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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Universidade Estadual de Londrina
Rosangela Sanches Teixeira
PERCEPÇÃO DO MUNDO E RECEPÇÃO DA OBRA DE LYGIA BOJUNGA NUNES
BELA VISTA DO PARAÍSO2010
GOVERNO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONALPDE
ROSANGELA SANCHES TEIXEIRA
CADERNO TEMÁTICO DE APOIO PEDAGÓGICO
Proposta de implementação pedagógica, a ser
desenvolvida no Colégio Estadual Brasílio de Araújo, de
Bela Vista do Paraíso, apresentada à Coordenação
Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
Orientador: Jaime dos Reis Sant'Anna.
Bela Vista do Paraíso, Paraná
2010
3CADERNO TEMÁTICO DE APOIO PEDAGÓGICO
1- IDENTIFICAÇÃO
a) Professora PDE: Rosangela Sanches Teixeira
b) Professor Orientador: Jaime dos Reis Sant'anna
c)Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina – UEL
d) Área / Disciplina: Leitura / Língua Portuguesa
e) Escola de Implementação: Colégio Estadual Brasílio de Araújo – Ensino
Fundamental, Médio e Pós-médio
f) Público objeto de intervenção: Alunos do Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª séries
g) Tema: Leitura: da reflexão à criticidade.
42- Tema de Estudo:
Leitura: Da reflexão à criticidade, tendo como objeto de estudo fragmentos de
algumas obras de Lygia bojunda Nunes.
3- TÍTULO:
Percepção do mundo e recepção da obra de Lygia Bojunga Nunes.
54- SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................
UNIDADE I – Determinação do horizonte de expectativas............................................
Ensino Fundamental. Temas: amizade, solidariedade, trabalho infantil, pedofilia,
manipulação da mente..................................................................................................
Lenda: amizade..............................................................................................................
Charge: solidariedade....................................................................................................
Texto não-verbal: trabalho infantil
Texto verbal e não-verbal: manipulação........................................................................
UNIDADE II- Atendimento do horizonte de expectativas
Poesia “Bons amigos”: amizade.....................................................................................
Texto em prosa “A ratoeira”: solidariedade.....................................................................
Imagem: pedofilia...........................................................................................................
Filme “A Onda”: manipulação da mente.........................................................................
UNIDADE III – Ruptura do horizonte de expectativas
Os Colegas- fragmento …..............................................................................................
A casa da Madrinha-fragmento …..................................................................................
Sapato de salto: fragmento............................................................................................
UNIDADEIV – Questionamento do horizonte de expectativas
Estratégias.....................................................................................................................
UNIDADE V – Ampliação do horizonte de expectativas
Enquete sobre a vontade do aluno em ler ou não os livros e resultados......................
Livro: Os Colegas...........................................................................................................
Livro: A Casa da Madrinha.............................................................................................
Livro: Sapato de Salto....................................................................................................
Avaliação........................................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................
6INTRODUÇÃO
Da reflexão à criticidade, este projeto está embasado na Teoria da Estética da
Recepção, onde a leitura de fragmentos de textos literários se dará sob a
perspectiva de um ato dialógico e interlocutivo, com o objetivo de auxiliar o professor
PDE na implementação do seu trabalho em sala de aula, assim como se estender a
outros professores da escola, que queiram colaborar, ampliando, assim, o número
de estudantes a participarem desse projeto de leitura.
Segundo as DCEs, o leitor terá um papel ativo no processo da leitura,
procurando pistas, formulando e reformulando hipóteses, levando suas próprias
experiências e vivências para dentro do texto, tornando-se assim, um co-autor
dessas leituras.
A leitura é um meio estratégico de aprendizagem para o desenvolvimento de
muitas capacidades do aluno, sejam as cognitivas, sejam as críticas.
A escolha de fragmentos de obras de Lygia Bojunga Nunes, retiradas do livro
da mesma autora “Dos Vinte 1”,foi essencial por perceber que ela não transforma a
Literatura Infantil num gênero de menor importância, e sim constrói uma narrativa
impregnada de fantasia, que tem por base elementos tomados do real, numa
linguagem coloquial e dialógica, para discutir os comportamentos sociais advindos
da ideologia dominante, sem deixar empobrecer a função lúdica do texto, fazendo
uma abordagem de temas sociais, que possibilitam a reflexão sobre onde vivemos,
como vivemos, quem somos nesse universo tão complexo, esperando com isso
formar um leitor contínuo e que faça do livro “um amigo”, como nos ensina a autora.
Nesse ínterim, inserir outros textos que se utilizam do mesmo tema, para
haver uma maior e melhor discussão sobre os assuntos.
O método utilizado será o da Estética da Recepção, de Jauss, juntamente
com a colaboração de outros autores, pois esse atende às expectativas em se
formar mais e bons leitores, que leiam por prazer, mas que também reflitam e
opinem sobre as situações encontradas nos textos, sempre buscando relações com
o seu “eu” e a sociedade em geral.
Nesse método, há cinco passos a serem trabalhados e desenvolvidos,
através de textos previamente selecionados:
7
- determinação do horizonte de expectativas;
- atendimento do horizonte de expectativas;
- ruptura do horizonte de expectativas;
- questionamento do horizonte de expectativas;
- ampliação do horizonte de expectativas.
Para que o aluno se apreenda e tome postura em relação aos textos, foram
escolhidos os que são do cotidiano do aluno, alguns polêmicos, verbais e não-
verbais, garantindo assim que a recepção pelo aluno seja mais completa e eficaz e,
através desse método recepcional, fique mais atento ao texto como um todo, e aos
temas, em particular, possibilitando assim debates e reflexões mais pontuais em
relação à si mesmos e à sociedade em geral.
O projeto será implementado no Ensino Fundamental, 5ª à 8ª séries, nas
turmas da professora PDE e será aplicado através de um caderno pedagógico
temático, constituído de unidades, temas esses que foram retirados dos fragmentos
de três obras da autora Lygia Bojunga Nunes: Os Colegas, A Casa da Madrinha e
Sapato de Salto.
Os temas principais serão “amizade, solidariedade, trabalho infantil, pedofilia
e manipulação da mente humana. Com isso espera-se que, através desse método e
projeto de implementação, os alunos sejam capazes, ao final do processo, de ler
melhor e com mais criticidade para que possam se tornar de fato cidadãos atuantes
dessa nossa sociedade contemporânea.
8
Unidade IDETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Na unidade I serão averiguados, através de conversas e questionário com os
alunos, quais os horizontes de expectativas que eles trazem consigo, valores,
preconceitos, lembranças para se poder chegar a um diagnóstico em relação à
leitura entre eles.
Para atraí-los, o professor fará um cartão, em forma de um coração, com um
pirulito acoplado e a seguinte pergunta: Para que amigo(a) você daria o seu
“coração”?
Após essa discussão, os alunos lerão a Lenda da Amizade e colocarão suas
impressões numa caderneta, que terá o nome de “Viagem pela leitura”.
Após isso, será dado aos alunos uma charge sobre solidariedade para que
eles a interpretem e deem seus pareceres críticos à respeito de nossa sociedade em
relação a essa questão, também postados na caderneta da Viagem.
Em seguida, fazendo um contraponto, será mostrado a eles um texto não-
verbal, que tem como assunto o trabalho infantil, no qual o aluno tem que ser capaz
de decifrar e compreender a mensagem, postando suas observações. Como
complemento, elaborar cartazes denunciando esse fato tão corriqueiro em nosso
país.
No texto verbal e não-verbal, que aborda a manipulação de pessoas,
pretende-se comparar a linguagem de um blog com a linguagem formal, além de
analisar o texto não-verbal.
