CURSO DE DISLEXIA E Transtornos de Aprendizagem Intensivo

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CURSO DE DISLEXIA E Transtornos de Aprendizagem – Intensivo I – Julho – 2018

DISLEXIA DEFINIÇÃO, PRINCIPAIS SINTOMAS E CLASSIFICAÇÃO

Maria Inez Ocanã De Luca Psicóloga Especialização em Neuropsicologia Pós-Graduada em Aprendizagem – Foco em Saúde Mestre em Psicologia da Saúde Membro da Equipe Multidisciplinar da ABD desde 2002 Diretora de Cursos e Eventos na ABD Professora convidada em Cursos sobre Dislexia e Transtornos de Aprendizagem Membro da CEDA – Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem E-mail: inezdelucapsi@gmail.com

www.dislexia.org.br AssociacaoBrasileiradeDislexia

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Em 1878 – Adolph kussmaul – Word Blindness – cegueira para palavras Em 1887 – Rudolf Berlin – Cunhou o termo Dislexia Em 1896, Pringle Morgan e Hinshelwood utilizaram a expressão “cegueira

verbal” ao descrever as dificuldades de um paciente de 14 anos aparentemente incapaz para a leitura, porém com muita habilidade em matemática.

Em 1917 James Hinshelwood publicou um livro chamado “Cegueira Verbal

Congênita” que discorria sobre adultos com problemas de leitura e escrita, neste caso, em decorrência a lesões cerebrais.

Porém dificuldades semelhantes também eram encontradas em crianças sem lesões evidentes, o que levou este autor a sugerir que estes problemas poderiam ter uma origem orgânica com possível transmissão hereditária (IANHEZ; NICO, 2002).

Em 1925, um estudo nos Estados Unidos para se determinar quais eram os

motivos para o encaminhamento de crianças para o serviço de saúde mental, observou que dificuldades relacionadas à leitura, escrita e soletração estavam entre os mais freqüentes. Samuel T. Orton interessou-se por este resultado e realizou vários estudos com cérebros humanos post-mortem. Seus primeiros achados o levaram a atribuir o problema com a leitura a distúrbios de dominância cerebral (IANHEZ; NICO, 2002).

O INÍCIO

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1978 – Hier et. Al. 1980 – Ashkenazi 1981 – Haslam et. Al. 1990 – Larsen et. Al. 1990 – Hynd et. Al. 1985 – Galaburda et. Al.

Referências em pesquisas sobre dislexia

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Atualmente Silvia Ciasca Simone Capellini Fernando Capovilla Ricardo Lima Alessandra Seabra Eliseu Coutinho Cintia Salgado ABD

Galaburda Genevere Eden Jose Artigas-Palares Andrea Facoetti Angela Nicolson J. Stein Rafael Pereira IDA

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DEFINIÇÕES: Dislexia substantivo feminino MED PSICOLING 1. perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais. 2. dificuldade para compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central, apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler.

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A definição mais usada é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz: "Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar." 6

Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita. As dificuldades podem aparecer na leitura e na escrita, soletração e ortografia, fala e compreensão e em matemática. Problemas no processamento visual e auditivo podem aparecer, distinguindo os disléxicos como um grupo que apresenta dificuldade no processamento de linguagem. Isso significa que pessoas disléxicas têm dificuldade em traduzir a linguagem ouvida ou lida para o pensamento, ou o pensamento para a linguagem falada ou escrita. Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. As alterações comportamentais e emocionais são consequências do problema, pois a dislexia não é uma doença e sim um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem.

(Silva EAM. 1º Caderno de projetos de pesquisa em Psicopedagogia. São Paulo: Faculdades Integradas Campos Salles;2003.)

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DEFINIÇÃO 2003

Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica (genética e hereditária).

É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração.

Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades consideradas na faixa etária e persistem apesar da inteligência normal e oportunidade escolar.

