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2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE
ESTUDANTES SOBRE O BIOMA CAATINGA E SUA RELAÇÃO COM O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Local ecological knowledge and environmental perception of students about the Caatinga Biome
and its relationship with scientific knowledge
Gessikelli Silva Barbosa [gessiellisb@gmail.com]
Marcelo Alves Ramos [marcelo.alves@upe.br]
Universidade de Pernambuco, Programa de Pós-graduação em Educação
Rua Amaro Maltês, 201, Centro, Nazaré da Mata, Pernambuco, Brasil, CEP: 55.8000-000
Recebido em: 20/06/2019
Aceito em: 24/01/2020
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar o conhecimento ecológico local e a percepção de alunos sobre
o bioma caatinga, vislumbrando a construção de estratégias didáticas que contribuam para um ensino
significativo e dialógico nas aulas de ciências. O estudo foi desenvolvido em uma escola municipal,
localizada na zona rural do município de Surubim (Pernambuco), tendo como sujeitos da pesquisa
estudantes do 6º e 7º ano do ensino fundamental, e o professor de ciências da escola. Para analisar o
conhecimento e a percepção dos estudantes foram aplicados estímulos para que os participantes
pudessem escrever uma redação e desenhar o que conheciam do bioma caatinga. As análises foram
feitas por meio da categorização das representações dos estudantes e da análise do discurso do sujeito
coletivo. Foi registrada a riqueza de conhecimentos e percepções dos estudantes sobre os elementos
bióticos, abióticos e socioculturais que representam a caatinga, e a partir de um trabalho colaborativo
realizado com o professor de ciências, foi possível construir um quadro comparativo entre o
conhecimento dos estudantes e o conhecimento científico presente nos livros didáticos do 6º e 7º ano
do ensino fundamental, o que nos revelou a carência de conteúdos que abordam o Bioma Caatinga,
sendo necessário o professor recorrer a outros materiais para suprir a falta do conteúdo nos livros
didáticos.
Palavras-chave: Etnobiologia; Representação Ambiental; Livro didático.
Abstract
The objective of this study was to analyze the local ecological knowledge and the students' perception
about the caatinga biome, in order to construct didactic strategies that contribute to meaningful and
dialogic teaching in science classes. The study was carried out in a municipal school, located in the
rural area of the municipality of Surubim (Pernambuco), with students of the 6th and 7th grades of
elementary school, as well as the science teacher of the school. In order to analyze students'
knowledge and perception, students were encouraged to write a writing and draw what they knew
about the caatinga biome. The analyzes were made through the categorization of student
representations and the discourse analysis of the collective subject. The richness of students
'knowledge and perceptions about the biotic, abiotic and socio-cultural elements that represent the
caatinga was recorded, and from a collaborative work carried out with the science teacher, it was
possible to construct a comparative picture between the students' knowledge and the scientific
knowledge present in the textbooks of the 6th and 7th year of elementary school, which revealed the
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lack of content that addresses the Caatinga Biome, and it is necessary for the teacher to use other
materials to fill the lack of content in the textbooks.
Keywords: Ethnobiology; Environmental Representation; Textbook.
Introdução
Nos últimos anos tem se discutido a importância da contextualização do ensino formal a partir
da valorização dos conhecimentos prévios que os estudantes levam para as salas de aula, como forma
de contribuir para uma aprendizagem significativa. Segundo David Ausubel a aprendizagem
significativa ocorre quando um novo conhecimento é relacionado a outro já existente na estrutura
cognitiva do indivíduo, mas para que essa relação ocorra é necessário que a prática pedagógica do
professor considere aquilo que o aprendiz já conhece, possibilitando a relação entre os conhecimentos
de maneira não arbitrária e não literal (Moreira, 2011).
Neste sentido, os conhecimentos dos estudantes precisam ser considerados em sala de aula,
estejam certos ou não, já que estes revelam a maneira como os educandos conhecem, percebem e
pensam sobre um determinado assunto no contexto em que estão inseridos. Nas aulas de ciências,
Baptista (2010) discorre que a diversidade cultural presente na sala de aula torna-se um excelente
instrumento para promover um diálogo entre os conhecimentos científicos e o conhecimento que os
alunos possuem de suas experiências do cotidiano, podendo assim favorecer a compreensão dos
conteúdos científicos, na medida em que há relações de semelhanças e/ou diferenças entre estes
diferentes conhecimentos.
Apoiada em estudos de William Cobern e Cathleen Loving, Baptista (2010) defende
a demarcação e não a anulação dos saberes, ou seja, os estudantes compreenderiam os conteúdos
científicos sem, contudo, tê-los como únicos e verdadeiros, evitando a prática cientificista na sala de
aula, já que a demarcação dos saberes propicia a ampliação das concepções dos estudantes e não a
sua substituição.
Desta forma, destacamos aqui a importância de reconhecer os saberes dos educandos nas aulas
de ciências, bem como analisar como estes percebem o meio em que estão inseridos, buscando
contextualizar o ensino com a realidade em que eles vivem. Nessa perspectiva a Etnobiologia, ciência
que estuda a relação do homem com a natureza, por meio de estudos da percepção ambiental e do
conhecimento ecológico local que indivíduos possuem em relação ao meio ambiente, tem contribuído
para compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, assim como suas
expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas (Silva & Albuquerque,
2014).
Na educação, a etnobiologia tem contribuído para a valorização dos saberes culturais dos
estudantes, além de ajudar na ascensão dos conhecimentos científicos escolares de maneira
contextualizada com a realidade dos alunos (Baptista, 2015; Ruiz-mallén et al., 2009; Kovalski &
Obara, 2013; Gasparini Junior, 2014; Bejarano et al., 2014; Passos et al., 2015). Diante disso, foi
escolhida para a realização do presente estudo uma escola inserida em um ambiente de caatinga, por
se tratar de um bioma brasileiro em que se perpetua a ideia errônea de pouca diversidade biológica.
Vários estudos têm mostrado que os alunos inseridos geograficamente na área de abrangência da
caatinga possuem uma visão superficial em relação a este ambiente, mesmo sendo parte integrante
dele (Barbosa & Barbosa, 2011; Bitencourt; Marques & Moura, 2014; Barbosa et al., 2012; Araújo
et al., 2013; Macena et al., 2016). Portanto, promover um diálogo contextualizado com a cultura dos
estudantes, pode leva-los a agir de maneira mais responsável com ambiente em que estão inseridos.
