View
5
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
HELEN MICHELLE DE JESUS AFFE
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA COM ÊNFASE NAS MICROALGAS POTENCIALMENTE
TÓXICAS EM ÁREAS DE CULTIVO DE OSTRAS NA BAÍA DE CAMAMU, BAHIA
ILHÉUS – BAHIA
2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – DCB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS TROPICAIS - SAT
HELEN MICHELLE DE JESUS AFFE
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA COM ÊNFASE NAS MICROALGAS POTENCIALMENTE
TÓXICAS EM ÁREAS DE CULTIVO DE OSTRAS NA BAÍA DE CAMAMU, BAHIA
ILHÉUS – BAHIA
2012
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais (SAT), Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz, para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Dra. Sylvia Maria Moreira Susini Ribeiro
A256 Affe, Helen Michele de Jesus. Caracterização da comunidade fitoplanctônica com ênfase nas microalgas potencialmente tóxicas em áreas de cultivo de ostras na baía de Camamu, Bahia / Helen Michele de Jesus Affe. – Ilhéus, BA: UESC, 2012. 83f. : Il. Orientadora: Sylvia Maria Moreira Susini Ribeiro. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais Inclui bibliografia e apêndice.
1. Fitoplâncton marinho. 2. Ostra - Criação. 3. Estuários. 4. Monitorização biológica. I. Título. CDD 577.76
HELEN MICHELLE DE JESUS AFFE
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA COM ÊNFASE NAS MICROALGAS POTENCIALMENTE
TÓXICAS EM ÁREAS DE CULTIVO DE OSTRAS NA BAÍA DE CAMAMU, BAHIA
Ilhéus-Bahia, 26/03/2012
_________________________________________________________________
Drª Gleyci Aparecida Oliveira Moser Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
_____________________________________________________________________ Drª Daniela Mariano Lopes da Silva
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
____________________________________________________________________ Drª Sylvia Maria Moreira Susini Ribeiro – (Orientadora)
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
DedicatóriaDedicatóriaDedicatóriaDedicatória Ao meu querido Mané (Ao meu querido Mané (Ao meu querido Mané (Ao meu querido Mané (in memorianin memorianin memorianin memorian))))
...Como eu gostaria que você estivesse aqui!
AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos
Ao meu Deus...Ao meu Deus...Ao meu Deus...Ao meu Deus... Que na solidão sempre me dá amparo, na angustia sempre me proporciona o devido bom senso e no desespero nunca me deixa perder a fé.
Aos maiores amores da minha vida...Aos maiores amores da minha vida...Aos maiores amores da minha vida...Aos maiores amores da minha vida...
Minha mãe, meu pai, avó e irmãs que sempre sonham junto comigo. Diogo que nunca me deixa faltar colo, carinho, proteção, aconchego.
Aos amigos que a UESC me deu...Aos amigos que a UESC me deu...Aos amigos que a UESC me deu...Aos amigos que a UESC me deu...
Primeiramente à Sylvia, por ter me aberto as portas do mundo marinho aceitando me orientar, mesmo sabendo que eu pouco conhecia dessa área. Sou muita grata pela oportunidade e pelo profissionalismo. Aos colegas de turma que ajudaram a tornar os momentos de cansaço e desânimo mais leves: À Ramone agradeço pela atenção, os bons papos, o cuidado; À Leni agradeço os momentos de diversão, a parceria para as baladas; À Laís agradeço pela companhia nos almoços no período que fiquei “internada” no laboratório “contando bolinhas” e por toda a consultoria estatística. À Rosa agradeço pelo apoio, companheirismo, carinho, por estar sempre disposta a ajudar. À Luana agradeço por ouvir as reclamações e fazer companhia naquele longo período de “internação no laboratório”. À Nete agradeço pela torcida no dia a dia, a confiança. À Lucineide agradeço pela disponibilidade e por ter, muitas vezes, me feito rir dos meus próprios dramas! Agradeço aos queridos Guido, Ana, Josy e Bethe, sem os quais teria sido muito difícil dar conta das minhas coletas. Sem sombra de dúvidas a companhia de cada um, a prestatividade e todo o cuidado tornaram tudo mais fácil, mais divertido. Além de Laize e Flávio aos quais agradeço por também terem vivido os momentos mágicos do interminável período de aulas (rs!).
AAAA todos que todos que todos que todos que ajudaram a ajudaram a ajudaram a ajudaram a tornartornartornartornar esse trabalho possível...esse trabalho possível...esse trabalho possível...esse trabalho possível... Agradeço à professora Guisla por viabilizar as saídas de campo, por ter me recebido em sua equipe com tanto respeito. Agradeço especialmente pela confiança e pela disponibilidade em ouvir e aconselhar. À professora Daniela e a colega Thais agradeço pela parceria e pela realização das análises de nutrientes e clorofila. À professora Ana Shilling agradeço pela boa vontade em esclarecer as dúvidas estatísticas. À ONG ORDEM (Organização Pró-defesa e Estudo dos Manguezais da Bahia), na pessoa do seu presidente, o Sr. Elias Veloso pela disponibilização do alojamento e do barco para deslocamento nas coletas. Agradeço especialmente a Marivaldo que ao nos acompanhar nas saídas de campo tornava o trabalho mais divertido com suas histórias. Agradeço às comunidades da Ilha do Conduru, da Ilha Grande e da Ilha de Tanques, sempre tão simpáticos em nossas chegadas. À UESC e à FINEP pelo apoio financeiro do Projeto “Maricultura na Baía de Camamu (BA)” no qual este trabalho está inserido. À CAPES pela concessão da minha bolsa de pesquisa.
AAAAos amigos da vida inteira...os amigos da vida inteira...os amigos da vida inteira...os amigos da vida inteira... Agradeço a Neyva pelas orações. Á minha querida Lina agradeço pelas conversas, pelo carinho. À Fafá e Ritinha, agradeço pela companhia virtual no msn (nossos bate-papos diários foram válvulas de escape importantes para aliviar o estresse). Obrigada a todos que direta ou indiretamente torceram, apoiaram e por isso também acabaram fazendo parte de todo o processo...
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA COM ÊNFASE NAS MICROALGAS POTENCIALMENTE TÓXICAS EM ÁREAS DE CULTIVO DE
OSTRAS NA BAÍA DE CAMAMU, BAHIA
RESUMO
Os ambientes estuarinos são marcados por forte hidrodinamismo que, associado ao aporte de
nutrientes via fluvial, confere a estes ecossistemas altas taxas de produtividade e de atividades
biológicas. As microalgas, o primeiro elo da teia trófica estuarina, servem de alimento para os
demais níveis tróficos nestas regiões. A crescente demanda por recursos pesqueiros para
alimentação tem levado à implantação de atividades de cultivo de organismos marinhos em
baías e regiões costeiras. Na Baía de Camamu, foram implantadas três áreas de criação
experimental de ostras localizadas próximas à Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques.
O presente trabalho teve como objetivo o levantamento das microalgas presentes nestas três
áreas, com ênfase na investigação de espécies potencialmente tóxicas e/ou nocivas e suas
correlações com os fatores ambientais. Doze campanhas mensais foram realizadas no período de
abril/2010 a março/2011. Para estudo qualitativo do microfitoplâncton foram analisadas
amostras de superfície coletadas com rede de 20µm de malhagem e para o estudo quantitativo
do fitoplâncton, amostras de superfície e fundo coletadas com garrafas. As seguintes variáveis
foram consideradas: temperatura, salinidade, transparência da água, nutrientes dissolvidos e
clorofila-a, além da profundidade local da coluna de água. O fitoplâncton foi dominado pelo
nanoplâncton representado principalmente pelos flagelados, tanto em termos de densidade de
organismos como de biomassa de carbono. A assembléia microfitoplanctônica foi composta por
91 táxons (72 Bacillariophyceae; 14 Dinophyceae, 1 Dictyochophyceae e 4 Cianobactérias). A
maior riqueza de táxons foi observada na Ilha do Conduru (87) e a menor na Ilha de Tanques
(82). A diversidade variou de 3,67bits.ind-1 (maio) a 5,05bits.ind-1 (abril), valores típicos de
regiões costeiras com forte influência de águas oligotróficas. Não foi observada a presença de
espécies comprovadamente tóxicas. Algumas espécies potencialmente danosas (quando em
elevadas concentrações) foram observadas, mas sempre em baixas densidades. O refinamento
das pesquisas visando identificação das espécies fitoplanctônicas potencialmente tóxicas ou
danosas é recomendado, assim como a continuidade do monitoramento destas áreas.
Palavras-chave: Fitoplâncton, espécies tóxicas, espécies danosas, estuário, ostreicultura.
CHARACTERIZATION OF THE PHYTOPLANKTON COMMUNITY WITH EMPHASIS ON POTENTIALLY TOXIC MICROALGAE IN AREAS OF OYSTER
CULTURE IN THE CAMAMU BAY, BAHIA
ABSTRACT
The estuaries are marked by strong hydrodynamic that associated with nutrient supply via river
gives these high rates of productivity and biological activities. Microalgae, the first link in the
estuarine trophic web, provide food for other trophic levels in these regions. The growing
demand for fishery resources for food has led to the implantation of activities of cultivation of
marine organisms in bays and coastal regions. In Camamu bay were implanted three areas of
experimental of oysters culture located near the Conduru, Grande and Tanques islands. This
study aimed to survey the microalgae present in these three areas, with emphasis in potentially
toxic and/or harmful species and their correlation with environmental factors. Twelve monthly
campaigns were carried out from April 2010 to March 2011. For qualitative study of
microphytoplankton, surface samples collected with a net of 20µm mesh were analyzed and for
the quantitative study of phytoplankton, surface and bottom samples were collected in bottles.
The following parameters were analyzed: temperature, salinity, transparency of water, dissolved
nutrients and chlorophyll-a, in addition to the local depth of the water column. Phytoplankton
was dominated by nanoplankton represented mainly by flagellates, both in terms of density of
organisms and in biomass carbon. The microphytoplankton assemblage was composed of 91
taxa (72 Bacillariophyceae, 14 Dinophyceae, 1 Dictyochophyceae and 4 Cyanobacteria). The
largest taxa was observed in Conduru island (87) and lowest in Tanques island (82). The
diversity ranged from 3.67 bits.ind-1 (May) to 5.05 bits.ind-1 (April), typical values of coastal
regions with strong influence of oligotrophic waters. We did not observe the presence of species
proven toxic. Some species potentially harmful (when in high concentrations) were observed,
but always in low densities. Further research for identification of phytoplankton species
potentially toxic or harmful is recommended, as well as the continued monitoring of these areas.
Keywords: Phytoplankton, toxic species, harmful species, estuary, oyster farming.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa da área de estudo mostrando a localização dos pontos de coleta: Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques na Baía de Camamu, Bahia............................20 Figura 2 - Fotos dos três pontos de coleta: Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques na Baía de Camamu, Bahia...............................................................................21 Figura 3 - Gráfico da precipitação pluviométrica mensal para o município de Camamu, Bahia, registrados na estação pluviométrica da CPTEC/INPE de Camamu - BA, de abril de 2010 e março de 2011.................................................................................................27 Figura 4 - Gráfico da variação da profundidade (média) da coluna de água, registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................................................28 Figura 5 - Gráfico da variação da transparência (média) da coluna de água, registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................................................28 Figura 6 - Gráfico da variação da temperatura (média) da coluna de água registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.....................................................29 Figura 7 - Gráfico da variação da salinidade (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.........................................................................29 Figura 8 - Gráfico da variação das concentrações dos nutrientes (médias) registrados de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.....................................................30 Figura 9 - Distribuição dos pontos amostrais no plano fatorial 1-2 e no plano fatorial 1-3 da ACP dos dados ambientais dos três pontos de coleta na Baía de Camamu, Bahia................................................................................................................................33 Figura 10 - Gráfico da variação da clorofila-a (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.........................................................................34 Figura 11 - Gráfico da variação da densidade do fitoplâncton total (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................................................34 Figura 12 – Gráfico da variação da densidade do nanoplâncton (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.....................................................35 Figura 13 - Gráfico da variação da densidade dos grupos nanoplanctônicos (médias) registrados de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia..............................36 Figura 14 - Gráfico da variação da densidade microfitoplâncton e dos grupos microfitoplanctônicos (médias) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia...............................................................................................................39 Figura 15 - Gráfico da variação da biomassa em termos de carbono do fitoplâncton (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................41
Figura 16 - Gráfico da variação da biomassa em termos de carbono do nanoplâncton (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................42 Figura 17 - Gráfico da variação da biomassa em termos de carbono dos grupos nanoplanctônicos (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................................................................................................................................42 Figura 18 - Gráfico da variação da biomassa em termos de carbono do microfitoplâncton (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia................................................................................................................................44 Figura 19 - Gráfico da variação da biomassa em termos de carbono dos grupos microfitoplanctônicos (média) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia...............................................................................................................45 Figura 20 - Dendrograma mostrando o agrupamento das amostras em função da ocorrência das espécies do microfitoplâncton nos períodos seco e chuvoso de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.......................................................................51
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Coeficientes de correlação linear das variáveis ambientais com os primeiros três eixos da ACP............................................................................................................32 Tabela 2 - Lista de presença e ausência das espécies nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia..................................................................................................46 Tabela 3 - Riqueza (S), Diversidade de Shannon (H’ - bits.cél-1) e Equabilidade de Pielou (J’) da assembléia microfitoplanctônica nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia..................................................................................................49 Tabela 4 - Resultado do Teste t para a comparação das abundâncias médias da assembléia microfitoplanctônica na Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia..............................50 Tabela 5 - Resultado da análise do percentual de similaridade em função das espécies da assembléia microfitoplanctônica na Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia..............................52 Tabela 6 - Lista de espécies com as respectivas frequências de ocorrências e a classificação em termos de seu potencial tóxico e/ou nocivo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia...........................................................................................................53 Tabela 7 - Comparação entre as concentrações dos nutrientes dissolvidos registrados na Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia e em outros ambientes estuarinos.......................................57
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................14 2. OBJETIVOS..............................................................................................................18 3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de estudo..............................................................................................19 3.2 Coleta das amostras.....................................................................................22 3.3 Análise dos dados
3.3.1 Variáveis ambientais.....................................................................23 3.3.2. Fitoplâncton..................................................................................24
3.3.2.1 Assembléia microfitoplanctônica..................................25
4. RESULTADOS
4.1. Variáveis ambientais...................................................................................27
4.2. Fitoplâncton
4.2.1 Biomassa clorofiliana....................................................................33
4.2.2 Densidade do fitoplâncton............................................................34
4.2.3 Biomassa fitoplanctônica em termos de carbono.......................40
4.2.4 Assembléia microfitoplanctônica.................................................46
4.2.4.1 Espécies potencialmente danosas ou tóxicas................52
5. DISCUSSÃO
5.1 Variáveis ambientais........................................................................56
5.2 Fitoplâncton
5.2.1 Biomassa clorofiliana........................................................58
5.2.2 Densidade do fitoplâncton................................................59
5.2.3 Biomassa fitoplanctônica em termos de carbono...........61
5.2.4 Assembléia microfitoplanctônica.....................................63
5.2.5 Espécies potencialmente danosas.....................................64
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................68 7. REFERÊNCIAS.........................................................................................................69
APÊNDICES......................................................................................................81
15
1. INTRODUÇÃO
O fitoplâncton é um grupo extremamente diversificado, polifilético, que há cerca
de 3 milhões de anos oxigena a atmosfera terrestre (MARGALEF, 1978; REYNOLDS,
2006). Trata-se de uma comunidade de plantas microscópicas adaptadas à vida em
suspensão nos ecossistemas aquáticos, sujeita à movimentos passivos determinados por
ventos e correntes (REYNOLDS, 2006). No ambiente marinho o fitoplâncton é
constituído, de uma forma geral, por diatomáceas, dinoflagelados e cianobactérias
(unicelulares ou coloniais) fotossintetizantes que, em sua maioria, possuem clorofila-a
como principal pigmento fotossintético e outros pigmentos acessórios como ficobilinas
e carotenóides (SIEBURTH et al., 1991; LALLI; PARSONS, 1993; FALKOWSKI;
RAVEN, 2007).
As vias e eficiência da transferência de energia primária nas cadeias alimentares
aquáticas e a manutenção da biomassa dos níveis tróficos superiores são, direta ou
indiretamente, determinadas pela comunidade fitoplanctônica (CLOERN; DUFFORD,
2005), a qual constitui o primeiro elo da teia trófica estuarina (RAYMOND, 1980).
Estuários constituem corpos d’água costeiros semifechados, com conexão livre
com o mar aberto, no qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce
derivada da drenagem continental (PRITCHARD, 1967). São considerados como zonas
de transição ou ecótonos entre os ecossistemas marinhos e limnéticos (ODUM, 1988).
A dinâmica nos ambientes estuarinos é marcada pelo forte hidrodinamismo, em
consequência dos padrões de circulação e estratificação, além dos intensos processos de
mistura das águas de rios e oceano adjacentes que, associada ao aporte de nutrientes
fluviais, confere a estes ecossistemas elevadas biomassa autótrofa e heterótrofa, altas
taxas de atividades biológicas e de produtividade (ODUM, 1988; KJERFVE, 1990;
ATTRILL; RUNDLE, 2002; MIRANDA et al., 2002).
As taxas de produtividade primária dos organismos do fitoplâncton são
controladas, principalmente, pela intensidade de luz disponível nas camadas superficiais
e pela concentração de nutrientes nitrogenados, fosfatados e pelo silicato (GHOSAL et
al., 2000; RABALAIS, 2002) que, associados às variações sazonais e diárias dos
parâmetros físicos e químicos decorrentes dos fatores meteorológicos e hidrológicos no
ambiente, condicionam alterações na composição da comunidade fitoplanctônica que
são refletidas em toda a biota estuarina (BONEY, 1989).
16
Sob certas condições ambientais, tais como condições de luz, disponibilidade de
nutrientes e reduzida dispersão pela ação de ventos, determinadas espécies
fitoplanctônicas podem apresentar um aumento nas suas taxas de crescimento e de
densidades celulares, caracterizando uma floração de microalgas (bloom) (KARLSON
et al., 2010).
Florações naturais correspondem a um importante incremento na cadeia de
produção biológica, por representar um ganho significativo de biomassa na base da
cadeia alimentar e consequentemente, maior disponibilidade de alimentos para os elos
subsequentes da rede trófica (SMAYDA, 1997).
Entretanto, em condições específicas, uma gama de efeitos deletérios pode ser
decorrente de uma floração, os quais variam de acordo com a(s) espécie(s) de
microalga(s) envolvida(s), caracterizando os chamados Harmful Algal Blomms (HABs).