A que amigo (a) você daria o seu coração ?
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A Lenda da Amizade
Existe uma lenda árabe que fala assim:
Dois amigos andavam pelo deserto havia muitos dias.
Estavam cansados e com muita sede. Certo dia, os dois amigos brigaram.
E um deles esbofeteou o outro.
O que foi esbofeteado muito ofendido, escreveu na areia do deserto: Hoje
meu amigo me esbofeteou.
Os dois porém fizeram as pazes e assim seguiram viagem.
Dias mais tarde ao chegarem num oásis os dois amigos resolveram nadar.
O amigo que foi esbofeteado sedento caiu no lago apressadamente e quase
morreu afogado.
O outro amigo rapidamente o salvou.
Quando se viu fora de perigo, o homem escreveu na pedra: Hoje meu amigo
salvou minha vida.
O outro amigo curioso perguntou:
_Quando eu te esbofeteei você escreveu na areia, e agora na pedra, por
quê ?
O homem respondeu sorrindo:
_ Porque quando um amigo nos magoa devemos escrever na areia para que
o vento leve para bem longe a mágoa e nos faça esquecer e perdoar, mas quando
um amigo nos faz algo realmente grandioso, devemos gravar na pedra, para nunca
mais esquecer.
Lenda oriental
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CHARGE
http://ivancabral.blogspot.com/2008/11/charge-do-dia-solidariedade.html fonte:
Charge do dia: Solidariedade (aguardando resposta da solicitação)
Campanha pela erradicação do trabalho Infantil
Fonte: http://mariazinhazinhazinha.blogspot.com/2008
11
É incrível como é fácil manipular certos tipos de pessoas com as palavras certas. Dá uma enrolada daqui, uns argumentos ali, umas palavras raramente usadas e a pessoa sempre acaba cedendo. Muitas pessoas chamam isso de “jogar o xadrez da vida”.
É uma atitude um tanto quanto feia. Não é legal manipular pessoas. Vide governantes do nosso país Mas, no dia-a-dia quando tem aquele chato que só fala abobrinha e não aceita o fato de que você está certo e quer que você prove por a+b a sua teoria sobre o assunto é sempre tão fácil de pôr em prática. Seja qual for o assunto, não precisa se saber muito sobre para que você obtenha sucesso na ação.
Muitas vezes, a pessoa com quem você está argumentando pode saber muito mais do assunto do que você e, mesmo assim, com as palavras certas ela acaba concordando que afinal das contas quem estava certo era você (mesmo que não esteja). A resposta final é sempre “É… pensando por esse lado…”, ou “Pois é, pode ser…” e também “Bom… eu não sei de mais nada, então”. Hueuehieheh… Eu, particularmente, acho engraçado porque muitas vezes que eu ponho isso em prática (pra falar a verdade, na maioria das vezes que faço isso é porque não tenho um argumento concreto sobre o assunto e/ou não sei muito sobre) a pessoa ou se cala, ou concorda que o meu ponto de vista é o mais correto.
Enfim, a real é prestar bem atenção nos argumentos da pessoa com quem você está conversando e prestar atenção se eles fazem realmente sentindo. Muitas vezes é só um bando de palavras difíceis raramente usadas que você se deixa levar, e acaba se perdendo no contexto. (Fiz minha caveira com essa conclusão, mas enfim… é por uma boa causa)
Pra que isso não aconteça com você ou pra que você não tenha que pôr em prática algum dia, leia bastante. Forme suas próprias ideias/conclusões a respeito de todo e qualquer assunto. Como eu já disse muitas vezes aqui no blog, conhecimento nunca é demais. Seja ele qual for, nunca fará mal.
Com isso, aprenda a argumentar com nexo e faça suas palavras terem sentido. Não
se deixe levar pela mania horrível de manipulação.
Fonte:http://aoventofrio.wordpress.com/2009/02/08/a-arte-de-manipular-
pessoas/aten_o_manipula_ojpg/
12Unidade II
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVA
Após ter despertado no aluno o interesse pelo assunto e pela leitura, serão
implementados textos mais elaborados sobre os mesmo temas, a fim de que o alune
se aproprie melhor dessas leituras, para ter um embasamento antes de ler os textos
da Lygia B. Nunes, atendendo assim, no método recepcional, os seus horizontes de
expectativas.
Nessa etapa, entrará um novo tema, que aparece em Sapato de Salto, sobre
pedofilia, que é polêmico, mas está sendo bastante destacado na mídia.
Textos que serão utilizados:
BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.Amigo a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.Porque amigo sofre e chora.Amigo não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.Porque amigo é a direção.Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
Machado de Assis
fonte: http://www.pensador.info/textos_de_amizade/
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A Ratoeira
Um rato olhando pelo buraco na parede vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali.
Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira.
Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:
"Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa."
A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:
"Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda."
O rato foi até o porco e disse a ele:
"Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira."
"Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces."
O rato dirigiu-se então à vaca. Ela disse:
"O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!"
Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro.
Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a cauda de uma cobra venenosa.
A cobra picou a mulher.
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja.
O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.
Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e muitas Pessoas vieram visitá-la.
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Muita gente veio vê-la o fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se de que, quando há uma ratoeira na casa, toda a toda a fazenda corre risco. O problema de um é problema de todos.
Autor desconhecido
Fonte: http://www.webtextos.info/a_ratoeira.htm (extraído em 16/06/2010)
Assunto: Pedofilia
fonte: http://unabrasil.files.wordpress.com/2009/06/pedofilia.jpg
Filme A Onda
Assunto: manipulação
A Onda é um sério aviso sobre a nossa fragilidade e permitia uma excelente
abordagem do plano sociológico. A premissa do filme inspira-se num caso real,
ocorrido no final dos anos 60, na Califórnia, embora a ação do mesmo decorra na
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Alemanha. Uma aula prática sobre autocracia e as origens do totalitarismo levou a
que, fora dela, uma turma comece a atuar segundo os moldes da mesma, sendo
manipulados.
Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/065/65lima.htm
Unidade III Ruptura do horizonte de expectativa
Nesta unidade do método recepcional, entrarão os fragmentos de obras de
Lygia B. Nunes, a fim de abalar as certezas e costumes dos alunos. Após essas
leituras, serão debatidos, oralmente, os temas em comum com os outros já lidos e
identificar posturas comuns ou diferentes de cada autor.
Como esses fragmentos são mais complexos, serão dadas aos alunos
algumas atividades para que eles possam identificar as pistas dos textos, e, com
isso, interpretá-los de forma adequada. Investir também nos temas mais polêmicos
será uma forma de tornar o aluno mais ciente e crítico em relação a eles.
Como são textos mais longos, serão repartidos em etapas até chegar ao todo,
fazendo assim, a ruptura dos seus horizontes, olhando o meio em que vivem de
outra forma.
Os fragmentos escolhidos da autora foram:
– Os Colegas
– A Casa da Madrinha
– Sapato de Salto
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Os Colegas (fragmento)
No princípio eram só dois. Tinham se encontrado pela primeira vez revirando
a mesma lata de lixo.
– Esse osso que tem aí é meu!
– É meu!
– Já disse que é meu!
Se zangaram. Rosnaram um pro outro.
– Larga o osso!
– De jeito nenhum!
– Tô dizendo pra largar!
Foi quando passou por ali um garoto assobiando um samba.
Os dois interromperam a briga e começaram a prestar atenção na música
que ele assobiava.
– Tá errado! - disse um deles pro garoto.
– Esse samba não é assim; é assim! - disse o outro. E começou a cantarolar
certo a melodia.
O garoto nem ligou, foi embora. Mas os dois ficaram cantando a música até o
fim. E depois um deles disse:
– Acho esse samba o máximo.