Além disso, o estudo dos conhecimentos prévios dos estudantes pode contribuir para a aprendizagem
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dos conteúdos científicos escolares que envolva este bioma, respeitando e valorizando a cultura dos
educandos.
Assim, buscamos neste trabalho analisar por meio de desenhos e textos a percepção e o
conhecimento ecológico local de estudantes sobre o bioma caatinga em uma escola da Zona Rural do
município de Surubim (PE), relacionando-os posteriormente aos conhecimentos científicos presentes
nos livros didáticos, contribuindo assim para discutir estratégias que promovam uma aprendizagem
significativa.
Metodologia
Abordagem de pesquisa
Este estudo foi orientado por uma abordagem qualitativa, a qual Oliveira (2011, p. 41)
conceitua como sendo “um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de
métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou
segundo a sua estruturação”. Para a autora, as pesquisas qualitativas e quantitativas não são
excludentes uma da outra, uma pesquisa não perderia seu cunho qualitativo, caso fosse necessário a
representação dos dados por meio de gráficos ou tabelas, uma vez que a análise dos dados ficaria
mais bem interpretada, onde os percentuais pudessem ser utilizados de forma comparativa, baseando-
se na amostra do universo pesquisado (Oliveira, 2011). Isso implica dizer que, em uma pesquisa onde
dados possam ser quantificáveis, não o fará com que esta perca a sua conotação qualitativa.
Ainda sobre a essa abordagem, Zanette (2017) ressalta que a utilização do método qualitativo
traz diversas contribuições para o avanço do saber na dinâmica do processo educacional e na sua
estrutura de maneira geral, pois com o uso deste método na educação é possível reconfigurar “a
compreensão da aprendizagem, as relações internas e externas nas instâncias institucionais, a
compreensão histórico-cultural das exigências de uma educação mais digna para todos e a
importância da instituição escolar no processo de humanização" (Zanette, 2017, p. 159).
Lócus e Sujeitos
O estudo foi desenvolvido em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Surubim,
que possui cerca de 63.780 habitantes e está situada no agreste do estado de Pernambuco, nordeste
do Brasil (IBGE, 2017). O município possui uma área territorial de aproximadamente 253 km², clima
semiárido e vegetação característica de Caatinga, com temperaturas médias anuais de 24,7 ºC e
precipitações pluviométricas por volta dos 692,6 mm.
Em relação aos dados educacionais, Surubim possui quatro escolas estaduais urbanas que
oferecem do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio e 43 escolas municipais, que oferecem da
Creche ao Ensino Fundamental II. Em relação à rede municipal, a mesma possui 8.002 alunos e 493
professores, sendo 25 escolas consideradas do campo e 18 urbanas (Secretaria Municipal de Educação
de Surubim, 2017).
Foi selecionada para o estudo uma escola da rede municipal de ensino, a qual está localizada
a uma distância de aproximadamente 12 km do centro da cidade de Surubim, zona rural deste
município. Atualmente, a escola tem 25 funcionários, sendo 12 professores, e cerca de 180 alunos
matriculados, sendo a sua grande maioria filhos de agricultores. Funciona no turno da manhã com
turmas da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e à tarde funcionando apenas
turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Dispõe de diretoria, sala de professores, laboratório
de informática, biblioteca, quatro salas de aula, cozinha, pátio de recreação, um banheiro para
funcionários, um banheiro para alunos e quadra de esportes coberta. O entorno da escola selecionada
é caracterizado pela vegetação caatinga, razão pela qual foi escolhida como local da pesquisa.
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Para essa pesquisa foram selecionadas as séries do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental. A
escolha se deu porque de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998), o terceiro
ciclo do ensino fundamental (6º e 7º ano) torna-se um momento propício de aprofundar nas aulas de
ciências os assuntos sobre os seres vivos e o meio natural, permitindo ao estudante, a ampliação de
conhecimentos sobre os ambientes e seus problemas. Assim, participaram do estudo 46 estudantes
(20 do 6º ano e 26 do 7º), sendo destes, 14 meninas e 32 meninos. Vale ressaltar que os 46
participantes da pesquisa correspondem aqueles que estavam presentes no dia da coleta de dados,
porém, há nestas turmas um total de 56 alunos matriculados.
Nestes anos de escolaridade são abordados os conteúdos relacionados às questões ambientais,
sendo favorável para o desenvolvimento da pesquisa, visto que, buscamos a relação entre o
conhecimento prévio dos alunos com o conhecimento científico escolar presentes nos livros didáticos,
propiciando uma melhor aprendizagem do conteúdo programático do ano letivo.
Procedimentos metodológicos
Inicialmente, foi realizada uma visita na escola para explicar os objetivos da pesquisa e
solicitar autorização da direção escolar, que concordou com o desenvolvimento do trabalho, se
dispondo a contribuir para a realização da pesquisa. Após essa autorização, submetemos o projeto
para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Pernambuco, que foi
aprovado sob o número do CAAE: 68587517.2.0000.5207.
Antes de iniciar a coleta de dados, os pais dos estudantes foram convidados a assinar o TCLE
(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) informando concordar com a participação dos seus
filhos na pesquisa, tendo em vista que os estudantes possuem menos de 18 anos de idade, atendendo
assim uma das exigências de pesquisas que envolvem seres humanos (Resolução 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde).
Para a coleta dos dados os estudantes foram convidados a produzir um texto a partir do
estímulo “Escreva uma redação sobre o que você conhece do bioma caatinga”. Como uma segunda
etapa os alunos foram convidados a construir um desenho a partir do estímulo: “Faça um desenho
que represente tudo que você conhece do bioma caatinga”. Como o professor não havia trabalhado
ainda o conteúdo de biomas, foi esclarecido para os participantes que bioma caatinga refere-se ao
ambiente natural presente no local onde eles vivem, não sendo citada nenhuma característica deste
bioma para não influenciar as suas representações. Em relação aos desenhos, para que não houvesse
interpretações errôneas por parte dos pesquisadores sobre os elementos representados, os alunos
foram convidados a escrever no verso da folha o nome dos elementos que fizeram. Os estudantes
tiveram, ao todo, duas aulas (1 hora e 20 minutos aproximadamente) para realizar as atividades.