Há basicamente dois tipos de HABs, o primeiro envolve microalgas produtoras de
toxinas e o segundo, não tóxico, é formado, por exemplo, por espécies cuja estrutura
celular pode provocar danos mecânicos em outros organismos, ou são produtoras de
metabólitos que inibem o desenvolvimento de outras espécies, alterando a dinâmica da
cadeia alimentar (ANDERSON et al., 2002).
Um bloom pode acarretar riscos pelo acúmulo de sua biomassa, degradando
habitats de outros organismos ao promover o sombreamento da vegetação submersa, ou
afetando a co-ocorrência de outras espécies pela depleção de oxigênio, ao gerar
condições de anoxia na água pela sua própria decomposição ao final do ciclo
(ANDERSON et al., 2002). Determinadas espécies tornam-se potencialmente nocivas,
quando em grandes densidades no ambiente, podendo acarretar doenças e morte,
principalmente dos animais filtradores, por meio de sua própria estrutura celular
(espécies com cerdas ou valvas pontiagudas, por exemplo) provocando danos
mecânicos nos aparelhos de filtração, propiciando infecções por bactérias oportunistas.
Outras espécies potencialmente danosas podem ainda obstruir o sistema de filtração de
peixes e moluscos pela produção de polissacarídeos não solúveis que bloqueiam a
entrada de alimentos (HALLEGRAEFF et al., 1993; LEE, 1999; SCHMITT;
PROENÇA, 2000).
Em março de 2007, na Baía de Todos os Santos, um bloom danoso ocasionou a
mortandade de 50 toneladas de pescado após um evento de “maré vermelha” promovida
pelo dinoflagelado Gymnodinium sanguineum, espécie não tóxica, cuja alta densidade
17
provocou a redução do oxigênio livre na água, além de obstruir as brânquias dos peixes,
levando-os à morte por asfixia (ARGOLO; CARMEL, 2007; MACHADO, 2007).
Florações tóxicas são decorrentes da presença de espécies microalgais
produtoras de metabólitos deletérios denominados ficotoxinas, a exemplo de
diatomáceas, dinoflagelados, primnésiofíceas, rafidofíceas e cianobactérias
(HALLEGRAEFF et al., 1993, KARLSON et al., 2010).
A contaminação de animais filtradores tem representado riscos para a saúde
pública, além de perdas econômicas para as atividades de pesca e criação de moluscos,
por comprometer a qualidade do produto, uma vez que moluscos bivalves, por exemplo,
podem acumular toxinas algais, embora aparentemente não sejam afetados
fisiologicamente por estas (SHUMWAY, 1990; VALE, 2004).
As grandes preocupações de saúde pública em decorrência das chamadas
“síndromes pela ingestão de moluscos” (SOBEL; PAINTER, 2005) estão relacionadas a
quatro tipos de intoxicações investigados: envenenamento diarréico por moluscos (DSP.
- diarrhetic shellfish poisoning), envenenamento neurotóxico por moluscos (NSP. -
neurotoxic shellfish poisoning), envenenamento paralisante por moluscos (PSP. -
paralytic shellfish poisoning) e o envenenamento amnésico por moluscos (ASP. -
amnesic shellfish poisoning).
As intoxicações do tipo diarréico são provocadas, principalmente, pelo ácido
ocadaico (AO), produzido por determinadas espécies de dinoflagelados, e.g. Dinophysis
acuminata. D. fortii, D. norvegica, D. mitra. D. rotundata, D. tripos e Prorocentrum.
lima (LARSEN; MOESTRUP, 1989). O AO age interrompendo as transmissões
neuroquímicas e provoca comumente quadros de distúrbios intestinais (SHUMWAY,
1990).
Intoxicações neurotóxicas (NSP.) têm sido relacionadas ao dinoflagelado
Ptychodiscus brevis (HALLEGRAEFF et al., 1993), produtor de toxinas hemolíticas e
neurotoxinas. Quando ocorrem florações desta espécie verificam-se grandes
mortalidades de peixes e complicações respiratórias nas populações ribeirinhas devido a
inalação do aerossol marinho, com efeitos irritantes na mucosa (BARBIERI, 2009).
As intoxicações do tipo PSP são causadas pelas toxinas paralisantes
(neurotoxina, mitilotoxina ou saxitoxina) produzidas por certos gêneros de
dinoflagelados, e.g. Gonyaulax, Gimnodinium, Alexandrium e Pyrodinium (SCHANTZ,
1984; BARBIERI, 2009).
18
A principal substância responsável pelas intoxicações amnésicas (ASP) é o ácido
domóico (AD), sintetizado por algumas diatomáceas marinhas do gênero Pseudo-
nitzschia (SAR et al., 2002). As reações orgânicas vão desde náuseas e vômitos até
quadros de cefaléia e confusão mental. Em idosos já ocorreram casos de lesões
cerebrais, coma e morte (SHUMWAY, 1990).
Há ainda registros na literatura de mais dois tipos de intoxicações, por AZP
(Azaspiracid Poisoning), toxina produzida pela espécie Protoperidinium crassipes, com
registros apenas para a região da Irlanda (McMAHON; SILKE, 1996) e por VSP.
(Venerupine Shellfish Poisoning), intoxicação de grande preocupação de saúde pública
no Japão, sendo sintetizada pelo dinoflagelado Prorocentrum minimum (APHA, 1995).
Trabalhos realizados em alguns pontos da costa brasileira para levantamento
taxonômico e estudo de florações envolvendo espécies potencialmente tóxicas (SATÔ
et al., 1963; KUTNER;SASSI, 1979; ROSA; BUSELATO, 1981; GIANESELLA-
GALVÃO et al., 1995) registraram a ocorrência de blooms com potenciais nocivos no
litoral de Recife/PE nas décadas de 60 e 70, na costa de Tramandaí/RS em 1984 e em
Ubatuba/SP nos anos de 1984 e 1990. Mas, segundo Silva (2006), não foram
constatadas consequências danosas em nenhum dos referidos casos.
Ocorrências da espécie potencialmente tóxica, Gonyaulax catenatum/catenella,
produtora de PSP, foram registradas na região de Santa Catarina em 1998 (FERRARI,
2001). Em 2000, análises realizadas em amostras de mexilhões, no “Programa de
Monitoramento dos Níveis de Ficotoxinas na Enseada de Armação do Itapocoroy,
Penha/SC”, detectaram toxicidade indicativa da presença do ácido ocadáico, que podia
estar relacionada à ocorrência da espécie Dinophysis acuminata, identificada nas
amostras de rede da área (SCHMITT; PROENÇA, 2001).
Segundo Proença e Mafra (2005), em áreas de cultivo na região costeira do
Brasil, já foram registradas as toxinas microcistinas, ácido ocadáico, palitoxina,
saxitoxinas e congêneres (NeoSTX, GTX1-4, C1, C2) e ácido domóico, sintetizadas por
espécies como Microcystis aeruginosa, Dynophysis acuminata, Ostreopsis ovata,
Alexandrium tamarense, Gymnodinium catenatum e Pseudo-nitzschia sp.
O estudo da comunidade fitoplanctônica e das variáveis ambientais em áreas de
cultivo é fundamental para o conhecimento do funcionamento do sistema, possibilitando
o delineamento de um monitoramento que vise prevenir possíveis danos decorrentes de
florações nocivas, conforme previsto nas normas disciplinadoras da aquicultura.
19
2. OBJETIVO GERAL
Caracterizar a comunidade fitoplanctônica e as variáveis abióticas em áreas de
cultivo de ostras na Baía de Camamu – Bahia, com ênfase na investigação de espécies
potencialmente tóxicas.
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar as microalgas fitoplanctônicas, investigando a ocorrência de
espécies potencialmente tóxicas;
• Avaliar a variação espacial e temporal da comunidade fitoplanctônica
através do estudo de sua composição taxonômica, densidade, biomassa
de carbono e da diversidade específica do microfitoplâncton;
• Correlacionar as variações observadas na estrutura da comunidade
fitoplanctônica com as variáveis ambientais analisadas.
20
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de estudo
A Baía de Camamu (Fig. 1) localiza-se na costa central do Estado da Bahia,
região de clima quente e úmido, temperatura média anual de 25ºC, precipitação média
de 2.570mm/ano (SUDENE/ANA, 2005) e um período seco (março-julho) e outro
chuvoso (agosto-fevereiro) (C.E.I., 1994; ARAÚJO; RODRIGUES, 2000; AMORIM,
2005). As frentes frias que penetram pelo litoral, principalmente durante o outono e
inverno, associados aos ventos alísios de sudeste são os responsáveis pelos fortes ventos
e pela alta pluviosidade da costa (BITTENCOURT et al., 2000).
Localizada na parte mais estreita da plataforma sul americana (aproximadamente
10Km de largura) e próxima à bifurcação da Corrente Sul Equatorial que forma a
Corrente do Brasil e a Corrente Norte Brasil, o padrão de circulação no interior da Baía
de Camamu é governado principalmente pelas forçantes da maré (semi-diurnas) e
descargas fluviais (AMORIM et al., 2011).
Com um formato aproximadamente circular, a Baía de Camamu possui uma área
interna de 85km2, aproximadamente 384km2 de área inundável e uma profundidade
média de 5m, com uma grande abertura da foz que possibilita um intenso fluxo de água
do mar. O canal principal possui profundidade média de 15m e os principais
componentes do sistema estuarino são: o estuário do rio Serinhaém, localizado na
porção norte da baía, os estuários dos rios Igrapiúna, Pinaré e Sorojó, na porção central
e o estuário do rio Maraú, localizado na região sul (AMORIM, 2005).
Apresentando uma extensa área estuarina margeada por manguezais, restingas,
Mata Atlântica e costões rochosos que formam piscinas naturais localizadas ao longo da
costa, a Baía de Camamu abriga algumas ilhas em seu interior (AMORIM, 2005).
Atualmente em três destas estão sendo desenvolvidas atividades de criação experimental
da ostra do mangue (Crassostrea rizophorae Guilding, 1828) localizados nas
proximidades da Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques, pontos selecionados
para amostragem da comunidade fitoplanctônica e variáveis abióticas no presente
estudo.
21
Figura 1 - Mapa da área de estudo com a localização dos três pontos de coleta na Baía de Camamu, Bahia.
22
A Ilha do Conduru (localidade de Porto do Campo), nas proximidades da qual
está localizado o primeiro ponto de coleta (13°57'50"S e 39º02'57''W) (Fig. 2A),
apresenta dimensão territorial de aproximadamente 2km2 e uma população composta
por cerca de 300 habitantes, em sua maioria remanescentes quilombolas. As atividades
de subsistência são desenvolvidas basicamente no mangue e no rio e a economia local é
baseada na pesca, mariscagem e produção de azeite de dendê (GOMES, 2008).
A Ilha Grande, área de referência do segundo ponto de coleta (13º56'04"S e
39º01'08"W) (Fig. 2B), é a ilha mais povoada, com aproximadamente 1500 habitantes
em cerca de 4km2, localizada na parte mais central da baía, região onde se localizava
uma antiga área de mineralização de barita (sulfato de bário BaSO4), atividade de
grande impacto no ecossistema local (OLIVEIRA et al., 2002).
A Ilha de Tanques, onde está localizado o terceiro ponto de coleta (14º00'32”S e
38º58'58”W) (Fig. 2C), está situada dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental
da Península de Maraú. Possui cerca de 9,5km2, onde residem cerca de 90 famílias,
desenvolvendo como atividades principais a pesca, a mariscagem, o artesanato e a
agricultura de subsistência. No local, não há saneamento básico e poucas casas possuem
fossas, de forma que o manguezal que circunda a ilha é o principal receptor dos esgotos
domésticos (PACHECO, 2006).
Figura 2 - Imagens dos três pontos de coleta: Ilha do Conduru (A); Ilha Grande (B) e Ilha de Tanques (C) na Baía de Camamu, Bahia.
A B
C
23
3.2. Coleta das amostras
As amostragens foram realizadas mensalmente, entre abril/2010 e março/2011, nas
três áreas de criação experimental de ostras, localizadas na Baía de Camamu- Bahia.
Em cada ponto de coleta foram mensuradas in situ as variáveis: profundidade da
coluna d’agua, transparência da água, estimada através de um disco de Secchi,
temperatura e salinidade (superfície e fundo), utilizando-se termômetro e refratômetro
manuais, respectivamente.
Os dados de pluviosidade diária do município de Camamu foram obtidos na
página do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).
Para as análises, foram determinados arbitrariamente como meses chuvosos
aqueles que apresentaram pluviosidade superior à 120mm. Os meses com valores
inferiores à esse volume de chuva foram considerados secos.
Em todas as amostragens utilizou-se balde graduado (superfície) e garrafa de
Van Dorn (1m acima do fundo). Foram coletadas amostras de 1L de água em cada
profundidade para análises de nutrientes e clorofila-a. Estas foram armazenadas em
frascos de polietileno de alta densidade, previamente lavados com HCl 1:1 e água
destilada. Imediatamente após a coleta, cada amostra foi filtrada com auxílio de uma
bomba de vácuo utilizando-se filtros de fibra de vidro (0,7µm). Alíquotas de 100mL do
volume filtrado de cada amostra e os filtros, envolvidos em papel alumínio, foram
mantidos em isopor com gelo durante o transporte até o Laboratório de Oceanografia
Química da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde foram realizadas as
respectivas análises. Os nutrientes inorgânicos (nitrito, nitrato, N-amoniacal, fosfato e
silicato) foram analisados segundo metodologia proposta por Grasshoff et al. (1983), e
determinados através da espectrofotometria em seus respectivos comprimentos de onda.
Para análise da clorofila-a, utilizou-se o método tricromático em extrato de acetona,
com as concentrações calculadas segundo Jeffrey e Humphrey (1975).
Para o estudo quantitativo do fitoplâncton foram coletadas um total de 72 amostras
de 250ml de água em superfície e fundo, todas fixadas a bordo, com solução de
formalina (tamponada com hexametileno-tetramina) a 0,4% de concentração final na
amostra (KARLSON et al., 2010). A contagem e a identificação das células
fitoplanctônicas foram realizadas em câmaras de sedimentação de 10mL, ao
microscópio invertido modelo AXIOVERT 40CFL, ZEISS, pelo método clássico de
24
Utermöhl (1931). As células do nanoplâncton (2 a 20µm) foram contadas em dois
transectos diametrais ao longo do fundo da câmara de sedimentação, com aumento de
400X. Os pequenos flagelados que não puderam ser identificados, foram contados por
faixas de tamanho (células >2,5µm; de 2,5 a 5,0µm; 5,0 a 7,5µm; >7,5µm), ao passo que
as células do microfitoplâncton (>20µm) foram contadas em toda câmara com aumento
de 200X (UTERMÖHL, 1958; HASLE, 1978; KARLSON et al., 2010).
Foram coletadas 36 amostras de água para estudo qualitativo do fitoplâncton,
utilizando-se rede de plâncton com 20µm de malhagem, por meio de arrastos
horizontais (superfície) durante 5 minutos, com o barco a uma velocidade aproximada
de 2 nós em torno das áreas de cultivo. Todas as amostras foram fixadas a bordo, com
solução de formalina (tamponada com hexametileno-tetramina) a 4% de concentração
final na amostra (KARLSON et al., 2010). As espécies foram identificadas e
mensuradas ao microscópio direto, com contraste de fase, modelo AXIOSTAR-PLUS,
ZEISS, com base nos trabalhos clássicos de Cupp (1943), Cleve-Euler (1955), Wood
(1968), Dodge (1985), Balech (1988), Hernández-Becerril (1996), Tomas (1997),
Tiffany; Hernández-Becerril (2005) e Tenebaum (2006).
3.3. Análise dos dados 3.3.1. Variáveis ambientais
Foi realizada uma análise estatística descritiva (mínimo, máximo, média, desvio
padrão e intervalo de confiança) dos dados de profundidade da coluna d’água nos
pontos, transparência (Secchi), temperatura, salinidade e nutrientes inorgânicos
dissolvidos.
Aplicou-se análise de variância Kruskal-Wallis, seguida do teste de comparação
múltipla de valores p (p<0,05), para verificar a ocorrência de diferenças significativas
entre as médias das variáveis ambientais analisadas nos três pontos de coleta. Um Teste
t (α = 0,05) foi utilizado para verificar a ocorrência de diferenças significativas entre as
médias das variáveis ambientais comparando-se os dados dos períodos seco e chuvoso,
testando a hipótese nula de que as médias registradas para cada variável foram iguais
entre as três áreas e entre os períodos de seca e chuva ao longo do estudo.
25
Os dados foram transformados em log (x+1) para normalizá-los e em seguida foi
realizada uma Análise de Componentes Principais (ACP) visando observar a ordenação
das amostras em função das suas características ambientais.
3.3.2. Fitoplâncton
Os dados de clorofila-a foram tratados por meio de estatística descritiva
(mínimo, máximo, média, desvio padrão e intervalo de confiança) e aplicou-se uma
análise de variância Kruskal-Wallis, seguida do teste de comparação múltipla de valores
p (p<0,05), para verificar a ocorrência de diferenças significativas entre as médias desta
variável nos três pontos de coleta. Um Teste t (α = 0,05) foi utilizado para verificar a
ocorrência de diferenças significativas entre as médias de concentração da clorofila-a
entre os períodos seco e chuvoso analisados.
A complexidade da comunidade fitoplanctônica total foi analisada em função da
densidade (céls.L-1) e da estimativa do conteúdo de carbono (pgC.céls-1) dos táxons,
considerando o total de organismos fitoplanctônicos (fito total), os totais por faixas de
tamanho (nano e microfitoplâncton) e os totais dos diferentes grupos taxonômicos
identificados (flagelados, criptofíceas, prasinofíceas, primnesiofíceas, diatomáceas,
dinoflagelados, silicoflagelados e cianobactérias filamentosas).
O biovolume do fitoplâncton foi obtido multiplicando-se a densidade de cada
táxon pelo respectivo volume celular, calculado a partir de medidas das dimensões
lineares, com base em modelos geométricos aproximados à forma das células (e.g.
esferas, pirâmides, cones, elipses, cilindros, e outros) utilizando-se as fórmulas
propostas por Hillebrand et al. (1999). Em seguida o biovolume foi convertido em
biomassa de carbono de acordo com Menden-Deuer e Lessard (2000).
Os dados de densidade e biomassa de carbono das amostras foram tratados por
meio de estatística descritiva (mínimo, máximo, média, desvio padrão e intervalo de
confiança).
A análise de variância Kruskal-Wallis, seguida do teste de comparação múltipla
de valores p (p<0,05), foi aplicada para analisar a ocorrência de diferenças significativas
para as respectivas médias do nano e microfitoplâncton entre as três áreas de coleta.
