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FACULDADE DE ENFERMAGEM E MEDICINA NOVA ESPERANÇA (FACENE) CAMPUS MOSSORÓ – RIO GRANDE DO NORTE
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
KATIANE HAYALLA RODRIGUES PINHEIRO
POTENCIAL ANTICÂNCER DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS) UTILIZADAS NO SUS: UMA
REVISÃO NARRATIVA
MOSSORÓ – RN
2020
KATIANE HAYALLA RODRIGUES PINHEIRO
2
POTENCIAL ANTICÂNCER DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS) UTILIZADAS NO SUS: UMA
REVISÃO NARRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Farmácia da Faculdade de Medicina e Enfermagem Nova Esperança (Facene).
Orientadora: Profa. Ma. Cândida Maria Soares de Mendonça.
MOSSORÓ – RN 2020
Faculdade Nova Esperança de Mossoró/RN – FACENE/RN. Catalogação da Publicação na Fonte. FACENE/RN – Biblioteca Sant’Ana.
P654p Pinheiro, Katiane Hayalla Rodrigues. Potencial anticâncer das Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde (PICS) utilizadas no SUS: uma revisão narrativa / Katiane Hayalla Rodrigues Pinheiro. – Mossoró, 2020.
38 f. : il.
Orientadora: Profa. Ma. Cândida Maria Soares de Mendonça.
Monografia (Graduação em Farmácia) – Faculdade Nova Esperança de Mossoró.
1. Terapias Complementares. 2. Câncer. 3. Fitoterapia. 4.
Homeopatia. I. Mendonça, Cândida Maria Soares de. II. Título.
CDU 614(81)
KATIANE HAYALLA RODRIGUES PINHEIRO
3
POTENCIAL ANTICÂNCER DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS) UTILIZADAS NO SUS: UMA
REVISÃO NARRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada pela discente Katiane Hayalla Rodrigues Pinheiro, do curso de Bacharelado em Farmácia, que obteve conceito conforme a apreciação da Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:
Aprovada em: de de .
BANCA EXAMINADORA
Profª. Ma.Cândida Maria Soares de Mendonça Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró
(Facene/RN) Orientadora
Profª. Dra. Luanne Eugênia Nunes Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró
(Facene/RN) Membro da Banca I
Prof. Dr. Rosueti Diógenes de Oliveira Filho Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró
(Facene/RN) Membro da Banca II
MOSSORÓ – RN 2020
EPÍGRAFE
4
“Cada doença pertence a um doente. Cada doente tem uma mente. Cada mente é um universo infinito”.
- Augusto Cury
LISTA DE FIGURAS
5
Figura 1 - Estimativas de câncer no mundo pela Cancer Research, 2019 ........................... 16
LISTA DE QUADROS
6
Quadro 1 - Plantas com maior número de registros junto a ANVISA. ................................. 28 Quadro 2 - Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), 2020. ................. 30 Quadro 3 - Benefícios das práticas integrativas e complementares nos pacientes oncológicos........................................................................................................................... 31
7
RESUMO
O câncer é um problema de saúde pública que está presente na vida de diversas pessoas e caracteriza-se pela proliferação desordenada de células que são capazes de se multiplicar de forma atípicas, causando problemas no local proliferado ou à distância. Diante da problemática causada pelo câncer, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) surgem para melhorar a qualidade de vida e reduzir efeitos adversos gerados pelos tratamentos invasivos. O objetivo deste estudo foi identificar se existem ou como são abordadas as terapias integrativas e complementares em saúde para os pacientes oncológicos. Como metodologia, realizou-se estudo de teor exploratório, de cunho descritivo, de natureza aplicada, em abordagem qualitativa, nos pressupostos de uma pesquisa de revisão narrativa. Foram utilizados descritores nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciElo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Google Acadêmico. Evidenciou-se que uma das PICS mais utilizadas na oncologia foi a fitoterapia. Esta se configura uma prática consolidada entre os brasileiros e tem uma participação importante no mercado devido, em parte, à tradição secular de saber. Além disso, notou-se que as terapias alternativas e complementares, em particular a fitorerapia, possui um baixo custo de aquisição o que torna uma fonte de tratamento de alcance social amplo. No que tange a utilização das PICS como um todo, verificou-se que seus benefícios recaem na redução das dores musculares e tensivas; aumento do sistema imunológico, reparação tecidual e capilar, redução da ansiedade, estresse, depressão, náuseas e vômitos. Promove ainda um bem-estar global, causando afinco nas relações sociais e trabalhistas, proporcionando uma melhor qualidade de vida, reduzindo medo, anseios, frustrações e insônia.
Palavras-Chave: Terapias Complementares. Câncer. Fitoterapia.
8
ABSTRACT
Cancer is a public health problem that is present in the lives of several people and is characterized by the disordered proliferation of cells that are capable of multiplying in atypical ways, causing problems in the proliferated or distant location. In view of the problem caused by cancer, Integrative and Complementary Health Practices (PICS) appear to improve the quality of life and reduce adverse effects generated by invasive treatments. The objective of this study was to identify whether integrative and complementary health therapies for cancer patients exist or are addressed. As a methodology, an exploratory study was carried out, of a descriptive nature, of an applied nature, using a qualitative approach, based on the assumptions of a narrative review research. Descriptors were used in the Scientific Electronic Library Online (SciElo), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) databases, Online Medical Literature Search and Analysis System (MEDLINE) and Google Scholar. It became evident that one of the most used PICS in oncology was phytotherapy. This is a consolidated practice among Brazilians and has an important market share due, in part, to the secular tradition of knowledge. In addition, it was noted that alternative and complementary therapies, in particular phytotherapy, have a low acquisition cost, which makes them a source of treatment with a broad social scope. Regarding the use of PICS as a whole, it was found that its benefits fall in the reduction of muscle and tension pains; increased immune system, tissue and capillary repair, reduced anxiety, stress, depression, nausea and vomiting. It also promotes global well-being, causing hardship in social and labor relations, providing a better quality of life, reducing fear, anxieties, frustrations and insomnia. Keywords: Complementary Therapies. Cancer. Phytotherapy.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................. 10 1.2 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................. 11 1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 12 1.4 HIPÓTESES .................................................................................................................. 12 2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13 2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 13 3 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14 3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DA NEOPLASIA ........................................................... 14 3.2 AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE ................. 16 3.2.1 Acupuntura ................................................................................................................. 17 3.2.2 Auriculoterapia .......................................................................................................... 17 3.2.3 Apiterapia .................................................................................................................... 18 3.2.4 Aromaterapia ............................................................................................................. 18 3.2.5 Arteterapia ................................................................................................................. 18 3.2.6 Biodança ..................................................................................................................... 18 3.2.7 Cromoterapia ............................................................................................................. 19 3.2.8 Dança Circular ........................................................................................................... 19 3.2.9 Geoterapia .................................................................................................................. 19 3.2.10 Hipnoterapia ............................................................................................................. 19 3.2.11 Homeopatia ............................................................................................................... 20 3.2.12 Meditação ................................................................................................................. 20 3.2.13 Musicoterapia ........................................................................................................... 20 3.2.14 Fitoterapia ................................................................................................................ 21 3.2.15 Quiropraxia .............................................................................................................. 21 3.2.16 Reflexoterapia .......................................................................................................... 21 3.2.17 Reiki .......................................................................................................................... 21 3.2.18 Yoga ........................................................................................................................... 22 4 PERCURSO METODOLOGICO .................................................................................. 23 4.1 TIPO DE PESQUISA .................................................................................................... 23 4.2 LOCAL DE PESQUISA ................................................................................................ 24 4.3 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS................................. 24 4.4 ANÁLISES DOS DADOS ............................................................................................ 25 4.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS .................................................................................. 25 4.6 DESFECHOS ................................................................................................................ 25 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 26 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 32 7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 34
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A palavra câncer inclui muitas designações de doenças caracterizadas pelo
desenvolvimento de células que perderam sua capacidade de crescimento normal e, assim,
sofreram multiplicação e proliferam desordenadas, no local ou à distância (MATOSO;
ROSÁRIO, 2014).
