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UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Escola de Cincias Humanas e Sociais
Departamento de Educao e Psicologia
Mestrado em Ensino Educao Pr-Escolar
COMO APRENDEM AS CRIANAS EM IDADE PR-ESCOLAR
SANDRA GABRIELA DE JESUS CARDOSO
Sob a orientao da:
Professora Doutora gata Cristina Marques Aranha
Vila Real, 2012
IDissertao apresentada UTAD, no DEP ECHS,
como requisito para a obteno do grau de Mestre em
Educao Pr-Escolar, cumprindo o estipulado na alnea
b) do artigo 6 do regulamento dos Cursos de 2s Ciclos
de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientao da
Professora gata Cristina Marques Aranha.
II
Agradecimentos
Professora Doutora gata Aranha pelo encorajamento, motivao e
conhecimentos que transmitiu principalmente nos momentos mais difceis. Sem o seu
apoio seria muito difcil ultrapassar esta etapa.
Professora Doutora Maria Gabriel, pela amabilidade com que me acolheu.
Ao grupo de crianas e pais/encarregados de educao com quem trabalhei, pela
alegria, amizade e curiosidade com que me receberam.
Ao meu filho, Vasco, pelo carinho e pacincia nas alturas em que estive ausente.
minha famlia, que sempre acreditou em mim, especialmente minha cunhada
Paula Liberal.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram na elaborao deste
trabalho.
A todos, muito obrigado.
III
Resumo
Apresentamos sob a forma de um relatrio o trabalho desenvolvido na nossa
prtica pedaggica durante o ano 2010/2011, tendo como ponto de partida uma base
terica/reflexiva onde tentamos explicitar de forma organizada com se dever
implementar a prtica pedaggica numa sala do ensino pr-escolar.
A equiparao da habilitao para a docncia ao grau de mestre um sinal
evidente das exigncias da qualidade e profissionalismo, que se colocam nos dias de
hoje, ao ensino tornando-se uma condio importante no desenvolvimento de um pas.
Estamos cientes que este relatrio reflete todo o trabalho como educadora de
infncia que realizmos durante o ano letivo 2010/2011 com um grupo de crianas
pertencente ao Agrupamento de Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral.
Comeamos com uma descrio do contexto onde exercemos funes docentes,
iniciando com uma referncia ao meio onde est inserido o Jardim-de-Infncia, a sua
caracterizao/organizao, passando depois para a descrio de todos os espaos
existentes tanto internos como externos. De seguida fazemos uma breve reflexo, com
algum suporte terico, sobre as orientaes curriculares para a educao pr-escolar que
constituem um conjunto de princpios para apoiar o educador nas decises sobre a sua
prtica, ou seja, para conduzir o processo educativo a desenvolver com as crianas.
Estas tambm se diferenciam de algumas concees de currculo por serem mais gerais
e abrangentes, isto porque incluem a possibilidade de fundamentar diversas opes
educativas e, portanto, vrios currculos. Abordamos alguns conceitos tais como
planificao, avaliao e currculo. Expomos o modelo pedaggico utilizado por ns
baseando-nos tambm em alguns autores que o defendem.
Terminamos com a reflexo sobre os projetos em educao pr-escolar e a sua
importncia no desenvolvimento das crianas.
Palavras-chave: Educao Pr-escolar, Educador, Orientaes curriculares,
Planificao, Avaliao, Modelo pedaggico, Projetos.
IV
Abstract
This report serves to present the work carried out during our pedagogical
practice in 2010/2011. With a theoretical/reflective basis as a starting point, we tried to
make it explicit in a clear and organized manner, the way we should implement the
pedagogical practice in a pre-school classroom.
The equivalence of teaching qualification to a masters degree is a clear demand
for quality and professionalism in the teaching process, which becomes extremely
important for the development of a country.
We are aware this report reflects all the work as a kindergarten teacher in
2010/2011 with the group of children of Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral.
We began with the description of the context, referring to the surroundings and
environment of the kindergarten, its characteristics and organization, as well as its
facilities. Afterwards, and with some theoretical support, we made a reflection on
curricula orientations in pre-school teaching, which constitutes the necessary principles
to back up the teachers decisions in their practice, that is, to carry through the whole
learning/teaching process. Those are also different from some curriculum conceptions
for being more general and far-reaching, as they include the possibility to base many
teaching options, and therefore, many curricula. We approach some concepts such as
planning, evaluation and curriculum. We set out the pedagogical model we used,
supported in some authors.
We end up with a reflection on pre-school teaching projects and their role on
childrens development.
Key-words: Pre-school Education, Teacher, Curricula orientations, Planning,
Evaluation, Pedagogical model, Projects.
Vndice de quadros
Quadro 1 - Horrio Escolar
Quadro 2 - Horrio da Assistente Operacional
Quadro 3 - Horrio de Atendimento aos Pais/Encarregados de Educao
Quadro 4 - Horrio de Trabalho de Escola
Quadro 5 - Caracterizao do Grupo
Quadro 6 - Nvel Etrio das Crianas
Quadro 7 - Nmero de Irmos
Quadro 8 - Frequncia no Jardim-de-Infncia
Quadro 9 - Transporte para a Escola
Quadro 10 - Locais onde vivem as Crianas
Quadro 11 - Planificao de outubro
Quadro 12 - Planificao de novembro
Quadro 13 - Planificao de dezembro
Quadro 14 - Planificao de janeiro
VI
ndice de grficos
Grfico 1 - Caracterizao do Grupo
Grfico 2 - Percentagem de Crianas segundo o Sexo
Grfico 3 - Nvel Etrio das Crianas
Grfico 4 - Frequncia no Jardim-de-Infncia
VII
ndice de figuras
Figura 1 Concelho de Vila Real
Figura 2 Planta da Sala
Figura 3 rea do Computador
Figura 4 rea da Loja
Figura 5 rea dos Jogos
Figura 6 Dirio de Grupo
Figura 7 Mapas
Figura 8 Acolhimento/Reunio
Figura 9 rea da Pintura
Figura 10 Espao Exterior
Figura 11 Espao Exterior
Figura 12 Apresentao/Projeto
Figura 13 Trabalho de Projeto
VIII
Siglas e abreviaturas
Projeto Educativo .. PE
Projeto Curricular de Agrupamento .. PCA
Plano Anual de Atividades .. PAA
Projeto Curricular de Grupo/Sala .. PCG
Movimento das Escola Moderna .. MEM
Orientaes Curriculares Educao Pr-escolar ... OCEPE
IX
NDICE GERAL
1. INTRODUO .................................................................. 2
2. REVISO DA LITERATURA .. 5
2.1. CARATERIZAO DO CONTEXTO .. 5
MEIO ENVOLVENTE 5
2.2. INSTITUIO 9
GESTO/DIREO .. 9
HORRIOS PRATICADOS . 10
CORPO DOCENTE/PESSOAL AUXILIAR 12
LOTAO E ORGANIZAO DAS CRIANAS .. 12
DOCUMENTOS ORIENTADORES .. 12
2.3. CARATERIZAO GLOBAL DOS ESPAOS 16
ESPAO INTERIOR .. 16
SALA DE ATIVIDADES/HALL ... 16
REA DO COMPUTADOR . 19
REA DA BIBLIOTECA/ESCRITA . 20
REA DA COZINHA . 20
REA DA LOJA 20
REA DO QUARTO .. 21
REA DOS JOGOS DE CONSTRUO ... 21
REA DOS JOGOS DE MESA/MATEMTICA . 21
REA POLIVALENTE ... 22
REA DA PINTURA/MODELAGEM ... 23
ESPAO EXTERIOR .. 23
REFLEXO .. 24
XCARATERIZAO DO GRUPO DE CRIANAS ... 29
REA DE FORMAO PESSOAL E SOCIAL .. 29
REA DE EXPRESSO E COMUNICAO 30
DOMNIO DA EXPRESSO MOTORA 31
DOMNIO DA EXPRESSO PLSTICA .. 31
DOMNIO DA EXPRESSO MUSICAL ... 31
DOMNIO DA EXPRESSO DRAMTICA .. 32
DOMNIO DA LINGUAGEM ORAL ABORDAGEM ESCRITA 32
DOMNIO DA MATEMTICA 33
REA DO CONHECIMENTO DO MUNDO .. 34
3. A ATIVIDADE EDUCATIVA EM JARDIM-DE-INFNCIA . 36
ORIENTAES CURRICULARES .. 36
PLANIFICAO ... 39
AVALIAO 40
CURRCULO . 41
4. MODELO PEDAGGICO ADOTADO 44
5. MODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAO . 47
6. PERFIL DO DESEMPENHO DO EDUCADOR DE INFNCIA .. 49
7. PROJETO CURRICULAR DE GRUPO . 52
IDENTIFICAO DAS NECESSIDADES E INTERESSES .. 53
METAS E OBJETIVOS ... 55
METODOLOGIA ................................................ 58
ORGANIZAO DO GRUPO . 59
ATIVIDADES ORIENTADAS . 59
ATIVIDADES LIVRES ... 59
ATIVIDADES DE ROTINA . 60
XI
ATIVIDADES DE PROJETO ... 60
8. UNIDADES DE TEMPO ... 63
9. PLANIFICAES REALIZADAS ...................... 68
10. AVALIAES DAS PLANIFICAES 79
11. CONCLUSO ............................... 85
12. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .. 89
ANEXOS .. 91
1. Introduo
Introduo
2
1. INTRODUO
A Educao Pr-escolar a primeira etapa da educao bsica no processo de
educao ao longo da vida, sendo complementar da ao educativa da famlia, com a
qual deve estabelecer estreita relao, favorecendo a formao e o desenvolvimento
equilibrado da criana, tendo em vista a sua plena insero na sociedade como ser
autnomo, livre e solidrio.
O Jardim-de-Infncia deve ser um espao facilitador do desenvolvimento e da
aprendizagem criando condies para o sucesso, a formao e o desenvolvimento
equilibrado da criana. A ao e a investigao convergem para o mesmo fim, dar voz
s crianas e iniciar um processo nas prticas do educador. Parece evidenciar-se que
este processo, embora ainda numa fase inicial, favorece a participao mais ativa das
crianas e sustenta a reconstruo da prtica pedaggica em direo a uma pedagogia de
participao. Deixando-as participar, elas tornam-se mais criativas, cooperantes e
crticas, sentindo-se mais valorizadas. Damos a conhecer o trabalho desenvolvido como
forma de dar resposta questo que nos colocou face realidade em estudo e que ia no
sentido de sabermos a importncia das prticas pedaggicas no desenvolvimento
pessoal e social das crianas, no apenas porque a educao pr-escolar essencial para
o desenvolvimento da criana, tendo o educador um papel fundamental nesse
desenvolvimento, na medida em que ajuda as crianas a realizarem as suas
aprendizagens e a satisfazerem as suas necessidades, de acordo com as caractersticas
individuais de cada um, mas porque sentimos que as crianas com quem trabalhamos,
precisavam de motivao para terem uma melhor comunicao e aprenderem a
respeitar-se e ajudar-se mutuamente.
