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KKKKKKKKuuuuuuuunnnnnnnngggggggg FFFFFFFFuuuuuuuuEstudos Avanados
VolumeVolumeVolumeVolume 10101010 ---- Edio EspecialEdio EspecialEdio EspecialEdio Especial
Centro Filosfico do Kung Fu Internacional
1983
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Centro Fi losfico do Kung Fu - Internacional
Se atravessarmos a vida convencidos de que a nossa a nica maneira de pensar que
existe, vamos acabar perdendo todas as oportunidades que surgem a cada dia
(Akio Mor i ta)
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EDITORIAL
Esta publ icao o 10 volume da coletnea de textos e p rovrbios
publicados na home-page do Centro Filosfico do Kung Fu - Internacional, que
visa a orientao e o a primoramento cultural dos artistas marciais.
muito interessante para o leitor divulg-la no meio das artes marciais;
pois estar contr ibuindo para a formao de uma classe de artistas e praticantes
de melhor nvel que, com certeza, nosso meio estar se enriquecendo.
Bom trabalho !
Um abrao !
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SUMRIO
CENTRO F ILOSFICO DO KUNG FU - INTERNACIONAL . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . 5
O JULGAMENTO . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 7
BRILHE SUA LUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
DIF ICULDADE DE ENTENDIMENTO . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . 11
V COMO VIVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
O NECESSRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A LEI DO S ILNCIO . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . 17
CONQUISTA DE S I MESMO . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . 19 RESPOSTA A QUEM PASSA . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . 21
A F ILOSOFIA E A LUTA . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . 23
CONSTNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
A EVOLUO MORAL DO HOMEM. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . 28
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CENTRO FILOSFICO DO KUNG FU - INTERNACIONAL
O CENTRO FILOSFICO DO KUNG FU - Internacional possui uma coletnea de
informaes, minuciosamente elaboradas, que revive o grande espr i to das artes
marciais e que agora est sua disposio.
Esta coletnea atual izada com freqncia, procurando manter os estudantes
das artes marciais sempre sintonizados com importantes informaes sobre o
seu auto-aperfeioamento. Ao mesmo tempo em que se ex ercitam, em busca de
um corpo mais bem preparado, tm aqui a o portunidade para exercitar sua mente
e seu espr i to em busca do equ i l br io, da renovao de conceitos e do
crescimento moral e intelectual.
Mas a vem uma pergunta: Como poderemos nos aprimorar moral e
intelectualmente atravs de aposti las, textos e provrbios?
Confcio, um dos mais conhecidos sbios chineses foi inti tulado, em sua poca,
ha mais de 2.800 anos, como O SBIO DE MIL GERAES. Confcio foi um dos
Mestres que pautaram a "histria das artes marciais chinesas"; o tempo tratou de
sedimentar seus conhecimentos sobre a conduta moral dos indivduos, que hojeso respeitados mundialmente. Assim, o CENTRO FILOSFICO DO KUNG FU
INTERNACIONAL vem com a proposta de relembrar grandes conceitos e
pensamentos, no s de Confcio, mas tambm, de grandes sbios que j
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passaram pela humanidade. Cabe a cada um d e ns t irar ou no proveito para o
prprio crescimento.
Outra questo relevante compreender qual a f inal idade suprema das artes
marciais. - No templo de Shaolin, por exemplo, cada encontro dos mestres com
outras pessoas era precedido da frase: "Que a paz de Buda esteja com voc !" -
Qual o signif icado disso? Na verdade, a cultura das artes marciais sempre teve
sua maior batalha travada no prprio interior dos indivduos, uma luta contnua
contra as prprias fraquezas e imperfeies. praticamente impossvel buscar
um aprimoramento pessoal, seja nas artes marciais, seja em outro esporte que
exi ja maior domnio, sem antes se melhorar como pessoa.
Ao contrrio do que se deduz, a arte de lutar a arte da paz. O verdadeiro
lutador treina mil dias mesmo sabendo que poder uti l izar seus conh ecimentos
em um nico dia; e talvez nunca uti l iz-los. Contudo, seu esforo maior para o
auto-aprimoramento, a melhoria de si mesmo e a conseqente c onstruo de um
mundo melhor. - Mesmo o guerreiro ama os dias de paz. A ssim, ns no
poderamos ter outro propsito, seno, o de contr ibuir para a construo de um
caminho de paz, harmonia, aprimoramento moral e contr ibuio para que ohomem seja sempre diferente a cada dia, sempre diferente para melhor. Que
uti l ize seus braos, suas pernas e, principalmente, sua viso, para alcanar as
alturas em benefcio de seu prximo. - Pratique a arte marcial com um propsito;
um propsito de paz, de crescimento e de auto-melhoria. Um propsito realmente
elevado...
Que a paz esteja com voc !
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O JULGAMENTO
Discpulo: Ser l ci to abreviar a vida de um do ente que sofra sem esperana de
cura, Mestre?
Mestre: Um homem est agonizante, presa de cruis sofr imentos. Sabe-se que
seu estado desesperador. Ser l ci to poupar-lhe alguns instantes de angstias,
apressando-se o seu f im?
Quem nos daria o direito de prejulgar os desgnios Divinos? No pode esse
homem ser conduzido at borda d o fosso, pela justia Divina e, dai, o retirar, a
fim de faz-lo voltar a si e al imentar idias diferentes das que tinha? De
arrepender-se dos seus erros?
Discpulo: Mas isso possvel, Mestre?
Mestre: Ainda que haja chegado ao lt imo extremo um moribundo, ningum
pode afirmar com segurana que lhe haja soado a hora derradeira. A Cincia no
ter se enganado em suas previses?
Discpulo: Ento o homem sempre tem um minuto de esp erana em sua vida,
Mestre?
Mestre: Sei bem haver casos que se p odem, com razo, considerar
desesperadores; mas, se no h nenhuma espe rana fundada de um regresso
definit ivo vida e sade, existe a possibi l idade, atestada por inmeros
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exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o lt imo suspiro, reanimar-
se e recobrar por alguns instantes as faculdades!