• 2003 (Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere Eden, Jack

Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey and Thomas Viall) in The International Dyslexia Association (IDA) e ABD

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Definição Atual

Dislexia é um distúrbio específico de linguagem, de origem constitucional, com dificuldade na decodificação de palavras isoladas, por desordem de processamento da informação fonológica. É um problema de linguagem e não cognitivo. Percebe-se discrepância entre o nível de inteligência e o desempenho no aprendizado do código escrito.

2015 – International Dyslexia Association - IDA 9

DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica a Dislexia como: Um distúrbio de aprendizagem especifico (DEA), como sendo um tipo de desordem neurodesenvolvimental que compromete a capacidade para aprender habilidades acadêmicas específicas (de ler, de escrever ou de aritmética), que são a base de outras competências acadêmicas

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Os critérios de diagnóstico do DSM-V para as DEA: Características-chave da DEA (pelo menos um dos seis sintomas de dificuldades de aprendizagem têm de persistir por pelo menos seis meses, mesmo após intervenções extras ou instruções específica). 1- Imprecisa ou lenta leitura de palavra (dificuldade em falar a palavra, adivinhação de palavras); 2- Dificuldade de compreensão do que está sendo lido (lê o texto mas não entende a sequência da leitura, não entende os significados); 3-Dificuldade na soletração (pode somar, subtrair, omitir ou substituir vogais e consoantes); 4- Dificuldade na expressão escrita (parágrafo com pouca organização, expressa suas ideias com falta de clareza); 5- Dificuldade em dominar o sentido do número e de fazer cálculos (não entende os números, sua magnitudes, suas relações, conta nos dedos ou em voz alta, não consegue fazer contas de cabeça); 6-Dificuldade com raciocínio matemático (Tem grave dificuldade em aplicar conceitos matemáticos ou procedimentos para resolver problemas).

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CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) F 81.0 - Transtorno específico de leitura Nota: A característica essencial é um comprometimento específico e significativo do desenvolvimento das habilidades da leitura, não atribuível exclusivamente à idade mental, a transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas comprometidas. O transtorno específico da leitura se acompanha freqüentemente de dificuldades de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que apresentam um transtorno específico da leitura tem freqüentemente antecedentes de transtornos da fala ou de linguagem. O transtorno se acompanha comumente de transtorno emocional e de transtorno do comportamento durante a escolarização. Inclui: Dislexia de desenvolvimento Leitura especular Retardo específico da leitura Exclui: Alexia SOE (R48.0) Dificuldades de leitura secundárias a transtornos emocionais (F93.-) Dislexia SOE (R48.0)

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Alterações neurobiológicas e funcionais na dislexia

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• Alterações cromossômicas: 1, 2, 3, 6, 7, 17 e 18. (Poligênica e Multifatorial). (Markhan, 2002; Saviour e Ramachandra, 2006, Salles e Navas, 2017)

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• Lentificação do processamento auditivo. (Galaburda e Kemper, 1979; Stein e Walsh, 1997)

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• Ectopias (deslocação ou posição anômala de células), Microgírias (malformações) e Displasias (desorganização de neurônios). (Stein, 2001) (Galaburda e Kemper, 1979); (Humphreys e col., 1990 e Stein, 2001) (Fitch e col., 1994)

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• Simetria hemisférica. Menor grau de lateralização. É comum entre disléxicos a lateralidade mista ou cruzada. (Galaburda, 1983; Galaburda e col. 1987; Pennington e col., 2000)

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D E

• Quadros alérgicos. A testosterona está diretamente envolvida no crescimento do cérebro e o excesso ou a sensibilidade à este hormônio pode causar ectopias e ação negativa sobre o sistema imune.

(Bakker, 2008)

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• Incapacidade de isolar informações distrativas. Orientação e focalização da atenção prejudicadas.

(Facoetti e Turatto, 2000; Facoetti e col., 2003; Visser e col., 2004)

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• Dificuldade na

representação e evocação

dos sons.