Na ótica dos autores supracitados (MATOSO; ROSÁRIO, 2014), os tratamentos
utilizados para o combate das neoplasias são cirurgia, radioterapia, terapia hormonal,
imunoterapia e quimioterapia, podendo ser utilizado isoladamente ou em combinação. No
entanto, a partir do momento em que a pessoa tem o diagnóstico de câncer e passa a realizar
tratamento, muitos sentimentos negativos são associados a esta experiência.
O câncer é uma doença estigmatizada, na qual os significados atribuídos a este
acometimento estão relacionados a vivências negativas. Alguns autores consideram “que seu
estigma esteja além do ser temido pela representação social de morte, sofrimento, etc.”,
denominando o câncer como doença transformadora, sendo que estas mudanças nem sempre
são perpassadas por momentos felizes (SALIK, 2013).
Neste contexto, as Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS), por
incorporarem práticas humanizadas em sua aplicação, são utilizadas conjuntamente com o
tratamento alopático, sendo em muitos casos prescritas pelos profissionais da saúde, como se
observa em estudos com pessoas que fazem uso de terapias complementares/espirituais
(AURELIANO, 2013).
Sob este olhar, as PICS adquirem forte significado cultural e psicológico ao paciente
oncológico, talvez por se constituírem em alternativa de cura a uma patologia associada ao
sofrimento e morte. De encontro aos sentimentos e vivências negativas relacionadas ao
diagnóstico do câncer, as PICS têm potencial para propiciar“senso de autocontrole e conforto
psicológico”, conforme evidenciou um estudo realizado com mulheres acometidas por câncer
de colo de útero (MELO et al., 2012).
É necessário evidenciar que há também, no contexto da oncologia, a utilização de
práticas terapêuticas não farmacológicas que comprovadamente resultam em melhoras dos
sinais e sintomas decorrentes da doença e tratamento, como o uso de terapia comportamental
para o alívio da dor. Diante do reconhecimento dos pontos nevrálgicos da medicina alopática
e considerando que grande parte da população faz uso das PICS como forma de tratamento,
11
a Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da década de 1980, vem estimulando o
uso desta prática, incentivando a integração da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e outras
práticas terapêuticas holísticas aos sistemas nacionais de saúde (CRUZ; SAMPAIO, 2016).
Em consonância com essas recomendações, a partir de 2006, o Brasil passou a
integrar o conjunto de países que possuem políticas nacionais de MTC e Holismo, com a
aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único
de Saúde (PNPICS-SUS) (BRASIL, 2006). Dentre as terapias contempladas nesta política
estão a medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, termalismo
social/crenoterapia, plantas medicinais, fitoterapia, dentre outras (BRASIL, 2006).
Com base nestas práticas supracitadas, no campo da oncologia segundo Pinho, Abreu
e Nogueira (2016) as práticas integrativas mais utilizadas foram acupuntura, fitoterapia,
homeopatia, crenoterapia (uso da água mineral para tratamento de saúde) e práticas da
medicina tradicional chinesa – corporais (tai chi chuan, lian gong, tui-na) e mentais, como a
meditação.
Diante do enfoque integral que o paciente oncológico anseia em sua terapêutica,
compreende-se a utilização das PICS como um recurso positivo, pois a literatura aponta que
há significativa melhora na qualidade de vida e diminuição de situações inerentes ao câncer,
como dor e estresse causado pela doença e tratamento (BRASIL, 2012).
Tais recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de
prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras,
com ênfase no desenvolvimento do vínculo terapêutico, escuta acolhedora e integração do
ser humano com o ambiente e a sociedade (RODRIGUES; PEZUK, 2019).
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO
Frente a esse contexto, emergiu a necessidade de desenvolver este estudo cuja
finalidade foi identificar quais as terapias integrativas e complementares utilizadas por
pacientes com câncer. Sendo assim, adotou-se como questão norteadora a seguinte
indagação: as PICS possuem uma boa resposta terapêutica em pacientes com câncer? Quais
as práticas mais utilizadas e quais possuem melhor validação científica na ótica da literatura?
Face ao exposto, algumas iniciativas científicas estruturadas em diversos referenciais
teórico-filosóficos têm procurado alternativas para prevenir ou amenizar os efeitos inerentes
ao processo de descoberta e tratamento do câncer, como estresse, ansiedade, dores
musculares, ósseas e gástricas, perda de cabelos, aftas, azia, queimação, fraqueza muscular,
12
dentre outros sinais e sintomas.
Sendo assim, este estudo teve como objetivo buscar aporte nas PICS que visa reduzir
práticas alopáticas e implementar, no âmbito do cuidado, terapêuticas holísticas. Brasil
(2015) aponta que as PIC’s são constituídas atualmente de terapêuticas como acupuntura,
auriculoterapia, apiterapia, aromaterapia, arteterapia, biodança, cromoterapia, dança circular,
geoterapia, hipnoterapia, homeopatia, meditação, musicoterapia, fitoterapia, quiropraxia,
reflexoterapia, reiki e yoga.
1.3 JUSTIFICATIVA
Este estudo justifica-se pela relevância social e profissional que a temática consegue
transcorrer por compreender a crescente preocupação em torno dos efeitos promovidos pela
descoberta e tratamento do câncer. Além disso, busca-se ainda a necessidade de evidências
científicas que demonstrem formas de tratamento e enfrentamento dos efeitos desta patologia
utilizando as PICS.
Dessa maneira, justifica-se também pelo interesse pessoal que surgiu da observância
do dia-a-dia profissional, vivência e da necessidade de apurar novos conhecimento no campo
farmacêutico, ou seja, pretendeu-se, neste estudo, concatenar os referencias acerca das
práticas integrativas e complementares usadas no tratamento oncológico, verificando quais
já possuem embasamento científico e validam o seu uso dentro da profissão farmacêutica.