Discpulo: Mas o que realmente se sucede nessa hora, Mestre?
Mestre: Essa hora de graa, que lhe concedida, pode ser- lhe de grande
importncia. Uma pessoa nestas condies, nas convulses da agonia, p oder
fazer reflexes que desconhecemos; e, quantos tormentos lhe pode poupar um
relmpago de arrependimento?
Discpulo: Mas como compreender esse momento, Mestre?
Mestre: O material ista, que apenas v o corpo e em nenhuma conta tem a alma,
inapto a compreender essas coisas; aquele, porm, qu e j sabe o que se passa
aps a morte do corpo, conhece o valor de um lt imo pensamento. Minorai os
derradeiros sofr imentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida,
ainda que de um minuto; esse minuto f inal poder evitar muitas lgrimas no
futuro.
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BRILHE SUA LUZ
Discpulo: Mestre, o que signif ica Brilhar a prpria luz?
Mestre: No vasto caminho da Terra, cada criatura procura o al imento que lhe
corresponde posio evolutiva. A abelha suga a f lor, o abutre reclama
despojos, o homem busca emoes. Mas ainda mesmo no t erreno das emoes,
cada criatura exige t ipos especiais.
Discpulo: Tipos especiais, Mestre?
Mestre: H sofredores inveterados que outra coisa n o demanda alm do
sofr imento, pessimistas que se enclausuram em nuvens negras de pensamento,atendendo a propsito del iberado, durante s culos. Suprem a mente de torturas
contnuas e no pretendem construir seno a piedade alheia, sob a qual se
comprazem. Temos os ironistas e caadores de gargalhadas que apenas
sol ici tam motivos para o sarcasmo de que se al imentam.
Discpulo: Mas essas pessoas no esto percebendo isto, Mestre?
Mestre: Muitas esto cegas diante de ati tudes das quais desconhecem as
consequncias. Observemos, ainda, os discutidores que devoram pginas
respeitveis, com o nico objetivo de recolher contradies para sustentarem
polmicas infindveis, que no leva a nada. Reparemos os temperamentos
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enfermios que sorvem txicos intelectuais, atravs de l ivros menos dignos, com
a incompreensvel alegria de quem traga envenenado l icor. Nos variados cl imas
do mundo, h quem se n utra de tr isteza, de insulamento, de prazer barato, de
revolta, de confl i tos, de clculos, de afl ies, de mentiras por lon gos anos, ou
mesmo por toda uma vida, sem se aperceberem disso.
Discpulo: Mas como sair dessa situao, Mestre?
Mestre: Aquele homem que j se ente diou das substncias deterioradas da
experincia transitria, pede a luz da sabedoria, a f im de aprender a semear o
amor e a paz por onde caminha.
Discpulo: Mas isso se torna uma exigncia, Mestre?
Mestre: A vida de amor e de paz jamais se tornar uma exigncia. Para os que
esperam uma vida renovada, famintos de claridade eterna, simplesmente dever
empenhar um esforo para se integrar sabedoria Divina, celeiro do nosso po
de imortal idade.
Discpulo: Mas temos que nos dedicar muito para alcanar essa luz, Mestre!
Mestre: A vida no feita de exortao, nem profecia. Ela apenas convida ao
trabalho santi f icante, planif icado no Cdigo do Amor, da paz e da harmonia. Se a
candeia i lumina, queimando o prprio leo, se a l mpada resplende, consumindo
a energia que a usina lhe fornece, ofereamos a instrumental idade de nossa vida
aos imperativos edif icantes, para que os ensinamentos de paz se revelem, por
nosso intermdio, aclarando a senda de nossos semelhantes.
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DIFICULDADE DE ENTENDIMENTO
Discpulo: Porque muitas pessoas no entendem os ensinamentos de sabedoria,
Mestre?
Mestre: Assim como as criaturas, em geral, converteram as produes sagradas
da Terra em objeto de perverso dos sentidos, movimento anlogo se veri f ica no
mundo, com referncia aos frutos do pensamento.
Discpulo: Como assim, Mestre?
Mestre: Freqentemente as mais santas leituras so tomadas co nta de tempero
emotivo, destinado s sensaes renovadas que condigam com o recreio
pernicioso ou com a indiferena pelas obrigaes mais justas. Rarssimos so os
leitores que buscam a real idade da vida e de forma equil ibrada.
Discpulo: O prprio homem, com seus pensamentos, pode destruir grandes
obras de ensinamentos, Mestre?
Mestre: Muitas obras grandiosas de ensinamentos tm sido, para os
imprevidentes e levianos, vasto campo de observaes pouco dignas. Quantos
olhos passam por elas, apressados e inquietos, anotando deficincias da letra ou
catalogando possveis equvocos, a f im de espalharem sensacional ismo eperturbao? Alinham, com avidez, as contradies aparentes e tocam a
malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e
dadivosas da f renovadora, destruindo, em poucos seg undos, o que muitas
vezes levou sculos para ser construdo.
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Discpulo: Mas como compreender de forma correta os grandes ensinamentos,
Mestre?
Mestre: A recomendao do Mestre Maior, no entanto, infini tamente
expressiva. razovel que a leitura do homem ignorante e animalizado
represente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espr i to de sabedoria
precisa penetrar a lei tura sria, com real ati tude de elevao. O problema do
discpulo no o de ler para alcanar novidades emotivas ou conhecer as
Escrituras para transform-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para
atender a Sabedoria, cumprindo-lhe a Divina Vontade.
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V COMO VIVES
Discpulo: Por que algumas pessoas tm certas obrigaes e outras no,
Mestre?
Mestre: Com a precisa madureza do raciocnio, compreender o homem que toda
a sua existncia um grande conjunto de negcios espir i tuais e que a vida, em
si, no passa de momentos de d esafios da sabedoria, com vistas aos deveres
que nos prendem Grandeza Divina.
Discpulo: Por que ainda n o conseguimos entender isso com maior clareza,
Mestre?
Mestre: Por enquanto, o mundo apenas exige testemunhos de f das pessoas
indicadas por detentoras de mandato essencialmente rel igioso. Urge considerar,
porm, que o testemunho de harmonia e paz, no campo transitrio da luta
humana, dever de todos os homens, indistintamente.
