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Grazieli Casado Landiosi
CONHECIMENTO E COBERTURA VACINAL CONTRA HEPATITE B
EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Assis/SP
2011
1
GRAZIELI CASADO LANDIOSI
CONHECIMENTO E COBERTURA VACINAL CONTRA HEPATITE B
EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Relatório final apresentado ao Programa de
Iniciação Científica (PIC) do Instituto Municipal de
Ensino de Assis-Imesa e a Fundação Educacional
do Município de Assis – FEMA.
Orientanda: Grazieli Casado Landiosi
Orientadora: Dra Luciana Pereira Silva
Linha de pesquisa: Ciência da Saúde
Assis/SP
2011
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
JUSTIFICATIVA 5
REVISÃO DE LITERATURA 6
OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS 9
METODOLOGIA 10
RESULTADOS E DISCUSSÃO 11
REFERENCIAS 12 ANEXOS 14
3
CONHECIMENTO E COBERTURA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Resumo
O estudo tem como objetivos descrever o conhecimento dos profissionais de
enfermagem acerca da cobertura vacinal contra hepatite B; analisar as medidas de
biossegurança com relação à hepatite B utilizadas pelos profissionais de
enfermagem; e discutir as implicações do conhecimento acerca da hepatite B e as
medidas de biossegurança para a saúde do trabalhador de enfermagem. Os
profissionais de enfermagem foram trabalhadores do Pronto Socorro Municipal de
Assis. A partir de uma abordagem qualitativa, utilizou-se a investigação por
questionário para abordar tais questões. Verificou-se através dos resultados que os
profissionais de saúde estão com cobertura vacinal. Entre os profissionais de saúde
pesquisados 44 (100%), afirmaram estarem vacinados, no entanto apenas 38
(86,3%), possuíam 3 ou mais doses de vacina. Isto indica uma falta de
conhecimento quanto a cobertura vacinal e propicia a contaminação com Vírus
Hepatite B após exposição à materiais perfuro cortantes, bem como as medidas de
biossegurança com relação a prevenção da Hepatite b.
Palavras chave: saúde do trabalhador, resposta imunológica anti- Hepatite B., Biossegurança.
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1. INTRODUÇÃO
A hepatite B continua a ser um importante problema de saúde pública em
nível mundial. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 2 bilhões de
pessoas já se infectaram pelo vírus da hepatite B, e destes, 350 milhões são
portadores crônicos. (World Health Organization. Hepatitis B. Geneva; 2009; Chcha
et al., 2011).
Existem estimativas de 350 milhões de portadores crônicos no mundo, com
alto risco de morte por cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, doenças que
matam em torno de 1 milhão de pessoas por ano. A vacina contra hepatite B é
considerada pela Organização Mundial de Saúde como a primeira vacina contra um
dos principais cânceres da humanidade (World Health Organization, 2008).
A hepatite B tem apresentado tendência de aumento de sua prevalência no
Brasil, especialmente nas regiões Centro Oeste é classificado como região de baixa
endemicidade. De acordo com os dados do sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), identifica-se nos últimos anos maior detecção neste estado,
quando comparado com a taxa do restante do Brasil (Brasil, 2008).
Na Amazônia, identificavam-se altas de portadores do HBV (15,3%) razão
pela qual foi instituída a campanha em toda população desta região (Brasil, 2008).
A hepatite B também pode ser considerada uma doença ocupacional
infecciosa muito importante para os trabalhadores da saúde. Exposições
percutâneas ou de mucosas ao sangue de indivíduos infectados pelo HBV
representam a principal fonte de transmissão ocupacional, já que quantidades
diminutas de sangue são suficientes para transmitir a infecção. O HBV também está
presente em outros fluidos corporais, incluindo a saliva, que também podem ser
transmissores (Bonanni, Bonaccorsi, 2001).
A transmissão por meio de respingo de sangue à mucosa ocular e mordedura
já foi documentada (CDC, 2005). Além disso, a elevada resistência ambiental do
HBV – que sobrevive mais de uma semana no sangue seco em temperatura
ambiente e é resistente a detergentes comuns e álcool – associada ao fato de que
muitos profissionais da saúde infectados pelo HBV não recordam ter sofrido
exposição a sangue contaminado, leva a crer que muitas infecções ocupacionais
resultam da inoculação do HBV em lesões cutâneas ou em mucosas (Williams et al.,
2004).