1.4 HIPÓTESES
H0 - Não há Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) que auxiliam
para o tratamento do câncer.
H1 - Há Práticas Integrativas e Complementares em Saúde que auxiliam para o
tratamento do câncer (PICS).
Com base nestas hipóteses, aponta-se que esta pesquisa buscou concatenar estudos
que pudessem alcançar, responder e validar o H1, ou seja, acredita-se que as PICS podem
auxiliar no tratamento oncológico.
13
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar quais são as práticas integrativas e complementares utilizadas por pacientes
com câncer em processo terapêutico.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Apreender se as PICS possuem uma boa resposta terapêutica em pacientes
oncológicos;
- Conhecer as práticas mais utilizadas no tratamento oncológico;
- Verificar as evidências científicas das PICS mais significativas no tratamento
oncológico;
- Propor sugestões para a prática farmacêutica diante das PICS no manejo do paciente
oncológico.
14
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DA NEOPLASIA
A população brasileira experimenta modificações significativas no seu perfil
demográfico. A queda da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, decorrente
da melhora de condições sanitárias, fizeram com que houvesse um progressivo aumento na
população de idosos. Esta mudança trouxe aumento na incidência de doenças crônico-
degenerativas, dentre elas o câncer nas suas diferentes manifestações (SILVA et al., 2013).
Conceitualmente, o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que
têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos em suas
várias localizações (VICENZI et al., 2013). Ao dividir-se rapidamente, estas células tendem a
ser muito agressivas e incontroláveis, desta maneira formam-se tumores pelo acúmulo de
células cancerosas (BRASIL, 2011).
Neste sentido, o câncer é definido como uma doença que ocorre como consequência da
alteração do material genético de uma célula que, ao gerar clones, transforma-se em um
conjunto de células atípicas e sem funcionalidade para o organismo. Apesar disso, o câncer
possui metabolismo ativo (SOUSA, 2004). É importante dizer que o termo neoplasia maligna
também é empregado para descrever esse processo, que pode surgir em qualquer tecido ou
órgão.
Segundo o Ministério da Saúde (2011), a etiologia do câncer é multifatorial e resulta da
interação de vários fatores de risco, que favorecem em maior ou menor extensão a probabilidade
do indivíduo de ter a doença. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos
ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das
vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender
das agressões externas, a divisão das células cancerosas ocorre de forma rápida, tende a ser
agressiva e incontrolável, o que resulta em aglomerações tumorais ou neoplasias malignas.
No Brasil, a incidência do câncer torna-se cada vez maior, ao ponto de ocupar o segundo
lugar nas causas de morte por doença. Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM), o câncer é reconhecido como um problema de saúde pública (BRASIL, 2010).
Em 2019, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) evidenciou mudanças estatísticas
acerca da incidência e prevalência do câncer no Brasil, a saber:
Câncer de próstata: tipo de câncer mais frequente entre homens, excetuando o câncer
de pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram 68.220 novos casos.
15
Câncer de mama e de colo de útero: é o tipo mais prevalente entre mulheres,
excetuando o câncer de pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram 59.700 novos casos. O
Câncer de colo de útero é o terceiro mais recorrente entre as mulheres, com 16.370 novos
casos, no mesmo ano.
Câncer de pulmão: junto com os tumores na traqueia e brônquio, o câncer de pulmão
é o segundo mais prevalente entre homens e o quarto, entre mulheres, excetuando o câncer de
pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram 18.740 novos de casos desses tumores entre
homens e 12.530, entre mulheres.
Câncer colorretal: terceiro tipo de câncer mais frequente entre homens e entre
mulheres, excetuando o câncer de pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram 17.380 novos
casos entre homens e 18.980, entre mulheres. A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva
(SOBED) orienta que o exame de colonoscopia seja realizado regularmente, por pessoas com
50 anos ou mais, para prevenir esse tipo de tumor.
Câncer gástrico/de estômago: quarto tipo de câncer mais frequente entre homens e
sexto, entre mulheres, excetuando o câncer de pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram
13.540 novos casos entre homens e 7.750, entre mulheres. A Federação Brasileira de
Gastroenterologia (FBG) alerta que esse tipo de tumor está relacionado à prevalência da
bactéria H. pylori, especialmente, em localidades sem saneamento básico.
Cânceres no sangue: são diversos os tipos de câncer no sangue, entre eles, o linfoma e
a leucemia. Os dois primeiros estavam entre os mais incidentes no Brasil, em 2019. Juntos, os
linfomas acometeram 12.710 pessoas, entre homens e mulheres. Enquanto as leucemias
atingiram 10.800 pessoas.
Câncer de tireoide: quinto tipo de câncer mais frequente entre mulheres, excetuando o
câncer de pele não melanoma, no Brasil. Em 2019, foram 8.040 novos casos nessa população.
Câncer infantil: apesar de pouco frequentes em relação aos cânceres em adultos, os
cânceres entre crianças e jovens afetam, anualmente, cerca de 12.500 pessoas, entre zero a 19
anos, no Brasil. Os principais tipos de tumores nessa população são os linfomas, leucemias e
do sistema nervoso central.
Câncer entre idosos: aproximadamente 60% dos cânceres acometem pessoas com 60
anos ou mais. Além disso, cerca de 70% das mortes por câncer acontecem com idosos.
Cânceres como o de próstata nos homens, de mama nas mulheres, e de pulmão, devido à maior
exposição ao tabaco com o decorrer da idade, são mais comuns nessa fase da vida.
No que tange ao mundo, estatísticas da Cancer Research (2019) apontam para
prevalência do câncer de pulmão, seguido de mama e intestino. A Figura 1 revela este achado.
16
FIGURA 1 - ESTIMATIVAS DE CÂNCER NO MUNDO PELA CANCER RESEARCH, 2019
Fonte: Cancer Research, 2019
Com base no explicitado, advoga-se sobre a real urgência de trabalhar essa temática.
Primeiro, pelo alto nível de incidência apresentado e segundo, pela necessidade de minimizar
abordagens medicamentosas, tecnicistas e hospitalocêntricas que muitas das vezes trazem uma
série de efeitos colaterais nos pacientes; passando a dar espaço para técnicas holísticas, terapias
integrativas e complementares.
3.2 AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE
Frente ao contexto das neoplasias, emerge a necessidade de desenvolver estratégias de
enfrentamento com a finalidade de proporcionar melhoria na qualidade de vida de indivíduos
em situação oncológica. Diante disso, surge no campo científico, de modo ainda embrionário,
discussões acerca de práticas e ações de cunho holístico que objetivam reduzir os efeitos
quimioterápicos/radiológicos/transfusionais do tratamento oncológico, ou seja, medidas de
promoção e prevenção direcionadas para saúde que saiam do modelo biomédico, tecnocrático
e hospitalocêntrico. Essas medidas são chamadas de Práticas Integrativas e Complementares
em Saúde (PICS).