Discpulo: Ento cada pessoa tem uma pequena parcela de participao na
construo de um mundo de paz e sabedoria, Mestre?
Mestre: Cada criatura foi chamada pela Providncia Divina a determinado setor
de trabalhos espir i tuais na Terra. O comerciante est em negcios de suprimento
e de fraternidade. O administrador permanece em negcios de orientao,
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distr ibuio e responsabil idade. O servidor foi trazido a negcios de o bedincia e
edif icao. As mes e os pais foram convocados a n egcios de renncia,
exempli f icao e devotamento. O carpinteiro est fabricando colunas para o
templo vivo do lar. O cientista vive fornecendo equaes de progresso que
melhorem o bem-estar do mundo e o cozinheiro trabalha para al imentar o
operrio e o sbio, sem distino.
Discpulo: O senhor quer dizer que ningum dono de nada, Mestre?
Mestre: Todos os homens vivem em meio natureza, valend o-se dela para
alcanarem, um dia, a Grandiosidade Divina. Encontram-se no campo das
oportunidades presentes, desafiados pelos valores da sabedoria.
Discpulo: Devemos saber aproveitar estas oportunidades, Mestre?
Mestre: Em razo desta verdade, gafanhoto, v o que fazes e no te esqueas
de subordinar teus desejos Sabedoria Maior, nos neg cios que por algum
tempo te forem confiados em teu caminho.
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O NECESSRIO
Discpulo: Por que as pessoas erram em querer sempre mais e mais, Mestre?
Mestre: A vida ensina ao homem, todos os dias, quando diz, em voz si lenciosa e
sbia:
Ters muitos negcios prximos ou remotos, mas no poders subtrair-
lhes o carter de l io, porque a morte te descerrar real idades com as quais
nem sonhas de leve...
Administrars interesses vrios, entretanto, no poders controlar todos
os ngulos do servio, de vez que a maldade e a indiferena se insinuam em
todas as tarefas, prejudicando o raio d e ao de todos os missionrios da
elevao.
Amealhars enorme fortuna, todavia, ignorars, por muitos anos, a que
regio da vida te conduzir o d inheiro.
Improvisars pomposos discursos, contudo, desconheces as
consequncias de tuas palavras.
Organizars grande movimento em derredor de teus passos, no entanto,se no construres algo dentro deles p ara o bem legt imo, cansar-te-s em vo.
Experimentars muitas dores, mas, se no permaneceres vigi lante no
aproveitamento da luta, teus dissabores correro inteis.
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Exaltars o direito com o verbo indignado e ardoroso, to davia, provvel
no estejas seno estimulando a indiscipl ina e a oc iosidade de muitos.
Discpulo: Mas ento um enga no querer sempre mais e mais, Mestre?
Mestre: Uma s coisa necessria, asseverou o Mestre. Acima de tud o,compete-nos guardar, dentro de ns mesmos, uma ati tude adequada, ante os
desgnios do Todo-Poderoso, avanando, segundo o roteiro que nos traou a
Divina Lei da Natureza.
Discpulo: A ati tude adequada, que ele nos diz, colocar em prtica os
ensinamentos de paz que nosso interior nos pede todos os dias, Mestre?
Mestre: Realizado o "necessrio", cada acontecimento, cada pessoa e c ada
coisa se ajustaro, a nossos olhos, no lug ar que lhes prprio. Sem essa
posio espir i tual de sintonia com o Celeste Instrutor, mu ito difci l agir algum
com proveito.
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A LEI DO SILNCIO
Discpulo: Porque muitos discpulos querem se demonstrar aos olhos dos outros,
Mestre?
Mestre: A verdadeira sabedoria pede para que cada um haja em si lncio em prol
do seu irmo. - Observando a prpria natureza da s coisas, teremos grandes
l ies:
Se sabes, atende ao qu e ignora, sem ofusc-lo com a tua luz.
Se tens, ajuda ao necessitado, sem molest-lo com tua posse.
Se amas, no firas o objeto amado co m exigncias.
Se pretendes curar, no humilhes o doente.
Se queres melhorar os outros, no maldigues ningum.
Se ensinas a caridade, no te trajes de espinhos, para que teu contato no
dilacere os que sofrem.
Discpulo: Mas mestre, esses ensinamentos se manifestam de maneira muito
suti l em nossas vidas. Como perceb-los?
Mestre: Tenha cuidado na tarefa que a vida lhe confiou. muito fci l servir
vista. Todos querem faz-lo, procurando o apreo dos h omens. Difci l , porm,
servir s ocultas, sem o i lusrio manto da vaidade. po r isto que, em todos os
tempos, quase todo o trabalho das criaturas dispersivo e enganoso. Em geral,
muitos cuidam de obter, a qualquer preo, as grati f icaes e as honras humanas.
Voc, porm, gafanhoto, aprende que o servidor sincero fala pouco e constri
mais, com paz no corao e no divino si lncio do espr i to...
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Discpulo: O senhor quer dizer que a vaidade pode impedir nosso progresso,
Mestre?
Mestre: Vai e serve. No se prend a s fantasias que confundem os olhos da
carne e nem te consagres aos rudos da boca. Faze o bem, em si lncio. Foge s
referncias pessoais e aprenda a cumprir, de corao, a v ontade Superior.
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CONQUISTA DE SI MESMO
Discpulo: Porque se diz que a caridade o vinculo da perfeio, Mestre?
Mestre: Todo discpulo da PAZ precisar coragem para atacar os servios da
redeno de si mesmo. Nenhum dispensar as armaduras da f, a f im de marchar
com desassombro sob tempestades.
Discpulo: O senhor quer dizer que a luta da conquista de si mesmo rdu a,
Mestre?
Mestre: O caminho de resgate e elevao permanece cheio de espinhos. O
trabalho para se conquistar a si mesmo, consti tuir-se- de lutas, de sofr imentos,
de sacri fcios, de suor e de testemunhos de coragem. Toda a preparao
necessria, no capitulo da resistncia; entretanto, sobre tudo isto indispensvel revestir nossa alma de caridade, que amor subl ime.