– Legal! - falou o outro.
– Sabe? Coisa que eu gosto é de fazer samba.
– Ah, é? Então somos colegas.
Esqueceram o osso e a briga. Sentaram no meio-fio e começaram a falar de
samba. Ficaram muito interessados um no outro.
– Como é que você se chama?
– Não sei. Ninguém me chama pra eu saber como é que eu me chamo. E
você?
– Vira-lata.
– Quem é que chama você assim?
– Chamar ninguém chama. Mas gritam “Sai daí, seu vira-lata! Olha um vira-
lata no jardim! Acerta uma pedra nesse vira-lata!”
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– Bom, isso tudo eu também tô sempre ouvindo.
– Então, pronto: você também se chama Vira-lata!
Se olharam melhor pra ver como é que eram: malhados, e o tamanho mais
ou menos o mesmo, mas um tinha o rabo mais curtinho, uma orelha sempre em pé e
a outra sempre caída; o outro tinha mais manchas no corpo e o cacoete de piscar o
olho esquerdo.
Continuaram a conversar. Foram vendo que gostavam das mesmas coisas:
futebol, praia, carnaval. Gostavam também de bater papo e de ficar olhando os
barcos no mar.
– Acho que a gente vai acabar ficando amigo.
– Tá parecendo.
Dividiram o osso.
– Onde é que você mora?
– Num terreno baldio lá perto da praia.
– Tem casa?
– Não, mas tem um monte de entulho bom mesmo.
– Bom pra quê?
– Pra gente cavar quando quer, se esconder atrás quando precisa. Fingir de
casa quando cisma.
– Vou lá ver.
Quando chegou, gostou um bocado do lugar.
– Tá me dando uma vontade de cismar que é minha casa...
Acabou cismando. E logo descobriram que, em samba, um gostava mais de bolar a
letra, o outro, a música. Fizeram então o primeiro samba de parceria:
Vida, acho você a maior
Quanto mais penso em você
Mais eu vejo que te gosto
E que não tem coisa melhor.
Dispostos a mostrar o samba pra todo mundo, saíram pela praia cantando em
altos brados e batucando nas caixas de fósforos que tinham encontrado na areia.
Muita gente gostou. Pararam e perguntaram:
18
– De quem é a letra desse samba?
– Do Vira-lata.
– E a música?
– Do Vira-lata.
– Também?
– Não, é que são dois.
Viram que aquilo dava confusão, e naquele dia mesmo um resolveu se
chamar Virinha e o outro Latinha. E foi também naquele dia que se tornaram amigos
inseparáveis.
Depois um dia, apareceu Flor.
Foi assim: Latinha e Virinha estavam na praia quando ela apareceu correndo,
língua de fora, uma corrente pendurada no pescoço. Quando passou por eles,
suspirou:
– Até que enfim livre!
E na beirinha d'água se sentou pra descansar.
– Foi com a gente ou com o mar que ela falou? perguntou Virinha alvoroçado, o
olho esquerdo piscando que só vendo.
– Acho que foi com o mar – respondeu Latinha. Estava tão espantado que a a
orelha desabada desabou ainda mais.
Flor usava um casaco de veludo e uma porção de pulseirinhas de contas nas
patas e tinha um laço de fita na cauda.
Os dois amigos desataram a cochichar:
– Espia só, espia só!
– Puxa, ela se veste que nem gente!
– É cachorrinha de luxo.
– Grã-fina à beça.
– Mas é linda.
– De morrer.
– Vamos lá falar com ela?
– Grã-fino não se mistura com vira-lata.
– Tentar não tira pedaço.
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– Bom, lá isso é.
E se aproximaram dela.
– Bom dia e muito prazer. Meu nome é Latinha.
– O meu é Virinha. E você, como é que se chama?
Ela respondeu com um sorriso:
– Flor-de-lis.
Latinha ficou encantado, não só com o nome, mas também com o sorriso
amigo. Puxou da caixa de fósforos, começou a batucar e a bolar um samba novo:
Flor-de-lis, Flor-de-lis
Ai, flor que sempre quis...
Mas Virinha, intrigado, interrompeu aquela onda de inspiração:
– Que flor é essa?
Ela encolheu os ombros e, em seguida, começou a espirrar.
– Você tá gripada?
Ela continuou a espirrar. Foi ficando numa irritação daquelas. E lá pelas
tantas desabafou:
- É esse perfume que me faz espirrar assim, eu não aguento! E também não
aguento mais essas pulseiras que me apertam as patas, esse casaco que me
esquenta, esse laço de fita que me pinica, essa coleira que me sufoca! - E enquanto
espirrava e desabafava, ia arrebentando as pulseiras, arrancando a fita,
estraçalhando o veludo do casaco e lutando até se livrar da coleira.
– Ih, deu um troço nela! - exclamou Latinha, assustado.
Flor-de-lis saiu correndo e furou uma onda. E depois outra, e mais outra, e
mais outra até não sentir mais perfume nenhum. Só então sossegou. Voltou para a
areia toda satisfeita.
Os dois amigos olhavam para ela desconfiadíssimos. E piscando-piscando,
Virinha arriscou:
– Você é meio birutinha, não é não?
Flor-de-lis encolheu o ombro:
– Pois sabe que eu não sei?
– Não sabe?
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– Não sei se birutinha sou eu ou ela. Vou contar a minha história pra ver o que
– é que vocês acham.
[…]
E um dia, quando fazia frio e chovia, os três foram se abrigar debaixo de um
banco da praça e lá encontraram o Ursíssimo Voz de Cristal.
Ursíssimo porque era enorme. Voz de Cristal porque tinha uma voz fininha que
nem uma agulha.
Esperando que a chuva passasse, começaram a conversar. Quando soube
que Flor andava escondida, Voz de Cristal se abraçou com ela e desatou a soluçar
(porque ele era assim: se emocionava à toa; e bastava se emocionar pra começar a
chorar). Confessou:
– Somos colegas: eu também fugi.
– De onde? - quiseram saber.
– Do Jardim Zoológico, Mas eu não fugi porque minha vida lá era ruim, não. Até
que me tratavam muito bem.
– Fugiu então por quê?
– Porque ouvi dizer que o mundo era um lugar ótimo. Eu então quis ver mesmo
se era.
A turma ficou muito interessada. Latinha perguntou:
– E o que você já viu do mundo?
– Ainda não vi nada porque assim que fugi começou a chover. - Encolheu o
ombro desanimado: - Com chuva não dá pra ver direito, fica tudo tão... chuvoso.
Flor suspirou:
– Eu também sou assim, quando chove desanimo, só tenho vontade de
suspirar.
Mas Virinha não estava disposto a ficar dando muita bola pro tempo:
– Acho que se o urso não conhece nada do mundo a gente devia ir com ele
hoje de noite ao circo pra ele ver como é que é.
Latinha e Flor vibraram com a sugestão. E Voz de Cristal se comoveu tanto
com a ideia que teve uma crise fortíssima de choro.
[…]
Foram pra “casa”. E lá no terreno baldio, falando do circo, da praia e da vida,
Voz de Cristal tornou a dizer que estava achando o mundo bom demais. Foi quando
21
ouviram uma voz muito mal-humorada:
– É bom pra quem não foi perdido que nem eu.
Olharam pro lado e viram um coelho com uma cara fechadíssima, encolhido
atrás de umas garrafas vazias. Rodearam ele, e Flor, já preocupada, quis logo
saber:
– Você se perdeu?
– Eu não me perdi. Me perderam, sabe como é?
Mas ninguém sabia.
– Explica melhor – pediu Voz de Cristal.
– Bom, o negócio foi o seguinte: a gente saiu da roça e veio dar um passeio
aqui na cidade.