(Ramus, 2001)

21

• Distribuição da atividade cerebral não habitual durante

a leitura (utilização de áreas cerebrais de forma diferente entre disléxicos e bons leitores).

(Bakker, 2008;

Eden e col., 1996;

Eden e Zeffiro, 1998;

Joseph e col., 2001;

Nicolson e Fawcett, 2008;

Pestun e col., 2002;

Sauer e col., 2006;

Turkeltaub e col., 2002)

22

• Falha ou demora na aquisição de habilidades (cognitivas e motoras).

(Nicolson e Fawcet, 2008)

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• Pobre domínio tátil.

(Saviour e Ramachandra, 2006)

24

• Déficit cerebelar.

(Nicolson e col., 2001)

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ASPECTOS VISUAIS

• Lentificação do

processamento visual.

(Galaburda e Kemper, 1979,

Stein e Walsh, 1997)

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• Menor ativação cerebral nas áreas visuais para processar alvos em movimento.

(Eden e col., 1996; Livingstone e col., 1991)

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• Déficits do movimento sacádico e instabilidade binocular.

Causando visão instável e sobreposição de imagens (letras que se mexem).

(Breitmeyer e Breier, 1994; Stein, 2001)

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• Déficits na percepção de contraste e cor. (Stein, 2001)

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• Déficit no Sistema Visual Magnocelular.

(Schulte-Korne e col., 2004; Solan e col., 2007;

Stein, 2001 e Wilmer e col., 2004)

• Células do Sistema Magnocelular do NGL 27% menores e menor quantidade destas células. (Galaburda e col., 1994)

O sistema magnocelular é importante para atenção visual, controle do movimento do olho, atenção visuo espacial e visão periférica.

Todos estes componentes são de extrema importância

para a eficácia da leitura.

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Exame de tractografia para levantar hipótese (mais eficiente em adultos porque a criança ainda está em formação estrutural)

Ressonância Magnética que avalia as conexões intra e inter hemisféricas.

Vê estrutura e deficit de feixes de neurônios.

Nos disléxicos fascículo arqueado esquerdo reduzido (que se liga à área de Broca)

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A habilidade da leitura envolve principalmente o chamado “Triângulo de Leitura” (Nadine Gaab, 2017):

- Giro frontal inferior

- Cortex Parieto Temporal

- Temporo Occiptal

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Fascículo Arqueado: os sulcos são mais superficiais nos disléxicos. Tamanho mais tênue e matéria branca menos densa. Menor Mielinização. Quanto menor volume mais dificuldade de fazer adição fonêmica. (Nadine Gaab, 2017)

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Não se deve procurar um único fator responsável por todas as manifestações do distúrbio, mas sim pequenas alterações de diferentes funções cognitivas que compõem o processamento das informações sob diferentes formas (auditiva, visual, tátil, motora, etc).

A condição multifatorial da dislexia está em acordo com as pesquisas de Ramus (2001); Hulslander e colaboradores (2004); Stuart e colaboradores (2001); Stein (1997); Nicolson e Fawcett (2008); Saviour e Ramachandra (2006), Laasonen e colaboradores (2001).

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Resumindo: Dislexia existe

É caracterizada por alterações Neurobiológicas e funcionais

É genética e hereditária

Traz consequências na aprendizagem como um todo e também na vida social e laboral.

Como a dislexia, segundo Artigas-Pallares (2009), pode se apresentar como um conjunto de dificuldades em competências de âmbitos distintos, sua melhor conceituação poderia envolver o conceito de uma desvantagem adaptativa ante uma exigência cultural particularmente dependente deste tipo de habilidade para a leitura e escrita.

A leitura não é uma função inata. Ela deve ser aprendida.

Até a idade média poucos eram alfabetizados.

Na metade do século XI a leitura chegou aos leigos.

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•Pensem comigo...