Teste t (α = 0,05) foi utilizado para verificar a ocorrência de diferenças significativas
para as médias de densidade do nano e microfitoplâncton entre os períodos seco e
26
chuvoso. A hipótese nula testada foi de que as médias das densidades celulares das
frações fitoplanctônicas foram iguais entre as três áreas e entre os períodos de seca e
chuva, ao longo do estudo.
3.3.2.1 Assembléia microfitoplanctônica
Os dados do levantamento qualitativo do microfitoplâncton foram organizados
em uma matriz de presença e ausência das espécies por ponto de coleta.
Sournia (1968) considera como um estudo “semi-quantitativo” aquele que
permite reconhecer a composição relativa das diferentes espécies em termos de
porcentagem dos n indivíduos. Neste estudo, a diversidade específica do
microfitoplâncton foi determinada por meio de uma análise “semi-quantitativa” das
amostras de rede. Margalef (1976), embora reconheça o caráter seletivo desse tipo de
amostragem, relata que a contagem de pelo menos 300 indivíduos extraídos de uma
amostra de rede bem homogeneizada fornece valores confiáveis de diversidade. Foram
contadas tantas lâminas quantas necessárias, até alcançar um total de 400 células (ou
filamentos de cianobactérias). O índice de diversidade considerado foi o de Shannon-
Weaver (H’) em bits.cél.-1 Para o estudo da assembléia do microfitoplâncton foram
consideradas ainda a riqueza de espécies (S) e a equabilidade de Pielou (J’).
A partir de sua frequência de ocorrência nas amostras, os táxons do
microfitoplâncton foram classificados, de acordo com Dajoz (1973), em: constantes
(frequência >50%); acessórios (frequência entre 25 e 50%) ou acidentais (frequência
<25%). As espécies observadas foram classificadas ainda, com base em dados da
literatura, como: potencialmente tóxicas e/ou potencialmente nocivas.
Foi aplicada uma análise de variância Kruskal-Wallis, seguida do teste de
comparação múltipla de valores p (p<0,05), para analisar a ocorrência de diferenças
significativas das médias de abundância das espécies microfitoplanctônicas entre as
áreas de estudo. Utilizou-se um Test t (α = 0,05) para verificar a ocorrência de
diferenças significativas entre as médias da abundancia relativa de cada espécie do
microfitoplâncton comparando os períodos de seca e chuva analisados.
Os dados da abundância relativa das espécies do microfitoplâncton foram
transformados em log (x+1) para normalizá-los. Uma Análise de Agrupamento (Cluster)
foi rodada a partir da matriz de similaridade dos dados (Índice de Bray-Curtis) e os
27
resultados foram agrupados em dendrograma pela técnica de UPGMA. Aplicou-se uma
análise do percentual de similaridade (rotina SIMPER) para determinar quais espécies
individuais tiveram maior contribuição relativa para a similaridade interna dos grupos e
para a dissimilaridade entre eles.
As relações entre os dados da assembléia do microfitoplâncton e a matriz de
similaridade de dados ambientais foram avaliadas pela rotina RELATE (ρ Spearman).
Em seguida foram definidos os grupos de variáveis ambientais com maior poder de
explicação para as variações observadas na assembléia microfitoplanctônica utilizando-
se a correlação de Spearman por meio da rotina BIOENV.
28
4. RESULTADOS
4.1. Variáveis ambientais
O volume de chuvas registrado para o período de estudo foi de 1540mm, inferior
à média anual (2570mm/ano) apontada para a região (SUDENE-ANA, 2005).
A precipitação pluviométrica entre abril/2010 e março/2011 variou de 61,41mm
a 201,95mm, com a precipitação mínima registrada em junho/2010 e a máxima em
março/2011. Abril e maio/2010, janeiro e março/2011 foram os meses mais chuvosos
(>150mm) (Fig. 3).
Figura 3 - Variação da precipitação pluviométrica mensal para o município de Camamu - BA, registrada na estação pluviométrica da CPTEC/INPE de Camamu - BA, entre abril de 2010 e março de 2011.
A profundidade da coluna de água nos pontos de coleta variou de 1,5 a 9m ao
longo do período de estudo. A Ilha de Tanques foi o ponto onde foram registradas as
menores profundidades (Fig. 4A), diferindo significativamente da Ilha do Conduru
(p=0,007) e da Ilha Grande (p<0,001). As maiores profundidades, bem como as
menores variações em torno da média para esta variável foram registradas na Ilha
Grande (Fig. 4A) Entre os períodos seco e chuvoso não foram registradas diferenças
significativas para as médias de profundidade das áreas de estudo (Fig. 4B).
A transparência (Secchi) da coluna d’água variou de 0,9 a 2,9m ao longo do
estudo. A Ilha de Tanques foi o ponto que apresentou as menores transparências, ao
passo que a Ilha Grande apresentou as maiores variações para essa variável, diferindo
significativamente das médias da Ilha do Conduru (p=0,004) e da Ilha de Tanques
(p<0,001) (Fig. 5A). Não ocorreram diferenças significativas para as médias de
transparência registradas nos períodos seco e chuvoso (Fig. 5B).
29
Pro
fundid
ade (m
)
I..Conduru I..Grande I..Tanques
24
68
10
Seco Chuvoso
24
68
10
Figura 4 - Variação da profundidade (média) da coluna de água, registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
Tra
nsparê
ncia
(m
)
I..Conduru I..Grande I..Tanques
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Seco Chuvoso
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Figura 5 - Variação da transparência (média) da coluna de água, registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A variação da temperatura da água apresentou um mínimo de 24°C e um
máximo de 30°C, não ocorrendo diferenças significativas entre as médias desta variável,
nas três áreas, considerando superfície (s) e fundo (f) (Fig. 6A) ou entre os períodos
seco e chuvoso ao longo do estudo (Fig. 6B).
A B
A B
30
Tem
pera
tura
(°C
)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
24
26
28
30
32
Seco Chuvoso
24
26
28
30
Figura 6 - Variação da temperatura (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A salinidade variou de 25 a 37 (UPS), com os maiores valores registrados na
Ilha Grande. Ocorreram diferenças significativas entre as médias de salinidade da Ilha
Grande, comparada com a Ilha de Tanques (p=0,016) (Fig. 7A). As médias de
salinidade não apresentaram diferenças significativas quando comparadas em função
dos períodos seco e chuvoso (Fig. 7B).
Salinid
ade (U
PS
)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
25
30
35
40
Seco Chuvoso
25
30
35
Figura 7 - Variação da salinidade (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
As concentrações dos nutrientes dissolvidos variaram de valores inferiores à
detecção do método até os máximos de 2,65µM para fosfato; 19,53µM para silicato;
A B
A B
31
0,53µM para nitrito; 2,75µM para nitrato e 11,86µM para amônio. Não ocorreram
diferenças significativas entre as concentrações médias dos nutrientes nas três áreas de
estudo (Fig. 8). Comparando os períodos seco e chuvoso, apenas o nitrato apresentou
diferença significativa entre as médias (p=0,033) (Fig. 8H).
A estatística descritiva das variáveis ambientais é apresentada no apêndice I.
Fosfa
to (µm
ol)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Seco Chuvoso
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
Silic
ato
(µm
ol)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-50
510
15
20
Seco Chuvoso
05
10
15
Nitrito
(µm
ol)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
Seco Chuvoso
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
A B
C D
E F
32
Nitra
to (µm
ol)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-10
12
Seco Chuvoso
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Am
ônio
(µm
ol)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-50
510
Seco Chuvoso
-50
510
Figura 8 - Variação das concentrações dos nutrientes (médias) registradas de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, em superfície (s) e fundo (f) nos três pontos de coleta: (A) fosfato, (C) silicato, (E) nitrito, (G) nitrato, (I) amônio e nos períodos seco e chuvoso: (B) fosfato, (D) silicato, (F) nitrito, (H) nitrato, (J) amônio. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A análise de componentes principais explicou 58,9% da variação dos dados
ambientais, por meio de três eixos. O primeiro eixo foi responsável por 22,2% da
variabilidade dos dados, e as variáveis mais fortemente correlacionadas foram a
salinidade, no lado positivo, e a pluviosidade e o nitrato, no lado negativo. O segundo
eixo foi responsável por 19,7% da explicação e as variáveis mais fortemente
correlacionadas com este eixo foram a temperatura, no lado positivo, e o fosfato, no
lado negativo. O terceiro eixo explicou 17% da variabilidade dos dados e as variáveis
mais fortemente correlacionadas foram o nitrato, no lado positivo, e a temperatura no
lado negativo (Tab. 1).
G H
I J
33
Tabela 1 - Coeficientes de correlação linear das variáveis ambientais com os primeiros três eixos da ACP rodada a partir dos dados abióticos registrados nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.
Correlação Variáveis Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3
Profundidade -0,340 -0,178 -0,330 Temperatura 0,241 0,425 -0,430
Salinidade 0,372 -0,435 -0,141 Transparência -0,322 -0,268 -0,250 Fosfato -0,143 -0,478 -0,220 Silicato -0,223 0,115 0,144
Nitrito -0,050 -0,157 0,652
Nitrato -0,437 0,121 0,271 Amônio -0,250 -0,349 -0,068
Pluviosidade -0,475 0,352 -0228
A ordenação das amostras no espaço bidimensional do plano fatorial 1-2 (Fig.
10A) apresenta o primeiro eixo agrupando as amostras em função da maior ou menor
diluição do sistema, separando as amostras do período seco, com maiores salinidades e
menores transparências no lado direito do eixo 1. As amostras do período chuvoso, no
lado esquerdo deste eixo, apresentaram maiores transparências e salinidades mais baixas
em decorrência da diluição pelos maiores índices pluviométricos que condicionam um
maior aporte de nitrato no ambiente.
O segundo eixo da análise parece expressar o grau de trofia do sistema,
separando no lado positivo as amostras dos meses mais quentes, com maior aporte de
nutrientes externo, carreados pela chuva, temperatura elevada, menores transparências e
salinidades. Do lado negativo, observam-se o agrupamento das amostras referentes aos
meses mais frios, com águas mais transparentes e salinas devido à forte influência da
água tropical, com aporte de nutrientes de reciclagem. A forte correlação com o fosfato
pode indicar a ocorrência de processos de remineralização do sedimento, provocados
pelo revolvimento de fundo sob a ação dos ventos, mais frequentes na região ao longo
do período de inverno.
Na ordenação no espaço bidimensional do plano fatorial 1-3 (Fig.10B) observa-
se o agrupamento das amostras referentes aos meses de julho e agosto (independentes
do ponto amostral) associados a concentrações mais elevadas de nitrito, provavelmente
decorrente da maior frequência de ventos fortes, observados empiricamente nos
34
referidos períodos. Portanto, este terceiro eixo parece estar representando a maior ou
menor intensidade dos ventos na região.
Figura 9 - Distribuição dos pontos amostrais (A) plano fatorial 1-2 e (B) plano fatorial 1-3 da ACP dos dados ambientais dos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha deTanques) na Baía de Camamu, Bahia. T= temperatura; Sal= salinidade; NO2
-= nitrito; NO3-=
nitrato; SiO4= silicato; PO4= fosfato; NH4+= amônio; Transp. = transparência; Prof=
profundidade e Pluv= pluviosidade. 4.2. Fitoplâncton
4.2.1. Biomassa clorofiliana
A concentração de clorofila-a variou de 0,42 a 7,93µg.L-1. As maiores médias
foram encontradas na Ilha do Conduru (3,33±1,19µg.L-1) e as menores na Ilha Grande
(1,95±0,80µg.L-1), embora não tenham sido detectadas diferenças significativas para as
médias de clorofila entre os três pontos de estudo (Fig. 9A) ou entre os períodos seco e
chuvoso (Fig. 9B).
A B
35
Clo
rofila
(µg/L
)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G..f. I.T..s. I.T..f.
-20
24
6
Seco Chuvoso
01
23
45
6
Figura 10 - Variação da clorofila-a (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
4.2.2. Densidade do fitoplâncton
O total de organismos fitoplanctônicos variou de 5,55 x 105 a 1,73 x 106cél.L-1
(1,19 x 106±2,19 x 105cél.L-1). A menor densidade foi registrada na Ilha do Conduru
(maio) e a maior na Ilha de Tanques (julho). A fração nanoplanctônica, representou
entre 95,1 a 99,7% (98,7±0,8%) do total de células ao longo de todo o período de
estudo. As diatomáceas representaram entre 0,64 e 14,8% (5,17±3,9%) e os
dinoflagelados representaram, no máximo, 3,84% (0,42±0,6%) da densidade do
fitoplâncton.
Não foram registradas diferenças significativas para as médias de densidades do
fitoplâncton entre os pontos (Fig. 11A), nem entre os períodos de seca e chuva (Fig.
11B).
Fito T
ota
l (c
él/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
600000
1000000
1400000
1800000
Seco Chuvoso
800000
1000000
1200000
1400000
1600000
Figura 11 - Variação da densidade do fitoplâncton total (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta
A B
A B
36
(Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A fração nanoplanctônica foi dominante ao longo de todo o período de estudo,
representando entre 95,1 e 99,7% (98,7±0,8%) do total de células do fitoplâncton, com
sua densidade variando de 5,29 x 105 a 1,71 x 106cél.L-1 (1,17 x 106±2,19 x 105cél.L-1),
valor mínimo registrado na Ilha do Conduru (maio) e máximo na Ilha de Tanques
(julho). Não houve diferenças significativas para as médias de densidade do
nanoplâncton entre os pontos de coleta (Fig. 12A) nem entre os períodos seco e chuvoso
(Fig. 12B).
A maior parte do nanoplâncton foi composta pelos flagelados de 2,5-5µm de
tamanho, representando de 41 a 83% (61,2±7,1) do total de células. As diatomáceas
representaram no máximo 13,3% (4,1±3,9%), os dinoflagelados 3,6% (0,4±0,6%) e as
criptofíceas, prasinofíceas e primnesiofíceas, somadas, representam até 8% (2,6±2%) do
total de células do nanoplâncton.
Nanoplâ
ncto
n (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
600000
1000000
1400000
1800000
Seco Chuvoso
800000
1000000
1200000
1400000
1600000
Figura 12 - Variação da densidade do nanoplâncton (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
Os grupos nanoplanctônicos analisados (i.e. flagelados <2,5µm, flagelados de
2,5-5µm, flagelados de 5-7,5µm, flagelados >7,5µm, criptofíceas, prasinofíceas,
primnesiofíceas, diatomáceas e dinoflagelados) não apresentaram diferenças
significativas de suas médias de densidade entre as três áreas de estudo (Fig. 13).
Apenas para o grupo das diatomáceas foi detectada diferença significativa entre os
períodos de seca e chuva (Fig. 13Q).
A B
37
Falg
ela
dos <
2,5
µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
1e+05
2e+05
3e+05
4e+05
5e+05
Seco Chuvoso
1e+05
2e+05
3e+05
4e+05
5e+05
Falg
ela
dos 2
,5-5
µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
Seco Chuvoso
4e+05
6e+05
8e+05
1e+06
Falg
ela
dos 5
-7,5
µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-50000
050000
100000
Seco Chuvoso
-20000
020000
40000
60000
80000
Falg
ela
dos >
7,5
µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-50000
050000
100000
Seco Chuvoso
-40000
020000
60000
100000
A B
C D
E F
G H
38
Cripto
fíceas (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-40000
-20000
020000
40000
60000
80000
Seco Chuvoso
-20000
020000
40000
60000
Pra
sin
ofíceas (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
020000
40000
60000
Seco Chuvoso
-10000
010000
20000
30000
40000
Prim
nesio
fíceas (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-6000
-4000
-2000
02000
4000
6000
8000
Seco Chuvoso
-4000
-2000
02000
4000
6000
Dia
tom
áceas<20µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-100000
-50000
050000
100000
150000
Seco Chuvoso
-50000
050000
100000
150000
I J
L M
N O
P Q
39
Din
oflagela
dos<20µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
010000
20000
30000
Seco Chuvoso
-10000
05000
10000
20000
Figura 13 - Variação da densidade dos grupos nanoplanctônicos (médias) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia em superfície (s) e fundo (f) nos três pontos de coleta: (A) flagelados <2,5µm, (C) flagelados 2,5-5µm, (E) flagelados 5-7,5µm, (G) flagelados >7,5µm, (I) criptofíceas, (L) prasinofíceas, (N) primnesiofíceas, (P) diatomáceas (R) dinoflagelados e nos períodos seco e chuvoso: (B) flagelados <2,5µm, (D) flagelados 2,5-5µm, (F) flagelados 5-7,5µm, (H) flagelados >7,5µm, (J) criptofíceas, (M) prasinofíceas, (O) primnesiofíceas, (Q) diatomáceas e (S) dinoflagelados. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A densidade do microfitoplâncton variou de 3,20 x 103 a 3,75 x 104cél.L-1 (1,42
x 104±7,06 x 103cél.L-1), ambos em amostras da Ilha de Tanques, em setembro e
fevereiro, respectivamente. O microfitoplâncton representou de 0,3 a 4,9% (1,3±0,8%)
do fitoplâncton composto, em sua maioria, pelas diatomáceas que representaram entre
45,5 e 100% da densidade total de células desta fração.
Não foram registradas diferenças significativas entres as médias de densidade do
microfitoplâncton, bem como dos grupos analisados (i.e. diatomáceas, dinoflagelados,
cianobactérias e silicoflagelados) entre as áreas de estudo (Fig. 14).
Entre os períodos seco e chuvoso, ocorreram diferenças significativas entre as médias de densidade do microfitoplâncton (p= 0,034) (Fig. 14B), cianobactérias (p<0,001) (Fig. 14H) e silicoflagelados (p= 0,013), sendo que o ultimo grupo só foi registrado no período seco (Fig. 14J).
R S
40
Mic
rofito
plâ
ncto
n (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
010000
20000
30000
Seco Chuvoso
010000
20000
30000
Dia
tom
áceas>20µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
010000
20000
30000
Seco Chuvoso
010000
20000
30000
Din
oflagela
dos>20µm
(cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-2000
-1000
01000
2000
3000
Seco Chuvoso
-500
0500
1000
1500
Cia
nobacté
rias (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-4000
-2000
02000
4000
6000
Seco Chuvoso
-2000
02000
4000
A B
C D
E F
G H
41
Silic
oflagela
dos (cél/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-200
-100
0100
200
Seco Chuvoso
-150
-100
-50
050
100
150
Figura 14 - Variação da densidade do microfitoplâncton (médias) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, em superfície (s) e fundo (f) nos três pontos de coleta: (A) microfitoplâncton, (C) diatomáceas, (E) dinoflagelados, (G) cianobactérias, (I) silicoflagelados e nos períodos seco e chuvoso: (B) microfitoplâncton, (D) diatomáceas, (F) dinoflagelados, (H) cianobactérias e (J) silicoflagelados. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
4.2.3. Biomassa fitoplanctônica em termos de carbono
A biomassa total fitoplanctônica em termos de carbono variou de 9,63 x 106 a
4,04 x 107pgC.céls-1 (1,98 x107±6,73 x106pgC.céls-1), o mínimo foi observado na Ilha
do Conduru (maio) e o máximo na Ilha de Tanques (agosto). A fração nanoplanctônica,
representou entre 19 e 96,6% (67,5±15%) da biomassa total. As diatomáceas
representaram entre 5 e 79% (30,7±15,5%), e os dinoflagelados representaram no
máximo 23% (6±5,4%).