5
Muitos avanços no desenvolvimento de vacinas protetoras contra a hepatite
B. Desde o uso de partículas virais não infecciosas de 22 nm de diâmetro, em 1970,
obtidas a partir de plasma purificado de portadores assintomáticos do HBV, até a
produção em larga escala de vacinas obtidas por meio de tecnologia de DNA
recombinante. Muitas informações sobre segurança, estratégias de imunização e
eficácia foram publicadas, e, atualmente, existem produtos seguros, imunogênicos e
capazes de evitar a grande maioria dos casos desta infecção, reduzindo de maneira
drástica a morbidade relacionada ao HBV (Hadler, Margolis, 1982).
No Brasil, a vacina contra hepatite B surgiu como uma tecnologia que visava
a redução dos padrões de endemicidade, sendo instituída na forma de campanha
em 1989 no estado da Amazônia, estendendo-se aos demais estados
gradativamente na rotina de vacinação. Inicialmente, o Programa Nacional de
Imunização (PNI) priorizou a vacinação dos menores de 1 ano, ampliando-se mais
tarde para menores de 20 anos e também para grupos populacionais mais
vulneráveis, sendo incluídos neste grupo os profissionais de saúde . Na Amazônia,
neste período identificavam-se altas de portadores do HBV (15,3%) razão pela qual
foi instituída a campanha em toda população desta região (Brasil, 2008).
A vacina é administrada em três doses (0, 1 e 6 meses), sendo a realização
do esquema vacinal completo necessária para a imunização. Contudo,
aproximadamente 10% a 20% dos indivíduos vacinados não alcançam os títulos
protetores de anticorpos (U.S. 2001) . Para os trabalhadores da saúde, o Ministério
da Saúde recomenda que, 30 dias após a administração da última dose do esquema
vacinal contra a hepatite B, sejam realizados exames sorológicos para controle dos
títulos de anticorpos (Ministério da Saúde, 2002.).
A vacinação contra Hepatite B, aliada às precauções padrões, é um
importante instrumento para a prevenção deste agravo em profissionais da saúde,
que podem sofrer exposição á materiais biológicos potencialmente contaminados.
2. JUSTIFICATIVA
As condições de trabalho dos estudantes de saúde fazem com que eles
estejam expostos a uma grande variedade de microrganismos presentes
especialmente no sangue, na saliva e nas vias aéreas dos pacientes. O risco de
exposição, conhecido desde a década de 1930, não era considerado relevante entre
6
os profissionais de saúde, tornando-se poucas medidas visando evitar a transmissão
de agentes patogênicos. O ambiente hospitalar oferece risco à exposição dos
profissionais de saúde e demais trabalhadores a uma diversidade de materiais,
especialmente os biológicos. A natureza do trabalho exige momentos de muita
atenção na execução das tarefas, o que pode fazer com que o profissional esqueça
de si mesmo e de sua segurança.
Diante disso, averiguar o conhecimento e a cobertura vacinal contra hepatite
B em profissionais de enfermagem é importante na conscientização dos mesmos a
medida que os resultados poderão demonstrar a situação atual da hipótese de que
poucos profissionais da área da saúde tem se protegido adequadamente.
3. REVISÃO DE LITERATURA
A Hepatite B é uma doença causada pelo vírus da Hepatite B (HBV), sendo
considerada uma doença transmissível através das vias percutânea e parental, por
acidentes ou compartilhamento de objetos contaminados, e pela via sexual. Sua
importância para a saúde pública baseia-se na sua magnitude e na possibilidade de
complicações nas formas agudas e crônicas. Além disto, a doença pode
manisfestar-se na forma assintomática, dificultando o seu reconhecimento e
diagnóstico. Aproximadamente 30% dos indivíduos apresentam a forma ictérica da
doença, reconhecida clinicamente. Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos
adultos infectados cronificam (Brasil, 2008).
O vírus da hepatite B (VHB) possui uma infectividade 57 vezes maior que o
vírus da imunodeficiência humana (HIV) (Ministério da saúde, 2000). A estabilidade
do vírus no meio ambiente e a possibilidade de que quantidades minúsculas de
sangue ou secreções contendo esse agente sejam capazes de transmitir a infecção
justificam as hipóteses, fundamentadas em evidências clínicas, de que o VHB pode
ser transmitido por inalação de gotículas, aerossóis contaminados ou pelo transporte
manual para a boca de partículas contaminadas presentes na superfície de balcões.