Discpulo: Mas, num campo de batalha, o senhor fala em amor, Mestre?
Mestre: A nobreza de carter, a confia na, a benevolncia, a f, a ci ncia, os
dons e as possibi l idades so fios preciosos, mas o a mor o tear divino que os
entrelaar, tecendo a tnica da perfeio espir i tual.
Discpulo: O amor, nesta conquista, to importante assim, Mestre?
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RESPOSTA A QUEM PASSA
Discpulo: Como praticar a sabedoria, Mestre?
Mestre: Aprenda a ter compaixo da multido gafanhoto.
Discpulo: No entendi Mestre?
Mestre: As criaturas, verdadeiramente sbias, representam, em todos os tempos,
grandes devedores mult ido. Raros homens, no enta nto, compreendem esse
imperativo das leis espir i tuais.
Discpulo: O senhor quer dizer que devemos ser submissos aos outros, Mestre?
Mestre: Em geral, o mordomo das possibi l idades terrestres, meramente instrudo
na cultura do mundo, esquiva-se da massa comum, ao invs de ajud-la.
Explora-lhe as paixes, mantm-lhe a ignorncia e costuma roubar-lhe o ensejode progresso. Cria guerras de extermnio, em que deva concorrer com os mais
elevados tr ibutos de sangue. Muitas crenas rel igiosas, quase sempre, impem-
lhe sombras, enquanto a f i losofia e a cincia lhe oferecem sorr isos
escarnecedores.
Discpulo: Estou temeroso, Mestre?
Mestre: Em todos os tempos e situaes po lt icas, conta o povo com escassos
amigos e adversrios em legies. Acima de todas as possibi l idades humanas,
entretanto, a mult ido dispe do Amigo Divino que prossegue trabalhando.
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Discpulo: Ento no estamos ss, Mestre?
Mestre: O verdadeiro sbio no teme a vida. Temos muitos exemplos daqueles
que passaram pelo mundo, entre pescadores e proletrios, alei jados e cegos,
velhos cansados e mes afl i tas, voltando-se para a turba sofredora e al imenta-
lhe a esperana. Lembra-te, gafanhoto, de que s parte integrante da multido
terrestre. O Mestre Maior observa o que fazes. No roubes o po da vida;
procura mult ipl ic-lo.
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A FILOSOFIA E A LUTA
Discpulo: O KUNG FU tem as suas razes na imitao de movimentos dosanimais. Signif ica isso que um ser humano quer tornar-se um animal, Mestre?
Mestre: O ser humano um animal extraordinrio. Ele atingiu um p onto na
evoluo que nenhum outro ser no planeta atingiu. Ele capaz de c ontrolar o
seu instinto e comportamento.
Discpulo: Imitar animais parece ser um passo atrs na evoluo, isso verdade
Mestre?
Mestre: sabido que o ser humano deve proteger e manter todos os outros
seres. Qualquer um que ainda no te nha percebido o sentido de proteger e
manter algo, ainda no apreendeu o signif icado do que SER humano. No
mundo animal, lutar signif ica lutar pela sobrevivncia mas o ser humano pode
encontrar uma maneira de viver com outros sem os derrotar ou magoar.
Discpulo: Ento Lutar, aqui, tem um signif icado diferente, Mestre?
Mestre: Voltando ao Kung Fu, e ao mundo animal, pode ser feito um
comparativo:
Os dentes do tubaro e do crocodilo so conhecidos por ser afiados. Conseguir
um ser humano morder e rasgar como eles conseguem?
Os antlopes conseguem saltar 4m em altura conseguir um ser humano saltar
to alto?
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Um leopardo muito rpido. Enquanto ganha velocidade, ele concentra-se,
apanha e rasga outro a nimal. Existe algum to rpido quanto um leopardo?
Um elefante consegue arrancar uma grande rvore do solo e levant-la no ar.
Nenhum ser humano to forte.
Qualquer burro, zebra ou canguru consegue dar um pontap mais forte do que
qualquer lutador de Kung Fu. Se r um lutador de Kung Fu capaz de lutar contra
os vrus dentro de si mesmo?
Conseguir ele lutar contra um elefante afr icano?
Discpulo: No !
Mestre: Assim sendo, lutar, e a capacidade de luta, so sempre relativos. Osmelhores lutadores de artes marciais estaro exaustos ao f im de 2 horas de
combate. Nesse momento, qualquer lutador poder venc-lo. Ento qual o
signif icado de ser um bom lutador?
Discpulo: Seria lutar contra si mesmo, Mestre?
Mestre: At hoje no existe nenhum lutador que tenha vencido a luta contra amorte. Por isso, o mais forte lutador de artes marciais aq uele que v a luta
como uma arte de desenvolvimento do carter, em vez de aumentar os seus
poderes animais.
Discpulo: Ento, esta luta, inicia no momento em que nascemos Mestre?
Mestre: Desde que nascemos, dado incio a uma luta interminvel: a luta
contra nossa prpria ignorncia. E, talvez, ainda se consiga vencer a luta
enquanto estiver vivo. O antdoto so os bons pensamentos no pensamentos
competit ivos, as pessoas nossa volta no so nem melhores nem piores do que
ns mesmos boas palavras, boas aes. No se pode usar os outros para
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descarregar os nossos problemas. melhor descobrir as razes dos nossos
problemas buscando nosso passado. Use um saco d e pancada ele no revida
ou d socos no tronco de uma rvore. Ns podemos uti l izar as tcnicas de luta e
aperfeio-las, tendo em vista o desenvolvimento e o amadurecimento. Estas
tcnicas contm em si mesmas vrias possibi l idades e no esto confinadas a
um nico esti lo de luta fsica.
Discpulo: Mas o lutador no algum especial, Mestre?