O presente trabalho descreve a nossa prtica pedaggica em Educao Pr-
escolar num Jardim-de-Infncia da rede pblica pertencente ao Agrupamento de Escolas
Monsenhor Jernimo do Amaral, durante o ano letivo 2010/2011. Para desenvolvermos
este Projeto elaboramos primeiro a caracterizao do contexto, seguindo-se a
caraterizao da Instituio, organizao e documentos orientadores. Partimos depois
para a caracterizao do grupo segundo as diferentes reas de contedo. rea um
termo utilizado na Educao Pr-escolar para designar formas de pensar e organizar a
interveno do educador e as experincias proporcionadas s crianas, encontramos as
Introduo
3
dificuldades e interesses das crianas e o que necessitamos desenvolver. Fazemos ainda
uma descrio de todos os espaos interiores e exteriores que compem a estrutura do
Jardim-de-Infncia de Constantim. Os espaos na Educao Pr-escolar podem ser
diversos mas, o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como esto
dispostos, condicionam o que as crianas podem fazer e aprender.
Abordamos a atividade educativa em Jardim-de-Infncia que pressupe o
conhecimento dos objetivos pedaggicos expressos na Lei-Quadro que, por sua vez,
englobam os fundamentos e a organizao das Orientaes Curriculares para a
Educao Pr-escolar.
Fazemos referncia Planificao, Avaliao e Currculo em Jardim-de-
Infncia. Caracterizamos tambm a avaliao na Educao Pr-escolar e abordamos a
importncia de um Currculo na Educao Pr-escolar. Fundamentamos o nosso modelo
pedaggico de acordo com o Movimento da Escola Moderna (MEM), que um modelo
pedaggico e assenta numa prtica democrtica da gesto das atividades, dos materiais,
do tempo e do espao e pretende atravs da ao do educador proporcionar uma
vivncia democrtica e um desenvolvimento pessoal e social da criana, garantindo a
sua participao na gesto da vida da sala e escola. Esta gesto deve ser apoiada por
instrumentos de pilotagem, registo e avaliao, tais como mapa de presenas, mapa de
tarefas, atividades, plano semanal, lista de Projetos e dirio de parede, este que se torna
instrumento mediador e operador da regulao social do grupo e interativa que uma
educao cooperada ou democrtica pressupe. No dirio escrevem-se as ocorrncias
negativas e positivas do grupo, o que gostamos, o que no gostamos, o que queremos
fazer e o que fizemos. No final da semana lemos o dirio, conversamos e refletimos. No
dia-a-dia da sala temos momentos de reunio em que planeamos o trabalho ser realizado
partilhamos saberes, avaliamos trabalhos, tarefas e atitudes e comunicamos descobertas
e aprendizagens.
Seguidamente fazemos uma breve abordagem ao modo e instrumentos de
avaliao utilizados em Jardim-de-Infncia. Abordamos o nosso Projeto Curricular de
Grupo e a sua importncia, segundo alguns autores.
Terminamos o nosso estudo com uma breve abordagem aos Projetos
desenvolvidos e a importncia destes para todo o grupo.
2. Reviso da Literatura
Reviso da Literatura
5
2. REVISO DA LITERATURA
2.1. Caraterizao do Contexto
Meio Envolvente
O meio envolvente onde se insere o Jardim-de-Infncia, as caractersticas
geogrficas e socioeconmicas da regio e da localidade, influenciam as aprendizagens
transmitidas, na interao com as crianas, as famlias e as instituies. Tal como dito
nas Orientaes Curriculares, segundo o Ministrio da Educao (1997), o meio social
envolvente localidade ou localidades de onde provm as crianas que frequentam um
determinado estabelecimento de Educao Pr-escolar, a prpria insero geogrfica
deste estabelecimento tem tambm influncia, embora indireta, na educao das
crianas. As caractersticas desta(s) localidade(s) tipo de populao, possibilidades de
emprego, rede de transportes, servios e instituies existentes, meios de comunicao
social, etc. No so tambm independentes de sistemas mais vastos e englobantes,
sistemas polticos, jurdicos, educativos ainda mais alargados. Torna-se por isso
fundamental que o educador faa um levantamento, do meio onde o Jardim-de-Infncia
se insere, de onde provm as crianas que o frequentam, conhecendo a realidade de cada
uma, possibilitando desta forma adequar o contexto educativo institucional s
caractersticas e necessidades das crianas e adultos que fazem parte da instituio.
Alm disso, o mesmo Ministrio refere ainda que compreender melhor cada criana, ao
conhecer os sistemas em que esta cresce e se desenvolve, de forma a respeitar as suas
caractersticas pessoais e saberes j adquiridos, apoiando a sua maneira de se relacionar
com os outros e com o meio social.
Refora-se assim a ideia de que o conhecimento, do meio natural em que o
Jardim-de-Infncia se insere, das especificidades geogrficas e socioeconmicas, das
suas potencialidades passveis de serem utilizadas no contexto educativo, da maior
importncia na interveno pedaggica que o educador possa vir a desenvolver.
A cidade de Vila Real est situada a cerca de 450 metros de altitude, sobre a
margem direita do rio Corgo, um dos afluentes do Douro. Localiza-se num planalto
rodeado de altas montanhas, em que avultam as serras do Maro e do Alvo. Dista
aproximadamente 85 km, em linha reta, do oceano Atlntico, que lhe fica a oeste, 15 km
Reviso da Literatura
6
do rio Douro, que lhe corre a sul, e para norte, cerca de 65 km da fronteira com a
Galiza, Espanha. Vila Real sede de concelho e capital de distrito.
Do concelho de Vila Real, sem prejuzo da feio urbana da sua sede, mantm
caractersticas rurais bem marcadas.
Dois tipos de paisagem dominam: a
zona mais montanhosa das serras do
Maro e da serra do Alvo, separadas
pela terra verdejante e frtil do Vale da
Campe, e para sul, com a proximidade
do Douro, os vinhedos em socalco. Por
toda a parte existem linhas de gua que
irrigam a rea do concelho, com
destaque para o rio Corgo, que atravessa
a cidade num pequeno mas profundo
vale, originando um canho de invulgar
beleza.
O concelho constitudo por 28 freguesias: Abaas, Adoufe, Arroios, Borbela,
Campe, Constantim, Ermida, Folhadela, Guies, Justes, Lamares, Lamas de Olo,
Lordelo, Mateus, Mous, Nogueira, Nossa Senhora da Conceio (urbana), Parada de
Cunhos, So Miguel da Pena, Quint, So Dinis (urbana), So Pedro (urbana), So
Tom do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da
Samard. A populao do concelho de 46.520 habitantes, para uma rea de cerca de
370 Km2, havendo assim 123,2 habitantes por Km2.
Constantim uma localidade cuja fundao remonta aos primrdios da
nacionalidade, tendo-lhe sido concedido um importante foral em 1096 pelo Conde
Henrique. Atualmente uma sede de freguesia, composta por quatro localidades:
cabana Constantim, Ranginha e Reta da Portela, possuindo mais de dez mil e trezentos
habitantes. Fica situado cerca de seis quilmetros da cidade de Vila Real e nesta
freguesia que esto implementados o Centro de Formao Profissional e a zona
industrial de Vila Real.
A populao de Constantim dedica-se a atividades ligadas ao sector primrio
(vinicultura, horticultura e fruticultura), ao sector secundrio (operrios nas fabricas da
Figura 1 Concelho de Vila Real
Reviso da Literatura
7
zona industrial e em pequenas oficinas locais e na construo civil) e ao sector tercirio
(em servios pblicos na sede de Concelho e no comrcio local).
Com a implementao da zona Industrial, do Centro de Formao e a construo
da autoestrada, a pacatez da aldeia de outrora foi-se gradualmente alterando e os
horizontes socioculturais da comunidade local alargando: aumentaram os postos de
trabalho, surgiu a atividade mobiliria de aluguer/venda de habitaes, a poluio
aumentou assim como os riscos em termos de segurana rodoviria e o nmero de
pessoas que se dedicam a atividade domstica tem vindo a diminuir.
A aldeia foi palco de uma emigrao intensa, sobretudo para a Frana,
Alemanha e Sua, facto que se reflete na densidade populacional e mais concretamente
no nmero de crianas que frequentam a escola. Este fenmeno ainda hoje ocorre em
muitas famlias locais. Os acessos a esta localidade so de razovel qualidade e nela
existe uma rede de transportes pblicos. Possui tambm gua canalizada ao domiclio,
da rede pblica e um fontanrio, rede de distribuio eltrica, saneamento bsico e
recolha de resduos slidos.
No que se refere ao patrimnio cultural, Constantim possui uma escola onde
funciona o 1 Ciclo e o Jardim-de-Infncia um Centro Social e Paroquial, uma sede de
Junta de Freguesia, um Cruzeiro, o lugar da Mama, uma Igreja Matriz reconhecida
com valor arquitetnico incluindo as capelas anexas e altar mor de talha dourada com
sacrrio giratrio. Na capela guarda-se o crnio de So Frutuoso que a tradio manda
beijar a 30 de Janeiro e no ltimo domingo de Junho. So Frutuoso o Padroeiro da
Freguesia.
Constantim tambm um importante Plo de desenvolvimento desportivo. A
Associao Desportiva e Cultural foi fundada em 1976, possuindo um bom parque de
jogos onde se desenvolvem ativamente o ciclismo, as escolinhas de futebol e o grupo de
danas e cantares.
Realizam-se na freguesia de Constantim duas festas/romarias anuais, no ltimo
domingo de Julho por devoo a So Frutuoso, Santa Barbara e Santa Maria da Feira e a
vinte de Janeiro em devoo a So Sebastio.