(SEEF 1990; Mota et al 2010).
Existe uma distância entre o cuidado ao paciente e o autocuidado do
profissional que cuida. Esta dicotomia dificulta a promoção da saúde do trabalhador
da saúde. O conhecimento recebido na condição de aluno e após formação para
realização da prevenção e tratamento das doenças não pode estar direcionado
7
somente para o paciente, e sim, também, para o profissional de saúde.
Corroborando Guimarães Júnior (2001), que concorda com Granovski e loshimoto
(2004.) ao afirmar que nos EUA 1.200 pessoas que trabalham na área de saúde são
infectadas por ano, o centro de controle de doenças estimou que a infecção dos
trabalhadores na área de saúde implica 600 internações hospitalares e 250 mortes
por ano, reforçando que, no que se refere em particular à infecção, a hepatite B é
muito mais comum em profissionais de saúde do que na população em geral.
Quanto aos profissionais da saúde, a equipe de enfermagem é uma das
principais categorias sujeitas as exposições a material biológico. Esse número
elevado de exposições relaciona-se com o fato de ser o maior grupo nos serviços de
saúde e ter mais contato direto na assistência aos clientes, e também com o tipo e a
freqüência de procedimentos realizados.
Desta forma, pode-se inferir que a equipe de enfermagem está contribuindo
para este alto número de profissionais de saúde que estão adquirindo hepatite B,
número maior que da população em geral citada por Guimarães Júnior.
A análise dos riscos ocupacionais demanda de um conhecimento prévio do
processo de trabalho a fim de identificar riscos nele existentes e aqueles advindos
dos próprios trabalhadores. Somando-se aos riscos inerentes à profissão, outros
poderão ser gerados em virtude do desconhecimento do profissional em evitar
danos à saúde. Portanto, ao reconhecê-los, passa-se a analisar, de forma mais
precisa, as condições de trabalho, de imunidade do trabalhador, entre outras, que
irão influenciar o homem no contexto laboral. O conhecimento do perfil imunológico
dos profissionais permitirá tomar medidas prévias de prevenção a acidente de
trabalho, caso o profissional de saúde desconheça os riscos inerentes a sua
profissão, tais como as questões relacionadas ao contato com material biológico.
O profissional de enfermagem durante o cuidado ao outro não deve esquecer
de cuidar de si, e isto não deverá acontecer somente após adquirir uma doença. Ele
deverá saber que atua em uma profissão considerada de grande risco a acidentes
om material perfurocortante. Diferentemente do que ocorre em outras profissões,
esses riscos não são imediatos, pois este profissional estará sujeito a um dano que
pode ser percebido meses ou anos após a exposição ao risco, como é o caso da
hepatite B.
As ações de saúde para com o próprio trabalhador devem estar integradas
com a saúde do cliente, uma vez que os riscos gerados podem afetar também o
8
paciente. Entende-se que haverá preocupação por parte da equipe de enfermagem
em motivar a utilização dos recursos disponíveis, como o conhecimento acerca das
doenças transmissíveis, prevenindo a contaminação com o vírus da hepatite B, e o
“empoderamento” desta clientela, característica da proposta de promoção da saúde,
tornando-a co-responsável neste processo.
Dessa forma, poderia ser adotada a estratégia do “empoderamento” na
equipe de enfermagem; a responsabilidade pela resolução dos problemas e
tomadas de decisões que tradicionalmente era reservada somente para os
supervisores passaria a ser dividida com a equipe. A promoção da saúde da equipe
de enfermagem não seria de responsabilidade dos supervisores, mas de todos os
componentes da equipe de enfermagem. Com o intuito de promover a saúde dos
trabalhadores da saúde, foi aprovada a Norma Regulamentadora 32 (NR32), para
trabalhadores regidos pela CLT, que tem por finalidade a implementação de
medidas de proteção à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. Essa Norma
corrobora com as medidas de biossegurança que os profissionais de saúde devem
cumprir para prevenção de doenças do trabalho, como a hepatite B5. O parágrafo
desta NR 32, que trata dos riscos ambientais, diz que o programa de prevenção de
contaminação com material biológico deve conter a identificação dos riscos
biológicos mais prováveis, em função da localização e característica do serviço de
saúde, considerando fontes e vias de transmissão, estudos epidemiológicos ou
dados estatísticos. A reflexão procede; contudo, há de se ter em mente a
perspectiva em que se vem discutindo a saúde do trabalhador, o que irá contribuir
para a fundamentação das reflexões, reivindicações e encaminhamentos das
questões nesta área.
