Crise 2010: a mitologia e o teatro grego clássico · a mitologia e o teatro grego clássico...

Preview:

Citation preview

1

Crise 2010:a mitologia e o

teatro grego clássico

Reinaldo GonçalvesProfessor titular – UFRJ

Junho 2010

2

Faêton (Faetonte) achou que podia fazer o que Hélios fazia

e, atualmente, os gregos descobriram que não podem fazer o que os americanos fazem ...

3A queda de Faêton

4

Erros graves: não aprenderam com os “clássicos...gregos”

1. Sófocles: próprios erros2. Ésquilo: otimismo irresponsável3. Aristófanes: pagamento da dívida4. Eurípides: infortúnio mal começou

5

Antes, porém, o diagnóstico:Macroeconomia aberta e desestabilização macroeconômica

� Externo� estoque (passivo externo)� fluxo (CC-BOP)

� Interno� inflação� contas públicas

6

Equilíbrio simultâneo (E*)

7

8

9

D2 e a Roda da Fortuna

Só a política fiscal restritiva vai funcionar?

10

Índice de preços (IPC): Alemanha e Grécia, 2000-10

117,0

136,0

86,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

130,0

140,0

150,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

IPC-Alemanha IPC-Grécia IPCAlemanha/IPCGrécia

E a competitividade internacional?

11

Aprendendo com o teatro

grego clássico ...

12

Sófocles(497 ou 496 a.C.- 406 ou 405 a.C.)

Emissário

Sabereis de novas desgraças, voluntárias, e não impostas; e os males que nós próprios nos causamos são precisamente os mais dolorosos.

(Rei Édipo)

13

Causa fundamental da crise

� excesso de endividamento� Generalizado

� Famílias� Empresas� Governo

� falta de controle do governo sobre� sistema financeiro local� ingressos internacionais de capitais

14

Grécia: Crédito para residentes não-financeiros por instituições financeiras domésticas (exclui Banco Central),

(estoque médio anual, milhões euros, 2001-2010 (T1)

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 (T1)

Total Crédito Governo Empresas Famílias

15

Grécia: Dívida externa bruta, final do ano 2003-2009 (bilhões euros)

152163

188

227

264

7090

121135 140

223

253

309

363

404

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2005 2006 2007 2008 2009

Governo + Banco Central Instituições f inanceiras + empresas Total

16

Grécia: Dívida externa bruta por tomadores, 2005-09 (final do ano)

68,4

64,460,9

62,765,3

31,6

35,639,1

37,334,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

2005 2006 2007 2008 2009

Governo + Banco Central Instituições f inanceiras + empresas

17

Ésquilo (525-456 a.n.e.)

Prometeu

- Acabei com os terrores provocados nos homens em vista da morte.

Coro

- Que remédio encontraste para esse mal?Prometeu

- Concedi-lhes imensa esperança no futuro.Coro

- É um dom precioso esse que concedeste aos mortais.

(Prometeu acorrentado)

18

Otimismo irresponsável

� durante mais de 10 anos, o governo, as famílias e as empresas se endividaram no mercado financeiro doméstico e no mercado financeiro internacional� “morte anunciada”

� deterioração dos indicadores macroeconômicos� tendência evidente

19

Risco crescente e eclosão da crise

� crise financeira global � reversão de expectativas

� “efeito manada”� todos os agentes se retraindo em

relação à Grécia

20

Cont...

� forte piora nos indicadores macroeconômicos no passado recente� BOP� Contas públicas � Poder de compra

21

PIB PPP % do PIB Alemanha, 2010

11,5

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Mal

taChi

pre

Luxe

mbu

rgo

Eslovê

nia

Eslová

quia

Irlan

daFinl

ândi

aPor

tuga

lÁus

tria

Gré

ciaBél

gica

Holan

daEsp

anha

Itália

Franç

aAle

man

ha

DESimportância relativa da Grécia: PIB

Não há uma crise do euro. Há crise localizada.

22

Contas públicas e conta corrente, média 2003-09 (% PIB)

y = 0,2444x - 1,8708R2 = 0,4777

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

Grécia

Portugal

CC-BOP

Malta

Eslováquia

23

Contas públicas: saldo % PIB, média 2003-09

-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

Grécia

Portug

a lMalt

aFra

nça

Itália

Eslováq

uiaChip

reAlem

anha

Áustria

Irland

aEsp

anha

Eslovê

niaBélg

icaHola

nda

Luxe

mburg

oFinlân

dia

24

Saldo contas públicas/PIB e PIB var % (2003-07)

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

-1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

Var. PIB

Contas públicas

Grécia

25

BOP: saldo de transações correntes, % PIB média 2003-2009

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

GréciaPortu

ga lChipre

EspanhaEslováquia

MaltaIrla

nd aEslovênia Itá

l iaFra nçaBélgicaÁustr ia

FinlândiaAlemanha

HolandaLuxemburgo

26

CC/PIB e PIB variação % (2003-07)

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

-15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0

Grécia

27

E agora?

� Como se livrar da dívida?

� Como fazer o ajuste

28

Aristófanes (c. 446-385 a. n. e.)

Estrepsíades (dirigindo-se a Sócrates)

Em verdade os credores se tornaram absolutamente insuportáveis. Importunam, perseguem. Uns miseráveis!

Tu podes me ensinar os argumentos que a gente pode usar para livrar-se de toda e qualquer dívida que temos,mas sem termos, é claro de pagá-la.

(As nuvens)

29

É, mas tem que pagar

� Acordo com FMI� Pacote europeu� Condicionalidades� Forte ajuste fiscal

30

Eurípides (c. 480 a.C. - 406 a.C.)

Ama

O infortúnio está no começo e de modo algum já chegou àmetade.

(Medéia)

31

Resta punir os responsáveis

� Quem são os responsáveis?

� punir os responsáveis pela tragédia atual vivida pela grande maioria dos 11 milhões de habitantes da Grécia.

32Ésquilo

33

Desafio: que as Eríneas persigam e punam..

� grupos dirigentes gregos� bancos gregos� bancos estrangeiros� grupos mais ricos da sociedade grega

focar o “pagamento da conta”

não se limitar ao “risco moral”

34

Síntese

1. endividamento generalizado2. próprios erros3. otimismo irresponsável4. pagamento da dívida5. ajuste fiscal (in)suficiente6. infortúnio mal começou

=> década perdida?

35

Obrigado!

reinaldogoncalves1@gmail.com

http://www.reinaldogoncalves.blogspot.com/

Recommended