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Terra: planeta vivo...

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O futuro...

2013 42

Foram observadas diferenças em relação à estas dificuldades, considerando-se a língua na qual o disléxico foi alfabetizado.

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-Línguas com maior relação letra som, mais

transparentes (como o finlandês e o italiano)

existe uma maior facilidade para a

aprendizagem.

-Línguas logográficas (chinês e japonês) nos

disléxicos existem alterações nas áreas que

processam formas.

• Língua com baixa relação letra-som, ou seja menos transparentes, como o inglês, onde temos muitas palavras irregulares as dificuldades são maiores dificuldades. A língua inglesa é composta por 40 sons, mas estes sons podem ser pronunciados por 1.120 maneiras diferentes.

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INCIDÊNCIA Segundo a OMS cerca de 8% da população mundial é disléxica de ambos os sexos. Atualmente não se fala em diferenças quantitativas entre os gêneros. -questões hormonais -aborto -diferenças de funcionamento cerebral

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APRENDIZAGEM “Aprender é processar. É como o cérebro vai receber, usar, armazenar, manipular, associar, repassar e expressar a informação. É modulada por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (experiências e ambiente). Gera modificações funcionais e comportamentais”.

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SINAIS NA IDADE PRÉ-ESCOLAR

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DISLEXIA DE DESENVOLVIMENTO:

Ela é chamada assim porque a natureza das dificuldades vai se alterando a medida que a criança cresce.

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Sinais que indicam criança de risco na fase pré-escolar:

Histórico familiar

18 meses - pode ter dificuldades em estabelecer o controle motor para a marcha.

24 meses - com atraso da aquisição da fala (a aquisição pode ter sido lenta).

3 anos - podem persistir alguns problemas motores e notar-se alguma dificuldade em produzir certos sons, ou em ordená-los corretamente para pronunciar as palavras multissilábicas.

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6 anos - dificuldades em fazer a relação letra (grafema) e som (fonema). - dificuldades em lembrar-se das palavras e das rimas. - apresentam disnomias - não pintam dentro do contorno. - apresentam dificuldade para andar de bicicleta, amarrar cadarço, dançar, jogar futebol. - imaturidade - fraco desenvolvimento da atenção - pouco interesse por atividades de ler e escrever - começam a apresentar problemas de comportamento na escola.

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SINAIS NA FASE ESCOLAR

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NA LEITURA

Evita livros

Dificuldade na aquisição e automação da leitura e

escrita

Substituição e omissão de letras, sílabas e palavras

Falta de estratégia para ler palavras novas

Leitura lenta. Falta expressividade. Uso de muitas

pausas. Falta ritmo. Falta entonação. Entrecortada,

trabalhosa e não fluente.

Medo acentuado de ler em voz alta

Não percebe seus erros

Dificuldade na Interpretação do texto 55

NA ESCRITA

Dificuldade para copiar de livros ou lousa

Troca e omissão de letras, sílabas e palavras

Junção e aglutinação de palavras

Disgrafia

Disortografia

Coordenação motora fina ruim para desenhos e

recortes, porém muitas vezes apresentam boa

habilidade para desenho artístico. 56

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Em geral Lento e cansa-se rapidamente Dificuldade com as lições, que se tornam intermináveis Tarefas em sala de aula incompletas Necessita de um tempo maior para elaborar a resposta Dificuldades na percepção da passagem do tempo Dificuldade com esportes coletivos, coordenação motora ampla e fina São literais e têm dificuldades para compreender piadas, duplo sentido e mensagens subliminares. Preferem filmes dublados.

Dificuldade com a memória imediata:

Recados Instruções longas Nomes Datas Listas Nº de telefone

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Dificuldade em memorizar seqüências: tabuada, os dias da semana, os meses do ano e o alfabeto

Os disléxicos fazem roteiros diferentes para resolução de problemas Na matemática, por exemplo:

7 x 3 = 21 5 x 3 = 15 2 x 3 = 6 Total = 21

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-Apresentam disnomias: usam palavras para substituir as que não lembram, nomeiam por função ou por similaridade sonora. -Dificuldade para nomear lateralidade. Muitos apresentam lateralidade mista ou cruzada.