As PICS denominadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medicinas
tradicionais e complementares, foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por
meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC- SUS)
em 2006 (BRASIL, 2006).
A PNPIC contempla diretrizes e responsabilidades institucionais que vem
17
proporcionando melhora na qualidade de vida de indivíduos acometidos por diversas doenças,
dentre elas o câncer, através de terapias com destaque para acupuntura, auriculoterapia,
apiterapia, aromaterapia, arteterapia, biodança, cromoterapia, dança circular, geoterapia,
hipnoterapia, homeopatia, meditação, musicoterapia, fitoterapia, quiropraxia, reflexoterapia,
reike e yoga (BRASIL, 2018).
Face ao exposto, explicita-se que ademais, algumas PICS serão discutidas de forma
sucinta, uma vez que se faz necessário conhecer as abordagens terapêuticas holísticas para
incorporá-las na prática clínica-assistencial, se assim forem necessárias. Salienta-se que quando
se discorre sobre holismo, esta é uma abordagem que atua com finalidade de tratar as múltiplas
dimensões que compõem os indivíduos e o seu contexto (BRASIL, 2006).
3.2.1 Acupuntura
Segundo Brasil (2015), a acupuntura é uma técnica interventiva que utiliza abordagens
holísticas-terapêuticas da medicina tradicional chinesa. Esta técnica estimula alguns pontos
espalhados por todo o corpo por meio da inserção de finas agulhas metálicas, visando a
promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como a prevenção de agravos e doenças
psicossomáticas.
3.2.2 Auriculoterapia
Pesquisas discorrem que a auriculoterapia é uma técnica terapêutica que promove a
regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos na orelha. Acredita-se que a
orelha concentra pontos energéticos que são capazes de beneficiar a saúde humana quando
estimulados. Assim como a acupuntura, esta técnica é de origem chinesa e utiliza agulhas,
esferas de aço, ouro, prata, plástico, ou sementes de mostarda, previamente preparadas para
promoção e prevenção da saúde (BRASIL, 2018).
3.2.3 Apiterapia
Para Brasil (2018) a apiterapia é uma abordagem terapêutica utilizada desde a
antiguidade. Textos escritos por Hipócrates descrevem a utilização da apiterapia na China e
Egito. Esta abordagem consiste em usar produtos derivados de abelhas, como apitoxinas, mel,
pólen, geleia real e própolis para promoção da saúde e fins terapêuticos.
18
3.2.4 Aromaterapia
Rose (1995) pontifica que a aromaterapia são práticas terapêuticas seculares que utiliza
as propriedades físico-químicas dos óleos e concentrados voláteis extraídos de vegetais, para
recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando à promoção da saúde física e mental,
bem como, o bem-estar e à higiene. O Ministério da Saúde aponta que esta PIC pode ser usada
de forma individual ou coletivo. É originária dos países orientais e pode ser associada a outras
práticas terapêuticas, como terapia de florais e cromoterapia (terapia com cores) (BRASIL,
2018).
3.2.5 Arteterapia
Assim como as outras terapias supracitadas, a arteterapia tem raízes chinesas e
antecedentes milenares. É uma prática expressivamente artística e visual, que visa relaxamento
e focalização da atenção ao resgatar no consciente e inconsciente do indivíduo simbologias e
experiências que favoreçam a saúde física e mental (BRASIL, 2018).
Marques (2013) disserta que a arteterapia é livre e potencializa a conexão do indivíduo com o
mundo. Utiliza instrumentos como pintura, colagem, modelagem, poesia, dança, fotografia,
tecelagem, expressão corporal, teatro, sons, músicas ou criação de personagens, usando a arte
como uma forma de comunicação entre profissional e paciente, em processo terapêutico
individual ou em grupo, numa produção artística a favor da saúde.
3.2.6 Biodança
A biodança se configura como técnicas expressivas e corporais que promove, por meio
da música, do canto, da dança e de atividades grupais, vivências integradoras que restabelece o
equilíbrio afetivo e a renovação orgânica. Utiliza exercícios e músicas organizados que trabalha
a coordenação e o equilíbrio físico e emocional por meio dos movimentos da dança, a fim de
induzir experiências de integração, aumentar a resistência ao estresse, promover a renovação
orgânica e melhorar a comunicação (BRASIL, 2018).
3.2.7 Cromoterapia
Brasil (2015) defende que a cromoterapia são práticas terapêuticas que utilizam as cores
19
do espectro solar (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta) para restaurar o
equilíbrio físico e energético do corpo.
3.2.8 Dança Circular
Prática expressiva corporal, ancestral e profunda, geralmente realizada em grupos, que
utiliza a dança de roda – tradicional e contemporânea –, o canto e o ritmo para favorecer a
aprendizagem e a interconexão harmoniosa e promover a integração humana, o auxílio mútuo
e a igualdade visando o bem-estar físico, mental, emocional e social (BRASIL, 2015).
3.2.9 Geoterapia
Brasil (2015) explicita que a geoterapia consiste na utilização de argila, barro e lamas
medicinais, assim como pedras e cristais (frutos da terra), com objetivo de amenizar e cuidar
de desequilíbrios físicos e emocionais por meio dos diferentes tipos de energia e propriedades
químicas desses elementos. Esta terapia facilita o contato com o Eu Interior e trabalha
terapeuticamente as zonas reflexológicas, amenizando e cuidando de desequilíbrios físicos e
emocionais.
3.2.10 Hipnoterapia
Conjunto de técnicas que, por meio de intenso relaxamento, concentração e/ou foco,
induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permita alterar uma ampla
gama de condições ou comportamentos indesejados, como medos, fobias, insônia, depressão,
angústia, estresse, dores crônicas (BRASIL 2015; BRASIL 2018).
3.2.11 Homeopatia
Homeopatia é uma abordagem terapêutica de caráter holístico e vitalista que vê a pessoa
como um todo, não em partes, e cujo método terapêutico envolve três princípios fundamentais:
a Lei dos Semelhantes; a experimentação no homem sadio; e o uso da ultra diluição de
medicamentos. Envolve tratamentos com base em sintomas específicos de cada indivíduo e
utiliza substâncias altamente diluídas que buscam desencadear o sistema de cura natural do
corpo (BRASIL, 2015).
20
3.2.12 Meditação
Prática mental individual milenar, descrita por diferentes culturas tradicionais, que
consiste em treinar a focalização da atenção de modo não analítico ou discriminativo, a
diminuição do pensamento repetitivo e a reorientação cognitiva, promovendo alterações
favoráveis no humor e melhora no desempenho cognitivo, além de proporcionar maior
integração entre mente, corpo e mundo exterior (BRASIL, 2006). A meditação amplia a
capacidade de observação, atenção, concentração e a regulação do corpo-mente-emoções;
desenvolve habilidades para lidar com os pensamentos e observar os conteúdos que emergem
à consciência; facilita o processo de autoconhecimento, autocuidado e autotransformação; e
aprimora as interrelações – pessoal, social, ambiental – incorporando a promoção da saúde à
sua eficiência (BRASIL, 2015).