Não foram detectadas diferenças significativas entre a biomassa média em
termos de carbono do fitoplâncton entre as três áreas de estudo (Fig. 15A) e nem entre
os períodos de seca e chuva (Fig. 15B).
I J
42
Fito T
ota
l (p
gC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
020000
40000
60000
80000
Seco Chuvoso
-20000
020000
40000
60000
80000
Figura 15 - Variação da biomassa do fitoplâncton em termos de carbono (média) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A biomassa de carbono da fração nanoplanctônica variou de 5,06 x 106 a 2,5 x
107pgC.céls-1 (1,28 x107±3,59 x 106pgC.céls-1), representando entre 19 e 96,6%
(67,5±15%) da biomassa total do fitoplâncton. Os flagelados não identificados (<2,5 e
de 2,5-5µm) foram as frações de tamanho que mais contribuíram para a biomassa de
carbono do nanoplâncton (78 a 99,6%; 92±5,1%).
Não foram observadas diferenças significativas para a biomassa média de
carbono do nanoplâncton entre as áreas de estudo (Fig.16A) e nem entre os períodos de
seca e chuva (Fig. 16B). Bem como não houve diferenças significativas entre as
biomassas médias dos diferentes grupos que compõem o nanoplâncton entre os dois
períodos (Fig. 17).
A B
43
Nanoplâ
ncto
n (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
01000
2000
3000
4000
5000
6000
Seco Chuvoso
2000
3000
4000
5000
Figura 16 - Variação da biomassa em termos de carbono (média) do nanoplâncton registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
Falg
ela
dos s
pp. (p
gC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
01000
2000
3000
4000
5000
6000
Seco Chuvoso
2000
3000
4000
5000
Cripto
fíceas (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20
020
40
Seco Chuvoso
-10
010
20
30
40
A B
A B
C D
44
Pra
sin
ofíceas (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-100
-50
050
100
150
Seco Chuvoso
-50
050
100
Prim
nesio
fíceas (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-2-1
01
23
Seco Chuvoso
-2-1
01
2
Dia
tom
áceas<20µm
(pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-500000
0500000
1000000
1500000
Seco Chuvoso
-500000
0500000
1000000
1500000
Din
oflagela
dos<20µm
(pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.-1500000
-500000
0500000
1500000
Seco Chuvoso
-5e+05
0e+00
5e+05
1e+06
Figura 17 - Variação da biomassa em termos de carbono (média) do nanoplâncton (médias) registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, em superfície (s) e fundo (f) nos três
E F
G H
I J
L M
45
pontos de coleta: (A) flagelados spp., (C) criptofíceas, (E) prasinofíceas, (G) primnesiofíceas, (I) diatomáceas (L) dinoflagelados e nos períodos seco e chuvoso: (B) flagelados sp., (D) criptofíceas, (F) prasinofíceas, (H) primnesiofíceas, (J) diatomáceas e (M) dinoflagelados. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
A biomassa em termos de carbono da fração microfitoplanctônica variou de 7,17
x 105 a 2,75 x 107pgC.céls-1 (7,21.106±5,34.106pgC.céls-1), representando entre 3,4 e
81% (32±15%) do total de carbono do fitoplâncton. Não houve diferença significativa
para as médias de biomassa do microfitoplâncton entre os três pontos de coleta (Fig.
18A) ou entre os períodos de seca e chuva (Fig. 18B).
Mic
rofito
plâ
ncto
n (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
020000
40000
60000
80000
Seco Chuvoso
-20000
020000
40000
60000
80000
Figura 18 - Variação da biomassa em termos de carbono (média) do microfitoplâncton registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia: (A) em superfície e fundo nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques); (B) nos períodos seco e chuvoso. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo).
As diatomáceas representaram entre 27 e 100% (81±17,3%) da biomassa de
carbono do microfitoplâncton, variando de 6,62 x 105 a 2,66 x 107pgC.céls-1 (5,95 x
106±5,32 x 106pgC.céls-1) e os dinoflagelados chegaram a representar 73% (19±17,2) da
biomassa do microfitoplâncton, alcançando o máximo de 7,07 x 106 pgC.céls-1 (2,09 x
106±2,16 x 106 pgC.céls-1). Cianobactérias e silicoflagelados, somados, contribuíram
com, no máximo, 4% da biomassa de carbono. Não foram observadas diferenças
significativas nas biomassas médias dos diferentes grupos (i.e. diatomáceas,
dinoflagelados, cianobactérias e silicoflagelados) da fração microfitoplanctônica entre
as áreas de estudo e entre os períodos de seca e chuva (Fig. 19).
A B
46
Dia
tom
áceas>20µm
(pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
020000
40000
60000
Seco Chuvoso
-20000
020000
40000
60000
Din
oflagela
dos>20µm
(pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-20000
020000
40000
60000
Seco Chuvoso
-10000
010000
20000
30000
40000
Cia
nobacté
rias (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-400
-200
0200
400
Seco Chuvoso
-200
0200
400
Silic
oflagela
dos (pgC
/L)
I.C..s. I.C..f. I.G..s. I.G.f. I.T..s. I.T..f.
-300
-200
-100
0100
200
300
Seco Chuvoso
-200
-100
0100
200
Figura 19 - Variação da biomassa em termos de carbono (médias) do microfitoplâncton registrada de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, em superfície (s) e fundo (f) nos três
A B
C D
E F
G H
47
pontos de coleta: (A) diatomáceas, (C) dinoflagelados, (E) cianobactérias, (G) silicoflagelados e nos períodos seco e chuvoso: (B) diatomáceas, (D) dinoflagelados, (F) cianobactérias, (H) e silicoflagelados. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques. (• = média; ├ ┤ = mínimo e máximo). 4.2.4. Assembléia microfitoplanctônica
Foram identificados (ou morfotipados) 91 táxons do microfitoplâncton, dentre
estes 72 da classe Bacillariophyceae, 14 da classe Dinophyceae, 1 espécie da classe
Dictyochophyceae e 4 espécies de Cianobactérias (Tab.2). O total de táxons observados
por ponto de coleta foi de 87 na Ilha do Conduru, 85 na Ilha Grande e 82 na Ilha de
Tanques (Tab. 2).
Dentre os táxons registrados, 57% apresentaram a disposição em cadeias,
filamentos ou colônias, destacando-se as diatomáceas cêntricas do gênero Chaetoceros
como o grupo que apresentou a maior riqueza (15 táxons). Entre os dinoflagelados, o
maior número de espécies identificadas pertence ao gênero Neoceratium (4 espécies)
(Tab. 2).
Tabela 2 – Lista de presença e ausência das espécies nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.
Táxons
BACILLARIOPHYCEAE Frequência Nocividade/Toxicidade MDL
Amphora sp. AC 42,5
Asterionellopsis glacialis A Injúrias mecânicas1 50 Bacillaria paxillifer A 85 Bacteriastrum delicatulum C 25 Bacteriastrum hyalinum C 18,5 Bacteriastrum hyalinum var. princeps A 18 Bellerochea horologicales AC 47
Cerataulina pelagica A Injúrias mecânicas2,3 42,5
Chaetoceros affinis AC Injúrias mecânicas2,4 14
Chaetoceros coarctatus AC Injúrias mecânicas2,4 30
Chaetoceros compressus C Injúrias mecânicas2,4 14
Chaetoceros costatus A Injúrias mecânicas2,4 18
Chaetoceros curvisetus AC Injúrias mecânicas2,4 22
Chaetoceros danicus AC Injúrias mecânicas2,4 11,2
Chaetoceros decipiens C Injúrias mecânicas2,4 28,5
Chaetoceros denticulatum AC Injúrias mecânicas2,4 25
48
Táxons
BACILLARIOPHYCEAE Frequência Nocividade/Toxicidade MDL
Chaetoceros laciniosus AC Injúrias mecânicas2,4 22,5
Chaetoceros peruvianus A Injúrias mecânicas2,4 24
Chaetoceros simplex AC Injúrias mecânicas2,4 20
Chaetoceros sp. AC Injúrias mecânicas2,4 22
Chaetoceros subtilis A Injúrias mecânicas2,4 6
Chaetoceros subtilis var. abnormis C Injúrias mecânicas2,4 6
Chaetoceros vistulae AC Injúrias mecânicas2,4 6,5 Corethron criophilum C 42,5 Coscinodiscus centralis C Produção de muco; Injúrias mecânicas2,4 119 Coscinodiscus concinnus C Produção de muco; Injúrias mecânicas2;5 120 Cyclotela sp. A 7,5 Cylindroteca closterium C Produção de muco; Injúrias mecânicas2;5 32,5 Diatomácea penada sp.1 AC 20 Diatomácea penada sp. 2 AC 25 Diatomácea penada sp. 3 AC 22,5 Diatomácea penada sp. 4 AC 22 Diatomácea penada sp. 5 AC 30 Diatomácea penada sp. 6 A 35 Entomoneis alata A 260,5 Grammatophora marina AC 42,5 Guinardia flaccida A 90 Guinardia striata C 175 Gyrosigma balticum C 232,5 Gyrosigma littorale C 112,5 Hemialus membranaceus A 55,5 Isthmia enervis AC 162,5 Leptocylindrus danicus A 48 Melosira moniliformis AC 30 Meuniera membranacea C 52,5 Navicula sp. AC 55 Nitzschia bilobata C 105 Nitzschia longissima C 145 Nitzschia morfot. Nitzschiela C 125 Nitzschia sigma AC 52,5 Odontella mobiliensis AC 55,2 Odontella sinensis C 90 Palmerina hardmaniana AC 303,5 Paralia sulcata C 18,5 Pleurosigma directum AC 110 Pleurosigma normanii AC 70 Proboscia alata AC 300
Pseudo-nitzschia spp. (complexo delicatissima) A Potencialmente tóxica2;5 35
49
Táxons
BACILLARIOPHYCEAE Frequência Nocividade/Toxicidade MDL
Rhizosolenia calcar-avis AC Injúrias mecânicas4 320
Rhizosolenia decipiens C Injúrias mecânicas4 102
Rhizosolenia imbricata C Injúrias mecânicas4 300
Rhizosolenia robusta A Injúrias mecânicas4 140
Rhizosolenia setigera A Injúrias mecânicas4 75 Surirella febigerii AC 190 Surirella gemma A 82 Thalassionema nitzschioides C 45 Triceratium favus A 95 Triceratium favus var. quadrata AC 110
DINOPHYCEAE Neoceratium fusus AC 290,5 Neoceratium hircus A 54 Neoceratium lineatum AC 95 Neoceratium trichoceros C 80
Dinophysis acuminata A Potencialmente tóxica2;6 40
Dinophysis caudata AC Potencialmente tóxica2;7 90 Gonyaulax verior AC 47
Prorocentrum compressum AC Potencialmente tóxica6 52
Prorocentrum micans A Potencialmente tóxica6 53,2
Prorocentrum sigmoides AC Potencialmente tóxica6 60 Protoperidinium abei AC 67,5 Protoperidinium conicum AC 45
DICTYOCHOPHYCEAE Dictyocha fibula A 16
CIANOBACTÉRIAS
Anabaena sp. C Potencialmente tóxica8 2 Lyngbya sp. AC Merismopedia sp. AC Trichodesmium thiebautii A 110
A riqueza de espécies nos diferentes pontos variou mensalmente, o menor valor
(16 táxons) foi observado na Ilha do Conduru, em maio e o maior (40 táxons) na Ilha
Grande, em abril; mês em que foram registradas as maiores riquezas nos três pontos
(Tab. 3).
O índice de diversidade de Shannon variou entre 3,67bits.cél-1 (Ilha do Conduru
em maio) a 5,05bits.cél-1 (Ilha Grande em abril). A maioria das amostras (80%)
apresentou índices de diversidades em torno de 4,0bits.cél-1. Os valores de equabilidade
50
calculados (0,90 a 0,96) evidenciaram uma distribuição equitativa das espécies em todo
o período estudado (Tab. 3).
Tabela 3 - Riqueza (S), Diversidade de Shannon (H’ - bits.cél-1) e Equabilidade de Pielou (J’) da assembléia microfitoplanctônica nos três pontos de coleta de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia. I.C.=Ilha do Conduru; I.G.=Ilha Grande e I.T.=Ilha de Tanques.
Ponto S H' J' I.C. 37 5,02 0,96
abr/2010 I.G. 40 5,05 0,95 I.T. 34 4,78 0,94 I.C. 16 3,67 0,92
mai/2010 I.G. 27 4,34 0,91 I.T. 26 4,37 0,93 I.C. 27 4,44 0,93
jun/2010 I.G. 20 4,15 0,96 I.T. 20 3,97 0,92 I.C. 33 4,82 0,95
jul/2010 I.G. 20 4,00 0,93 I.T. 24 4,25 0,93 I.C. 21 4,09 0,93
ago/2010 I.G. 18 3,74 0,90 I.T. 31 4,60 0,93 I.C. 25 4,25 0,91
set/2010 I.G. 27 4,39 0,92 I.T. 35 4,93 0,96 I.C. 24 4,33 0,94
out/2010 I.G. 32 4,71 0,94 I.T. 29 4,54 0,93 I.C. 28 4,54 0,94
nov/2010 I.G. 24 4,28 0,93 I.T. 31 4,60 0,93 I.C. 28 4,51 0,94
dez/2010 I.G. 35 4,92 0,96 I.T. 34 4,87 0,96 I.C. 36 4,91 0,95
jan/2011 I.G. 29 4,64 0,96 I.T. 34 4,83 0,93 I.C. 36 4,88 0,93
fev/2011 I.G. 31 4,66 0,94 I.T. 19 3,97 0,94 I.C. 30 4,44 0,90
mar/2011 I.G. 27 4,38 0,92 I.T. 33 4,80 0,95
A classificação das espécies quanto à frequência de ocorrência mostrou que 46%
destas foram consideradas como acidentais (AC), 27% constantes (C) e 27% acessórias
(A); reforçando a indicação de que não houve táxons dominantes ao longo do estudo.
51
Dentre os táxons constantes (frequência >50%), destacaram-se Chaetoceros
compressus, C. decipiens, Gyrosigma littorale, Meuniera membranacea, Paralia
sulcata e Thalassionema nitzschioides ocorrendo em mais de 80% das amostras.
As diatomáceas: Bellerochea horologicales, Chaetoceros coarctatus, C. simplex,
Isthmia enervis, Proboscia alata, e os dinoflagelados: Neoceratium lineatum,
Gonyaulax verior, Prorocentrum sigmoides, além da cianobactéria Lyngbya sp., foram
os táxons menos frequentes (<3%).
O resultado da análise de variância de Kruskal-Wallis para comparação entre a
abundância relativa das espécies nos três pontos de coleta mostrou que não houve
diferença significativa para esta variável entre os pontos. Entretanto, comparando-se a
abundância média das diferentes espécies entre os períodos seco e chuvoso (Teste t),
observou-se que dez táxons apresentaram diferenças significativas (Tab. 4).
Tabela 4 - Resultado do Teste t para a comparação das abundâncias médias das espécies do microfitoplâncton entre os períodos seco e chuvoso, na Baía de Camamu, Bahia. Abril/2010 a março/2011.
Espécies p Chaetoceros danicus 0,035 Chaetoceros subtilis 0,044 Corethron criophilum 0,02 Cylindrotheca closterium 0,049 Guinardia striata 0,017 Hemialus membranaceus 0,002 Paralia sulcata 0,042 Rhizosolenia decipiens 0,000 Surirella febigerii 0,024 Prorocentrum micans 0,045
O dendrograma da análise de agrupamento (Fig.20) demonstra uma alta
similaridade entre as amostras analisadas, sugerindo-se que ocorreram substituições de
poucas espécies ao longo do período de estudo. Utilizando-se como ponto de corte uma
similaridade de 42%, observa-se a formação de 3 grupos formados pelas amostras mais
próximas mês a mês.
52
Figura 20: Dendrograma mostrando o agrupamento das amostras em função da ocorrência das espécies do microfitoplâncton de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.
A análise do percentual de similaridade (SIMPER) mostrou que o grupo A foi o
que apresentou a maior similaridade interna (53,69%) e as espécies Paralia sulcata,
Meuniera membranacea e Gyrosigma littorale foram as que mais contribuíram para a
similaridade do grupo. A menor similaridade interna (47,49%) foi observada no grupo
C e as espécies com maior contribuição relativa foram Chaetoceros compressus,
Coscinodiscus concinnus, e Chaetoceros decipiens (Tab. 5).
A maior dissimilaridade entre grupos (61,51%) ocorreu entre o grupo A e C, e as
espécies que mais contribuíram para a separação destes foram Chaetoceros costatus, C.
decipiens e Meuniera membranacea (Tab. 5).
53
Tabela 5 – Resultado da análise do percentual de similaridade, apresentando a similaridade interna e a dissimilaridade entre os grupos A B e C do dendrograma das amostras em função das espécies do microfitoplâncton. Baía de Camamu, Bahia, abril/2010 a março/2011.
SIMILARIDADE
DISSIMILARIDADE GRUPOS A B C AB AC BC
53,69 51,25 47,49 58,4 61,51 58,13 Asterionellopsis glacialis 4,62 2,75 3,40 Bacteriastrum hyalinum var. princeps 2,82 3,21 Chaetoceros compressus 4,49 6,92 11,33 Chaetoceros costatus 6,23 3,59 3,83 Chaetoceros decipiens 8,75 8,46 2,80 3,05 Chaetoceros subtilis 2,82 Chaetoceros subtilis var. abnormis 6,70 Coscinodiscus concinnus 8,49 3,65 Cyclotela sp. Cylindrotheca closterium 4,46 Guinardia striata 2,86 3,15 Gyrosigma littorale 7,44 2,63 Meuniera membranacea 7,79 3,12 3,21 Paralia sulcata 11,8 5,88 3,09 2,69 3,05 Rhizosolenia imbricata 4,71 5,57 Thalassionema nitzschioides 5,07 8,69
A correlação de Spearman (rotina RELATE) apresentou ρ = 0,264, indicando
uma fraca correlação entre a estrutura da comunidade e as variáveis ambientais
analisadas. A rotina BIOENV mostrou que as variáveis que apresentam maior
correlação com os dados biológicos são a temperatura, o nitrito e a pluviosidade sendo,
portanto, as que melhor explicaram a variabilidade da assembléia microplanctônica.