Ainda nesta perspectiva, corroborando Farias e Zeitoune (2004) enfatizam a
necessidade de investimentos na formação de profissionais de saúde para que eles
se sintam mais confiantes, há de se pensar na possibilidade de a unidade de saúde
investir na criação de um serviço de saúde do trabalhador, mostrando ao profissional
de saúde que todos os riscos relacionados à sua saúde estão sendo monitorados
por este serviço e que a instituição está trabalhando em função da promoção da
saúde, bem como criar situações para que os profissionais passem a conhecer os
riscos a que estão expostos.
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4. OBJETIVOS GERAIS
O estudo tem como objetivos descrever o conhecimento dos profissionais de
enfermagem acerca da cobertura vacinal contra hepatite B.
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Neste sentido, o estudo tem como objetivos específicos:
-Descrever o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca da
doença hepatite B e a cobertura vacinal;
-Analisar as medidas de biossegurança com relação à hepatite B utilizadas
pelos profissionais de enfermagem;
-Discutir as implicações do conhecimento acerca da hepatite B e as medidas
de biossegurança para a saúde do trabalhador de enfermagem.
10
5. METODOLOGIA
O estudo foi descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa, o qual
envolveu uma coleta sistemática de informações numérica. O local de coleta de
dados foi o pronto socorro do Hospital Regional localizado no Município de Assis
(SP).
Os sujeitos foram profissionais da equipe de enfermagem. A técnica para a
coleta de dados foi a aplicação de um formulário (Anexo 1). Utilizou-se o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido conforme a Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de saúde, atendendo às normas e diretrizes referentes à elaboração deste
trabalho no que se refere ao respeito à instituição e aos sujeitos balizados pelos
princípios da bioética (autonomia, não-maleficência, justiça e equidade) (Anexo 2). O
aceite da Instituição foi obtido para a realização da pesquisa sob protocolo
0891.0.251.000-1.
A significância estatística das diferenças observadas foi avaliada utilizando os
testes de qui-quadrado para comparação de freqüências ao nível de p<0.50. A
análise foi realizada utilizando o programa SYSTAT, versão 7.0.
11
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo contou com adesão de 44 profissionais da área da enfermagem que
no momento do estudo estavam atuando como enfermeiros e auxiliares de
enfermagem, no Pronto Socorro Municipal da cidade de Assis – SP. Não ocorreu
nenhuma recusa. O período de atuação profissional variou de 2 a 28 anos. Quanto
ao nível de escolaridade 56,8% eram profissionais de nível médio e fundamental e
43,1% possuíam nível superior.
Responderam o questionário 35 auxiliares de enfermagem e 9 enfermeiros.
Entre os profissionais de saúde pesquisados 44 (100%), afirmaram estarem
vacinados, no entanto apenas 38 (86,3%), possuíam 3 ou mais doses de vacina. Isto
discorda a afirmação de estarem vacinados pois a vacina necessita das três doses
para ocorrer a soroconversão segura do indivíduo vacinado. A Tabela 1 observa-se
que a equipe de enfermagem não conhecia as formas de transmissão da hepatite B,
pois 79,5% desta equipe não conheciam o procedimento de dosagem de Anti-HBs
ou mesmo 86,3% se consideram seguros somente por estarem vacinados contra
hepatite B com uma ou duas doses.
Tabela 1 Conhecimento acerca da Doença Hepatite B (n=44)
Conhecimento acerca da Hepatite B
Respostas N %
Dosagem de Anti-HBs SIM 24 54,5 NÃO 20 45,4
3 doses da vacina anti-hepatite B SIM 39 86,6 NÃO 6 13,6
Acidente perfurocortante SIM 25 56,8 NÃO 19 43,1
Com este resultado há de se pensar nos riscos que estes profissionais estão
expostos poderão ter comportamentos de risco para a hepatite B. Por exemplo, não
utilizar as medidas de biossegurança que englobam desde o uso de EPI
(Equipamento de Proteção Individual), a vacinação em si, o treinamento, entre
outras. Ainda na tabela 1 é interessante o fato de 44 (100%) conhecerem o número
12
de doses da vacina anti-hepatite B, preconizado pelo Ministério da Saúde, pois o
número adequado é de três doses para obtenção da soroconversão (Tabela 2).