- Dificuldade para: manusear mapas, dicionários, lista telefônica e para ler horas em relógio de ponteiros

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NA MATEMÁTICA:

Dificuldade:

estruturar operações (necessitam do concreto)

compreensão do enunciado

desenho geométrico

discalculia

DIFICUDADE COM LÍNGUA ESTRANGEIRA

principalmente na escrita 61

DIFICULDADES ESPECÍFICAS

1. Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: f-v; t-d; p-b;

2. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; p-b; b-q; d-b; d-p; n-u; w-m; a-e;

3. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u etc.;

4. Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla;

5. Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferentes significados: soltou-salvou; era-ficava;

6. Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso por fama, casa por casaco; 62

7. Repetições de sílabas, palavras ou frases;

8. Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler;

9. Excessiva fixação do olho na linha;

10. Soletração defeituosa; reconhece letras isoladamente; porém, sem poder organizar a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto “palavra por palavra”;

11. Problemas de compreensão;

12. Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais;

13. Ilegibilidade da letra;

14. Em geral, as dificuldades do disléxico no reconhecimento das palavras obrigam-no a realizar uma leitura decifratória. Como dedica seu esforço à tarefa de decifrar o material, diminuem significativamente a velocidade e a compreensão necessárias para a leitura normal.

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CLASSIFICAÇÃO: -Visual - (deseidética)

Dislexia Diseidéticas, Visuo-Léxica, de Superfície, Morfêmica - com dificuldade na rota visual (criança lê por análise e síntese fonética, Lobo Occiptal). (Helena Border)

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-Auditiva – (disfonética)

-Dislexia Disfonética- Fonológica ou Profunda, com dificuldade nas habilidades Auditivas e fonológicas (dificuldades na leitura oral de palavras pouco familiares conversão fonema-grafema, LoboTemporal).

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Mista – Dislexia Alexicas ou Mistas- uma somatória das rotas auditivas e visuais (disfunção LoboTemporal, Occiptal e Frontal) é a mais difícil de se tratar.

Compreensão + rara 2%

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NÍVEIS: Sempre de acordo com as dificuldades específicas em leitura e escrita. -Leve -Moderada -Severa

Dislexias Periféricas- onde os distúrbios ocorrem na área visual. Dislexias Centrais- com déficit na rota fonológica ou lexical. Déficit na rota fonológica representa 67% dos quadros disléxicos.

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SINTOMAS REATIVOS

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Problemas de conduta e sentimentos:

Impulsividade

Agressividade

Incapacidade

Ser diferente

Retraimento

Palhaço da turma

Mentira

Sedutor

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PREJUÍZO AFETIVO

sacrifício freqüente da vida social para estudar sacrifício de aulas prazerosas para término de lições/reforço ou recuperaçao cobranças paternas (castigos ou recompensas ligados a escola) pressão social desmotivação desvalorização baixa auto-estima vítimas do bullying medo ansiedade /depressão 70

DISLEXIA EM ADULTOS

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Sintomas apresentados por adultos:

Dificuldades para ler: Leitura não necessariamente lenta, mas ainda com uma certa dificuldade em determinadas palavras

Muitas vezes com dificuldades em respeitar ponto e vírgula Podem perder a linha que estão lendo, necessitando de apoio, seguindo com o dedo, régua ou marca texto

Ainda pulam letras, palavras, invertem, omitem, aglutinam

Parecem ter problemas de visão, pois queixam-se que as letras se mexem

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Necessidade de ler e reler para ter compreensão Muitas vezes necessitam ler em voz alta para poder entender e gravar melhor Outras vezes ler em voz baixa para poder entender E com frequência preferem que outras pessoas leiam para eles.