O estudo do meio envolvente de extrema importncia porque o educador deve
ter em conta a realidade sociolgica em que a criana se encontra, favorecendo o
sentimento de identidade cultural e de cidadania. O conhecimento do meio traduz-se
num aproveitamento de recursos que este proporcionar, bem como no desenvolvimento
da criana em si mesma com as restantes do Jardim-de-Infncia e com o educador,
Reviso da Literatura
8
vivenciando trocas de experincias entre a comunidade educativa. Este processo de
socializao ajuda a criana a progredir enquanto cidado, contribuindo para a sua
autonomia e sentido de integrao. A interao com o meio tambm poder
proporcionar um maior auto e htero conhecimento entre as crianas e tambm com o
educador.
O Jardim-de-Infncia de Constantim caracteriza-se por se integrar num meio
rural, onde as crianas tm uma estreita relao com o mundo natural e com os
elementos que dele fazem parte. Poder-se- ento aproveitar a curiosidade inata que as
crianas sentem pelos elementos da natureza, para que possam realizar o maior nmero
de aprendizagens possvel. A aldeia de Constantim situa-se nas proximidades da cidade
de Vila Real, o que facilita o conhecimento do meio urbano por parte dos habitantes
mais jovens. De qualquer modo, o papel da escola passa por proporcionar s suas
crianas o conhecimento de um meio diferente e afastado que lhes pode oferecer
experincias novas e significativas. Isto porque ao conhecermos o meio em que nos
encontramos, identificam-se todos os recursos existentes e inexistentes. Este
conhecimento deve servir para desenvolver nas crianas determinadas competncias e
habilidades, tais como identificar elementos estruturantes da paisagem, ser capaz de se
orientar e deslocar com segurana no espao exterior escola (rural e urbano), conhecer
algumas normas cvicas de comportamento e conhecer espaos de valor patrimonial. As
competncias atrs referidas podero ser trabalhadas no espao envolvente da escola,
assim como nas sadas ao exterior, nomeadamente a Vila Real. Na cidade podero
conhecer melhor o ambiente urbano, visitar monumentos e outros espaos que no
existem na aldeia. Da a importncia de valorizar e desenvolver vivncias e experincias
em ambos os contextos, tanto os rurais como os urbanos, visto que os dois
proporcionam aprendizagens diferentes, mas igualmente necessrios, para a construo
da criana enquanto cidado ativo na sociedade.
Ao nvel da participao da comunidade nas atividades realizadas pelo Jardim-
de-Infncia, muito importante que se estabelea uma boa relao entre
pais/encarregados de educao e educadora e que as crianas o sintam. importante que
os pais/encarregados de educao se envolvam ativamente no dia-a-dia do Jardim-de-
Infncia promovendo-se assim um bom ambiente educativo. Para Abreu, Sequeira e
Escoval (1990) as crianas no devero estar sujeitas a grandes discrepncias entre os
ambientes educativos (famlia, escola) pelo que os educadores e pais devero encetar
esforos de aproximao quanto aos modelos e estratgias educativas. Para alm destes
Reviso da Literatura
9
autores tambm Silva (2003) refere que uma maior coresponsabilizao dos
pais/encarregados de educao no processo educativo dos seus educandos, tem
resultados positivos para estes, da advenientes, para alm de uma valorizao social das
famlias, sobretudo as de meios populares, a partir da imagem que lhes devolvida pela
instituio escolar.
2.2. Instituio
O Jardim-de-Infncia de Constantim pertence rede pblica e insere-se no
Agrupamento Monsenhor Jernimo do Amaral. Tal como referido no primeiro ponto
do artigo 6 do Regime de Autonomia, Administrao e Gesto dos Estabelecimentos
Pblicos da Educao Pr-Escolar e dos Ensinos Bsico e Secundrio, aprovado pelo
Decreto-Lei n 75/2008, de 22 de Abril, o Agrupamento de Escolas uma unidade
organizacional, dotada de rgos prprios de administrao e gesto, constituda por
estabelecimentos de Educao Pr-escolar e escolas de um ou mais nveis e Ciclos de
ensino, a partir de um Projeto Pedaggico comum.
Ao Agrupamento compete assegurar a estabilidade e eficincia da gesto
escolar, adotar condies para o reforo da articulao entre ciclos de modo em que se
aprofunde a sequencialidade curricular, promover o desenvolvimento integral dos
alunos criando igualdade de oportunidades e organizar o Projeto Educativo traado para
um horizonte de quatro anos. ainda responsvel pela gesto financeira do Jardim,
atravs de verba atribuda pelo Ministrio da Educao. Guia-se por estruturas
organizativas, isto , o Conselho Geral, o Diretor, o Subdiretor e Adjuntos, o Conselho
Pedaggico, o Conselho Administrativo e os diferentes Conselhos de Docentes. Apesar
de pertencer ao Agrupamento, o Jardim-de-Infncia de Constantim rege-se por
documentos prprios, dos quais se destaca o Regulamento Interno. Este enquadrado
pelo Decreto-Lei 115-A-98, que no seu artigo n3 refere que os Regulamentos Internos
definem o regime de funcionamento da escola, bem como os direitos e deveres dos
membros da comunidade escolar.
Gesto/Direo
Na Legislao para a Educao Pr-escolar, a Lei n 5/97, Lei-Quadro da
Reviso da Literatura
10
Educao Pr-Escolar, estabelece, no artigo 11 que cada estabelecimento de Educao
Pr-escolar dispe, de entre outros rgos, de uma direo pedaggica assegurada por
quem detenha as habilitaes legalmente exigveis para o efeito, a qual garante a
execuo das linhas de orientao curricular e a coordenao da atividade educativa.
Este artigo refere ainda que nos estabelecimentos de Educao Pr-escolar da rede
pblica, a direo pedaggica ser eleita pelos educadores, sempre que o seu nmero o
permita. O Estado o responsvel por definir as orientaes gerais, nomeadamente nos
aspetos pedaggicos e tcnicos, competindo-lhe definir regras para o enquadramento da
atividade dos estabelecimentos de Educao Pr-escolar; definir objetivos e linhas de
orientao curricular.
Horrios Praticados
O Decreto-Lei n 147/97 de 11 de Junho estabelece, no n 1 do artigo 9, que os
estabelecimentos de Educao Pr-escolar asseguram um horrio flexvel, segundo as
necessidades da famlia. No n 2 do mesmo artigo determina que o horrio ser fixado
antes do incio das atividades de cada ano sendo ouvidos, obrigatoriamente, para o
efeito, os pais/encarregados de educao ou os seus representantes. A Lei-Quadro que
atesta nitidamente a articulao do horrio do Jardim-de-Infncia com as necessidades
das famlias, diz ainda que os pais/encarregados de educao devem ser consultados
sobre esse horrio e a sua entrada em funcionamento sujeita homologao pela
Direo Regional de Educao do Norte. Os horrios do Jardim-de-Infncia de
Constantim foram homologados pelo Ministrio da Educao, sob proposta da direo
pedaggica e ouvidos os pais/encarregados de educao. Cumprindo as normas, o
horrio letivo foi o seguinte: das 09h00 s 12h00, com interrupo para o almoo das
12h00 s 14h00, reabrindo novamente s 14h00 e encerrando s 16h00, cumprindo
assim um total de 5 horas por dia, sendo 3 horas no perodo da manh e 2 no perodo da
tarde. Neste Jardim-de-Infncia decorreram ainda as atividades de prolongamento que
se realizam entre as 12h00 e as 14h00 (almoo) e entre as 16h00 e 18h00
(prolongamento).
Reviso da Literatura
11
Quadro 1 Horrio Escolar
Manh Tarde
09h00 12h00 14h00 16h00
Almoo Prolongamento
12h00 14h00 16h00 18h00
O horrio da assistente operacional diferente do horrio da educadora como se
pode verificar no quadro a baixo representado.
Quadro 2 Horrio da Assistente Operacional
Manh Tarde
08h45 12h15 14h00 17h30
O horrio para atendimento aos pais/encarregados de educao est definido no
Regulamento Interno, podendo ser alterado sempre que necessrio e realiza-se de 15 em
15 dias, conforme o quadro abaixo mencionado.
Quadro 3 Horrio de atendimento aos Pais/Encarregados de Educao
5 Feira Das 16h00 17h00
As reunies com os pais/encarregados de educao so realizadas
trimestralmente, sempre que se justifiquem e fora do horrio letivo, sendo da
responsabilidade da educadora a sua marcao e organizao. Eventualmente, surgem
reunies extraordinrias dependendo do trabalho que est a ser elaborado pelo grupo de
crianas.
O Trabalho de Escola (TE) foi realizado todas as 2 feiras, tal como mostra o
quadro seguinte.
Quadro 4 Horrio de Trabalho de Escola (TE)
2 Feira Das 16h00 17h00
Reviso da Literatura
12
Corpo Docente/Pessoal Auxiliar
O funcionamento do Jardim-de-Infncia de Constantim foi assegurado por
pessoal docente e no docente, distribudo por:
- Pessoal docente: 1 educadora de Infncia;
- Pessoal no docente: 1 assistente operacional.
Lotao e Organizao das Crianas
O grupo composto por 9 crianas, 2 do sexo feminino e 7 do sexo masculino
no obedecendo, segundo a Legislao para a Educao Pr-Escolar, s determinaes
do artigo 10 do Decreto-lei n 147/97 de 11 de Junho onde referido a frequncia
mnima de 20 e mxima de 25 crianas por sala. Apenas em situaes devidamente
fundamentadas, nomeadamente em zonas de baixa densidade demogrfica, poder ser
autorizada, pelo Ministrio da Educao, uma frequncia inferior a 20 crianas por sala,
ou ento adaptar outra modalidade alternativa, como a educao itinerante. um grupo
que se salienta pela diferena relativamente ao sexo, idades e aprendizagens. O grupo
heterogneo apresentando, contudo, necessidades e vivncias muito iguais.