– A gente quem?
– Meu tio, minha tia, meu primo e eu. Eu agarrava a mão do meu primo com
medo de me perder e ele dizia “me solta”. Eu me agarrava na minha tia com medo
de me perder e ela dizia “me larga, menino”. Eu me agarrava no meu tio e ele se
soltava dizendo que homem tem que aprender a viver sozinho. E depois, no fim do
dia, eles me disseram “vai lá comprar um bocado de couve enquanto a gente fica
descansando aqui na praça”. Mas eu disse que não ia porque tinha medo de me
perder. Foi quando eles disseram “bom, então vamos nós, e você fica aqui pra não
se perder”.
Parou de falar. Ficou de testa franzida, emburrado. Os outros esperando que
ele continuasse a história, mas ele calado.
– E daí? - perguntou Latinha impaciente.
– E daí eu fiquei lá esperando toda a vida, mas eles não voltaram, não me
acharam mais. Eu não saí de lá, quer dizer: eu não me perdi. Eles é que me
perderam.
A turma ficou com uma pena danada dele.
– Coitadinho! - Flor falou.
– Vou fazer um samba contando pro mundo a sua história – resolveu Latinha.
Voz de Cristal começou logo a chorar, comovido.
Mas Virinha estava intrigado:
– E seu pai? E sua mãe?
O coelho ainda ainda conseguiu fechar mais a cara:
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– Pois eles foram fazer um passeio na roça e me perderam na casa dos meus
tios.
(O coelho estava sempre com a cara tão fechada que a turma o apelidou de Cara-
de-pau.) (9 a 16 – 20 a 21 – 23 a 24)
23
A Casa da Madrinha (fragmento)
A escola pra onde levaram o Pavão se chamava Escola Osarta do
Pensamento. Bolaram o nome da escola pra não dar muito na vista. Mas quem
estava interessado no assunto percebia logo: era só ler Osarta de trás pra frente.
A Osarta tinha três cursos: o Curso Papo, o Curso Linha e o Curso Filtro.
O Curso Papo era isso mesmo: papo. Batiam papo que só vendo. O Pavão
até que gostou; naquele tempo o pensamento dele era normal, ele gostava de
conversar, de ficar sabendo o que é que os outros achavam, de achar também uma
porção de coisas. Só tinha um problema: ele não podia achar nada; tinha que ficar
quieto escutando o pessoal falar. Se abria o bico, ia de castigo; se pedia pra ir lá
fora, ia de castigo; se cochilava (o pessoal falava tanto que dava sono), acordavam
ele correndo pra ele ir de castigo.
O Pavão então resolveu toda hora abrir o bico, ir lá fora, cochilar – só pra
ficar de castigo e não ouvir mais o pessoal falar. Não adiantou nada, deram pra falar
na hora do castigo também. E ainda por cima falavam dobrado.
O Pavão era um bicho calmo, tranquilo. Mas com aquele papo todo dia o dia
todo a todo instante, deu pra ir ficando apavorado. Se assustava à toa, qualquer
barulhinho e já pulava pra um lado, o coração pra outro. Pegou tique nervoso;
suspirava tremidinho,a toda hora sacudia a última pena do lado esquerdo, cada três
quartos de hora sacudia a penúltima do lado direito.
O Curso Papo era pra isso mesmo: pro aluno ficar com medo de tudo.
O pessoal da Osarta sabia que quanto mais apavorado o aluno ia ficando,
mais o pensamento dele ia atrasando. E então eles martelavam o dia inteiro no
ouvido do Pavão:
- Não sai aqui do curso. Você saindo, você escorrega, você cai, cuidado, hem?
Cuidado. Olha, olha, você tá escorregando, tá caindo, não disse? Você vai ficar a
vida toda pertinho dos teus donos, viu? Não fica nunca sozinho. Ficar sozinho é
perigoso: você pensa que tá sozinho mas não está: tem fantasma em volta. Olha o
bicho-papão. Cuidado com a noite. - Inventavam coisas horríveis pra contar da
noite. E diziam que se o Pavão não fizesse tudo que os donos dele queriam, ele ia
24
ter brotoeja, dores de barriga horrorosas, era até capaz de morrer assado numa
fogueira bem grande.
O Pavão cada vez se apavorava mais. Lá pro meio do curso ele pegou um
jeito esquisito de andar: experimentava cada passo que dava, pra ver se não
escorregava, se não caía, se não tinha brotoeja, se não acabava na fogueira. E na
hora de falar também achava que a fala ia cair, escorregar, trancava o bico, o
melhor era nem falar. E então as notas dele começaram a melhorar.
No princípio do curso o Pavão só tirava zero, um, dois no máximo. Mas com o
medo aumentando, as notas foram melhorando: três, quatro, cinco; e teve um dia
que o Pavão teve tanto medo de tanta coisa que acabou ganhando até um sete.
(Nota dez era só pra quando o aluno ficava com medo de pensar. Aí o curso estava
completo, davam diploma e tudo.) No dia que o Pavão ganhou nota sete, de noite
ele sonhou. Um sonho muito bem sonhado, todo em amarelo, azul e verde-alface.
Sonhou que o pessoal do Curso Papo falava, falava, falava e ele não escutava mais
nada: tinha ficado surdo. Acordou e pensou: taí, o jeito é esse. Foi pra aula.
Estavam encerando o corredor da escola. Pegou um punhado de cera e, com um
jeito bem disfarçado, tapou o ouvido. Daí pra frente o Pavão ficava muito sério
olhando o pessoal do Curso falando, falando, e ele – que bom! - sem poder escutar.
Fizeram tudo. Falaram tanto que ficaram roucos. Um deles chegou até a perder
a voz. Mas não adiantava: o medo do Pavão não aumentava; não se espalhava;
tinha empacado na nota sete e pronto. Resolveram então levar o Pavão pro Curso
Linha.
E o Pavão foi. Com um medo danado de cair. Examinando a perna a toda hora,
pra ver se uma coceirinha que ele estava sentindo já era a tal brotoeja. Suspirando
tremidinho. Sacudindo a última pena, e a penúltima também. Mas fora disso –
normal!
O pessoal da Osarta tinha ouvido falar numa operação que fizeram num galo
de briga: costuraram o pensamento dele, só deixando de fora o pedacinho que
pensava o que os donos do galo achavam legal; o resto todo sumiu dentro da
costura. A operação deu certo, muita gente falou naquilo, e então o pessoal da
Osarta chamou os donos do galo pra darem um curso na escola. O curso ficou se
chamando curso Linha.
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Os cindo donos do Pavão foram lá na Osarta resolver o que é que sumia e o
que é que não sumia na costura do pensamento. Cada dono queria que o Pavão
ficasse pensando uma porção de coisas pro resto da vida. Discutiram. Brigaram. Foi
uma gritaria daquelas. O pessoal da Osarta se aborreceu:
– Assim não pode, assim dá confusão. Cada dono só tem direito de escolher
um pensamento pro Pavão.
– Um só?!
– Um sim!
O Pavão estava na sala de espera, e com aquela gritaria ficou sabendo de
tudo (é claro que já tinha se livrado da cera). Caiu na maior fossa quando viu que só
ia poder pensar o que os outros queriam. Quase chorou. Só não chorou porque
estava louco pra ouvir tudo e achou que chorando atrapalhava.
Os cinco donos discutiram três horas e meia e aí escolheram:
– O Pavão vai achar que a gente é o máximo.
– O Pavão não vai querer sair de perto da gente.
– O Pavão vai adorar se exibir.
– O Pavão não vai querer tostão do dinheiro que a gente vai ganhar com ele.
– O Pavão vai defender com unhas e dentes a beleza dele.
