CONFERÊNCIA“ENERGYFORSMARTCITIES” … ·...

Preview:

Citation preview

.12 | Empresas | Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 28 de Novembro de 2012

MIGUEL PRADOmiguelprado@negocios.pt

Aconstrução de cidades mais inte-ligentes passará, é quase consen-sual,porumagestãomaiseficientedosseusrecursos,entreosquaisosenergéticos. Mas poderá esse pro-cesso ser conseguido de formatransversalemtodooPaís?Eduar-doOliveiraFernandes,“chairman”da conferência “Energy for smartcities”, lamentaque o poder autár-quico ainda não se tenha debruça-do asério sobre o tema.

“Osautarcashabituaram-seaterserviçosmunicipalizadosdeáguaeresíduos. Mas a energia é vista umbocadocomoumarelaçãodoscida-dãos com entes abstractos que fa-zemofornecimentodoscombustí-veis ou da electricidade. Aenergiaainda não foi apropriada pelos do-nosdacidade.Eissoéumdéficecul-tural”, disse OliveiraFernandes aoNegócios,emjeitodeantecipaçãodaconferência que esta quarta-feiraarrancaem Cascais.

“Os autarcas têm de perceberquesãoumaespéciedeprocurado-res de uma comunidade num pla-netaqueestáemperigo”,realça.Oli-veira Fernandes diz que “as muni-cipalidadesaindanãoidentificaramo problema da sua responsabilida-deemmatériadaenergiaparaosci-dadãos”.Elamentaquecasosdesu-cesso como a rede de climatizaçãodo Parque das Nações, em Lisboa,não sejam mais debatidos. “Somosuns imbecis nestamatéria”, atirao“chairman” daconferência.

Menos pessimista é a visão dopresidente da EDP Distribuição,João Torres. O gestor garante que“há cidades muito empenhadas”,cominteressesquevãodamelhoriadailuminaçãopúblicaaodesenvol-vimento da mobilidade, passandopelaeficiênciados edifícios. Balan-çogeral?“AchoqueháemPortugaluma onda positiva em relação aotema”, contaJoão Torres.

Para Eduardo Oliveira Fernan-des, aconjunturaeconómicanão édesfavorável ao desenvolvimentodascidadesinteligentes.“Afaltadedinheirofavorecearacionalidade”,sublinhao professoruniversitário.“Nós vamos ter um dos oradoresque nos vem falar sobre asuficiên-cia. Sobre afrugalidade. Que é umacoisa típica das sociedades madu-ras.Nãoéasofreguidãodetermais,maséainteligênciadeterumacer-ta frugalidade. Isto para a energiatambémfunciona”, refere.

Na energia qual o modelo certo? Se perante a subida do custo daenergia a chave está em consumir

menos, haverá um modelo certoparaorientaras cidades?

A EDP está a testar em Évora,com 30 mil clientes, os conceitosdas redes eléctricas inteligentes,onde as tecnologias de informaçãoajudam a um melhor controlo dosfluxos.OliveiraFernandesdesaba-faque as tecnologias são “umacoi-saque jáirrita”, sublinhando que oessencialéa“percepçãodarespon-sabilidadesocialeambiental”.Ain-daassim, as “smart grids” e o com-portamentodosconsumidoressãoum dos pontos centrais do debatedas cidades inteligentes.

João Torres diz que a EDP temcontactos “permanentes” entre assuasequipasemPortugal,Espanhae Brasil, três mercados onde o gru-potemprojectosderedesinteligen-tes. “Não háumasolução única, hávários modelos em curso”, admiteo líderdaEDP Distribuição.

Eamobilidadeeléctricaseráso-lução? “É uma aposta que as cida-des vão fazendo. Temos de enten-deresteimpassecomopartedopro-cesso”, responde João Torres, queacreditaqueaintegraçãodosveícu-los eléctricos “seráinevitável”.

CON F ERÊN CI A “EN ERGY FOR SM ART CI TI ES”

“A energia ainda não foi apropriadapelos donos da cidade”. Mas vai ser?Eduardo Oliveira Fernandes lança a provocação: ao nível da eficiência energética “somos uns imbecis”

Energia na gestão das cidades | O tema vai dominar a conferência que tem início esta quarta-feira no Estoril.