3.2.13 Musicoterapia
Prática integrativa conduzida em grupo ou de forma individualizada, que utiliza a
música e/ou seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – num processo facilitador e
promotor da comunicação, da relação, da aprendizagem, da mobilização, da expressão, da
organização, entre outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de atender necessidades
físicas, emocionais, mentais, espirituais, sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo
(BRUSCIA, 2016).
3.2.14 Fitoterapia
A fitoterapia é um tratamento terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais
em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda
que de origem vegetal. A fitoterapia é uma terapia integrativa que vem crescendo notadamente
neste começo do século XXI, voltada para a promoção, proteção e recuperação da saúde
(BRASIL, 2006).
3.2.15 Quiropraxia
Prática terapêutica que atua no diagnóstico, tratamento e prevenção das disfunções
mecânicas do sistema neuromusculoesquelético e seus efeitos na função normal do sistema
21
nervoso e na saúde geral. Visa a correção de problemas posturais, o alívio da dor e favorece a
capacidade natural do organismo de auto cura (BRASIL, 2015).
3.2.16 Reflexoterapia
A reflexoterapia atua estimulando áreas dos pés, mãos e orelhas, são consideradas
microssistemas e pontos reflexos que servem para auxiliar na eliminação de toxinas, na dor e
no relaxamento. Parte do princípio que o corpo se encontra atravessado por meridianos que o
dividem em diferentes regiões, as quais têm o seu reflexo, principalmente nos pés ou nas mãos,
e permitem, quando massageados, a reativação da homeostase e do equilíbrio nas regiões com
algum tipo de bloqueio (BRASIL, 2015).
3.2.17 Reiki
Prática terapêutica secular que implica um esforço meditativo para a transferência de
energia vital (Qi, prana) por meio das mãos com intuito de reestabelecer o equilíbrio do campo
energético humano, auxiliando no processo saúde-doença (BRASIL, 2015). Além disso, busca
fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas,
equilibrando o pleno funcionamento celular, e restabelecendo o fluxo de energia vital (BRASIL,
2018).
3.2.18 Yoga
Prática corporal e mental de origem oriental utilizada como técnica para controlar corpo
e mente, associada à meditação. Entre os principais benefícios obtidos por meio da prática do
yoga estão a redução do estresse, a regulação do sistema nervoso e respiratório, o equilíbrio do
sono, o aumento da vitalidade psicofísica, o equilíbrio da produção hormonal, o fortalecimento
do sistema imunológico, o aumento da capacidade de concentração e de criatividade e a
promoção da reeducação mental com consequente melhoria dos quadros de humor, o que
reverbera na qualidade de vida dos praticantes (BRASIL, 2018).
22
4 PERCURSO METODOLÓGICO
4.1 TIPO DE PESQUISA
A composição metodológica deste trabalho foi por meio de um estudo de teor
exploratório, de cunho descritivo, de natureza aplicada, em abordagem qualitativa, nos
pressupostos de uma pesquisa de revisão narrativa.
Quando se fala em pesquisa de natureza exploratória, significa dizer que ela é
caracterizada por visar o conhecimento de um determinado problema, compreendendo ou
levantando hipóteses, com a finalidade de aprimorar ou descobrir ideias para solucioná-las. Já
a pesquisa de teor descritivo, compreende que vai adiante de uma simples identificação da
existência da ligação entre variáveis de um dado fenômeno, considerando designar a natureza
deste fenômeno, portanto, descrevê-lo de forma criteriosa e apurada. Além disso, a natureza
aplicada do estudo recai na perspectiva que ele tem em gerar conhecimentos para aplicação
prática, dirigidos à solução de problemas específicos em uma dada localização e com base em
um determinado fenômeno que foi avaliado e estudado criteriosamente (VERGARA, 2016).
Segundo Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa qualitativa atua como um espaço de
interpretações, causas, interesses, crenças, princípios e comportamentos, o que equivale a um
ambiente mais intenso das relações, ações e fatos que não devem ser diminuídos a
operacionalização de variáveis.
Na ótica de Richardson (2016) a pesquisa de revisão narrativa caracteriza-se por utilizar
material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos e no qual permite
aos investigados a cobertura de um gama de fenômenos muito mais amplos. Desta forma, a
pesquisa bibliográfica busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do
passado existente sobre um assunto, tema ou problema, permitindo uma íntima relação com o
tema de interesse.
Richardson (2016) revela ainda que como em qualquer outra modalidade de pesquisa, a
bibliográfica também se desenvolve ao longo de uma série de etapas, tais como: identificação
e obtenção das fontes, leitura do material selecionado, fichamento e análise das fontes.
4.2 LOCAL DE PESQUISA
Para alcançar os objetivos propostos foi utilizado a base de dados da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS), sem limite de tempo, com abordagem na temática em questão.
23
A BVS é uma coleção descentralizada e dinâmica de fontes de informação que tem como
objetivo o acesso equitativo ao conhecimento científico em saúde. Esta coleção opera como
rede de produtos e serviços na Internet, de modo que satisfaça progressivamente as necessidades
de informação em saúde de autoridades, administradores, pesquisadores, professores,
estudantes, profissionais, dos meios de comunicação e do público em geral. Distingue-se do
conjunto de fontes de informação disponíveis na Internet por obedecer a critérios de seleção e
controle de qualidade.
Sendo assim, os indexadores utilizados para extração dos artigos para compor essa
revisão narrativa foram, a saber: Scientific Electronic Library Online (SciELO); Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e
Análise de Literatura Médica (MEDLINE), e um buscador acadêmico (Google Acadêmico).
A busca do material foi realizada com o auxílio dos descritores controlados identificados
nos Descritores de Ciências da Saúde (DEcS) (vide http://decs.bvs.br/). Os descritores foram, a
saber: (1) Terapias Complementares; (2) Neoplasia; (3) Medicina Tradicional Chinesa; (4)
Fitoterapia; (5) Homeopatia; (6) Medicina Holística.
Destaca-se que para subsidiar na busca, foi utilizado operadores booleanos AND e OR
durante o cruzamento dos descritores, por exemplo, “Terapias Complementares” AND
“Neoplasia”; “Terapias Complementares” AND “Medicina Tradicional Chinesa” e assim
sucessivamente. Denota-se ainda que foi verificado um déficit no que se refere as DEcS
concernentes as PICS, por exemplo, inexiste DEcS de biodança, geoterapia, arteterapia,
aromaterapia, dentre outros.
4.3 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Após a identificação dos artigos nas bases de indexação da BVS, foi realizada a
seleção dos estudos de acordo com a questão norteadora e os critérios de inclusão
previamente definidos, a saber: textos completos; publicados sem limite de tempo; artigos no
idioma português que abordassem a temática em questão. Como critérios de exclusão optou-
se pelos resumos, editoriais, cartas ao editor, os artigos repetidos e aqueles que não
respondiam à questão norteadora que compôs esse estudo.