Para a comparação dos conhecimentos e a percepção dos estudantes com o conteúdo dos livros
didáticos foi realizado previamente por meio das redações uma análise do discurso do sujeito coletivo
(DSC), que revela o que pensa a coletividade (Lefevre & Lefevre, 2005), feito isto foi feita a
comparação dos conhecimentos no âmbito de um trabalho colaborativo realizado com o professor de
ciências da escola. De acordo com Damiani (2008) o trabalho colaborativo tem contribuído para a
área da educação, ajudando a enfrentar sérios desafios propostos pela atual escola brasileira, abrindo
possibilidades para criar um ambiente rico em aprendizagens acadêmicas e sociais, como também
resgatar valores como o compartilhamento e a solidariedade. Por meio do trabalho colaborativo os
participantes trabalham em conjunto, a fim de propor ações para solucionar possíveis problemas
detectados.
O trabalho colaborativo ocorreu por meio de 12 encontros entre a pesquisadora e os sujeitos
da pesquisa, ressaltamos ainda que no âmbito deste, foi possível realizar uma formação continuada
com o professor participante, discutindo por meio do diálogo todos os conceitos que permeiam este
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estudo, além de construir e aplicar em sala de aula oficinas pedagógicas, proporcionando ao professor
a aplicação do que foi aprendido no trabalho colaborativo em sua prática pedagógica.
Análise dos dados
Após a coleta dos dados, foram feitas as análises de todos os elementos representados nas
redações e nos desenhos, agrupando-os com base na categorização feita por Barraza e Ceja-Adame
(2005) e adaptada por Silva et al. (2010). As categorias foram: a) Abiótico: para aqueles elementos
relativos a fatores físicos e químicos do meio ambiente, que não possuem condições de vida (ex: rio,
sol, chuva, nuvem, etc); b) Ação: para palavras que designam uma ação do homem sobre o ambiente
(ex: plantar, colher, criar animais, fazer cercas, etc); c) Adjetivo: inclui palavras que qualificam a
caatinga (boa, importante, calma, seca, etc); d) Antrópico: compreende os elementos criados pela
ação humana (ex: casa, fazenda, escola, barragem, etc); e) Bióticos: elementos relativos ou
pertencentes aos organismos vivos e componentes orgânicos da biosfera (ex: boi, porco, árvore, cacto,
etc), sendo esta categoria subdividida em fauna (ex: boi, vaca, porco, pássaro, etc) incluindo também
a palavra animal, e flora (ex: cacto, árvore, palma, grama, etc) incluindo estruturas específicas das
plantas como flor, fruto, a palavra galho, espinho e planta; f) Degradação: elementos que designam
algum dano ao ambiente (ex: desmatar e poluir); g) Sentimento: representada por palavras que
expressam estado, reação ou percepção através dos sentidos sobre o que se sente pelo ambiente (ex:
sofrer, gosto, amo, etc), e Utilitário: inclui os elementos da caatinga que têm a utilidade ou interesse
para um determinado fim (ex: frutas, plantação, ração, lenha, etc).
Cabe destacar que a categoria Adjetivo foi considerada apenas para a análise das redações,
pois não foi possível a identificação de elementos desta categoria nos desenhos. Vale salientar ainda
que a utilização dos dois métodos de coleta (redação e desenho) foi realizada com o propósito de
triangulação metodológica, possibilitando a expressão das percepções dos estudantes de diferentes
formas, uma vez que eles poderiam apresentar limitações em um dos métodos (Silva et al., 2010).
Todos os dados coletados nessa pesquisa foram transcritos para uma planilha do Microsoft
Office Excel, para posterior construção de tabelas para uma melhor interpretação das representações,
onde destacamos os pontos que necessitam ser trabalhados e/ou reforçados em sala de aula.
As redações ainda foram analisadas por meio da técnica da análise do discurso do sujeito
coletivo (Lefevre & Lefevre, 2005), que revela o que pensa a coletividade. O discurso do sujeito
coletivo pode funcionar como um “espelho psicanalítico” do pensamento de grupos e coletividades,
“o que faz dele instrumento útil para intervenções em que se busque despertar consciências coletivas
e/ou ensejar diálogos com posturas ou opiniões distintas” (Lefevre & Lefevre, 2014, p. 505). Foram
extraídas das redações as expressões-chave (ECH), que são pedaços, trechos ou transcrições literais
do discurso, as quais relevam a essência do depoimento, seguido do agrupamento das ideias centrais
(IC), expressão linguística que releva e descreve de forma precisa o sentido de cada um dos discursos
analisados, possibilitando a construção dos discursos coletivos para as turmas analisadas.
Alguns trechos das redações produzidas pelos alunos foram analisados e comparados com
fragmentos do livro didático “Ciências -Novo Pensar” dos autores Gowdak e Martins (2015), das
turmas do 6º e 7º ano, já que o mesmo é o recurso principal utilizado em sala de aula, de acordo com
o professor de ciências.
Foi realizado junto com o professor das turmas pesquisadas uma tabela de cognição
comparada, seguindo o modelo de Baptista (2015), a qual buscou oportunizar diálogos entre o
conhecimento tradicional de estudantes agricultores e o conhecimento científico presentes em livros
didáticos. Deste modo, foi relacionado o conhecimento prévio dos alunos presentes no discurso do
sujeito coletivo com o saber científico que foram considerados semelhantes, diferentes, ou que
poderiam nortear alguma discussão em sala de aula, contribuindo para o ensino e a aprendizagem de
ciências.
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Conhecimento ecológico local e percepção ambiental de estudantes sobre a caatinga
Ao todo foram categorizados 1.380 elementos, em que notou-se a predominância dos
elementos bióticos, representados 882 vezes (64%). Quando subdividiu-se essa categoria em
elementos da fauna e flora, percebe-se destaque dos elementos da flora (44%) sobre os da fauna
(20%). Os elementos da flora mais representados foram os cactos (Figura 2), presente em 32 dos 45
desenhos analisados.