Tabela 2. Relação entre a categoria profissional e o número de doses da vacina contra Hepatite B.
Categoria profissional NÚMERO DE DOSES 1 2 3 4 5 6
auxiliar enfermagem 0 5 29 1 0 0 enfermeiro 1 0 6 0 0 2 TOTAL % 2,3 0,2 79,5 2,3 0 4,5
Um grande número de enfermidades potencialmente transmissíveis pode
acometer os profissionais de saúde, destacando-se as infecções transmitidas pelo
sangue, dentre elas a hepatite B. Alguns fatores como a duração e freqüência do
contato com o sangue e derivados, bem como a positividade de pacientes para
AgHBs, são determinantes na infecção ocupacional pelo vírus da hepatite B (Lopes
et al., 2001).
Diante disso, o desconhecimento do trabalhador pode levá-lo a não completar
o esquema vacinal e tornar-se susceptível a doenças. O conhecimento do
trabalhador hospitalar em relação à sua saúde, especificamente na abordagem do
acidente do trabalho e de doenças profissionais, pode ser considerado uma forma
de atenção primária em saúde ocupacional (Oliveira, Murofuse, 2001).
Entre os profissionais que sofreram acidente com material perfuro cortante 25,
todos eram vacinados. Porem 19 tinham 3 doses de vacina preconizadas. Neste
estudo 25 profissionais relataram ter sofrido acidente com material perfuro cortante,
perfazendo 56,8% da amostra
Um estudo realizado por Oliveira e Murofuse (2001) demonstrou que os
trabalhadores de saúde conhecem os riscos à sua saúde de uma forma genérica.
Percebeu-se que o conhecimento demonstrado é fruto da prática cotidiana, e não
oriundo da existência de um serviço de saúde ocupacional na instituição. Esse
conhecimento, entretanto, não se transforma numa ação segura de prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais, apontando para a necessidade de uma atuação
que venha a modificar essa situação. O desenvolvimento de alternativas de
intervenção que levam à transformação em direção à apropriação pelos
trabalhadores da dimensão humana do trabalho.
13
Dos 35 (79,5%) auxiliares de enfermagem entrevistados 20 (45,4%) referiram
ter sofrido acidente perfurocortante. Em relação aos enfermeiros, 9 (20,4%) foram
entrevistados, sendo que destes 5 (11,3%) referiram ter sofrido acidente com
material perfuro cortante.
O procedimento adotado após a exposição a materiais perfura cortantes estão
descritos abaixo:
• 9 profissionais fizeram acompanhamento ambulatorial com infectologia que
incluía coleta de sorologia
• 10 profissionais não adotaram nenhum procedimento pois estavam vacinados
• 2 profissionais não adotaram nenhum procedimento pois estavam imunizados
(titulação anti Hbs reagente maior que 10 UI)
• 2 profissionais utilizaram imunoglobulina pois sua titulação anti Hbs estava
inferior 10 UI
• 1 profissional colheu sorologia anti Hbs e repetiu esquema de 3 doses de
vacina
• 1 profissional não adotou nenhum procedimento.
O profissional de saúde está exposto a doenças infecciosas em sua prática
diária. A vacinação adequada destes profissionais pode diminuir o risco de
morbidade por certas infecções, haja vista que a imunização ativa é uma das
prevenções mais eficazes contra doenças imunopreveníveis. O conhecimento das
técnicas para prevenção de transmissão de certas doenças infecciosas, como o
emprego de cuidados universais ao lidar com pacientes e materiais biológicos, o uso
de equipamentos de proteção individual e medidas para não-dispersão e
transmissão aérea de certos agentes infecciosos, é um fator de relevância e deveria
anteceder ao início da prática clínica (Moraes et al., 2010; Farias, 2004).
