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Capítulo 1Canto do Cisne 1
Capítulo 2Patinho Feio 11
Capítulo 3 Colegas Reais 17
Capítulo 4 Paixoneta Encantada 27
Capítulo 5 A Sala dos Caldeirões 34
Capítulo 6 Chamada Rebelde 44
Índice
Capítulo 7 O Dilema da Duchess 56
Capítulo 8 Enredos Reais 65
Capítulo 9 Mensagem da Madame 76
Capítulo 10 Segredos da Swan 83
Capítulo 11 A Decisão da Duchess 94
Capítulo 12 Práticas de Princesa 106
Capítulo 13 Corrida de Cavalos 113
Capítulo 14 A Casa de Hood 122
Capítulo 15 Doce Sabotagem 131
Capítulo 16 Banquete de Pó de Fada 145
Capítulo 17 Uma Casa de Cartas 155
Capítulo 18 Corações Partidos 164
Capítulo 19 O Quarto da Raven 171
Capítulo 20 Rebelde Revelada 176
Capítulo 21 A Astúcia da Raven 188
Capítulo 22 Prova a Cavalo 196
Capítulo 23 O Fim
É Apenas o Início 206
Nascer uma princesa de contos de fadas é, efeti‑
vamente, uma bênção. Porém, não é a vida de preguiça
e despreocupação que muitos imaginam. Há imensas
decisões importantes que uma princesa tem de tomar,
diariamente.
Por exemplo, como há de ser acordada de manhã?
Deverá optar por um despertador encantado que cante
e dance pelo seu quarto? Talvez os seus pais possam
contratar fadas para, suavemente, polvilharem as suas
bochechas com pó de despertar. Talvez prefira ter um
1
Capítulo
1 Canto
do Cisne
mordomo troll a tocar no seu gongo a música de sucesso
do momento.
A Duchess Swan, uma vaidosa e verdadeira prin‑
cesa de contos de fadas, não escolheu nenhuma dessas
opções. Em vez disso, gostava de ser acordada pelo seu
som favorito, em todo o mundo.
Honk! Honk!
— Não me digas que já é manhã, outra vez — resmun‑
gou uma voz.
A Duchess abriu os olhos. Enquanto o grasnar veio
do grande ninho junto à sua cama, o queixume veio
do outro lado do quarto. Para seu grande desconten‑
tamento, a Duchess não dormia sozinha. Aquele era
o dormitório feminino numa escola muito especial cha‑
mada Ever After High, e a sua companheira de quarto
era a Lizzie Hearts, filha da famosa malévola Rainha de
Copas. A Lizzie não era uma pessoa madrugadora. Por
isso mesmo, não tinha despertador.
Honk! Honk!
— Pelo amor ao País das Maravilhas! — exclamou
a Lizzie, com a voz parcialmente abafada pela almofada.
— Cortem a cabeça ao pato!
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— Pato?! — questionou a Duchess, franzindo a sobran‑
celha. — A sério?
— Sim! Pato barulhento — protestou a Lizzie.
— A Pirouette não é um pato — disse a Duchess, sen‑
tada na cama. — A Pirouette é um cisne‑trombeteiro.
— Pata, cisne, gansa… é barulhenta — protestou
a Lizzie, enfiando‑se debaixo dos cobertores.
— Claro que é barulhenta. É um cisne‑trombeteiro
e não um cisne‑flautista — contrapôs a Duchess.
Honk! Honk!
A Duchess acenou para que a Pirouette percebesse
que ela a tinha ouvido. Depois, puxou para trás o seu
cobertor de seda e pousou os pés descalços no chão de
pedra. Era o primeiro dia deste ano letivo e ela estava
ansiosa pelo começo das aulas. Porquê? Porque cada
aula era uma oportunidade de ter excelentes notas.
Como membro da Realeza, a Duchess levava as suas
obrigações de princesa muito a sério. Uma dessas obri‑
gações era ser a melhor aluna.
Mas havia outro motivo, um pouco menos nobre,
a borbulhar por debaixo dessa perfeição. A Duchess
Swan estava consciente de que as notas eram algo que
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ela conseguia controlar, o que não acontecia com o seu
infeliz destino.
Uma brisa de ar quente saiu dos aquecedores, enros‑
cando‑se nela como um abraço. Ela apontou para os
dedos dos pés, depois fletiu os joelhos e esticou os mús‑
culos. Era importante manter os seus pés flexíveis, já
que era bailarina e eles eram o seu instrumento de tra‑
balho.
Honk! Honk!
— OK! Aguenta as penas — disse a Duchess, vestindo
o robe e, em seguida, abrindo a janela.
Uma lufada de ar fresco da manhã soprou levemente
sobre o seu rosto. A Pirouette voou para o exterior,
sobre o prado verdejante. Um cisne também precisa de
se esticar.
Precisamente quando a Duchess acabou de atar
o cinto do robe, a porta do quarto abriu‑se. Foi inva‑
dido por duas princesas.
— Nunca ouviram falar em bater à porta? — pergun‑
tou a Duchess.
— Podemos falar? — disse uma das princesas, mais pre‑
cisamente a Ashlynn Ella, filha da humilde Cinderela.
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— É sobre o teu despertador — explicou, bocejando
sonoramente.
— Sim, é sobre o teu ganso despertador — comple‑
tou, também bocejando, a outra princesa, de seu nome
Apple White, filha da bela Branca de Neve.
— Ela não é um ganso — contrariou a Duchess, abor‑
recida com o tom das princesas. — Ela é um cisne.
— Oh! Pois claro. Desculpa — disse a Apple.
As duas princesas, tendo acabado de sair da cama,
estavam incrivelmente perfeitas. Nada de cabelo desgre‑
nhado, olhos inchados, remelas nas pestanas. A Apple
é conhecida como A Mais Bela de Todas, e a Ashlynn
não podia ser mais adorável, mesmo que tentasse.