Figura 2: Bioma caatinga representado por um aluno do 6º ano de uma escola pública, localizada na zona rural
do município de Surubim (PE)
Outros estudos também mostraram que a biodiversidade da caatinga é em sua maioria
representada por elementos da flora. Bitencourt, Marques e Moura (2014) encontraram resultados
semelhantes ao analisar o imaginário de estudantes sobre a caatinga no 5º ano do ensino fundamental
de duas escolas da cidade de Senhor do Bonfim-BA, como também Souza e Silva (2017) ao analisar
a percepção de 150 alunos do ensino fundamental de duas escolas da cidade de Patos-PA. De acordo
com Santos et al. (2016), o semiárido nordestino caracteriza-se por possuir uma vegetação que
apresenta um aspecto agressivo, havendo uma predominância de cactáceas colunares a exemplo do
mandacaru (Cereus jamacaru) e do facheiro (Pilosocereus pachycladus), além de outros arbustos e
árvores com espinhos. As redações e desenhos caracterizaram tanto espécies típicas da caatinga
(cactáceas), como a representação de plantas sem ou com poucas folhas, que também é uma
característica adaptativa das espécies vegetais que vivem nesse ambiente.
Ainda com relação a flora foi identificando diversos tipos de plantas medicinais como: alecrim
(Rosmarinus officinalis), mastruz (Dysphania ambrosioides), arruda (Ruta graveolens) entre outras,
criando uma excelente oportunidade para que o professor fale sobre a importância desse tipo de
recurso, como também apresente plantas nativas deste bioma que são de uso medicinal como a
catingueira (Poincianella pyramidalis) e o juazeiro (Ziziphus joazeiro). Portanto, sobre a flora
percebe-se uma visão dos alunos ancorada no contexto socioambiental onde estão inseridos.
Em relação à fauna, os animais representados nos desenhos e redações foram em sua maioria
domésticos, a exemplo do gato e cachorro, ou ainda animais ligados a pecuária como boi, bode, porco,
entre outros. Nas redações é que foram registrado alguns animais selvagens, como a raposa e o
macaco. Todavia, não foi constatada nos desenhos a presença destes animais, ficando restritos a
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representar principalmente aves e as borboletas. De acordo com Pedrini et al. (2010) os animais
voadores são mais fáceis de serem vistos, devido a sua beleza, cores atraentes e sons que reproduzem,
e adicionalmente estes animais são mais fáceis de serem desenhados pelas crianças, o que pode
explicar o destaque destes animais nos desenhos. A baixa representação dos animais selvagens da
caatinga refletem também o pouco conhecimento dos estudantes, tendo a escola o papel de aprimorar
o conhecimento dos alunos sobre os animais nativos da caatinga, oportunizando assim a
aprendizagem.
Na Figura 3, podemos observar o desenho de um dos estudantes que participaram da pesquisa,
mostrando uma relação utilitária dos animais auxiliando em atividades típicas do ambiente da zona
rural, mesmo na ausência do ser humano, além do crânio de um gado estar localizado em uma cerca
de arames farpados em um cenário com características típicas do bioma caatinga. Nos estudos de
Bitencourt, Marques e Moura (2014), o imaginário de estudantes sobre a caatinga, mostrou que na
representação da fauna, seja selvagem ou doméstica, percebe-se a imagem de animais que apenas
compõem uma paisagem dominada pela flora ou pela ideia de moradia, reforçada no aparecimento
desses animais geralmente numa condição de serviço ou para reforçar um cotidiano de morte de
animais, resultado da falta de água. Drumond et al. (2000) relata que na caatinga há uma
superpopulação de ovinos, caprinos e bovinos, e isso pode proporcionar maior contato dos estudantes
com estes tipos animais do que com espécies nativas da caatinga.
Figura 3: Bioma caatinga representado por um aluno do 7º ano de uma escola pública, localizada na zona rural do
município de Surubim (PE)
Diante do exposto, discorremos que apesar da categoria Biótico representar 64% dos
elementos registrados (Tabela 1), é necessário que o professor de ciências reforce em sala de aula
exemplos de espécies de animais e vegetais que habitam a caatinga, além de trabalhar conceitos de
nativo e exótico e animais silvestres e domésticos, a fim de que a biodiversidade desse bioma seja
conhecida pelos alunos. A título de exemplo, temos a algaroba (Prosopis juliflora), espécie
identificada por alguns alunos em seus desenhos e redações. A algaroba é bem adaptada ao bioma
caatinga e constitui-se em uma espécie invasora, prejudicando até mesmo as espécies nativas do
ambiente, podendo ser equivocadamente percebida como planta nativa por sua adaptação e
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importância nos tempos de estiagem, servindo de alimento para o gado (Pegado, et al., 2006). Outro
fator importante a ser destacado foi a representação de animais exóticos que não ocorrem na região,
como elefante e zebra. A presença de espécies exóticas podem sofrer influências dos meios de
comunicação, como programas infantis, documentários ou até mesmo pela própria escola, já que é
comum encontrar ilustrações ou exemplos de espécies exóticas nos livros didáticos (Razera;
Boccardo & Paula, 2006).
A falta de materiais didáticos e paradidáticos contextualizados com o meio ambiente cria uma
lacuna e uma fragmentação do conhecimento dos estudantes, corroborado com a falta de informações
sobre a fauna nativa, característica marcante nos livros de ciências adotados do Brasil (Diniz;
Cordeiro Junior & Sabino, 2016), o que reforça a necessidade e a importância da escola em ensinar
aos alunos a distinguirem espécies nativas de exóticas, assim como diferenciar animais selvagens de
domésticos.
Tabela 1: Número de elementos representados nas redações e desenhos dos alunos do 6º e 7º ano de uma escola pública,
localizada na zona rural do município de Surubim (PE), sobre o Bioma Caatinga
Categoria Subcategoria
Nº de elementos
nas redações
Nº de elementos
nos desenhos
Total de
elementos
Abiótico - 35 138 13%
Ação - 25 1 2%
Adjetivo - 32 - 2%
Antrópico - 17 46 5%
Biótico Fauna 151 130 20%
Flora 271 330 44%
Degradação - 3 1 0%
Sentimento - 23 2 2%
Utilitário - 153 24 13%
Total 710 670 100%
Elaborada pela autora
Os elementos abióticos também estiveram bem representados nas redações e desenhos (13%)
com o registro de 173 elementos, dos quais se destacaram o sol, as nuvens e o solo. Os elementos
abióticos estiveram mais presentes nos desenhos, pois esses elementos fazem parte do cenário
ambiental que os alunos percebem em sua volta, além de serem bastante comuns em representações
infantis. A presença desses elementos na percepção dos estudantes permitem diferentes discussões na
sala de aula, como por exemplo, o tipo de solo que compõe a caatinga, tendo em vista que os desenhos
em sua maioria representaram solos com pouca cobertura vegetal (Figuras 2 e 3). O sol e a chuva,
podem proporcionar uma discursão sobre questões climáticas da região, além de tratar como estes
elementos influenciam o tipo de vegetação local. Os conhecimentos e a percepção dos alunos sobre
estes elementos podem ser diretamente relacionados aos conteúdos de ecologia vistos no 6º do ensino
fundamental, que são abordados no livro didático adotado na escola: “Ciências – Novo pensar”
(Gowdak & Martins, 2015).