Documentos Orientadores
Para Abreu, Sequeira e Escoval (1990) em torno da escola, ou mesmo dentro
dela, existem por vezes diferentes servios tendo objetivos especficos e devem ter um
objetivo comum a construo de um ambiente educativo de qualidade, onde as
aprendizagens sejam mais viveis e integradas. Segundo Bassedas, Huguet e Sol
(1990) quando se trabalha em instituies educativas indispensvel realizar um
trabalho em equipa com todos os profissionais responsveis pela tarefa educativa. Cada
instituio deve ter documentos orientadores pelos quais todos os intervenientes e
responsveis pelo processo educativo se devem reger e orientar. No Jardim-de-Infncia
de Constantim, o Regulamento Interno, o Projeto Educativo (PE), o Projeto Curricular
de Agrupamento (PCA), o Plano Anual de Atividades (PAA) e o Projeto Curricular de
Grupo/Sala (PCG) formam o conjunto de instrumentos de apoio gesto escolar. O PE,
como vem referenciado no artigo 3 do Regime de Autonomia aprovado pelo Decreto-
Reviso da Literatura
13
Lei n 115-A/98, um documento que consagra a orientao educativa da escola no
qual se explicitam os princpios, os valores, as metas e as estratgias segundo as quais a
escola se prope cumprir a sua funo educativa. Para Barroso (1998), o Projeto
Educativo corresponde a um conjunto de princpios, valores e polticas capazes de
mobilizarem a ao da escola e a tomada de decises. No nosso entender, Costa (1996)
define o Projeto Educativo de forma ainda mais abrangente dizendo que um
documento de carcter pedaggico que, elaborado com a participao da comunidade
educativa, estabelece a identidade prpria de cada escola atravs da adequao do
quadro legal em vigor sua situao concreta, apresenta a misso da escola, o modelo
geral de organizao e os objetivos pretendidos pela instituio e, enquanto instrumento
de gesto, ponto de referncia orientador na coerncia e unidade da ao educativa.
Pretendemos, com a elaborao do PE, a promoo do sucesso educativo, a
formao integral do aluno, a igualdade de oportunidades, criar condies para uma
prtica de pedagogias ativas, desenvolver aes que envolvam a participao dos
pais/encarregados de educao, incentivar atitudes e valores, fazer a articulao
interdisciplinar, valorizar a ao educativa na sala de aula, estabelecer parcerias com
entidades locais, publicas ou privadas, para desta forma rentabilizar os recursos e
esforos que promovam a eficcia do servio educativo para benefcio mtuo.
Depois de definidas as linhas orientadoras no PE, elaboramos o PCG. A sua
operacionalidade implica um ajuste entre as exigncias do PE, do PCA e o contexto
socioeconmico, cultural, escolar e psicolgico do ato educativo de uma forma
especfica. A elaborao da responsabilidade do educador titular, e deve ser fruto das
preocupaes deste e do diagnstico efetuado atravs da observao feita s crianas, do
contexto familiar, do meio que as rodeia e do conhecimento que tem da comunidade
educativa. Pretendemos com este Projeto definir as estratgias de realizao e de
desenvolvimento das orientaes curriculares para a Educao Pr-Escolar a partir das
caractersticas do grupo e sempre das necessidades do mesmo. No que se refere ao PCA,
podemos concluir que o instrumento indispensvel de gesto do Currculo,
estabelecendo a ligao entre o Currculo Nacional e as opes do PE, no contexto da
legislao existente, da autonomia da escola e da sua realidade especfica. O conceito de
"Currculo" assim desenvolvido surge das interaes estabelecidas entre estes fatores, e
assume-se como um Currculo Individualizado, especfico da realidade escolar que o
elaborou, mas no entanto delimitado pelo Currculo Nacional que lhe d origem. Os
Reviso da Literatura
14
Decretos-Lei ns. 6/2001, de 18 de Janeiro e 74/2004, de 26 de Maro, estabelecem os
princpios orientadores da organizao e da gesto do Currculo, bem como da avaliao
das aprendizagens referentes aos Ensinos Bsico e Secundrio, respetivamente, e
determinam que as estratgias de desenvolvimento do Currculo Nacional sejam objeto
do PCA integrado no PE. Por esta razo e em conformidade, este um documento onde
se descreve a poltica educativa para a escola num perodo de 4 anos, que constitui um
suporte coerente daquela formao integrada, refletindo j a identidade e a autonomia
prprias de cada estabelecimento de ensino. Por sua vez, o PCA concretiza e desenvolve
aqueles princpios gerais anualmente. O PCA pode definir-se atendendo ao nvel de
prioridades estabelecidas para o Agrupamento/Escola e s competncias essenciais e
transversais em torno das quais se organizar o Projeto e os contedos que sero
trabalhados em cada rea curricular.
Assim o desenvolvimento do PCA, alm de atender aos princpios gerais do PE,
como acima descrevemos, tem como padro referencial o Currculo Nacional, adequado
s opes de cada escola, devendo por isso:
- Responder aos problemas reais e principais da escola, integrando e
generalizando a ao dos diversos intervenientes;
- Desenvolver uma ao pedaggica mais informada e esclarecida;
- Promover o desenvolvimento de competncias.
O PCA do Agrupamento de Escolas Monsenhor Jernimo do Amaral, do qual o
Jardim-de-Infncia de Constantim faz parte, pretende ser um conjunto de
processos/aes de construo coletiva que concretizam as orientaes curriculares de
mbito nacional em propostas globais de interveno pedaggico/didticas, adequando-
as ao contexto deste Agrupamento. Este processo de construo e de adequao do
currculo ao contexto especfico da Escola/Agrupamento, tendo em conta as
necessidades dos alunos, realiza-se no seio dos conselhos de docentes e
departamentos/grupos disciplinares pela articulao e sequencialidade dos contedos,
dando origem a aprendizagens significativas, numa perspetiva integrada e
interdisciplinar de saberes, para que esta forma de desenvolvimento seja realmente
concretizada, importa garantir alguns aspetos fundamentais para a construo de
situaes significativas, e que devem nortear a ao do professor. Neste contexto, o
PCA encontra-se diretamente relacionado com o PE e apoia-se nele para dar sentido e
voz a uma formao integral da criana/aluno, tendo por base os valores de cidadania
Reviso da Literatura
15
que a se espelham. Assim sendo, o Agrupamento decidiu, para um perodo de quatro
anos, que o tema central do PE seria Aprender em Comunidade.
Os objetivos gerais consagram melhorar a qualidade do sucesso escolar; implicar
e comprometer os alunos nas tomadas de deciso; operacionalizar a articulao a
sequencialidade entre os nveis de ensino; detetar precocidades/dificuldades;
desenvolver as interaes entre a escola e a comunidade educativa; melhorar o
desempenho profissional do pessoal docente e no docente; melhorar as instalaes e
equipamentos das escolas do Agrupamento e promover uma autoavaliao reflexiva e
partilhada. O PE apresenta a orientao educativa do Agrupamento para um perodo de
quatro anos, o PAA concretiza os objetivos e as metas do PE para cada ano letivo,
definindo objetivos, condies e meios. Pretendemos que o PAA seja um
documento/instrumento simples, prtico e flexvel para planificao das atividades a
desenvolver ao longo do ano letivo e dever ter em conta os objetivos do Sistema
Educativo, a promoo das aprendizagens dos alunos e ateno com a sua formao e
desenvolvimento pessoal e social. Elaborado pela direo do Agrupamento, com base
nas propostas de cada departamento e cada estabelecimento de educao e ensino do
Pr-Escolar e 1 Ciclo, tem por objetivo fundamental facultar comunidade educativa
um resumo de todas as atividades a realizar no presente ano letivo. O PAA enquanto
documento dinmico, mobilizador e aglutinador, ser avaliado e, sempre que necessrio,
passvel de reformulao, podendo sofrer alteraes e/ou melhorias ao longo do ano
letivo (todas as atividades que surjam e que sejam consideradas pertinentes sero
devidamente planificadas pelos seus proponentes e apresentadas em Conselho
Pedaggico). A avaliao dever ser feita no final de cada atividade, o que permite
conhecer o grau de consecuo dos objetivos. No Jardim-de-Infncia onde exercemos
funes, o PCG tenta, o mais possvel, ir de encontro ao PE Aprender em
Comunidade, respeitando sempre o PAA. Partindo do conhecimento que temos do
grupo de crianas, do PE e baseando a nossa atividade nos pressupostos previstos nas
Orientaes Curriculares, definimos o PCG. Os temas propostos no PE so abordados
com o grupo de uma forma sistemtica articulando esta opo com a necessidade de
desenvolver valores, trabalhando-se a rea da formao pessoal e social e a rea do
conhecimento do mundo, onde as questes ambientais e os projetos emergentes esto
includos. No havendo nenhum tema central, damos prioridade s questes que as
crianas vo levantando, surgindo dessa forma muitos projetos, uns de maior e outros de
menor dimenso, mas todos importantes.
Reviso da Literatura
16
2.3. Caraterizao Global dos Espaos
Segundo Hohmann et al (1995), as crianas precisam de espao em que
aprendam com as suas prprias aes, espao em que se possam movimentar, em que
possam construir, escolher, criar, espalhar, edificar, experimentar, fingir, trabalhar com
os amigos, trabalhar sozinhas em pequenos e grandes grupos. muito importante
fazermos o estudo de todos os espaos que as crianas possam utilizar para
conhecermos e direcionarmos a nossas intenes educativas.
Para Zabalza (1998) o termo espao refere-se ao espao fsico, ou seja, aos
locais para a atividade, caracterizados pelos objetos, pelos materiais didticos, pelo
mobilirio e pela decorao. O espao indispensvel para as aprendizagens da criana.
O educador dever proporcionar ao grupo espaos estimulantes, atrativos e variados.
Este espao tambm dever ter em conta os valores e objetivos pedaggicos do
educador.
Segundo as Orientaes Curriculares (1997), os espaos podem ser variados,
mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como esto dispostos, vo
condicionar, em grande parte, o que as crianas podem fazer e aprender. Assim, o
educador deve interrogar-se sobre a funo e finalidade educativa do espao, material
de modo a planear e justificar as razes dessa organizao.
A organizao do espao dever refletir as intenes educativas, promover as
aprendizagens significativas, o entusiasmo de estar na escola e que, desta forma,
potencie o desenvolvimento do grupo de crianas que passam a a maior parte do seu
dia.
Espao Interior
Sala de Atividades/Hall
Para Hohmann et al (1995), uma sala de atividades de orientao cognitivista
precisa de espao, espao para atividade das crianas e espao para grande diversidade
de materiais e apetrechamento. A sala precisa de espao de arrumao visvel e
Reviso da Literatura
17
acessvel s crianas.