— Eu e a Apple estamos de acordo, tal como as outras
princesas, que o som do grasnar que vem do teu quarto
todas as manhãs começa a ser uma Real dor de cabeça.
— Real dor?! — questionou a Duchess, voltando
o rosto, por um instante, para que não vissem como
ficara magoada.
— Posso emprestar‑te, com todo o gosto, algumas das
melodias dos meus pássaros — disse a Ashlynn, asso‑
biando em seguida.
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Três pequenos pássaros entraram no quarto a voar
e pousaram no seu dedo esticado.
— É uma forma tão alegre de acordar — rematou
a Ashlynn.
— Pássaros despertadores nem sempre são de fiar —
disse a Apple. — Eu tenho todo o gosto em pedir aos
meus anões que façam uma chamada matinal de des‑
pertar para o teu espelhomóvel.
— Não preciso dos vossos pássaros ou anões — res‑
pondeu‑lhes a Duchess, um tanto aborrecida.
Certo! Na verdade, ela estava um pouco mais do que
um tanto aborrecida. Aquelas miúdas comportam‑se sem‑
pre como se fossem melhores. Elas realmente eriçam‑lhe
as penas!
A Ashlynn, a Apple e a Lizzie têm descendência
real — filhas de sangue de reis e rainhas de contos de
fadas. Ser membro da Realeza em Ever After High sig‑
nifica fazer parte do grupo mais popular e privilegiado.
A Duchess também é da Realeza, mas ela é diferente.
A maior parte dos membros da Realeza está destinado
a casar com outros membros da Realeza e governar
reinos, vivendo as suas vidas com conforto, saúde
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e fortuna. Por outras palavras, um grande e gordo Final
Feliz espera a maioria deles.
Mas a Duchess não terá esse futuro, nem sequer tem
futuro como bailarina. O seu destino, enquanto filha da
Rainha dos Cisnes, é transformar‑se num cisne e viver
os seus dias como palmípede de penas.
Será possível fazer um gracioso grand jeté com os
dedos dos pés unidos por uma membrana?
Para piorar, na sua história não há um Final Feliz com
um príncipe encantado.
No entanto, apesar de o seu futuro não lhe parecer
justo, ela decidiu aceitar as circunstâncias. É seu dever
manter a sua história viva, cumprindo o seu destino.
Ela esforça‑se nos estudos e na dança. Faz os possíveis
para manter a família orgulhosa de si. Mas enlouque‑
ce‑a saber que aquelas raparigas não têm mais nada com
que se preocupar a não ser o facto de serem acordadas
com um grasnar. Como ela costuma dizer: «Diz‑me com
quem andas, dir‑te‑ei quem és!»
— Ordeno que esta conversa termine. Agora! — decla‑
rou a Lizzie, tirando a cabeça de debaixo dos cobertores
e olhando fixamente para as intrusas.
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— A mim parece‑me bem… — disse a Duchess, com
um sorriso forçado — apesar de estar a adorar esta con‑
versinha. Mas é tempo de nos vestirmos para ir às aulas.
E tu sabes o que acontece quando nos atrasamos —
acrescentou, olhando diretamente para a Ashlynn.
— Oh! Obrigada por me lembrares — disse a Ashlynn,
com os olhos esbugalhados de preocupação.
Se ela tivesse demorado mais um pouco, as suas
roupas ter‑se‑iam transformado em trapos. Apressada,
pegou na bainha da sua camisa de dormir e saiu porta
fora, seguida pelos seus passarinhos cantantes.
— Bom, é melhor eu também ir. Já ouço o meu espe‑
lho a chamar‑me. Encantamo‑nos mais tarde! — exclamou
a Apple.
O sorriso da Duchess desvaneceu‑se no momento em
que as princesas saíram.
— Que alívio — murmurou entre dentes.
— Se a minha mãe estivesse aqui, ordenaria que lhes
cortassem as cabeças — disse a Lizzie, enfiando‑se nova‑
mente debaixo dos cobertores.
Apenas quando a Duchess fechou a porta do quarto,
a Pirouette regressou, entrando pela janela. Pousou
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sobre os pés da Duchess e, depois, torceu o seu bico num
sorriso. A Duchess ajoelhou‑se e deu‑lhe um abraço.
O delicioso aroma do vento vinha preso às penas bran‑
cas da Pirouette.
— Sortuda! — exclamou a Duchess. — Tu não tens de
aturar aquelas princesas convencidas.
Em seguida, encheu uma taça com croquetes para
cisne — uma mistura de cereais — e colocou‑a no chão.
Esta era a altura mais calma do dia para a Duchess, antes
da agitação das aulas e outras atividades, e enquanto
a Lizzie ressonava pacificamente! E a Duchess tem por
hábito começar o dia a escrever no seu diário.
Senta‑se à secretária e abre a gaveta de cima. Não há
necessidade de esconder o seu livro dourado pois ele
está encantado com um feitiço de segurança. Ela pres‑
siona os dedos contra a capa. Ouve‑se um som. Apenas
ali, ela partilha os seus verdadeiros sentimentos — os
seus segredos mais sombrios. Depois de folhear até uma
página em branco, ela molha a sua pena no frasco de
tinta e começa a escrever. Mas um pensamento preen‑
che a sua mente. Um pensamento que parece nunca
desaparecer. E, por isso, escreve:
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Depois, a Duchess Swan olha para a janela e suspira.
Ser uma princesa perfeita significa que tem de aceitar
o seu destino, ainda que esse destino esteja coberto de
penas.
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Quem me dera ter um Final Feliz como a Ashlynn e a Apple.
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