Todos os estudos foram identificados por meio dessa estratégia de busca, a priori
foram avaliados por meio da análise dos títulos e resumos. Ademais, defende-se que a análise
deste trabalho foi realizada por meio do fichamento e resumos da revisão bibliográfica onde
logo após foi feito uma interpretação e análise.
http://decs.bvs.br/)
24
4.4 ANÁLISES DOS DADOS
As interpretações das informações foram orientadas pela análise de conteúdo
temático, descrita em Minayo (2014), na qual revela que esse é o tipo de análise mais
adequado á interpretação de materiais sobre a saúde. Ela consiste em descobrir os núcleos de
sentidos, conduzindo a abordagem de frequência nas unidades de significação, as quais
definem o caráter do discurso. Sendo assim, neste estudo foram utilizadas três etapas básicas:
pré-análise, exploração do material e tratamentos dos dados com interpretação.
4.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS
É necessário esclarecer que os aspectos éticos no que concerne à autenticidade das
ideias, conceitos e definições dos autores trabalhados serão mantidos mediante Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Desse modo, procurou-se reduzir vieses do estudo,
dando-lhe maior fidedignidade ás informações coletadas e resguardando os preceitos éticos-
legais.
4.6 DESFECHOS
No que se refere ao desfecho primário, acredita-se que a pesquisa teve por finalidade
uma análise do uso das práticas integrativas e complementares a qual o estudo servirá de
incentivo para a utilização do tratamento paliativo e curativo.
Com relação ao desfecho secundário, pontifica-se que ao término e defesa deste
trabalho, o material será transformado em artigo científico e encaminhaos para análise em
revistas científicas de referência na área de ciências da saúde, bem como será publicada, com
créditos aos pesquisadores envolvidos no projeto, na Faculdade Nova Esperança de Mossoró
(FACENE/RN) no e-book da própria instituição de ensino.
25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Adotando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos previamente nos aspectos
metodológicos foi possível incluir no corpus de estudo desta pesquisa, 17 artigos que
trabalham a temática aqui discutida. Dentre os artigos selecionados, o período de publicação
variou entre os anos de 1995 a 2018 onde o qualis dos artigos publicados foram: 4 (A1), 1
(A2), 3 (B1), 5 (B2), 4 (B3). Verificou-se que todos os estudos possuem objetivos claros
possibilitando um fácil entendimento ao leitor.
Salienta-se que todos os artigos foram desenvolvidos utilizando dados primários
provenientes de pesquisa de campo e laboratorial, com abordagem predominantemente
quantitativa. Dentre os artigos trabalhados, sete foram feitos por farmacêuticos, quatro por
bioquímicos, três por acupunturistas e três por enfermeiros. Dos 17 estudos selecionados
treze foram realizados no setor privado, todavia, os demais estudos foram desenvolvidos no
setor público.
Os resultados dos artigos revelaram que as atividades terapêuticas incluídas nas PICS
e que podem ser desenvolvidas pelo profissional farmacêutico caso este possua
capacitação/treinamentos são, a saber: acupuntura, fitoterapia, homeopatia, crenoterapia (uso
da água mineral para tratamento de saúde) e práticas da medicina tradicional chinesa –
corporais (tai chi chuan, lian gong, tui-na) e mentais, como a meditação. Observou-se que
na Europa, particularmente Alemanha, França e Holanda, é onde a medicina integrativa está
mais avançada no Ocidente, especialmente na área de fitoterapia e homeopatia. Os EUA
também têm evoluído, mais no segmento de suplementos nutricionais. Também no Brasil as
PICS têm progredido também, sobretudo depois que foram inseridas no SUS.
Para Randau (2018) as práticas integrativas são tecnologias que abordam a saúde do
ser humano na sua multidimensionalidade – física, mental, psíquica, afetiva e espiritual –,
fortalecendo os mecanismos naturais de cura do organismo. Além disso, elas têm um caráter
educativo que leva o praticante à autocura e autonomia em sociedade. Tem como
característica a ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na
integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade, em uma visão ampliada do
processo saúde-doença e da promoção global do cuidado humano, especialmente do
autocuidado.
Estudiosos (RANDAU, 2018; CARVALHO et al., 2015) deixam claro que as práticas
integrativas combinam o resgate de valores culturais ancestrais com a excelência da medicina
moderna. Além de socialmente bem aceitas, as PICS integram os cuidados primários e
26
essenciais da saúde e são legitimadas pela tradicionalidade do uso e pelas comprovações de
seus benefícios por metodologias científicas contemporâneas. No âmbito do tratamento de
saúde propriamente dito, as PICS buscam ter uma visão holística do indivíduo, enxergá-lo
em conjunto, no qual o equilíbrio vem da harmonia entre a condição física e emocional.
Desta maneira, pontifica-se que as PICS constituem novas opções terapêuticas
destinadas aos pacientes de modo a complementar os tratamentos convencionais. Os
medicamentos são os principais agentes que causam intoxicações em seres humanos no
Brasil, o que mostra a importância de práticas que incentivem a conscientização sobre o seu
uso racional e a utilização de novas terapias e recursos de acordo com a necessidade de cada
indivíduo, disponibilizando terapias menos agressivas (RANDAU, 2018).
As PICs, no desenvolvimento de suas práticas, conseguem proporcionar assistência à
saúde de modo acolhedor, humanizado, integrando o ser humano com o meio ambiente e a
sociedade, promovendo o autocuidado, além de enaltecer o papel do farmacêutico como um
profissional imprescindível na promoção da saúde com segurança, qualidade e eficácia
(BRASIL, 2006).
Os estudos evidenciaram ainda que o farmacêutico é um educador em saúde, podendo
contribuir de forma decisiva nas ações que se inter-relacionam com as PICS. Isso inclui não
apenas a orientação dos pacientes como também dos demais profissionais de saúde. Costa e
Reis (2014) destacam que o papel do farmacêutico é estimular o trabalho conjunto de vários
profissionais de saúde – médicos, nutricionistas, terapeutas, psicólogos, enfermeiros e
farmacêuticos. A presença do farmacêutico nesse grupo é muito importante, não apenas como
formulador e produtor de diversos medicamentos, mas também como orientador dos demais
profissionais de saúde.
Ainda na área das PICs a atuação do farmacêutico se dá nos laboratórios fitoterápicos,
no ensino e pesquisa científica e na sua mais conhecida função que é a presença nas farmácias
e drogarias. Além de aviar receita médica, ele orienta sobre o uso correto dos medicamentos,
faz o acompanhamento do paciente e pode prescrever fitoterápicos que não exigem prescrição
médica. No âmbito da fitoterapia ainda há farmacêuticos atuando na gestão de serviços do
SUS, como as Farmácias Vivas, e nos hospitais públicos espalhados pelo País
(CARAVALHO et al., 2015).
