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O folclore funciona no tempo do mito, do conto de fadas, do “Era uma vez”. Por isso poucas coisas desafiam mais um escritor do que recontar histórias folclóricas. Não é simples desligar por momentos o presente para que a força do passa-do ressurja. Nem todos têm o dom de abrir esse portal que conversa com outra era. A margem de ma-nobra que sobra ao autor é peque-na, restringe-se ao exercício do es-tilo. A dificuldade está em encenar um ambiente que evoque a luz de lampião e a voz da prudência que só a idade traz. É como urdir um clima de noite de tempestade com o sol claro lá fora.

Os três autores foram felizes tanto na escolha quanto na rein-venção dessas histórias que nos-sos antepassados teceram. Nesses contos encontramos os ecos dos sonhos, dramas, desencontros e sofrimentos de que nossos ances-trais padeceram. Os autores cap-turaram essa mensagem do nos-so passado sulino de forma leve e comovente, devolvendo-nos a sabedoria nele contida. Afinal, se uma história passou pelo crivo do

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Nas páginAs dEste livRo você encontra um con-vite para viajar pelo presente e pelo passado do Sul do Brasil. Os autores Caio Riter, do Rio Grande do Sul, Cléo Busatto, do Paraná, e Luana von Linsin-gen, de Santa Catarina, recontam lendas folclóricas que fazem parte da cultura dessa região.

Os causos e contos populares narrados por di-versas gerações perpetuaram a história do nosso país por séculos. E o fato de terem sobrevivido até hoje nos mostra a força dessas palavras, adaptadas e atualizadas com o tempo. A influência das cor-rentes imigratórias, os costumes locais, os persona-gens folclóricos e o imaginário gaúcho, catarinen-se e paranaense estão presentes nesses doze contos.

Caio Riter • Cléo BusattoLuana von Linsingen

tempo é porque tem muito para nos ensinar. Os bons contos do passado são geradores de sentido que nunca se esgotam porque to-cam nos pontos que são comuns a todos.

Como o diálogo com o passa-do passa pela lente da sensibilidade do presente, recontar as histórias folclóricas é uma tarefa que nun-ca acaba. É necessário atualizar a linguagem, refazer as metáforas gastas ou incompreensíveis para os dias de hoje. As histórias são as mesmas, mas nunca as vemos nem as contamos da mesma forma; praticamente cada geração terá que refazer a narrativa dos contos de estimação. Sorte contar com esses três autores para a nossa vez.

Este é um livro que pode ser pensado como uma avó empres-tada. Aquelas que vêm nos contar uma história antes de dormir, que domam com a voz o medo da noi-te e iluminam os mistérios da vida.

Mário Corso é psicanalista e au-tor de livros, como Monstruário –

Inventário de entidades imaginárias

e de mitos brasileiros.

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Caio Riter

Cléo Busatto

Luana von linsingen

Organização de Elaine Maritza da Silveira

Ilustrações de Eloar Guazzelli

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Contos populares do Sul

Textos © Caio Riter; © Cléo Busatto; © Luana von Linsingen, 2015© Elaine Maritza da Silveira (organização), 2015

Diretoria de conteúdo e inovação pedagógica Mário Ghio JúniorDiretoria editorial Lidiane Vivaldini Olo Gerência editorial Paulo Nascimento Verano

Edição Camila Saraiva

ARTE

Ricardo de Gan Braga (superv.), Soraia Pauli Scarpa (coord.) e Thatiana Kalaes (assist.)Projeto gráfico Estúdio InsólitoIlustrações Eloar Guazzelli

Diagramação Estúdio Insólito

REVISÃO

Hélia de Jesus Gonsaga (ger.) e Rosângela Muricy (coord.)

ICONOGRAFIA

Silvio Kligin (superv.), Claudia Bertolazzi (pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagens)

Crédito das imagens Luís Ventura (p. 39), Maus Ventura (p. 79) e Arquivo pessoal (p. 103)

CIP-BRASIL, CATALOGAÇÃO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

R493c

Riter, Caio Contos populares do Sul / Caio Riter, Cléo Busatto, Luana von Linsingen ; organização Elaine Maritza da Silveira ; ilustração Eloar Guazzelli. - 1. ed. - São Paulo : Scipione, 2015.

104p. : il.

ISBN 978-85-262-9778-4

1. Conto folclórico - Literatura infantojuvenil. 2. Conto folclórico - Brasil. I. Busatto, Cléo. II. Linsingen, Luana Von. III. Silveira, Elaine Maritza da. IV. Guazzelli, Eloar. V. Título.