O espao do Jardim-de-Infncia de Constantim era constitudo por uma sala de
atividades, duas casas de banho (adultos e crianas) e um hall de entrada que tinha
tambm como funes:
Afixar trabalhos das crianas de modo a que os pais/encarregados de educao os pudessem observar;
Afixar avisos para os encarregados de educao, assim como a lista das crianas que frequentavam, calendrio escolar, normas e horrio de funcionamento do
Jardim-de-Infncia, horrios da assistente operacional e da educadora;
Receber os pais/encarregados de educao nas horas das entradas e sadas das crianas;
Local onde se situavam os cabides para colocao de casacos e mochilas; Placard onde eram afixados os trabalhos realizados no Projeto Leitura em
Contexto Familiar;
Painel das estaes do ano; Arca para arrumao dos brinquedos do exterior; Espelho que ajudava as crianas na hora de apertar e desapertar botes, vestir e
despir casacos (por esta razo organizamos este espao com materiais que no
estavam a ser utilizados antes);
Armrio onde se arrumavam livros e jogos que se trocavam consoante a necessidade do grupo;
Mesa redonda para auxiliar em diversas tarefas como, por exemplo, assinar algo por parte dos pais/encarregados de educao sem ter que interromper atividades,
para Projetos com o 1 Ciclo como, por exemplo, a Semana da Cincia, Semana
da Leitura, Dia do Agrupamento, entre outros;
Extintor na parede lateral junto a porta de acesso ao exterior; Uma pequena despensa para guardar vrios tipos de material e, inclusive, o leite
escolar.
No que se refere a sala de atividades, o pavimento era em madeira corrida. Era
resistente lavagem e de fcil manuteno. As paredes e tetos apresentavam-se pintados
com tinta de gua, a iluminao era natural fazendo-se a partir de trs janelas com
estores de palha. A sala de atividades estava dividida em vrias reas: rea polivalente,
rea da pintura/modelagem, rea da cozinha, rea do quarto, rea da loja, rea da
Reviso da Literatura
18
biblioteca que funcionava como rea da escrita, a rea dos jogos de mesa e matemtica,
rea do computador e ainda a rea dos jogos de construes.
Relativamente aos placards, estes existem em todas as paredes da sala e at o
quadro de lousa utilizado para expor trabalhos. A sala estava devidamente equipada
com todos os requisitos de primeiros socorros, caixa que se encontra dentro da sala
colocada numa parede onde s os adultos tinham acesso. Apesar desta organizao, as
reas sofreram alteraes e nunca poderiam ser fixas. Tudo dependeria do grupo e seus
interesses e necessidades. Lobo (1988) diz que nem o nmero de reas, nem o seu
arranjo devero ser fixos, devem oferecer diversas possibilidades de organizao. No
desejvel que os espaos permaneam estticos ao longo do ano. As modificaes
devero acompanhar a evoluo e os interesses do prprio grupo. O espao sala foi
reorganizado com o grupo de crianas, vrias vezes ao longo do ano, e era embelezado
diariamente com as suas produes que nos demonstravam as aprendizagens do grupo
podendo ainda originar novos projetos. Assim criamos um espao acolhedor e agradvel
com o qual tanto a educadora como as crianas e pais/encarregados de educao se
identificavam. A seguir apresentamos a planta da sala.
Figura 2 - Planta da Sala
Reviso da Literatura
19
O espao fsico da sala, como se verifica na planta, estava organizado por reas,
onde o mobilirio se apresentava altura das crianas para permitir facilmente acesso
aos materiais e tambm ao desenvolvimento autnomo e livre das atividades por parte
do grupo. Hohman et al (1995) referem que um espao funciona melhor com crianas
que fazem as suas prprias opes. Estas reas de trabalho ajudam as crianas a ver
quais as opes possveis, pois cada rea apresenta um nico conjunto de materiais e de
oportunidades de trabalho.
Desta forma consideramos que quando a criana opta por uma rea, sabe que
materiais tm sua disposio e o que poder fazer com eles. Hohman et al (1995)
adiantam ainda que, por isso, os seus Projetos podem ser apresentados, podem ser
decises intencionais, em vez de acessos fortuitos de energia.
Assim podemos afirmar que a organizao do espao torna-se importantssima
para promoo da autonomia, interao entre o grupo e o desenvolvimento das crianas.
As reas desta sala estavam delimitadas no espao e bem definidas pelo
mobilirio e materiais que as compunham. Os materiais permitiam que o grupo
percebesse o seu modo de utilizao tornando-o cada vez mais autnomo leva-os a
tomar decises pois olham e optam pelo que desejam fazer. Sobre isto Lobo (1988) diz-
nos que nem o nmero de reas, nem o seu arranjo devero ser fixos, devem oferecer
diversas possibilidades de organizao No desejvel que os espaos permaneam
estticos ao longo do ano. As modificaes devero acompanhar a evoluo e os
interesses do prprio grupo. As reas no permaneceram fixas e ao longo do ano, foram
alteradas umas e acrescentadas outras conforme o trabalho era desenvolvido, tendo
sempre em linha de conta o desenvolvimento e o bom funcionamento do grupo.
rea do Computador
O grupo neste espao tinha acesso a jogos didticos e tambm a possibilidade de
pesquisarem com recurso internet. Nestas idades, a utilizao
de meios informticos promovem as capacidades de expresso
plstica e musical, estimulando a linguagem oral e a abordagem
escrita assim como matemtica. desenvolvido tambm a
coordenao visual-motora. Neste espao existiam vrios
jogos, CDS interativos e um computador que incentivava e
Figura 3 rea do Computador
Reviso da Literatura
20
facilitava as aprendizagens das crianas de forma divertida.
rea da Biblioteca/Escrita
Neste espao o grupo tinha ao seu alcance uma estante com livros
constantemente mudados conforme as opes do grupo. As crianas tiveram assim
acesso a vrios livros com temticas diversificadas. As crianas aprenderam a folhear
livros, a trat-los e a conserv-los e assim foram criando e desenvolvendo o gosto pela
leitura e escrita, tornando-se mais sociveis. Com a audio e a visualizao das
histrias, as crianas enriqueceram o vocabulrio, exercitaram a memria, a imaginao
promovendo, deste modo, o desenvolvimento da lngua materna. As histrias
originaram nas crianas emoes e agradveis recordaes e sensaes. Bettelheim
(1985) diz-nos que, ler, contar e ouvir histrias com personagens ou outros seres da
natureza, so excelente meio para estimular a imaginao da criana, promover
projees do inconsciente, clarificar valores e atitudes que podem, posteriormente, ser
transferidas para a vida real.
rea da Cozinha
Esta rea foi uma das mais escolhidas por quase todos os elementos do grupo.
Era onde vivenciavam o faz de conta, onde recriavam experincias da vida quotidiana
e imitaes constantes da vida familiar.
rea da Loja
Esta rea surgiu do interesse que as crianas manifestaram em comprar e vender
produtos alimentares para poderem utilizar na casinha. E como tnhamos arrumado, de
anos anteriores, o mobilirio da loja resolvemos coloc-lo na sala. A par disto surgiu a
reciclagem dos materiais que as mes em casa colocavam no
lixo tais como embalagens de carto e de plstico que
comearam a trazer para pormos venda na loja em dilogo
tambm com o grupo. Foi utilizado um jogo com euros de
brincar para colocarem na caixa registadora e trocarem por
aquilo que queriam comprar. Com a introduo desta rea as
crianas vivenciaram momentos de faz de conta e
Figura 4 rea da Loja
Reviso da Literatura
21
desenvolveram, alm da linguagem e socializao, vrias noes de matemtica.
rea do Quarto
O quarto tambm uma rea que permite a interatividade entre as crianas
atravs de jogos e brincadeiras faz de conta. Nesta rea existia um guarda-vestidos
com vrias roupas, calado e acessrios que as crianas podiam utilizar para mais uma
vez brincarem ao faz de conta. Era constitudo por uma cama, sofs e espelho.
rea dos Jogos de Construo
Na nossa opinio este um espao que permite o desenvolvimento intelectual e
motor das crianas porque, alm de brincarem e jogarem, desenvolvem a imaginao, a
criatividade e a capacidade intelectual. Apresenta ainda a
possibilidade das crianas brincarem em grupo e partilharem
materiais, promovendo-se a partilha e a cooperao entre elas.
Neste espao existiam legos grandes de encaixe, puzzles de
borracha, jogos com peas de madeira sendo que todos
permitiam o desenvolvimento de capacidades e vrias noes.
Esta rea foi tambm utilizada como pista de automveis pois
tinha tambm diversos carrinhos de diferentes tamanhos.
rea dos Jogos de mesa e da Matemtica
Esta rea era composta por jogos mas de dimenses mais pequenas, da a razo
de existir uma mesa com cadeiras e uma estante com variadssimos jogos adaptados s
crianas e ao seu alcance. de salientar que, como se verifica tambm na rea da
biblioteca, os jogos iam sendo trocados semanal ou quinzenalmente, conforme
necessidades do grupo. Existiam vrios puzzles em madeira, domins, enfiamentos,
blocos lgicos e jogos de seriao, ordenao e sequncias.
Figura 5 rea dos Jogos
Reviso da Literatura
22
rea Polivalente
Designamos esta rea de polivalente por
englobar outras. Era aqui que fazamos diariamente o
acolhimento, reunia o grupo para darmos incio ao dia e
a todas as atividades. Comevamos por contar as
novidades, todas as crianas e adultos contam as suas e
no final cada criana fazia o registo grfico. Seguia-se a
cano dos bons dias em que todos nos saudvamos e
desejvamos bom dia. De seguida planificvamos o dia
numa folha A3 (Anexo 1) onde a educadora registava
todas as atividades que iam ser realizadas tanto da parte
da manh como de tarde, enquanto ouvia e se discutiam
as propostas do grupo. Era eleito o chefe do grupo
para esse dia, que teria vrias responsabilidades e
funes em que uma delas seria a de, no final do dia,
ouvir os seus colegas e registar no mapa dos
comportamentos (Anexo 2) a respetiva bola verde,
amarela ou vermelha conforme o comportamento que tivessem durante o dia.
Registavam-se o estado do tempo (Anexo 3) num mapa prprio onde as crianas
procuravam um carto com a imagem correspondente ao estado do tempo (tarefa
atribuda no incio da semana a um membro do grupo). A seguir marcvamos as
presenas (Anexo 4) de todas as crianas, com uma
cruz no respetivo quadrado referente ao seu nome. No
final do dia, o chefe de grupo marcava as faltas.