Na categoria Utilitário, foram identificados 177 elementos (13% do total), sendo que nos
desenhos foram identificados apenas 24, mais especificamente na forma alimentícia e medicinal. Nas
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redações os estudantes escreveram muitas palavras referentes à pecuária, agricultura, ração de
animais, além de plantas medicinais, e extração de lenhas, mostrando uma relação de
interdependência e importância deste ambiente para os mesmos.
Na categoria Antrópico foram categorizados 63 elementos (5%), sendo casas, cercas e açudes
os que mais se destacaram. Tanto a cerca como o açude são típicos de comunidades rurais, este último,
assim como o elemento cisterna, é característico de ambientes com pouca incidência de chuvas, sendo
bastante comuns na paisagem destes locais (Figura 4). Corroborando com essa ideia Bitencourt,
Marques e Moura (2014), que afirmam que na grande parte dos trabalhos de percepção da caatinga,
o elemento “cisterna” sugere que as representações dos alunos mostram um processo de convivência
com as características da caatinga, como a falta de chuvas, e apontam para a popularização de
tecnologias que mostram o homem como parte integrante do bioma. Já os elementos curral e chiqueiro
também categorizados como “antrópico”, indicam a relação da comunidade com a criação de animais.
Figura 4: Bioma caatinga contendo elementos antrópicos como: açude, casa, cerca, e cisterna, representado por um aluno
do 7º ano de uma escola pública, localizada na zona rural do município de Surubim (PE)
Com relação a categoria Adjetivos, foram identificadas 32 palavras presentes nas redações,
onde foram mencionadas qualidades como, linda, importante, seca, quente, entre outras. Nos estudos
de Bitencourt, Marques e Moura (2014) foi observado que 11% dos relatos dos alunos do ensino
fundamental sobre a caatinga deram ênfase à seca como algo negativo, entretanto, 89% dos estudantes
demonstraram essa característica como um aspecto de convivência e de classificação do lugar de
moradia. Nesse sentido, vale ressaltar que neste estudo entendemos que os estudantes retratam a seca
como algo característico desse ambiente e possuem uma relação de apreço pela caatinga, pois os
mesmos a reconhecem como um local importante para o desenvolvimento de atividades agrícolas e
pecuárias.
Se tratando da categoria Ação, houve a categorização de 26 elementos (2%) que retratavam a
ação humana sobre o meio, como as palavras “plantar”, “colher” e “criar”, presentes nas redações.
Apenas um dos desenhos teve a representação de um homem regando um jardim. Contudo, a imagem
da interferência humana se faz presente, seja com desenhos do próprio homem/mulher ou com a
representação do lugar, através da inserção de edificações como casas, cercas, currais, veículos, entre
outros (Bitencourt; Marques & Moura, 2014).
Foram categorizados apenas quatro elementos para a categoria Degradação, dentre os quatro
elementos foi percebido uma preocupação dos alunos quanto ao desmatamento da caatinga, ao mesmo
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tempo que um dos alunos relata que pessoas desmatam a caatinga para extrair lenha. Em um dos
desenhos foi retratado uma árvore cortada. A baixa representação para essa categoria poderia ser
refletida como uma falta de conhecimento por parte dos alunos de que a caatinga precisa ser
conservada, oportunizando a discussão em sala de aula sobre essa importância, como também as
consequência da extração de recursos madeireiros para o ambiente local, já que na turma do 7º ano
dois alunos ajudam seus pais na extração e produção de carvão vegetal, sendo este tipo de atividade
apontada como uma das principais causas de desmatamento do bioma caatinga, de acordo com o
Ministério do Meio Ambiente (Brasil, 2018), o que leva a uma discursão sobre a necessidade do
manejo sustentável.
Se tratando da categoria Sentimento, foram identificadas 23 palavras nas redações que
expressaram sentimentos com relação a caatinga, das palavras citadas destacam-se gosto, amo e feliz.
Também foram mencionadas em três redações a palavra “sofrem”, estas no seu contexto estão
relacionadas ao drama do sertanejo nos períodos de estiagem, como também a consequência da seca
que prejudicam os animais. No entanto, percebemos que os alunos entendem esse drama como uma
resposta natural ao tipo de ambiente que vivem, em termos de condições climáticas. No livro de
ciências do 6º ano utilizado na escola do presente estudo são abordadas técnicas de manejo na
agricultura atingida por períodos de seca. Trabalhar esse conteúdo relacionando ao conhecimento
prévio dos estudantes poderia reforçar ou desconstruir a ideia que estes alunos possuem em relação a
seca, podendo discutir na sala de aula algumas estratégias e técnicas utilizadas para melhor adaptação
do ser humano nos períodos da estiagem.
Ainda com relação a categoria Sentimentos, foram consideradas duas representações nos
desenhos contendo o elemento “coração”. Este elemento quando encontrado nos desenhos infantis,
expressam afeto a algo ou alguém. De acordo com Hanauer (2013) por meio da capacidade simbólica
a criança desenvolve a sua capacidade de criar, onde através do imaginário desenha objetos
significativos, sejam eles reais ou frutos da sua fantasia, podendo expressar emoções e sentimentos
que a criança presencia. Neste sentido apenas dois dos desenhos puderam revelar um sentimento
topofílico relatado por Tuan (2012), onde os laços afetivos do indivíduo com o ambiente podem ser
desencadeados pelo prazer estético ou pelo contato físico com o meio.
O conhecimento ecológico local e a percepção ambiental dos alunos por meio do discurso do
sujeito coletivo (DSC)
Com base nas redações dos alunos participantes da pesquisa foi possível a construção do
seguinte discurso:
DSC
A caatinga é um dos biomas do Nordeste, é típica dessa região por causa da seca.
