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290ISSN 1806-9185Pelotas, RSDezembro, 2012Técnico

Comunicado

Características Fisiológicas deSementes de Trevo-alexandrinoe Trevo-vesiculosoenecessidadede Escarificação

INTRODUÇÃO

O gênero Trifolium possui várias espéciesde importância forrageira. No Rio Grande doSul, a espécie mais cultivada é o trevo-branco(Trifoliumrepens), seguida do trevo-vesiculoso (Trifoliumvesiculosum). Ao seremavaliadas no estado, outras espécies de trevomostraram adaptação e potencial produtivo,entre elas o trevo-alexandrino(Trifoliumalexandrinum) (REIS, 2005).

O trevo-alexandrino é uma espécie anual,de colmos eretos, ocos, com flores brancasem inflorescências pequenas e arredondadas.É bastante tolerante a solos úmidos masexigente em fertilidade (BALL et al., 1991).

1Eng-agrôn., Doutora, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, andream@cnpgl.embrapa.br.2Bióloga., Doutora, pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, fernanda.bortolini@cpact.embrapa.br.3Eng-agrôn., Doutor, professor do Departamento de. Zootecnia/Faem/Ufpel, oglferreira@gmail.com.4Eng-agrôn., Doutor, professor do Departamento. Fitotecnia/Faem/Ufpel, cepedroso@terra.com.br.5Tecnólogo em Agronegócios, aluno doMestrado em Zootecnia/Faem/Ufpel, regisnz_57@hotmail.com.6Acadêmica de Zootecnia da Ufpel, estagiária da Embrapa Clima Temperado, cintiafagundes_15@hotmail.com,k.enia08@hotmail.com.7Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio – IFFarroupilhaCampus Santo Augusto,vivianfucilini@hotmail.com.

García (2000) observou produtividade de 3,4a 11,6 t/ha de matéria seca da cultivar INIACalipso dessa espécie no Uruguai, enquantoFerreira et al. (2010) observaramprodutividade superior a 7 t/hade MSdacultivaritaliana Pharaonem Santo Augusto,RS, mas também uma grande variabilidadeentre os anos de avaliação.

O trevo-vesiculosopossui ciclo longo,colmos muito ramificados, folíolos em formade seta e inflorescências grandes de formatoalongado, com coloração que vai do brancoao rosa (BALL et al., 1991). Para essa espécie,Ferreira et al. (2010) observaram, em SantoAugusto, RS, produtividade em torno de 3 t/

Andréa Mittelmann1

Fernanda Bortolini2

OtonielGeterLauz Ferreira3

Carlos Eduardo da Silva Pedroso4

Régis Antônio Teixeira Coelho5

Cíntia de Moraes Fagundes6

Kênia dos Santos Barboza6

Vivian FrancieliFucilini7

2 Características Fisiológicas de Sementesde Trevo-alexandrino e Trevo-vesiculosoenecessidade de Escarificação

ha de MS, porém com baixa variabilidadeentre os anos de cultivo.

Em relação ao tamanho das sementes, as dotrevo-vesiculoso chegam ao dobro dotamanho das sementes de trevo-branco (400mil e 768 mil sementes/libra,respectivamente, enquanto as do trevo-alexandrino são ainda maiores, 207 milsementes/libra)(BALL et al., 1991). Talvez emparte por isso, o trevo-vesiculoso tem sedestacado nos experimentos desenvolvidosno estado por seu rápido estabelecimento.A maioria das espécies de trevo possuisementes com dormência, causada pelapresença de uma camada impermeável nasuperfície. Essas sementes são denominadas“sementes duras” e a dificuldade deabsorverem água é o que impede suagerminação. O trevo-vesiculoso pode ter maisde 70% de sementes duras, exigindoescarificação para uma germinaçãosatisfatória (BALL et al., 1991).Os métodospara a quebra de dormência dessas sementesincluem medidas físicas, como o uso de lixaou exposição à água quente, e químicas,como o uso de substâncias ácidas. Estemétodo, porém, torna a operação de quebrade dormência mais complicada e perigosa. Oobjetivo deste trabalho foi verificar ecomparar algumas características daqualidade fisiológica das sementes de trevo-vesiculoso e de trevo-alexandrino, assimcomo o efeito da quebra de dormência.