Depois registavam-se no dirio de grupo as notcias
trazidas de casa ou surgidas na escola que as crianas
escolhiam, as ideias eram transformadas em sugestes
de trabalhos que, por sua vez, poderiam terminar em
Projetos. O acho mal correspondia, normalmente, a
situaes que tinham surgido com as quais o grupo no concordava, o acho bem
situaes boas que as crianas queriam registar. Todas as opinies eram escritas pela
educadora e posteriormente a criana fazia o registo grfico correspondente. Aqui foram
tambm realizadas as reunies de avaliao. Nesta rea e como a mesa era extensa,
Figura 6 Dirio de Grupo
Figura 7 Mapas
Figura 8 Acolhimento/Reunio
Reviso da Literatura
23
tambm se realizavam as atividades de grande grupo como ouvir histrias do Projeto
Jernimo Saltarico, A Ler+, trabalhos realizados sobre o Projeto Era uma vez com a
Matemtica, Projeto da Semana das Cincias e Semana da Leitura que envolveram o 1
Ciclo do ensino bsico. Realizavam-se colagens, corte e recortes, desenhos e
trabalhavam-se os Projetos emergentes. Esta rea era tambm onde as crianas
lanchavam e onde se festejavam os aniversrios. Era tambm onde recebamos os
pais/encarregados de educao que se envolveram, ao longo de todo o ano, em vrias
atividades. Como verificmos, esta rea tinha vrias funes. de referir que nesta rea
existia um armrio com todos os materiais necessrios e ao alcance de todas as crianas
para realizao destas atividades. ainda importante referir que todos os mapas e
quadros anteriormente referidos de organizao, daquele que dever ser o trabalho numa
sala de Educao Pr-escolar, eram fixados nos placards tambm nesta rea.
rea da Pintura/Modelagem
Esta rea era composta por um cavalete onde
podiam estar duas crianas em simultneo. Tinha um
armrio de apoio onde estavam todos os utenslios para a
pintura e uma mesa onde se encontravam os utenslios da
modelagem. Tinha ainda um placard onde eram expostas
as pinturas quando terminadas. uma rea que fomenta o
desenvolvimento da coordenao visual e motora, do ritmo,
da motricidade fina e contribui para o desenvolvimento da criatividade e imaginao.
Espao Exterior
Segundo o Ministrio da Educao (1997), o espao exterior um local que
pode proporcionar momentos educativos intencionais,
planeados pelo educador e pelas crianas. A este
propsito, o espao exterior do nosso Jardim-de-Infncia
era composto por um recreio comum ao 1 Ciclo do
ensino bsico, bastante espaoso, sendo o solo de gravilha
que, na nossa opinio, no o mais indicado para as
crianas por serem pequenas e gostarem de brincar no
cho. Existiam dois baloios grandes e um pequeno e um
Figura 9 rea da Pintura/Modelagem
Figura 10 Espao Exterior
Reviso da Literatura
24
escorrega pequeno. Todo o espao envolvente escola
era delimitado por um muro de granito com rede no topo.
Quanto localizao, o recreio estava bem situado, e
tinha um acesso fcil sala de atividade e tinha o dobro
da dimenso desta. Para alm das duas salas de aula,
divididas em 1 Ciclo do ensino bsico e Jardim-de-
Infncia, o edifcio era tambm constitudo por trs
instalaes sanitrias uma para os professores e duas para as crianas das quais uma era
para o 1 Ciclo e outra era para o Jardim-de-Infncia, dividida em duas partes e com
uma sanita cada e dois lavatrios. Existia uma casa de arrumos comum escola e ao
Jardim-de-Infncia para armazenar brinquedos e demais materiais. Na parte de trs da
escola existia um coberto que dava acesso s instalaes sanitrias, mas que no inverno
no podia ser utilizado pois, lateralmente, no estava tapado deixando entrar chuva e
frio.
Reflexo
A organizao dos espaos assenta em alguns princpios do Movimento Escola
Moderna (MEM). Este modelo pedaggico implica uma dinmica de organizao
cooperada e onde cada criana participa ativamente com tempos, espaos e instrumentos
prprios para que desta forma se organizem como grupo. No nosso entender o espao
educativo estava bem organizado, por reas de trabalho, de modo a que as crianas
pudessem realizar atividades escolhidas e por uma rea polivalente para trabalhos em
grupo. A opo e realizao das atividades implicavam um compromisso e
responsabilidade por parte de cada criana. Quanto aos materiais, estes estavam ao
alcance e disposio das crianas para as tornar cada vez mais autnomas. Com esta
organizao permitimos s crianas frequentarem sozinhas as reas de trabalho. A sala e
hall eram assim diariamente embelezados e enriquecidos com as produes do grupo.
Caracterizao do Grupo de Crianas
O grupo de crianas que frequentava o Jardim-de-Infncia de Constantim era
constitudo por 9 crianas. Era um grupo heterogneo, com idades compreendidas entre
Figura 11 Espao Exterior
Reviso da Literatura
25
o 3 e os 5 anos de idade e constitudo por 2 crianas do sexo feminino e 7 do sexo
masculino.
Quadro 5 Caracterizao do Grupo
Rapazes Raparigas Total
7 2 9
Grfico 1 Caracterizao do Grupo
Da leitura do grfico acima mencionado, podemos constatar que o grupo foi
constitudo maioritariamente por crianas do sexo masculino e apresentava uma
frequncia menor do sexo feminino.
0
5
10
15
20
25
Rapazes Raparigas Total
Crianas
Reviso da Literatura
26
Grfico 2 Percentagem de crianas segundo o sexo
Pelo grfico acima referenciado, 77,7% do grupo de crianas do sexo masculino. Por sua vez, 22,2% so raparigas.
Quadro 6 Nvel etrio das crianas
Grfico 3 Nvel etrio das crianas
Crianas Idades
4 5
3 3
2 4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Crianas
Idades
77,7%
22,2%RaparigasRapazes
Reviso da Literatura
27
Dos dados apresentados podemos agrupar as idades das crianas em trs nveis
etrios, ou seja, temos 4 crianas com 5 anos de idade; 2 crianas de 4 anos de idade e
por fim 3 crianas de 3 anos de idade.
Quadro 7 Nmero de Irmos
Nmero de irmos Nmero de crianas
0 2
1 6
3 1
Analisando o quadro 7 verifica-se que 2 crianas no tinham irmos, 6
crianas tinham 1 irmo e 1 criana tinha 3 irmos.
Quadro 8 Frequncia no Jardim-de-Infncia
Frequncia no Jardim Nmero de crianas
1 Vez 4
2 Vez 2
3 Vez 3
Grfico 4 Frequncia no Jardim-de-Infncia
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1 vez 2 vez 3 vez
Crianas
Reviso da Literatura
28
Analisando o quadro 8 e o grfico 4 constatamos que 4 crianas frequentaram o
Jardim-de-Infncia pela primeira vez, 2 crianas frequentaram-no pela segunda e 3
crianas frequentaram-no pela terceira vez.
Quadro 9 Transporte para a Escola
Transportes para a escola Nmero de crianas
A p 1
Carro 8
Atravs do quadro podemos verificar que 8 crianas vinham para o Jardim-de-
Infncia de carro e 1criana vinha a p.
Quadro 10 Local onde vivem as crianas
Local Nmero de crianas
Vale de Nogueiras 1
Constantim 5
So Pedro 1
Palhe 1
Fonteita 1
Da anlise do quadro verificou-se que 5 crianas viviam em Constantim, sendo
que as restantes distribuam-se pelas localidades de Vale de Nogueiras, So Pedro,
Palhe e Fonteita.
Reviso da Literatura
29
Caraterizao do Grupo de Crianas
(Segundo as reas de contedo das OCEPE)
rea de Formao Pessoal e Social
Apresenta um contedo transversal, presente em todas as outras reas, e uma
rea integradora. Segundo o Ministrio da Educao (1997), tem a ver com a forma
como a criana se relaciona consigo prpria, com os outros e com o mundo, num
processo que implica o desenvolvimento de atitudes e valores. Esta rea dever auxiliar
a promover nas crianas atitudes e valores que lhes permitam tornar-se adultos
conscientes, solidrios e habilitando-os para a resoluo de problemas da vida.
O Ministrio da Educao (1997) vai ainda mais longe referindo que a relao
que o educador estabelece com cada criana, a forma como a valoriza e respeita,
estimula e encoraja os seus progressos, contribuem para a autoestima da criana e
constituem um exemplo para as relaes que as crianas estabelecero entre si.
Em relao a esta rea importante referir que:
- As crianas manifestavam impacincia ou prazer diante de determinadas
situaes
- Modificavam vrias vezes de postura corporal e realizavam movimentos faciais,
demonstrando desagrado;
- As crianas solicitavam os adultos para pequenos gestos como as idas casa de
banho ou para limpar o nariz;
-Todas as crianas iam casa de banho sozinhas mas algumas ainda no
conseguiam desapertar os botes;
- Todos conseguiam, com mais ou menos dificuldades, tirar o casaco, pendur-lo,
assim como a mochila;
- Quase todas as crianas conseguiam colocar a palhinha no leite;
- Algumas crianas conseguiam calar-se sozinhas quando os sapatos tinham
atacadores;
- A maior parte das crianas comiam o lanche sem necessitar da ajuda do adulto;
- Durante a realizao das atividades, nem todo o grupo era autnomo,
necessitando com alguma frequncia do adulto ou mesmo dos colegas mais
velhos;
Reviso da Literatura
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- Quanto ao cuidado com os materiais da sala, as crianas mais velhas ajudavam
sempre os mais novos nessas tarefas, principalmente na hora de arrumar;
- As crianas chamavam ateno das outras quando alguma coisa se encontrava
fora do lugar. Normalmente as crianas mais velhas ajudavam as crianas mais
novas a arrumar as coisas no stio certo;
- As crianas mais pequenas mostravam dificuldades em terminarem uma
atividade quando esta era mais elaborada;
- Ficavam impacientes quando esperavam por algo, ou na ajuda de uma atividade,
ou na preparao de algum trabalho, chamando constantemente pelo educador;
- A relao que o grupo estabeleceu com os adultos da sala era boa, apesar de
existirem algumas crianas que eram mais dependentes deles. Normalmente
aceitavam bem as propostas dos adultos;
- Todas as crianas se relacionavam bem com os seus colegas. Era um grupo
carinhoso, afetivo e todos amigos uns dos outros. Nota-se por parte das crianas
mais velhas uma grande proteo e preocupao com as crianas mais novas;
- Todas demonstravam gostar imenso de brincar/jogar no exterior.
rea de Expresso/Comunicao
Para o Ministrio da Educao (1997), esta rea engloba as aprendizagens
relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simblico que determinam a
compreenso e o progressivo domnio de diferentes formas de linguagem. Apenas nesta
rea podemos distinguir diversos domnios estreitamente ligados, todos relacionados
com as aprendizagens dos cdigos essenciais comunicao com os outros. Isto :
- Domnio das expresses: motora, dramtica, plstica e musical;
- Domnio da linguagem oral e abordagem escrita;
- Domnio da matemtica.