Na caatinga tem cactos com espinhos, árvores secas, mandacaru, marmeleiro, comigo-ninguém-
pode, babosa, urtiga, velame, catingueira, cardeiro, facheiro, juá, algaroba, baraúna e pés de
frutas como umbu, acerola, caju, umbu cajarana.
Na caatinga tem animais como cachorro, gato, burro, pássaros, vaca, boi, borboletas, galinha,
carneiros, bode, cavalo, porco. Eu acredito que tenha vários bichos como macaco, onça, elefante
e zebra.
Na caatinga tem plantas para fazer remédio como o chá de hortelã, capim santo, arruda, boa-
noite, manjericão, alecrim, babosa, erva cidreira e canela.
Aui é uma terra ótima para plantação, pois o solo é fértil e produtivo, meus pais são ótimos
agricultores. Podemos plantar e colher, milho, feijão, fava, coentro, cebola, tomate.
Aqui chove pouco e é bastante seco, a gente sofre nos tempos de secas, pois ficamos sem lavouras
e os animais sem pastos, mas quando chove enchem os lagos, barreiros, açudes, a grama fica
verde.
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2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
Tem árvores que ajuntam bastante água nos dias de chuva para que na seca tenham bastante água
como as palmas e os cactos. Na caatinga há plantações que servem de ração para os animais.
A caatinga seca é boa para fazer fogueira e fogo a lenha, os humanos fazem estacas, cercas bem
elaboradas, mas não pode derrubar as árvores do bioma da caatinga.
A caatinga é importante para os animais, para nós e para a história do nosso povo. Eu me sinto
feliz em morar em um lugar com um bioma interessante para pesquisas e explorações.
Além das discussões já feitas por meio da categorização dos elementos presentes nas redações
e desenhos, foi possível no discurso do sujeito coletivo observar de forma mais geral o que os
participantes da pesquisa percebem e conhecem sobre o ambiente da caatinga. A partir das ideias
centrais extraídas das expressões-chave (Quadro 1) das redações foi percebido um conhecimento
ecológico local referente as características climáticas e adaptativas deste ambiente, como podemos
constatar nas seguintes frases “Aqui chove pouco e é bastante seco” e “...tem árvores que ajuntam
bastante água nos dias de chuva para que na seca tenham bastante água como as palmas e os
cactos.” Certamente estes alunos não estudaram como ocorre o mecanismo de adaptação dos vegetais
da caatinga, mas possuem conhecimentos prévios que podem ser usados como ancoradouro para uma
aprendizagem significativa em sala de aula.
Observamos ainda que os alunos reconhecem a caatinga como um lugar bom para desenvolver
atividades agrícolas, mas também retratam o drama que produtores sofrem na época da estiagem.
Ainda destacaram a extração de lenha, mas apesar desta atividade ser vista por muitos alunos como
algo positivo, a extração de madeira seja para elaboração de cercas, produção de carvão vegetal e
lenha, tem sido um dos motivos para desencadear o desmatamento da caatinga (Pereira et al., 2005;
Brasil, 2018). Ao mesmo tempo os alunos demonstraram uma preocupação com a conservação das
plantas, e isto podemos observar no seguinte trecho do discurso: “Não pode derrubar as árvores do
bioma da caatinga”
Neste discurso também foi descrita a importância deste bioma para as pessoas como também
para os animais, além ser “um bioma muito interessante para pesquisas e explorações”. Este relato
pode ter sido influenciado pela presença da pesquisadora no ambiente escolar.
De maneira mais ampla é possível perceber por meio do discurso do sujeito coletivo o que os
alunos conhecem do bioma caatinga, propiciando uma análise que se difere da categorização
apresentada no tópico anterior deste capítulo, que revela dados que possibilitam diálogos com posturas
ou opiniões distintas (Lefevre & Lefevre, 2014, p. 505). Pois, por meio do discurso do sujeito coletivo
busca-se reconstituir representações sociais preservando suas dimensões individual e coletiva
articuladas. Essas representações permitem que o sujeito comum se identifique com elas, viabilizando
sua utilização em práticas de intervenção social, o que dificilmente pode ser feito apenas com a
categorização dos elementos.
Quadro 1: Ideias-centrais e expressões-chave reconhecidas no discurso do sujeito coletivo sobre a caatinga entre os
alunos do 6º e 7º ano de uma escola pública, localizada na zona rural do município de Surubim (PE)
Expressões chave Ideias centrais
A caatinga é um dos biomas do Nordeste... é típica dessa região por
causa da seca.
A Caatinga é um dos
Biomas do Nordeste
Na caatinga tem cactos com espinhos... árvores secas, mandacaru,
marmeleiro, comigo-ninguém-pode, babosa, urtiga, velame,
catingueira, cardeiro, facheiro, juá... algaroba, baraúna e pés de
frutas como umbu, acerola, caju, umbu cajarana.
Na caatinga tem diversos
vegetais
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2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
Elaborado pelos Autores.
Relações entre o conhecimento prévio dos alunos e o conhecimento científico dos livros didáticos
Com as comparações entre os conhecimentos prévios dos estudantes sobre o bioma caatinga
e as informações presentes no livro didático de Gowdak e Martins (2015) do 6º e 7º ano, pudemos
encontrar semelhanças que proporcionam um diálogo entre a cultura do estudante e o saber científico,
essas relações encontram-se no Quadro 2.
Os conhecimentos prévios dos estudantes mostraram relação com os conteúdos de Ciências
sobre Ecologia, nos subtópicos “Os fatores abióticos modificam o ambiente” e “Os fatores abióticos
interferem nos seres vivos” e no conteúdo de Botânica, mais especificamente “órgãos vegetativos”.
Como os espinhos e o caule das espécies da caatinga são excelentes exemplos de adaptação, o
mandacaru (Cereus jamacaru) recebeu destaque, sendo descritas as curiosidades e características
dessa espécie em um texto secundário presente no capítulo 10 do livro do 7º ano. Exemplos de
espécies vegetais como o xique-xique (Pilosocereus polygonus) e a barriguda (Ceiba glaziovii) foram
encontrados no livro do 6º, por serem exemplos de plantas com características adaptativas. Entretanto,
não foi encontrado espécies de animais nativos da caatinga nos livros analisados. A carência de
informações sobre fauna nativa é característica nos livros didáticos de ciências adotados pelas escolas
da rede pública do Brasil, o que acaba contribuindo para um a falta de contextualização do ensino
(Diniz; Cordeiro Junior & Sabino, 2016).
