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D. Neci, uma guerreira do sertão
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1177
Setembro/2013
Augusto Severo
As mulheres sertanejas são
reconhecidas como grandes
promotoras da convivência com o
semiárido. Nas situações extremas
se tornam “viúvas das secas” e
conduzem sozinhas e com muita
dignidade as suas famílias. Assim é a
história de D. Neci Batista, uma
agricultora que criou seus 09 filhos
sozinha às custas de muito suor de
seus trabalhos na roça.
Os 69 anos de D. Neci Batista
foram todos vividos na comunidade
rural do Morcego, uma vila de
pescadores distante 3 km da sede do
município de Augusto Severo/RN
(Campo Grande/RN). A localidade é
composta por 80 famílias e possui o açude que durante a década de 1980 serviu de
abastecimento da população urbana do município.
D. Neci Batista, a referência de uma comunidade que virou referência
Até 1993, a realidade das famílias que
vivem na comunidade rural do Morcego
era bem diferente da atual. A formação da
associação comunitária foi um divisor de
águas e a partir daí vieram construções de
moradias, cisternas
seguido do sistema de
a b a s t e c i m e n t o
comunitário de água, a
construção da capela,
o s p r o j e t o s d e
a v i c u l t u r a , a
intensif icação das
hortaliças, o aumento
dos rebanhos animais
e a comercialização do pescado através das compras governamentais.
D. Neci: pescadora, agricultora, criadora e chefe de família.
A associação comunitária oportunizou a implantação de quintais produtivos no
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Realização Apoio
D. Neci Batista é sócia fundadora da
associação junto com dois dos seus filhos,
Toinho do Morcego e Unária Batista mais a
nora Ilone Alves. Em
família contribuíram ao
l a d o d o s d e m a i s
agricultores da localidade
para a mudança que a
comunidade do Morcego
passou nas duas últimas
d é c a d a s . “ A n o s s a
desorganização fazia da
gente um povo rico e
pobre. Rico de produção.
Mas pobre porque nada
era aproveitado”, conta
Toinho do Morcego, primeiro presidente que recentemente voltou a dirigir a Associação Comunitária.
D. Neci Batista é a prova viva desta
mudança. “Eu e Mucuim somos os pescadores mais
velhos da comunidade e acompanhamos um tempo
aonde nosso produto não tinha valor. Hoje a gente já
conseguiu projetos de freezer, isopor, canoas, redes
e curso sobre beneficiamento de peixe. Agora a
gente só vende por um bom preço ou passa direto
para o Governo Federal que doa para outras famílias
carentes da cidade”, relata D. Neci.
Os filhos estão criados, mas D. Neci não pára
É bonito de se vê o gosto pelas coisas do
campo que tem esta senhora. Atualmente D. Neci
desenvolve um projeto de cultivo de frutas e
hortaliças junto com o grupo de jovens da comunidade do Morcego. “Daqui a gente tira frutas e verduras
saudáveis e renda para estes meninos”, conta
orgulhosa D. Neci.
Além deste trabalho, D. Neci cria gado e
ovelhas e ainda encontra tempo para participar da
comissão da terceira idade do sindicato dos
trabalhadores e das trabalhadoras rurais, do grupo
de mulheres da comunidade e da organização da
festa religiosa da comunidade. “A gente tem que ter
tempo prá tudo”, ensina ela.
Contatos:
Toinho do Morcego: *84 9622.3729
Unária Batista: *84 9628.9014
A garra de D. Neci serviu de espelho para Toinho, presidente da associação do Morcego
D. Neci é a pescadora mais velha de Campo Grande/RN
Coqueiros, limoeiros, goiabeiras e hortaliças orgânicas fornecem uma alimentação saudável
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