As sementes foram produzidasna safrade inverno de 2010, no Campus SantoAugusto, do Instituto Federal de EducaçãoCiência e Tecnologia Farroupilha, situado naregião Celeiro do RS.O clima da regiãoé dotipo subtropical úmido e o solo classificadoNitossoloVermelhoEutroférricochernossólicoArgiloso. Foram avaliadas uma população de

trevo-alexandrino e três populações de trevo-vesiculoso implantadas em 14/05/2010, comuma adubação de base de 357 kg/ha dafórmula 0-20-20.

O delineamento experimental foi emblocos ao acaso, com quatro repetições.Após a realização de três cortes da partevegetativa, deixando-se cinco centímetrosderesíduo, realizou-se a colheita manual dassementes em toda a área útil da parcela quemedia 7,0 m². As amostras foram secas àsombra, trilhadas e limpas manualmente econservadas à temperatura ambiente até omomento das avaliações,em 2011.

Para obtenção do peso de mil sementes,oito subamostras de 100 sementes foramcontadas e pesadas em balança de precisão,sendo realizadas posteriormente as correçõesnecessárias.O procedimento de escarificaçãofoi realizado com lixa d’água, somente naspopulações de trevo-vesiculoso. As análisesde percentual de germinação e percentual desementes duras foram feitas no Laboratóriode Sementes da Faculdade de AgronomiaEliseu Maciel, da Universidade Federal dePelotas (Faem/Ufpel), conforme as Regraspara Análise de Sementes – RAS (BRASIL,1992). Para cada parcela no campo, quatrosubamostras de 25 sementes foram avaliadasno laboratório.

As análises de variância foram realizadaspelo modelo de blocos ao acaso, sendo quepara os dados de percentual de germinação ede sementes duras em trevo-vesiculoso foiconsiderado um arranjo fatorial compopulações como um dos fatores e presençaou ausência da escarificação como o segundofator. As comparações de médias foram feitasatravés do teste de Duncan (á=0,05).Todasasanálises foram realizadas pelo softwareSAS.

3Características Fisiológicas de Sementesde Trevo-alexandrino e Trevo-vesiculosoenecessidade de Escarificação

Foi observada diferença significativaentre as populações para o peso de milsementes. As sementes do trevo-alexandrinomostraram peso aproximadamente três vezessuperior ao das sementes de trevo-vesiculoso(Tabela 1). Resultados que seguem atendência dos obtidos por Coelho et al.(2009), que também observou superioridadeno peso de mil sementes de trevo-alexandrino

Tabela 1. Peso de mil sementes de trevo-vesiculoso e trevo-alexandrino. Santo Augusto,2010.

comparadas às de trevo-vesiculoso.Sementes mais pesadaspodem se apresentarmais vigorosas, promovendo oestabelecimento mais rápido da cultura. Fatoque leva à vantagem competitiva frente aespécies indesejáveis e proporciona, no casode espécies forrageiras, antecipação do usoda pastagem.

População Peso de 1000 sementes(g)

Trevo-alexandrino 2,8583 a Trevo-vesiculoso cv. Santa Tecla 1,0437 b Trevo-vesiculoso cv. Yuchi - Tenente Portela 0,9750 b Trevo-vesiculoso cv. Yuchi– Ijuí 0,9750 b C.V. 5,73 R2 0,99

Médias seguidas da mesma letra não diferem pelo teste de Duncan (á=0,05). C.V.=coeficiente de variação;R2=coeficiente de determinação para o modelo.

A germinação das sementes de trevo-alexandrino foi de 75,75%, com apenas 2%de sementes duras, não sendo recomendadonenhum processo de quebra de dormência.Demodo semelhante, Coelho et al. (2009)observaram para essa espécie apenas 10% desementes duras, reforçando essarecomendação.

O percentual de germinação dassementes de trevo-vesiculoso foi bastantebaixo, não havendo diferença entre as trêspopulações avaliadas (Tabela 2). Também nãohouve diferença entre as populações para o

percentual de sementes duras, que foielevado. Resultados semelhantes foramobservados por Coelho et al. (2009), quecitam para as populações de trevo-vesiculosocv. Yuchi - Ijuí e trevo-vesiculoso cv. SantaTecla, percentuais de sementes duras daordem de 79%. Após a escarificação, asituação se inverteu com a maioria dassementes, em torno de 80% para todas aspopulações, se mostrando aptas àgerminação imediata, e menos de 7%apresentando dureza. Não houve interaçãoentre as populações e a presença ou ausênciade escarificação.

Tabela 2. Percentual de germinação e percentual de sementes duras em trevo-vesiculoso. Santo Augusto, 2010.