Aí brigaram de novo porque um disse que pavão não tinha dente, outro disse
que pavão não tinha unha, outro disse que tinha, brigaram um tempão, e então o
pessoal da Osarta mandou o dono do quinto pedido pedir de novo e ele pediu
assim:
– O Pavão vai defender com bico e penas a beleza dele.
Aí ninguém achou que ele tinha falado errado e marcaram a operação pro dia
seguinte. Mas na hora de escolher a cor da linha, a briga começou outra vez. Um
queria que costurassem o pensamento do Pavão com uma linha cor-de-rosa, outro
com uma linha azul, outro queria uma linha em dois tons, e enquanto eles brigavam
o Pavão espiou pelo buraco da fechadura – só pra ver se a linha azul era mais
bonita que a cor-de-rosa.
O Pavão não dormiu. Passou a noite inteira fazendo ginástica. Um-dois, um-dois,
um-dois. Uma ginástica meio esquisita: no um ele deixava a perna bem mole, bem à
vontade; de repente – dois! - puxava a perna com toda a força. Repetia o exercício
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uma porção de vezes. Quando uma perna já estava bem treinada ele passava pra
outra. Depois treinava o pé. Depois começou a treinar as penas. Aí ficou mais difícil,
mas ele não desanimou. Escolhia uma pena, deixava ela bem solta, bem
tranquilinha, de repente dava um puxão era um puxão difícil, um puxão de dentro
pra fora, e se era bem dado a pena até quebrava). Depois treinou o bico, o olho, e
foi subindo até chegar no pensamento. Porque o que ele queria mesmo era isso: dar
um puxão no pensamento. Na hora que ele espiou pelo buraco da fechadura, ele viu
que a linha que iam usar pra costurar o pensamento dele não era lá essas coisas:
com um puxão mais forte ela rebentava. Então ficou treinando o tal puxão. Mas
puxar pensamento é ainda mais difícil do que puxar pena. Ele fazia assim: (1)
deixava o pensamento parado, quieto, sem pensar coisa nenhuma; de repente
(dois!) pensava uma coisa com toda força.
Treinou o puxão de pensamento até a hora da operação. E na hora não houve
jeito de costurarem o pensamento do Pavão. Costuravam de um lado. Quando
começavam a costurar do outro, o Pavão dava o tal puxão e pronto: a linha
rebentava. Aí voltavam pra consertar o lado rebentado. O Pavão dava um puxão e
rebentava o lado começado. Foram perdendo a paciência:
– Mas que linha ruim!
– Será que não é culpa da cor?
Trocavam de linha, trocavam de cor. Um-dois, um-dois, o Pavão puxava, a linha
rebentava. Acabaram desistindo.
O Pavão ficou com uma porção de pedaços de linha pendurados lá dentro do
pensamento dele. Às vezes, o pensamento se enredava nos fiapos, ficava preso,
não conseguia passar, e aí o Pavão só ficava pensando a mesma coisa, só ficava
pensando a mesma coisa, só fi – até o pensamento desenredar. Mas fora disso,
saiu do Curso Linha pensando normal.
O pessoal da Osarta suspirou:
– É caso pra filtro.
Era assim que eles suspiravam quando davam com um aluno de pensamento à
prova de papo e de linha. E então levaram o Pavão pro Curso Filtro. Aí funcionou.
Quer dizer, aí o Pavão ficou mesmo de pensamento bem atrasado.
A sala do Curso Filtro era cor-de-rosa e tinha dentro cheiro de pasta de dente –
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bom mesmo da gente ficar ali.
Pegaram o Pavão e escovaram bastante as penas dele. Pra puxar o brilho. E
pra mostrar como tratavam ele bem. O Pavão adorou.
Na mesa, no chão, nas paredes, em toda parte tinha filtro. Grande, pequeno, de
pé, de parede, de prateleira, de metal, de barro, de acrílico, tinha filtro bem antigo e
tinha filtro bem pra frente. O Pavão ainda gostou mais do Curso: achou que tanto
filtro só podia ser uma coleção pra brincar. Começou a examinar eles todos.
Perguntaram:
– Qual que você quer pra você?
O Pavão se espantou: puxa vida, tudo tão bom e ainda por cima davam filtro!
Desconfiou:
– Mas pra que que vocês querem me dar um filtro?
– Pra filtrar teu pensamento; pro teu pensamento ficar bem limpinho.
O Pavão ficou pensando naquela ideia; achou meio furada.
– Gosta desse? - E mostraram um filtro desse tamanhinho. Uma graça de filtro.
De barro. Com vela, tampa, tudo. Mas mínimo. E com uma torneirinha de metal
supermínima.- Você em uma cabeça pequenininha, precisa de um filtro
pequenininho, não é? Gosta desse?
O Pavão respondeu distraído:
– Joia.
Não deixaram ele falar mais nada. Seguraram ele com força, abriram a cabeça
dele, botaram o filtro bem na entrada do pensamento, puxaram pra cá e pra lá
ajeitando bem pra não entrar nenhuma ideia na cabeça do Pavão sem antes passar
pelo filtro, e aí deixaram a torneira só um tiquinho aberta. Coisa à toa, não dava pra
quase nada.
Com a tal escovadela de penas o Pavão saiu da Osarta ainda mais bonito do
que era antes. E ainda por cima cheirando a pasta de dente. Um barato.
Mas aconteceu uma coisa que ninguém podia esperar: a torneirinha do filtro veio
com defeito de fábrica, não ficava regulada no mesmo lugar; às vezes ia indo, ia
indo, e de repente abria toda (aí era um tal de passar pensamento na cabeça do
Pavão que era uma maravilha); outras vezes ia indo pro outro lado e acabava
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fechando toda (nessas horas o Pavão apagava). Mas essas andanças da torneirinha
só eram de vez em quando; a maior parte do tempo ela ficava mesmo na posição
que tinha que ficar: só um tiquinho aberta – pro pensamento do Pavão pingar bem
devagar e ir ficando cada vez mais atrasado. (pág. 35 a 45)
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Sapato de Salto (fragmento)
A família estava almoçando quando a Sabrina chegou. Dona Matilde franziu a
testa e falou de boca cheia:
– Ih, mas ela é muito pequena pra ser boa babá. Que idade você tem, menina?
– Vou fazer onze.
Seu Gonçalves olhou devagar pra Sabrina; bebeu um gole d'água:
– O que interessa é se ela tem jeito com criança. Você tem jeito com criança?
Dona Matilde se endireitou na cadeira:
– Você não veio pra brincar, veio pra trabalhar.
– Eu sei, sim senhora. - Largou o embrulho no chão e chegou perto do menino.
– Como é ´teu nome?
– Betinho.
– Quantos anos 'cê tem?
– Quatro.
– E você?
Em vez de responder, a menina começou a bater com a colher no prato
pedindo mais comida. Betinho trepou na cadeira e puxou o cabelo de Sabrina.
– Bonito! Bonita!
Sabrina riu. Dona Matilde olhou pro prato. Seu Gonçalves gostou da risada e
do jeito franco da Sabrina, explicou:
- A minha filha não é de muita conversa, não. Mas também só agora que ela vai
fazer três anos.
– Puxa, mas ela é tão grande! Como é que ela se chama?
– Marilda.
Sabrina olhou pra dona da casa:
– Que nem a senhora, não é?
– Eu sou Ma-til-de.
– Ah. Será que eu aguento carregar a Matilde no colo?
– Matilde sou eu! Ela é Ma-ril-da. Vê se aprende logo, tá bem? Deixa ela quieta,
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ela ainda não acabou de almoçar. Vai lá pra cozinha e espera. Depois eu vou falar
com você. Aquela porta ali. Ei! e esse embrulho no chão?