No que diz respeito a abordagem do bioma caatinga foi possível verificar que o livro didático
do 7º ano, série que aborda este conteúdo, enfoca os biomas terrestres de maneira geral, como Tundra,
Taiga, Florestas Decíduas, Florestas Tropicais, Campos e Desertos, e quanto ao conteúdo de biomas
brasileiros é apresentado exclusivamente por meio de mapas. Neste sentido, o professor poderia sentir
Na caatinga tem animais como cachorro, gato, burro... pássaros,
vaca, boi, borboletas, galinha... carneiros, bode, cavalo, porco... eu
acredito que tenha vários bichos como macaco, onça, elefante e
zebra.
Na caatinga tem diversos
animais
Na caatinga tem plantas para fazer remédio... como o chá de hortelã,
capim santo, arruda, boa-noite... manjericão, alecrim, babosa, erva
cidreira e canela.
Na caatinga há plantas
medicinais
Aqui é uma terra ótima para plantação... pois o solo é fértil e
produtivo... meus pais são ótimos agricultores... podemos plantar e
colher, milho, feijão, fava, coentro, cebola, tomate.
A caatinga é um lugar
propício para a
agricultura
Aqui chove pouco e é bastante seco... a gente sofre nos tempos de
secas, pois ficamos sem lavouras e os animais sem pastos... mas
quando chove enchem os lagos, barreiros, açudes, a grama fica
verde.
A seca da caatinga afeta
a produção animal e
vegetal
Tem árvores que ajuntam bastante água nos dias de chuva para que
na seca tenham bastante água como as palmas e os cactos. Na
caatinga há plantações que servem de ração para os animais.
Na caatinga há vegetais
que se adaptam a seca e
servem como ração
animal
A caatinga seca é boa para fazer fogueira e fogo a lenha... os
humanos fazem estacas, cercas bem elaboradas... mas não pode
derrubar as árvores do bioma da caatinga.
Na caatinga há extração
de madeira.
A caatinga é importante para os animais, para nós e para a história
do nosso povo... eu me sinto feliz em morar em um lugar com um
bioma interessante para pesquisas e explorações.
A caatinga é importante
para as pessoas que nela
habitam.
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2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
dificuldades em trabalhar o conteúdo Biomas relacionando-o ao conhecimento prévio do aluno, caso
este utilizasse o livro didático como único recurso. Se não fosse a importância adaptativa das espécies
vegetais da caatinga, não seria possível encontrar espécies e algumas características referentes a este
bioma. Fonseca (2007), ao analisar livros didáticos sobre o bioma amazônico verificou que:
Em se tratando das informações sobre biodiversidade geral e amazônica, o estudo revela que
esses temas, mesmo difundidos nos livros, não ganham, na maioria deles, destaque, pois são
apresentados em condições secundárias (itens de capítulo, leituras selecionadas, boxes
informativos e exemplos) e numa abordagem disciplinar (visão ecológica) fragmentária e
reducionista (Fonseca, 2007, p. 73).
Assim como Fonseca (2007) podemos afirmar que o bioma caatinga não é abordado de
maneira significativa no livro analisado, já que não há questões que abordem de maneira satisfatória
a biodiversidade local, cabendo ao professor recorrer a outros materiais didáticos para lhe auxiliar.
Além da pouca abordagem de conteúdo, muitos livros didáticos trazem informações errôneas e
desatualizadas acerca da caatinga, como podemos verificar nos estudos de Matos e Ladin (2014).
Essa desvalorização do bioma caatinga nos livros didáticos influencia diretamente no ensino e
aprendizagem do aluno, pois quando não há a valorização desse ambiente, pode ser reforçado a ideia
errônea de que a caatinga ou o Nordeste, especificamente o semiárido, é um local pobre em termos
de biodiversidade e que possui condições mínimas de sobrevivência para aqueles que nele habitam
(LIMA, 2017).
De acordo com Alves et al. (2011) as possíveis causas destes equívocos referem-se ao fato de
que estes materiais são frutos do trabalho de muitos autores que não vivem em regiões da caatinga, e
acabam contribuindo para a produção de livros com informações errôneas. Entretanto, apesar dos
livros didáticos serem um instrumento usado regularmente, é necessário que, independentemente das
discussões dos conceitos ou exposições em condições secundárias e superficiais, seja indispensável
a intervenção do professor como elemento facilitador através da construção de conceitos teóricos e
práticos em sala de aula, e não apenas esperar que o livro traga o assunto para a vida acadêmica dos
alunos (Silva, et al., 2014; Lima, 2017).Vale ressaltar que o livro aqui analisado apresenta boas
propostas didático-pedagógicas, uma vez que incentiva o professor a discutir com seus alunos o bioma
em que estão inseridos e analisa-lo de maneira crítica, todavia, o mesmo não traz informações
suficientes, devendo o professor buscar outros recursos.
O quadro abaixo foi feito com o propósito de mostrar a relação que os conhecimentos dos
estudantes tem com o conhecimento científico apresentado nos livros, na perspectiva de reforçar a
necessidade de uma aula que promova diálogos entre a cultura do estudante e o saber científico,
mesmo que estes não estejam ligados diretamente ao conteúdo de biomas, valorizando o contexto em
que eles estão inseridos.
Quadro 2: Relação entre o conhecimento prévio dos alunos do 6º e 7º ano e o conhecimento científico presente no livro
didático de uma escola pública, localizada na zona rural do município de Surubim (PE)
6º ano
Conhecimento Prévio dos Estudantes Conhecimento Científico /Livro Didático
“O bioma caatinga é muito quente.”
“O bioma caatinga é típico dessa região por
causa da seca.”
“O calor também é um importante fator abiótico
para os ecossistemas, pois a vida só é possível
dentro de certos limites de temperatura.”
“Tem árvores que ajuntam bastante água nos
dias de chuva para que na seca tenham
bastante água como as palmas e os cactos.”
“Mandacaru, que tem grande capacidade de
captação e retenção de água. A barriguda, assim
como o mandacaru, é uma planta adaptada a
viver em ambiente com pouca água.”