População Germinação (%) Sementes duras (%)

Sem escarificar Escarificadas

Sem escarificar Escarificadas

Trevo-vesiculoso cv. Yuchi - Tenente Portela

7,75 b 83,50 a 81,50 a 1,00 b

Trevo-vesiculoso cv. Yuchi– Ijuí 10,25 b 73,50 a 79,00 a 7,00 b Trevo-vesiculoso cv. Santa Tecla 9,25 b 77,00 a 79,50 a 4,00 b C.V. 16,51 17,07 R2 0,97 0,98 Médias seguidas de mesma letra na linha, para cada característica, não diferem pelo teste de Duncan (á=0,05).

C.V.=coeficiente de variação; R2=coeficiente de determinação para o modelo.

4 Características Fisiológicas de Sementesde Trevo-alexandrino e Trevo-vesiculosoenecessidade de Escarificação

Exemplares desta edição podem seradquiridos na:Embrapa Clima TemperadoEndereço: Caixa Postal 403Fone/fax: (53) 3275 8199E-mail: sac@cpact.embrapa.br

1a edição1a impressão (2012): 150 exemplares

Presidente: Ariano Martins de Magalhães JúniorSecretário-Executivo: Joseane Mary LopesGarciaMembros: Márcia Vizzoto, Ana Paula SchneidAfonso, Giovani Theisen, Luis Antônio Suita deCastro, Flávio Luiz Carpena Carvalho, ChristianeRodrigues Congro Bertoldi e Regina das GraçasVasconcelos dos Santos

Supervisão editorial: Antônio Luiz OliveiraHeberlêRevisão de texto: Bárbara Chevallier CosenzaEditoração eletrônica: Juliane Nachtigall

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Conclusões

Sementes de trevo-alexandrino são maispesadas que as de trevo-vesiculosoepossuem alto percentual de germinação, oque favoreceo estabelecimento e a produçãoinicial de pastagem.A escarificação das sementes de trevo-vesiculoso é fortemente recomendada, sendodecisiva para a boa implantação da pastagem.

Referências

BALL, D. M.; HOVELAND, C. S.; LACEFIELD,G. D. Southern forages. Atlanta:Potash&PhosphateInstitute/ Foundation forAgronomicResearch, 1991.

BRASIL. Ministério da Agricultura e ReformaAgrária. Secretaria Nacional de DefesaVegetal. Regras para análise de sementes.Brasília, DF:1992.365p.

COELHO, R.A.T.; FUCILINI, V.F.; VARGAS,M.; AZEVEDO, F.;SANTOS, J.P.; FERREIRA,O.G.L. Determinação da dureza de sementesde trevos anuais. In: MOSTRA TÉCNICA DOINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃOCIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA –CAMPUS SANTO AUGUSTO, 1., 2009,Santo Augusto. Resumos... Santo Augusto:IFFarroupilha, [2009]. (CD-ROM).

FERREIRA, O.G.L.; PEDROSO, C.E.S.;FUCILINI, V.F.; COELHO, R.A.T.; AZEVEDO,

F.Rendimento forrageiro, limitação ambientale confiabilidade de cultivares de trevo noNoroeste do Rio Grande do Sul. In: REUNIÃOANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEZOOTECNIA, 47., 2010, Salvador.Anais...Salvador: Sociedade Brasileira deZootecnia, [2009]. (CD-ROM).

FUCILINI, V.F.; COELHO, R.A.T.; VARGAS,M.; AZEVEDO, F.;SANTOS, J.P.; FERREIRA,O.G.L. Determinação do peso de milsementes de trevos anuais. In: MOSTRATÉCNICA DO INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIAFARROUPILHA – CAMPUS SANTOAUGUSTO, 1., 2009, Santo Augusto.Resumos... Santo Augusto: IFFarroupilha,[2009]. (CD-ROM).

GARCÍA, J. A. INIACalipso: nuevo cultivar detrébolalejandrino.Montevideo: INIA, 2000. 10p. (INIA La Estanzuela.Boletínde Divulgación,70).

REIS, J. C. L. Espécies forrageiras para aRegião Sul do Rio Grande do Sul. In:SEMINÁRIO CAMINHOS DOMELHORAMENTO DE FORRAGEIRAS E DIADE CAMPO DE MELHORAMENTO DEFORRAGEIRAS, 1., 2004, Pelotas. Palestras...Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Juiz deFora: Embrapa Gado de Leite, 2005. 80 p.(Embrapa Clima Temperado. Documentos,140)

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