– É a minha roupa.
Era um embrulho pequeno, era um papel de jornal, era um barbante
emendado.
– Leva.
Sabrina levou.
A família ficou quieta comendo. Lá pelas tantas dona Matilde olhou pro seu
Gonçalves:
– Não gostei do jeito dela.
– Por quê?
– Ah, sei lá, quis logo ir pegando a Marilda.
– Mas se você chamou ela pra ser babá das crianças, você não vai querer que
ela pegue as crianças?
- Não chamei nada. Quando me ofereceram uma menina lá do orfanato eu disse
logo, é uma experiência, vou fazer uma experiência.
– E como é que ela vai experimentar se você não deixa ela tocar nas crianças?
– Mas não assim de cara!
Seu Gonçalves começou a palitar os dentes. Dona Matilde encheu o prato de
batata frita; falou, olhando pro prato:
– Será que ela presta?
– E por que ela não vai prestar?
– Uma menina assim sem pai, sem mãe, sem nada, será que presta?
– Mas você não disse que não sei quem arranjou uma empregada ótima desse
orfanato?
– Foi.
– Então?
– É. - Comeu uma batata frita. - Mas eu acho que uma pessoa mais velha ia ser
melhor.
Seu Gonçalves atirou o palito no prato.
– Escuta aqui, Matilde, você sabia que as meninas desse orfanato são novinhas
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Você topou a experiência. A menina largou tudo e veio. E agora, mal ela
chega, você já começa a achar isso e aquilo.
– Só estava dizendo que...
– Todo dia você está reclamando que não encontra ninguém pra tomar conta
das crianças e que tudo o que é babá não tem paciência e não tem jeito. Agora
chega essa menina, risonha, viva, gostando de criança, e você já começa a botar
defeito nela.
– Tá bem, tá bem, não vou dizer mais nada. Pegou uma batata frita com o
dedo. - Mas ordenado não precisa: a gente vai dar casa, comida, roupa e calçado.
E você viu o embrulhinho que ela trouxe, não viu? É sempre assim: elas chegam
sem nada. A gente é que tem que dar tudo. E você viu como ela é forte? É do tipo
que tipo que tá sempre com fome.
– Bom, mas já que ela não vai ter ordenado é justo que ela coma à vontade,
não é?
– Só tô avisando. Eu tenho prática: essa menina vai dar uma despesa danada.
E vai logo precisar de dentista, você vai ver.
Dona Matilde chupava muita bala, tinha pressão baixa, dormia depois do
almoço, de noite tinha um sono de pedra. Avisou pra Sabrina:
– Deixa a porta do teu quarto aberta. E presta atenção: se criança chora de
noite, já sabe: vai lá e vê o que ela quer, se é água, biscoito, se é calça molhada.
E de dia, o dia todinho, a Sabrina tinha que distrair a Marilda e o Betinho. E a roupa
dois dois pra lavar e passar. E a mamadeira pra preparar. E a calça pra trocar. E o
mingau pra misturar. E o telefone pra atender (taí à toa, menina? Quando o telefone
toca, já sabe, atende logo). E a toda hora uma comprinha pra fazer.
“Dá um pulo na padaria e pega o pão.”
“Vai buscar um litro de leite.”
“Corre no botequim: seu Gonçalves tá sem cigarro.”
Sabrina corria, num instantinho voltava, achava tudo legal; mal acabava o
almoço já pensava no lanche; era só acabar de lanchar pra pensar o que ia ter pro
jantar. A Marilda sempre do lado, o Betinho do outro lado, os três se gostando muito,
tome risada e brincadeira, festinha e beijo estalado. De noite, quando deitava,
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Sabrina ainda queria ficar lembrando o bife desse tamanho, o pão com geleia e
manteiga, a tevê tão enorme, mas dormia logo: o corpo moído. Pulava cedo da
cama; quando o casal acordava, a Sabrina já tinha lavado, passado, brincado,
cuidado.
Dona Matilde entrou na sala e viu a Sabrina de pé junto, braço cruzado, corpo
rígido, só boca, nariz e olho mexendo. Marilda e o Betinho rolavam no chão de tanto
rir, assistindo ao show de careta que a Sabrina estava dando. Dona Matilde parou e
ficou olhando. Sem nem se dar conta, começou a rir também. Sabrina virou o rosto
assustada. Ficou logo deslumbrada. Quando viu o riso de dona Matilde acabando,
começou a fazer careta de novo. Mas o riso de dona Matilde tinha tropeçado na
bala que ela estava mastigando: a dona Matilde se engasgou. Sabrina correu,
trouxe água, bateu de levinho nas costas de dona Matilde, assim, levando jeito de
quem está fazendo festa. Quando o engasgo passou, perguntou:
– Posso chamar a senhora de tia?
– Por que, ué?
– É que se eu chamo de mãe a senhora pode não gostar.
– Nem tia, nem mãe, nem coisa nenhuma, que que é isso? Tá esquecendo que
é babá das crianças? ora, já se viu!
Seu Gonçalves foi ficando impressionado:
– Que menina inteligente, Matilde! aprende tudo correndo.
Dona Matilde não respondeu. Estalou uma bala no dente.
– E como é trabalhadeira! que boa vontade pra fazer tudo. Você não acha?
– Hmm.
– Você nunca teve uma babá assim. Nem babá, nem cozinheira, nem
passadeira, nem nada; essa menina não para um minuto.
Dona Matilde escolheu outra bala no saquinho de plástico.
– Você não acha, Matilde?
– É.
– Mas você não tá satisfeita com ela?
– Ela troca de nome. Tá sempre me chamando de Marilda e a Marilda de
Matilde.
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Seu Gonçalves ria daquela história da Sabrina trocar nomes. E ficava esquecido
da vida vendo ela e os filhos brincando. Quando ela virava cambalhota pra divertir
as crianças, ele ainda ria mais. E meio que fechava o olho querendo ver melhor a
calcinha que a Sabrina usava. Um dia trouxe bala pra ela. Ela se espantou:
– Pra mim?
– Presente.
– Presente pra mim?
– Que que tem, ué?
– Primeira vez que eu ganho.
– Ah, é? - E no outro dia trouxe mais.
Sabrina se encantou.
– O senhor até tá parecendo meu pai. Deve ser bom ter um pai pra dar bala e
sabonete pra gente.
– Sabonete por quê?
– Pra cheirar gostoso.
Seu Gonçalves trouxe um sabonete pra Sabrina e falou baixinho:
– Não conta pra ninguém, viu?
– Por quê?
– Psiu!
Ela abaixou a voz.
– Por que, hein?
– Porque eu tô pedindo.
– Ah, então tá, eu não conto.
Seu Gonçalves chegou perto da Sabrina e falou em tom de segredo:
– Olha o que eu trouxe pra você.
– Hmm, quanto bombom!
– Não conta pra ninguém, viu?
– Pode deixar.
– Você tá escondendo direitinho udo que eu te dou?
– Aqui. - Mostrou a barriga.
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– O hábito do segredo se formou entre os dois. Às vezes ela ria que só vendo:
– Acho tão gozado a gente falar baixinho assim.
– Psiu!
Ele deu pra esconder bombom no jardim. Anunciava com ar misterioso:
– Tão por aí...
Quando o Betinho e a Marilda se distraíam, a Sabrina saía procurando
bombom. Adorava a brincadeira. Quando encontrava o presente, cochichava pro
seu Gonçalves: achei! Sem nem se dar conta de que a nova brincadeira era mais
um segredo se formando entre os dois. Um dia tomou coragem e pediu uma coisa
que há muito tempo queria:
– Lá no orfanato a gente estudava um pouco; o senhor quer continuar me
ensinando?