Reviso da Literatura
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Domnio da Expresso Motora
O grupo gostava muito de fazer jogos orientados, mas tambm gostava de
brincar livremente. A nvel de postura corporal/equilbrio, a maior parte das crianas
conseguiam deslocar-se com facilidade, corriam, saltavam a ps juntos e transpunham
obstculos sem grandes problemas, exceto as mais pequenas que ainda tinham
dificuldades. Gostavam de fazer exerccios de expresso corporal e de ritmo,
reproduzindo gestos, imitando movimentos que envolviam todo corpo ou algumas
partes. Esta era uma atividade que todos gostavam de fazer. Assim, s sextas-feiras e
por opo do grupo realizvamos danas e jogos pr-desportivos.
Domnio da Expresso Plstica
Gostavam de realizar atividades plsticas, explorando materiais e gostavam de
materiais novos, saber como funcionavam, para que serviam. Dependendo da atividade
plstica que era realizada, o grupo necessitava de mais ou menos ajuda na realizao do
trabalho e na utilizao dos materiais. Adoravam pintura e colagens e os mais pequenos
ainda no conseguiam manipular muito bem o pincel, nem dosear a cola e tintas mas
tentavam e foram melhorando at ultrapassar esse obstculo. Todas as crianas
identificavam as cores sem dificuldade, exceto as mais pequenas. Algumas crianas j
pintavam sem sair dos contornos. Algumas crianas tinham dificuldade em recortar, em
segurar corretamente na tesoura. Havia crianas que nem sempre mostravam confiana
nas suas potencialidades, e o no consigo vencia a tentativa de concretizarem as
atividades. Porm, quando realizavam algum trabalho que consideravam que estava
bonito ou bem feito, demonstram uma enorme satisfao, querendo mostr-lo a todo o
grupo.
Domnio da Expresso Musical
Todas as crianas demonstraram gostar de cantar e aprender msicas novas. As
crianas conseguiam memorizar as msicas, umas com mais facilidade do que outras.
As crianas demonstravam gostar de cantar com o acompanhamento de gestos.
Reviso da Literatura
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Conseguiam reproduzir os gestos, umas com mais facilidade do que outras. As crianas
mais velhas, j conseguiam cantar e bater palmas seguindo o ritmo da cano,
identificando e reproduzindo sons.
Domnio da Expresso Dramtica
Referindo o Ministrio da Educao (1997), um meio de descoberta de si e do
outro, de afirmao, de relao com os outros que corresponde a uma forma de se
apropriar de situaes sociais.
As crianas gostavam de brincar na casinha, desenvolvendo o jogo simblico,
onde criaram situaes do quotidiano de uma famlia, retratando as suas vivncias.
Gostavam de inventar e recriar histrias. Eram capazes de imitar animais utilizando voz
e movimento. As crianas criavam livremente brincadeiras e jogos.
Domnio da Linguagem Oral e Abordagem Escrita
O grupo demonstrou muitas dificuldades em comunicar e expressar-se
corretamente, isto em relao s crianas mais novas, e a algumas das mais velhas que
foram at encaminhadas para a terapia de fala. Na hora das novidades, as crianas
gostavam de contar tudo aquilo que fizeram, mas as mais pequenas ainda estavam a
comear a dialogar em grande grupo. Houve uma criana de cinco anos na sala que teve
a ser acompanhada na terapia este ano e tambm em Pedopsiquiatria, pois tinha
diagnstico comprovado de hiperatividade com dfice de ateno. Existiam ainda outras
crianas neste grupo que apenas falavam quando eram solicitadas, limitando-se a
responder s questes colocadas. Quanto ao interesse em ouvir explicaes dos adultos,
o grupo dividia-se: algumas crianas interessavam-se por ouvir o que era dito, mas
depois quando estavam muito tempo concentrados, comeavam a distrair-se. Outras
crianas demonstravam algumas dificuldades em estar concentradas e ouvir uma
explicao at ao fim. O grupo no demonstrava dificuldades em compreender o que se
dizia dentro da sala a nvel de explicaes, tarefas e ordens. Todas as crianas mais
velhas conseguiam escrever o seu nome. As mais novas faziam tentativas de copiar.
Reviso da Literatura
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Todas as crianas gostavam de ouvir histrias, assim como observar as imagens, tanto
nos livros como no computador era como se fosse um mundo mgico.
Domnio da Matemtica
Na Matemtica, as crianas espontaneamente desenvolvem noes matemticas
a partir das vivncias do dia-a-dia. As estruturaes destas noes fundamentam-se na
vivncia do espao e do tempo, partindo de atividades espontneas e ldicas das
crianas. Por essa razo tivemos na sala, puzzles, domins, blocos lgicos, o tangram
e outros jogos de classificao, para formarem conjuntos, seriarem, ordenarem e
formarem diversos padres, em conjunto com a explorao das situaes dos seus
quotidianos, foram teis para que as crianas desenvolvessem noes matemticas.
Estes jogos tornam-se recursos indispensveis para fundamentar aprendizagens
matemticas. O educador tambm dever estar atento e provocar. Segundo o Ministrio
da Educao (1997), as situaes problemticas que permitam que as crianas
encontrem as suas prprias solues, que as debatam com outra criana, num pequeno
grupo, apoiando a explicitao do porqu da resposta e que todas as crianas tenham
oportunidade de participar no processo de reflexo.
O educador deve estimular o desenvolvimento do raciocnio e do esprito crtico.
Quanto orientao no tempo, algumas crianas tinham dificuldades no que diz respeito
a antes/depois, ontem/amanh. Algumas das crianas ainda no identificavam as quatro
formas geomtricas mais elementares (quadrado, tringulo, retngulo e crculo), da que
tivssemos esse facto em ateno e trabalhssemos as formas em vrias atividades.
Todas as crianas gostavam de jogar, manipular objetos, concentrando-se sozinhas ou a
pares, a realizarem puzzles e construes. Todo o grupo conseguia contar at 10, mas 4
crianas que j contavam at 20. Gostavam de realizar pequenos jogos com os materiais
existentes na sala. Utilizavam o corpo como meio de aprendizagem (contar os dedos,
contar os olhos, etc.).
Reviso da Literatura
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rea de Conhecimento do Mundo
Referindo o Ministrio da Educao (1997), esta rea enraza-se na curiosidade
natural da criana e no seu desejo de saber e compreender o porqu. A rea do
conhecimento do mundo dever ser uma sensibilizao s cincias, que poder estar
mais ou menos relacionada com o meio prximo, mas que aponta para a introduo a
aspetos relativos a diferentes domnios do conhecimento humano: a histria, a
sociologia, a geografia, a fsica, a qumica e a biologia.
As crianas gostavam muito de aprender, descobrir coisas e situaes novas.
Quando aprendiam alguma coisa de novo mostravam-se interessadas, entusiasmadas e
participativas. No meio envolvente, as crianas identificavam algumas infraestruturas
existentes. As crianas identificavam a sua casa, onde moravam e com quem moravam.
As crianas mais velhas enumeravam o agregado familiar. Gostavam de trabalhar com
as novas tecnologias e solicitavam-nas.
3. A Atividade Educativa
em Jardim-de-Infncia
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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3. A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
S se pode falar em atividade educativa no Jardim-de-Infncia se tivermos
conhecimento da Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar principalmente do Princpio
Geral e dos Objetivos da Educao Pr-escolar referidos no artigo 10, que nos
reporta para o documento Orientaes Curriculares para a Educao Pr-escolar que
explicita, pormenorizadamente, aquele princpio e os objetivos que dele advm. Assim a
atividade educativa parte do reconhecimento da criana como sendo o sujeito do
processo educativo, valorizando os seus saberes e neles fundamentando as novas
aprendizagens. Privilegia-se, deste modo, a cooperao no grupo, promove-se o
crescimento pessoal e social da criana e favorece-se a aquisio gradual da sua
conscincia como cidado. Neste perspetiva, fundamental que a aprendizagem se
inicie a partir dos saberes de cada criana para promoo de novas aprendizagens e
atravs de experincias diferenciadas interligando com pares e adultos. Assim
formamos adultos responsveis e respeitadores das diferenas dos outros.
Orientaes Curriculares
As Orientaes Curriculares dividem-se em duas partes. A primeira, trata
Princpios Gerais e Objetivos Pedaggicos enunciados na Lei-Quadro, fazendo
referncia ao princpio geral j referido, que define a Educao Pr-Escolar como a
primeira etapa da educao bsica, complementar da ao educativa da famlia, enuncia
os objetivos pedaggicos decorrentes daquele princpio geral. Referem ainda os
fundamentos e organizao das Orientaes Curriculares e apresentam as orientaes
globais para o educador. A segunda parte denomina-se Interveno Educativa, aborda
os temas Organizao do ambiente educativo, reas de contedo, Continuidade
educativa e Intencionalidade educativa. Assim, como j verificmos, do Princpio
Geral estabelecido pela Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar que advm todos os
objetivos gerais pedaggicos definidos para a Educao Pr-Escolar. Torna-se, ento
para ns, fundamental analisar esses objetivos e o modo como eles se traduzem nas
Orientaes Curriculares:
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
37
1) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criana com base em
experincias de vida democrtica numa perspetiva da educao para a cidadania. Este
primeiro objetivo informa o educador do quanto importante que a aprendizagem parta
dos saberes de cada criana. Estimulando a interao com o grupo, ensinando o respeito
por si mesmo e pelos outros, promove-se assim uma educao para a vida em
sociedade;
2) Fomentar a insero da criana em grupos sociais diversos, no respeito pela
pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva conscincia como membro da
sociedade. Este objetivo completa o primeiro, uma vez que a interao com os outros (o
grupo), com as suas diferenas culturais e sociais, contribui para formar o indivduo
como cidado, capaz de participar ativamente na sociedade;
3) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso escola e para o
sucesso da aprendizagem. Este objetivo aponta para um processo pedaggico tendo em
conta o grupo na sua diversidade, com vista ao desenvolvimento da autoestima e da
autoconfiana de todas as crianas, transmitindo as condies necessrias para abordar
com sucesso a etapa seguinte;
4) Estimular o desenvolvimento global da criana no respeito pelas suas
caractersticas individuais, incutindo comportamentos que favorecem aprendizagens
significativas e diferenciadas. Este objetivo aponta para respeitar e valorizar as
caractersticas individuais de cada criana, com a sua cultura e os seus saberes prprios,
como sujeito do processo educativo. A possibilidade de usufruir de experincias
diversificadas, num contexto com outras crianas e adultos, permite que cada criana v
aprendendo e v contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagens dos outros;
5) Desenvolver a expresso e a comunicao atravs de linguagens mltiplas
como meios de relao, de informao, de sensibilizao esttica e de compreenso do
mundo. O enunciado deste objetivo encaminha para o contedo das reas de Expresso
e Comunicao e Conhecimento do Mundo. Deste modo a primeira constitui uma rea
bsica que contribui simultaneamente para a Formao Pessoal e Social e para o
Conhecimento do Mundo;
6) Despertar a curiosidade e o pensamento crtico. um dos objetivos que pode
ser concretizado nas diferentes reas de contedo que se articulam numa formao
global. Devem-se proporcionar atividades e situaes que levem a criana explorao
e descoberta, constituindo-se assim momentos privilegiados para despertar a
curiosidade e o gosto por aprender;
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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7) Proporcionar criana ocasies de bem-estar e de segurana, nomeadamente
no mbito da sade individual e coletiva. O bem-estar e segurana dependem em grande
parte do ambiente educativo, em que a criana se sinta acolhida, escutada e valorizada,
o que contribui para aumentar a sua autoestima e o seu bem-estar fsico e psicolgico;
8) Proceder despistagem de inadaptaes, deficincias ou precocidades e
promover a melhor orientao e encaminhamento da criana. A deteo prematura das
deficincias ou precocidades, aliada a uma pedagogia diferenciada, promove a incluso
de todas as crianas no grupo, promove a igualdade de oportunidades e a aceitao e o
respeito pela diferena. A escola assume um papel de grande responsabilidade que
poder ser determinante para o futuro de uma criana como cidado;
9) Incentivar a participao das famlias no processo educativo e estabelecer
relaes de efetiva colaborao com a comunidade. Partindo do conhecimento do meio
familiar e da cultura de cada criana, a Educao Pr-Escolar pode tornar-se mediadora
entre as culturas de origem das crianas e a cultura a que tero de se adaptar para terem
uma aprendizagem com sucesso.