Mestre: Tente compreender que voc no algum especial, gafanhoto. Cada
indivduo especial. H mes pequenas e magras neste mundo que esto para
morrer de fome por causa da estupidez do homem, e elas continuam a lutar pelos
seus f i lhos. Elas so verdadeiras lutadoras. Um gro de areia po de tornar um
lutador incapaz de lutar. Por isso, a grande luta que travamos na vida contra
nossas prprias fraquezas. A coreografia da luta apenas um meio de expresso
e uma forma de fortalecer o corpo e p reservar a sade com arte e sabedoria. A
essncia o contedo.
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CONSTNCIA
Discpulo: Porque difci l dar prosseguimento a uma luta pela conquista ou pela
melhoria de si mesmo, Mestre?
Mestre: Toda a gente conhece a cincia de comear as boas obras. Aceita-se o
brao de um benfeitor, com exclamaes de jbi lo, todavia, depois...quando
desaparece a necessidade, cult iva-se a queixa descabida, n o rumo da ingratido
declarada, afirmando-se: "ele no to bom quanto parece".
Discpulo: Mas isso acontece porque as pessoas p erdem o entusiasmo inicial,
Mestre?
Mestre: Na verdade isto uma fraqu eza do homem. Veja bem: inicia-se a misso
de caridade, com entusiasmo santo, contudo, depois... ao surgirem os primeirosespinhos, proclama-se a falncia da f, gri tando-se com toda fora: "no vale a
pena".
Discpulo: Ento isto falta de discipl ina, Mestre?
Mestre: O discpulo, muitas vezes, empreende uma jornada em b usca da virtude
e aproveitando o estmulo que a sabedoria da natureza concede alma, atravsde mil recursos diferentes, entretanto, depois... quando a discipl ina e o sacri fcio
cobram o justo imposto devido i luminao espir i tual, clama com enfado: "assim
tambm, no".
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Discpulo: Isto falta de constncia, Mestre?
Mestre: Veja outro exemplo: ajuda-se a um companheiro da estrada, com
extremado carinho, adornando-lhe o corao de f lores encomisticas, no entan to,
depois... se a nossa sementeira no corresponde ternura exigente,
abandonamo-lo aos azares da senda, asseverando com nfa se: "no posso
mais". Trata-se, sim, da falta de f irmeza com a pr pria luta pela conquista de si
mesmo e para a construo de um mundo melhor. Todos sa bem principiar essa
luta, poucos prosseguem na l ide salvadora, rarssimos terminam a tarefa
edif icante. Entretanto, por outro lado, as perigosas real izaes da perturbao e
da sombra se concretizam com rapidez dentro do indivduo. Um companheiro
comea a trair os seus compromissos divinos e efetua, sem demora, o qu e
deseja. Outro enceta a plantao do desnimo e, lesto, alcana os f ins a que se
prope. Outro, ainda, inicia a discrdia e, sem d etena, cr ia a desarmonia geral.
Realmente, muito difci l perseverar no bem e sempre fci l atingir o mal.
Todavia, depois...
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A EVOLUO MORAL DO HOMEM
Discpulo: Como podemos saber se o homem evolui moralmente, Mestre?
Mestre: Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos
patinhos imantados que, sob a a o do im, se movimentam em todas as
direes numa bacia com gua, dif ici lmente poderia compreender que al i est o
segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos.
Discpulo: Como assim, Mestre?
Mestre: uma questo de percepo Gafanhoto. O mesmo se d com quem v
na evoluo moral do homem apenas uma f orma de divertimento, um
passatempo, sem compreender que o fenmeno de evoluo, to simples e
vulgar, que a antigidade e a t povos semi-selvagens conheceram, possa ter
l igao com as mais graves questes da ordem social. Efetivamente, para oobservador superficial, que relao pode ter com a moral e o futuro da
Humanidade algumas simples palavras de elevao espir i tual?
Discpulo: Entender como o crescimento moral do homem entender seu
comportamento, Mestre?
Mestre: tambm um ponto de observao, Gafanhoto. Quem quer, porm, querefl i ta se lembrar de que de uma simples panela a ferver e cuja tampa se erguia
continuamente, fato que tambm ocorre desde toda a antigidade, saiu o
possante motor com que o homem transpe o espao e suprime as distncias.
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Discpulo: Ser que a maioria dos h omens no enxerga essa situao, Mestre?
Mestre: No to faci lmente, Gafanhoto. Da natureza que possui fenmenos que
muitos no crem, e muitas vezes cri t icam com desdenho, saiu uma cincia,
assim como a soluo dos problemas que nenhuma fi losofia pudera a inda
resolver. Ser que todos os adv ersrios de boa-f se deram ao trabalho de
estudar o que cri t icam?
Discpulo: Cri t icam, Mestre?
Mestre: Sim, porque, em boa lgica, a crt ica s tem valor quando o crt ico
conhecedor daquilo de que fa la. Zombar de uma coisa que no se con hece, que
no se sondou com o escalpelo do observador consciencioso, no cri t icar,
dar prova de leviandade e tr iste mostra de f alta de sabedoria.
Discpulo: Ser que o homem no acredita na prpria evoluo, Mestre?
Mestre: Muitos julgam pelo ttulo, Gafanhoto; como o macaco da fbula julgava
da noz pela casca.
Discpulo: O senhor quer dizer que devemos buscar compreender o interior das
pessoas, Mestre?
Mestre: O Espir i tual ismo o mais terrvel antagonista do material ismo. No ,
pois, de admirar que tenha por adversrios os material istas. Mas, como o
material ismo uma doutr ina cujos adeptos mal ousam confessar que o so, elesse acobertam com o manto da razo e da cincia para negar suas fraquezas.
Discpulo: Ser que o homem tem medo de dizer o que pensa, Mestre?
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No ser mais natural que trate de viver o melhor possvel, durante os breves
instantes que lhe concedeis?
Da o desejo de possuir muito para melhor gozar. Do desejo nasce a inveja dos
que possuem mais e, dessa inveja von tade de apoderar-se do que a estes
pertence, o passo curto. Que que o detm?
A lei? A lei, porm, no abrange todos os casos. Direis que a conscincia, o
sentimento do dever. Mas, em que baseias o sentimento do dever?