4.2.4.1. Espécies potencialmente danosas ou tóxicas
Dentre as espécies observadas neste estudo cerca de 27% são classificadas como
potencialmente danosas pela literatura, destacando-se o gênero Chaetoceros, associadas
a danos mecânicos às brânquias de organismos filtradores, além de Coscinodiscus
concinnus, C. centralis e Cylindrotheca closterium, por exemplo, que são apontadas
como produtoras de polissacarídeos capazes de bloquear as brânquias de peixes e
moluscos, comprometendo a respiração e/ou alimentação.
Não foi observada a presença de espécies comprovadamente tóxicas em
nenhuma das áreas, no entanto, foram identificadas sete espécies pertencentes aos
gêneros Dinophysis (D. acuminata e D. caudata), Prorocentrum (P. compressum, P.
micans, P. sigmoides), Pseudo-nitzschia (Pseudo-nitzschia sp. – complexo
54
delicatissima), e Anabaena (Anabaena sp.) apontadas como potencialmente tóxicas pela
literatura, ocorrendo em baixas densidades (<70cél.L-1) e frequências acessórias ou
acidentais ao longo do estudo. Com exceção de Anabaena sp. que foi uma espécie
constante nos três pontos de coleta (Tab. 6).
Tabela 6 – Lista de espécies com as respectivas frequências de ocorrências e a classificação em termos de seu potencial nocivo e/ou tóxico nos três pontos de coleta (Ilha do Conduru, Ilha Grande e Ilha de Tanques) de abril/2010 a março/2011 na Baía de Camamu, Bahia.
Táxons Frequência Nocividade/Toxicidade
BACILLARIOPHYCEAE
Amphora sp. AC
Asterionellopsis glacialis A Injúrias mecânicas1
Bacillaria paxillifer A
Bacteriastrum delicatulum C
Bacteriastrum hyalinum C
Bacteriastrum hyalinum var. princeps A
Bellerochea horologicales AC
Cerataulina pelagica A Injúrias mecânicas2;3
Chaetoceros affinis AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros coarctatus AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros compressus C Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros costatus A Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros curvisetus AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros danicus AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros decipiens C Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros denticulatum AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros laciniosus AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros peruvianus A Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros simplex AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros sp. AC Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros subtilis A Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros subtilis var. abnormis C Injúrias mecânicas2;4
Chaetoceros vistulae AC Injúrias mecânicas2;4
Corethron criophilum C
Coscinodiscus centralis C Produção de muco; Injúrias mecânicas2;5
Coscinodiscus concinnus C Produção de muco; Injúrias mecânicas2;5
Cyclotela sp. A
Cylindroteca closterium C Produção de muco; Injúrias mecânicas2;5
Diatomácea penada sp.1 AC
Diatomácea penada sp. 2 AC
55
Táxons Frequência Nocividade/Toxicidade
Diatomácea penada sp. 3 AC
Diatomácea penada sp. 4 AC
Diatomácea penada sp. 5 AC
Diatomácea penada sp. 6 A
Entomoneis alata A
Grammatophora marina AC
Guinardia flaccida A
Guinardia striata C
Gyrosigma balticum C
Gyrosigma littorale C
Hemialus membranaceus A
Isthmia enervis AC
Leptocylindrus danicus A
Melosira moniliformis AC
Meuniera membranacea C
Navicula sp. AC
Nitzschia bilobata C
Nitzschia longissima C
Nitzschia morfot. Nitzschiela C
Nitzschia sigma AC
Odontella mobiliensis AC
Odontella sinensis C
Palmerina hardmaniana AC
Paralia sulcata C
Pleurosigma directum AC
Pleurosigma normanii AC
Proboscia alata AC
Pseudo-nitzschia spp. (complexo delicatissima) A Potencialmente tóxica2;5
Rhizosolenia calcar-avis AC Injúrias mecânicas4
Rhizosolenia decipiens C Injúrias mecânicas4
Rhizosolenia imbricata C Injúrias mecânicas4
Rhizosolenia robusta A Injúrias mecânicas4
Rhizosolenia setigera A Injúrias mecânicas4
Surirella febigerii AC
Surirella gemma A
Thalassionema nitzschioides C
Triceratium favus A
Triceratium favus var. quadrata AC
DINOPHYCEAE
Neoceratium fusus AC
Neoceratium hircus A
Neoceratium lineatum AC
Neoceratium trichoceros C
56
Táxons Frequência Nocividade/Toxicidade
Dinophysis acuminata A Potencialmente tóxica2;6
Dinophysis caudata AC Potencialmente tóxica2;7
Gonyaulax verior AC
Prorocentrum compressum AC Potencialmente tóxica6
Prorocentrum micans A Potencialmente tóxica6
Prorocentrum sigmoides AC Potencialmente tóxica6
Protoperidinium abei AC
Protoperidinium conicum AC
DICTYOCHOPHYCEAE
Dictyocha fibula A
CIANOBACTÉRIAS
Anabaena sp. C Potencialmente tóxica8
Lyngbya sp. AC
Merismopedia sp. AC
Trichodesmium thiebautii A
1 ODEBRECHT et al. (2002); 2FERRARIO et al. (2002); 3HASLE; FRYXELL (1995); 4SUNESEN et al. (2008); 5FRYXELL; VILLAC (1999); 6HALLEGRAEFF (2003); 7PROENÇA et al. (1999); 8AZEVEDO (1998).
57
5. DISCUSSÃO
5.1. Variáveis ambientais
A dinâmica nas regiões estuarinas, seus padrões de circulação e os intensos
processos de mistura das águas fluviais e oceânicas, são fatores que modulam os aportes
de nutrientes, possibilitando a manutenção da produtividade e biomassa nesses
ambientes (ATTRILL; RUNDLE, 2002; MIRANDA et al., 2002). Segundo Tundisi e
Tundisi (1976), a pluviosidade é um dos principais fatores que atua condicionando os
parâmetros hidrológicos e biológicos nos estuários, influenciado direta ou indiretamente
a salinidade, a concentração de nutrientes e a biomassa fitoplanctônica.
Na Baía de Camamu, observou-se a interferência dos períodos de maior
pluviosidade na dinâmica da transparência, salinidade e concentração de nutrientes nos
pontos de coleta. Embora, o volume de chuvas registrado no período de estudo (1540
mm/ano) tenha sido inferior à média de precipitação pluviométrica para o município de
Camamu (2570 mm/ano) de acordo com os dados da SUDENE/ANA (2005).
Em ambientes estuarinos, o padrão de profundidade da coluna d’água é
determinado pelo regime de marés (e.g. GREGO et al., 2009). Embora, no presente
trabalho, as coletas não tenham sido realizadas considerando este parâmetro, é provável
que os movimentos de maré tenham influenciado de forma diferente a altura da coluna
d’água nas três áreas de estudo, justificando as menores profundidades da Ilha de
Tanques, ponto localizado mais internamente na baía quando comparado aos outros dois
(Ilha do Conduru e Ilha Grande).
As maiores transparências observadas na Ilha Grande estiveram associadas ao
aporte direto das águas oceânicas, uma vez que este ponto está localizado na entrada da
baía. Área sob maior influência da Corrente do Brasil (com predomínio da Água
Tropical), caracteristicamente oligotrófica, que flui durante todo o ano ao longo do
estado da Bahia (SIGNORINI et al., 1989).
Da mesma forma justificam-se as maiores salinidades apresentadas na Ilha
Grande, cujas águas mais salinas refletiram a maior contribuição da Água Tropical, na
boca e no canal principal (de maior profundidade) da baía, significativamente diferente
da salinidade observada na Ilha de Tanques, sob maior influência das águas do Rio
Maraú, que apresenta descargas médias de 11,20m3s-1, no período seco e de 12,13m3s-
1no período chuvoso (AMORIM, 2005).
58
Nesta região, as variações de temperatura da água do mar são muito mais
decorrentes das variações de temperatura do ar, do que da influência do aporte de
massas de águas frias. Portanto, a pequena amplitude de variação da temperatura da
água observada foi decorrente da pequena variação da temperatura do ar ao longo do
ano (região tropical); com temperaturas pouco mais elevadas nos meses de verão
(outubro a dezembro) e pouco mais baixas no período de inverno (junho e setembro).
As concentrações de nutrientes detectadas nas áreas de estudo da Baía de
Camamu (Apêndice I), especialmente no que diz respeito aos teores de nitrogênio e
fósforo totais, enquadram essas águas como oligotróficas, de acordo com os parâmetros
adotados por Silva (2000), que sugere valores <160µg.L-1 para o nitrogênio e <50µg.L-1
para o fósforo, como concentrações limites destes elementos para essa classe de estado
trófico.
Comparando-se as concentrações de nutrientes registradas no presente estudo,
com o apresentado por trabalhos realizados em outras regiões estuarinas, observa-se que
os teores de nitrito, nitrato, amônio, fosfato e silicato observados na Baía de Camamu
foram semelhantes ao observado em outras áreas oligotróficas (Tab. 7).
Tabela 7 - Comparação entre as concentrações dos nutrientes dissolvidos registrados no presente trabalho e outros ambientes estuarinos.
Golfão maranhense
(MA)1 Ariquindá
(PE)2 Formoso
(PE)3 Sepetiba
(RJ)4
Cachoeira
(BA)5 Camamu
(BA)6 Nitrito 0,01-0,25 n.d.*-0,13 n.d.*-0,48 0,2-1,1 n.d.*-3,2 <0,05**-0,53 Nitrato 0,24-3,53 n.d.*-2,32 n.d.*-6,30 1,4-2,6 n.d.*-15,6 <0,05**-2,75 Fosfato 0,13-0,58 0,03-1,33 n.d.*-0,77 0,2-1,0 0,3–13,5 <0,04**-2,65 Silicato *** 6,05-106,02 7,14*-75,63 *** 2,2–96,9 <1**-9,53 Amônio 0,02-26,45 *** *** 0,7-4,1 n.d.*-14,5 <0,3**-11,86
1AZEVEDO (2008); 2GREGO et al. (2009); 3SILVA (2009); 4CASTELAR et al.(2009); 5SILVA (2007); 6TRABALHO ATUAL. *não detectado; **valor mínimo de detecção do método; ***não analisado.
As concentrações mais elevadas de silicato detectadas no mês de abril foram,
provavelmente, decorrentes das fortes chuvas observadas nos cinco dias precedentes à
coleta (72,95mm), considerando que, segundo Noriega et al. (2005), este nutriente
inorgânico tem origem predominantemente continental, o que explicaria o maior aporte
observado.
59
Em relação ao fosfato, as maiores concentrações ocorreram no período mais frio,
com águas mais transparentes e salinas devido à forte influência da Água Tropical (Fig.
10). Neste período, o principal aporte de fosfato parece associado ao revolvimento do
fundo pelos ventos mais intensos disponibilizando o fosfato na coluna de água
decorrente dos processos de remineralização do sedimento.
O nitrogênio amoniacal representou a maior parcela do nitrogênio total, seguido
pelo nitrato e nitrito. Em geral, é este o padrão encontrado na maioria das regiões
estuarinas próximas a manguezais, regiões com valores de amônio elevados decorrentes
da remineralização da matéria orgânica, que libera este nutriente no meio. Em áreas
com cultivos confinados, concentrações de amônio podem ser ainda mais elevadas, em
função da maior densidade de organismos por área (PEREIRA FILHO et al., 2003;
FREITAS et al., 2008).
As maiores concentrações de nitrato foram observadas no período chuvoso
oriundos do maior aporte fluvial, explicando a diferença significativa para a
concentração deste nutriente entre os períodos seco e chuvoso. Esta forma nitrogenada
representa uma fonte de nitrogênio novo no sistema, uma vez que o nitrato é oriundo ou
da camada abaixo da zona eufótica ou de aporte terrestre carreado pela descarga dos rios
(DUGDALE; GOERING, 1976).
O nitrito é uma forma intermediária nos processos de nitrificação e
denitrificação, portando resultante do metabolismo biológico de bactérias. As maiores
disponibilidades deste nutriente na coluna d’água (julho e agosto) parecem associadas à
ação de ventos intensos (observados empiricamente durante as coletas) provocando o
revolvimento do fundo, aumentando a reciclagem do nitrogênio no sistema.
5.2. Fitoplâncton
5.2.1. Biomassa clorofiliana
A concentração de clorofila é uma estimativa da biomassa fitoplanctônica e é
considerada uma variável indicativa da resposta do fitoplâncton às condições da água,
que pode refletir o estado trófico do meio (BASTOS et al., 2005).
As concentrações de clorofila-a observadas na Baía de Camamu são típicas de
regiões oligotróficas. O predomínio do nanoplâncton indica ser esta a fração
responsável pela maior parte da produtividade primária, como ocorre geralmente em
60
ambientes oceânicos e costeiros oligotróficos (RILEY, 1967; BRANDINI, 1988;
BERGESCH et al., 2008). De maneira geral, os valores mais elevados foram
observados na Ilha do Conduru seguida da Ilha de Tanques, áreas ligeiramente mais
ricas em nutrientes, apresentando menores transparências. Este fato deve-se,
provavelmente, ao maior aporte fluvial e revolvimento de fundo, mais intensos nas áreas
mais internas da baía, que recebem mais diretamente os aportes de águas dos rios
adjacentes.
5.2.2. Densidade do fitoplâncton
Na Baía de Camamu, o fitoplâncton foi dominado pelos nanoflagelados (>95%).
Tipicamente as células nanoplanctônicas são as mais abundantes em ambientes
oligotróficos por apresentarem um crescimento mais rápido (MEDEIROS et al., 1999;
BERGESCH et al., 2008), considerando que as células esféricas pequenas são
metabolicamente mais ativas, absorvem e utilizam mais rapidamente os nutrientes e se
reproduzem mais rápido do que as grandes (REYNOLDS 2006; BRASIL; HUSZAR,
2011). O que representa uma vantagem na competição em áreas mais pobres em
nutrientes, onde são sustentados principalmente por processos de reciclagem
(ODEBRECHT; DJURFELDT, 1996; IRWIN et al., 2006).
As diatomáceas foram o único grupo do nanoplâncton que apresentaram
diferenças significativas entre os períodos de seca e chuva. Representaram em média
5,17% (±3,9) da densidade total do fitoplâncton (sem considerar as diferentes frações de
tamanho). Entretanto, quando separadas por tamanho, observou-se que o maior número
de células de diatomáceas (<20µm) ocorreu no período chuvoso (janeiro a março).
Provavelmente esse aumento foi decorrente de uma maior disponibilidade de nutrientes
neste período, considerando que, de maneira geral, as diatomáceas nanoplanctônicas
são, predominantemente, r-estrategista, sendo as primeiras a responder a uma entrada de
nutrientes externo ao sistema (MARGALEF, 1960).
A densidade celular da comunidade fitoplanctônica nas áreas de estudo da Baía
Camamu (5,55 x 105 a 1,73 x 106cél.L-1) foi semelhante à observada por Silva-Cunha et
al. (1989) para o estuário Rio Timbó – PE (6,22 x 104 a 3,58 x 106 cél.L-1), onde as
frações nanoplanctônicas também foram predominantes (99%). O predomínio do
nanoplâncton também foi observado por Leão (2004), para o fitoplâncton do estuário do
Rio Igarassu – PE, onde foram registradas densidades variando entre 2,59 x 10 a 7,99 x
61
103cél.L-1 (baixa-mar) e 4,73 x 10 a 8,58 x 103cél.L-1 (preamar) sempre inferiores aos
observados neste estudo. Segundo o autor, no estuário do rio Igarassu a influência do
regime de marés foi observada como um dos importantes fatores, promovendo
alterações na composição da comunidade fitoplanctônica.
Na Baía de Guanabara - RJ, Santos et al. (2007), estudando os grupos
nanoplanctônicos e de bactérias filamentosas, detectaram valores de densidade para o
nanoplâncton entre 3,87 x 107 a 3,2 x 108cél.L-1 e 1,3 x 108 a 4,0 x 109cél.L-1 em duas
diferentes áreas de amostragem, onde as cianobactérias (Synechocystis sp.) e
diatomáceas (Skeletonema spp.) foram os táxons mais abundantes. As densidades
superiores às observadas na Baía de Camamu podem ser decorrentes da maior
eutrofização na Baía de Guanabara, uma área conhecida pelos graves problemas de
poluição causados pelas descargas de esgoto e lixo industrial em suas águas.
Considerando-se ainda que, o maior número de células das diatomáceas na referida área,
ocorreu no período chuvoso, provavelmente em resposta ao maior enriquecimento do
sistema (SANTOS et al., 2007).
As densidades celulares do microfitoplâncton observadas na Baía de Camamu
(5,55 x 105 a 1,73 x 106cél.L-1), foram superiores àquelas apresentadas por Ferreira
(2011) (1,05 x 102 e 2,4 x 103 cél.L-1) para esta mesma fração de tamanho, avaliando o
impacto das atividades de dragagem sobre o fitoplâncton no porto de Aratu (Baía de
Todos os Santos-BA). Segundo o autor, a maior densidade citada foi observada após a
atividade de dragagem, o que poderia ter estimulado um enriquecimento de fósforo na
área.
Durante os meses chuvosos observou-se um incremento nas densidades do
microfitoplâncton, provavelmente em decorrência da resposta desta fração do
fitoplâncton ao maior aporte de nutrientes nesse período.
O aumento significativo das densidades de cianobactérias observado durante o
período de chuvas, conforme Murrel; Lores (2004) de uma forma geral, diz respeito à
preferência desse grupo por águas menos salinas. Ao passo que a ocorrência do
silicoflagelado Dictyocha fíbula (classe Dictyochophyceae) na Baía de Camamu foi
restrita ao período seco. De acordo com Sournia (1986), os silicoflagelados são
exclusivamente marinhos e cosmopolitas, encontrados, às vezes, em águas costeiras. No
período seco a influência marinha na Baía de Camamu é mais pronunciada em
detrimento às menores descargas fluviais, possibilitando salinidades elevadas.
62
5.2.3. Biomassa fitoplanctônica em termos de carbono
As estimativas de biomassa (a partir do cálculo de volume celular e sua posterior
conversão em carbono) têm sido cada vez mais adotadas em estudos da comunidade
fitoplanctônica. Isto porque, um elevado número de espécies pequenas, muitas vezes,
contribui menos para a biomassa total, do que um pequeno número de espécies de maior
porte (SMAYDA, 1989; WETZEL; LIKENS, 1991).