15-23960 CDD. 028.5 CDU. 087.5

Código da obra CL 737926 CAE 551242

20161a edição2a impressãoImpressão e acabamento:

Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A., 2015Avenida das Nações Unidas, 7221 – Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902Tel.: 4003-3061 – atendimento@aticascipione.com.brwww.aticascipione.com.br

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Às vozes que nos sopraram estes contos. A todos os contadores de histórias, que acreditam

no poder das palavras.

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6 • CONTOS POPULARES DO SUL

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RIO GRANDE DO SUL • 7

SUMÁRIo

Apresentação 9

Rio Grande do Sul 11

As lágrimas de Obirici 14

A noiva da lagoa 19

As torres malditas 25

Negrinho do Pastoreio 32

O autor: Caio Riter 39

Santa CAtarina 41

A praia dela 44

Da inveja das coisas lindas 62

O cansaço do homem 69

Cântico no escuro 77

A autora: Luana von Linsingen 79

ParAná 81

Duí e Aracê 84

O fandango da Sexta-Feira Santa 89

A árvore do Curupira 97

Gralha-azul, a plantadora de pinheiros 100

A autora: Cléo Busatto 103

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8 • Contos populares do Sul8 • Contos populares do Sul

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9

APRESENTAÇÃO

Quem nunca ouviu falar na lenda do Negrinho do Pastoreio ou

não conhece a história da noiva que pede carona aos motoristas

na beira das estradas? E as histórias do Curupira? Todo mundo

já ouviu ou leu alguma versão dessa lenda, não é verdade?

Essas narrativas, transmitidas oralmente através dos sécu-

los, fazem parte da cultura popular nas mais diferentes regiões

do mundo. Lendas são histórias que surgiram para explicar

acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, e para tentar

compreender alguns fenômenos da natureza no tempo em que

o conhecimento científico era ainda muito limitado. E até hoje

são contadas como verdadeiras, pois há sempre uma pitada (ou

uma tentativa) de realidade misturada à ficção. Há sempre a re-

ferência a alguém que viu o acontecido ou que soube “de fonte

segura” como tudo se passou.

No Brasil, a força da miscigenação enriqueceu a cultura po-

pular, incorporando ao imaginário as lendas trazidas pelos co-

lonizadores. Essas lendas se somaram às histórias dos povos in-

dígenas que habitavam essa terra e, mais tarde, às narrativas dos

africanos que aqui chegaram como escravos. Sem contar outros

povos que migraram para o Brasil nos anos mais recentes.

Registrar essas narrativas e apresentá-las às novas gerações

é a proposta deste livro. Aqui apresentamos lendas dos estados

da região Sul do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

Paraná, recontadas por autores que pesquisaram as narrativas

de seu estado e as reescreveram.

Você verá que, embora sejam narrativas muito antigas, ain-

da são capazes de encantar, provocar o riso; e também podem

espantar leitores de todas as idades, arrepiando até os mais des-

crentes e corajosos. Vire a página e comprove.

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11

Pelos pagos do Rio Grande há lendas que são muito conhecidas

e circulam por essas paragens desde muito antes de você existir,

e mesmo antes de seus pais, avós e bisavós existirem também.

São histórias passadas pela tradição oral de geração em geração

e que, ainda hoje, têm muita força e explicam um pouco da

cultura e do jeito gaúcho de ser.

A cultura do campo, a presença forte do índio e as crendices

ligadas ao sobrenatural são marcas fortes das lendas que repre-

sentam o Rio Grande do Sul, como você verá nos recontos de

Caio Riter. São histórias de amor, de fé, de alguma crueldade e,

claro, de mistério e sobrenatural.

Das lendas mais conhecidas, Negrinho do Pastoreio é a mais re-

presentativa deste estado, pois, segundo consta, foi no Rio Grande

do Sul que surgiu, no século XIX, quando ainda havia escravidão

no Brasil. Embora a história tenha origem africana, possui forte

apelo cristão pela presença de Nossa Senhora, madrinha do ne-

grinho. Segundo alguns registros, a lenda era contada por aqueles

que, à época, defendiam a abolição da escravatura e eram con-

trários aos castigos e às crueldades cometidos contra os negros.

Você vai se encantar com essa história e com as outras

narrativas apresentadas aqui. E também vai se impressionar.

Esteja preparado.

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