto por parte do consumidor, enviando para a empresa, é o objetivo
principal.
2. Referencial
2.1 Conceituando a Indústria de Borracha
A fabricação de artefatos de Borracha requer a adição de muitos ingredientes conhecidos como
aditivo. Estes melhoram a composição e a processabilidade dos compostos de borracha e dão as
propriedades aos produtos de borracha. Para reciclar e reduzir o impacto no ambiente, a indústria de
borracha foi forçada a concentrar em desenvolvimento de novos de recursos renováveis, materiais
perdidos e recicláveis devido a pressões legislativas, onde a Disposição de produtos de borracha e
desperdícios de fábrica é um problema global por razões ambientais e econômicas (GHOSH et al,
2003; NABIL, 2014).
Para Lovison (2001), em muitas de suas aplicações, a borracha não é utilizada sozinha, mas
como uma composição (composto) onde é o ingrediente básico. O químico é que escolhe o tipo e
quantidade a ser utilizada e é preciso também que tenha certa habilidade para combinar e dosar
adequadamente tais produtos entre si. A fórmula de um composto de borracha usualmente envolve dez
ou mais ingredientes, cada um com função específica e correspondente influência no processamento,
nas propriedades e no preço do artefato final.
Ainda Lovison, 2001, enumera os ingredientes de composições elastoméricas:
Elastômeros (borracha natural e/ou sintética);
Agentes de vulcanização;
Aceleradores;
Ativadores;
Retardadores;
Agentes de proteção;
Cargas (N.F., Sílica, carbonato, pó de borracha, etc.);
Auxiliares de processo;
Outros ingredientes de composição.
A partir destes compostos é que serão produzidos os artefatos que podem ser produtos para a
indústria, como mangueiras, batentes, cilindros emborrachados ou pneus, luvas, peças automotivas e
milhares de outros produtos e o que irá variar é o processo de produção.
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Para Carneiro (2009), um ciclo fechado é quando após a utilização dos bens (produtos de uso
industrial, agrícola, comercial, etc.), estes são separados, reutilizados ou reciclados. Exatamente isso
que é feito neste processo em estudo.
2.2 Responsabilidades ambientais
Em 1965 durante a conferencia de Educação da Universidade de Kelle na Grã-Bretanha, a
educação ambiental teve estímulos na divulgação do conhecimento ambiental, para a sociedade,
buscando soluções para gerenciar e prevenir problemas de sustentabilidade (MANO et al, 2005), ideia
essa apoiada por Brandão (2006) quando apresenta a necessidade de manter a terra (planeta) com
recurso infinito através de uma atividades econômica sustentável. Em termos gerais as empresas
precisam se relacionar com a sociedade, votadas as questões ambientais, na busca de incluir em seus
lucros nos produtos valores éticos e morais, equacionando o crescimento econômico com a
preservação ambiental (SILVA et al, 2008).
Na Figura 1, Giannetti e Almeida (2006) demonstra o fluxo ideia para um crescimento
sustentável e prospero, além de demonstrar que a sociosfera e a econosfera estão dentro da biosfera,
chamando a atenção que esses não podem utilizar mais do que as capacidades intrínsecas do meio
ambiente.
FIGURA 1 - Modelo de sustentabilidade ambiental. Fonte: Giannetti e Almeida (2006).
A Produção Mais Limpa busca um aumento da eficiência, a lucratividade e a competitividade
das empresas, protegendo as partes interessadas, diminuindo os resíduos, emissões e custos. Cada ação
no sentido de maximizar o uso de matérias-primas e energia, reduzir a geração de resíduos ou deixar e
gerar, pode incrementar a produtividade e trazer benefícios econômicos para a empresa (GIANNETTI
e ALMEIDA, 2006).
Conforme o SENAI (2003) “Produção mais Limpa é aumentar a eficiência na utilização de
recursos como água, energia ou mesmo matéria-prima, com vantagens ambientais, econômica e de
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saúde ocupacional através da aplicação de uma estratégia ambiental, econômica e técnica integrada aos
processos e produtos.
Para Giannetti e Almeida (2006) ao se falar em Produção Mais Limpa, deve se associar as
atividades de reciclagem, porém não são considerados nenhum processo fora da produção como:
tratamento de efluentes, a incineração a até a reciclagem de resíduos fora do processo de produção, por
se tratarem de correção e não de diminuição do uso de recursos.