Dificuldade com a escrita:

Por ter tido a vida toda letra feia, sua letra se transforma em cursiva, misturada com letra de forma

Podem ainda escrever errado e necessitar da ajuda usando o corretor ortográfico para seus textos e mensagens. Questões emocionais como ansiedade e depressão. Por vezes utilização de drogas podendo chegar à criminalidade.

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A longo prazo:

Menores índices de escolarização

Renda menor

Menor estabilidade no emprego

Sub emprego

Problemas de adaptação psicossocial.

(Parson & Bynner, 2005)

Apud Salles e Navas, 2017

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Quatro soldados de diferentes países (um americano, um japonês, um

espanhol e um português) encontravam-se presos em um campo de

concentração.

O sádico diretor do campo, disposto a divertir-se com esses

pobres soldados, resolveu promover um teste: todos deveriam contar

piadas.

Se as piadas fossem boas e todos da prisão rissem (incluindo o

diretor), suas vidas seriam poupadas. Caso contrário, a forca seria o

destino do comediante sem talento...

E chegou a vez do americano: contou uma piada engraçadíssima e

todos riram, menos o português.

O diretor, assistindo a impassividade do português, clamou:

"Matem esse americano sem graça!!"

E lá se foi o pobre gringo...

O próximo era o japonês: contou uma piada ainda mais

engraçada que ele tinha lido num Boletim da Humor Tadela.

Mais uma vez, todos riram, menos o português.

Perante o rosto sério do lusitano, o diretor ordenou: "Matem esse

japonês que não sabe contar piadas!"

E chegou a vez do espanhol. Assim que começou, o português caiu na

risada.

E passou a rir sem parar! O diretor, não entendendo o ocorrido,

perguntou ao português:

- Mas, homem, o espanhol mal começou a contar a piada... Do que está

rindo?

- Muito boa a piada do americano!

LEITURA DE UM DISLÉXICO ADULTO

75

É um diagnóstico de exclusão. O diagnóstico é feito por uma Equipe Multidisciplinar e Interdisciplinar. Estão envolvidos profissionais das áreas de: Neurologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, entre outros. Relatório escolar também é solicitado.

Diagnóstico

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COMORBIDADES

• TDAH

• Discalculia

• Disortografia

• Disgrafia

• Alterações do Processamento Auditivo e visual

• Traços de Ansiedade

• Traços de Depressão 77

Não é doença, portanto não há remédio Há acompanhamento ou intervenção: -Fonoaudiológica -Psicopedagógica -Psicoterápica, se for o caso -Psicomotricista -Terapia ocupacional - Medicamentoso somente se houver comorbidade

INTERVENÇÃO

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SONS

EDUCAÇÃO

PALAVRAS

SOLETRAÇÃO

LEITURA MATEMÁTICA

VIDA

CARREIRA

A dislexia pode afetar

COMPREENSÃO 79

80

PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DO DISLÉXICO ELABORADO PELA EQUIPE GLIA EDUCACIONAL E EM ACORDO COM OS DADOS ENCONTRADOS NAS AVALIAÇÕES REALIZADAS NA ABD

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Mas não são somente aspectos negativos Os disléxicos em geral também são: Criativos Inteligentes Artísticos Inovadores Desafiadores Encaram os desafios e problemas sob outros ângulos e propõem soluções diferentes 83

“O circuito básico para a conexão de

letras e sons está rompido no disléxico,

então eles desenvolvem outros sistemas

neurais e passam a depender deles não

apenas para a leitura mas também para a

solução de problemas. Talvez vejam as

coisas de maneira diferente, de forma

mais criativa, pensando de maneira

incomum”.

(J. Artigas-Palares)

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Jacques Dubochet – Prêmio Nobel de Quimica - 2017

Tata Werneck - Atriz

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http://www.ideafixa.com/uma-fonte-criada-para-dislexicos • Atenção: se o disléxicos for essencialmente visual, encontrará

dificuldade para ler com esta fonte também.