Miguel Baltazar

A rede pública de carregamentode carros eléctricos terá na fase--piloto 1.300 postos. Mas osveículos ainda escasseiam.

1.300Em Portugal, já há cerca de 21mil microprodutores de energiaeléctrica, que podem ser umfactor de estabilização da rede.

21.000É o número de consumidoresde electricidade ligados emÉvora por meio de contadoresinteligentes.

30.000

João Torres,líder da EDPDistribuição,acredita nosucesso, a prazo,da mobilidadeeléctrica.

Temosde entendereste impassena mobilidadeeléctrica comoparte do processo.JOÃO TORRES

Presidente da EDP Distribuição

.Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 28 de Novembro de 2012 | Empresas | 13

Pub

Cascais acolhe esta quarta-feira opontapé de saída da conferência“Energyfor smart cities”, cujo de-bateseconcentraráquintaesexta-feira no Centro de Congressos doEstoril. Paraumareflexão abertaagestores, sociólogos, arquitectos,entre outros.

O objectivo da conferência, quevainasegundaedição,éreflectirso-brecomogerirmelhoraenergianascidades,mastambémcomopensarem cidades mais inteligentes dopontodevistadamobilidadeequa-lidadedevidadapopulação.Dopro-gramafazparteumapalestradoar-

quitecto alemão Thomas Herzog,quevemaPortugalfalardeedifíciossustentáveis. A conferência daráaindaespaçoàreflexãosobrealógi-ca da suficiência nas cidades, pelavozdeThomasPrincen,daUniver-sidade de Michigan.

Temas como o edificado das ci-

dades, a mobilidade e transportes,a infra-estrutura energética e ocomportamentodosconsumidoresintegrados em redes inteligentesmerecerãopainéisparalelosdede-bate. Aqualidade do ar, areabilita-ção e a sustentabilidade social sãooutros tópicos de discussão. MP

CON F ERÊN CI A

Cascais debate as cidades inteligentesArquitectos, gestores e sociólogos analisam o tema a partir desta quarta-feira

PERGUNTAS A

“Irá aparecero arquitectoesclarecido”

Tem expectativas de que esta con-ferência dê um impulso aos agen-tes decisores? Aprimeiraconferênciafoiex-

traordinária. Tenho testemu-nhos de alguns autarcas que as-sistiram às sessões, que me dis-seram que aqueles dois dias fo-ram absolutamente extraordi-nários para eles. Anossa confe-rêncianãoésobreastecnologiasenergéticas, que são uma coisaque já irrita. É preciso ter umaaulasobre os parafusos que dãoparaapertarumfrigorífico?!Nãoé necessário. O que nós precisa-mosédapercepçãodaresponsa-bilidadesocialeambiental.Éissoquenestaconferênciavaiapare-cer.Porquevaiapareceroarqui-tectoesclarecido.Vaiapareceroengenheiroesclarecido.Agentevai à procura de encontrar umaformadecolocaraenergiacomoum parâmetro de interesse ur-bano e social.

No fundo, é preciso mais coisas além da energia para ter uma cida-de inteligente… Exacto. Uma cidade inteli-

genteéumacidaderacional,quetem responsabilidade pelo am-biente, pelos cidadãos, em ter-mosdemobilidade,acessibilida-des, segurança. É como nós emnossas casas. Anossa inteligên-ciaestáemgerirmosbemonos-so orçamento, termos cuidadocomascrianças,osidosos,etc.Oque é importante é fazer enten-deraosautarcasqueelessãover-dadeiros procuradores com no-vasperspectivas.Éevidentequeéprecisoqueascidadestenhamatractividade para as empresase pessoas, que favoreçamacria-tividade, etc. Mas os autarcastêmdeperceberquesãoumaes-pécie de procuradores de umacomunidade num planeta queestáemperigo.

Sem dinheiro é possível construir cidades inteligentes? Claro. Afalta de dinheiro fa-

vorece aracionalidade.

� E. OLIVEIRAFERNANDES“CHAIRMAN” DA CONFERÊNCIA

Recommended