De acordo com o SENAI (2003), a preocupação com não gerar mais resíduos e emissões que
afetem o meio ambiente, e como consequência reduz gastos desnecessários e contribui para a imagem
da empresa, traz para as empresas vantagens como: ambientais evitando geração de poluição, redução
de resíduos e energia, melhorando a saúde e segurança durante o trabalho; econômicas no aumento da
eficiência dos processos e custos totais com o uso adequados dos recursos industriais.
Portanto conclui-se que é necessário ter responsabilidade ambiental e promover a reciclagem
de produtos no processo interno de produção, pois de um lado terá vantagens econômicas de outro
estar consciente que está fazendo a coisa certa com vantagens ambientais.
2.3 Cálculos da Intensidade de Material: Vantagens Ambientais
Para avaliar as mudanças ambientais o Instituto Wuppertal (2008), desenvolveu um método,
onde a retirada do material no ecossistema é sempre maior que a quantidade a ser utilizada, momento
esse que aumentam as perdas, que são classificados em Abióticos, Bióticos, água e ar. Segundo Odum
(1981), “os compartimentos interagem entre si, sendo o Biótico o conjunto de todos os organismos
vivos e decompositores e o Abiótico, o conjunto de fatores não vivos de um ecossistema, mas que
influenciam no meio Biótico, como temperatura, pressão, pluviosidade do relevo, etc.”
A quantidade de material de cada compartimento usado para suprir um dado material é
chamado de Intensidade de Material (IM). O cálculo se faz pegando o fluxo de entrada de massa (EM),
expresso em unidades correspondentes, multiplicando pelo fator MIF (Mass Intensity Factors), que
será a quantidade de matéria necessária para produzir uma unidade de fluxo de entrada.
Fórmula: IM = EM x MIF
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3. Método da pesquisa
Segundo Yin (2015), uma pesquisa descritiva procura
investigar e observar as variações de um determinado fenômeno
ocorrido na vida real, nessa definição o estudo de caso apresenta o
fenômeno de forma próxima a da realidade podendo assim
classificar e analisar o objeto da pesquisa, através de uma adequada
coleta de dados.
A Revisão bibliográfica apresenta uma evolução do objeto da pesquisa apontando o estado da
arte, possibilitando assim classificar qual e o melhor método de pesquisa, como a pesquisa qualitativa
que interpreta os dados relacionados a fenómenos sociais em uma pesquisa de campo (TRALDI e
DIAS, 2009).
Com base nos conceitos de Yin (2015) e Traldi e Dias (2009), desenvolveu-se nesse trabalho
através de uma revisão bibliográfica, uma pesquisa descritiva qualitativa com uma pesquisa de campo
um estudo de caso em uma indústria de borracha.
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4. Estudo de caso
Este estudo de caso tem por objetivo relatar um exemplo de aplicação do conceito de
responsabilidade Ambiental em uma indústria de borracha, com significativa expressão no seu
segmento de atuação.
A empresa apoiou a implementação do programa como uma decisão estratégica,
principalmente devido aos resultados sustentáveis e o interrompimento do passivo a lixos, que num
futuro próximo poderia vir a responsabiliza-la.
O projeto tem como objetivo reciclar o refugo de borracha gerado internamente ou oriundos
de clientes, granulando e micronizando, transformando em uma matéria prima para a produção de
compostos de borracha. A vantagem de se utilizar o pó de borracha de sua própria borracha, é que a
compatibilidade é muito maior do que de um pó de borracha de outra formulação, ou seja, vendida no
mercado.
Com essa visão objetiva-se a produtividade com responsabilidade ambiental, ou seja, todo o
passivo ambiental gerado na fabricação de artefatos de borracha será utilizado em formulação de
borracha, após micronização, como carga de enchimento ou aditivo para eliminar bolhas na
vulcanização.
A Vantagem Econômica e Vantagem Ambiental podem ser mensuradas e mais, comparadas.
A empresa em estudo teve seu nome preservado por confidencialidade, mas tem 360
funcionários e é fabricante de Artefatos de Borracha em São Paulo a mais de meio século e a figura 2
apresenta seus processos. Tem uma área fabril com cinco unidades distintas que produzem produtos
diferentes em borracha. Uma das cinco unidades produz os compostos para as demais e clientes
externos e é chamada de Unidade de Composto (Mistura) e chamou-se as demais de A, B, C e D.
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FIGURA 2 – Fluxo produtivo antes da implementação. Fonte: Os autores.
Processo antes da intervenção realizada, tinha-se o seguinte processo apresentado na figura 3.
FIGURA 3 - Fluxograma do processo antes da intervenção. Fonte: Os autores.