O documento Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar foca
outro importante tema, as Orientaes Globais para o educador, que orientam a
interveno profissional do educador de infncia, que passa por diversas etapas
interligadas que vo acontecendo e aprofundando, o que pressupe: observar cada
criana e o grupo, planear todo o processo educativo em funo do que sabe sobre o
grupo e de cada criana, agir ou concretizar na ao as suas intenes, avaliar todo o
processo e os efeitos, comunicar todo o conhecimento que adquire da evoluo de cada
criana, articular ou promover a continuidade educativa, constituindo todos estes
instrumentos etapas interligadas e contnuas do processo educativo.
Observar cada criana e o grupo Observar cada criana e o grupo para
conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informaes sobre
o contexto familiar e o meio em que as crianas vivem () o conhecimento da criana e
da sua evoluo (Ministrio da Educao, 1997, p.25). Com esta observao o
educador pode adaptar a sua atividade educativa ao grupo e a cada criana,
compreender os seus interesses e dificuldades, e planear o desenvolvimento das suas
potencialidades.
Planear o processo educativo para concretizar na ao as intenes educativas
Planear implica que o educador reflita sobre as suas intenes educativas (...)
(Ministrio da Educao, 1997, p.25). O planeamento a partir do conhecimento da
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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criana e do grupo, bem como do contexto familiar e social, auferido pela observao
atenta e continuada, permite criar um ambiente estimulante de desenvolvimento e
promover aprendizagens significativas. Cabe, ao educador, planear situaes de
aprendizagem desafiadoras, para captar e estimular cada criana, ou optar por fazer o
planeamento com a participao das crianas. Este processo permite ao educador fazer a
previso e a organizao de recursos bem como a articulao entre as diferentes reas
de contedo.
Agir Concretizar na ao as suas intenes educativas, adaptando-as s
propostas das crianas e tirando partido das situaes e oportunidades imprevistas
(Ministrio da Educao, 1997, p.26). Envolver quer o grupo quer a comunidade (pais,
famlias, tcnicos auxiliares, outros docentes, etc.) uma forma de alargar as interaes
das crianas e uma maneira de engrandecer o processo educativo.
Avaliar o processo e os efeitos Implica tomar conscincia da ao para
adequar o processo educativo s necessidades das crianas e do grupo e sua
evoluo (Ministrio da Educao, 1997, p.26). A avaliao efetuada com o grupo de
crianas uma atividade educativa, constituindo tambm uma base de avaliao para o
educador.
Comunicar O conhecimento que o educador adquire da criana e do modo
como esta evolui enriquecido pela partilha com outros adultos () (Ministrio da
Educao, 1997, p.26). A troca de opinies com os pais permite um melhor
conhecimento da criana e de outros conceitos que influenciam a sua educao.
Articular Cabe ao educador promover a continuidade educativa.em
colaborao com os pais e em articulao com os colegas do 1 ciclo () (Ministrio
da Educao, 1997, p.27). fundamental que o educador assegure e fomente a
continuidade educativa e o percurso para a escolaridade obrigatria. tambm funo
do educador proporcionar condies para aprendizagens com sucesso na etapa seguinte,
nomeadamente atravs da colaborao com as famlias e com os docentes.
Planificao
Planificar significa para ns transformar uma ideia numa ao. Para Vasconcelos
(1991), planear coordenar um conjunto de aes entre si, em ordem a obter um
determinado resultado. Para alcanarmos as metas a que nos propomos, devemos
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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delinear e fazer uma previso da ao, isto , devemos projetar.
Segundo Escudero, citado por Zabalza (1997), planificar prever possveis
cursos de ao de um fenmeno e plasmar de algum modo as nossas previses, desejos,
aspiraes e metas num Projeto que seja capaz de representar, dentro do possvel, as
nossas ideias acerca das razes pelas quais desejaramos conseguir, e como poderamos
levar a cabo, um plano para as concretizar.
A partir do conhecimento do grupo, o educador parte para a planificao do
processo educativo. Assim promover um ambiente estimulante de desenvolvimento
que origine aprendizagens significativas e diversificadas.
Planificar implica a reflexo sobre intenes educativas e as formas de as
adequar ao nosso grupo; Facilita a previso e a organizao dos recursos; Possibilita a
articulao entre todas as reas de contedo e; Promove a partilha e interao do grupo
o que origina a aprendizagem e o desenvolvimento. Planificar torna-se uma
necessidade, um apoio indispensvel para o educador desenvolver o seu trabalho
auxiliando-o, levando-o a refletir e avaliar em tudo o que faz de forma a progredir ou
reajustar o processo ou a sua prtica educativa. O educador deve encontrar o seu modelo
de planificao, pois existem diferentes maneiras de planificar. Para Vasconcelos (1991)
compete a cada educador encontrar o seu modelo, procurando tornar coerente o seu
modo de pensar e de agir, os seus valores em articulao com aquilo que o
conhecimento nos diz sobre as crianas.
Avaliao
A avaliao na Educao Pr-escolar tem o papel importante na verificao e
eficcia da ao educativa, contribuindo para a sua inovao com o objetivo de
aperfeioar, cada vez mais e melhor, os processos de desenvolvimento das crianas.
Para Ferreira (2007) ter diferentes sentidos e ser aplicada em vrias situaes e
contextos de vida quotidiana, tambm na educao pode ter finalidades e funes
distintas que vo desde o currculo ao processo de ensino-aprendizagem, aos Projetos
desenvolvidos na escola. Desta forma consideramos que a avaliao complexa, porque
avaliar abarca diferentes domnios.
Avaliar um mtodo que pressupe a capacidade de questionar o nosso modo de
trabalhar e de agir, os nossos comportamentos e as nossas propostas. Ao avaliarmos no
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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o devemos fazer apenas em relao evoluo do grupo mas tambm ao programa,
prtica pedaggica, ao Projeto e sua interveno educativa. Para Bassedas, Huguet e
Sol (1999), a avaliao serve para valorizar o que acontece quando colocamos em
prtica o programa que planejamos previamente e para verificar se preciso modificar
ou no determinadas atuaes.
Ao planearmos temos o propsito de alcanar objetivos. Depois so realizadas as
atividades para as crianas atingirem os objetivos, quer gerais quer especficos. Por essa
razo temos de observar se as crianas atingem ou no esses objetivos. Avaliar significa
analisar se os objetivos foram alcanados pela criana e intervir para modificar e
melhorar a prtica. Segundo Bassedas, Huguet e Sol (1999), a avaliao importante
para valorizar quando se realiza uma ateno adequada diversidade das crianas que
formam o grupo e se estamos a proporcionar experincias pertinentes que as ajudam a
avanar e a desenvolver-se.
Currculo
Zabalza (1994) diz que o Currculo o conjunto dos pressupostos de partida, das
metas que se deseja alcanar e dos passos que se do para as alcanar; o conjunto de
conhecimentos, habilidades, atitudes que so consideradas importantes para serem
trabalhados na escola, ano aps ano. Este autor refere ainda que o professor dever
provar, em termos cientficos, as decises tomadas e deve conhecer os meios que o
levam prtica para que se obtenha bons resultados de aprendizagens com o grupo de
crianas e, eventualmente, proceder a alteraes, se necessrio. Contudo, para Spodek
(1993) as experincias organizadas proporcionadas s crianas so feitas num
enquadramento escolar. Para este autor so as prprias crianas que originam o
Currculo. A circular do Ministrio da Educao sobre Gesto do Currculo na
Educao Pr-escolar (Circular n17/DSDC/DEPEB/2007), diz-nos que o
desenvolvimento curricular da responsabilidade do educador, que este deve prever e
organizar o tempo estruturado e flexvel para que todos os momentos tenham sentido
para o grupo de crianas, com o objetivo de promover processos de desenvolvimento e
de aprendizagens pensadas e organizados com inteno pelo educador. Nesta circular,
h dois documentos de apoio para organizao e gesto do currculo:
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infncia
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Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola que define as estratgias de
desenvolvimento do Currculo, visando adequ-lo ao contexto de cada
estabelecimento/escola ou de Agrupamento e integrado no respetivo Projeto Educativo;
Projeto Curricular de Grupo/Turma que define as estratgias de concretizao
e de desenvolvimento das orientaes curriculares para a Educao Pr-Escolar e do
Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola, visando adequ-lo ao contexto de cada
grupo/turma. A organizao do Currculo auxilia o educador a operacionalizar as
orientaes curriculares contribuindo para alterar positivamente a perceo social da
importncia do Ensino Pr-escolar.
Zabalza (1994) diz que a existncia de Currculos que valorizem a Educao Pr-
escolar e difundam esta perspetiva contribui para o reconhecimento, pela sociedade, do
direito das crianas a uma educao de qualidade antes da sua entrada na escolaridade
obri
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