Desse modo, percebeu-se com base no material coletado que no modelo de assistência
social farmacêutica, os profissionais atuam na promoção do uso racional de plantas
medicinais e na produção de fitoterápicos, possibilitando o acesso dos usuários e demais
profissionais de saúde a uma opção terapêutica complementar eficaz e segura, valorizando a
27
biodiversidade brasileira.
No que tange o papel do farmacêutico diante das PICS e a utilização das práticas na
oncologia, apreendeu-se que o tratamento dos cânceres, em sua grande maioria, é
considerado como um dos problemas mais desafiadores da medicina. Dentre os candidatos a
medicamentos antineoplásicos, estão os que podem ser utilizados tanto para o tratamento
como para a prevenção do câncer. Nesta classe incluem-se os fitoterápicos, que são
medicamentos obtidos a partir de plantas, empregando-se exclusivamente derivados de
substâncias vegetais, os suplementos dietéticos herbáceos e as plantas medicinais, íntegras
ou suas partes, sendo que estas não são objeto de registro pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 48/04
(2004).
Nessa ótica, a fitoterapia se configura uma prática consolidada entre os brasileiros e
tem uma participação importante no mercado devido, em parte, à tradição secular de saber.
Além disso, os produtos naturais estão relacionados a efeitos benéficos à saúde e pelo baixo
custo desses, o que os tornam uma fonte de tratamento de alcance social amplo (BRASIL,
2006). A Tabela 1 apresenta as plantas mais utilizadas no tratamento neoplásico.
TABELA 1 - PLANTAS COM MAIOR NÚMERO DE REGISTROS JUNTO A ANVISA.
ORDEM DE UTILIZAÇÃO PLANTAS 1 Ginkgo (Ginkgo biloba) 2 Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum) 3 Alcachofra (Cynara scolymus) 4 Erva de São João (Hypericum perforatum) 5 Soja (Glycine max) 6 Valeriana (Valeriana officinalis) 7 Ginseng (Panax ginseng) 8 Sene (Cassia angustifolia e Senna alexandrina) 9 Cimicífuga (Cimicifuga racemosa) 10 Guaco (Mikania glomerata) 11 Espinhadeira-Santa (Maytenus ilicifolia) 12 Boldo (Peumus boldus) 13 Aroeira (Schinus terebinthifolius) 14 Cactus (Cereus brasiliensis) 15 Carqueja (B.trimera ou B.genistelloides) 16 Catuaba (Anemopaegma arvense) 17 Erva-baleeira (Cordia verbenacea) 18 Guarana (Paullinia cupana) 19 Hortelã (Mentha crispa)
Fonte: Adaptado da ANVISA (2014).
Algumas destas plantas têm demonstrado efeitos quimiopreventivos e antineoplásicos
28
promissores, no entanto, o principal problema ocorre quando estas são consumidas
simultaneamente com os medicamentos convencionais prescritos, pois muitas vezes podem
ocorrer interações medicamentosas perigosas (AURELIANO, 2013). Sendo assim, a
importância dos fitoterápicos é indiscutível em um país como o nosso, onde a pobreza da
população, os conhecimentos da cultura indígena e a rica flora fazem com que o uso de plantas
medicinais seja intenso (COSTA; REIS, 2014).
Entretanto, estudos químicos, clínicos e epidemiológicos acerca da utilização de plantas
medicinais e fitoterápicos se fazem necessárias. Logo, são de extrema importância também para
promover o uso racional de medicamentos em conjunto com elas, além de identificar as doenças
passíveis de tratamento com tais recursos, contribuindo para a formulação de programas
educacionais e de saúde que disponibilizam informações sobre eficácia, segurança e qualidade
desses produtos. Assim como para auxiliar os profissionais da saúde a compreender as crenças
e percepções dos pacientes, fazendo com que seja possível incorporar as plantas medicinais
como recurso do sistema público de saúde (MOLIN et al., 2012).
Cabe expressar ainda que a dispensa de fitoterápicos está incluída no Sistema Único de
Saúde (SUS). Os fitoterápicos são medicamentos de venda livre, desta forma estão diretamente
ligados à automedicação e a orientação do farmacêutico. É crescente o interesse pelo uso de
fitoterápicos e produtos naturais como recursos terapêuticos e a procura por drogas vegetais
está relacionada a vários fatores, entre eles a decepção no tratamento com a medicina
convencional, efeitos indesejados, impossibilidade de cura, entre outros.
Se faz necessário compreender que todo medicamento fitoterápico industrializado tem
que ser regulamentado pela ANVISA, para que então possa ser comercializado. A falsa ideia
de naturalidade que os fitoterápicos causam, abre brecha para que muitos usuários acreditem
que não seja necessário informar aos prescritores a utilização de fitoterápicos, como das
preparações caseiras a base de plantas medicinais, como chás e infusões.
No tocante ao uso de fitoterápicos, no âmbito do SUS, estabelece a Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais (RENAME), cuja última atualização foi em março de 2020. Esta
relação elenca os fitoterápicos distribuídos pela rede pública nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e Regionais de Saúde (Quadro 1). A saber:
29
QUADRO 1 - RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS (RENAME), 2020.
DENOMINAÇÃO GENÉRICA FORMA FARMACÊUTICA / DECRIÇÃO Alcachofra (Cynarascolymus L.) Cápsula, comprimido, drágea, solução oral e
/ou tintura. Aroeira (Schinusterebinthifolius Raddi) Gel e/ou óvulo. Babosa (Aloe Vera L. Burnn. F) Creme Cáscara Sagrada (Rhamnuspurshiana DC.) Cápsula e/ou tintura Espinheira Santa (Maytenusofficialis Mabb.) Cápsula ou comprimido
Garra do Diabo (Harpagophytumprocumbens) Cápsula ou comprimidos.
Guaco (Mikaniaglomerata Spreng.) Cápsula, solução oral, tintura e/ou xarope. Hortelã (Mentha x piperita L.) Cápsula Isoflavona de Soja (Glycinemax L. Mer.) Cápsula ou comprimido Plantago (PlantagoovataForssk.) Pó para dispersão oral. Salgueiro (Salixalba L.) Comprimido. Unha de Gato (Uncaria tomentosa – Eild. Ex Roem & Schult. – DC.)
Cápsula, comprimido e/ou gel.
Fonte: RENAME (2020).
Nesse prisma, cabe defender que o profissional farmacêutico é a principal fonte de
informação para o usuário que se automedica, pois ele esclarecerá sobre as possíveis reações
adversas dos fitoterápicos, além de poder prescrevê-los. Entende-se então, que informações
sobre os riscos do uso indiscriminado de fitoterápicos devem ser passadas para a população, e
que a presença do farmacêutico prestando atenção farmacêutica, orientando e acompanhando a
utilização desta classe de fármacos será fundamental para uma utilização segura, efetiva e
eficaz, prevenindo e evitando a ocorrência de possíveis intoxicações.