O refugo pode ocorrer em diversos pontos do processo e no cliente, mas o problema não esta
aonde ocorre, mas depois, o que se faz com o mesmo. Antes o refugo era levado para um lixão na
cidade, sem qualquer preocupação. Com a implantação da reciclagem em ciclo fechado, o processo foi
alterado para uma nova configuração, que não envia mais nada ao lixo de passivo de borracha, pois em
um ciclo fechado reciclou todo este passivo, diminuindo o gasto com descarte e compra de pó de
borracha, uma matéria prima utilizada em várias formulações.
Esta configuração instalada já foi implantada em outras empresas mas num nível bem menor,
portanto, é viável replicar em diversos níveis de empresa estas melhorias e a natureza agradece.
4.1 Processos de micronização
Os refugos de borracha internos ou não são inspecionados e, se necessários, limpos (retirada
de terra, matéria estranha, etc.). Em seguida são colocados em uma máquina para serem granulados,
que é a trituração de forma a ficar com tamanhos de partícula em torno de 6 a 8 mm. Após este
processo, os granulados serão colocados em uma máquina micronizadora, que irá passar os grânulos
para 30 mesh. Nestas condições isentos de umidade e matéria estranha, estão prontos para serem
utilizados como matéria prima em compostos de borracha.
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OBS.: Os pós comprados no mercado geralmente tem granolumetria de 40 mesh, inferiores
aos de 30 mesh produzidos.
4.2 Metodologias para o estudo de caso.
A metodologia selecionada para avaliar o resultado da implementação da reciclagem de
borracha na empresa consiste em avaliar as vantagens econômicas, os resultados técnicos e Intensidade
de Material. A seguir uma breve descrição desta última ferramenta.
4.3 Intensidades de Material
No presente trabalho só os benefícios específicos em economia de material (borracha)
decorrentes da intervenção P+L são avaliados. Os valores de MIF usados estão na Tabela 1.
TABELA 1 - Fatores de Intensidade de Material usados no presente trabalho
Fatores de Intensidade de Material
Material
Abiótico
Material
Biótico
Água Ar
Borracha
(SBR)*
5,70 146,00 1.650
Fonte: Wuppertal Institute, 2008.
5. Resultados e discussões
5.1 Vantagens econômicas e comerciais e cálculo da intensidade de material na reciclagem do
passivo de borracha.
A Tabela 2 mostra que a adoção de reciclagem da borracha resulta em ganho econômico de
R$ 31.775,00 com retorno de investimento em 17 meses.
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Tabela 2 – Retorno do investimento da implantação da reciclagem da borracha
Produção total mensal das cinco unidades (Kg) 580.000
Capacidade de Reciclagem/mês 55 toneladas
Funcionários 4 (dois turnos)
Preço produzir/Kg (R$) 0,55
Preço produzir 52 toneladas (R$) 28.600,00
Preço do pó em Kg no mercado (R$) 1,05
Preço consumir 52 toneladas do mercado (R$) 54600
Consumo mensal de pó 52 toneladas
Preço por caçamba retirada (R$) 175,00
Média de caçambas mês 33
Custo mensal com caçamba (R$) 5.775,00
Custo mensal utilizando o pó do mercado (R$) 60.375,00
Custo mensal produzindo o pó - reciclagem (R$) 28.600,00
Ganho mensal produzindo o pó (R$) 31.775,00
Setor de reciclagem - Equipamentos/custo
Cilindro 1500 x 500 mm (R$) * (estimado) 180.000,00
Moinho quebrador 1100 x 800 (R$) 220.000,00
Peneira vibratória para 30 mash (R$) 85.000,00
Transportadores e outros (R$) 30.000,00
515.000,00
* este cilindro foi remanejado de outro setor
Retorno do investimento em meses 17
Quanto a vantagem comercial, no momento estão sendo implantadas as seguintes condições:
colocar na negociação de um novo pedido com o cliente, que o seu passivo de borracha, desde que seja
entregue na fábrica será dada uma destinação ecologicamente correta (dar certificado). Uma certeza
será o aumento nas vendas. Com o pó mais fino, sua aparência melhorou, ficou mais liso.
5.2 Viabilidades técnica da colocação do pó de borracha no composto de borracha.
A compatibilidade é muito maior com o pó oriundo da mesma formulação. A empresa para
produzir os 580.000 Kg/mês, utiliza 52.000 Kg de pó de borracha como matéria prima, que é
comprado do mercado. Como a compatibilidade do pó produzido com o próprio refugo é muito maior
que os produzidos no mercado, as propriedades ficarão melhores. Tecnicamente é melhor utilizar pó de
borracha oriunda do mesmo composto em produção.