93

• BAKKER, D. O cérebro e a dislexia.

• BREITMEYER, B. G., BREIER, J. I. Effects of bachground color in reaction time to stimuli varying in size and contrast: Inference about human M channels.

• DE LUCA, M. I. O. Dislexia e Atenção. Dissertação de mestrado em psicologia da Saúde.

• EDEN, G. F. and col. Abnormal processing of visual motion in dyslexia revealed by functional brain imaging.

• EDEN, G. F., ZEFFIRO, T. A. Neural systems affected in developmental dyslexia revealed by functional neuroimaging.

• FACOETTI, A., TURATTO, M. Asymmetrical visual fields distribution of attention in dyslexic children: a neuropsychological study.

• FACOETTI, A. col. Auditory and visual automatic attention déficits in developmental dyslexia.

• FITCH, R. H. and col. Induced microgyria and auditory temporal processing in rats: A model for language impairment?

• HARI, R. and col. Prolonged attentional dwell time in dyslexic adults.

• HUMPHREYS, P. and col. Neuropathological findings in three patients.

• GALABURDA, A. M. Developmental dyslexia: Current anatomical research.

• GALABURDA, A. M. and col. Planum temporal asymmetry reappraisal since geschwind and levitsky.

• GALABURDA, A. M., KEMPER, T. Cytoarchitectonic abnormalities in developmental dyslexia: A case study.

• GALABURDA, A. M. and col. Evidence for aberrant auditory anatomy in developmental dyslexia.

• JOSEPH, J. and col. The neurobiological basis of reading.

• LIVINGSTONE, M. S. and col. Physiological and anatomical evidence for a magnocellular defect in developmental dyslexia.

REFERÊNCIAS

94

• MARKHAM, R. Developmental dyslexia.

• NICOLSON, R. I., FAWCETT, A. J. Dyslexia, Learning and the Brain.

• NICOLSON, R. I. and col. Dyslexia, development and the cerebellum.

• OZERNOV-PALCHIK et al, 2016 (com Nadine Gaab)

• PENNINGTON, B. F. and col. A twin MRI study of size variations in the human brain.

• PESTUN, M. S. V. and col. A importância da equipe multidisciplinar no diagnóstico da dislexia do desenvolvimento: Estudo de caso.

• RAMUS, F. Talk of two theories.

• SALLES, J. F.; NAVAS, A. L. Dislexias do Desenvolvimento e adquiridas. Pearson. 2017

• SAUER, L. and col. GUERREIRO, M. M. Processamento auditivo e SPECT em crianças com dislexia.

• SAVIOUR, P., RAMACHANDRA, N. B. Biological basis of dyslexia: A maturing perspective.

• SCHULTE-KORNE, G. and col. Motion-onset VEPs in dyslexia. Evidence for visual perceptual deficit.

• SOLAN, H. A. and col. Is there a comdmon linkage among reading comprehension, visual attention and magnocellular processing?

• STEIN, J., WALSH, V. To see but not to read; the magnocellular theory of dyslexia.

• STEIN, J. The magnocellular theory of developmental dyslexia.

• TURKELTAUB, P. E. and col. Meta-analysis of the functional neuroanatomy of single-word reading. Method and validation.

• VISSER, T. A. W. and col. Children with dyslexia: Evidence for visual attention deficits in perception of rapid sequences of objects.

• WAJNSZTEJN, A. C.; WAJNSZTEJN, R. Dificuldades Escolares: Um desafio Superável. Pampaideia. 2017

• WILMER, J. B. and col. Two visual motion processing deficits in developmental dyslexia associated with different reading skills deficits.

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Os que são loucos o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são os que o fazem. Steve Jobs (1955-2011)

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OBRIGADA Bom trabalho a todos!!!!!

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