“O bioma caatinga serve muito para
plantação, pois o solo é fertilizante e produtivo
“Se você observar um solo de terra roxa, um solo
do cerrado e um solo da caatinga, obviamente
verá muitas diferenças. Os tipos de solo
178
2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
para todos os agricultores das zonas rurais do
nosso bioma caatinga.”
dependem do clima, da matéria orgânica, da
rocha-mãe e de outros fatores, como o tamanho
das partículas.”
“No bioma caatinga não consiste em ter muita
chuva”
“Na caatinga há muita plantação que serve de
ração pros animais na seca”
“Além da troca de culturas por plantas mais
resistentes às secas, pode-se mudar a forma
como se maneja a agricultura. Uma dessas
alternativas é a irrigação das culturas. No
entanto, a irrigação deve ser feita de maneira
sustentável, visando a economia máxima de
água.”
7º ano
Conhecimento Prévio dos Estudantes Conhecimento Científico /Livro Didático
“(...) os povos sabem que não pode derrubar
as árvores, ela traz sombra para as pessoas.
Os humanos fazem muitas coisas como
estacas, para fazer cercas bem elaboradas.”
“O mandacaru é importante para a restauração
dos solos degradados, serve como cerca natural
e alimento para os animais.”
“A caatinga tem diversas plantas como cactos
que tem muitos espinhos.”
“Na caatinga tem várias plantas como
cardeiro, facheiro, mandacaru.”
“As plantas ficam secas, com um tempo elas
começam a se reproduzir (...) nascem folhas,
galhos e espinhos.”
“...a planta espinhenta sobrevive as secas devido
a sua grande capacidade de capacitação e
retenção de água”
“Cladódio: é o caule suculento que armazena
água. É clorofilado, e em alguns possuem
espinhos, que são folhas modificadas. Como Por
exemplo temos o mandacaru do Nordeste.”
“Assim como os caules, certas folhas também
formam espinhos. Nesse caso há algumas
vantagens: a planta transpira menos e armazena
água e a fotossíntese é realizada pelo caule.”
“(...) mas a gente também sofre nos tempos das
secas, pois no período da seca ficamos sem
lavouras e os animais sem pastos.”
“quem cria gado fica muito preocupado,
porque quando o mato está muito seco e não
tem água o gado sofre”
“Após um processo que é iniciado pela retirada
do espinho, o mandacaru serve como ração para
os animais e é um dos poucos recursos
disponíveis em período de longa estiagem.”
Elaborado pelos autores.
É necessário que o professor busque sempre dialogar com os alunos, procurando saber qual o
conhecimento prévio destes com relação a qualquer assunto que for trabalhado em sala de aula, afim
de que o conteúdo seja aprendido de maneira significativa (Moreira, 2011). Afirmamos isso sabendo
que a aprendizagem não pode ficar restrita apenas ao que os alunos já conhecem, como apontado por
Freire (1992):
Partir do saber que os educandos tenham não significa ficar girando em torno deste saber.
Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar,
permanecer. Jamais disse, como às vezes sugerem ou dizem que eu disse, que deveríamos
girar embevecidos, em torno do saber dos educandos, como mariposas em volta da luz. Partir
do ‘saber de experiência feito’ para superá-lo não é ficar nele (Freire, 1992, p. 70-71).
Tendo em vista que os alunos estão inseridos em um ambiente de caatinga, pressupõe que eles
possuem um conhecimento prévio sobre o ambiente que os cercam, e como observado aqui neste
capítulo, esses conhecimentos existem e suas limitações e erros devem se tornar em uma oportunidade
de construção de novos conhecimentos. Fonseca (2007), desenvolvendo um estudo semelhante com
estudantes da região norte do Brasil, verificou um conhecimento deficiente sobre o bioma amazônico,
179
2020 Experiências em Ensino de Ciências V.15, No.1
e atribuiu à falta de atividades desenvolvidas na escola que permitam uma maior absorção desse
conhecimento, visto que a prática dos professores tem ocorrido com o uso exclusivo do livro didático,
que na maioria das vezes não está contextualizado com a realidade dos alunos.
De acordo com Ausubel a aprendizagem significativa depende também da disposição dos
indivíduos para aprender e relacionar os novos conhecimentos aos que eles já possuem em sua
estrutura cognitiva. Porém, pelo fato de serem ouvidos e estimulados a produzirem algo sobre o que
eles conhecem e do ambiente que fazem parte, foi notado o interesse dos alunos em falar o que
pensam, sentem e conhecem do bioma caatinga por meio dos desenhos e textos, fazendo com que o
aprendiz relacione de maneira substantiva e não arbitrária os novos conhecimentos que pudessem ser
lecionados (Moreira, 2011). Cabendo apenas ao professor ser o mediador entre eles.
Considerações finais
Foi possível evidenciar a partir desse estudo que os desenhos e textos produzidos pelos
estudantes permitiram uma análise detalhada da forma como conhecem e interpretam o meio em que
vivem, nos quais foi revelada uma riqueza em detalhes da flora da região, com vegetais característicos
do bioma caatinga, além de revelarem uma grande relação com a agricultura e com a cultura local.
Porém, as representações sobre a biodiversidade local não foram totalmente satisfatórias, pois revelou
um número muito pequeno de animais endêmicos da caatinga, como também os alunos demonstraram
não saber diferenciar animais e vegetais nativos e exóticos.
Essa carência de informações poderia ser suprida por meio do conhecimento científico
presente nos livros didáticos, entretanto, os mesmos não apresentaram informações significativas com
relação ao bioma caatinga, o que aponta a necessidade do professor recorrer a outros materiais
pedagógicos. A exposição de documentários, pesquisas e outros recursos poderiam contribuir para
abranger o conhecimento sobre a caatinga e auxiliar o professor no ensino sobre a biodiversidade e
conservação local.
Mesmo com a falta de informações presentes nos livros didáticos sobre a caatinga, o estudo
da percepção e do conhecimento ecológico local dos alunos mostrou-se importante e como uma
ferramenta que pode ser trabalhada de diversas formas e com diferentes temas como, biodiversidade,
clima e tipos de solo, agricultura, conservação, além dos aspectos socioculturais presentes nas
comunidades do ambiente pesquisado. Cabendo ao professor buscar estratégias didáticas para mediar
o conhecimento, afim de proporcionar uma aprendizagem contextualizada nas aulas de ciências.
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