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5.3 Resultados ambientais: intensidade de materiais
Observa-se que as quantidades economizadas de borracha levam a uma expressiva economia
de material em escala global (Tabelas 3), e os cálculos tiveram como base 35.840 Kg, que representa o
que retornou e deixou de ser comprado.
TABELA 3 – Material economizado com a reciclagem
Fatores de Intensidade de Material
Material
Abiótico
Material
Biótico
Água Ar
Borracha
(SBR)*
296.400 7.592.000 85.800.000
Fonte: Os autores.
Um reaproveitamento de 52.000 Kg de borracha corresponde a 296400 Kg de material no
nível abiótico, a 7.592.000 Kg na água e 85.800.000 Kg no ar.
Os benefícios financeiros ao mês pelo aproveitamento de 52.000 Kg de borracha são de
R$31.775,00, o que da uma razão de 1,64Kg/R$.
Quando se considera a escala global, por cada real, há um benefício de 93.688.400 Kg de
material que não é modificado nem retirado dos ecossistemas e quando se verifica um ganho
financeiro de R$31.775,00 tem-se uma razão de 2.948,5 material/R$.
O retorno do refugo do cliente ainda é pequeno, mas com o avanço do programa ele tende a
aumentar e além de aumentar a reciclagem, diminuirá o descarte do passivo de borracha em lugares
inapropriados.
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5.4 Fluxogramas do processo após intervenção:
O passivo gerado durante o processo produtivo é enviado ao setor de reciclagem, que recebe o
passivo do cliente, para micronizar, ou seja, deixar na granolumetria especificada e enviar ao
almoxarifado para ser utilizado como matéria prima, conforme figura 4.
Figura 4. Fluxo produtivo atual. Fonte: Os autores.
6. Conclusões
Somente a conscientização, aliada as normas internacionais e leis protetoras e reais, onde o
ganho e a natureza possam andar paralelamente, ou seja, com o uso consciente dos recursos praticando
a sustentabilidade sem prejuízo. A preocupação com o meio ambiente transcende o indivíduo indo das
comunidades as empresas e vice versa, por isso a sua prática deve ser sistêmica e contínua. Na
produção a gestão ambiental deve estar presente em todo o ciclo da produção. Um dos gatilhos dessa
conscientização se dá nas empresas, dessa forma, os funcionários de chão-de-fábrica ambientalmente
educados se aliam para a melhoria das condições de vida do planeta. Uma das formas de manter o
meio ambiente saudável para as gerações futuras é através da educação ambiental nas empresas que
implementam conceitos e consequentemente disseminam o conhecimento e conscientização ambiental
para todos os colaboradores.
Quando comparamos a razão do ganho financeiro e ambiental verificamos primeiramente, que
não há perda, não há prejuízo, de uma forma geral, todos ganham, mas o meio ambiente muito mais.
Porque não praticar a produção mais limpa com sustentabilidade se não há perda por parte da empresa?
Quando comparamos os ganhos, não há dúvida de que houve ganho financeiro, mas o ganho ambiental
foi muito maior e justifica qualquer medida neste sentido:
TABELA 3 – Resumo dos ganhos obtidos ano.
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Ganho Financeiro Ganho Ambiental Reaproveitamento -Kg
R$ 31.775,00 93.688.400 52.000
Razão material/R$ 1,64 2.948,5
Fonte: Os autores.
O ganho ambiental é muito grande, por sí só já justificaria o seu uso, imagina tendo ganho
financeiro, é quase uma obrigação praticar a sustentabilidade.
As empresas devem se estruturar de maneira a buscar adequações em seus processos, com o
objetivo de identificar os produtos existentes que poderiam ser melhorados, e as fases do ciclo de
produção que poderiam se adequar a critérios ambientalmente aceitáveis.
Há muito que se fazer na prevenção da degradação do ecossistema, reconhecer esta
necessidade já nos parece um grande avanço no contexto econômico financeiro.
Os benefícios ambientais podem ser avaliados quantitativamente usando uma metodologia
adequada. Isto permite acompanhar o desempenho da empresa quando é efetuada uma intervenção de
P+L. É possível obter informações em escala global confrontando aspectos ambientais e financeiros.
Se ganhamos na avaliação quantitativa, muito mais ganhamos na qualitativa com verdadeiramente
mais qualidade de vida. Claro que a avaliação qualitativa é muito mais representativa no ponto de vista
ambiental pois demonstra o quanto tivemos de ganho real para o meio ambiente e isso faz com que o
limite de nossos recursos se mantenha em níveis controláveis e nosso planeta um lugar cada vez
melhor para morar.
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REFERÊNCIAS
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