Ter razo de ser esse sentimento, de par com a crena de que tudo se acaba
com a vida? Onde essa crena exista, uma s mxima racional: cada um por si,
no passando de vs palavras as idias de fraternidade, de conscincia, de
dever, de humanidade ou mesmo de progresso.
Discpulo: Por isso o senhor diz que o material ismo uma doutr ina, Mestre?
Mestre: A partir do momento em que so agrupados mesma maneira de pensare agir, o homem pode estar cr iando, sem mesmo perceber, uma do utr ina; ou
seja, uma forma de comportamento. Todos que proclamam semelhantes idias,
no sabem quo grandes o mal que fazem sociedade, nem de quantos crimes
assumem a responsabil idade! Para o cptico, tal coisa no existe. S matria
rende ele homenagem, Gafanhoto.
Discpulo: Mas a origem do homem, Mestre, como se deu?
Mestre: Gafanhoto, o progresso da Humanidade t em seu princpio na apl icao
da lei de justia, de amor e de caridade, lei que se funda n a certeza do futuro.
Tirai- lhe essa certeza e lhe t irareis a pedra fundamental. Dessa lei derivam todas
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as outras, porque ela encerra todas as condies da fel icidade do homem. S ela
pode curar as chagas da sociedade. Comparando as idades e os povos, pode ele
aval iar quanto a sua condio melhora, medida que essa lei vai sendo mais
bem compreendida e praticada.
Discpulo: Ora, se, apl icando-a parcial e incompletamente, o h omem consegue
alcanar tanto bem, que no conseguir quando fizer dela a base de todas as
suas insti tuies sociais, Mestre?
Mestre: Desde que ele j d eu dez passos, possvel lhe dar vinte e assim por
diante. Do futuro se pode, pois, julgar pelo passado. Observe Gafanhoto:
J vemos que pouco a pouco se extinguem as antipatias de povo para povo.
Diante da civi l izao, diminuem as barreiras que os separavam.
De um extremo a outro do mundo, eles se estendem as mos.
Maior justia preside elaborao das leis internacionais.
As guerras se tornam cada vez mais raras e no excluem o s sentimentos de
humanidade.
Nas relaes, a uniformidade se vai estabelecendo.
Apagam-se as distines de raas e de castas e os que professam crenasdiversas impem si lncio.
Discpulo: Mas esta luta no uma conduta dos povos antigos, Mestre?
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Mestre: Falo dos povos que marcham testa da civi l izao, Gafanhoto. A todos
estes respeitos, no entanto, longe ainda estamos da perfeio e muitas runas
antigas, ainda se tm que a bater, at que no restem mais vestgios da b arbaria.
Discpulo: Podero, acaso, essas runas sustentar-se contra a fora irresistvel
do progresso, contra essa fora viva que , em si mesma, uma lei da Natureza,
Mestre?
Mestre: Sendo a gerao atual mais adiantada do que a anterior, por que no o
ser mais do que a presente a que lhe h de suceder? S-lo-, pela fora das
coisas. Primeiro, porque, com as geraes, todos os dias se extinguem alguns
campees dos velhos abusos, o que p ermite sociedade formar-se de elementos
novos, l ivres dos velhos preconceitos. Em segundo lugar, porque, desejando o
progresso, o homem estuda os obstculos e se apl ica a remov-los.
Discpulo: O homem quer ser fel iz e natural esse desejo, Mestre?
Mestre: Ora, buscando progredir, o que ele procura aumentar a soma da suafel icidade, sem o que o progresso careceria de objet o. - Em que consistir ia para
ele o progresso, se este no lhe melhorasse a posio?
Discpulo: Ento, progresso traz a fel icidade, Mestre?
Mestre: No totalmente Gafanhoto. Quando, porm, conseguir a soma de gozos
que o progresso intelectual lhe pode proporcionar, veri f icar que no estcompleta a sua fel icidade. Reconhecer ser esta impossvel, sem a segurana
nas relaes sociais, segurana que somente no progresso moral lhe ser dado
achar.
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Discpulo: Por isso que o homem, cada dia mais, anseia pela sabedoria Mestre?
Mestre: Normalmente ele no busca pela sabedoria, Gafanhot o. Mas, logo, pela
fora mesma das coisas, ele prprio dir igir o progresso para essa senda e a
sabedoria moral lhe oferecer a mais poderosa alavanca para alcanar tal
objetivo.
Discpulo: Mas porque o homem demora tanto para compreender essa
necessidade, Mestre?
Mestre: Os que dizem que a sa bedoria moral ameaa invadir o mundo,
proclamam a fora dessa prpria sabedoria, porque jamais poderia tornar-se
universal uma idia sem fundamento e desti tuda de lgica.
Discpulo: Ento qualquer pessoa po de ter acesso aos conhecimentos morais,
Mestre?
Mestre: verdade Gafanhoto. A sab edoria moral se implanta por toda parte, se,
principalmente nas classes cultas, recruta adeptos, como todos faci lmentereconhecero, que tem um fundo de verdade.
Discpulo: Esse reconhecimento demorado, Mestre?
Mestre: Por meio da sabedoria, Gafanhoto, a Humanidade entrar numa nova
fase, a do progresso moral que lhe conseqncia inevitvel. No mais, pois,
vos espanteis da rapidez com que essas idias se propagaro. A causa dessaceleridade reside na satisfao que trazem a todos os que as aprofundam e q ue
nelas vem alguma coisa mais do que fti l passatempo. Ora, como cada um quer,
acima de tudo, sua fel icidade, nada h de surpreendente em que cada um se
apegue a uma idia que faz ditosos os que a esposam.
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Discpulo: Como o crescimento da sabedoria moral, Mestre?
Mestre: Trs perodos distintos apresentam o desenvolvimento dessas idias,
Gafanhoto:
Primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenmenos produzidos
desperta;
Segundo, o do raciocnio e da f i losofia;
Terceiro, o da apl icao e das conseqncias.