Na Baía de Camamu, a biomassa em termos de carbono da fração
nanoplanctônica variou de 52 a 82% da biomassa total do fitoplâncton e o
microfitoplâncton contribui em média com 27 a 47%. Sendo este último, representado
especialmente pelas diatomáceas, com contribuições que variaram de 11 a 43% do total
do microfitoplâncton.
Nos meses de maio e dezembro, quando a contribuição de biomassa em termos
de carbono do microfitoplâncton correspondeu a mais de 70% da biomassa da
comunidade fitoplanctônica, as diatomáceas (>20µm) foram o grupo de maior
contribuição (32%±12%) para a biomassa total do fitoplâncton. Observou-se que as
maiores biomassas em termos de carbono das diatomáceas microfitoplanctônicas
estiveram associadas aos períodos de maiores pluviosidades e concentrações mais
elevadas de nitrato e silicato no meio.
Valores inferiores aos detectados na Baia de Camamu foram registrados em um
trabalho realizado no Banco de Abrolhos, região que apresenta níveis de biomassa
característicos de ambientes oligotróficos, quando Susini-Ribeiro (1996) observou que o
nanoplâncton contribuiu com 33% e o microfitoplâncton com apenas 3% da biomassa
em termos de carbono do fitoplâncton (os outros 64% da biomassa corresponderam à
fração picoplanctônica). Estudando a costa central do Brasil, Cupelo (2000) detectou
valores de biomassa de carbono entre 3,84 x 106 e 3,85 x 106pgC.céls-1 para o
nanoplâncton e de 4,68 x 104 e 1,21 x 105pgC.céls-1, para o microfitoplâncton. Na costa
central da Bahia, o nanoplâncton contribuiu com valores médios de 35% para a
biomassa, sendo a fração mais representativa apenas em 20% das estações amostradas
(a maior contribuição coube às células picoplanctônicas). O microfitoplâncton
representou menos de 2% da biomassa total, refletindo um padrão geral para os
ambientes oligotróficos.
O fitoplâncton é um fator determinante da produtividade dos cultivos,
correspondendo ao item mais importante na alimentação das fases larvais e juvenis dos
63
filtradores (SIPAÚBA-TAVARES; ROCHA, 2003). Sua disponibilidade no meio
influencia diretamente o crescimento dos moluscos (WAKAMATSU, 1975;
NEWKIRK; FIELD, 1990).
Pauw e Persoone (1988), em uma revisão sobre o uso do fitoplâncton para a
alimentação de espécies comercialmente importantes, ressaltaram que algumas
microalgas são inadequadas para a aquicultura, não sendo digeridas pelos moluscos por
apresentarem paredes celulares muito espessas. Por outro lado, embora não seja um
fator essencial na dieta dos moluscos, algumas substâncias produzidas por determinadas
espécies do fitoplâncton podem aumentar a sobrevivência das larvas além de atuar como
agente bactericida no meio.
Segundo Browitzka e Browitzka (1988), algumas espécies de nanoflagelados são
produtoras de óleos ricos em ácidos graxos essenciais que podem atuar controlando uma
gama de funções fisiológicas e metabólicas nos consumidores. Por exemplo, alguns
flagelados pertencentes ao grupo das Prasinophyceae, ricos em β-caroteno, são
cultivados como fonte potencial de alimento para cultivos. A identificação específica
dos nanoflagelados é praticamente impossível durante as contagens, em microscopia
ótica. Entretanto, este grupo de flagelados, por possuir algumas características típicas,
como tamanho e forma da célula, assim como número, forma e comprimento dos
flagelos, permite uma estimativa do grupo como um todo. Na Baía de Camamu, a
estimativa de densidade das prasinofíceas variou de 3,77 x 103 a 6,04 x 104 cél.L-1, ao
longo de todo o período de estudo, indicando uma possível fonte deste componente para
as ostras.
A densidade do fitoplâncton nas áreas de cultivo de ostras na Baía de Camamu
foi superior à observada por Schaeffer (2007), para uma área de malacocultura em
Anchieta – ES, com densidades variando de 6 X 103 a 2,7 X 105 cél.L-1, o que pode ser
um indicativo do potencial para a ostreicultura na Baía de Camamu quando comparada
a esta área de cultivo.
No trabalho que acompanhou o desenvolvimento dos indivíduos de Crassostrea
rhizophorae (julho/2009 e julho/2010) nas áreas de cultivo da Baía de Camamu, Santos
(2011) verificou que a taxa de crescimento das ostras nesta região foi inferior às
relatadas para outros cultivos. Apesar de baixa, a taxa de crescimento destes organismos
foi constante durante o estudo, não apresentando grandes variações ao longo do ano
nem entre as três áreas de cultivo, e ainda de acordo com o autor, a salinidade elevada
64
da baía foi apontada como uma das possíveis causas da pequena taxa de crescimento
relatada.
Como a Baía de Camamu está localizada em uma região tropical, portanto, não
apresentando estações do ano bem demarcadas, a comunidade fitoplâncton também não
apresenta modificações expressivas na sua estrutura (abundância e composição)
sazonalmente, como ocorre nas regiões subtropicais e temperadas. Durante todo o
período estudado, o fitoplâncton foi dominado pelos flagelados nanoplanctônicos e
somente em dois pontos específicos houve um predomínio de diatomáceas, as quais
respondem mais rapidamente à introdução de nutriente externo (aporte pluvial e fluvial).
Portanto, parece que o lento e contínuo crescimento das ostras Crassostrea rhizophorae
na Baía de Camamu foi sustentado pela biomassa de organismos nanoplanctônicos,
principalmente, dos flagelados.
5.2.4. Assembléia microfitoplanctônica
A assembléia microfitoplanctônica nas áreas de estudo da Baía de Camamu
esteve representada predominantemente por espécies típicas de ambientes marinhos,
evidenciando o grande aporte de água do mar adentrando a baía, ao longo de todo o
período estudado.
A maior riqueza da classe Bacillariophyceae no microfitoplâncton detectada no
presente estudo corresponde a um padrão comumente encontrado para os ambientes
marinhos e estuarinos da costa brasileira (PROCOPIAK et al., 2006; MAGALHÃES;
BARBOSA, 2008).
Trabalhos realizados em outros estuários no Brasil (FEITOSA et al., 1999;
KOENING et al, 2002; LACERDA et al., 2004; SANTIAGO et al., 2004; ROSEVEL et
al., 2005; LEÃO et al., 2008; SILVA et al., 2009) destacaram a ocorrência das espécies
Thalassionema nitzschoides, Coscinodiscus centralis e do gênero Chaetoceros como
indicadores da influência marinha, de acordo com Brandini (1988). Estes mesmos
táxons foram constantes nas áreas de estudo da Baía de Camamu.
A ocorrência na coluna de água das espécies ticoplanctônicas Cylindroteca
closterium, Nitzschia sigma e Asterionellopsis glaciallis, geralmente, está associada a
eventos de ressuspensão de células do sedimento (ODEBRECHT et al., 2002;
GAMEIRO et al., 2004). Estas mesmas espécies foram detectadas nas três áreas de
65
estudo, e a maior frequência da espécie Cylindroteca closterium ocorreu em períodos de
coleta onde foram observados fortes ventos.
Os índices de diversidade observados no presente estudo (3,6 a 5,0bits.cél-1)
foram superiores aos observados por Leão et al. (2008) e Silva et al. (2009),
respectivamente, em trabalhos realizados nos estuários do Rio Igarassu (0,25 a
4,07bits.cél-1) e do Rio Formoso (1,11 a 3,64 bits.cél-1), ambos localizados no estado de
Pernambuco. Valores de diversidade também inferiores (1,20 e 3,95bits.cél-1) aos
detectados para a Baía de Camamu, foram apresentados por Magalhães; Barbosa (2008)
para a Baía de Todos os Santos.
As diversidades obtidas são típicas de águas oligotróficas caracteristicamente
oceânicas ou de comunidades costeiras em etapas mais avançadas de sucessão, onde,
segundo Margalef (1978), encontram-se, comumente, índices de diversidades entre 3,5 e
4,5bits.cél-1, maiores do que os registrados geralmente em áreas estuarinas (1,0 e
2,0bits.cel-1).
A distribuição equitativa das espécies microfitoplanctônicas ao longo do estudo
indicou que não ocorreram episódios de dominância de uma ou poucas espécies em
nenhuma das áreas estudadas.
5.2.5. Espécies potencialmente danosas ou tóxicas
O predomínio de diatomáceas na assembléia microfitoplanctônica como
observado nas áreas de cultivo da Baía de Camamu é um fator de acentuada relevância
levando-se em conta que as diatomáceas são apontadas por Horner et al. (1997) como o
grupo responsável pelos principais danos à organismos economicamente cultivados, tais
como as ostras.
O gênero Chaetoceros foi o que apresentou a maior riqueza neste estudo,
composto em sua maioria por espécies que apresentam setas pontiagudas e espinhos
serrilhados, largamente apontadas pela literatura como causadoras de danos mecânicos
às brânquias de moluscos quando ocorrem em grandes densidades no meio
(PROCOPIAK et al., 2006).
As espécies Cerataulina pelagica, Coscinodiscus concinnus, C. centralis e
Cylindrothyeca closterium são produtoras de mucopolissacarídeos que podem alterar as
características reológicas da água e, quando em altas concentrações, tornam o meio
anóxico além de poderem bloquear as brânquias de peixes e moluscos, comprometendo
66
a respiração e/ou alimentação destes organismos (FERRARIO et al., 2002). Estas
espécies, apesar de presentes, foram observadas sempre em baixas densidades e
frequências acessórias nas áreas de cultivo.
As toxinas produzidas pelas microalgas marinhas são responsáveis por mais de
60.000 incidentes de intoxicação no mundo por ano, provocando mortalidade de
mariscos em cerca de 1,5% dos casos (DOLAH, 2000). A maior parte das toxinas em
ambientes costeiros marinhos é produzida principalmente por dinoflagelados e
diatomáceas (HALLEGRAEFF, 2003).
Cinco espécies de dinoflagelados observadas neste estudo (Dinophysis
acuminata, D. caudata, Prorocentrum compressum, P. micans e P. sigmoides) têm sido
associadas a episódios de toxicidade pelo mundo.
A espécie marinha Dinophysis acuminata é produtora do ácido ocadaico
(CEMBELLA, 1989; LEE et al., 1989), e já esteve associada a eventos de
envenenamento diarréico por molusco (DSP), podendo causar toxicidade em
concentrações muito baixas de células (aproximadamente 200cél/L) (LASSUS et al.,
1985). No complexo estuarino de Paranaguá, Mafra et al. (2006) propôs que devido ao
seu alto potencial tóxico, a simples presença de D. acuminata já representaria risco
potencial para a área.
Dinophysis caudata apresenta ampla distribuição em águas tropicais e
subtropicais. Esta espécie pode formar marés vermelhas e tem sido responsável por
grande mortalidade de peixes no Japão (OKAICHI, 1967), entretanto seu potencial
tóxico ainda é pouco analisado (LARSEN; MOESTRUP, 1992).
Em 1991 no estado de Santa Catarina, episódios de intoxicações foram
associados à sintomatologia de DSP após a ingestão de moluscos, coletados em uma
área onde foi identificada a presença de Dinophysis sp. em grande abundância na água.
A toxicidade dos moluscos foi confirmada por meio de bioensaios em camundongos
(ZENEBON; PREGNOLATTO, 1992).
Entre as espécies potencialmente tóxicas do gênero Prorocentrum, P.
compressum é conhecida como formadora de marés vermelhas, já tendo sido apontada
como produtora de toxinas que acometem, especialmente, crustáceos (KENNEDY,
2009).
A espécie P. micans, comumente encontrado em águas neríticas e estuarinas,
pode formar extensas marés vermelhas (DODGE; HART-JONES, 1982; FUKUYO et
al., 1989). Há relatos da presença desta espécie como promotora de envenenamento
67
paralisante por molusco (PSP) em Portugal (PINTO; SILVA, 1956) e na África do Sul
(HORSTMAN, 1980), além de incidentes envolvendo a mortalidade de moluscos
atribuídos à depleção de oxigênio provocada pela sua proliferação maciça no meio
(LASSUS, 1988). Esta espécie pode também excretar substâncias que inibem o
crescimento de diatomáceas, mas que, aparentemente, não entram na cadeia alimentar
(UCHIDA, 1977).
A terceira espécie do gênero, Prorocentrum sigmoides, apresenta ampla
distribuição em águas tropicais e subtropicais. Esta espécie tem sido identificada em
episódios de maré vermelha, especialmente em águas abrigadas como baías, como
agente causador de grandes mortandades de animais marinhos na China, embora,
Steidinger (1983) e Cohen- Fernandez et al. (2006), afirmem não se tratar de uma
espécie tóxica.
Algumas espécies de Pseudo-nitzschia produzem ácido domóico, uma
neurotoxina que atua diretamente no sistema nervoso central (ADAMS et al., 2009),
causando o chamado o envenenamento amnésico por molusco (ASP). O ácido domóico
pode ser acumulado nos tecidos dos animais filtradores, capazes de acumular
concentrações elevadas desta toxina (LEFEBVRE et al., 2001; LEFEBVRE et al., 2002;
NOGUEIRA et al., 2010).
A simples presença de espécies do gênero Pseudo-nitzschia em baixas
densidades não representa uma ameaça, por tratar-se de um grupo bastante comum em
águas marinhas e costeiras. Alves et al. (2010) relataram a presença de quatro espécies
do gênero Pseudo-nitzschia em altas frequências (>94%) e elevadas densidades (80 x
103 cél.L-1) em áreas de cultivo de moluscos em Florianópolis – SC, diferente do
observado na Baía de Camamu, ressaltando-se, entretanto, que um aprofundamento na
identificação deste grupo nas áreas de cultivo é recomendável.
O gênero Anabaena, comum em águas doces, apresenta algumas espécies
produtoras de neurotoxinas que atuam no sistema nervoso, podendo provocar a morte de
animais intoxicados por parada respiratória (AZEVEDO, 1998). Entretanto, este gênero
é pouco representado em águas com salinidades elevadas como as da Baía de Camamu.
As condições ambientais que condicionam proliferações de algas tóxicas não são
bem conhecidas e as condições ideais são diferentes para cada espécie (DOLAH, 2000).
Na maricultura na Baía de Camamu, especialmente por se tratar de áreas de criação de
ostras confinadas em um ambiente abrigado, uma eventual floração de algas tóxicas
68
poderá comprometer a produção local e, em maiores proporções, atingir outros
organismos da cadeia trófica, inclusive o homem.
Embora não tenha sido observada a presença de espécies comprovadamente
tóxicas em nenhuma das áreas estudadas, tem particular relevância o delineamento de
um programa de monitoramento da comunidade fitoplanctônica e das variáveis
abióticas, possibilitando a detecção e prevenção de possíveis danos, antes que eles
ocorram. Recomenda-se ainda um aprofundamento na identificação das espécies
pertencentes aos gêneros comumente descritos na literatura como potencialmente
tóxicos.
69
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O caráter oligotrófico da Baía de Camamu, evidenciado pelas baixas
concentrações de nutrientes e clorofila-a, bem como pelo predomínio das frações
nanoplanctônicas nas três áreas de coleta, é decorrente da forte influência da Água
Tropical que penetra pela grande abertura de foz, condicionando os elevados valores de
temperatura e salinidade registrados ao longo do estudo.
O domínio do nanoplâncton pelos flagelados e a pequena contribuição do
microfitoplâncton (tanto em termos de densidade como em termos de biomassa de
carbono), aliada à elevada diversidade desta última fração, revelaram uma comunidade
fitoplanctônica tipicamente de áreas oligotróficas.
A estrutura da comunidade fitoplanctônica estudada, assim como os resultados
de investigações anteriores sobre as condições sanitárias (e.g. coliformes e metais
pesados) das áreas de cultivo revelam um baixo impacto antrópico na região. Sugerindo
desta forma que a Baía de Camamu é um ambiente com potencial positivo para o
desenvolvimento da ostreicultura, apesar dos organismos cultivados apresentarem uma
taxa de crescimento mais lento, quando comparada a outras regiões mais produtivas.
Mesmo tendo sido detectados a presença de gêneros potencialmente tóxicos nas
áreas de cultivo, considerando as baixas frequências e densidades em que ocorreram,
estes não representaram riscos iminentes de comprometimento para a ostreicultura na
baía ao longo do estudo. Deve-se considerar, entretanto, que por se tratar de áreas de
criação de ostras em ambiente abrigado, é imprescindível o delineamento de um
programa de monitoramento simples e capaz de detectar possíveis florações (e seus
danos), antes que elas ocorram.
O refinamento das pesquisas visando identificação das espécies fitoplanctônicas
pertencentes aos gêneros comumente descritos na literatura como potencialmente
tóxicas ou danosas é recomendado.
70
7. REFERÊNCIAS
ADAMS, A. L.; DOUCETTE, T. A.; JAMES, R.; RYAN, C. L. Persistent changes in learning and memory in rats following neonatal treatment with domoic acid. Physiology & Behavior, v. 96, p. 505-512, 2009. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA), 2005. Disponível em: http://www.ana.gov.br. Acesso em 15 out. 2010. ALVES, T. P.; SCHRAMM, M. A.; TAMANAHA; M. S. PROENÇA, L. A. O. Implementação e avaliação do monitoramento de algas nocivas e de ficotoxinas em um cultivo de moluscos em Florianópolis-SC. Atlântica, Rio Grande, v. 32, n. 1, p.71-77, 2010. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Control of communicable diseases manual. Washington: 1995. 1155 p. AMORIM. F. N. Caracterização oceanográfica da Baía de Camamu e adjacências e mapeamento das áreas de risco a derrames de óleo. 2005. 117f. Dissertação (Mestrado em Geologia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2005. AMORIM. F. N.; CIRANO, M.; SOARES, I. D.; LENTINI, C. A. D. Coastal and shelf circulation in the vicinity of Camamu Bay (14°S), Eastern Brazilian Shelf. Continental Shelf Research n. 31, p. 108–119, 2011. ANDERSON, D. M.; GLIBERT, P. M.; BURKHOLDER, J. M. Harmful algal blooms and eutrophication: nutrient sources, composition and consequences. Estuaries, n. 4b, p. 704–726p, 2002. ARAÚJO, H. A.; RODRIGUES, R. S. Regiões características do estado da Bahia para previsão de tempo e clima. Secretaria de Infra Estrutura (SEINFRA). Superintendência de Recursos Hídricos (SRH). Gerência de Estudos e Informações (GEREI), Salvador: 2000. 13p. ARGÔLO, N.; CARMEL, A. Sistema Estadual de Informações Ambientais da Bahia, 2007. Assessoria de Comunicação Social, Centro de Recursos Ambientais (ASCOM/CRA). Disponível em: http://www.seia.ba.gov/notícias.cfm?idnoticia=3266. Acesso em 15 jun. 2010. ATTRILL, M. J.; RUNDLE, S. D. Ecotone or ecocline: ecological boundaries in estuaries. Estuarine, Coastal and Shelf Science. v. 55, p. 929-936, 2002. AZEVEDO, S. M. F. O. Toxinas de cianobactérias: causas e consequências para a saúde pública. MED ON LINE - Revista Virtual de Medicina, v.1, n. 3, p1-16, 1998. Disponível em: http://www.medonline.com.br Acesso em 15 out. 2010.
