Caderno C: Wicked - As Bruxas estão entre nós, Finalmente

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Crítica sobre a versão brasileira do famoso musical

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Fábio TrindadeDA AGÊNCIA ANHANGUERA

fabio.silveira@rac.com.br

Os fãs de teatro musicaltinham um sonho: verWicked, o maior blockbusterem cartaz na Broadway,montado no Brasil. A vontadeé antiga, com diversasdiscussões sobre essapossibilidade em sitesespecializados há anos. Atéfóruns debatendo possíveiselencos circulavam pelainternet. E mesmo osprincipais atores de musicalfaziam questão de falar quealmejavam, um dia, fazerparte da versão nacionaldesta produção que já foivista por mais de 48 milhõesde pessoas em 12 países.

O fato é que Mary Poppinsera o nome mais cotado parasubstituir Mudança deHábito no Teatro Renault, emSão Paulo, mas para surpresade todos, a Time For Funmandou a produção daDisney para o limbo e osonho agora é real: Wickedchegou ao Brasil. A estreiaaconteceu na semanapassada e o Caderno C estavalá, pronto para ver se os anosde espera valeram a pena.

Sim, este que vos escreve éum dos fãs que ansiava porsua vinda, tendo visto aprodução pela primeira vezem 2010, em Nova York. Naépoca, mal sabia do que setratava, apenas que erapreciso, obviamente,conhecer o clássico filme OMágico de Oz (1939). Afinal,as histórias são entrelaçadase, sem lembrar detalhes dofilme, muitas piadas seriam(são) perdidas.

É importante dizer issoporque Wicked, ao contráriodo que acontece com outrosmusicais, é uma históriapouco conhecida no Brasil.Quem não viu o espetáculofora do País provavelmentenão sabe do que se trata ouda existência de ummovimento à espera daprodução. Mas, acredite:conhecendo ou não, é

impossível não se encantarcom esse musical. E é por issoque a produção é a maioraposta do ramo em 2016,mesmo ainda não fazendoparte da cultura brasileira.

Portanto, quem deve ser opúblico de Wicked? Aresposta não é tãocomplicada assim: qualquerpessoa que aprecie umaexcelente história, que gostede comédia inteligente, quese encante com músicascontagiantes, que se deixelevar por produções mágicase que não tenha medo de rir ese emocionar dentro de umteatro.

Um refresco no mundodos musicais, um enredoatual e nada apelativo, comcomédia ora simples oraácida, intercalada por belaslições de vida e cançõesescritas pelo vencedor de trêsOscars e três GrammysStephen Schwartz. Fala depreconceito, bullying,segregação, respeito. Enfim,trata do comportamentohumano e suas mudanças.Literalmente um espetáculo.

A históriaWicked mostra como era Ozmuito antes de Dorothy e ocãozinho Totó aterrissarempor lá, graças a um violentotornado. Passa pelosbastidores da visita da meninado Kansas e vai até o famosodesfecho do filme O Mágico deOz. Mas tudo narrado poroutro ângulo, claro.

A maior parte da peça sepassa em uma época em quea terrível Bruxa Má do Oestenem era tão malvada assim, esofria para ser aceita dentro efora de casa só por ternascido com a pele verde. Opai a destrata e ela se culpapela irmã tem nascido comdeficiência e a mãe morridologo depois. Seu nome, aqui,é Elphaba (papel de MyraRuiz) e ela, além de conteruma mágica muito poderosadentro de si, tem um enormecoração.

Do outro lado, temosGalinda (ou Glinda,

interpretada por Fabi Bang),a Bruxa Boa, linda e loira. Oque ninguém sabe é que, aprincípio, ela era apenas umadestrambelhada meninamimada e rica que se gabavapor ser a mais popular poronde passasse.

As duas então seencontram na faculdade,sendo obrigadas a dividir omesmo quarto. A partir daí,uma amizade inusitadacomeça a nascer e juntas elasprecisam enfrentar umgoverno autoritário e umterrível mal que assombra oreino, recorrendo até mesmoao Mágico de Oz (SérgioRufino, muito confortável nopapel) na Cidade dasEsmeraldas.

No meio disso tudo, elasainda se apaixonam pelomesmo rapaz, Fiyero (papeldividido por Jonatas Faro eAndré Loddi, o único pontoque ainda precisa ser

trabalhado na peça). E ele,acostumado também a ser ocentro das atenções, ficadividido entre o que seria oideal para ele e o que elerealmente quer.