O perodo da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita,
muda de objeto. O mesmo no acontece com o que desafia a meditao s ria e o
raciocnio. Comeou o segundo perodo, o terceiro vir inevitavelmente. A
sabedoria moral progrediu principalmente depois que foi sendo mais bem
compreendida na sua essncia ntima, depois que lhe perceberam o alcance,
porque tange a corda mais sensvel do homem: a da sua fel icidade, mesmo nestemundo. A a causa da sua propagao, o segredo da fora que a far tr iunfar.
Discpulo: Mas de onde vem isso tudo, Mestre?
Mestre: A sabedoria moral no obra de apenas um homem. Ningum pode
inculcar-se como seu criador, pois to antigo ela quant o a criao do prprio
homem. Encontramo-la por toda parte, em todas as rel igies.
Discpulo: E porque existem homens maus e h omens bons, Mestre?
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Mestre: No mundo h criaturas em diversos graus de evoluo, Gafanhoto. Salvo
a crena de que aqueles f oram destinados a permanecer perpetuamente no mal,
ao passo que a senda do progresso se conserva aberta aos segundos, no h
entre uns e outros mais do que simples diferena de nomes.
Discpulo: E o que faz a cincia da sabedoria moral para tratar essas d iferenas,
Mestre?
Mestre: Rene em corpo de doutr ina o que estava esparso, Gafanhoto: expl ica,
com os termos prprios, o que s era dito em l inguagem alegrica; poda o que a
superstio e a ignorncia engendraram, para s deixar o que real e posit ivo.
Esse o papel da sabedoria moral! O de fundadora no lhe pertence. Mostra o
que existe, coordena, porm no cria, po r isso que suas bases so de t odos os
tempos e de todos os lugares. Quem, pois, ousaria considerar-se bastante forte
para abaf-la com sarcasmos, ou, ainda, com perseguies? Se a proscreverem
de um lado, renascer noutras partes, no prprio terreno donde a tenham banido,
porque ela est na Natureza e ao homem no dado o direito de aniqui lar uma
fora da Natureza, nem opor veto aos decretos Divinos. Que interesse, aos
demais, haveria em obstar-se a propagao das idias morais? exato que elasse erguem contra os abusos que nascem do orgulho e do egosmo do prprio
homem. Mas, se certo que desses ab usos h quem se aproveite, coletividade
humana esses abusos prejudicam.
Discpulo: Ento esse enfoque de cincia d maior consistncia sabedoria
moral, Mestre?
Mestre: Vendo que o comportamento moral reflete n a sociedade sua volta, e
ciente dessa repercusso, Gafanhoto, o homem poder mudar sua postura. A
coletividade, portanto, ser favorvel a tais idias, contando-se-lhes por
adversrios srios apenas os interessados em manter aqueles abusos. As i dias
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morais, ao contrrio, so um penhor de ordem e tranq il idade, porque, pela sua
influncia, os homens se tornam melhores uns para com os o utros, menos vidos
das coisas materiais e mais resignados aos decretos da Providncia.
Discpulo: Ento, como cincia, se pode classif icar a Sabedoria Moral, Mestre?
Mestre: A Sabedoria Moral se apresenta sob trs aspectos diferentes,
Gafanhoto: o das manifestaes, o dos princpios e da f i losofia que delas
decorrem e o da apl icao desses princpios. Da, trs classes, ou, antes, trs
graus de adeptos:
1 os que crem nas manifestaes e se l imitam a comprov-las; para esses, a
Sabedoria Moral uma cincia experimental;
2 os que lhe percebem as conseqnc ias morais;
3 os que praticam ou se esforam por praticar essa moral.
Qualquer que seja o ponto de vista, cientf ico, f i losfico ou moral, sob que
considerem essa sabedoria, todos compreendem consti turem ela uma ordem,inteiramente nova, de idias que surge e da qual no pode deixar de resultar
uma profunda modif icao no estado e comportamento da Humanidade e
compreendem que essa modif icao no pode deixar de operar-se no sentido
do bem.
Discpulo: Contra essa sabedoria h tambm alguns adversrios. Isso verdade
Mestre?
Mestre: No se pode negar que h oposio a uma corrente do bem, Gafanhoto.
Podendo estes adversrios serem classif icados em trs categorias, Gafanhoto:
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1 - A dos que negam sistematicamente tudo o que novo, ou deles no venha, e
que falam sem conhecimento de causa. A esta classe pertencem todos os que
no admitem seno o que possa te r o testemunho dos sentidos. Nada viram,
nada querem ver e ainda menos a profundar. Ficariam mesmo aborrecidos se
vissem as coisas muito claramente, porque foroso lhes seria convir em que no
tm razo. Para eles, a Sabedoria Moral uma quimera, uma loucura, uma
utopia, no existe: est dito tudo. So os incrdulos de caso pensado. Ao lado
desses, podem colocar-se os que no se d ignam de dar aos fatos a mnima
ateno, sequer por desencargo de con scincia, a f im de poderem dizer: Quis
ver e nada vi. No compreendem que seja preciso mais de meia hora para
algum se inteirar de uma cincia.
2 - A dos que, sabendo muito bem o que pensar da real idade dos fatos, os
combatem, todavia, por motivos de interesse pessoal. Para estes, a Sabedoria
Moral existe, mas lhes receiam as conseqncias. Atacam-na como a um inimigo.
3 - A dos que acham na Sabedoria Moral censura por demais severa aos seus
atos ou s suas tendncias. Tomado a srio, a Sabedoria Moral os embaraaria;
no a rejeitam, nem a aprovam: preferem fechar os olhos. Os primeiros somovidos pelo orgulho e pela presuno; os segundos, pela ambio; os terceiros,
pelo egosmo. Concebe-se que, nenhuma sol idez tendo, essas causas de
oposio venham a desaparecer com o tempo, pois em vo procuraramos uma
quarta classe de antagonistas, a d os que em patentes provas contrrias se
apoiassem demonstrando estudo laborioso e porfiado da questo. Todos apenas
opem a negao, nenhum aduz demonstrao, sria e irrefutvel.
Discpulo: Mesmo com os opositores o homem evolui, atravs da Sabed oria
Moral, Mestre?