71
AZEVEDO, A. C. G.; FEITOSA, F. A. N.; KOENING, M. L.Distribuição espacial e temporal da biomassa fitoplanctônica e variáveis ambientais no Golfão Maranhense, Brasil. Acta bot. bras. v. 22, n. 3, p.870-877. 2008. BALECH, E. Los dinoflagelados dell atlántico sudoccidental. Madri: Instituto Español de Oceanografia, 1988. 219p. (Plublicaciones especiales). BARBIERI, E. O Perigo das biotoxinas marinhas. (As biotoxinas marinhas são causadoras de uma forma de intoxicação associada ao consumo de frutos do mar, principalmente moluscos e crustáceos). Textos técnicos, Instituto de Pesca, p 1-31, 2009. Disponível em: http://www.pesca.sp.gov.br/textos_tecnicos.php. Acesso em 15 ago. 2010. BASTOS, R. B.; FEITOSA, F. A. N.; MUNIZ, K. Variabilidade espaço-temporal da biomassa fitoplanctônica e hidrologia no estuário do rio Una (Pernambuco - Brasil). Tropical Oceanography. n. 33 p. 1-18, 2005. BERGESCH, M.; ODEBRECHT, C.; MOESTRUP, O. Nanoflagellates from coastal waters of southern Brazil (32°S). Botanica Marina n. 51, p. 35-50, 2008. BITTENCOURT, A. C. S. P.; DOMINGUEZ, J. M. L.; MARTIN, L.; SILVA, L. R. Patterns of sediments dispersion coastwise the state of Bahia – Brazil. An. Acad. Bras. Ciências, n. 2, p. 271-287, 2000. BONEY, A. D.Phytoplankton. 2ºed. London: Ed. Edward Arnold, 1989. 118p.
BOROWITZKA, M. A.; BOROWITZKA, L. J. Micro-algal biotechnology. New York: Cambridge University press, v. 2, 1988, 476p. BRANDINI, F. P. Composição e distribuição do fitoplâncton na região Sueste do Brasil e suas relações com as massas de água (Operação Sueste – julho/agosto 1982). Ciência e Cultura, Brasil, v. 4 p. 334-341, 1988. BRASIL, J.; HUSZAR, V. L. O papel dos traços funcionais na ecologia do fitoplâncton continental. Oecologia Australis. v.15, n. 4, p. 799-834, 2011. CASTELAR B.; REIS, R. P.; BASTOS, M. Contribuição ao protocolo de monitoramento ambiental da maricultura de Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty ex P.C. Silva (Areschougiaceae - Rhodophyta) na baía de Sepetiba, RJ, Brasil. Acta Bot. Bras. v. 23, n. 3, p. 613-617. 2009. CEMBELLA, A.D. Occurrence of okadaic acid, a major diarrheic shellfish toxin, in natural populations of Dinophysis spp. from the eastern coast of North America. Journal of Applied Phycology, Canada, v.1 p. 307-310, 1989. CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÃO (C.E.I.). Informações Básicas dos Municípios Baianos. Salvador: 1994, 540p. CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS (CPTEC/INPE), Programa de monitoramento climático em tempo real da região nordeste.
72
Disponível em: http://www6.cptec.inpe.br/proclima2/balanco_hidrico/balancohidrico.shtml. Acesso em 10 dez. 2010. CLEVE-EULER, A. Diatomeen von Schweswn und Finland. Stockholm: Alquimist e Wiksells Boktryckeri, 1955. 232p.
CLOERN, J. E. DUFFORD, R. Phytoplankton community ecology: principles applied in San Francisco Bay. Mar Ecol Prog Ser. California, n. 285: p. 11-28, 2005. COHEN-FERNANDEZ, E. J.; DEL-CASTILLO, E. M.; UGARTE, I. H. S.; PEDROCHE, F. F. Contribution of external morphology in solving a species complex: The case of Prorocentrum micans, Prorocentrum gracile and Prorocentrum sigmoides
(Dinoflagellata) from the Mexican Pacific Coast. Phycological Research, v. 54, p. 330–340, 2006. CUPELO, A. C. G. As frações do pico-, nano-, e microfitoplâncton na profundidade do máximo de clorofila na costa central do Brasil (13,5° - 23° S). 2000. 131f. Dissertação (Mestrado em Ciências) Intituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000. CUPP E. E. Marine Plankton diatoms of the West coast of North America. London: University of California Press,v. 1, 1943. 237p. DAJOZ, R. Ecologia. São Paulo: Vozes, 1973. 472p. DODGE, J. D. Atlas of dinoflagellates. A scanning electron microscope survey. London: Ferrand press, 1985. 119p. DODGE, J. D. HART-JONES, B. Marine Dinoflagellates of the British Isles. London: Stationery Office. 1982. 303p. DOLAH, F. M. V. Marine algal toxins: origins, health effects, and their increased occurrence. Evironmental Health Perspectives, South Carolina: n. 1, p. 133-141. 2000. DUGDALE, R. C.; GOERING, J. J. Uptake of new and regenerated forms of nitrogen in primary productivity. AlasKa: Institute of marine scince, n. 2, 1976. 196p. FALKOWSKI, P. G.; RAVEN, J. A. Aquatic Photosynthesis. Princeton: University Press, 2007. 375p. FEITOSA, F. A. N.; SILVA-CUNHA, M. G. G.; PASSAVANTE, J. Z. O.; NEUMANN-LEITÃO, S.; LINS, I. C. Estrutura do microfitoplâncton no sistema estuarino do rio Goina, Pernambuco, Brasil. Trabalhos Oceanográficos. Recife: v. 27 n. 2 p. 15-25, 1999.
73
FERRARI, G. HABs in the Southwestern Atlantic Ocean. In: CONFERENCE ON HARMFUL ALGAE MANAGEMENT AND MITIGATION, 2001, Quingdao – China, IOC - UNESCO, 2001. p 34-35. FERRARIO, M. E.; SAR, E. A.; SALA, S. E.; Diatomeas potencialmente toxígenas del Cono Sur Americano. In: SAR E. A.; FERRARIO, M. E.; REGUERA, B. (Eds.). Floraciones algales nocivas en el Cono Sur Americano. Madrid: Instituto Español de Oceanografía, 2002. p. 167-194. FERREIRA, A. N. Avaliação do impacto da dragagem sobre a associação fitoplanctônica do porto de Aratu, Baía de Todos os Santos, Bahia. 2011. 73f. Dissertação (Mestrado em Geoquímica Petróleo e Meio Ambiente) - Instituto de Geociências, Universidade Federal das Bahia, Salvador. 2011. FREITAS, U.; NIENCHESKI, L. F. H.; ZARZUR, S.; MANZOLLI, R. P.; VIEIRA, J. P. P.; ROSA, L. C. Influência de um cultivo de camarão sobre o metabolismo bêntico e a qualidade da água. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, n. 3, p. 293–301, 2008. FRYXELL, G. R.; VILLAC, M. C.; Toxic and harmful marine diatoms. In: STOEMER, E. F.; SMOL, J. P. (Eds.). The diatoms: applications for the environmental and earth sciences. Cambridge: University Press, 1999, p. 419-428. FUKUYO, Y.; YOSHIDA, K.; OGATA, T.; ISHIMARU, T.; KODAMA, M.; PHOLPUNTHIN, P.; WISESSANG, S.; PHANICHYAKARN, V.; PIYAKARNCHANA T. Suspected causative dinoflagellates of paralytic shellfish poisoning in the Gulf of Thailand. In: OKACHI, T.; ANDERSON, D. M.; NEMOTO, T. (Eds.). Red Tides: Biology, Environmental Science, and Toxicology. New York: Elsevier, 1989. p. 403-406. GAMEIRO, C.; CARTAXANA, P.; CABRITAS, M. T.; BROTAS, V. Variability in chlorophyll and phytoplankton composition in an estuarine system. Hydrobiologia
Lisboa: v. 525, p. 113-124, 2004. GHOSAL, S.; ROGERS, M.; WRAY, A. The turbulent life of phytoplankton. Proceedings of the Summer Program. Center for Turbulence Research, 2000 p. 31-45. GIANESELLA-GALVÃO, S. M. F.; COSTA, M. P. F.; KUTNER, M. B. B. Bloom of Oscillatoria (Trichodesmium) erythraea (Ehr.) Kutz. in coastal waters of the Southern Atlantic. Publ. Esp. Inst. Oceanogr. São Paulo, v.11, p.133-140, 1995. GOMES, A. E. C. A Baía de Camamu e a Diáspora Africana: Vivências, memórias e a construção da identidade étnica em Porto do Campo. In: XIII Encontro de História Anpuh-Rio – Identidades – Rio de Janeiro, 2008 Resumos Disponível em: http://encontro2008.rj.anpuh.org/site/anaiscomplementares. Acesso em: 15 de jun. 2010. GRASSHOFF, K.; EHRHARDT. M.; KREMLING, K. Methods of Seawater Analysis. Weinheim: Verlag chemie, 1983. 419p.
74
GREGO, C. K. S.; FEITOSA, F. A. N.; SILVA, M. H.; CUNHA, M. G. G. S.; FILHO< G. A. N. Fitoplâncton no ecossistema estuarino do rio Ariquindá (Tamandaré, Pernambuco, Brasil): variáveis ambientais, biomassa e produtividade primária. Atlântica, Rio Grande, v. 31, n. 2, p.183-198, 2009. HALLEGRAEFF, G. M.; ANDERSON, D. M.; CEMBELLA, A. D. Manual on Harmful Marine Microalgae: Monographic Methodologies. Paris: IOC/UNESCO, 1993, 793p. HALLEGRAEFF, G. M. Harmful algal blooms: a global overview. In: HALLEGRAEFF, G. M.; ANDERSON, D. M.; CEMBELLA, A. D. (Eds.), Manual on Harmful Marine Microalgae, Manuals and Guides. Paris: IOC/UNESCO, 2003. p.25-49. HASLE, G. R. H. Using the inverted microscope. In: SOURNIA, A. (Ed.) Phytoplankton manual. Paris: Muséum National d’Histoire Naturelle. UNESCO, 1978, 337p. HASLE, G. R.; FRYXELL, G. A. Taxonomy of diatoms. In: HALLEGRAEFF, G. M.; ANDERSON, D. M.; CEMBELLA, A. D. (Eds.), Manual on Harmful Marine Microalgae, Manuals and Guides. Paris: IOC/UNESCO, 1995. p. 1-22. HERNÁNDEZ-BECERRIL, D. U. A morphological study of Chaetoceros species (Bacillariophyta) from the plankton of the Pacific Ocean of Mexico. Bulletin of National History Museum of London. Londres: v. 26: p. 1-73, 1996. HILLEBRAND, H. D.; DÜRSELEN, C. D.; KIRSCHTEL, D.; PLLINGHER, U.; ZOHARY, T. Biovolume calculation for pelagic and benthic microalgae. Journal of Phycology n. 35, p. 403–424, 1999. HORNER, R. A; GARRISON, D. L.; PLUMLEY, F. G. Harmful algal blooms and red tide problems on the U.S. west coast. Limnology and Oceanography v. 42, n. 5, p. 1076-1088, 1997. HORSTMAN, D.A. Reported red-water outbreaks and their effects on fauna of the west and south coasts of South Africa 1959-1980. Fish. Bull. S. Afr. n. 15: p. 71-88, 1980. IRWIN, A. J.; FINKEL, Z. V.; SCHOFIELD, O. M. E. & FALKOWSKI, P. G. Scaling-up from nutrient physiology to the size-structure of phytoplankton communities. J. Plank. Res., v. 28, p. 459-471, 2006. JEFFREY S.W.; HUMPHREY G. F. New spectrophotometric equations for determining chlorophylls a, b, c1 and c2 in higher plants, algae, and natural phytoplankton. Biochemical and Physiology Pflanzen, n. 167, p. 194-204, 1975. KARLSON, B.; CUSACK, C.; BRESNAN, E.; Microscopic and molecular methods for quantitative phytoplankton analysis. Manuals and Guides. Paris: IOC/UNESCO, 2010, 110p.
75
KENNEDY, M. North-West Atlantic Ocean species (NWARMS). Prorocentrum compressum (Bailey, 1850) Abé ex Dodge, 1975. World Register of Marine Species,
2009. Disponível em: http://www.marinespecies.org/aphia.php Acesso em 07 nov. 2011. KJERFVE, B. Manual for investigation of hydrological processes in mangrove ecosystems. New Dehli: UNESCO/UNDP, 1990, 79p. KOENING, M. L.; ESKINAZI-LEÇA, E.; NEUMANN-LEITÃO, S. Impactos da construção do Porto de Suape sobre a comunidade fitoplanctônica no estuário do rio Ipojuca (Pernambuco- Brasil). Acta Botanica Brasilica n. 16, p. 407-420, 2002. KURTNER, M. B.; SASSI, R. Dinoflagellates from the Ubatuba region (Lat.20º30’S–45º60’W). Toxic Dinoflagellate Blooms, v. 1, p.169-172, 1979. LACERDA, S. R.; KOENING, M. L.; NEUMAN-LEITÃO, S.; FLORES-MONTES, M. J. Phytoplankton nictemeral variation at a tropical river estuary (Itamaracá–Pernambuco, Brazil). Brazilian Journal Biology v. 64, p. 81-94, 2004. LALLI, C. M.; PARSONS, T. R. Biological Oceanography: an introduction. United Kingdom: Pergamon press, 1993. 314p. LARSEN, J.; MOESTRUP, O. Guide to toxic and potentially toxic marine algae. Fish Inspection Service. Copenhagen: Ministry of Fisheries. 1989, 61p. LARSEN, J.; MOESTRUP, O. Potentially toxic phytoplankton. 2. Genus Dinophysis
(Dinophyceae). In: LINDLEY, J. A. (Ed.), Identification Leaflets for Plankton. Copenhagen: ICES, 1992, p. 1-12. LASSUS, P.; BARDOUIL, M.; TRUQUET, I.; LE BAUT, C.; PIERRE, M. J. Dinophysis acuminata distrituion and toxicity along the southern Brittany coast (France): Correlation with hydrological parameters. In: ANDERSON, D.M.; WHITE, A. W.; BADEN, G. D. (Eds.), Toxic Dinoflagellates, New York: Elsevier, 1985, p 159-164. LASSUS, P. Plancton toxique et plancton d'eaux rouges sur les cotes Europeennes. Brest: Institut Francais de Recherche pour l'Exploitation de la Mer. 1988, 97 p. LEÃO, B. M. Biomassa, taxonomia e ecologia do fitoplâncton do estuário do rio Igarassu (Pernambuco, Brasil). 2004. 71f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004. LEÃO, B. M.; PASSAVANTE, J. Z. O.; SILVA-CUNHA, M. G. G.; SANTIAGO, M. F. Ecologia do microfitoplâncton do estuário do rio Igarassu, PE, Brasil. Acta Botânica Brasilica v. 22, n. 3, 2008, p. 711-722. LEE, R. E. Phycology. 2ed. Nova York: Cambridge University Press, 1999. 614p.
76
LEE, J.S.; IGARASHI, T.; FRAGA, S.; DAHL, E.; HOVGAARD, P.; YASUMOTO, T. Determination of diarrhetic toxins in various dinoflagellate species. J. Appl. Phycol. v. 1, 1989, p. 147-152. LEFEBVRE, K. A.; DOVEL, S. L.; SILVER, M. W. Tissue distribution and neurotoxic effects of domoic acid in a prominent vector species, the northern anchovy Engraulis mordax. Marine Biology, v.138, p. 693-700, 2001. LEFEBVRE, K. A.; SILVER, M. W.; COALE, S. L.; TJEERDEMA, R. S. Domoic acid in planktivorous fish in relation to toxic Pseudo-nitzschia cell densities. Marine Biology, v. 140, p. 625-631, 2002. MACHADO, LILIAN. Secretaria da Agricultura e Pecuária (SEAGRI), Notícias, 2007. Disponível em: http://www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view¬id=9732. Acesso em 15 jun. 2010. MAFRA Jr, L. L.; FERNANDES, L. F.; PROENÇA, L. A. O. Harmful algae and toxins in Paranaguá bay, Brazil: bases for monitoring. Brazilian Journal of Oceanography, v. 54 n. 1/2, p.107-121, 2006. MARGALEF, R. Temporal succession and spatial heterogeneity in phytoplankton. In: BUZZATI-TRAVERSO, A. A. (Ed.) Perspectives in Marine Biology. University of California Press. 1960. MARGALEF, R. Diversity. In: SOURNIA, A. (Ed.). Phytoplankton manual. Paris: Muséum National d’Histoire Naturelle. UNESCO, 1976. MARGALEF, R. Life-forms of phytoplankton as survival alternatives in an unstable enviroment. Oceanologica acta. v.1 n. 4, p. 493-509, 1978. McMAHHON, T.; SILKE, J. Winter toxicity of unknown a etiology in mussels. Harmful Algae News. v. 14, n.2, 1996. MAGALHÃES E. M. M.; BARBOSA, W. F. A. Diversidade fitoplanctônica na zona litorânea da Baía de Todos os Santos.In: QUEIROZ, S. F. A.; CELINO, J. J. (Org.) Avaliação de ambientes da Baía de Todos os Santos:Aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008, 500p. MEDEIROS, C.; MACÊDO, S. J.; FEITOSA, F. A. N. KOENING, M. L. Hydrography and phytoplankton biomass and abundance of North-East Brazilian waters. Archive of fishery and Marine Research. v. 47, n. 2/3, p. 133-151, 1999. MENDER-DEUER, S.; LESSARD, E. J. Carbon to volume relationships for dinoflagellates, diatoms, and other protist plankton. Limnological Oceanography, v.45 n. 3, p. 569–579, 2000. MIRANDA, L. B.; CASTRO B. M.; KJERFVE, B. Princípios de Oceanografia Física de Estuários. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2002. 417p.