As recomendações enfatizam as precauções contra sangue e fluidos
corporais incluem a manipulação cuidadosa de instrumentos perfurocortantes
contaminados com material biológico, devendo ser utilizado coletor resistente para
descarte desses materiais perfurocortantes ou cortantes e evitados o
reencapamento de agulhas e a desconexão da agulha da seringa; - uso de luvas e
de capotes (aventais) quando existir a possibilidade de contato de sangue, fluidos
corporais, excreções, secreções; - lavagem das mãos após a retirada das luvas,
14
antes das saídas do quarto dos pacientes, também sempre que houver exposição de
sangue. Além do uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de
proteção ou protetores faciais) e precauções necessárias na manipulação de
agulhas ou materiais cortantes para prevenir exposições em procedimentos
invasivos (oliveira, 2001; Gaze et al., 2006)
CONCLUSÃO
Existe uma necessidade urgente na obrigatoriedade da cobertura vacinal com
todas as doses e diagnostico sorologico de soroconversão dos profissionais da
enfermagem para interromper o ciclo de transmissão da Hepatite b e a
contaminação com Vírus Hepatite B após exposição à materiais perfuro cortantes,
bem como as medidas de biossegurança com relação a prevenção da Hepatite b.
15
7. REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Hepatites virais: o Brasil está atento / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância
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Enferm 2004; 8
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World Health Organization. Hepatitis B. Geneva; 2008[citado 2009 mai 20].
Disponível em: www.who.int/immunization_monitoring/diseases/hepatitis/em
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8. ANEXOS
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
Sexo
( ) Fem ( ) Masc
Ano nascimento:
Nível Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino médio
( ) Graduação
( ) Especialista
( ) Mestrado ( ) Doutorado
( ) Outro: Qual?___________________
Categoria Profissional
( ) Enfermeiro
( ) Auxiliar de Enfermagem
( ) Técnico em Enfermagem
( ) Outro: Qual? _____________________
Período de atuação Profissional: ________ anos
Local de Trabalho
( ) Unidade de saúde
( ) Hospital
( ) Banco de Sangue
19
( ) Outro: Qual? ____________________
Está vacinado contra Hepatite B?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não Sabe
Se sim quantas doses?
( ) Uma dose
( ) Duas doses
( ) Três doses
( ) Mais doses. Quantas? __________________
Se não vacinou qual o motivo?
( ) Não sabia
( ) Esqueceu
( ) Não havia vacina
( ) Não houve indicação
( ) Não considerou necessário
( ) Outromotivo: Qual? _____________________
Realizou dosagem de Anti-HBs?
( ) Sim: até 6 meses após vacinação
( ) Sim: de 6 meses a 1 ano após vacinação
( ) Sim: mais de 1 ano após vacinação
( ) Não
( ) Não sabe, não recorda
Na sua atividade profissional você já sofreu acidente com material perfurocortante?
( ) Sim: Quantas vezes
( ) Não
Se sim qual foi o procedimento realizado?
20
( ) Nenhum pois está vacinado
( ) Nenhum pois está imunizado (Anti HBs reagente e > 10UI)
( ) Nenhum e não é vacinado
( ) Utilizou imunoglobulina anti-hepatite B, pois não é vacinado
( ) Utilizou imunoglobulina anti-hepatite B, pois é vacinado
mas a titulação de anti HBs foi inferior a 10 UI ou não reagente
( ) Outro procedimento: Qual: ___________________
21
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu Grazieli Casado Landiosi, convido você a estar participando da pesquisa
titulada: “CONHECIMENTO E COBERTURA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM”. Trata-se de um Projeto de Iniciação
Científica do qual sou aluna. O objetivo principal do estudo é descrever o
conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca da cobertura vacinal contra
hepatite B, na área hospitalar, banco de sangue e unidades de saúde.
É importante ressaltar que você não terá necessidade de se identificar, inclusive se
estabelece por meio desse termo de compromisso de que sua identidade não será
revelada em nenhuma situação, portanto, seu anonimato estará garantido. A referida
pesquisa não oferece riscos a sua integridade física ou emocional. Caso desista de
participar e não queira continuar a dar as respostas, você tem o direito de
interromper a qualquer momento, sem que haja prejuízo, constrangimento ou dano
referente à interrupção. Esclarece-se ainda que sua participação é voluntária e não
está condicionada a receber qualquer benefício financeiro ou de outra espécie. Caso você aceite a participar da pesquisa, favor assinar abaixo
demonstrando sua anuência de que foram dadas as explicações necessárias,
inclusive, que você teve a oportunidade de tirar suas dúvidas e de que recebeu uma
cópia desse termo.
Assis:...../...../2011.
Nome do Profissional:........................................................................................................
Assinatura do Profissional:................................................................................................
Assinatura do Pesquisador:..........................................................................................
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