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Mestre: Fora presumir da natureza humana supor que e la possa transformar-se
de sbito, por efeito das idias morais, Gafanhoto. A ao que estas exercem
no certamente idntica, nem do mesmo grau, em todos os que as professam.
Mas, o resultado dessa ao, qualquer que seja, ainda que extremamente fraco,
representa sempre uma melhora.
Discpulo: Ento, pode-se dizer que o homem adquire mais coragem para lutar
com os problemas da vida, quando evolui sua Sabedoria Moral, Mestre?
Mestre: Ser, quando menos, o de dar a prova da existncia de um mundo
extracorpreo, o que implica a negao das doutr inas material istas. Isto de riva
da s observao dos fatos, porm, para os que compreendem a Sabedoria Moral
no seu aspecto f i losfico e ne la vem outra coisa, que no somente fen menos
mais ou menos curiosos, percebe diversos outros efeitos.
O primeiro e mais geral consiste em desenvolver o sentimento rel igioso at
naquele que, sem ser material ista, olha com absoluta indiferena para as
questes espir i tuais. Da lhe advm o desprezo pela morte. No dizemos o
desejo de morrer; longe disso, porquanto o indivduo defender sua vida como
qualquer outro, mas uma indiferena que o leva a aceitar, sem queixa, nempesar, uma morte inevitvel, como coisa mais de alegrar do que de temer, pela
certeza que tem do estado que se segue aps a morte do fsico.
O segundo efeito, quase to geral quanto o primeiro, a resignao nas
vicissitudes da vida. A Sabedoria Moral d a ver as coisas de to alto, que,
perdendo a vida terrena trs quartas p artes da sua importncia, o homem no se
afl ige tanto com as tr ibulaes que a acompanham. Da, mais coragem nas
afl ies, mais moderao nos desejos. Da, tambm, o banimento da i dia de
abreviar os dias da existncia, por isso que a c incia moral ensina que, pelo
suicdio, sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futu ro, que
temos a faculdade de tornar fel iz, a p ossibi l idade de estabelecermos relaes
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com os entes que nos so c aros, oferecem ao indivduo suprema consolao. O
horizonte se lhe di lata ao infini to, graas a o espetculo, a que assiste
incessantemente, da vida de alm-tmulo, cujas misteriosas profundezas lhe
facultado sondar.
O terceiro efeito o estimular no homem a i ndulgncia para com os defeitos
alheios.
Discpulo: Mas, Mestre, se essa uma tarefa para toda a vida, o homem ter
resignao para conclu- la?
Mestre: Todavia, Gafanhoto, cumpre dizer: o princpio egosta e tudo que dele
decorre so o que h de mais tenaz no homem e, por conseguinte, de mais difci l
de desarraigar. Toda gente faz voluntariamente sacri fcios, contanto que nada
custem e de nada privem. Para a maioria dos homens, o dinheiro tem ainda
irresistvel atrativo e bem poucos compreendem a palavra suprfluo, quando de
sua pessoa se trata. Por isso mesmo Gafanhoto, a abnegao da personalidade
consti tui sinal de grandssimo progresso. Perguntam algumas pessoas: Ensina a
Sabedoria Moral qualquer conhecimento novo, qualquer coisa superior ao quedita a Sabedoria Divina? Se a Sa bedoria Moral no seno de origem Divina, de
que serve ao progresso do homem? Este raciocnio se a ssemelha notavelmente
ao do cal i fa Omar, com relao bibl ioteca de Al exandria: "Se ela no contm,
dizia ele, mais do que o q ue est no Alcoro, inti l . Lo go deve ser queimada.
Se contm coisa diversa, nociva. Logo, ta mbm deve ser queimada." No, a
Sabedoria Moral no traz uma moral diferente da que c onduz PAZ e ao
crescimento interior do indivduo.
Discpulo: Ento ela j existe ha muitos sculos, Mestre?
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Mestre: Ao longo dos sculos, Gafanhoto, muitos sbios vieram mostrar aos
homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, t endo a Sabedoria Divina,
enviado um de seus discpulos para fazer lembrada Sua lei que estava
esquecida, no havia de e nviar, de tempos em tempos, novos discpulos a f im de
a lembrarem novamente aos homens, e com maior preciso, quando eles a
olvidam, para tudo sacri f icar ao orgulho e cobia? Quem nos diz que, como o
afirmam os grandes sbios, no esto chegando o s tempos preditos e que no
chegamos aos em que verdades mal compreendidas, ou fa lsamente
interpretadas, devam ser ostensivamente reveladas ao gnero humano, p ara lhe
apressar o adiantamento? No haver alguma coisa de providencial nessas
manifestaes que se produzem simultaneamente em todos os p ontos do globo?
No um nico homem, um profeta quem nos vem advertir . A luz surge por toda
parte. todo um mundo novo que se desdobra s nossas vistas. Assim como a
inveno do microscpio nos revelou o mundo dos infini tamente pe quenos, de
que no suspeitvamos; assim como o telescpio nos revelou milhes de mundos
de cuja existncia tambm no suspeitvamos, a Sabed oria Moral nos revelam o
mundo invisvel que nos cerca, nos acotovela constantemente e que, nossa
revel ia, toma parte em tudo o que fazemos. Decorrido que seja mais algum
tempo, a existncia desse mundo, que n os espera, se tornar to incontestvelcomo a do mundo microscpico e dos globos disseminados pe lo espao. exato
que essas descobertas, se se lhes pode dar este nome, contrariam algum tanto
certas idias aceitas. Mas, no real que t odas as grandes descobertas
cientf icas ho igualmente modif icado, subvertido at, as mais correntes idias?
E o nosso amor-prprio no teve que se curvar diante da evidncia? O mesmo
acontecer com relao Sabedoria Moral, que, em breve, gozar do direito de
existir entre os conhecimentos humanos. desse modo, encaminhar para oespir i tual ismo os que no homem somente viam a matria, a mquina organizada.
Razo, portanto, t ivemos para dizer que a Sabed oria Moral, com os fatos, matou
o material ismo. Fosse este o nico resultado por ela produzido e j muita
gratido lhe deveria a ordem social. Ela, porm, faz mais: mostra os inevitveis
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