Versão NacionalAssim como qualquermusical importado para oBrasil (quando ele vempraticamente pronto, comprodução inclusive da equipeinternacional), a maiorpreocupação dos fãs é aversão em português dasmúsicas. Afinal, a chance deuma letra se tornar, digamos,brega é gigante, visto já teracontecido em váriasocasiões (Cats é um exemplodisso). Ainda mais quando ascanções são cheias detrocadilhos em inglês, dandotodo o sentido ao musical.

O próprio nome, a palavraWicked, que significa“malvada” e vem de Wicked

Witch of the West (Bruxa Mádo Oeste), é cantada eminúmeras músicas, mas nãotem a mesma sonoridade emportuguês. Ficou entãoapenas “bruxa” e caiu muitobem. Esse bom resultadopode ser visto empraticamente todas as outrascanções, que ganharam umtoque refinado e certeiro emnosso idioma. Loathing, quesignifica aversão,repugnância, virou “ódio”por aqui e, mais uma vez,caiu como uma luva. Aqualidade das versões ficoumuito além do esperado.

O imenso palco do TeatroRenault é o maior de todas asmontagens de Wicked pelomundo e, exatamente porisso, trata-se da maiorprodução. Ou seja, mesmo sevocê viu lá fora, ainda não viunada igual ao que está aqui.

Mas o trunfo mesmo deWicked está na escolha doelenco. Elphaba e Glinda sãopersonagens dificílimos,desafiadores tanto eminterpretação quantovocalmente. E Myra Ruiz eFabi Bang nasceram para ospapéis. Ambas revelaram serfãs do musical há anos, etiveram que passar por seteaudições até conseguir aaprovação.

A paixão com que Myra fazo número Desafiar aGravidade (Defying Gravity),auge de Elphaba, éestarrecedora, e Popular,protagonizado por Fabi,arranca aplausos em diversosmomentos do número, de tãobem feito e engraçado.Quando as duas estão juntasentão, como em Tudo Mudou(For Good), é difícil controlara emoção. Arrisco dizer quenossa montagem está melhorque a encenada na Broadway.

SurpresaApesar do apelo do público,todos sabiam que seria difícilWicked vir ao Brasil poralguns motivos. Além de serum musical gigantesco, comprodução e orçamentorealmente pomposos,

normalmente, como dito, asprodutoras escolhemhistórias já bastanteconhecidas dos brasileirospara montar por aqui. Afinal,os altos custos exigem teatrosenormes e sempre lotados.Não há espaço para dúvidas efracassos.

Wicked nasceu naBroadway para mostrar a“história não contada dasbruxas de Oz”, inspirado noromance homônimo deGregory Maguire de 1995,ainda pouco conhecido poraqui. O máximo que existeglobalmente são planos paraum filme, confirmados peloprodutor Marc Platt no anopassado, mas sem data deestreia.

Ou seja, quem seria opúblico de Wicked alémdaqueles que já conhecem aprodução fora do Brasil?Talvez as pessoas quenormalmente vão ao teatroporque gostam de musicais,independentemente do queestiver em cartaz, ou aquelasque ficarem curiosas com oenredo, instigadas pelos quejá são fãs. Mas apenas issoseria suficiente? Demorou,mas a Time For Funacreditou que sim.

A empresa surpreendeuaté mesmo profissionaisligados às produções doTeatro Renault com oanúncio, visto que a T4F játinha anunciado ter osdireitos e planos de montarMary Poppins. Informou,entretanto, que adiou a ideiapor um tempo para nãoemendar dois musicais daDisney (depois do fim de ORei Leão em 2014) e, comisso, montou o excelenteMudança de Hábito, no anopassado.

Trazer Wicked é umaaposta na qualidade datrama, mais do que no apeloda história. Não que MaryPoppins seja ruim. Aocontrário, é um musicalbelíssimo, que vai agradarcrianças e adultos. Quandoaportar por aqui, tambémserá muito bem-vindo.

Pé naestrada

As BRUXAS estãoentre nós, finalmente!

WICKED, o maior blockbuster da BROADWAY, acaba de de-sembarcar no BRASIL. O musical, em cartaz no TEATRORENAULT, em São Paulo, é uma MEGAPRODUÇÃOque não deixa nada a desejar à montagem NOVAIORQUINA

� O quê: Musical Wicked� Quando: Até 31/07, quinta e sexta às 21h, sábado às 16h e 21he domingo às 15h e 20h� Onde: Teatro Renault (Av. Brig. Luís Antônio, 411, Bela Vista,São Paulo, fone: 4003-5588)� Quanto: De R$ 50 a R$ 280

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