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Carlos Nunes
CONCEITO DE SAÚDE
O conceito de saúde tem vindo a ser alterado ao longo dos tempos e a sua
definição revelou-se complexa.
Primeiramente a saúde foi considerada como oposto da doença, sendo esta
encarada unicamente como foro das perturbações biológicas e físicas, de carácter
acidental, não existindo por isso qualquer acção que a pudesse evitar ( Larrea e Plana,
1993, citado por carvalho e carvalho, 2006)
Mais tarde em 1946 a OMS na Carta Magna, passa a definir saúde como “ o
estado de completo bem-estar físico e mental e social e não apenas a ausência de doença
ou enfermidade” (OMS, 1946).
Esta dimensão já tem um carácter mais global, abandonando a dimensão
biológica, aproximando-se do paradigma Holístico.
É actualmente unânime que a saúde é dependente de factores, sociais, ambientais
e paralelamente ás condicionantes físicas do organismo, actualmente existe nela uma
grande componente educacional, onde o educar para a saúde assume uma relação entre a
saúde dos indivíduos, o seu estilo de vida e todos os seus comportamentos relacionados
com a saúde.
Com estas preocupações Sammarti (1990) abordando a situação internacional
em que o ex-ministro da saúde do Canadá, Lalonde, em 1974, analisa as determinantes
de saúde do país, procurando investigar as causas de morte prematura dos Canadianos,
elabora um modelo clássico, onde o mesmo sugere que o nível de saúde da população
resulta da interacção de quatro factores:
a) A biologia humana (genética, envelhecimento)
b) O meio ambiente (contaminação física, química, biológica e sociocultural)
c) O estilo de vida (comportamentos ligados á saúde)
d) O sistema de saúde (cobertura e acessibilidade) ( Sanmarti, 1990: 13)
Apoiado neste modelo desenvolveram-se vários trabalhos e estudos, onde todos
apontavam como conclusão que o estilo de vida era a grande determinante da saúde,
atribuindo a este o factor mais importante, nomeadamente nos países industrializados/
desenvolvidos
Em forma de exemplo um estudo efectuado nos estados unidos entre 1974/1976,
os estilos de vida eram os que representavam a determinante de saúde, a qual
Carlos Nunes
correspondia a maior taxa de mortalidade, mas o curioso é observar que foi aquele em
que menos se investiu.
Determinantes de Saúde Distribuição da
mortalidade (%)
Distribuição dos gastos de
saúde (%)
Sistema de Saúde 11 90,6
Estilo de vida 43 1,2
Meio Ambiente 19 1,5
Biologia Humana 27 6,9
( Adaptado de Sanmarti (1990: 24))
São muitos os estudos que nos remetem para a associação dos estilos de vida
menos saudáveis como responsáveis de mortes prematuras
Estes estudos remetem-nos para a necessidade de uma nova corrente de
pensamento no que diz respeito á saúde, apostando cada vez mais na prevenção e na
educação dos indivíduos, mas também na responsabilização dos mesmos.
A própria OMS descreveu as metas para o ano 2000 que infelizmente não foram
ainda alcançadas na sua totalidade, pretendia que todos os indivíduos em qualquer parte
do mundo, tivessem acesso a um nível de saúde compatível com uma dimensão social e
economicamente produtiva, assim uma das medidas a adoptar pelos países seria a
prevenção com educação para a saúde, será pois a educação dos indivíduos o caminho
para melhorar saúde e consequentemente a qualidade de vida.
O sistema de saúde Português é na sua maioria apoiado pelo Plano Nacional de
Saúde, que se elabora a partir das recomendações da OMS, prevê explicitamente a
importância da prevenção dos cuidados de saúde, prevenindo a doença através de
acções centradas na promoção de saúde, com estratégias de educação (Carvalho e
Carvalho, 2006).
Embora seja o preconizado ao olharmos para a realidade nacional, as
acções de saúde limitam-se na maioria das vezes á dimensão curativa e não preventiva,
pervertendo todo o sistema, com uma politica baseada na doença, em vez de ser baseada
na saúde.
Como futuro naturopata apraz-me dizer que aqui o campo de acção será vasto,
pela brecha que o próprio sistema criou, no entanto sinto que a necessidade de
regulamentação da carreira é cada vez maior.
Carlos Nunes
Existe por parte do sistema uma negligência no que diz respeito à prevenção na
qual o naturopata terá necessariamente uma importante intervenção, na sua maioria os
comportamentos de saúde dependem dos factores internos, mas também dos externos ao
individuo (físicos, psíquicos, sociais), uma vez que o naturopata tem uma visão holística
integrada não dissociando nunca o todo das partes.
Por outro lado ao observarmos os factores externos, se estes não são favoráveis á
adaptação de condutas adequadas, mesmo com uma intervenção holística os resultados
esperados dificilmente se concretizarão.
A saúde tem ela de se integrar num sistema holístico uma vez que nunca poderá
ser vista de um único prisma.
Enquanto futuro agente de saúde pretendo actuar na comunidade de forma a
desenvolver acções que tornem os indivíduos responsáveis pela sua própria saúde, para
que os mesmos adoptem condutas positivas.
BIBLIOGRAFIA
Carvalho, A. E Carvalho, G (2006) Educação para a saúde: Conceitos, Práticas e
Necessidades de Formação: Lusociência.
Carvalho, G. S. (2001). Literacia e Educação para a saúde no virar do século XXI.
Universidade do Minho
Sanmartí, L.S. (1990) Educacion Sanitária: Princípios, Métodos, Aplicaciones. Madrid:
Ediciones Diaz de Santos.
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