Ele alisou o cabelo dela:
– Você vai ser uma mulher muito bonita, não precisa estudar.
– Ah, eu não quero ficar burra. - E lançou mão de um argumento mágico: - A
gente estuda baixinho.
Seu Gonçalves ficou quieto. Ela insistiu. Ele acabou concordando.
– Tá bem, eu ensino. Mas não vou ensinar em segredo, não. A gente guarda o
segredo pra outra coisa, tá?
– O quê?
– Não sei, vou pensar.
Dona Matilde se zangou:
– Que absurdo perder tempo com essa menina! parece até que você não tem
mais nada pra fazer.
– É que eu vou dar aula pro Betinho, assim os dois aprendem juntos.
– O Betinho não tá precisando de aula nenhuma. E pra que essa menina quer
aula? ela é empregada!
– Ora, Matilde, ela é uma menina ão viva, tem tanta vontade de aprender, é até
uma maldade a gente não fazer nada por essa pobre órfã.
– Damos roupa, casa, dentista e comida. E não é brincadeira o que ela come,
deve estar botando em dia o tempo todo que não comeu.
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– Mas ela trabalha um bocado.
– Brinca à beça!
– As crianças tão sempre pedindo pra ela brincar.
– Ela não tem nada que fazer o que as crianças pedem.
– Mas, se ela não faz, você zanga, não é?
[…]
A curiosidade era grande: Sabrina progredia tantos nos estudos que o seu
Gonçalves quis ver se outras aulas iam ser tão bem assimiladas assim. Entrou uma
noite no quarto dela e se instalou na cama com jeito de quem está inventando uma
nova brincadeira. Quando a Sabrina foi gritar de susto, ele tapou o grito com um
beijo. E depois cochichou:
– Esse vai ser o nosso maior segredo, viu? - e foi brincando de roçar o bigode
na cara dela.
Sabrina sentiu o coração disparando. O bigode desceu pro pescoço. Sabrina
não resistiu: teve um acesso de riso. De puro nervoso.
– Psiu, psiu! - ele pedia. Mas sem muita preocupação: dona Matilde tinha sono
de pedra, e se a pequena ria daquele leito é porque estava se divertindo. O bigode
foi varrendo cada vez mais forte os cantinhos de Sabrina. Ela sufocava: o
nervosismo era tão grande, que cada vez ria mais. Ele tirou do caminho lençol,
camisola, calcinha. De dentro da risada saiu uma súplica:
– Que que há, seu Gonçalves? Não faz isso, pelo amor de deus! O senhor é
que nem meu pai. Pai não faz assim com a gente. - Conseguiu se desprender das
mãos dele. Correu pra porta. Ele pulou atrás, arrastou ela de volta pra cama:
– Vem cá com o teu papaizinho.
– Não faz isso! Por favor! Não faz isso! - Tremia, suava. - Não faz isso!
Fez.
Depois que o seu Gonçalves foi embora a Sabrina ficou parada olhando pra
maçaneta da porta. A luz que vinha da rua clareava um pouco o quarto, mas Sabrina
só olhava pra maçaneta e mais nada. Já era de madrugada quando reviveu a
sensação do bigode andando pelo corpo. Estremeceu: e agora?Continuava falando
baixinho com ele? Sumia dali? Olhava a dona Matilde no olho? Sumia pra sempre?
Brincava com a Marilda e o Betinho? Sumia pra onde?
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Quando o dia se levantou ela sentiu que ia ficar. Sem planos, sem escolha. Só
com o instinto dizendo que, apesar de tudo, era mais fácil ficar.
E o grande segredo dos dois passou a animar a vida dele, a botar sombra nos
dias dela; e de noite, tudo que é noite, a mesma tensão: ele hoje vem? O olho
hipnotizado pela maçaneta redonda, de louça branca, o coração batendo assustado.
Foi se esquecendo de prestar atenção no estudo, foi se esquecendo de pensar que
cor que era isso e aquilo, nunca mais desenhou.
Seu Gonçalves viu logo que a Sabrina não era muito boa aluna nas aulas da
noite.
– Você não faz nada, benzinho, tá sempre tão distraída.
A aluna só conseguia prestar atenção na maçaneta branca. De dia, a imagem
da maçaneta rodando não largava o pensamento dela; de noite, assim que se
deitava, o olho grudava na maçanete, esperando o momento dela rodar. Quando o
seu Gonçalves não aparecia, a Sabrina só ia dormir de madrugada, o sono enfim
vencendo a ansiedade. Mas, se ele vinha, a atração pela maçanete ainda se tornava
mais forte, que medo de ver a dona Matilde entrando! Visualizava a cena. Dona
Matilde acordando. Vendo vazio o lugar do seu Gonçalves. Onde é que ele andava?
Esperando e ele não voltando. Dona Matilde enfiando o chinelo de salto e pompom.
Procurando pela casa. Abrindo a porta do escritório. Do banheiro. Da despensa.
Aqui do quarto! E, às vezes, a imaginação exaltada pintava a cena com tanto
realismo, que, quando a Sabrina via a dona Matilde entrando, abafava um grito de
susto, o corpo estremecendo todo. Seu Gonçalves suspirava contente:
– Isso, benzinho...
Até que uma noite [...]
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Unidade IVQUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta etapa da concepção da Estética da Recepção, fazer comparações
entre os textos sobre o mesmo tema, percebendo diferenças e semelhanças,
fazendo uma análise mais profunda sobre os aspectos do texto e, principalmente,
sobre o conteúdo e ideologias.
Debater com os alunos, oralmente, sobre os temas tratados nesse estudo, e,
posteriormente, que eles coloquem suas impressões, por escrito, sobre as diferentes
linguagens dos textos, os diferentes modos de como um mesmo tema pode ser
tratado, as semelhanças que os conteúdos possam ter com a nossa realidade e a
própria realidade dos alunos e quais as ideologias que os textos trazem no seu
âmago, fazendo assim, com que o aluno tenha uma postura mais consciente e
crítica dos valores e ideais provenientes dessas leituras.
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Unidade VAMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta unidade, alguns questionamentos sobre os textos trabalhado, que, ao
longo do processo de implementação podem ser ampliados ou reelaborados,
dependendo do grau de maturidade da turma.
Analisar as atitudes das personagens, contexto de produção, tema central,
ideais,etc, para que se crie no aluno a curiosidade de ler as obras completas de
Lygia Bojunga Nunes “Os Colegas, A Casa da Madrinha, Sapato de Salto”, e que
isso possa ampliar conhecimento e valores nas vidas de nossos alunos e que, de
alguma forma, possa também alterar o hábito, a importância e o prazer que a leitura
nos oferece.
SUGESTÕES DE ALGUMAS ATIVIDADES
1- A lenda da amizade
a) Você sabe o que é uma lenda e para que serviam? Pesquise.
b) Qual é o tema dessa lenda?
c) Qual a mensagem da lenda?
d) Para que servem os amigos? Você acha importante tê-los? Debate.
e) Na escola e na sociedade em geral, fazemos muitos amigos, mas há um fator
preocupante nesse meio, chamado “bulling”. Pesquise junto ao seu professor de
inglês o que seria isso e debata possíveis soluções.
f) Anote no seu diário da leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
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2- Charge (solidariedade)
a) Pesquise o que é uma charge.
b) Olhe com atenção a transparência que contém a charge. O que você vê nela?
c) Em que momento da nossa história ela foi produzida?
d) Qual a intenção da charge?
e) Você já ajudou alguém em um momento difícil? Conte-nos. Debate.
f) Você deve ter notado que neste ano houve muitas catástrofes no Brasil devido ao
excesso de chuva em certas regiões. Pesquise junto ao seu professor de Geografia
por que isso vem acontecendo com mais frequência e o que podemos fazer para
diminuir tais efeitos.
g) Anote no seu diário da leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
3- Observe somente a figura do texto 3 e responda:
a) Quais elementos visuais ela possui?
b) Que mensagem ela nos traz?
c) O texto é uma campanha de alerta. Seria uma campanha denunciando o quê?
d) Nesse texto não-verbal, seriam necessárias palavras ou somente a imagem já
nos diz tudo? Explique.
e) Na sua cidade acontece muito disso? Se a resposta for afirmativa, quais seriam
as possíveis soluções?
f) Anote no seu diário da leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
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4- Observe a figura dentro do triângulo e responda:
a) O que ela está representando?
b) Leia o texto abaixo da figura e responda:
- O que é um blog?