Advoga-se que mesmo a fitoterapia sendo uma das PICS mais utilizadas pelo
profissional farmacêutico no que tange o paciente oncológico, identificou-se outras terapias,
como acupuntura, homeopatia, crenoterapia (uso da água mineral para tratamento de saúde) e
práticas corporais da medicina tradicional chinesa como tai chi chuan, lian gong, tui-na e a
meditação. Entretanto, devido ao caráter desse estudo não ser discutir a fundo o que se trata e
como se fundamenta todas essas terapias, mas sim, seu efeito no paciente oncológico, construiu-
se um quadro cuja finalidade revela o potencial terapêutico destas práticas no tratamento do
câncer (Quadro 2).
30
QUADRO 2 - BENEFÍCIOS DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES PARA OS PACIENTES ONCOLÓGICOS.
PRÁTICA TERAPÊUTICA
BENEFÍCIOS ARTIGOS
Fitoterapia
Dores gástricas, enjoos, náuseas, dores de cabeça, redução da ansiedade, manutenção
da fibra capilar e do peso corporal.
SOUZA et al,. (2019); RODRIGUES;
PEZUK, (2018); PINHO; ABREU;
NOGUEIRA (2016); MOLIN et al., (2012);
SOUZA (2004).
Acupuntura
Redução da dor muscular, cefaleia, náuseas, enjoos, minimização da ansiedade e tristeza.
Reduz medo, insônia e insegurança. Promove equilíbrio e centramento
emocional, avidez e entusiasmo para vida.
RANDAU (2018); RUELA et al., (2018);
CARVALHO et al (2016); COSTA;
REIS, (2015).
Homeopatia
Crescimento celular e tecidual saudáveis e redução do estresse e ansiedade.
SANTOS (2018); MELO et al., (2012)
Crenoterapia/Termalismo Relaxamento e redução do estresse. VELA; CHAVERO (2018)
Práticas Corporais
Mínimiza tensão, promove relaxamento do corpo e da mente; modifica rotinas e hábitos
de vida; promove afinco na realização de tarefas e melhor padrão de
sono.
CARVALHO et al (2016)
Meditação
Promove equilíbrio emocional, reduz tensão, estresse, ansiedade e ideações
suicidas.
RIZZUTI (2015); AURELIANO (2013)
Fonte: Elaborado pela autora, (2020).
Com base no exposto, verifica-se a importância e a gama de efeitos terapêuticos
positivos observados pelas PICS. Percebeu-se que,em sua maioria, as práticas aumentam a
sensação de bem-estar e redução das dores, possibilitando o estabelecimento de vínculos
positivos com familiares, amigos e profissionais da saúde. Entretanto, essas práticas precisam
de treinamento, ou seja, é necessário educação permanente e para isso ocorrer é preciso o apoio
institucional dos estados e municípios com a formulação e implementação de políticas,
programas e projetos no SUS, ações de divulgação, investimentos em projetos de pesquisa,
entre outros.
31
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É incontestável a contribuição da medicina alternativa no saber/prático, buscando a
autonomia do paciente. Percebeu-se, com base no explicitado que as PICS, por meio da
terapêutica simples, dependem menos do cientificismo duro e rígido, sendo menos cara e
acessível a todas as classes sociais. Isso coaduna-se com o pressuposto da Organização Mundial
da Saúde (2002) que infere que as PICS apresentam impacto econômico no sistema público da
saúde, uma vez que, por serem de baixo custo, trazem grandes benefícios à população,
principalmente para países subdesenvolvidos. É nesse sentido que a PNPIC veio favorecer a
institucionalização do atendimento humanizado no SUS.
Verificou-se ainda que as PICS mais utilizadas na oncologia foi a fitoterapia, ademais,
verificou-se a acupuntura, homeopatia, crenoterapia (uso da água mineral para tratamento de
saúde) e práticas corporais e mentais da medicina tradicional chinesa como tai chi chuan, lian
gong, tui-na e a meditação. Seus benefícios recaem na redução das dores musculares e tensivas;
aumento do sistema imunológico, reparação tecidual e capilar, redução da ansiedade, estresse,
depressão, náuseas e vômitos. Promove ainda um bem-estar global, causando afinco nas
relações sociais e trabalhistas, causando uma melhor qualidade de vida, reduzindo medo,
anseios, frustrações e insônia.
Sendo assim, este estudo permitiu concatenar a produção científica acerca das PICS no
tratamento do câncer, conseguindo assim, responder a hipótese e problemáticas levantadas,
suprindo todos os pressupostos e inquietações firmadas. Sabe-se que apesar de existirem
estudos científicos que comprovam os benefícios das PICS no tratamento de doenças, futuros
estudos precisam ser realizados para maior fundamentação e credibilidade por parte da
comunidade científica, principalmente porque observou-se que pesquisas na área são ainda
incipientes.
No que tange o compromisso da autora enquanto acadêmica/pesquisadora, acredita-se
ser imprescindível fortalecer pesquisas relacionadas ao uso de práticas integrativas e
complementares, pois é uma modalidade de cuidado que se apresenta em expansão. Somado a
isso, é vital direcionar um olhar apurado para questões quanto ao cuidado integral à pessoa
acometida por câncer. Estamos em um momento em que a construção do conhecimento deve
ser transdisciplinar, pois as necessidades em saúde das pessoas com câncer transcendem os
muros das disciplinas.
Nesse ínterim, denota-se que com a realização desse estudo foi possível incentivar
reflexões sobre a importância de construção de novas estratégias de enfrentamento do câncer,
32
por meio de ações que visem oferecer subsídios para a implementação de política voltada para
a melhoria da qualidade de vida destes pacientes, fugindo do modelo hospitalocêntrico,
tecnicista e biomédico, promovendo, com isso, a abertura de possibilidades de busca e
construção de evidências que validem a prática e possam a ela ser incorporadas.
33
7 REFERÊNCIAS
AURELIANO, W. A. Terapias espirituais e complementares no tratamento do câncer: a experiência de pacientes oncológicos em Florianópolis (sc). Cad Saúde Colet, v. 21, n. 1, p.18-24, 2013. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 48/2004. Disponível em:< http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/ RDC_48_2004_COMP.pdf/dfa61959-9f49-4223-89bb-dfb7288a1cf8>. Acessado em 29 abr. 2020. BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRASIL, Ministério da Saúde. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS - PNPIC-SUS. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 1.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006, p. 91. BRASIL. Ministério da Saúde. Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas por local de internação no Brasil. DATASUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2012 - Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2011. BRASIL, Tribunal de Contas da União. Política Nacional de Atenção Oncológica / Tribunal de Contas da União; Relator Ministro José Jorge. – Brasília: TCU, Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo, 2011. BRASIL, Ministério da Saúde. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRASIL, Ministério da Saúde. Glossário temático: práticas integrativas e complementares em saúde. Secretaria-executiva e secretaria de atenção à saúde. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2018, p. 181. BRUSCIA, K. E. Definindo a musicoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Barcelona Publishers; 2016.
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