77
MURREL, M. C.; LORES, E. M. Phytoplankton and zooplankton seasonal dynamics in a subtropical estuary: importance of cyanobacteria. J. Plankt Res., v. 26, n. 3, p. 371- 382, 2004. NEWKIRK, G. F.; FIELD, B. A. Oyster culture in the Caribbean. Halifax: International Development Research Center, 1990. 244 p. NOGUEIRA, I.; LOBO-DA-CUNHA, A.; AFONSO, A.; RIVERA, S.; AZEVEDO, J.; MONTEIRO, R.; CERVANTES, R.; GAGO-MARTINEZ, A.; VASCONCELOS, V. Toxic Effects of Domoic Acid in the Seabream Sparus aurata. Marine Drugs, v. 8, n. 10, p. 2721-2732, 2010. NORIEGA, C. D.; COSTA, K. M. P.; ARAÚJO, M. C.; TRAVASSOS, R. K.; NEUMANN-LEITÃO, S. Fluxos de nutrientes inorgânicos dissolvidos em um estuário tropical - Barra das Jangadas, PE, Brasil. Tropical Oceanography v.33 n. 2, p. 129-139, 2005. ODEBRECHT, C.; AZEVEDO, S. M. F. O.; GARCIA, V. M. T.; HUSZAR, V. L. M.; MAGALHÃES V. F.; MENEZES, M.; PROENÇA, L. A. O.; RÖRIG, L. R.; TENEBAUM, D. R.; VILLAC, C. M.; YUNES, J. S. Floraciones de microalgas nocivas em Brasil: estado Del arte y proyectos en curso. In: SAR, E. A.; FERRARIO, M. E.; REGUERA, B. (Eds), Floraciones algales nocivas en el Cono Sur Americano. Instituto Espanõl de Oceanografia, 2002. p. 217-233. ODEBRECHT, C.; DJURFELDT, L. The role of nearshore mixing on the phytoplankton size structure off Santa Marta Cape, southern Brazil (spring 1989). Archive of Fishery and Marine Research. v. 43, n. 3, p. 217–230, 1996. ODUMT, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988. 434p. OKAICHI, T. Red tides found in and around the Seto Inland Sea in 1965. Tech. Bull. Fac. Agricul. Kagawa Univ. v. 15 p. 181-185, 1967. OLIVEIRA, O. M. C.; QUEIROZ, A. F. S.; ARGOLO, J. L. Estudo mineralógico do sedimento de manguezal da Baía de Camamu-Ba. Rev. Esc. Minas, v. 55, n.2, p. 147-151, 2002. PACHECO, R. S. Aspectos da ecologia de Pescadores residentes na Península de Marau – BA: pesca, uso de recursos marinhos e dieta. 2006. 80f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) Universidade de Brasília, Brasília, 2006. PAUW, N.; PERSOONE, G. Micro-algae for aquaculture. In: BOROWITZKA, M. A.; BOROWITZKA, L. J.(Eds). Micro-algal biotechnology. New York: Cambridge University press, v. 2, p. 197-221, 1988. PEREIRA-FILHO, J.; SPILLERE, L.C.; SCHETTINI, C. A. F. Dinâmica de nutrientes na região portuária do estuário do Rio Itajaí-Açu, SC. Atlântica, n. 1, p. 11-20, 2003.
78
PINTO, J. S.; SILVA, E. S. The toxicity of Cardium edule L. and its possible relation to the dinoflagellate Prorocentrum micans Ehr. Notas Est. Inst. Biol. Mar. v.12: p.1-20, 1956. PRITCHARD, D. Observations of circulation in coastal plains estuaries. Estuaries, n. 83, p.37-44, 1967. PROCOPIAK, L. K.; FERNANDES, L. F.; MOREIRA FILHO, H. Diatomáceas (Bacillariophyta) marinhas do Paraná, Sul do Brasil: lista de espécies com ênfase em espécies nocivas. Biota Neotropica, v. 6, p. 1-28, 2006. PROENÇA, L.; LAGOS, N.; RÖRIG, L.; SILVA, M.; GUIMARÃES, S. Occurrence of paralytic shellfish toxins – PST in southern Brazilian waters. Ciência e Cultura – Journal of the Brazilian Association for the Advancement of Science, n. 51 p. 16-21, 1999. PROENÇA, L. A. O.; MAFRA, L. L. Ocorrência de ficotoxinas na costa brasileira. In: X Reunião Brasileira de Ficologia - SBFIC, Formação de Ficólogos: um compromisso com a sustentabilidade dos recursos aquáticos, 2005, Rio de Janeiro. Resumos. p. 57-77. RABALAIS N. N. Nitrogen in Aquatic Ecosystems. Ambio, A Journal of the Human Environment, n. 2, p. 102-112, 2002. RAYMOND, J. E. G. Plankton and productivity in the oceans. Phytoplankton. v. 1, Oxford: Pergamon Press, 1980, 489p. REYNOLDS C. S. The Ecology of Phytoplankton. Cambridige: Camb. Univ. Press., 2006, 535p. RILEY G. A. The plankton of estuaries. In: LAUFF, G. H. (Ed.) Estuaries. Washington, Am. Ass. Adv. Sci. v. 83, p.316-328. 1967. ROSA, Z. M.; BUSELATO, T. C. Sobre a ocorrência de floração de Gyrodinium
Aereolum Hulburt (Dynophycea) no litoral sul do Estado do Rio Grande do Sul. Iheringia - Botânica, v. 21, p. 169-179, 1981. ROSEVEL-DA-SILVA, S. M.; SILVA-CUNHA, M. G. G.; FEITOSA, F. A. N.; MUNIZ K. Estrutura da comunidade fitoplanctônica na Baía de Tamandaré (Pernambuco, nordeste do Brasil). Tropical Oceanography, n. 33, p.157-175, 2005. SANTOS, J. J. B. Desenvolvimento da ostra-do-mangue Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) em diferentes sistemas de cultivo na Baía de Camamu, Bahia. 2011. 48f. Dissertação (Mestrado em Zoologia) Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus, 2011. SANTOS, V. S. VILLAC, M. C. TENEBAUM, D. R. PARANHOS, R.. Auto-and heterotrophic nanoplankton and filamentous bacteria of Guanabara bay (RJ, Brazil): estimates of cell/filament number versus carbon content. Brazilian Journal of Oceanography, v. 55, n. 2, p.133-143, 2007.
79
SANTIAGO, F.; SILVA-CUNHA, M. G. G.; PASSAVANTE, J. Z. O.; Fitoplâncton como indicador da qualidade ambiental em ecossistemas hipersalino (estuário do rio Pisa Sal, Galinhos, RN, Brasil). In: XIV Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca. Sociedade Brasileira de Pesca, 2004, Fortaleza. Resumos. p. 854-856. SAR, G. A.; FERRARINO, M. E.; REGUERA, B. Floraciones Algales En El Cono Sur Americano. Madrid-España: Institute Español de Oceanografia. 2002, 312p. SATÔ, S.; PARANAGUÁ, M. N.; ESKINAZI, E. On the mechanism of the red tide of Trichodesmium in Recife northeastern Brazil, whith some considerations of the relation to the human disease 'Tamandaré Fever', Trab. Oceonagr. Univ. Fed. PE. v. 5: p. 7-49, 1963. SCHAEFFER, L. R. Distribuição espacial e temporal da comunidade fitoplanctônica em uma área de malacocultura no município de Anchieta-ES 2007. 122f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal), Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória. 2007. SCHANTZ, E. J. Historical perspective on paralytic shellfish poison. Acs. Symposium Series. Washington: DC, p. 99-111,1984. SCHMITT, F.; PROENÇA, L. A. Ocorrência de dinoflagelados do gênero Dinophysis (Enrenberg, 1839) na Enseada de Cabeçudas (verão e outono de 1999). Notas Téc. Facimar. n. 4, p. 49-59, 2000. SCHMITT, F.; PROENÇA, L. A. Nova detecção da toxina diarréica, ácido ocadaico, em área de cultivo de moluscos em Santa Catarina. In: XIV Semana Nacional de Oceanografia; Oceanografia e Sociedade: um desafio à teoria e à prática, 2001. Rio Grande, RS. Resumos. SHUMWAY, S. E. A review of the effects of algal blooms on shellfish and aquaculture. J. World Aquac. Soc. n. 21, p. 65-104, 1990. SIEBURTH, L.; BERRY-LOWE, S.; SCHMIDT, G. W. Plant Cell. n. 3, p. 175-189, 1991. SIGNORINI, S. R.; MIRANDA, L. B; EVANS, D. L.; STEVENSON, M. R.; IMOSTROZA, H. M. V. Corrente do Brasil: estrutura térmica entre 19° e 25°S e circulação geostrofica. Bol. Inst. Oceanog., São Paulo, v. 37, n. 1, p. 33-49, 1989. SILVA, C. R. Florações de microalgas nocivas: estudos das causas e consequências. 2006. 35f. Monografia (Especialização) Universidade de Taubaté, São Paulo, 2006. SILVA-CUNHA, M. G. G.; ESKINAZI-LEÇA, E.; ALMEIDA. C. D. P. Taxonomia e ecologia do microfitoplâncton do estuário do Rio Timbó. Trabalhos oceanográficos. n. 20 p. 35-52, 1989. SILVA, M. A. M. Nutrientes inorgânicos dissolvidos e Clorofila-a na coluna de água no estuário Rio Cachoeira, Ilhéus- BA. 2007. 131f. Dissertação (Mestrado em Sistemas Aquáticos Tropicais), Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2007.
80
SILVA, M. C. Estuários – critérios para uma classificação ambiental. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 5, n. 1, p. 25-35, 2000. SILVA, M. H.; SILVA-CUNHA, M. G. G.; PASSAVANTE, J. Z. O.; GREGO, C. K. S.; MUNIZ, K. Estrutura sazonal e especial do microfitoplâncton no estuário do rio Formoso, PE, Brasil. Acta Bot. Bras. v. 23, n. 2, p. 355-368, 2009. SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; ROCHA, O. Produção de plâncton (Fitoplâncton e Zooplâncton) para alimentação de organismos aquáticos. São Carlos: RIMA, 2003. 106p. SMAYDA, T. J. Phytoplancton species sucession. In: MORRIS, I. (Ed.) The Physiological Ecology of Phytoplankton. London: Blackwell Scientific Publications, p. 493-570, 1980. SMAYDA, T. J. Primary production and the global epidemic of phytoplankton blooms in the sea: A linkage. In: COSPER, E. M.; BRICELJ, V. M.; CARPENTER, E. J. (Eds.) Novel phytoplankton blooms: causes and impacts of recurrent brown tides and other unusual blooms. Berlin: Springer Verlag, p. 449–483, 1989. SMAYDA T. J. Bloom dynamics: Physiology, behavior, trophic effects. Limnol. Oceanography v. 5, n. 2, p. 1132-1136, 1997. SOBEL, L.; PAINTER, J. Illnesses caused by marine toxins. Clin. Infect. diseases. n. 9, p. 1290-1296, 2005.
SOURNIA, A. Variations saisonnières et nycthémérales du phytoplancton marin et de la production primaire dans une baie tropicale, à Nosy-Bé (Madagascar). Internationale Revue der gesamten Hydrobiologie und Hydrographie. v. 53, n. 1, p. 1-76, 1968. SOURNIA, A. Atlas du Phytoplancton Marin. Introduction, Cyanophycees, Dictyochophycees, Dinophycees et Raphidophycees. Paris: Centre National de la Recherche Scientifique. 1986, 219 p. STEIDINGER, K. A. A re-evaluation of toxic dinoflagellate biology and ecology. Prog. Phycol. Res., v. 2, p. 147-188, 1983. SUNESEN, I.; HERNÁNDEZ-BECERRIL, D. U.; SAR, E. A. Marine diatoms from Buenos Aires coastal waters (Argentina). V. Species of the genu Chaetoceros. Revista de Biología Marina y Oceanografía v. 43, n. 2, p. 303-326, 2008. SUSINI-RIBEIRO, S. M. M. Caracterização taxonômica e ecológica das comunidades pico-, nano- e microfitoplanctônicas, superficial e profunda, da zona eufótica do Atlântico Sul. 1996. Tese (Doutorado em Ciências) Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. TENEBAUM, D. R. Dinoflagelados e Tintinídeos da Região Central Econômica Exclusiva Brasileira. Guia de Identificação. Rio de Janeiro: Museu Nac. (Série livros 15), 2006, 288p.
81
TIFFANY, M. A.; HERNÁNDEZ-BECERRIL, D. U. Valve development in the diatom family Asterolampraceae H. L. Smith 1872. Micropaleontology. v. 51, n. 3, p. 217-258, 2005. TOMAS, C. R. Identifying Marine Phytoplankton. Florida: Academic Press, 1997, 858p. TUNDISI; J.; TUNDISI, T. M. Produção orgânica em ecossistemas aquáticos. Cienc. Cul. v.28 n. 8, p. 864-887. 1976. UCHIDA, T. Excretion of a diatom inhibitory substance by Prorocentrum micans Ehrenberg. Jap. J. Ecol. v. 27, p. 1-4, 1977. UTERMÖHL, H. Neue wege in der quantitativen Erfassung des Planktons. Verh. int. Verein. theor. angew. Limnology v. 5 n. 2, p. 567-596, 1931. UTERMÖHL, H. Zur Vervolkommung der quantitativen phytoplankton-methodik. Internationale Vereiningung fuer Theoretische und Angewandte Limnology v. 9, p 1- 38, 1958. VALE, P. Biotoxinas marinhas. Revista Portuguesa de Veterinária, v. 99, p. 3-18, 2004. WAKAMATSU, T. A ostra de Cananéia e o seu cultivo. São Paulo: SUDELPA, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1975, 141 p. WETZEL, R. G.; LIKENS, G. E. Limnological analysts. 2ed Springer, 1991. WOOD, E. J. F. Dinoflagelates of the Caribbean Sea and adjacent areas. Florida: University of Miami Press, p. 135-139, 1968. ZENEBON, O.; PREGNOLATTO, N. P. Memórias técnico-científicas da divisão de bromatologia e química. 100 anos de Saúde Pública, Secretaria do Estado de Saúde (JLF), Antunes (Ed) Instituto Adolfo Lutz, p. 173-198, 1992.
82
APÊNDICES
83
Apêndice I – Estatística descritiva (mínimo, máxim0, média, desvio padrão (DP) e intervalo de confiança (IC – 95%)) das variáveis abióticas e clorofila-a registrados entre abril/2010 e março/2011 nos pontos de coleta da Ilha do Conduru (I.C.), Ilha Grande (I.G.) e Ilha de Tanques (I.T.), em superfície (s) e fundo (f) na Baía de Camamu, Bahia.
Profundidade
(m) Transp.arência (m) Temperatura
(°C) Salinidade Nitrito Nitrato Amônio Fosfato Clorofila-a N 12 12 12 12 12 12 12 12 12 mínimo 3,5 0,9 26,0 25,0 0,01 0,01 0,01 0,01 1,11
I. C.(s) máximo 9,0 2,0 30,0 36,0 0,44 1,08 7,17 1,15 5,35 média 6,5 1,5 27,9 31,2 0,08 0,18 2,54 0,31 3,34 DP 1,6 0,3 1,7 3,4 0,13 0,32 2,32 0,38 1,20 IC 5,49 a 7,50 1,2 a 1,6 26,82 a 28,92 29,0 a 33,2 -0,004 a 0,16 -0,01 a 0,38 1,06 a 4,01 0,06 a 0,55 3,33 a 2,57 N - - 12 12 12 12 12 12 12 mínimo - - 25,0 25,0 0,01 0,01 0,01 0,01 0,43
I. C.(f) máximo - - 30,0 37,0 0,53 1,03 11,86 1,15 7,93 média - - 27,4 30,5 0,11 0,18 2,72 0,32 3,13 DP - - 1,8 3,7 0,17 0,34 4,09 0,42 1,93 IC - - 26,23 a 28,51 28,1 a 32,8 0,003 a 0,21 -0,04 a 0,39 0,11 a 5,3 0,05 a 0,59 3,13 a 1,9 N - - 12 12 12 12 12 12 12
I. G.(s) mínimo 7,0 1,5 25,0 30,0 0,01 0,01 0,01 0,01 0,42 máximo 8,0 2,9 30,0 37,0 0,47 0,70 7,92 2,65 2,89 média 7,4 2,2 27,5 33,3 0,08 0,13 1,89 0,52 1,95 DP 0,5 0,5 1,7 2,4 0,14 0,26 2,42 0,76 0,81 IC 7,08 a 7,75 1,8 a 2,4 26,44 a 28,63 31,7 a 34,7 -0,008 a 0,17 -0,03 a 0,29 0,35 a 3,4 0,04 a 1,00 1,95 a 1,43 N - - 12 12 12 12 12 12 12
I. G.(f) mínimo - - 24,00 30,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,97 máximo - - 30,00 37,00 0,34 2,21 11,56 1,06 4,97 média - - 27,38 33,33 0,08 0,52 1,81 0,31 2,67 DP - - 1,93 3,11 0,11 0,66 3,49 0,33 1,13 IC - - 26,14 a 28,60 31,3 a 35,3 0,01 a 0,15 0,09 a 0,93 -0,4 a 4,02 0,09 a 0,51 2,66 a 1,94 N - - 12 12 12 12 12 12 12
I. T.(s) mínimo 1,50 0,90 25,00 26,00 0,01 0,01 0,01 0,01 1,42
84
Profundidade
(m) Transp.arência (m) Temperatura
(°C) Salinidade Nitrito Nitrato Amônio Fosfato Clorofila-a máximo 6,00 1,50 29,00 36,00 0,27 0,97 11,26 1,46 5,20 média 3,88 1,28 27,33 30,42 0,11 0,23 2,31 0,40 2,92 DP 1,37 0,21 1,23 3,18 0,11 0,34 3,63 0,43 1,18 IC 3,00 a 4,74 1,14 a 1,40 26,55 a 28,11 28,3 a 32,4 0,04 a 0,18 0,007 a 0,44 0,001 a 4,61 0,12 a 0,67 2,91 a 2,16 N - - 12 12 12 12 12 12 12
I. T.(f) mínimo - - 25,00 26,00 0,01 0,01 0,01 0,01 1,04 máximo - - 29,00 35,00 0,28 2,75 14,14 1,15 4,68 média - - 27,13 30,08 0,09 0,61 3,18 0,38 2,94 DP - - 1,60 2,84 0,10 0,85 4,70 0,37 1,09 IC - - 27,12 a 26,11 28,2 a 31,8 0,02 a 0,15 0,07 a 1,15 0,18 a 6,16 0,144 a 0,61 2,93 a 2,24
Recommended