- É usada uma linguagem formal ou informal? Justifique a sua resposta.
- Nesse texto, há algumas postagens entre parênteses. O que isso significa?
c) Qual o tema do texto?
d) No final do texto, há uma mensagem. Qual é?
e) Anote no seu diário da leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
UNIDADE 2
1- Leia o texto bons amigos.
a) Procure no dicionário palavras que você desconhece.
b) Observe que esse texto tem uma estrutura diferente dos outros. Você saberia
classificá-lo?
c) Qual o tema do texto?
2- Pesquise junto ao seu professor de Português o que é estrofe, verso e rima.
a) Quantas estrofes tem o texto? E quantos versos?
b) Há rimas no poema? Se houver, copie-as.
c)Procure saber quem foi Machado de Assis, fazendo uma breve pesquisa sobre ele.
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d) Anote no seu diário da leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
3- Leia o texto a Ratoeira.
a) Quais os personagens do texto?
b) A ratoeira representava perigo para quem?
c) Por que os outros bichos da fazenda não tentaram ajudar o rato?
d) Observe que neste texto, não há parágrafo para identificar a fala das
personagens, mas quem o escreveu lançou mão de outro recurso. Qual foi?
e) Que fato ocorreu na fazenda que levou perigo a todos?
f) Por que o fazendeiro matou a galinha?
g) E o porco?
h) e a vaca?
I) Qual a mensagem que essa história nos traz?
j) De onde foi retirado o texto?
l) Anote em seu diário de leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
4- Observe o texto sobre pedofilia.
a) Faça uma breve pesquisa sobre o significado dessa palavra.
b) Na figura, o que você observa?
c) Essa mão que aparece é dela mesma (a criança) ou de um adulto
d) Por que a criança está com a boca tampada?
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e) Na mídia, ultimamente, estão aparecendo vários casos de pedofilia. Quais os
cuidados que os pais e as crianças devem ter para evitar essas atrocidades?
f) Anote em seu diário de leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
5- Assista com atenção ao filme “A Onda”
a) O filme começa com uma aula prática sobre “autocracia e as origens do
totalitarismo”. Pesquise junto ao seu professor de História o assunto.
b) Como eram e como se comportavam os alunos antes dessas aulas?
c) E depois, de que forma eles agiam?
d) Você acha que o professor teve alguma influência sobre essa mudança nas
atitudes dos alunos? Quais?
e) Você concorda ou não que uma pessoa possa manipular outras? Você conhece
alguma situação ou algum “veículo” em que isso acontece com frequência?
f) Anote em seu diário de leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
UNIDADE III
1- Agora vamos ler três fragmentos da obra da grande autora infanto-juvenil, Lygia
Bojunga Nunes.
TEXTO I – OS COLEGAS (comentar sobre personificação)
a) Você já ouviu ou leu alguma coisa dessa autora?
b) Faça uma breve pesquisa sobre ela.
c) Qual o tema principal do texto Os Colegas?
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2- Quais são os personagens principais do texto Os Colegas?
a) Em que situação os dois vira-latas se conheceram?
b) Por que resolveram se dar nomes?
c) Pelas pistas que o texto nos fornece, caracterize Virinha e Latinha.
3- Quem era Flor-de-lis e como ela é caracterizada no texto?
a) Por que ela espirrava tanto?
b) Você acha que ela tinha motivos para fugir? Explique.
4- Depois apareceu o Ursíssimo Voz de Cristal. Por que ele tinha esse nome?
a) De onde ele fugiu? E por quê?
b) Quando voltaram ao terreno baldio, encontraram um coelho muito mal-humorado.
Por que ele estava assim?
c) Explique o significado do seguinte trecho: “Eu não saí de lá, quer dizer: eu não me
perdi. Eles é que me perderam.
d) Por causa do seu mau-humor, o coelho ganhou um apelido. Qual foi?
e) Separados em grupos, façam uma leitura dramatizada do texto.
f) Anote em seu diário de leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
TEXTO II – A CASA DA MADRINHA (comentar sobre sentido denotativo e
conotativo)
a) Qual o personagem principal dessa história e quais são as suas características?
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b) O que era a Osarta? Por que escolheram esse nome?
c) Qual o tema principal da história?
d) Por que os donos do pavão resolveram levá-lo para uma escola assim?
e) Você deve ter percebido que às vezes “pavão” é escrito com letra maiúscula e em
outras, em minúscula. Qual a significação disso?
2- A Osarta oferecia três cursos.
a) Quais eram?
3- Qual era o método do curso papo?
c) Deu certo com o Pavão? Explique.
d) Como o pavão se sentia quando saiu desse curso?
4- Qual era o método do curso Linha?
a) Por que os donos do pavão brigaram antes de começar esse curso?
b) Os donos do pavão tinham direito de escolher somente um pensamento para ele.
Quais foram os escolhidos?
c) E esse, deu certo com o Pavão? Justifique a sua resposta.
5- Finalmente veio o curso Filtro.
a) Como ele se consistia?
b) Por que a sala do curso Filtro era cor-de-rosa e cheirava a pasta de dente?
c) O que aconteceu de anormal com o filtro que colocaram na cabeça do Pavão?
d) Você percebeu alguma semelhança desse texto com algum estudado
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anteriormente neste projeto? Explique.
e) Você conhece alguma escola que se utiliza desses “cursos”? Em caso afirmativo,
por que você acha que fazem isso?
f) Anote em seu diário de leitura o que você aprendeu na aula de hoje.
TEXTO III – SAPATO DE SALTO
1- O texto começa falando de uma família tradicional.
a) Como ela era composta?
b) Hoje em dia, há uma nova designação para família. Como é a sua? Quantas
pessoas vivem na sua casa?
c) Quais são os personagens do texto?
2- Sabrina veio para essa casa a fim de trabalhar como babá.
a) De onde ela veio, o que trouxe e qual a idade dela?
b) Qual o argumento que dona Matilde usou para não pagar ordenado à menina?
c) Além de cuidar das crianças, o que mais Sabrina tinha que fazer na casa?
d) Por que será que Sabrina mal acabava o almoço, já pensava na janta e ainda
pensava no bife antes de dormir?
e) Por que a menina gostaria de chamar dona Matilde de tia?
3- Em relação ao seu Gonçalves.
a) O que ele achava de Sabrina, em relação ao seu trabalho?
b) E quando via a menina dar cambalhotas, o que ele tentava ver melhor?
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c) O que ele começou a dar de presente à Sabrina? E por que pediu segredo a ela?
d) Com que intenção ele a presenteava?
e) Os presentes foram aumentando e ficando melhores. O que a menina achava
disso?
f) Na sua última “brincadeira”, o que o seu Gonçalves fez?
g) Como a menina reagiu?
h) Explique a frase de Sabrina: “apesar de tudo, era mais fácil ficar. Por quê?
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REFERÊNCIAS
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